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I O objeto da fonética e da fonologi CALLOU, Dinah e LEITE, Yonne, Iniciagio & Fonética e 4 Fonologia do Portugués Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001 i¢lo € quais as condigdes em fa formar morfemas, palavras ia pelo fato de ss paradigms expresso © da fonologia como a expressio € aceita pela maioria dos tas por nao implicar @ oposigao entre os dois campos do conhecimento, nem sua inde- pendéncia e autonomia, ‘Na escola norte-americana, 0 termo fonémica em Iuga logia teve grande penetragio, principalmente Re Buopa alguns onGlogos preleianr«desigaglo Toner entanto, fonologia e fonémica s6 podem ser considerados equivalentes se tanto os elementos segmentais quanto 0s supra-segmentais puderem. | 1 2 Iniciegdo a fondtca e & fonologia primeiros a tentar elementos que ‘a fonética é rentos, transformagdes e se mov. A fonologia se col a do tempo, j& que © mecanismo da ar ermanece sempre igual a si mesmo.” Embora essa concepeao esteja di dois termos, a dis ‘do pentsamento saussuria e fala (parole), forma e substinci com 0s trabalhos de Trubetzkoy, Jakobson e outros componentes do Citeulo Lingufstico de Praga, no 1° Congresso glifstica (Haia, 1928) que a fonologia se constitui como um campo distinto da fonética, tendo um objeto préprio de estudo. A autonomia da fonética em relagdo a fonologia é tema contro- verso. Conforme se verd adiante, o termo fonética pode sigi © estudo de qualquer som produzido pelos seres huma estudo da articulago, Ja no segundo as as_se_lornam patenies A perspectiva 971) & um excelente exemplo da interde- pendéncia dos dois campos, perspectiva essa que seré adotada nos diversos pardgrafos da segéo seguinte. 0 objeto da fonética e de fonoioas 8 L, FONETICA a) A produgao d 1a linguagem humana uagem das abe valores represet s linguagem humana se distingue dos demais sistemas icos vel em unidades menores, unidades essas em numero ‘ocasiona mudanga no si ‘parte’ de “arte” porque na primeira palavra ha um segmento p ine- xistente na segunda. Jé em ‘Roma’ e ‘amor é a ordem dos segmentos que diferencia os dois vocabulos. sm um desempenho esp 2 produgao do Na respiragio respiragio para a fala o ar sai pela boca. n is para a tituragto dos al produgio dos sons passam a articuladores que m de ar egressa dos pulmoes. Costumava: secundaria ou sol ‘sbes biol que consi da espécie humana: Os ar ‘linguagern € uma faculdade int mecanismos do tipo gue igrafo dade que requeira uma sus e arduamente apret nadar por debaixo d’ égua, toca uta et Porém” uma elanga anton ahs sere eat especifico para controlar esse mecanismo, em quie se ancora se derivam dos amente 0 mecanismo da c nar uma fonte (0 falan canal (0 ar (0 owvi © seu aparelho fonador que opera sobre a informagio a s codifica em determinados padrdes de ondas sonoras (a linguagem, 0 cédigo, a mensagem). Essa operagao € denominada codificagao. As sonora produzida pe fonador ou, entio, 3) exar ouvinte, isto é, 0 estudo das impress6es acasticas e de suas interpre ‘ages no processo de decodificagao, ‘A técnica mais difundida é a do exame da produgdo do som pelo aparelho fonador ¢ registro de ouvido. Tal disci ‘ou fonética fisiolégica. Embora os dados pro- ap exige um aparelhamento mais dispendioso, pouco ace em desenvolvimento, 20 lado de um conhecimento d ‘comum aos estudios0s da fea de letras € ling nos estudos em que se focalizam as propriedades sono, seg esti present mento. ‘0 ser humano é capaz de produ: jicas da onda ler na sua produgdo, quer na sua percepgao, os pri de tayao-e-as-unidades-depreendidas pela fonética articulatéria — tornando-se indispensavel, portanto, 0 seu conheci- gerar, num enunciado, uma diferenga de sentido por subs por rearranjo, Por exemplo, 0 arroto, que € um som produzido proveniente do esbfago, pode, em algumas culturas, exprimir ple- tude apés uma refeigao. Mas em lingua alguma funciona como segmento na composigio de palavras, formando com outros sons pares igo do p de 