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RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA

SECRETARIA PAULO APÓSTOLO - SPA

SUBSÍDIOS PARA
SER IGREJA
NO NOVO MILÊNIO
2

ENCONTRO II

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SUBSÍDIOS PARA SER IGREJA NO NOVO
MILÊNIO

AUTORES:
• Luciano Lessa Lorenzoni
• Luiz Virgílio Néspoli
• Maria Aguiar de Almeida
• Ronaldo José Pertel

REVISÃO:
• COMISSÃO DE FORMAÇÃO NACIONAL DA RCC

Vitória, 13 de agosto de 2001.


Índice

Apresentação Pág. 02

Ensino 01 Testemunho dos apóstolos


em Jerusalém (capítulos 1 e 2) Pág. 03

Ensino 02 A Comunidade de Jerusalém


( capítulos 3, 4 e 5) Pág. 14

Ensino 03 Pentecostes Pág. 22

Ensino 04 A Pregação dos Apóstolos Pág. 31

Ensino05 A Evangelização Querigmática Pág. 40

Ensino 06 O poder da oração Pág. 45

Ensino 07 Publicavam ... as maravilhas de Deus Pág. 53

Anexo Vida em comunidade Pág. 60

Referências Bibliográficas Pág. 65

Notas dos Textos Pág. 66


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APRESENTAÇÃO

“ Vinde Espírito Santo, enchei os corações dos Vossos fiéis e acendei neles o fogo do
Vosso amor...”
Essa é a oração que ressoará por todas as páginas desta apostila, e por todos os
momentos deste encontro.
Estaremos nas próximas páginas aprofundando os cinco primeiros capítulos do
Livro dos Atos dos Apóstolos. Primeiro, faremos uma interpretação dos mesmos e
depois aprofundaremos assuntos que são importantes e muitos vividos na Renovação
Carismática Católica.
No Encontro anterior, dos Atos dos Apóstolos ( 1º Subsídio para Ser Igreja no
Novo Milênio), procuramos despertar o coração, para a graça do Projeto de
Evangelização que a Conferência Nacional dos Bispos criou para estes próximos anos,
e também para a riqueza do retorno às primeiras comunidades cristãs.
Agora, continuaremos aprofundando os diversos chamados que Deus nos faz, a
partir da leitura deste primeiros capítulos: o de sermos conduzidos e cheios do
Espírito Santo, o de anunciarmos a Jesus de Nazaré, com poder e de maneira eficaz, o
de buscarmos a oração para nos aproximarmos de Deus e dos irmãos, o de
cantarmos as maravilhas que Deus tem operado a partir do derramamento do Seu
Espírito e o grande Dom de viver em comunidade que o Espírito Santo nos
presenteia.
Vejamos que o viver em comunidade é uma realidade em nossas vidas: Deus é
comunidade, a Evangelização leva a formação de comunidade, um dos frutos do
Batismo no Espirito Santo é o despertar para a vida em comum, os nossos grupos de
oração são verdadeiras comunidades na medida em que vivem a fraternidade e a
comunhão.
Diante desse fato, no final desta apostila, colocamos um anexo, para fazermos um
levantamento de semelhanças e necessidades entre o nosso grupo de oração e o viver
em comunidade.Com isso, neste encontro, queremos promover um momento de
reflexão, e tomada de decisão, no sentido de um despertar para uma vida em
comunidade, principalmente, a partir do grupo de oração.
Queremos mesmo, dar testemunho como os primeiros apóstolos, e que, ao
sairmos às ruas, o povo possa dizer: “vejam como eles se amam”.
Nada disso poderá acontecer senão a partir de uma experiência radical do
Espirito Santo. Por isso, continuaremos em oração dizendo: “ Enviai o Vosso Espirito e
tudo será criado e renovareis a face da terra ”

Luiz Virgílio Néspoli

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ENSINO 1

O TESTEMUNHO DOS APÓSTOLOS EM JERUSALÉM


UMA INTERPRETAÇÃO DOS ATOS DOS APÓSTOLOS (CAPÍTULOS 1 E 2)

1)Introdução
O Livro dos Atos dos Apóstolos foi escrito entre os anos 80 e 90, em Antioquia da Síria. O conteúdo
do livro cobre parte do período apostólico (anos 30 – 70), desde a Ressurreição de Jesus Cristo até o
testemunho de Paulo em Roma (anos 30 – 60).
Lucas escreve o Livro num período em que a Igreja estava sendo organizada, esse período é
chamado de sub-apostólico (70 – 135).
A narração de Lucas que encontramos em Atos, não é da história da Igreja, e sim de suas raízes,
de sua existência e dos problemas, conflitos e tensões... Atos é a etapa intermediária , entre a atividade de
Jesus, que termina em Jerusalém, e a vida das pequenas comunidades, que vão formando a Igreja
Católica. Jerusalém será também o ponto de partida do caminho da Igreja.
Trabalhando no livro dos Atos, estaremos reconstruindo os quarenta anos do movimento de Jesus
depois de Sua ressurreição e antes da Igreja.

