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Índices de sustentabilidade municipal:

o desafio de mensurar
Tania Moreira Braga
Pesquisadora do Cedeplar/UFMG
Bolsista Recém-Doutor FAPEMIG
Ana Paula Gonçalves de Freitas
Pesquisadora no Cedeplar/UFMG
Bolsista Apoio Técnico FAPEMIG
Gabriela de Souza Duarte
Assistente de pesquisa no Cedeplar/UFMG
Bolsa de iniciação científica CNPq
Júlio Carepa-Sousa
Assistente de pesquisa no Cedeplar/UFMG
Bolsista de iniciação científica CNPq

Palavras-chave Resumo Abstract


índices e indicadores, Este artigo apresenta metodologia de constru- This article presents methodology for the
desenvolvimento sustentável, ção de índices de sustentabilidade local e a apli- construction of indices of local sustainability,
qualidade de vida, qualidade ca para os municípios da região da bacia do applied to the cities of the Piracicaba River Basin
ambiental, capacidade rio Piracicaba (MG). A proposta metodológica (Minas Gerais). The proposed methodology
político-institucional. apresentada combina medidas de qualidade do combines measures of quality of the microregional
sistema ambiental microrregional; qualidade de environmental system; the quality of life in urban
Classificação JEL Q01, I31,
vida no espaço urbano; pressão exercida pelas areas; the pressure exerted by anthropic activities
I32.
atividades antrópicas sobre as bases de repro- on reproduction bases in the area and on the
dução no espaço e sobre o sistema ambiental
microregional environmental system; political and
microrregional; capacidade política e institu-
institutional capacity for local intervention. The
cional de intervenção local. O rio e sua bacia
river and its water basin are used as the main
hidrográfica são tomados como parâmetro
principal de espacialização, integração e com- parameters for spatialization, integration and
patibilização de indicadores construídos com compatibility of indicators constructed on the basis
base em metodologias e visões disciplinares of distinct methodology and disciplinary viewpoints.
distintas. Localizada na bacia do Médio Rio Located in the mid Rio Doce river basin, the
Key words Doce, a bacia do Piracicaba encontra-se na Piracicaba River basin is within the area of
indices and indicators, área de influência do Parque Estadual do Rio influence of the Rio Doce State Park. It comprises
sustainable development; quality Doce. Possui um conjunto expressivo de ativi- a significant assembly of economic activities (steel,
of life; environmental quality, dades econômicas (siderurgia, celulose e mi- cellulose, and iron ore mining) with a high degree of
political/institutional capacity. neração de ferro) com alto grau de impactos anthropic impact, considerable urban concentration,
antrópicos, expressiva concentração urbana e and massive reforestations through the
JEL classification Q01, I31, massivos reflorestamentos por monocultura monocultural plantation of eucalyptus trees (coal
I32. de eucaliptos (carvão vegetal e celulose). and cellulose).

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1_ Introdução mensões ambiental, social e econômica


Estudos sobre qualidade ambiental e de- do meio ambiente, como parte de um jo-
senvolvimento encontram o desafio fre- go de poder em torno da apropriação do
qüente de lidar com a incerteza e a carên- território e de seus recursos, que tem por
cia de informações sistematizadas. Grande objetivo legitimar ou deslegitimar discur-
parte das decisões tomadas por órgãos sos e práticas sociais.
reguladores na área ambiental ocorre va- Portanto, qualquer proposta séria
lendo-se de informações imprecisas e cer- de mensuração do fenômeno desenvol-
tezas fragilmente construídas. A natureza vimento sustentável deve iniciar pela de-
da relação entre meio ambiente e desen- claração das matrizes discursivas que lhe
volvimento é objeto de controvérsia e servem de inspiração.
campo de incertezas. Nesse contexto, tra- O conceito de sustentabilidade aqui
balhos empíricos capazes de criar indica- adotado combina a definição adotada pe-
dores confiáveis que possam embasar es- lo Urban World Forum (2002)1 com a ter-
tudos e tomadas de decisão política são ceira das matrizes discursivas de sustenta-
cruciais e urgentes. bilidade urbana identificadas por Acserald
O conceito de sustentabilidade, ou (1999),2 relacionando questões relativas à
desenvolvimento sustentável, embora uti- vulnerabilidade social, política e econômica
lizado de forma ampla nas duas últimas de comunidades humanas à capacidade do
décadas a ponto de se tornar referência meio ambiente em absorver os impactos
obrigatória em debates acadêmicos, polí- 1 While the priorities for das políticas urbanas, que
ticos e culturais, está longe de possuir local sustainability are combina modelos de
significado consensual. É antes um con- overcoming poverty and eficiência e eqüidade e remete
ceito em permanente construção e re- equity, enhancing security and a sustentabilidade à
construção, um campo de batalha sim- preventing environmental construção de pactos políticos
degradation, there is a need to capazes de reproduzir suas
bólico e uma poderosa ferramenta de pay more attention to social próprias condições de
marketing que uma referência consolidada capital and cultural vitality in legitimidade e assim dar
de padrões de relação entre conservação order to foster citizenship and sustentação a políticas urbanas
ambiental e crescimento econômico. civic engagement (Urban que possam adaptar a oferta
World Forum, 2002). de serviços urbanos às
O que há subjacente às diversas 2 Noção de sustentabilidade demandas qualitativas e
versões do que seria o desenvolvimento urbana centrada na quantitativas da população
sustentável é uma aproximação das di- reconstituição da legitimidade (Acserald, 1999).

