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No lobitinto fentéstico No labirinto do fantastico Selma Colasans Rodrigues’ Realismo ys. fantéstico/maravilhoso As mais antigas narratives da humanidade séo fantésticas (lato sensu): baste pensar nos mitos, nas epopéias, nos contos populares. Tardaram muitos séculos pora que a literatura produzisse um “realismo sério” mais préximo de um retrato do quotidiano das pessoas comuns - nem nobres, nem privilegiadas. E, para af chegar foi preciso ume revolugao: passar da sociedade estamental oristocrética para a sociedade nacional de classes, onde o burgués, o homem comum, passa a ser assunto literério. Isto se deu no século xx. Mas foi ainda nesse mesmo século que se comegou a desconfiar da possibilidade da representagdo da realidade, como totalidade. Baudelaire, essa grande voz do limiar da nossa Modernidade, ofirmou odiar Daguerre, (0 inventor do daguerreétipo, precursor da fotografia) ao ponderar que “Acho inttil e entediante representar o que existe, uma vez que nada do que existe “me satisfaz”). E preciso, entretanto, lembrar que o fantastico mencionado predominante nas primeiras narrativas, numa perspectiva teérica, e, portanto, numa definigéo mais rigorosa, deve ser chamado 0 “maravilhoso”. Para sermos breves, nada como recorrer & sintética ligéo de Sigmund Freud, 0 pai da Psicondlise, que se debrucou sobre o problema do fantastico... No seu excelente estudo de 1919, 0 Unheimlich {na tradugéo brasileira: “O estranho”, em francés “L’inquiétante étrangeté), em que analisa o conto "O homem da areia” de E. T. A. Hoffman, mostra Sigmund Freud que o escritor imaginative (sic) dispde da liberdade de escolher o seu mundo de representacéo?, “de modo que este posse ‘ou coincidir com as realidades que nos sdo familiares (Heimlich) ov afostar-se * Professora da Universidade Luséfona de Humanidades e Tecnologias. | | emetic %6 Selma Colasons Rodrigues delas quanto quiser (Un-Heimlich). Nés, aceitamos as suas regras, em todos os casos"3, Ha porém graus de afastamento: Nos contos de fada, por exemplo, o mundo da realidade é deixado de lado desde © principio, € 0 sistema animista de crengas francamente adotado. A realizago de desejos, os poderes secretos, a onipoténcia de pensamentos, a animagao de objetos inanimados, todos os elementos tao comuns em historias de fades, nao podem aqui exercer uma influéncia estranha (... © excritor cristive pode também escolher um cenério que, embora menos imaginéria do que os contos de fade, ainda ossim difere do mundo reat por admitir seres espirituais superiores, tals como espiritos demonfacos ou fontasmos dos mortos. Na medida em que permenecem dentro do seu cenério de reclidade pottice, essos figuras perdem qualquer estrenheza que possom possuir. As almos do inferno de Dante ov os oporigées sobrenaturcis no Homlet, Macbeth ov Julio Césor de Shakespeare, podem ser bastante obscures ¢ terriveis, mas néo séo mais estranhas realmente do que o mundo joviel dos deuses de Homero..) A situagéo altera-se t60 logo o escritor pretenda mover-se no mundo de realidede comum. Nesse caso, ele aceite lambém todos os condiges que opercm pore produzir sentimentos estronhos na vida real; € tudo 0 que teria um efeito estranho na realidade, o tem na sua histério.4 Em primeiro lugar, Freud nos faz ver que existe um maravilhoso absolute que & 0 mundo do faz-de-conta em si. £ a ficgao mais radical. Fazendo uso de uma terminologia literdria, pode-se dizer que no conto de fadas, temos transposto para © artificio ficcional um sistema animista de crengas, € o dominio da prosopopéia, por exemplo. Ou seja, as coisas tém alma, as plantas falam, biches, como coelhos, participam da vida de uma menina ou unicérnios fozem acordos (cf. Alice ne pals das mararvilhos, de Lewis Carol}. Mas néo s6: temos também a literatura que dialoga com os textos magicos primitivos. Nao hd questionamento sobre a verosimilhanga neste universe ficcional. Um segundo nivel de maravithoso nao tao radical permite que os seres humanes vivendo num universo comum, convivam com seres sobrenaturais (fantasmas etc}. Na medida em que esses seres sGo inseridos num universo