1.1) O movimento de Jesus após a ressurreição


Este movimento é caracterizado por ser um movimento que é animado pelo Espírito Santo, por ser
um movimento missionário e por ser um movimento que acontece a partir da vida de pequenas
comunidades.
Esta obra começa em Jerusalém no templo. Jerusalém, para a comunidade de Lucas, era a cidade
santa dos judeus e das autoridades judaicas, a formação da Igreja será nela situada porque era
considerada o novo Israel. (1,4)
Após a ressurreição de Jesus, os seus seguidores, vão se espalhar pelas aldeias no interior da
Galiléia, em Jerusalém, Antioquia, Éfeso, Edessa, Egito, Roma... 1
Em Roma encontraremos Paulo dando testemunho da Ressurreição de Jesus, sem obstáculos por
parte dos Romanos (28, 14-31). É o caminho da periferia (Judéia, Samaria, Ásia Menor, Grécia e Europa)
para o centro (Roma).
Perceberemos que os Atos dos Apóstolos não terminaram aqui, “o testemunho de Jesus penetrará
todos os tempos e lugares”. 2
Para uma interpretação do Livro dos Atos precisamos ainda ficar atentos: “a participação da mulher
no movimento de Jesus; a dimensão das culturas e da inculturação do Evangelho; a pluralidade de
ministérios, carisma e funções na missão; a dimensão política: o movimento de Jesus e o Império
Romano”. 3
Iniciaremos aqui o estudo dos dois primeiros capítulos do Livro onde vamos constatar que a
experiência do Espírito Santo e da missão daqueles que continuaram o anúncio da Boa Nova são anteriores
à institucionalização das Igrejas.
A respeito da experiência do Espírito Santo, podemos considerar este livro como o “Evangelho do
Espírito Santo”, pois constataremos “a presença e a ação do Espírito em toda a narrativa da obra” 4.
Veremos que o movimento de Jesus é o movimento do Espírito Santo.
Quanto à missão, o movimento de Jesus é também um movimento missionário, onde seu conteúdo
é a Palavra de Deus. A medida que o movimento de Jesus se expande até os confins da terra (Roma),
desde Jerusalém, também se expande o conhecimento da Palavra de Deus. É a Palavra de Deus que tem o
poder de edificar a Igreja (20, 32).
A base de tudo, são “ as pequenas comunidades que se reuniam nas casas (1, 12-14) Pentecostes
vai acontecer em uma casa e não no templo (2, 1-4) há uma dinâmica que parte do templo e chega à
casa; a Eucaristia, a refeição, era celebrada também em casas logo após Pentecostes (2, 42-47); é através
da oração nestas pequenas comunidades – casas que os primeiros apóstolos conseguem vencer as
perseguições (4, 23-31).”5
Através destas pequenas comunidades, é que a Palavra de Deus se fazia presente nas cidades e
nas culturas.

Com isso, nestes primeiros capítulos, vamos fazer uma retomada do passado e vamos conhecer o
movimento de Jesus em Jerusalém, onde a comunidade dos judeus (dentro e fora da Palestina) era dirigida
pelos 12 apóstolos (anos 30 – 32). Eles vão iniciar um novo tempo de liderança, agora inspirada pelo
Espírito Santo. Terão como missão: garantir que o “caminho traçado por Jesus continue por meio dos

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apóstolos e dos outros enviados pelos doze. Quando Atos foi escrito, Pedro com os onze, Paulo, Tiago... os
fundadores das primeiras comunidades, já haviam morrido. E falsos mestres estavam aparecendo” (20, 25-
31). 6

1.2) Estrutura literária:


Vamos propor uma estrutura literária que vai nos permitir fazer uma leitura organizada do texto: 7

O CAMINHO DO TESTEMUNHO ( 1, 1- 11)


1) Retomando o passado: (1, 1-5)
2) Introdução aos Atos dos Apóstolos (1, 6-11)