1 de possibilidades, yma apenas’ um sub- conjunto que utiliza com pr ‘Assim a designacao fonética a mais amplo seu proposilo € descrever q 1¢d0 & fonética © 4 fonologia 5) O aparetho fonador ¢ os mecanismos de produgao dos sons A Corrente de Ar icias, imtensidades e por uma coluna de ar em movimento, que, tendo na fase expiratéria do processo de igo, percorre 0 chamado aparelho fonador WuDADE MRTAE ~eAMIBIEORAT TARINGE Laeee under ig. 1. Esquema do aparelho fonsdor © objeto da fonética e da fonoiogia 17 Para a produgio dos sons com Fungo distintiva wtiliza-se a cor rente de ar egressiva (sons plosivos) —. resultante da expulsio do ar dos pulmoes, devido ao levantamento do disfragma pela agdo dos iijsculos intercostais. Nao se conhecem fonolégicos, a corrente pulm na fase i glote ou na boca, formando, assim, novas cimaras que dio origem 408 sons denominados eject izados), implosivos e eli ques. Nos sons ejectivos as cordas vocais ficam retesadas e fechadas, acartetando 0 levantamento da glote © a compressio da coluna de ar 1a faringe ou na boca. Nos sons implosivos, a glote se abaixa e 0 ar dos. pulmGes faz vibrarem as cordas vocais. Os sons ejectivos ¢ implosivos so concomitantemente modificados pelos modos ¢ areas de articulagio na cavidade supraglstica. O quéchua e o georgiano tm consoantes ejectivas oclusivas ¢ em aramaico hi ejectivas oclusivas ¢ fricativas. O Karaja, lingua indigena brasileira, tem uma consoante implosiva alveolar [d} que se opde A oclusiva explosiva sonora [4] (FORTUNE & FORTUNE, 1963),como se pode ver nos pares (wad 9] “tosse" [wad2] ‘minha porgio" a & _é Fig. 2. Os mecanismos da corrente de ar. 2a ~ Som egressivo [1 b - Sons faringeos (a seta dupla para baixo indica @ movimentagso das cordas voeais parm a produgdo os sons implosivos,e para cima, dos sons ejetivos) © ~ Cliques iniciagao a fonética @ a fonologis m cliques como unidades tum uso paralingii pela 0 E do beijo que se lang do estalar da Wingua pare A corrente de ar egressiva © as variagdes da pressiio subj m reflexos nos fendmenos supra-sezmentai wsidade € tom; a agdo dos miisculos respirat6i ptessio subglética esté diretamente envolvida na produgdo das con- soantes denominadas forte e lene que ocorrem em corcano (LADEFO- GED 1971, p.24). A Fonagao ‘Na respiraciio em repouso e na produco dos chamados sons surdos ou desvozeados, as cordas vocais esto separadas € a glote esté aberta. © ar originado nos pulmées pode passar livremente sem que haja Vibragées. Estando a glote fechada e as cordas vocais unidas, 0 af tem de forgar sua passagem fazendo-as vibrar. Os sons resultantes sio chamados sonoros ze :xemplo de sons surdo: 7 5,6 a pronincia do primeiro segmento em palavras ct ’° € de sons sonoros, o primeiro segmento em ‘zi Pode-se sentir exsa diferenga colocando-se ox dedos levemente sobie © pomo-de-adio ¢ dizendo-se_essas palavras prolongando bem o ‘0 objeto da ior de: 3. avitendide; 4. crib; € 5. laringe vista ports: | epig jposigdes das cordas vocais. Nos sons sonoros as cordas, sm toda a sua extensao e a glote esta igualmente levido ao afastamento das aritendides houver uma ira na glote, © som resultante nfo € mais sonoro e sim fechada, pequena 20 Inieiagao @ fonéiica e & fonologia sussurrado, Em po vilbragdo por um pe prolongado apés a soltura da articulaga0 da consoante, quando 0s Grgdos ja esta a produgao do segmento seguinte. Assim, sons aspis duzidas com a mesma protrusao labial e se segue a uma consoante. Em inglés ocorrem oc Slo variantes posicionais das oclusivas surdas, Em oposicio disti clusivas surdas, Havendo uma nGides permanecen Os sons assim produzidos sio chamados ar suplementar, 0s sons m sonoras asian, coun m escape extra de ar ios. Devido a esse jnados consoantes io € aspiragio, que, rentes, posigbes determinantes anatom do palato, comprimento da di responsaveis pela caracterizacao individual da voz, infantil, a masculina, a feminina. Resumindo, por proce: diversos estados da glote e conseqiiente excitagdo act de ar ao passar pelas cordas vocais. 