poético sem questionamento, também 0 leitor os aceita, porque aceita a ficcéo e seus pressupostos. E diferente quando @ narrativa prepara o estranhamento (a “inquietante estranhezo” de Freud) e, desse modo, o leitor passa a n&o consideror normais os acontecimentos narrados e busca solugées e explicagées. Por algum arfificio usado no discurso, geralmente recursos que atingem a enunciagéo, o leitor é levede a confrontar duas ordens ai icas: a da razéo e a da desrazdo, a da natureza ea da sobrenatureza. Eis-nos entéo no universo do fantastico (do fantastico canénico). Revista Babilénia 97, No labirinto fontéstico Origem do maravilhoso O maravilhoso é uma categoria poética que tem sua origem nos textos dos ritos mégicos. Todas as civilizagées tiveram seus rituais magicos que confirmavam e celebravam as crengas respectivas. Seguindo o pensamento de £. M. Butler em Ritual MagicS, observamos que os ritos em suas inscrigdes, foram o que permitiu 4s geragées posteriores irem beber dessas licdes e criarem sues préprias ficgdes. Citaremos aqui algumas dessos experiéncias que se imortalizaram em textos. Como diz Butler, a finalidade fundamental da magia é impor o desejo humano sobre a natureza, é dominé-lo. Numa referéncia a Schopenhauer, poder-se-ia falar em Vontade de Poder, sobre o real, ou ainda com Freud, diriamos que estamos no nivel do imaginério e da tranformagéo radical do real, a partir de uma tentative de controld-lo. Assim € que desde tempos remotos possuimos textos ou inscrigdes que se referem as praticas mégicas e seus ritos. E preciso Jembrar que os inventores imemoriais das praticas eram profundamente versados nas mesmas, obedientes as regras e, muitos vezes tinham um temperamento artistico e imaginacéo poética. E 6 isso que faz ainda hoje interessante o conhecimento dessas praticas e de seus textos, inclusive da astrologia e da alquimia. Mais anteriores ainda séo a prética dos desenhos nas cavernas, dos diagramas etc. Os mais antigos documentos magicos conhecidos (segundo Butler) seriam os da biblioteca de Ninive, séo inscrigées dos acadianos-caldeus que foram gravados no original na lingua acadiana, e depois possado para o assirio por Assurbanipal, no sétimo século a. C., mas que datam provavelmente de 1800 anos a. C.. O mais antigo poema é provavelmente a Epica de Giglamesh que data do quarto milénio ou antes, origindrio dos sumérios (Butler,1949:19). Teogonias e cosmogonias surgem nesse mundo antigo, como sabemos. Os poemas épicos da antiguidade, tanto ocidental como oriental, dialogam com e sancionam esses ritos e mitos. No murido grego temos a epopeic de Homero, a Iliada e @ Odisseia que dé corpo e vida aos deuses do mundo antigo. A Biblia para © mundo Ocidental, como sabemos, tal como o Alcoréo para o mundo arabe séo fontes inesgotaveis de mitos e histérias. A Kabbalah é outra fonte importante que néo podemos deixar de lembrar. Seria impossivel nessa breve reflexéo contabilizar toda a contribuigéo da antiguidade. Saliente-se ainda a importancia, em termos de magia antiga passada para a literatura e nde to divulgada, o Testamento de Salomao que pertence ao periodo do sincretismo helenistico. Baseado na narrativa do velho Testamento sobre Saloméo e no folclore judaico tardio sobre esse sdbio, conta na 19 pessoa a Revista Babilénia | | tease 98 Seima Colasans Rodrigues jéria de como o templo foi construide com ajuda dos deménios subjugados pelo arqui-magico da lenda. Segundo Butler elementos assirios e babilénios sobreviveram nessa descrigao dos deménios. O Paracelsus (1493-1541) consiste numa fascinante monogratia sobre silfides pigmeus e salamandros do folclore germanico, chamados espiritos elemeniares, a “flor dos elementos” que negavam alma. Este folclore é usado por Jacques Cazotte para explicor a existéncia de Biondetta a personagem que se revela 0 préprio diabo no final da narrativa de O diabo amoroso. Ainda dentro desse periodo, temos uma obra que recolhe toda a tradigéo magica: trato-se de O asno de ouro ou Metamorfoses de Apuleio por sua vez inspirado em obras de Lucius de Patras e em Luciano. Mas também, lembre-se, que inspirou a obra maxima de Cervantes, 0 Don Quijote