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16 Terminando a viagem O problema basico, ndo s6 da terapia, mas também da vida, é como fazer a vida passivel de ser vivida para um ser cuja caracteristica dominante é sua consciéncia de si mesmo como um individuo unico por um lado ¢ de sua mortalidade por outro. PERLS (1970: 128) da viagem terapéutica € uma importante separacdo € potencial- Otérmino 5 aS nossas crencas ou medos sobre isolamento, perda e mente mexe com toda’ morte. Ha sempre o perigo de que o cliente e o conselheiro irao conspirar para evitar essas quest6es € nao chegar a um fechamento apropriado; como Perls nos lembra, enfrentar a realidade de nossa mortalidade € um desafio enorme. minar por escolha iente da sig- pleta. H4 também a oportunidade, no entanto, para 0 cliente te propria e apropriadamente, a medida que ele esteja totalmente ci nificancia do evento e passe pela experiéncia de uma finalizagao com Algumas pessoas acham que o fim da viagem terapéutica pode ser a parte m: profunda de toda a experiencia. ais Padrdes para o término siedade pro- Ha varias maneiras pelas quais as pessoas evitam a dor e a ans os de suas Yocada por uma perda ou um fim. Tais padroes muitas vezes terdo ect Pee htaping de modificar contato (cf. cap. 10). Alguns clientes 68 tama aie Tene a coeds aa retiram — psicolgis ealg a dulime — a medida que o fim se aproxima. S40 0s ‘ aoe . fata ei gpa S558 Ou que esto l, mas parecem terse destino qu eae fentam, Bando ao fim. Outros clientes nao aguentam se 5° sib ao mii, rag Pestergar 0 fim descobrindo novas situacdes inacabac aslo q o ferapia. Nao € incomum que clientes reciclem suas questdes originais evitam a sles parecem retornar a um niv agios da terapia. Eles parecem rete m nivel pre Vio nos tltimos est : 4 jes ¢ problemas semelhantes agueles : zi tte les funcionamento, produzindo q a i escobrimos qu tinham quando vieram pela primeira vez- Descobr que isso pode sep a mancira de “experimentar” com antigas estratégias para administrar Proble. ao disponiveis Se necessirias. No enan, 0, mas, ¢ verificar se elas ainda estara 1 ; é convencer a eles proprios ¢ seu ter: pode ser também uma maneira de com apeutad, Ao esta prontos para partir. ajudar os clientes a partirem bem, mas tam, que E tarefa do terapeuta nao s6 bem ajuda-los a aprender tanto qu : uer fim, especialmente um fim tao significativo quanto 0 téming as experiéncias passadas de fins e transicdes, anto possivel sobre eles mesmos nesse Pro. cesso. Qualq de uma terapia, ira ecoar todas O cliente pode se colocar em contato novamente com a situacao inacabadg de perdas anteriores nao sofridas. Ele pode também se voltar para padroes de reacdo automatica que foram desenvolvidos como ajustes criativos para admi- nistrar fins e separacdes passadas. Particularmente relevante sao as primeiras experiéncias relacionais, aquelas com os principais cuidadores. Essas experi- éncias normalmente estabelecem padres relacionais — muitas vezes chamados de estilos de ligacao — que colorem todos os relacionamentos intimos futuros, com suas intimidades e suas separacées. | : Sugestio | Reserve alguns minutos para considerar os fins em sua prépria histéria. Con- sidere tanto os fins significativos quanto os fins pequenos (ex.: mortes, indo para um novo emprego, ou até a maneira como vocé sai de uma festa). Hé uma ma- | neira tipica pela qual vocé tende a terminar seus relacionamentos? Por exemplo, partindo rapidamente, nao olhando para tras, ou, ao contrario, evitando admitiro | | | fim verdadeiro, e dizendo “até logo”. Vocé