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NOVO TESTAMENTO

ATOS DOS APÓSTOLOS- PARTE I

l Introdução

A primeira explicação que damos ao livro de Atos é que ele é uma continuação. O
texto tem uma continuidade entre o livro de Lucas e o livro de Atos. Quando
estudamos estes livros, estamos estudando um bloco único. O autor destes livros
é o mesmo, ou seja, Lucas.

Se estamos falando de atos, de ação, são atitudes de quem? O ponto comum que
podemos chegar é que na força do Espírito Santo aqueles homens estão agindo.
Quem está motivando a ação é o Espírito Santo, mas é através da vida dos
apóstolos.

No livro de Atos nós vemos a igreja surgir, nascer.

Dentro da tradição judaica, quando você tem 12 testemunhas é uma referencia a


validar uma verdade, ou validar um acontecimento. Existe na narrativa de Atos
uma força jurídica de validação. Estes homens viram o Cristo encarnado, viram
este Cristo ser morto e testemunharam que este Cristo ressuscitou.

O próximo passo é entendermos o Querigma apostólico. Quando falamos de


Querigma, estamos falando de “proclamação”. Nós vemos isso no livro de Atos, de
Marcos. Qual a proclamação querigmática dos apóstolos?

Você verá um eixo dizendo que Jesus O Nazareno que fez milagres, sinais e
prodígios, que foi entregue, que foi preso, morto e crucificado e ressurgiu dentre
os mortos, está exaltado a direita de Deus. Este é o eixo da proclamação, este eixo
você vê também no livro de Marcos através do discurso de Pedro.
l Introdução de Atos

Quando chegamos no Capitulo 1:5 até o Capitulo 2:1, temos uma introdução do
livro, chamamos isso de prologo. Neste prologo existe esta apresentação da
comunidade, o que ela está proclamando.

l Primeiro Bloco

Atos 2:2 a Atos 6:7,8

Nesse primeiro bloco, que vai até o capítulo 6:7,8, temos o nascimento da
comunidade da Igreja. Trata-se de uma comunidade pneumática, do Espírito
Santo, humanitária, que busca o bem-estar e age em favor dos seus membros. É
marcada pela proclamação da verdade do Evangelho e pela força deste
testemunho.

É importante observarmos que essa comunidade é essencialmente judaica.


Portanto, essa primeira igreja que nasce, é composta de cristãos judeus,
mostrando as características de judeus convertidos.

l Segundo Bloco

Atos 6:9 a Atos 9:31

Até o capítulo 9:31 nós temos o segundo bloco, que retrata uma comunidade com
um perfil diferenciado. Trata-se de uma igreja que já não é mais essencialmente
judaica, existem também os gentios. Já começam a vir elementos externos onde
a força da tradição judaica deixa de ser tão determinante. Aos poucos começa a
haver uma migração para uma comunidade onde o perfil racial do primeiro bloco
já não é dominante.
l Marcas de Perseguição da Igreja

Logo no início da Igreja podemos observar uma marca de perseguição. Temos a


Igreja de Cristo sofrendo alguns tipos diferentes de perseguição, por volta de 40
d.C. Vejamos quais são elas.

● Perseguição Diplomática: Nesse período de perseguição diplomática podemos


perceber uma certa tolerância, ainda que em estado de vigia. A comunidade cristã
é aceita, mas tem sobre ela uma atenção maior. Portanto, ainda que haja essa
aceitação, ainda existe uma tentativa de controle, uma certa vigilância, um olhar
mais atento e desconfiado.
● Perseguição proibitiva: A perseguição diplomática dá lugar a uma perseguição
mais forte, que é a perseguição proibitiva. Aqui, os apóstolos são presos e
proibidos de pregar o Evangelho; começam a ser coagidos, intimados a se calar.
● Perseguição popular: Este é o terceiro nível de perseguição, que é orquestrada
pelos fariseus. Estes, passam a identificar os apóstolos como hereges e começam
a perseguir essa comunidade que está nascendo.

Inclusive, é dessa revolta popular que surge a morte de Tiago, o segundo crime
realizado, após o crime do assassinato de Jesus. Tiago é perseguido e morto no
período onde os fariseus orquestram uma verdadeira “caça às bruxas” na
comunidade de Atos. Tudo isso acontece sob coordenação de Herodes.

A tradição identifica ainda a morte de Pedro como consequência desse processo


(mais ou menos 60 d.C.). Depois disso temos também a morte de Paulo. Portanto,
trata-se de um período na história onde esse fermento dos fariseus vai contagiar
os romanos, que também passam a perseguir os apóstolos.

l Os Primeiros Aspectos do Nascimento da Igreja

A igreja nasce, então, como alternativa dos excluídos, porque ela começa a ser
perseguida. O fato é que seus 300 primeiros anos são sob perseguição. A Igreja,
portanto, não nasce com um núcleo social de fácil acesso.
Muito pelo contrário, ela nasce como uma contracultura, uma contramão, um
gueto, uma alternativa àquela sociedade que paulatinamente cercava os
apóstolos e todos aqueles que confessavam o nome de Cristo.

l Organização da Igreja de Atos

É importante observarmos um aspecto importante da Igreja de Atos, que é a


forma como era organizada a sua liderança. Não é necessariamente uma
hierarquia (embora essa se construa no decorrer do tempo). Trata-se de uma
liderança planificada onde temos uma diaconia. Surgem, então, os diáconos da
Palavra e diáconos da mesa.