O MOVIMENTO DE JESUS EM JERUSALÉM (1,12-5,42) [anos 30-32]


1) Constituição da Comunidade (1, 12-2, 47)
2) A Manifestação da Comunidade de Jerusalém ( 3,1 – 4,31)
3) Consolidação da Comunidade (4,32- 5,16
4) Reconhecimento da Comunidade ( 5,17-42)

2)O Caminho do Testemunho

2.1) Retomando o Passado (1, 1-5)


O livro dos Atos é a segunda parte do terceiro Evangelho, comparemos a semelhança entre At 1, 1-
8 com Lc 1, 1-4. Enquanto o “Evangelho apresenta o caminho de Jesus, Atos representa o caminho das
comunidades, da Igreja, e juntos, formam o caminho da salvação”. 8
“Estes cinco versículos foram acrescentados posteriormente, quando a obra de Lucas foi separada
em duas partes 9. Fez-se uma retomada do Evangelho (vv. 3-5). Anteriormente só havia uma introdução
(Lc 1, 1-4).

2.1.a) Um resumo do Evangelho (1, 1-2)


Lucas dedica sua obra a Teófilo, que ele também coloca no início do Evangelho (Lc 1, 3).
Teófilo quer dizer “amigo de Deus”, poderia ser uma pessoa concreta, um cristão de posição, um mecenas
de influência, que poderia ter patrocinado a produção e a difusão desta obra de Lucas (costume da época).
Devia ser uma espécie de editor. Naquele tempo a edição de um livro custava muito caro. Afinal era
comum dedicar uma obra a pessoas famosas, ou ele poderia estar se referindo aos futuros
evangelizadores, a quem esta obra seria destinada.
Podemos nos considerar “Teófilos”, pois esta obra foi escrita para nós.

2.1.b) Destinatários a quem Lucas escreve:


Lucas escreve para comunidades que estavam com tensões, elas eram compostas por judeus, e
não judeus, os “ prosélitos” (pagãos que praticavam parcialmente a religião judaica).
Alguns grandes problemas podemos levantar nestas comunidades: 10
1) “Comunidade de mesa: Judeu não costumava comer com pagão, pois acarretava impureza e misturas
pondo em perigo a identidade judaica estrita. Contudo, era possível ser cristão sem a comunhão de
mesa e de vida?
2) Judeus expulsos do judaísmo oficial: depois de 70 d.C. os judeus procuraram firmar rigidamente sua
identidade, forçando os judeus – cristãos a tomarem uma decisão, visto que os convertidos ao
cristianismo punham em risco a identidade judaica estrita. Seria possível ser cristão e continuar sendo
judeu?
3) Conversão da elite grega e romana, saindo da Palestina, o Evangelho começou a atrair pessoas que
pertenciam à sociedade grega e romana, com elevado grau de cultura e por vezes funções importantes
dentro do Império. Seria possível ser cristão e, ao mesmo tempo, pertencer ao Império e ser fiel à ele?
4) Convivência entre ricos e pobres: muitos ricos foram atraídos pelo Evangelho e, nas comunidades de
Lucas e, de Paulo, daí surgiram muitos problemas. Como conciliar a “boa notícia para os pobres” com
a vida e os costumes dos novos convertidos?11

2.1.c) Os dias da Ressurreição: (1, 3-5) [Uma retomada do Evangelho de Lucas 24, 50-53]
Os versículos (vv.) 3-5 retomam o final do Evangelho de Lucas (24, 50-53) mas agora com um
sentido diferente: no Evangelho, a ressurreição representa o final da vida de Jesus; nos Atos ela é o
começo da missão.
O tempo depois da ressurreição, nos Atos, é de 40 dias, no Evangelho é um dia só. Esse tempo
intermediário de 40 dias, é um número simbólico, quer mostrar um tempo de preparação, como a de Jesus

