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Que outra coisa podemos nós fazer, se queremos imitar o Mestre e ser bons
filhos da Igreja? Temos diariamente diversas oportunidades de pôr em prática
os ensinamentos de Jesus a respeito do nosso comportamento perante a dor e
a necessidade. É uma atitude compassiva e misericordiosa que não espera por
ocasiões excepcionais, como visitar um preso ou um doente, ou socorrer
alguém que está à beira de morrer de fome, mas vai-se exercitando nas
pequenas ocasiões do dia e com aqueles que se têm ao lado. Se vejo um
colega de trabalho de cara abatida, se uma pessoa da família se mostra
particularmente cansada e sem ânimo, se um amigo me telefona a contar uma
aflição em que está, sei ver nessas situações uma oportunidade única de ser
“outro Cristo”, sem fechar os olhos ou mostrar-me indiferente e
apressado? Hoje cumpriu- se esta Escritura que acabais de ouvir...
Entre essas obras, a Igreja destacou desde há muito tempo a que nos anima
a “ensinar a quem não sabe”. Quando o número de analfabetos decresceu em
tantos países, aumentou em proporções assombrosas a ignorância religiosa,
mesmo em nações de antiga tradição cristã. “Por imposição laicista ou por
desorientação e negligência lamentáveis, milhares de jovens baptizados vêm
chegando à adolescência no desconhecimento total das mais elementares
noções da Fé e da Moral e dos rudimentos mínimos da piedade. Actualmente,
ensinar a quem não sabe significa, sobretudo, ensinar aos que nada sabem de
religião, isto é, “evangelizá-los”, falar-lhes de Deus e da vida cristã. A
catequese passou a ser na actualidade uma obra de misericórdia de primeira
importância”9.
Quanto bem não faz a mãe que ensina o catecismo aos seus filhos, e talvez
aos amigos dos seus filhos! Que enorme recompensa não reservará o Senhor
aos que dedicam com generosidade o seu tempo a um trabalho de formação
doutrinária cristã, aos que aconselham um livro adequado que ilustra a
inteligência e desperta os afectos do coração! É abrir aos outros o caminho que
conduz a Deus; não há outra necessidade maior que esta.
(1) Lc 4, 16-30; Evangelho da Missa da segunda-feira da vigésima segunda semana do TC; (2)
cfr. Is 61, 1-2; (3) João Paulo II, Enc. Dives in misericordia, 30-XI-1980, 3; (4) Lc 7, 22 e segs.;
(5) 1 Jo 4, 16; (6) Ef 2, 4; (7) Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 8; (8) São João
Crisóstomo, Comentário ao Salmo 126; (9) J. Orlandis, As oito bem- aventuranças, págs.
104-105; (10) cfr. Cura d’Ars, Sermão sobre a esmola; (11) São Josemaría Escrivá, É Cristo
que passa, n. 72; (12) G. Chevrot, O Sermão da Montanha, 2ª ed., Quadrante, São Paulo, pág.
115; (13) São Bernardo, Sermão 40 sobre o Cântico dos Cânticos.