de la Mancha. Butler fala de uma “Escola féustica”, pois foram numerosos os’ textos que estabeleceram a tredigao que veio a dar em vérias obras literdrias, mas deve ter sido no Fausto de Goethe que a figura desse sdbio magico se universolizou. A tradigéo faustica inclvi varios manuscritos, tais como o Constitution of Honorius 0 Grond Grimoire. Nao poderiamos deixar de mencionar aqui os textos magicos maias e astecas como 0 Popol — Wh (Livro da Comunidade) e a colectnea Visién de fos vencidos que revnem textos astecas e maias que serviram inclusive de intertexto a uma literatura hispano-americana que tem sido chamada de reclismo-mégico, ou melhor, realismo-marovilhoso.7 Nascimento do Fantéstico O fontastico (stricto sensu), come género literdrio surge no século xl, para- doxalmente, pois surge em pleno século das Luzes. Este é 0 momento da afirmagéo do empirismo (Locke) e de rejeicéio de toda metofisica, seja ela religiosa ou ndo. Todos sabem que este grande movimento de racionalizagéo que, segundo alguns autores (Theodor Adorno}, é inaugurador da Modernidade, culmina com a explicago laica do Historia, fornecida pela Enciclopedie (1751-1772). Entretanto o lluminismo de Voltcire, Montesquieu, Diderot, autores que pretendem oferecer uma explicagdo racional e légica do mundo e da histéria, criar sistemas e criticas sociais, acaba por n&o dar conta da singularidade e da complexidade do processo de individuagéo. A racionolidade depara-se com o limite imposto pelo proprio homem em situagéo (usando a expressao sartriana) e pela prépria situagao do homem que a pensa. Também é preciso lembrar que 0 imaginério comunitério nunca cesso de Revislo Babilénio ‘No lobirinto fantéstico nutrir-se de toda sorte de esoterismos, nicromancias etc, ov seja, daquilo mesmo que foge & racionalidade proposta pela inteligéncia de entao. Endo 86: 0 fantastico pretende traduzir a transgresséo, numa perspective intensa, e dentro de uma sociedade restritiva, vitoriana. O novo no género fantastico, especialmente o do século xville xix, é que explora © choque enire a natureza e « sobrenatureza, transformando-o em fabulagéo. O sobrenatural perde a natureza teolégica, ou seja deixa de ser ligado a magias, crengos e deuses, laicizando-se e laicizando-os. Em todos os grandes temas do fantastico pode-se observar isto: o diabo, por exemplo, (um dos temas recorrentes) torna-se o simbolo da transgresséo, codifica o mal (Cazottte, Becford, Potocki); o contaminagao da realidade pelo sonho ( Gautier, Nerval), 0 desdobramento da personalidade, o duplo inquietante ( Poe, Hoffman); a viagem no tempo (Wells); os estétuas que se animam e o homem arfificial (a estatua de Merimée, o Golém, o Frankenstein de Mary Shelley, a boneca de Hoffman) ~ todos séo temas antropocéntricos que invocam um certo poder demidrgice da imaginagée humana, como exercicio de vontade. E interessante observar como Jacques Cazotte em Le diable omoureux (1772), uma das obras iniciadoras do fantastico, faz constantemente um jogo de polavras com lumire(s), o que revela claramente uma critica ao excesso de racionalismo de sue époco. Assim € 0 préprio diabo sob « forma de mulher sedutora, a Biondetta, quem reclama { 00 apaixonado Alvaro, que hesita em entregar-se a ela): “Les prejuiées sont nés chez vous au défout des lumiéres’S, salientando a auséncia de racionalismo em Alvaro. Outras vezes 0 narrador opée illuministes et illuminés - lembrando que ilfuminés (iluminados) eram os individuos petencentes a uma seito mistica da época, contrapartida popular do racionalismo reinante numa esfera bastante timitada de intelectuais?. A ambivaléncia da narrativa fantéstica do século XVI, portant, reenvia o leitor & homéloga ambivaléncia existente na sociedade da época das Luzes, tanto nos teorias do conhecimento, quanto nas suas crengas. E bom nunca esquecer que néo se deve analisar © fantéstico de um ponto de vista formal, sem ter em vista o seu enraizamento social. Tzvetan Todorov (Introdugéo 4 literatura fantdstica)!? constréi um modelo sistémice, tedrico do fontéstico, baseado numa premissa simples tal como a hesitagdo de leitor, que se deve manter até ao final da