consegue identificar padres nas suas maneiras de reagir? : ae) Apos ter identificado suas reacées familiares pense sobre o efeito que 8% Ma em vocé como terapeuta. Com que padroes de evitagao vocé provavelmen te ird colaborar? O que vocé mesmo podera evitar? E el rete . Possivel que vocé precise ajudar o cliente a estar consciente de todas ® 5 eriénci: : i as experiéncias com relacao a esse fim e estar alerta a sua significancl4 Sera we cDortunidade para que ele solucione gestalts fixos com relacio # fis Tenle as questoes necessarias da transicao. 230 Ha outras variaveis que irao influenciar a experiencia g ia que f © cliente tem com fins « Questoes especificas de tr ‘ansferéncia e ¢ ferencia e contratransferéncia no rel: Jamento terapeutico podem levar a dificuld ee ades se nao fore 4 P a 'm plenamente solucionadas. Por exemplo, 0 terapeuta pode estar sendo experienciad : mpl ciado pelo cliente como a mae vulneravel que nao pode ser abandonada « Implicacoes da queixa que trouxe o cliente para a tera] ji pia; por exemplo, se 0 cliente trouxe dificuldades de relacionamento ou de luto. « As implicagoes culturais de fins € os rituais que ti alvez precisem ser ob- servados. + As atuais condigdes do campo que podem influenciar o cliente. Por exemplo, que tipo de apoio ambiental esta disponivel depois do fim? O cliente esta pa: ando por quaisquer mudancas ou transicdes estressantes naquele momento? Uma terapia bem-sucedida pode ser vista como um processo pelo qual o cliente (e 0 terapeuta) cumpriram o contrato e trabalharam os antigos pa- droes relacionais estabelecidos para conseguir um relacionamento mtituo e congruente. Se isso ocorreu, o fim “parecera correto”. No entanto, ha uma maneira na qual isso pode ser ainda mais doloroso. Relacionamentos de auten- ticidade muita sao raros e singularmente acalentadores. As duas partes podem ter dificuldade de dizer adeus. Exemplo B’Elanna tinha estado em terapia por dois anos e meio. Um dia, chegou & | sessio com a noticia de que 0 trabalho a tinha ajudado enormemente e que estava pronta para partir. Ficou claro que tinha a intengao de ir embora naquele mesmo | | dia, Ela ficou genuinamente espantada quando seu conselheiro sugeriu que eles | poderiam precisar de um pouco mais de tempo para dizer adeus. Explorando sua | premissa de que eles simplesmente terminariam sem nenhuma outra mee | | B’Elanna lembrou-se de quando sua mie a deixava na estagio de trem a cada | trimestre quando ela voltava de trem para 0 colégio interno. O adeus de aa mnie | era répido e sem olhar para trds. B’Elanna percebeu que essa era a mane © | | i ecordlou uma lembranca | due ela també tay separacoes. A medica que recordou para 2 escola, ela fe de quanto tinha abafado seus fim de uma maneira diferente @ | ambos poderiam | feal das idas para a escola, ela ficou consciente Sentimentos de tristeza. Decidiu entio fazer esse eles concordaram em ter mais cinco semanas durante a5 qt dizer seu adeus. |e ee 231 A natureza do fim Mais tarde neste capitulo esbocaremos as tarefas que se aplicam geralmen, te a maioria das despedidas na terapia. No entanto, € util reconhecer que hg muitos tipos diferentes de fins: planejados ou nao planejados, escolhidos oy obrigados. Cada um ird trazer seus desafios ¢ oportunidades especificos, Quando o fim é planejado O contrato ficou em aberto Nesse caso 0 fim surge naturalmente com um acordo mtituo. O cliente muitas vezes mostra uma nova confianga ou competéncia sobre questdes anti- gas € mantém autoapoio € energia diante dos desafios da vida. Com esse tipo de contrato, a