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das atividades antrópicas nele exercidas. biente entre as cidades nas regiões estu-
Em nossa abordagem, um município é dadas, como podem se constituir em fer-
considerado mais ou menos sustentável à ramentas auxiliares no processo de pla-
medida que é capaz de manter ou melhorar nejamento de cidades e microrregiões, ao
a saúde de seu sistema ambiental, minorar indicar as áreas de melhor ou pior perfor-
a degradação e o impacto antrópico, redu- mance relativa, apontar tendências e cha-
zir a desigualdade social e prover os habi- mar a atenção para pontos fracos.
tantes de condições básicas de vida, bem
como de um ambiente construído saudá-
vel e seguro, e ainda de construir pactos 2_ O desafio de mensurar
políticos que permitam enfrentar desafios Data do final da década de 1980 o sur-
presentes e futuros. gimento de propostas de construção de
Ademais, para ser considerada sus- indicadores ambientais. Tais propostas
tentável, não é suficiente que confira possuem em comum o objetivo de for-
a seus habitantes condições ambientais necer subsídios à formulação de políticas
equilibradas, mas que o faça mantendo nacionais e acordos internacionais, bem
baixos níveis de externalidades negativas como à tomada de decisão por atores pú-
sobre outras regiões (próximas ou dis- blicos e privados. Também buscam des-
tantes) e sobre o futuro. Isso implica crever a interação entre a atividade antró-
atentar não apenas para a escala local da pica e o meio ambiente e conferir ao
sustentabilidade, mas também para a es- conceito de sustentabilidade maior con-
cala regional, constituída pelas relações cretude e funcionalidade.
com o entorno, e a escala global, consti- As tentativas de construção de in-
tuída pelos impactos sobre questões glo- dicadores ambientais e de sustentabilida-
bais como efeito estufa e por questões de seguem três vertentes principais. A
relativas aos impactos agregados sobre primeira delas, de vertente biocêntrica,
o planeta (McGranahan e Satterthwaite, consiste principalmente na busca por in-
2002; Miller e Small, 2003). dicadores biológicos, físico-químicos ou
Os indicadores de qualidade am- energéticos de equilíbrio ecológico de
biental aqui construídos podem ser utili- ecossistemas. A segunda, de vertente eco-
zados não apenas para a avaliação com- nômica, consiste em avaliações monetá-
parativa da qualidade de vida e do am- rias do capital natural e do uso de recur-

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sos naturais. Já a terceira vertente busca carência de informações sistemáticas e


construir indicadores de sustentabilidade a dificuldade de comparação de dados
e qualidade ambiental que combinem as- produzidos com base em diferentes fon-
pectos do ecossistema natural a aspectos tes/metodologias são um problema sem-
do sistema econômico e da qualidade de pre presente para aqueles que trabalham
vida humana; em alguns casos, também com indicadores ambientais.
são levados em consideração aspectos O surgimento dos indicadores da
dos sistemas político, cultural e institucio- terceira vertente só pode ser compreen-
nal. Os índices e indicadores aqui cons- dido como parte de um processo de refi-
truídos fazem parte do esforço de pes- namento dos indicadores e índices de de-
quisa em torno da terceira vertente. senvolvimento. A utilização sistemática
Os indicadores ambientais da ter- em escala mundial de indicadores para
ceira vertente são, via de regra, modelos medir o desempenho econômico data do
de interação atividade antrópica/meio am- final da década de 1950, com a generali-
biente que podem ser classificados em zação do uso do PIB como indicador do
três tipos principais: estado, pressão e progresso econômico de um país. Já na
resposta. Enquanto os indicadores de es- década de 1960 surgiram medidas que
tado buscam descrever a situação presen- ampliam a mera concepção econômica re-
te, física ou biológica, dos sistemas natu- tratada pelo PIB, com a utilização do PIB
rais, os indicadores de pressão tentam per capita como referencial em paralelo a
medir/avaliar as pressões exercidas pelas alguns indicadores sociais como mortali-
atividades antrópicas sobre os sistemas dade infantil e taxa de analfabetismo.
naturais, e os chamados indicadores de Nos anos 1990, com o patente re-
resposta buscam avaliar a qualidade das conhecimento do caráter restritivo do PIB,
políticas e acordos formulados para res- surge o Índice de Desenvolvimento Hu-
ponder aos impactos antrópicos e mini- mano – IDH –, como ferramenta para 3 O ESI é uma destacada
mizá-los (Herculano, 1998; ESI, 2002). mensurar o desenvolvimento econômico exceção, pois incorpora
Em geral, os indicadores exis- e humano, sintetizando quatro aspectos, indicadores que traduzem a
tentes incidem sobre o curto e o médio quais sejam: expectativa de vida; taxa de al- capacidade política/
institucional de resposta a
prazos,3 a escala preferencial é o plano fabetização; escolaridade, e PIB per capita.
mudanças na condição de
nacional e todos se defrontam com difi- Embora imperfeito, por tentar cap- sustentabilidade no
culdades relativas à obtenção de dados. A tar em um único número uma realidade médio/longo prazos.

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complexa sobre desenvolvimento huma- cado em razão da impossibilidade de con-


no e privações de necessidades básicas, o tar com um elenco restrito de variáveis,
IDH atua como isca para alargar o inte- uma vez que a dimensão ambiental do
resse do público para aspectos do desen- desenvolvimento é composta por uma
volvimento não estritamente econômicos. série de aspectos relativos à saúde e capa-
O objetivo era construir uma medida com cidade de suporte do ambiente, ao con-
o mesmo nível de vulgaridade do PIB – trole de fontes poluentes, à administra-
um único número – que, no entanto, não ção dos recursos naturais e à eqüidade
fosse cego aos aspectos sociais do desen- inter e intragerações.
volvimento, como é o PIB. Entretanto, Dada a complexidade e a diversi-
tanto o IDH quanto suas versões aperfei- dade de questões envolvidas, não é possí-
çoadas, os chamados índices de terceira vel compor um bom retrato do grau de
geração,4 por não inserirem questões am- sustentabilidade atingido por um país, re-
bientais, são inadequados como medida gião ou cidade, tomando por referência
de desenvolvimento sustentável. um pequeno número de variáveis. Men-
Índices sintéticos como o PIB e o surar a sustentabilidade requer a integra-
IDH possuem a clara vantagem de co- ção de um número considerável de infor-
municação ágil e grande impacto; isso mações advindas de uma pluralidade de
não ocorre sem a perda de dimensões re- disciplinas e áreas de conhecimento. Co-
levantes do fenômeno que se quer retra- municar tal riqueza de informações de
tar, sem o obscurecimento de diferenças forma coerente ao público não especia-
4 Dentre os chamados
e desigualdades internas às unidades de lista se torna um grande desafio, o qual se
índices de terceira geração, análise e tampouco sem escudar-se em converte em expectativa pela produção
podemos citar o ICV, juízos de valor e escolhas arbitrárias de de sistema de indicadores enxutos ou ín-
construído para os municípios difícil entendimento para o público em dices sintéticos, capazes de comunicar
mineiros pela Fundação
João Pinheiro; o IPRS,
geral. Entretanto, dada a força da mensa- realidades complexas de forma resumida.
construído para os municípios gem que comunicam, índices sintéticos, Dentre as tentativas recentes de
paulistas pela Fundação Seade; ainda que imperfeitos, falam alto e claro construção de índices sintéticos de sus-
o IDG (Índice de (Índice Paulista, 2002). tentabilidade e desenvolvimento susten-
Desenvolvimento Ajustado a
Gênero), o IPH (Indice de
No caso da busca por um índice tável, destaca-se o Environmental Sustaina-
Pobreza Humana), também sintético de desenvolvimento sustentá- bility Index – ESI –, desenvolvido pela
desenvolvidos pelo PNUD. vel, o processo se torna ainda mais intrin- Universidades de Yale e de Columbia