2) sony, US 2) UaGORRADA, ) oclurie svorat} 2) LARNER WEmDA Fig, 4, Posigbes das cordas vecais no processo fo Nasalizagao . Se, porém, 0 véu palatino wgea aberta, parte do fluxo de pm aos sons nasais. A ago de um som oral estiver abaixado e a passagem ni ar se desvia para a cavidade nas figura 5 mostra, do Indo esquerdo, a a cada vog rin ‘A nasalidade nfo se restringe a sonoro. O abaixamento do véu palatino ¢ a abertura da tna modifiagio da qualidade do som, 24 Iniciagae & fondtica e 4 fonologia ‘mi Sapo); un som v (gh de gato). Um sor «do rno portugues em palavras como vulares, faringais glotais aati ian, amen nee Fig. 7. Areas de aniculagao O fluxo de ar poderé escapar pela parte central da cavidadk (comio nas consoantes fricativas) ou por um de seus lados. Ness caso_diz-se que 0 repeiidas vezes num Tixo som € denominado” vibrante. No di " Jepes ¢ tepes sho sons produzidos ia de um articulador no outro. No flepe a ponta d encurva para tris e a curvatura se desfaz tocando a regiao alveolar. No tepe, a ponta ou lamina da lingua se levanta bate na érea alveolar. O rem pronunciado em portugués do Brasil geralmente como tepe. Tepes © flepes sto também denominados vibrantes simples, por serem produ culador, em oposigao & das. vibrante miiltipla que & produzida com varias ‘Aos modos de articulagao vistos cidas articulagdes secundétias como a l 4 velarizagao & a faringalicagdo, Na labializagao actescenta-se 0 arre- sdo sons produzidos com a obstrugdo parcial da cavidade or fe englobam as fricativas € vogais excluindo as 0 afvicadas. Constritivos sito sons produzidos com cavidade orofarfngea sem que ocorra friegao. Vogais tes sio sons constritivos, Recapitulemos alguns dos processos de mo dos pulmaes nos pulmdes (corrente de ar egressiva) 20 fonai6rio) pode en devido a0 levantamento do véu palatino, escaparé exclusivamente pela boca (som oral). A cavidade oral pode obsteufda (modo de articulagdo) pela articulacao da lami iGo). A designagdo ‘consoante cclusiva 1e todos esses processus. Vogais [As vogais so sons produzidos com o estreitamenta da cavidade oral devido & aproximacao do corpo da lingua e do palato sem que haja fricgiio de ar. As vogais se opdem as consoantes por |) serem ac camente sons periédicos complexos; 2) constituirem niicleo de si ¢ sobre elas poder incidir acento de tom e/ou int ‘Na identificacao e descricdo das vogais usam-se, como parimetros, ©.avango ou recuo e altura do corpo da lingua e a presenga ou auséncia ide iprotrussicn labial, (Peta al tira dailimpua rat vogais sao clastificadas em altas, médias e baixas. E pela posigio do corpo da Ii relagto & abébada pal 5 @ posteriores. A. ride protrusao Tabi 9 objeto da fonetica e da fons esquerdo ide (devido a0 movimento das mandibulas) do que Ges de a vogais médias. ‘Com esse tipo de esquematizagao 0 que se intenta ¢ tio-somente ter pontos de referéncia para a apreensio de uma realidade altamente variavel de lingua para lingua e mesmo de diferentes enunciagdes de uma vogal por um mesmo falante. A figura 8 mostra a relatividade que essa terminologia encobre, usando-se a comparagio dos pontos de articulagio das vogais do inglés ¢ as do portugués na fala de uma das autoras. Ea figura 9 mostra a variabilidade das éreas de articulagao para as vogais do tikuna (SOARES, 1983), weung fp agus ey ge 4 Fig. 8. Frequncias médias em hertz dos vogais do portugués de ums das avtoras (linha pontlnads) em comparagao com as freqiéncias médias, segundo Peterson & Barney, das vogas do inglés, 28 Fig. 9. Areas de por easel Para contornar esse problema JONES ideais de ar referéncia para a localizagio das vogais reais ocorrentes nas linguas. Essas vogais ideais so chamadas vogais cardeais. rCHADA a yi Z us nai é ge \tecnava \ 8 = anrenion \ wenio lrovrenion, @ (ue on «a ab BEATA Fig. 10, As vogals eardeais, crigto que pronunciar vogais variadas. Por exemy produgio do i em portugués € va rec

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