oportunidade para o cliente é escolher o fim em plena awareness, Isso muitas vezes ocorre quando ele compreende que € capaz de continuar sozinho © pode, com efeito, ser seu proprio terapeuta. Para o conselheiro, é as vezes essencial aceitar 0 “bom o bastante” e nado esperar que o cliente va dese- jar terminar todas as questées que 0 conselheiro identificou! O contralto breve ou de curto prazo Por favor, confira 0 cap, 22, onde este tema é tratado em detalhe. Fins inesperados Quando o lerapeuta precisa terminar Ocasionalmente, o fim da terapia ocorre em virtude de fatores na vida do terapeuta, Ele pode ter adoccido, estar plane jando mudar para um novo local, ou decidir reduzir suas horas de uabalho ou se aposentar, Nesse caso, S¢ ° cliemte tem quaisquer questocs sobre abandono (e quem entre nds, nao tem™) & mais provavel que eles sejam provocados, Uma vez mais, € importante 12 0 terapeuta ajude o clieme a expressar seus sentimentos e pensamentos- As seguimtes diretrizes podem ser doe | leis se voce tiver de anuneiar um término in? perado indesejado, DEO maior aviso previo possivel 232 permita que o cliente fique itracion, 4 . ado ou om voce. Isso pode ser extremamente importa “esapontada cl jes inacabadas relacionadas com outr ac « Revele o suficiente sobre o motivo para assegurar ao cliente nao esta de forma alguma conectado Com 0 trabalho da terapia. + Dé-Ihe uma escolha sobre 0 momento do fim, se possivel + Ofereca-Ihe um espaco para terapia no seu novo co isso nao seja pratico para ele, demonstrando Com isso seu compromisso continuo em principio, nsultdrio, mesmo que * Seja estrategicamente auténtico com telacao a cap. 4, secao sobre diretrizes Para “sobre autorrevelaca a transferéncia. * Qualquer um que tenha tido a experiencia de mudar de lugar ou de fechar seu consultério Por algum motivo, sabe como essa tarefa € emocio- nalmente exaustiva, Assegure-se de que vocé tem muita supervisdo e apoio durante esse tempo e nao subestime o nivel de estresse. Quando 0 cliente “desaparece” Ocasionalmente, um cliente pode deixar a terapia inesperada e precipita- damente, Ele simplesmente deixa de vir a sua sessao. Seja qual for 0 motivo Ave ele tenha — desaponto com sua capacidade clinica ou ansiedade sobre a “pia, ele tem 0 direito de escolher. Esse tipo de fim tende a acontecer no vimento, Someco da terapia quando o cliente esta ambivalente sobre seu envolvim Stgetimos 'ss0 pode “omo tal, Sana exp, aconteceu. que vocé nao telefone ao cliente para perguntar o que ria casa e, ‘ cliente em sua prop i dar a ideia de que voce esta cacando o cliente & —e eto € escrever Pareceria intrusivo. Normalmente o correto € escreve . a a ando a proxies Tessando seu pesar por ele nao ter vindo e ou confirm: 233 ‘| ‘a marear outra (sugeri sessao ou convidando-o a telcfonar para marcar (sugerimos uma on can » esses ultimos parecem mais a ail ow SMS porque ¢ riven , va r, uma potencial falta de priv entag ai, ou escrever outro billete dizendo qe voc® presuine eel arcom a terapia naquele momento, que lhe deseja g le decidiu nao continu; z ms 2 t 7 e em entra -ontato com vocé no futuro se mud: que ele nao hesite em entrar em c a hh mente o desaparecimento de um cliente (e Spe. inform, em vez de e-mi e icidade). Se 0 cliente nao respondey pode parar por Lembre-se de que ocasional 7 cialmente depois de umas poucas sessdes) pode significar que ele cong ‘ Bui e esta se sentindo melhor, se ai aquilo que queria quando Ihe procurow € esta se senti lena é do mundo da terapia e, portanto, nao esta familiarizado com “o Principig de