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com o apoio do World Economic Fo- Ao analisarmos diversas propostas


rum. Com o objetivo de analisar e avaliar de índices e indicadores de sustentabili-
a sustentabilidade ambiental ao longo do dade, observamos outros problemas co-
tempo e identificar os determinantes do muns aos indicadores até então construí-
“sucesso ambiental” e da sustentabilida- dos, tais como: ausência ou fragilidade da
de no longo prazo, o ESI constrói um concepção conceitual, fragilidade dos cri-
ranking de países valendo-se de um am- térios de escolha das variáveis representa-
plo, mas coerente e bem articulado, con- tivas, falta de critérios claros de integração
junto de indicadores relativos a desenvol- dos dados, baixa relevância dos dados uti-
vimento e meio ambiente, passíveis de lizados. Em razão da falta de precisão em
comparação entre um número significa- relação aos conceitos de sustentabilidade
tivo de países. Também evidencia que a e qualidade ambiental, o processo de es-
análise comparativa no âmbito ambiental colha dos dados e variáveis a ser utilizadas
na mensuração dos referidos fenômenos
pode identificar sucesso ou falhas de in-
é, por muitas vezes, obscuro, assim como
tervenções políticas e chama a atenção
o são as relações de causalidade que dão
para a carência de informações ambien-
suporte aos sistemas de indicadores cons-
tais de qualidade no âmbito mundial e
truídos. Grande parte dos assim denomi-
para a urgência de investimentos em sis-
nados sistemas de indicadores são muitas
temas de monitoramento ambiental e pro-
vezes meras listas de dados e variáveis.
dução de séries temporais de dados para Por se tratarem de iniciativas isoladas, em
parâmetros e variáveis chave. geral restritas a um contexto local, a com-
A dificuldade na obtenção de da- parabilidade dos indicadores e índices é
dos é problema recorrente, tanto no que geralmente baixa. A construção dos índi-
se refere à mera disponibilidade desses ces envolve ainda a complicação adicional
quanto à sua qualidade. A esse respeito, de tornar comparáveis dados de diferen-
Esty e Porter (2002) afirmam ser neces- tes fontes, produzidos com base em esca-
sária a construção de mecanismos que las distintas, com cobertura e distribuição
assegurem o controle de qualidade dos espacial e temporal diversas, levando à
dados e proporcionem algum grau de pa- busca de formas alternativas e aproxima-
dronização, eliminando o risco de produ- das para imputar dados faltantes e cons-
ção extensiva de dados com baixa capa- truir proxys adequadas e representativas de
cidade de informação. informações inexistentes.

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Os índices de sustentabilidade mu- i. qualidade do sistema ambiental local;


nicipal aqui construídos fazem parte des- ii. qualidade de vida humana;
se esforço acadêmico recente de constru- iii. pressão antrópica;
ção de índices ambientais. Inspira-se, em iv. capacidade política e institucional.
especial, em duas fontes:
Combinados, os quatro índices bus-
i. o estudo sobre o ambiente, a po- cam mensurar a sustentabilidade munici-
pulação, a economia, a socieda- pal, conforme definida na página 13. O
de e a vida política realizados em índice de qualidade do sistema ambiental
pesquisa anterior desenvolvida mensura o grau de saúde do sistema am-
pelo CEDEPLAR/UFMG e o biental do município. O índice de qualida-
ICB/UFMG, que deu origem ao de de vida humana mensura a capacidade
livro Biodiversidade, população e eco- do município em reduzir a desigualdade
nomia (Paula, 1997); social, prover os habitantes de condições
ii. o Environmental Sustainability básicas de vida e de um ambiente construí-
Index (ESI, 2002). do saudável e seguro. Já o índice de pres-
Os índices aqui apresentados pode- são antrópica mensura o potencial de de-
rão ser utilizados não só para avaliar a qua- gradação e o grau de impacto antrópico
lidade de vida e do ambiente e auxiliar no no município. Finalmente, o índice de ca-
processo de planejamento local em relação pacidade político-institucional mensura a
à integração entre meio ambiente e cresci- robustez nesse quesito para o enfrenta-
mento/desenvolvimento econômico, co- mento de desafios presentes e futuros.
mo também representam uma contribui- Dentre eles, o índice de pressão antrópica
5 O índice de qualidade ção metodológica para o aperfeiçoamento mede o inverso da sustentabilidade. Cabe
ambiental poderia ser dos sistemas de informação ambientais. ressaltar que, de maneira similar a outros
construído com base em
indicadores de desenvolvimento sustentá-
indicadores de qualidade do
ar, o que não se deu por causa vel e de desenvolvimento social, esse não
3_ Índices de sustentabilidade
da impossibilidade de consiste em proposta acabada, e sim em
obtenção de dados confiáveis municipal: concepção trabalho em permanente construção.
para a região estudada. Cabe metodológica O índice de qualidade do sistema
ressaltar que a proxy escolhida
(o Índice de Qualidade da
O sistema de índices de sustentabilidade ambiental5 mensura o grau de saúde do
Água) incorpora indicadores municipal aqui apresentado é composto sistema ambiental através da qualidade
de biodiversidade aquática. por quatro índices temáticos, a saber: de água do rio, visto como testemunha

