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O Naturalismo foi um movimento cultural relacionado às artes plásticas, literatura e teatro.

Surgiu na França, na segunda metade do século XIX.


O Naturalismo é uma escola literária conhecida por ser a radicalização do Realismo,
baseando-se na observação fiel da realidade e na experiência, mostrando que o indivíduo
é determinado pelo ambiente e pela hereditariedade. A escola esboçou o que pode-se
declarar como os primeiros passos do pensamento teórico evolucionista de Charles
Darwin.

Os romances naturalistas se destacam pela abordagem extremamente aberta do sexo e


pelo uso da linguagem falada. O resultado é um diálogo vivo e extraordinariamente
verdadeiro, que na época foi considerado até chocante de tão inovador. Ao ler uma obra
naturalista, tem-se a impressão de estar lendo uma obra contemporânea, que acabou de
ser escrita. Os naturalistas acreditavam que o indivíduo é mero produto da
hereditariedade e seu comportamento é fruto do meio em que vive e sobre o qual age. A
perspectiva evolucionista de Charles Darwin inspirava os naturalistas, que acreditavam
ser a Seleção Natural impulsionadora da transformação das espécies. Assim, predomina
nesse tipo de romance o instinto, o fisiológico e o natural, retratando a agressividade, a
violência, o erotismo como elementos que compõem a personalidade humana.
Ao lado de Darwin, Hippolyte Taine e Auguste Comte influenciaram de modo definitivo a
estética naturalista. Os autores naturalistas criavam narradores oniscientes e impassíveis
para dar apoio à teoria na qual acreditavam. Exploravam temas como a
homossexualidade, o incesto, o desequilíbrio que leva à loucura, criando personagens
que eram dominados por seus instintos e desejos, pois viam no comportamento do ser
humano traços de sua natureza animal.
Por conta de seu Determinismo, o Naturalismo era muitas vezes estreito e reducionista
para lidar com a complexidade dos comportamentos humanos, visto que o Determinismo
presente nas obras literárias naturalistas pregava a supremacia do meio sobre os
indivíduos. O ambiente, então, passava a ser decisivo para o caráter.
Contudo, foi o Naturalismo que, pela primeira vez, pôs em primeiro plano o pobre, o
excluído, o homossexual, o negro e os mulatos discriminados, o indivíduo vitimado por
doenças físicas e mentais, além de retomar antigos temas, como o celibato, sob a ótica
científica da época.

No Brasil, a prosa naturalista foi influenciada por Aluísio Azevedo com a obra O mulato,
publicado em 1881, marcou o início do Naturalismo brasileiro, a obra O cortiço, também
de sua autoria, marcou essa tendência.
Em O cortiço a face completa do Naturalismo pode ser vista, pois o indivíduo é envolvido
pelo meio, o cenário é promíscuo e insalubre e retrata o cruzamento das raças, a
explosão da sexualidade, a violência e a exploração do homem.

Émile Zola

O francês Émile Zola foi o idealizador do naturalismo e o escritor que mais se identificou
com ele. O romance experimental (1880) é considerado o manifesto literário do
movimento. As leituras de Zola sobre a teoria evolucionista de Darwin (a Origem das
espécies foi publicada em 1859), A filosofia da arte (1865), "um grande estudo fisiológico1
e psicológico". O que Claude Bernard tinha desvendado no corpo humano, Zola iria
desvendar na sociedade. A título de curiosidade, conta-se que Zola pouco mais teve que
fazer do que substituir as palavras médico por romancista do livro "Introduction a l'étude
de la médicine experimentale" (Claude Bernard) para poder escrever a sua obra "Le
Roman Expérimental", de 1880. Outras influências fortes sobre seu trabalho, nesse
sentido, seriam a obra de Honoré de Balzac (que havia realizado uma verdadeira
radiografia da sociedade francesa com a série de romances. A comédia humana,
concluída em 1846) e as idéias socialistas em ascensão (O Manifesto Comunista de Karl
Marx e Friederich Engels é de 1848). Em 1871, Zola dava início a seu grande projeto, a
série Os Rougon-Macquart. A repercussão na imprensa do êxito de A taverna (1876)
levou Zola a responder à crítica da seguinte forma: "Estou sendo considerado um escritor
democrático, simpatizante do socialismo, mas não gosto de rótulos. Se quiserem me
classificar, digam que sou naturalista. Vocês se espantam com as cores verdadeiras e
tristes que uso para pintar a classe operária, mas elas expressam a realidade. Eu apenas
traduzo em palavras o que vejo; deixo para os moralistas a necessidade de extrair lições.
Minha obra não é publicitária nem representa um partido político. Minha obra representa a
verdade". Em 1880, Nana é lançado e faz grande sucesso. Aborda um tema ousado: a
prostituição de luxo.
Em 1881 Zola lança sua obra-prima Germinal. Para escrevê-lo, o autor não se contentou
com a pesquisa, foi direto à fonte. Passou dois meses trabalhando como mineiro na
extração de carvão. Viveu com os mineiros, comeu e bebeu nas mesmas tavernas para
se familiarizar com o meio. Sentiu na carne o trabalho sacrificado, a dificuldade em
empurrar um vagonete cheio de carvão, o problema do calor e a umidade dentro da mina,
o trabalho insano que era necessário para escavar o carvão, a promiscuidade das
moradias, o baixo salário e a fome. Além do mais, acompanhou de perto a greve dos
mineiros, por isso sua narração é tão impactante. A força de Germinal causou enorme
repercussão, consagrando Émile Zola como um dos maiores escritores de todos os
tempos.
Características do Naturalismo

A principal característica do Naturalismo é o cientificismo exagerado que transformou o


homem e a sociedade em objetos de experiências.