bons finais” ele pode simplesmente achar que nao precisa mais de acon. selhamento (da mesma maneira que ele ndo voltaria a seu clinico apés uy, tratamento bem-sucedido). De qualquer maneira, € possivel que voce Precise descobrir a melhor maneira de terminar para vocé e deixe de “ficar esperando”, talvez usando a supervisao para trabalhar qualquer situacao inacabada, Se vocé esta tratando desse cliente ha algum tempo, isso muda bastante 9 ario. Pode entao ser apropriado dizer mais coisas em sua carta. No entanto, é importante que voce seja circunspecto sobre 0 que diz fora do consultério Mesmo se tiver uma boa ideia do motivo do afastamento, é uma ruptura sim- bolica de limites referir-se explicitamente em uma carta ao contetido das ses- soes: suas intervengGes terapéuticas s6 devem ocorrer no consultério. Também é uma verdadeira ruptura potencialmente porque sua carta pode ser aberta por alguma outra pessoa. Escolha suas palavras cuidadosamente. E possivel dizer, Por exemplo, que vocé acha que houve uma falha na comunicacao e que é algo sobre 0 qual vocé e ele precisam conversar e vocé espera que ele venha e vocés facam isso. Quando o cliente deseja deixar a terapia “prematuramente” Acreditamos piamente no direito que o cliente tem de decidir. Além diss é bem possivel que ele esteja certo. E possivel que os dois precisem confiar Processo dele. No entanto, é també a ar 'm verdade que vocé tem 0 direito de Int pelo “cliente potencial” re shape + ded ~a visio da possibilidade de crescimento que Ve nele, Seu compromisso dade. Alguns clientes, é claro, jy ficul Ao terming adi — acha oe ar, OU ameac, we estio Zangados OW ACHAM AYE VOCE nag gy eu MASA ermina 1d i ece endeu a : yal jar isso. Comece uma discysca ', Mas nao 53, go ical 8 AISCUSSAO Sobre aguity nace ee 80 Ca 3 eee ee que le pe y, decis8 Algumas das seguintes Perguntas podem We Tevou o cliente gute on Ser titeis, a . vem ocorrendo recenteme! 2 oque vem OC temente em sua vida e na ter = . ; erapia? + Que sentido ele vem fazendo disso tudo? i Ha algo sobre vocé ou sobre a terapia que lhe desagrade? . ie? « como ele decidiuino passado quando era o moments certo pai fae um relacionamento ou abandonar uma situacao? Para terminar «Como ele reconheceria se, na verdade, estivesse evitando um final? final? + Voce pode também revelar suas Proprias polaridades sobre a decisa lecisao dele; “Uma parte minha apoia sua decisao de terminar; € seu direit * eito es- colher. Outra parte minha quer lutar para que voce Pp balho” ermaneca e continue nosso trabalho”. E quase sempre inapropriado e pouco respeitoso (e até Ppouco ético) dizer, ou implicar, a um cliente que quer partir, que ele nao sera capaz de administrar sua vida ou que ele nao esta funcionando bem 0 bastante para estar “sozinho”. E apropriado dizer algo como: “Por mim, tudo bem se vocé deixar a terapia, mas estou consciente de como sua decisao foi stibita. Me pergunto se vocé es- taria disposto a explorar isso”. As tarefas do término Em nossa experiéncia, as seguintes tarefas so comuns na maior parte dos fins de terapia. O processo de partir envolvera ir e voltar entre esas, tarefas a medida que o fim se aproxima. Se o trabalho foi de longo prazo, vatias sema- "3S Ou até meses serdo necessdrios para esse proceso. E possivel que precise *ordar esses assuntos voc mesmo nas sessbes anteriores a0 fim se o cliente Parece os estar evitando. Des Perte a awareness do fim emente importan- . luto ‘abalhar um a evidence; importantes a0 Vidéncia de que um dos fatores mais imp ntido da morte. oO cancia € 0 5 *alguem