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das condições ambientais de sua bacia e pacial. São três os indicadores que entram
como depositário da degradação promo- em sua composição: pressão urbana, pres-
vida pelas atividades humanas. O Índice são industrial e pressão agropecuária. Um
de Qualidade das Águas (Barbosa, 1997) indicador de pressão por atividades de
será tomado como proxy da qualidade do mineração e extrativismo, de importân-
sistema ambiental local/regional. Cons- cia central na região estudada, não foi
truído para a área piloto para os anos construído dada a não-obtenção de da-
1990 no contexto da pesquisa Biodiversi- dos confiáveis.
dade, População e Economia e para os anos O índice de qualidade de vida hu-
2000 no contexto da pesquisa PIE/PELD, mana mensura aspectos relacionados a
combina aspectos da biodiversidade aquá- desenvolvimento humano e a qualidade
tica e das características físico-químicas do ambiente construído. As variáveis de
das águas com base nas medidas sistemá- desenvolvimento humano são as mes-
ticas em pontos selecionados ao longo mas usadas no cálculo do IDH munici-
do rio Piracicaba e de seus principais pal, separadas em um indicador de quali-
afluentes. As variáveis físico-químicas que dade de vida e outro de renda. Por sua
compõem o índice fornecem uma visão vez, as variáveis de qualidade da habita-
estática, um retrato momentâneo da dre- ção, serviços sanitários e segurança am-
nagem de sua bacia, ao passo que as variá- biental refletem a qualidade do ambiente
veis biológicas permitem identificar pro- construído no que se refere ao provi-
cessos mais permanentes, na medida em mento de condições adequadas a uma
que a sobrevivência e/ou o desenvolvi- vida humana saudável; já as variáveis de
mento de certos microorganismos vivos saúde ambiental exprimem a incidência
refletem as condições ambientais em seu de doenças causadas por fatores ambien-
leito por períodos mais dilatados (Paula, tais (ar e água).
1997, p. 262-263). Por fim, o índice de capacidade
O índice de pressão antrópica ava- político institucional mensura a capaci-
lia o potencial de impacto e degradação, dade dos sistemas político, institucio-
por meio do grau de estresse exercido nal, social e cultural locais de superar as
pela intervenção antrópica – urbanização principais barreiras e oferecer respos-
e principais atividades econômicas – so- tas aos desafios presentes e futuros de
bre o sistema ambiental local, com espe- sustentabilidade.
cial atenção para seu potencial poluidor, Portanto, tomados em conjunto, os
ritmo de crescimento e concentração es- quatro índices estabelecem indicadores de

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estado, pressão e resposta, que refletem Embora o objetivo principal seja o


condições presentes tanto na escala local de criar indicadores adequados à realidade
quanto na escala regional. Indicadores ca- da região estudada, um critério adicional
pazes de refletir o papel dos municípios utilizado na escolha das variáveis e dos in-
avaliados na sustentabilidade em escala dicadores foi a possibilidade de cálculo
global, tais como produção de gazes de dos mesmos para outras localidades.
efeito estufa e avaliações de pegada ecoló- Sempre que possível, utilizamos
gica, não foram incluídos pela impossibili- indicadores consolidados ou já existen-
dade de obtenção de dados. tes, como o caso do IDH Renda como
Os indicadores e variáveis utiliza- indicador de renda, de uma combinação
dos foram selecionados baseando-se em do IDH Longevidade e do IDH Educa-
revisão bibliográfica,6 das matrizes do pro- ção com indicador de condições de vida,
jeto Biodiversidade, População e Econo-
e do Índice de Qualidade da Água de au-
mia (Paula, 1997) e de revisão crítica por
toria de Barbosa (1997) como indicador
especialistas, tendo como balizador a con-
de qualidade da água. Utilizamos também
cepção de sustentabilidade local adotada
a metodologia desenvolvida por Sawyer
na pesquisa. Os critérios considerados na
escolha foram: (2000) para calcular dois dos quatro indi-
cadores de pressão agropecuária. A maior
_ relevância, capacidade da variável
parte das variáveis selecionadas foi cons-
em traduzir o fenômeno. Sem-
truída com base em dados disponíveis
pre que possível, utilizamos va-
em fontes secundárias, mas algumas de-
riáveis que medem diretamente
las demandaram pesquisa de campo para
o fenômeno, quanto não houve
essa possibilidade, optou-se pela levantamento de dados primários.
utilização de proxy; O Quadro 1 descreve a composi-
6 Dentre os trabalhos
consultados, o de maior _ aderência local, capacidade da va- ção dos indicadores utilizados nos índi-
significância foi ESI (2002). riável (ou indicador) em captar ces de qualidade de vida humana, pres-
Também foram relevantes: fenômeno produzido ou passível são antrópica e capacidade político-
Herculano (1998); Isla (1998); institucional. O índice de qualidade do
Taylor (1998); Ramieri e Cogo
de transformação no plano local;
(1998); Sawyer (2000); _ disponibilidade, cobertura e atua- sistema ambiental foi obtido através de
Corrêa (2000); Belo Horizonte lidade dos dados; uma média dos Índices de Qualidade
(2002); Fundação João _ capacidade da variável em permi- da Água nos períodos seca e chuva
Pinheiro (1996). (Barbosa, 1997).
tir comparações temporais.

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20 Índices de sustentabilidade municipal

Quadro 1_ Índices temáticos e indicadores


Índices temáticos Indicadores Composição dos indicadores
Qualidade da habitação Percentual de habitações subnormais
Índice de longevidade – IDH
Condições de vida
Índice de educação – IDH
Renda Índice de renda – IDH
Índice de mortos em acidentes de trânsito
Qualidade de vida humana Índice de mortos por doenças respiratórias
Saúde e segurança ambiental
Índice de mortos por doenças parasitárias
Índice de mortos homicídios
Índice de abastecimento de água
Serviços sanitários Índice de instalação sanitária
Índice de serviço de coleta de lixo
Taxa de pressão populacional
Densidade habitacional por cômodo
Pressão urbana
Número de veículos per capita
Consumo energético urbano
Pressão industrial Intensidade energética industrial
Pressão antrópica Densidade de lavouras e pastagens no município
Taxa de crescimento média de lavouras e pastagens nos 10 últimos
Pressão agropecuária Intensidade energética rural
Proporção da área ocupada por matas e florestas plantadas e área ocupada
por matas e florestas naturais nos estabelecimentos
Cobertura vegetal Cobertura vegetal
Autonomia fiscal
Autonomia político-administrativa Endividamento público
Peso eleitoral
Funcionários com nível superior
Informatização
Gestão pública municipal
Conselhos de política urbana e descentralização
Capacidade institucional Instrumentos de gestão urbana
Conselho de meio ambiente
Gestão ambiental
Número de unidades de conservação municipal
ONGs ambientalistas
Participação político-eleitoral
Informação e participação
Imprensa escrita
Imprensa falada
Fonte: Elaboração própria.

