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Os aspectos construtivos possibilitaram a materializao da nova nfase doutrinria da A polifonia e o contraponto sugerem uma perfeita similaridade potica com os
Igreja. Com o domnio cada vez maior dos arcos e abbadas em ogivas, e do princpios da arquitetura gtica: ritmos agitados, flutuantes, de elevada grandiosidade
afastamento dos contrafortes em arcobotantes das paredes externas, se conseguiu espiritual. Esto presentes tambm a riqussima ornamentao, a transcendentalidade, a
construir catedrais com panos cada vez mais esbeltos, e naves cada vez mais altas. superposio de elementos ascendentes que reforam o sentido de alegria e jbilo e
culminam num clmax. (SCHURMANN, 1989)
Com a diminuio da funo estrutural das paredes, estas ganham cada vez mais
aberturas para a entrada de luz, os vitrais. Como a luz emana dos elevados janeles, o A catedral, com sua propores e sua prpria estrutura amplificava o som, constituindo
sentido ascencional converte-se em outro dos fatores substanciais da arquitetura das uma fonte especial de inspirao para os compositores, que desenvolviam tcnicas para
preencher este espao com msica gloriosa e que se elevasse a grandes alturas.
(IAZZETA, 1993)
V-se a mais uma ntida diferena entre a msica monofnica e a polifnica, que vai
alm da questo esttica, presente igualmente na msica e na arquitetura, e se d no
mbito ideolgico da nova sociedade: o jbilo que sucede a opresso. Ao que tudo
indica, tratava-se de uma espcie de exultao que nada tinha a ver com a liturgia em si.
Uma possvel resposta, embora um pouco romntica, que os habitantes das cidades
francesas dessa poca, imbudos de foras sociais acumuladas em conseqncia dos
xitos obtidos nos seus empreendimentos, ansiassem por um espao no meio urbano que
resumisse seus esforos coletivos e expressasse o sucesso de suas realizaes. A
catedral gtica seria a materializao desses anseios: a "casa comunal", o celeiro de
abundncia, a bolsa de trabalho e o teatro do povo, o edifcio sonoro e luminoso que
sempre estaria aberto ao povo, a grande nave capaz de conter a cidade inteira, a arca
cheia de tumulto nos dias de mercado, cheia de danas nos dias de festas, cheia e
cnticos nos dias de culto, cheia da voz do povo todos os dias. (SCHURMANN, 1985)