seja capaz de descrever a significancia 1 é dent te, ie Pode parecer uma tarefa obvia, mas € surpreen & qu 235 mesmo se aplica a um final significativo, inclusive 0 da terapia. Acreditamos . i arrativa significativa sobre como o final da ters que o cliente precisa ter uma ni ' ae = pia se encaixa em sua viagem. Voce pode encoraj; conv atellets sobre 0 que o trouxe até vocé no come¢o, quais as Tevelacoes que tiveram ¢ como estao agora. ' Todos nés potencialmente negamos a existéncia de fins de varias maneiras, As vezes concordamos com 0 cliente que ele pode voltar para acompanhamen. to se ele sentir necessidade. Essa pode ser uma oferta valida. No entanto, ela também pode ser uma evitacao. E dificil dizer adeus para alguém com quem estivemos em um relacionamento significativo e intimo. No entanto, isso Priva nossos clientes, nao sé da oportunidade de terminar “de uma maneira limpa’, mas também da verdadeira experiéncia do estagio final e importante da te- rapia — descobrir que eles podem se cuidar sozinhos. Se vocés dois j concor daram que um fim é apropriado e uma data para esse fim ja foi decidida, ela deve normalmente ser mantida apesar de qualquer emergencia de novos (ou antigos) sintomas. O terapeuta pode convidar o cliente a explorar o que esses sintomas podem significar para ele com relacao ao final. Esteja consciente da significancia e das implicagées do fim Tanto 0 conselheiro quanto o cliente Precisam ser responsaveis pelas mui- ‘as manelras nas quais a terapia foi signi ficativa na vida do cliente. qual eu vim todas as tercas-feiras as 3 horas da tarde pelos ultimos dois anos”, * “Este € 0 lugar ao * “Me acostumei a poder vi te discutir aqui quando os problemas su q pro 8em na minha vida. A, ora terei de enco i fazer i850 ae ntrar uma maneira de f Dos dois lad °s, pode haver uM simples reco) : * Gosto de voce P! nhecimento: 236 Exemplo B’Elanna ficou surpresa a principio quando seu conselheiro Ihe perguntou sobre as despedidas anteriores em sua vida. Tinha havido algumas despedidas importantes e dificeis? Ela achava que nao. Gentilmente o conselheiro expressou sua surpresa: “Nenhuma mesmo? E 0 seu casamento?” B’Elanna sacudiu a cabega enfaticamente: *Aquilo foi s6 um alivio ~ tinha sido tao horrivel”. E quando vocé deixou seu lar € seu pais? Uma vez mais uma negativa: “Oh, era muito ruim Ié. Eu fiquei contente de me livrar daquilo”. A medida que o conselheiro mencionava muitas despedidas que B’Elanna tinha vivenciado, cada uma delas era recebida com uma rejeicao. Em cada caso ela dizia que a pessoa ou situacao perdidas nao mereciam seu pesar. A medida | que eles exploraram 0 assunto mais detalhadamente, no entanto, B’Elanna come- ou a reconhecer o padrao. Ela tinha crescido precisando ser independente e forte. Quando a guerra tinha chegado a seu pais, ela tinha sido forcada prematuramente a deixar as “necessidades infantis” de pesar para tras. Tinha, entdo, usado essa maneira | de administrar a perda durante toda sua vida. Essa awareness a levou a reexaminar como iria deixar seu conselheiro e como iria lidar com a tristeza. Para alguns clientes, o relacionamento com o terapeuta sera um dos mais significativos e intensos de sua vida. Deixar esse relacionamento, portanto, sera extremamente importante. Isso pode também enfatizar a aparente estra- nheza dos limites terapéuticos. Tendo estado tao préximos, vocés provavel- mente nunca se encontrarao outra vez. Isso € dificil para o terapeuta também e as vezes causa violacoes de limites prejudiciais (concordando em se encontrar socialmente, tornando-se