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No que se refere à metodologia de observados nos percentis mais extre-


cálculo, foram realizados quatro testes mos. Desta forma:
utilizando diferentes métodos de padro- x -xm
nização e realizando experimentos de atri- z=
s
buição de pesos às variáveis, valendo-se
do uso de técnicas de análise multivaria- Para algumas variáveis que apre-
da. A metodologia estatística aqui descri- sentavam relação inversa ao que busca-
ta é a final, a qual chegamos depois de mos – quanto maior seu valor, melhor o
avaliar prós e contras dos quatro testes indicador –, a padronização foi feita com
metodológicos. base na fórmula inversa.
A adequação das variáveis foi testa- A atribuição de pesos para as va-
da baseando-se na análise das correlações riáveis através do método de análise mul-
entre elas. Aquelas que se mostraram re- tivariada foi descartada. Uma primeira
dundantes ou pouco sensíveis foram reti- razão para tal procedimento é a ausência
radas do índice nessa etapa. Optamos por de consenso científico sobre o peso es-
manter ambas as variáveis de alguns dos pecífico das contribuições relativas de
pares que apresentaram altas correlações, cada variável para o fenômeno sustenta-
em razão de a permanência delas ser útil bilidade, aconselhando cautela no uso da
para estudos de causalidade realizados no atribuição de pesos.8 Uma segunda razão,
âmbito da pesquisa.7 que confirmou empiricamente a cautela
O passo seguinte foi identificar os expressa na primeira razão, foi observar-
valores extremos (outliers) e substituí-los mos nos testes que algumas variáveis ga-
7 São eles: informação/
pelos valores correspondentes aos limi- nharam peso de sentido inverso ao espe-
participação e gestão
ambiental; educação e tes superiores e inferiores dos percentis rado – como o peso positivo atribuído às
saneamento; educação e 2,5 e 97,5%, respectivamente. variáveis mortalidade por doenças parasi-
veículos per capita; pressão Após corrigidos os valores extre- tárias e habitações subnormais – os quais
residencial e veículos per capita. mos, padronizamos as variáveis pelo mé- refletem a detecção empírica de padrões
8 O mesmo critério foi
todo z-score, de modo a permitir sua não sustentáveis na região, e não uma fa-
utilizado no Environmental
Sustainability Index – ESI agregação ao converter todas as variá- lha na concepção teórica dos indicadores.
(2002) para descartar veis a uma escala numérica única e ame- A análise multivariada de compo-
a adoção de pesos. nizar distorções causadas pelos valores nentes principais foi utilizada para testar

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22 Índices de sustentabilidade municipal

a adequação da reunião das variáveis em e mínimos, de forma a tornar os resulta-


indicadores específicos e para identificar dos mais compreensíveis para o público
a existência de indicadores redundantes. em geral. Os índices temáticos foram en-
Na análise da adequação das variáveis a tão obtidos com base na média simples
cada indicador, o valor acumulado para dos seus respectivos indicadores.9
o primeiro e segundo componentes foi
significativo em todos os casos, mostran-
4_ Aplicação para os municípios
do a adequação da escolha conceitual das
da bacia do Piracicaba (MG)
variáveis pertinentes a cada indicador.
Na avaliação de redundância dos indica- A bacia do rio Piracicaba apresenta nu-
dores, não foram obtidos componentes merosas possibilidades para a análise e o
principais sensíveis, revelando ausência estudo de questões relacionadas à sus-
de redundância. tentabilidade, dada a riqueza de suas ca-
O indicador de qualidade da água, racterísticas. Nela localiza-se uma impor-
coletado pontualmente, foi espacializado tante área preservada do bioma de mata
atribuindo-se aos municípios pontos de atlântica, o Parque Estadual do Rio Do-
coleta representativos, uma vez que os ce. Submetida a um intenso e rápido pro-
pontos de coleta foram escolhidos por cesso de urbanização, possui importante
sua capacidade de sintetizar a qualidade centros urbanos e uma região metropoli-
ambiental de sua bacia de drenagem – is- tana, o Vale do Aço.
to é, foi escolhido por ser o ponto de lei- Dentre as atividades econômicas
tura do funil representado pela bacia hi- desenvolvidas na bacia, destacam-se:
drográfica (Paula, 1997). Isso significa
que a cada município foram atribuídos os i. siderurgia – com o maior parque
valores do ponto representativo da mi- siderúrgico do País composto pe-
crobacia no qual é possível ler o efeito la Usiminas, Acesita e Cia. Belgo
das principais atividades impactantes e Mineira;
dos principais depuradores naturais. ii. mineração de grande e pequena
9 Analogamente ao critério
Após os testes, uma segunda pa- escala – Vale do Rio Doce em
de adoção da média não
dronização foi realizada, convertendo os Itabira, garimpo de ouro em San- ponderada utilizado
indicadores em valores compreendidos ta Bárbara; Environmental Sustainability
entre zero e um, pelo método de máximos iii. indústria de celulose – Cenibra; Index – ESI (2002).

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iv. reflorestamento empresarial prin- gos do Prata, São Gonçalo do Rio Abaixo
cipalmente com a monocultura e Timóteo.
de eucaliptos; Foram construídos dois blocos de
v. forte presença da pecuária diver- índices, com datas-referência de 1991 e
sificada em pequenas e grandes 2000.10 Os índices de qualidade de vida hu-
propriedades e de complexos mana, pressão antrópica e qualidade do sis-
agroindustriais. tema ambiental foram construídos para os
dois períodos (utilizando os mesmos indi-
Assim, a bacia do rio Piracicaba (MG) é
cadores e variáveis). O índice de capacida-
um verdadeiro mosaico de problemas
de político institucional foi construído ape-
ambientais, uma vez que concentra, numa
nas para o período referência de 2000.
área relativamente pequena, um conjun- Os índices de qualidade de vida
to significativo de atividades econômi- humana, pressão ambiental e capacidade
cas altamente impactantes. Esse cenário político-institucional foram construídos
é ainda agravado pelo processo de urba- para a totalidade dos municípios estuda-
nização intensiva. dos.11 O índice de qualidade do sistema
O Parque Estadual do Rio Doce, ambiental foi construído para nove muni-
além de ser uma das maiores reservas de cípios no período referência 1991 e qua-
mata atlântica do Brasil, abriga a maior flo- tro municípios para o período referência
10 Denominamos período
resta tropical de Minas em seus 35.976ha e 2000, em função de serem aqueles onde
referência, pois alguns
dados foram coletados apresenta alta diversidade biológica e pre- se localizaram os pontos de amostragem
alguns anos antes ou após sença de espécies endêmicas (Paula, 1997). da água e biodiversidade aquática.
o ano de referência. A região de estudo é formada por Os resultados obtidos no cálculo
11 O município de Barão de
26 municípios, quais sejam: Antônio Dias, dos índices são apresentados nas Tabelas
Cocais não teve o índice de Barão de Cocais, Bela Vista de Minas, Be- 1 e 2, agrupando os municípios através
impacto antrópico calculado
para o ano de 1991, por lo Oriente, Bom Jesus do Amparo, Bom de análise de cluster.
problemas de qualidade dos Jesus do Galho, Caratinga, Coronel Fabri- O grupo 1 é o único com perfil
dados. Observe-se também ciano, Córrego Novo, Dionísio, Entre bem definido, cuja composição perma-
que alguns municípios não Folhas, Iapu, Ipaba, Ipatinga, Itabira, Ja- neceu praticamente inalterada nos dois
foram considerados na
construção do índice de 1991,
guaraçu, João Monlevade, Marliéria, Mes- períodos analisados. Os demais grupos
por terem sido criados após quita, Nova Era, Rio Piracicaba, Santa sofreram mudanças significativas de per-
essa data. Bárbara, Santana do Paraíso, São Domin- fil e composição.