Diácono é aquele que serve. Nós temos um episódio onde os apóstolos percebem
que as funções estão se atropelando, e então chegam à conclusão de que não é
bom deixarem a diaconia da Palavra pela diaconia da mesa.

Os apóstolos entendiam que precisavam se dedicar à Palavra e à oração e,


portanto, precisavam levantar homens que fossem cheios do Espírito Santo para
a diaconia da mesa (servir a mesa). Essa diaconia consistia em realizar tarefas
como: supervisionar, ajudar na organização da Igreja, abençoar a casa das viúvas
e dos órfãos etc. Esses diáconos são homens, na maioria, de origem grega. Um
deles é Estevão, que faz parte da primeira leva da diaconia da mesa.

Muito se fala sobre a Igreja Primitiva, especulando como ela era. E alguns chegam
a dizer que a Igreja Primitiva é uma Igreja que tende ao socialismo. No entanto,
não existem referências com relação a isso. Precisamos entender a sua lógica.

A igreja de Atos é uma comunidade que se reúne em torno de Jesus Cristo e que
reparte tudo segundo a necessidade de cada um.

1a ideia: repartir; 2a ideia: necessidade

A ideia central da Igreja Primitiva consiste em: Se meu próximo tem uma
necessidade, significa que eu tenho uma possibilidade, a igreja tem um dever.
Para melhor entendimento, vamos fazer uma exemplificação. Imagine que uma
pessoa tenha necessidade de 1000 (moedas). Eu tenho uma possibilidade de 100.
A igreja, então, se organiza de acordo com as possibilidades de cada um, para que
a necessidade seja cumprida. Isso não é um sistema político. É olhar para o
próximo e entender que ele é alvo de nossa compaixão.

Portanto, a Igreja Primitiva ajuda o próximo de acordo com a necessidade, e não


com a possibilidade no sentido geral. A possibilidade pessoal era respeitada, mas
a necessidade não era desprezada. Não existe nenhum outro grupo que pense na
necessidade com tanta compaixão e responsabilidade. Vemos nessa Igreja, a
necessidade do próximo sendo atendida em uma medida real.

Na Igreja Primitiva eles tinham tudo em comum: essa é a ideia de comunidade. O


que tinham em comum é que a necessidade era suprida. Eles não eram proibidos
de ter propriedades. A ideia é que eles resolviam a necessidade de uma forma
coletiva sem destruir a individualidade. Esse é o segredo da Igreja Primitiva.

Podemos ver que eles estavam tão cheios do Espírito Santo, que foram uma
comunidade que quebrou o poder de Mamom, o deus da riqueza. E esse deus não
teve vez na Igreja Primitiva porque a riqueza não esteve à frente da misericórdia
e compaixão das pessoas.

Temos então o primeiro mártir: Estevão. Ele percebe o novo momento da história,
que era vivida em volta de Jesus. Percebe que aquele sacrifício que entregavam
no templo já não fazia tanto sentido. Ele passa, então, a anunciar essas verdades,
e acaba sendo morto por isso, pois não aceitavam o que ele pregava sobre a nova
Igreja.

A Igreja Primitiva é aquela que persevera no partir do pão, na comunhão e na


doutrina dos apóstolos. Eles perseveravam em comunhão, tendo tudo em comum
no sentido de suprir a necessidade do próximo. Oravam juntos e perseveravam na
doutrina = ensino. Ou seja, a Igreja perseverava no ensino dos apóstolos.
Quando Jesus ensina a orar o pai nosso, a Igreja da época tinha uma marca. Já a
Igreja Primitiva orava diferente, porque a própria Igreja já respondia o pão nosso.
Um dos grandes milagres que eles têm de diferente é que o “pão nosso” era
compartilhado pela própria Igreja e a oração segue a vida numa direção de
descobrir todas as profundidades da riqueza do nosso Senhor.

Existe essa insistência em sua comunidade de ser um grupo de pessoas que está
sempre dividindo o pão? Existe uma insistência de ser o grupo de pessoas que
está sempre orando? Ou existe uma insistência em ser o grupo de pessoas que
está sempre aprendendo e sendo transformado pela doutrina?

A verdadeira igreja precisa ter esta marca de perseverança nestas três áreas.

Finalizando, o Pentecostes será o próximo assunto da nossa próxima aula. Tem


duas informações que quero que você guarde agora para aguçar sua curiosidade
para nossa próxima aula.

Primeiro, quando falamos de Pentecostes, estamos falando de um período de 50


dias depois da pascoa.

Segunda, Pentecostes é uma festa da colheita. O que se comemora na festa da


colheita?

Quero que você estude, pesquise e medite sobre isso para nossa próxima aula.

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