amigos etc.). Em nossa opiniao, um final “impo” é muitas vezes uma conclusao necessaria para selar e conter a terapia e preservar o relacionamento como um recurso interno para 0 cliente. Encoraje a expressao total de sentimentos A expressao de sentimentos pode incluir tristeza, raiva, medo, alivio, ex- citagdo ou uma mistura de todas essas coisas. Vocé pode encorajar isso com Perguntas, tais como: “O que é que esse relacionamento significou para vocé?” “De que vocé esta consciente no momento, quando imagina terminar comi- 80?” Esse é um momento quando voce pode escolher revelar algumas de suas Proprias reagdes. Ele pode incluir também sentimentos familiares negativos e habituais tais como depressao, amargura, autocompaixao, culpa e assim por diante, padroes telacionais antigos que podem ser trazidos para a awareness ¢ trabalhados. Eles Podem incluir versdes de introjetos ou crencas familiares, tais como “Tudo que 237 i “Se voce tivesse sido wu € importante € sempre tirado de mim”, ou “Se vor M terapeutg melhor, cu estaria mais feliz do que estou - Exemplo B’tlanna tinha ficado profundamente emocionada com as descoberas que fez sobre si mesma com relacao a despedidas e passou into tempo er ‘Pr rof una tris. | feza por seu pasado, Ela tinha eslabelecido que sua data fina! seta em jlha, mag no comeco de junho chegou muito irritada rec! aman o sobre o sistema de esac famento, Deveria haver, disse ela, um sistema melhor para 20s clientes aonde | estacionar, Seu terapeuta demonstrou simpatia meat a inconve ees . se descul- pou pela falta de clareza, mas cla comecou a falar sol se como 0 trd ae 1a estado | terrivel a caminho da sessio. Ele muito gentilmente dai oo ela: “E realmente | dima verdadeita chateacao vir aqui, nao 62" B’Elanna o olhou fixamente e depois | feu aborrecida e se retraiu. O terapeuta percebeu que tinha cometido um erro e | pediu desculpas. B’Elanna recebeu as desculpas e relaxou visivelmente; logo come- fou a chorar, dizendo: “Nao sei como vou me arranjar sem voce”. O terapeuta sen- fercannho por ela e também ficou consciente de sua propria tristeza. Ele disse isso a ela. Os dois ficaram em siléncio por um momento recon! hecendo sua tristeza miitua, Reconhega e comemore o que foi realizado e admita o que ainda esta inacabado Reexamine a viagem que voces fizeram juntos — as dificuldades e sucessos, as mudangas feitas ou nao feitas. Vocé pode pedir ao cliente que reveja os mo- mentos decisivos na viagem, o que foi mais importante ou mais transformador, bem como os momentos quando havia pouco movimento ou ele se sentiu imo- bilizado. Pode ser util compartilhar sua visio sobre a viagem do cliente e os momentos importantes. Sua validagdo e reconhecimento podem dar apoio a0 cliente e confirmar o que ele percebeu. Também pergunte se ha algum retorno que ele queira que vocé Ihe dé ou que ele queira Ihe dar, Exemplo ‘A medida que julho se aproximava, B’Elanna sentia-se instavel. No entanto, também estava excitada com a perspectiva de “fazer aquilo direito” como ela s¢ expressou. Na peniiltima sessdo eles passaram 0 tempo examinando o trabalho que tinham feito juntos, B’Elanna disse: “Vocé sabe, o dia em que realmente €¥ ire ee foi quando eu estava lhe dizendo que fiquei irritada no ote a ‘Oordou O que eu tinha dito sobre meu avé um ano inteiro ~ Quando o terapeuta lhe pediu que reconhecesse como ela tinha mudado | desde sua chegada, s gada, ela percebeu quanta cois. fe se sentia | J ‘5 coisa estay, como se sentia | [_muito mais animada ¢ otimista sobre sua Vida. evils Sugestio 7 Uma visualizagio