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24 Índices de sustentabilidade municipal

Mapa 1_ Região de estudo

Fonte: Elaboração própria.

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Tabela 1_ Índices de Sustentabilidade Municipal – 1991

Qualidade Pressão Qualidade


Municípios Cluster
de vida humana antrópica ambiental
Coronel Fabriciano 0,69 0,39 0,88 1
Ipatinga 0,73 0,68 0,00 1
Itabira 0,64 0,48 0,66 1
João Monlevade 0,83 0,76 0,64 1
Timóteo 0,81 0,58 0,88 1
Antônio Dias 0,42 0,23 – 2
Barão de Cocais 0,66 – 0,09 2
Bela Vista de Minas 0,51 0,31 – 2
Belo Oriente 0,53 0,40 1,00 2
Dionísio 0,57 0,27 – 2
Jaguaraçu 0,54 0,29 – 2
Mesquita 0,39 0,18 – 2
Rio Piracicaba 0,62 0,23 – 2
Santa Bárbara 0,67 0,41 0,93 2
São Gonçalo do Rio Abaixo 0,50 0,35 – 2
Bom Jesus do Amparo 0,33 0,39 – 3
Bom Jesus do Galho 0,35 0,35 – 3
Caratinga 0,41 0,22 – 3
Córrego Novo 0,49 0,39 – 3
Iapu 0,44 0,23 – 3
Marliéria 0,39 0,31 – 3
Nova Era 0,49 0,62 0,66 3
São Domingos do Prata 0,53 0,23 – 3
Fonte: Elaboração própria.

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26 Índices de sustentabilidade municipal

Tabela 2_ Índices de Sustentabilidade Municipal – 2000

Qualidade Pressão Qualidade Capacidade


Município Cluster
de vida humana antrópica ambiental político-institucional
Barão de Cocais 0,67 0,65 0,00 0,52 1
Ipatinga 0,64 0,66 0,22 0,87 1
Itabira 0,66 0,72 0,36 0,80 1
João Monlevade 0,85 0,65 – 0,72 1
Timóteo 0,68 0,67 – 0,80 1
Bela Vista de Minas 0,66 0,31 – 0,34 2
Caratinga 0,51 0,42 – 0,62 2
Coronel Fabriciano 0,67 0,35 – 0,53 2
Entre Folhas 0,53 0,44 – 0,43 2
Nova Era 0,76 0,53 – 0,47 2
Rio Piracicaba 0,66 0,46 – 0,37 2
Santa Bárbara 0,69 0,41 1,00 0,75 2
São Domingos do Prata 0,62 0,37 – 0,40 2
Bom Jesus do Amparo 0,44 0,45 – 0,38 3
Bom Jesus do Galho 0,36 0,33 – 0,32 3
Córrego Novo 0,45 0,24 – 0,26 3
Dionísio 0,44 0,42 – 0,34 3
Iapu 0,54 0,45 – 0,30 3
Ipaba 0,46 0,32 – 0,14 3
Jaguaraçu 0,48 0,44 – 0,27 3
Marliéria 0,60 0,51 – 0,31 3
Mesquita 0,37 0,32 – 0,16 3
Santana do Paraíso 0,50 0,64 – 0,19 3
São Gonçalo do Rio Abaixo 0,43 0,35 – 0,21 3
Antônio Dias 0,22 0,52 – 0,39 4
Belo Oriente 0,20 0,49 0,50 0,55 4
Fonte: Elaboração própria.

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Caracterizado por alta qualidade pacidade político-institucional. Ou seja, a


de vida humana, alta pressão antrópica e qualidade de vida é o índice dominante
boa capacidade político-institucional (pa- na determinação dos grupos, mas a en-
ra o período de 2000), o grupo 1 é com- trada do índice de capacidade político-
posto pelos municípios industriais do se- institucional altera significativamente a
tor minero-siderúrgico, que são também, composição dos grupos de 1991 para
com a exceção de Barão de Cocais, os 2000. O grupo 4, que aparece apenas pa-
mais populosos da região. A alteração ra o período de 2000, caracteriza-se por
ocorrida nesse grupo de 1991 para 2000 baixa qualidade de vida humana.
foi a entrada de Barão de Cocais, e a saída Portanto, a análise de cluster nos
de Coronel Fabriciano. A referida mu- permite detectar com clareza e precisão
dança tornou o grupo mais homogêneo, apenas um padrão de desenvolvimento na
uma vez que Coronel Fabriciano possui região, aquele dos municípios que com-
índice de pressão ambiental significativa- põem o grupo 1. Tal padrão apresenta ga-
mente inferior aos demais componentes nhos econômicos e sociais obtidos à custa
do grupo e não é sede de indústria do re- de forte pressão sobre o ambiente lo-
ferido setor.12 cal/regional, denotando visível insusten-
Alterações relevantes ocorreram tabilidade, a despeito de organização polí-
nos demais grupos em relação ao perfil tico-institucional considerável.
do grupo. Em 1991, o grupo 2 se caracte- Para melhor caracterizar os pa-
riza por boa qualidade de vida e baixa drões de desenvolvimento na região, ex-
pressão ambiental, enquanto em 2000 o ploramos as relações entre as diversas
grupo de mesma numeração se caracteri- dimensões da sustentabilidade com ba-
12 Cabe ressaltar que Coronel za por boa qualidade de vida, pressão se na construção de barômetro de sus-
Fabriciano, integrante do ambiental moderada e boa capacidade tentabilidade (Prescott-Allen, 1995). O
núcleo do aglomerado urbano
do Vale do Aço, embora não
político-institucional. Já o grupo 3 se ca- barômetro consiste na plotagem de ín-
seja sede de indústria do setor racteriza em 1991 por qualidade de vida dices em dois eixos – o primeiro repre-
siderúrgico, possui integração baixa ou razoável e pressão ambiental senta o sistema humano, e o segundo,
funcional muito forte com moderada ou média, enquanto em 2000 o sistema natural. No barômetro aqui
Ipatinga e Timóteo, o que
justifica sua inclusão em 1991
o grupo de mesma numeração se carac- construído, o índice de qualidade de vi-
no mesmo grupo que o de teriza por qualidade de vida razoável, da humana compõe o eixo do sistema
seus vizinhos. pressão ambiental moderada e baixa ca- humano, e o índice de pressão ambiental