narrativa, mos peco por néo considerar a quesiéo contextual. © romance de Cazotte, serviré de inspiragéo e de intertexto aos autores posteriores, que vo sofisticar o género. E 0 caso de E.1.A. Hoffman — um dos seus pontos méximos - que declarava sua fascinagdo por essa histéria de desejo e transgressdo. Selme Colesans Rodrigues Um contemporéneo fantéstico Nos anos 30-40 do nosso século, época em que a tendéncia da critica pendia para a volorizagéo da narrative reolista (ou neo-reolista, ou regionalista}, Jorge Luis Borges, esse argentino universal, pde-se a mostrar a superioridade de cerlos tipos de narrativa até entéo considerados inferiores, nomeadamente a fantastica, @ policial e a de aventura, invertendo a tendéncia da critica de entéo. No ensaio de 1932 “El arte narrativo y la magic”, pode-se constatar o que foi dito — e mais: antes mesmo de escrever os seus proprios contos fantdsticos, Borges j teorizava. Faz-nos pensar mesmo na ligéo de Edgar Allan Poe, em “A filosofia da compo- sigo"... (texto em que exibe a composigao do seu famoso “The Raven”, que segue ume ordenagdo que é em teoria estabelecida previamente). Outros ensaios de Borges voltaram & questéo, como o famoso prélogo co romance de Adolfo Bioy Casares, La invencién de Morel. Ali o autor “denuncia” o romance realista, o de tipos eo psicolégico como cadticos, pois sua trama se apoia numa concatenagdo mimética de motivos, ou seja, na imitagao do mundo real, em que abundam os detalhes supérfluos: O romance tipico, “psicolégico”, tende a ser informe. Os russos € os discipulos dos russos demonstraram até & saciedade, que ninguém é impossivel: suicides por felicidade, assassinos por benevoléncia, pessoas que se adoram a ponto de separarem-se para sempre, delatores por fervor ou por humildade (...) Por outro lado, 0 romance “psicolégico” quer ser também “realista”: prefere que esquecamos seu caréter de artificio verbal e faz de toda vé preciso (ou de toda lénguida vagueza) um novo trago verosimil, 1! © contrério se passa com as norrativas fantastica e a de aventura (seguindo o mesmo pensomento}, que devem ter argumentos rigorosos, sem detalhes supérfluos, pois neles cada motivo tem uma projecdo ulterior. A causalidade magica une os motivos da narrativa fantastica. Essa causclidade engendra mecanismos tais como a existéncia do duplo, « viogem no tempo e outros mais que dependem, ne leitura, daquilo que Coleridge pregou: a aceitago de uma ficgéo total. A mais precisa descrigo borgiana do narrative fantastica encontra-se no texto “La flor de Coleridge” (La Nacién, 1945, Col. Otras inquisiciones, 1952). Tal como Pierre Menard, Borges transcreve ipsis litteris, uma observacde colhida no Caderno de Notas de Coleridge, observagdo esta que, colocada no contexto borgeano, passe a funcionar como sua: Si un hombre atrovesara el Paraiso en un suefo y le dieron una flor como prueba de que habia estado alli, y si al desperter encontrara esa flor en su mano entonces qué?!? Revista Babiléni No labirinto fantéstico © fantastico (aqui se Ié) estaria, nao no motivo de um homem que atravessa o Paraiso no sonho ~ pois no sonho a sintese de desejo € de restos do quotiano, permitem esse tipo de “alucinagéo” necessaria — mas na sequéncia seguinte, em que 0 personagem acorda ¢ encontra em sua mao uma flor — a flor do Paraiso! Al, sim, podemos falar em uma motivagéo “magica” que une as sequéncias do narrativa ( ver sobre esse tema o conto de Théophile Gautier, “O pé da mimia”, gue traz mesma motivagéo}. Note-se que o que é magico é a motivagéo. Borges ilustra ainda o fantastico com 0 mesmo teor em obras como The time machine de H. G. Wells, Nesse caso 0 personagem tendo viajado fisicamente ao futuro, volta com os cabelos encanecidos e traz do porvir uma flor murcha: “Més incretble que una flor celestial o que la flor de un suefio, es la flor futura, la increible flor futura, la contradictoria flor, cuyos tomos ahora ocupan otros lugares y no se combinaron abn”. Borges redimensiona questées colocadas pelo pensamento ocidental, ao romper definitivamente com 0 mito da representagdo da totalidade: nem o ser, nem o suieito, nem a linguagem séo totolidades