Você está na página 1de 3

Sociedade barra passeata nazista

Alertado por denúncia de leitor do DIÁRIO, Ministério Público


proíbe ato no vão livre do MASP em homenagem a auxiliar de
Hitler.
Denúncia do grupo "Movimento Anarcopunk", que se designa
antifascista, levou o Ministério Público de São Paulo a proibir a
realização de marcha de uma gangue que faz apologia ao
nazismo. A passeata estava marcada para o dia 14 de agosto, às
16h, e partiria do vão livre do MASP, na Avenida Paulista,
seguindo até a Praça Oswaldo Cruz, na Consolação.

O "Anarcopunk" registrou em dossiê como o grupo neonazista se


organizava para a realização da passeata. O DIÁRIO também
recebeu a denúncia e procurou o MP para conhecer suas
providências. Alertado pelo jornal, o MP decidiu pela proibição.

A manifestação seria para lembrar os 23 anos de morte de


Rudolf Hess, nazista que foi o principal auxiliar de Adolf Hitler
durante toda sua trajetória até o governo alemão.

A Promotoria de Justiça de Direitos Humanos de São Paulo


interferu na organização da caminhada, pois fere o artigo 20 da
lei 7.719/1989, que não permite propaganda com a suástica para
divulgar o nazismo.
A caminhada estava sendo discutida em fóruns abertos em sites
da internet. O principal site a agregar as informações sobre a
passeata era o da "Stormfront", uma comunidade que se diz
nacionalista e defensora da causa dos brancos.

Os integrantes não se identificam nas mensagens de apoio ao


movimento. Muitas delas sugerem como a marcha poderia ser
feita sem que a polícia interferisse. "Favor não levar nada que
cause problemas com as autoridades", dizia o panfleto exibido
na internet.
1
Confrontos

O MP enviou ao prefeito Gilberto Kassab uma carta de


recomendação para não autorizar a realização do ato público,
pois se temia ocorrência de confrontação física. A Prefeitura
informa não ter recebido solicitação a respeito.

“O Ministério não quer violar os direitos e liberdades de outros,


mas é preciso ir contra aqueles que ferem as leis. Impedir uma
reunião pública dessas, é uma maneira de coibir um possível
confronto violento", analisou Adriana Galvão, membro da
Comissão de Direitos Humanos da OAB.

O Comando Geral da Polícia Militar, a Guarda Civil


Metropolitana, o Delegado Geral e os provedores de internet
que mantêm no ar os sites que fazem apologia ao crime,
também receberam recomendação do Ministério Público para
não aceitar qualquer solicitação do movimento neonazista.

A reportagem do DIÁRIO enviou uma mensagem por e-mail para


os organizadores da passeata para ouvi-los, mas não obteve
resposta.

Essa é a segunda passeata proibida neste ano com concentração


prevista para o vão livre do MASP. O MP também impediu a
"Marcha da Maconha", que havia sido marcada para acontecer
em fevereiro.

2
Grupos de skinheads atacam gays, negros e judeus

A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi)


atua em São Paulo na identificação de grupos que se intitulam
neonazistas, e atuam com violência contra negros,
homossexuais, nordestinos e judeus. A pregação desses grupos é
a da segregação, assim como ditava o nazismo.

Um caso recente de violência de neonazistas foi na Parada Gay


de 2009, quando o grupo "Impacto Hooligan" jogou uma bomba
caseira na Rua Vieira de Carvalho, tradicional reduto de bares
gays. Mais de 40 pessoas ficaram feridas. A polícia prendeu sete
pessoas envolvidas no crime, que teriam planejado o atentado
uma semana antes.

No mesmo ano, foi assassinado o cozinheiro Marcelo Campos


Barros, de 35 anos, que passava pela Praça da República após a
Parada Gay. Ele foi agredido com pancadas na cabeça e morreu
dias depois. Em 2007, no mesmo evento, o francês Gregor Erwan
Landouar, de 35 anos, foi morto com uma facada no abdômen
pelo punk Genésio Mariuzzi Filho, apelidado de Antrax. Ele se
disse integrante da gangue "Devastação Punk", e que também
tinha relações com o "Impacto Hooligan". A agressão ao francês
foi justificada como "pura revolta".

Em maio de 2009, uma quadrilha de neonazistas foi


desarticulada no Rio Grande do Sul. Pelo menos 50 pessoas
planejavam atentados a sinagogas no país, inclusive em São
Paulo. Um dos grupos era o "Blood & Honor".

Você também pode gostar