que pode ser til ne: simagine que voces estao seis meses depois, deixado a terapia, que arrependimentos vocé tem, coisa que voce desejaria ter dito ou feito ou expres se Momento 6 pedir no futuro. Como voce se é que tem al ssado?” ao cliente que se sente porter | igum? Ha alguma E perfeitamente apropriado que haja questées ainda nao resolvidas. Mel- nick e Roos (2007) questionam a énfase da Gestalt na terminacao de situacdes inacabadas € acreditam que podemos combinar o retraimento da energia com permanecer internamente ligado a pessoa que perdemos. Fles falam de “se agarrar e deixar partir” (p. 102) e sugerem que ha muito aprendizado e cresci- mento que vem a partir da experiéncia de viver com uma ligacao interna com um outro significativo perdido. Plano para o futuro Ao se aproximar o fim de sua revisao mutua, identifique questdes futuras. Que questdes ou situagées o cliente pode esperar que irao surgir nos meses vindouros e como ele ira administrar as crises ou dificuldades futuras, espe- cialmente aquelas semelhantes as queixas que 0 trouxeram para a terapia em primeiro lugar? Se vocé teve um longo relacionamento com 0 cliente, vocé foi internalizado como um recurso. Seu exemplo, sua voz, seu cuidado e atengdo serio parte da paisagem interna dele. Que outros recursos estao em sua vida de que ele poderia depender, agora que a terapia esta terminando? Que novas tedes ou atividades sociais ele poderia desenvolver? = _ ~ 7] Exemplo B’Elanna levou a sério a sugestao do terapeuta para que ela considerasse como | | ira enfrentar o futuro. Cuidadosamente, pensou sobre que tipos de desafios pode- | tia ter de enfrentar e como poderia administré-los? O terapeuta ficou aliviado de | | ouvi-la pensar dessa maneira, j4 que no passado ela tinha uma falta caracteristica | de desejo ou capacidade de planejar para si mesma ou de garantir sua segurerse: | Quando ele compartilhou isso com ela, ela percebeu como costumava acreditar | que nao tinha nenhum futuro que valesse a pena para ela. Quando eles associarsm | €5sa profunda sensagio de inseguranga com sua primeira infancia em Hm Pav TT | Yastado pela guerra, tanto 0 terapeuta quanto a cliente se sentiram pn Srellateg emocionados — tanto por aquilo que ela tinha sofrido quanto pong ae Feadquirido seu autoapoio até o ponto de poder se importar com = m sentido) tentar antecipar muito, © cliente E impossivel (e ser H F claro, seria imp! arte da ansiedade e da excitacao disso ¢ ; vai partir em sua propria viagem € Pi desconhecido. Diga adeus Decidir como terminar deve ser uma decisao compartilhada. Juntos, Yo cés podem identificar 0 que € importante ou precisa ser percebido. As yezes o cliente gosta de elaborar um ritual especial, por exemplo, oferecendo-lhe algum pequeno presente ou lembranca para que voce se lembre dele. Exemplo B’Elanna nao queria criar nenhum ritual especifico. Disse apenas que o impor- tante para ela era simplesmente permanecer no relacionamento até 0 momento | do adeus, Previu que na Ultima sessio iria chorar e ficaria inconsolavel, mas quan- do chegou a hora eles também riram juntos ~ lembrando os momentos que tinham | compartilhado e comemorando a viagem que tinham feito. Os olhos de B’Elanna | ficaram cheios de lagrimas quando ela se voltou para o terapeuta para dizer adeus. O terapeuta também se sentiu emocionado e demonstrou o que sentia. Na saida, | a0 caminhar pelo corredor para onde dava o consult6rio, B’Elanna se voltou € ficou parada por um momento. Eles sorriram carinhosamente um para 0 outro. | | Depois B’Elanna olhou para a frente e foi