tranquilizadoras. O suieito fragmentado sé se recompée em momentos essenciais, mas esses mesmos momentos continuam a ser fragmentos. Nega o tempo, dizendo que 0 presente (o instante, o Gtimo) € a substancia da nossa vida. Na base de todas as ficgées borgeanas que incluem viagens no tempo, duplos, ruinas circulares, espelhos, labirintos etc estéo as suas convicgées filoséficas, que, como diz Foucault sacodem as familiaridades do nosso pensamento. Fantastico parédia do fantéstico: em conclusao Sem a convicgdo de que se possa “representar” mimeticamente o real e opor 9 natural e o sobrenatural, o fantastico contempordneo nao faz senéo parodiar as narrativas erigidas em cénones do fantastico tradicional. Ou, na maior parte das vezes (penso no cinema}, criam-se simulacros do simulacro: € 0 caso da ficgéo cientifica, ndo rare travestida em banda desenhada, que é, na nossa sociedade, o equivalente ao “maravilhoso” do conto de fadas. Notas 1 BAUDELAIRE, Charles. Salon de 1859. In: Oeuvres. Texte établi et annoté par Y. G. Dantec. Bibliothéque de la Pleiade. Paris:Gollimard, 1951, p. 764. Boudelaire insurge-se contra a fotografia (@ daguerreétipo) por temer que ela substituisse « arte, que na su época superestimove a cépia da natureza. Assim diz ele: “Dans ces demniers temps, nous avons entendu dire de mille monidres “|| meen Selma Colasans Rodrigues différentes: “Copier la nature; ne copier que la nature’... Et cette doctrine ennemi de V'aH, prétendoit tre appliqué non-seulement & lo peinture, mais é tous les arts, méme au roman, méme & la poésie. A ces doctringires si satisfaits de 1a nature, un homme imaginatif oursi certainement ev le droit de répondre: “le trouve inutile ef fastidieux de roprasénter co qui est, parce que rien de ce qui est ne me sotisfot. Lo noture est Laide, et je préfére les monsires de ma fentasie a lo trivialité positive.” (Grifei a citocGo feita no texto, cuja tradugie minho). 2 Ou, poderiames dizer: é escclhido pelo seu mundo de representacéo. 3. FREUD, Sigmund. O estranha, In: Edicéo Standard Brasileira das Obras psicolégicas completas. Ric de Janeiro: Imago, pp. 275-317. 4 Ipidem pp. 310-311. 5 BUTLER, E, M. London/New York: Cambridge University Press, 1949. Lembro aqui o tecria da parédia como tradugéo da tradigéo defendida por mim em trabalho "Canto/eontracanto: « porédia”, publicade na Revista de Humanidades @ Tecnologias. Dossier Linguas e Culturas. ULHT. N.6/7/8, Lisboa: 2001-2002, pp. 238-246. 7 © pequeno livre O fantistico. ( $e Paulo: Atica, Col, Principios, 1988) de minha autoria refere esse importante movimento literdrio e sua origem. 8 CAZOTTE, Jacques. Le diable amoureux. Paris: Gollimord, 1981, p. 84. 9 © olhar oposto as Luzes estavam na época representodos por: “L’Abbé de Villars, le Marquis d’Argens qui avaient popularisé des thémes des croyances remonton! au néo-platonisme, a lo gnose, & la Cabole, et qui étaient contraires, bien sir, au matérialisme de combreux Encyclopédistes (...)” fe mais es doutrinas esotéricos de Marlinas de Pasqually, Saint-Mortin, Swedenborg, nos quais Cozotie inde abo se havia iniciado (0 que aconteceré posteriormente & escrite do romance). Francine de Marfinoir. Posface o CAZOTTE, Le diable omoureux. Paris: Sevil, 1992. 10 TODOROY, Tzvetan. Introduction la littérature fontastique. Paris: Seuil, 1970, 11 BORGES, Jorge Luis. Profécio o La invencién de Morel, de Bioy Cosares. Citagéo « partir da ed. brasileira onde recebeu o titulo A maquina fontéstica. Trad. Vero Pedroso. Rio de Janeiro: Expresséo e Cultura, 1974, p. 9. 12 BORGES, Jorge Luis. Otros inquisiciones. In: bros completas. Buenos Aires: Emecé, 1974, p. 639. Nota curricular SELMA CALASANS RODRIGUES PROFESSORA ASSOCIADA, UNIVERSIDADE LUSOFONA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS (ULHT), UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO DOUTORA EM TEORIA LITERARIA E LITERATURA COMPARADA, Livros publicados Macendamérica: o parddia em Gabriel Garcia Marquez. 2 ed. Goiénia: Editora da Universidade Federal de Goiés, (UFG}, 2001. (© fantéstice. S60 Paulo: Alico, Col. Principios, 1988, Revista Bobilénio

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