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28 Índices de sustentabilidade municipal

compõe o eixo do sistema natural (indi- sistema ambiental, por causa de o se-
cando o estresse ou pressão ao qual o gundo ter sido construído apenas para
sistema natural encontra-se submetido). nove e cinco municípios (em 1991 e
Optamos em utilizar o índice de pres- 2000, respectivamente), o que limita a
são em lugar do índice de qualidade do riqueza das análises.

Quadro 2_ Barômetro de Sustentabilidade, qualidade vida humana/pressão antrópica – 1991

Qualidade de vida humana


Baixa (0 – 0,42) Razoável (0,43 – 0,52) Boa (0,53 – 0,64) Alta (> 0,65)

Baixa (0 – 0,22) Caratinga, Mesquita


Pressão Antrópica

Dionísio, Jaguaraçu,
Moderada (0,23 – 0,34) Antônio Dias, Marliéria Bela Vista de Minas, Iapu Rio Piracicaba,
São Domingos do Prata
Bom Jesus do Amparo, Córrego Novo, São
Média (0,35 – 0,39) Coronel Fabriciano
Bom Jesus do Galho Gonçalo do Rio Abaixo
Ipatinga, João Monlevade,
Alta (> 0,40) Nova Era Belo Oriente, Itabira
Timóteo, Santa Bárbara
Fonte: Elaboração própria.

Quadro 3_ Barômetro de Sustentabilidade, qualidade vida humana/pressão antrópica – 2000

Qualidade de vida humana


Baixa (0 – 0,43) Razoável (0,44 – 0,52) Boa (0,53 – 0,65) Alta (> 0,66)
Bom Jesus do Galho,
Pressão Antrópica

Baixa (0 – 0,34) Córrego Novo, Ipaba Bela Vista de Minas


Mesquita
São Gonçalo do Rio Coronel Fabriciano,
Moderada (0,35 – 0,44) Dionísio, Caratinga São Domingos do Prata
Abaixo Santa Bárbara
Bom Jesus do Amparo, Entre Folhas, Iapu,
Média (0,44 – 0,52) Antônio Dias, Belo Oriente Rio Piracicaba
Jaguaraçu Marliéria
Barão de Cocais, Itabira,
Alta (> 0,53) Santana do Paraíso Ipatinga João Monlevade,
Nova Era, Timóteo
Fonte: Elaboração própria.

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Salta aos olhos a insustentabilidade de Santa Bárbara, os avanços podem ser


do padrão de desenvolvimento da região; explicados por forte mobilização da so-
59% dos municípios em 1991, e 46% em ciedade civil em prol de questões socio-
2000, foram classificados como insusten- ambientais. No que diz respeito a Coronel
táveis. Como potencialmente insustentá- Fabriciano, os avanços observados po-
veis, foram classificados 23% dos muni- dem ser explicados pela diversificação do
cípios em 1991, e 38% em 2000. A soma setor terciário local e conseqüente estabe-
dos municípios classificados como susten- lecimento de relações funcionais de mão
táveis e potencialmente sustentáveis não dupla com os municípios industriais vizi-
ultrapassa 18% dos municípios em 1991, e nhos, através das quais Fabriciano deixa
16% em 2000. de ser município “dormitório” do Vale do
Dentre os municípios que apre- Aço para adquirir papel mais positivo na
sentaram melhoras de 1991 para 2000, dinâmica econômica local.
destacam-se Santa Bárbara, que passou Dentre os municípios que apresen-
de insustentável para potencialmente sus- taram pioras de 1991 para 2000, desta-
tentável; Coronel Fabriciano, que passou cam-se Rio Piracicaba e Jaguaraçu. O pri-
13 Aproximando-se dos 25 mil
de potencialmente insustentável para po- meiro deles, município de pequeno porte
habitantes (7ª maior
população da região), Santa tencialmente sustentável; e Bela Vista de (com aproximadamente 15 mil habitan-
Bárbara ocupa a 4ª posição em Minas, que passou de potencialmente in- tes) e expressão econômica mais que pro-
relação ao PIB municipal e a sustentável para sustentável. Bela Vista é porcional,14 obteve pequena melhora na
6ª posição em relação à renda
um município pequeno, com baixa expres- qualidade de vida humana a custa de gran-
per capta na região. Com
população se aproximando são econômica; Santa Bárbara é um muni- de incremento na pressão antrópica. O se-
dos 100 mil habitantes cípio pequeno com expressão econômica gundo, município rural com população
(3ª maior da região), mais que proporcional ao seu porte; Coro- que mal se aproxima dos três mil habitan-
Coronel Fabriciano ocupa
nel Fabriciano é o terceiro maior em popu- tes, amargou pequena queda na qualidade
a 8ª posição em relação ao
PIB municipal e a 4ª em lação da região, com expressão econômica de vida humana associada ao expressivo
relação à renda per capta. menos que proporcional a seu porte.13 aumento na pressão antrópica.
14 Com aproximadamente Isso indica que o potencial de me- Cabe realizar uma comparação en-
15 mil habitantes, Rio lhora em relação à sustentabilidade na re- tre os resultados percebidos via índices de
Piracicaba ocupa a 6ª
colocação regional em relação
gião não se encontra associada a um perfil pressão antrópica e qualidade do sistema
ao PIB municipal e a 7ª em municipal específico. Pesquisas de campo ambiental, os quais representam, respecti-
relação à renda per capta. realizadas na região sugerem que, no caso vamente, uma leitura indireta e uma leitu-