embora enquanto o terapeuta fechava | a porta. O terapeuta sabia que provavelmente ele nunca mais a veria; sentiu-se satisfeito, mas melancélico e refletiu sobre como era dificil abandonar relaciona- | mentos assim tao intensos, Extrair energia Uma adverténcia: © luto é mui : : mi riste 20", €™ Nossa opiniao, ilas vezes chamado de “trabalho sobre abordar Gr natureza € certamente « plenamente e estar com uma separaca0 4! a « fatorio & Alem de ser potencialmente satisfato™ A perda do terapeuta Temos, € claro, estado nos concentrando em ajudar os clientes a identi- ficar seus padres ao redor de despedidas. Mas, in tem seus proprios padroes. Nos terapeutas tambét ligacdes € perda: também reagimos aos ecos da evitavelmente, o terapeuta 'm lutamos com questées de * Precisamos garantir que nossos Proprios padroes de modificagao de con- tato ao redor de despedidas nao impecam que o cliente faca aquilo que ele precisa fazer. Temos de estar seguros de que nao estamos nem ignorandoa importancia da fase final nem nos recusando a deixar que o cliente parta, * Um terapeuta bem-sucedido tera de Passar por muitos fins de relaciona- mentos bem-sucedidos e recompensadores durante 0 curso de sua carreira Profissional. Por isso € tio importante que saibamos como fazer isso de uma maneira que nos tone mais sabios e mais disponiveis, de tal forma que nao tenhamos de colocar energia na manutengao de antigos padroes de evitacdo. O exemplo acima foi de BElanna, uma cliente que abordou sua despedida com plenitude. O mesmo poderia ser facilmente escrito sobre um terapeuta que, a cada estagio ou a cada tarefa, teve de se confrontar com relacao a signi- ficancia e a importancia da perda desse relacionamento com o cliente. Convidamo-los a fazer alguma exploracao mais profunda sobre seus Proprios padroes a fim de garantir que suas despedidas sao tao “limpas” quanto possivel. Sugestio | Veja se vocé consegue se lembrar de seu primeiro dia na escola. Pode se lembrar de como se sentiu antes de ir? Vocé teve ajuda para se preparar para isso? Quanta? Muitas vezes as pessoas descobrem que essa experiéncia de separagao Marcou um padrao de sua reagdo para mudangas e ajustes futuros. (Se vocé nao tem memérias muito antigas, lembre-se, em vez disso, de seu primeiro dia No se- 8undo grau ou no instituto onde se formou como terapeuta ou conselheiro.) Como é que essa experiéncia pode iniluenciar sua atitude com relacao a des- Pedidas e novos comecos, como ela ird afetar seu trabalho como terapeuta? O Que vocé aprendeu desde entao ~ tanto na teoria quanto em termos de sua experigncia — que o ajudou com boas despedidas? — pe, 241 Leitura recomendada HOUSTON, G. (2003). Brief Gestalt Therapy. Londres: Sage [cf. cap. 6; “The Ending”). MacKEWN, J. (1997). Developing Gestalt Counselling. Londres: Sage [cf, p. 209-214]. MELNICK, J. & ROOS, S. (2007). “The myth of closure”. Gestalt Review, | 11 2), p. 90-107. PHILIPPSON, P. (2009). The Emergent Self— An Existential-Gestalt Approach, | Londres: Karnac [cf. cap. 6: “Death and Endings”). | ROOS, S. (2001). “Chronic sorrow and the Gestalt construct of closure”, Gestalt Review, 5 (4), p. 289-310. SABAR, S. (2000). “Bereavement, grief and mourning: a Gestalt perspecti- ve". Gestalt Review, 4 (2), p. 152-168. VAZQUEZ BANDIN, C. (2011). “The Process of grief according to Gestalt therapy”.Gestalt Review, 16 (2), p. 126-144. WORDEN, J.W. (2009). Grief Counselling and Grief Therapy: A Handbook for the Mental Health Practitioner. 4. ed. Nova York: Springer. 242

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