Descrições minuciosas e linguagem simples


Preferência por temas como miséria, adultério, crimes, problemas sociais, taras sexuais e
etc. A exploração de temas patológicos traduz a vontade de analisar todas as podridões
sociais e humanas sem se preocupar com a reação do público.
Ao analisar os problemas sociais, o naturalista mostra uma vontade de reformar a
sociedade, ou seja, denunciar estes problemas, era uma forma de tentar reformar a
sociedade.
O mundo pode ser explicado através das forças da natureza;

O ser humano está condicionado às suas características biológicas (hereditariedade) e ao


meio social em que vive;

Forte influência do evolucionismo de Charles Darwin;


A realidade é mostrada através de uma forma científica (influência do positivismo);
Nas artes plásticas, por exemplo, os pintores enfatizam cenas do mundo real em suas
obras. Pitavam aquilo que observavam;

Na literatura, ocorre muito o uso de descrições de ambientes e de pessoas;


Ainda na literatura, a linguagem é coloquial;

Os principais temas abordados nas obras literárias naturalistas são: desejos humanos,
instintos, loucura, violência, traição, miséria, exploração social, etc.

Cientificismo
Os autores expõem e comprovam as doutrinas científicas da época. É o Determinismo
Hereditário, Determinismo do meio ambiente e social. O realismo produziu os romances
de tese documental, e naturalismo, os de tese experimental.

Personagens patológicas
O naturalismo dava preferêcia à sociedade decadente, ao homem na sua parte mais
animal: atos fisiológicos, instintos, apetites sexuais, personagens degenerados, com raras
taras e vícios. As ações humanas são descritas e narradas como se fossem experimentos
científicos, como nas freqüentes cenas de sexo.

Linguagem objetiva
A linguagem presente nos textos naturalistas é simplificada e comum, aproximando-se
dos textos informativos. A ênfase não é pela narração dos fatos, e sim pela descrição,
tornando as obras naturalista, geralmente, de leitura lenta e, por vezes, cansativa.

Combate ao Romantismo
O Naturalismo contrasta com o romantismo em vários aspectos. Aqui, destacam-se o
adultério, a valorização do presente e da razão, a desmistificação das personagens (elas
agora podem ser feias, pobres e comuns, por exemplo), a preferência pelo dia e pela
realidade.
O Naturalismo se volta para as camadas populares de baixa renda da sociedade, o
submundo do vício e do crime. Tanto o Realismo como o Naturalismo são anticlericais,
antimonárquicos, antirromânticos e antiburgueses, querendo retratar a sociedade em que
estão inseridos.
Romantismo em Portugal

A recepção crítica da teoria naturalista de Zola fez-se em Portugal por intermédio de


autores como Júlio Lourenço Pinto (1842-1907), José António dos Reis Dâmaso (1850-
1895), António José da Silva Pinto (1848-1911), Alexandre da Conceição (1842-1889),
Teixeira de Queirós (1848-1919), autor das séries Comédia do Campo e Comédia
Burguesa, e o mais destacado deles, Abel Botelho, (1854-1917), criador da série
Patologia Social, ou Carlos Malheiro Dias (1875-1941) tentariam a aplicação do
Naturalismo ao conto e ao romance.

Conclusão:

O Naturalismo foi um movimento cultural relacionado às artes plásticas, literatura e teatro.


Surgiu na França, na segunda metade do século XIX. Este movimento foi uma
radicalização do Realismo.
Emile Zola é considerado o idealizador e maior representante da literatura naturalista
mundial. Foi muito influenciado pelo evolucionismo e pelo socialismo.
Os naturalistas acreditavam que o indivíduo é produto da hereditariedade e seu
comportamento é fruto do meio em que vive e sobre o qual age.
Os naturalistas veem o lado patológico do homem, o seu envolvimento com um destino
que ele não consegue modificar; as situações de desequilíbrio muito fortes; o homem que
se comporta como um animal, obedecendo a instintos; o homem condicionado ao meio
em que vive, pelo fator da hereditariedade física e patológica, que determina o
comportamento dos personagens.

Bibliografia

Apostila da EsPCEx

http://educacao.uol.com.br/portugues/ult1706u69.jhtm

http://www.netname.com.br/2006/materia/21/display/0,5912,POR-21-100-904-,00.html

http://www.netsaber.com.br/resumos/ver_resumo_c_2749.html

http://www.spiner.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=1306

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