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30 Índices de sustentabilidade municipal

ra direta da qualidade do ambiente. O pri- re melhora relativa de posição, quando se


meiro índice é uma proxy do impacto, lida compara o resultado do índice de pressão
com base na intensidade da pressão exer- antrópica com o resultado do índice de
cida por atividades humanas em determi- qualidade do sistema ambiental, indicando
nado ambiente. O segundo é uma leitura que, ao medir a qualidade do sistema ambi-
direta da qualidade ambiental efetiva na ental no rio, o impacto ambiental é menor
água do rio, considerando não apenas a lei- que o esperado em função do índice de
tura estática (através de indicadores físi- pressão antrópica. Já os municípios de Co-
co-químicos), mas também uma leitura ronel Fabriciano, Ipatinga e Itabira acusam
dinâmica (por meio dos indicadores bio- piora relativa de posição em 1991, indican-
lógicos). Observe-se que, quanto maior o do que, ao medir a qualidade do sistema
índice de pressão antrópica, pior a quali- ambiental no rio, o impacto ambiental é
dade do ambiente em questão. maior que o esperado em função do índice
Podemos observar que em 1991, da pressão antrópica. Para 2000, Barão de
para os municípios de Santa Bárbara, Belo Cocais registra piora relativa de posição, ao
Oriente, João Monlevade e Timóteo, ocor- contrário de Itabira.

Tabela 3_ Comparação índices de pressão antrópica e qualidade do sistema ambiental

Pressão Qualidade Pressão Qualidade


Municípios antrópica 1991 ambiental 1991 antrópica 2001 ambiental 2000
índice ordem índice ordem índice ordem índice ordem
Coronel Fabriciano 0,39 1 0,88 3 0,35 –
Ipatinga 0,68 7 0,00 8 0,66 4 0,22 4
Itabira 0,48 4 0,66 5 0,72 5 0,36 3
João Monlevade 0,76 8 0,64 7 0,65 –
Timóteo 0,58 5 0,88 4 0,67 –
Barão de Cocais – – 0,09 0,65 3 0,00 5
Belo Oriente 0,40 2 1,00 1 0,49 2 0,50 2
Santa Bárbara 0,41 3 0,93 2 0,41 1 1,00 1
Nova Era 0,62 6 0,66 6 0,53 –
Fonte: Elaboração própria.

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5_ Considerações finais sas em desenvolvimento no Cedeplar, com


A construção dos índices de sustentabili- a aplicação de um sistema semelhante de
dade municipal para a bacia do rio Piraci- índices para o contexto específico de re-
caba nos permite afirmar que nenhum giões metropolitanas, e um piloto desen-
dos municípios estudados apresenta pa- volvido em conjunto pela equipe do Ce-
drão de desenvolvimento verdadeiramen- deplar e pesquisadores da Universidade de
te sustentável, uma vez que todos eles de- Columbia (EUA) para a aplicação desse
monstram desempenho inferior à média sistema à região metropolitana de Nova
para alguns indicadores. Além disso, a Iorque, indicam ser possível sua aplicação a
existência de um trade-off entre desenvolvi- realidades distintas com pequenas modifi-
mento e qualidade ambiental é evidente. cações nas variáveis utilizadas.
Por outro lado, a análise, com base no ba- Com o objetivo de subsidiar fu-
rômetro de sustentabilidade demonstra turas discussões metodológicas sobre a
que alguns municípios estão obtendo su- construção de índices de sustentabilida-
cesso em promover uma relação mais de no nível local ou regional, apresenta-
equilibrada entre o desenvolvimento eco- mos agora uma avaliação dos indicadores
nômico e a qualidade ambiental, o que su- aqui utilizados, tomando por base os três
gere ser possível enfrentar e superar o re- primeiros critérios descritos na página 19
ferido trade-off e construir um padrão de e inspirada na metodologia de avaliação
desenvolvimento mais sustentável. utilizada em ESI (2002).
O sistema de Índices de Sustenta- A relevância e a aderência local
bilidade Municipal mostrou-se uma fer- dos indicadores foram avaliadas em or-
ramenta útil na avaliação ambiental dos dem crescente. Foram consideradas va-
padrões de desenvolvimento e na compa- riáveis de relevância e aderência local alta
ração entre municípios. Indicou ser tam- aquelas que refletem perfeitamente o fe-
bém factível a construção de um sistema nômeno avaliado naquela determinada
coerente e coeso partindo de dados pro- localização (município). As variáveis que
duzidos em diferentes escalas, coletados apresentam relevância e aderência local
em diferentes períodos e diversos em co- média são aquelas que não refletem o fe-
bertura e atualização. nômeno e a área analisada perfeitamente,
No que se refere às possibilidades e que talvez possam ser substituídas por
de generalização de sua aplicação, pesqui- outras variáveis ou ser mantidas pela im-

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32 Índices de sustentabilidade municipal

possibilidade de substituí-las por outras ção e periodicidade contínua e ampla. Os


mais eficientes. As variáveis de baixa re- considerados suficientes são aqueles que
levância e aderência local devem ter sua embora não disponíveis com periodicidade
inclusão no indicador discutida e substi- constante, podem ser produzidos com ba-
tuída por variáveis com maior poder de se em outros dados de periodicidade mais
explicação. Quanto aos dados, eles foram adequada. Os dados considerados pobres
avaliados segundo sua disponibilidade, são aqueles cuja obtenção é de extrema di-
cobertura e atualidade. Os dados consi- ficuldade, sendo necessária muitas vezes a
derados ricos são aqueles de fácil obten- realização de pesquisas de campo.

Quadro 4_ Avaliação dos Indicadores

Indicador Relevância Aderência local Dados

Qualidade da água alta média pobre


Qualidade da habitação alta alta rico
Condições de vida alta alta rico
Renda alta alta rico
Saúde e segurança ambiental média média suficiente
Serviços sanitários alta alta rico
Pressão urbana alta média suficiente
Pressão industrial alta média suficiente
Pressão agropecuária alta alta suficiente
Cobertura vegetal alta média suficiente
Autonomia político-administrativa média alta rico
Gestão pública municipal média alta pobre
Gestão ambiental alta alta pobre
Informação e participação média média pobre
Fonte: Elaboração própria.

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