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antes de começar o seu ministério público, Ele se preparou por 40 dias no deserto (Lc4, 1-2). Os quarenta
dias lembram os quarenta anos dos judeus no deserto antes de entrar na Terra Prometida.
Durante esse tempo, Jesus está vivo corporalmente e fala aos apóstolos a respeito do Reino de
Deus, Ele os instrui “ Naquele tempo uma instrução completa levava quarenta dias. É um modo de dizer
que Jesus comunicou tudo o que desejava aos apóstolos” 12
Os apóstolos recebem as instruções comendo com Ele. É em torno da mesa da refeição que a
comunidade faz a experiência do ressuscitado. “No final do Evangelho o ato de comer expressava a
corporalidade do ressuscitado; agora expressa a presença do ressuscitado na comunidade”.
No v. 4, Jesus dá uma ordem para que não saiam da cidade e aguardem, isso exige deles uma
passividade total; condição para que “sejam batizados no Espírito Santo” (1,5).
O “batismo no Espírito Santo” é colocado bem no início da missão pública dos apóstolos, assim
como o batismo de Jesus, no Jordão, antes da sua vida pública.
O batismo no Espírito Santo, não quer significar o rito cristão do batismo e sim o início do tempo
do Espírito Santo em que os Atos dos Apóstolos dão testemunho.

2.1.d) Sereis batizados no Espírito Santo:


São Lucas nos dá uma frase carregada de sentido : “depois de ter dado instruções por meio do
Espírito Santo aos apóstolos que escolhera...” (1, 2).
As últimas instruções sobre o Reino de Deus que esta para chegar era de que o testemunho de Jesus
deveria ser lembrado como ação e palavra, que continuariam com os apóstolos (Lc 21, 24. 31-33; 24,
46-49).
As recomendações que Jesus dá aos Apóstolos, são concatenadas:
1º) “Os apóstolos não devem afastar-se de Jerusalém, a cidade santa, escolhida por Deus como ponto
de partida da mensagem da salvação: Is2, 1-3; Lc1, 5-23; como lugar onde Jesus levou à plenitude a
obra que o Pai lhe havia encomendado: Lc 9, 51; e como centro de irradiação da missão apostólica: At
1, 8.
2º) Esperar a promessa do Pai. Mas, em que consiste esta promessa? Em Lc 24, 49 Jesus dizia; “Eis
que vos mandarei o Prometido de meu Pai”, e em At 2, 33, Pedro esclarece o conteúdo dessa
promessa: “Exaltado pois, pela direita de Deus e havendo recebido do Pai o Espírito Santo
prometido...” A promessa do Pai se identifica, pois, com o Espírito Santo. Esta alusão ao Espírito como
Dom, um enviado do Pai em nome de Jesus, constituiu um contato com a teologia de S. João a
respeito do Espírito, enviado pelo Pai a pedido de Jesus: do Espírito, enviado pelo Pai a pedido de
Jesus: Jo 14, 16-17. 26; 15, 26; 16, 7.
3º) E “sereis batizados no Espírito Santo”. Jesus explica com toda a nitidez o seu pensamento. Com a
vinda do Espírito Santo, a missão de Jesus alcançará a sua plenitude. O Batista havia dito: “Eu vos
batizo na água, mas vem aquele que é mais poderoso do que eu... Eles vos batizará no Espírito Santo
e no fogo”: Mt3, 11; cf. Mc 1, 8; Lc 3, 16; At 11, 16. Este é o ponto culminante da instrução de Jesus:
os discípulos serão batizados no Espírito Santo. Por trás do verbo passivo se esconde a ação de Deus e
do Senhor Jesus, que é quem batiza no Espírito Santo: Jo 1, 32-33.” 13

2.2) Introdução (propriamente dita) aos Atos dos Apóstolos


“O relato que se inicia em At 1, 6, representa (1, 6-11) a continuação do relato do Evangelho,
concluída em Lc 24, 49” 14
Neste texto, aprofundaremos o grupo da ressurreição e a Ascensão de Jesus.

2.2.a) O grupo da Ressurreição: 1, 6-8


Quem são “os que estavam reunidos”? (1, 6). Em At 1, 11 fala que são galileus; em Lc 24, 9 fala-
se que as mulheres dão a notícia do sepulcro vazio, aos “onze e a todos demais”. Quando os discípulos de
Emaús retornam, para falar da experiência com Jesus, retornam para “os onze e os que estavam com
eles”. Quem estava com os onze?:
- “Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago, e as outras que estavam com elas (Lc 24, 10; Lc 8, 2-3
e 23; 49. 55)
- Os dois discípulos que deixam o grupo tomando a direção de Emaús (Lc 24, 13) e que retornam ao
grupo (Lc 24, 33)
- Mais adiante (1, 14), afirma-se que, com os onze, dos quais se citam os nomes, estavam “algumas
mulheres, Maria, a mãe de Jesus, e seus irmãos” 15

A todo esse grupo, Jesus:

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- abre as suas inteligências para compreenderem as Escrituras (Lc 24, 45)
- promete que receberão a força do alto (Lc 24, 46)
- avisa que receberão a força do Espírito Santo... e que serão testemunhas Dele (At 1, 8)
- diante deles Jesus ascende aos céus (At 1, 8)
- e todo este grupo reunido como numa assembléia, elege Matias como substituto de Judas
- em At 1, 15-26 é especificado que este grupo tinha 120 pessoas
- envia o Espírito Santo em Pentecostes (At 2, 1-13)
Apesar de em At 1, 1-5, o grupo relatado ser apenas onze apóstolos, temos a certeza que eram 120
pessoas, acima especificadas. Este texto foi acrescentado quando o Livro de Lucas foi dividido em
Evangelho e Livro dos Atos dos Apóstolos. Os outros textos acima são originais.

2.2.b) “... restaurar o Reino de Israel?” (At 1, 6)


Essa é uma pergunta de toda a comunidade, de todo este grupo que presenciara a ressurreição de
Jesus. Vejamos que os discípulos de Emaús (Lc 24, 13) já haviam sido esclarecidos sobre as Escrituras;
Jesus já havia aberto as inteligências para eles entenderem as Escrituras (Lc 24, 45), ficara 40 dias, dando
instruções sobre o Reino (At 1, 3). Mas mesmo assim, a comunidade continuava pensando politicamente na
restauração do Reino de Israel.
O Reino para Jesus consistia numa nova atitude política e econômica, que transformaria todas as
relações sociais. O centro do Reino é um Dom de Deus, que deve ser fraternalmente partilhado entre todos
a fim de que todos tenham liberdade e vida. Para isso é necessário instaurar relações de fraternidade –
onde todos possam participar das decisões que constróem a sociedade e dirigem a história – e relações de
partilha – onde todos possam usufruir igualitariamente dos bens da vida” 16. O Reino de Jesus era o centro
da palavra e da oração de Jesus.
Não ao Reino de Davi, à monarquia nacional de Israel, que Jesus se referia; Ele falava do Reinado
de Deus, do reinado da liberdade e da vida.
O interessante é que Jesus já havia orientado, a respeito do Reino de Deus, relacionado com a vida
do povo (Lc 4, 16-21; 7, 18-23). Mesmo assim Ele responde à pergunta: “É agora que vais restaurar o
Reino de Israel?” (At 1, 6). Resposta de Jesus:
1º) Quanto à data (... é agora...) não pertence a Ele saber, somente o Pai, pede para não se preocuparem;
vai depender da disponibilidade de cada um viver a fraternidade e a partilha.
2º) Não é Ele quem vai realizar e sim o Espírito Santo de Deus.
3º) Não se trata de restaurar o Reino político-econômico e social de Israel e sim o Reino de Deus: dar
testemunho de Jerusalém até Roma (confins da terra) de que Ele está vivo, ressuscitado. O testemunho da
Boa Nova restaura a vida do povo pobre e oprimido. Permite que ele (o povo) tenha um novo lugar na
sociedade e possa ser livre.
O projeto de Jesus após sua morte e ressurreição, foi transformado no projeto do Espírito Santo,
que é realizado por testemunhas da Sua ressurreição, que irão divulgá-la de Jerusalém (autoridades de
Israel), Judéia (todo o povo), Samaria (pagãos) e toda a terra (Roma, centro).
O ponto de chegada do projeto de Jesus, Jerusalém, é o ponto de partida do projeto do Espírito
(testemunhas de Jesus).
Para que o Reino de Deus chegue é necessário que as comunidades aceitem o testemunho de
Jesus, dado pelos missionários conduzidos pelo Espírito Santo.

2.2.c) O testemunho na força do Espírito:


“ Lucas salienta que o impulso eficaz do testemunho cristão é a força do Espírito, ou seja, a força do
próprio Deus, agindo através da abertura e disponibilidade dos cristãos. Essa força dá forma ao
testemunho, que não significa apenas falar, mas dizer e viver. Não se trata de impor Jesus a ninguém, mas
de viver e falar como Jesus, propondo modelos de transformação da realidade. À medida que as pessoas
percebem que esse testemunho leva à liberdade e à vida para todos, ela se convencerão de si mesmas, e
darão sua adesão ao projeto de Deus manifesto e instaurado por Jesus”.17

2.2.d) Finalidade direta da Efusão do Espírito Santo (1, 7-8):


... Que a comunidade irá receber: provavelmente na mesma sala que Jesus celebrou a Páscoa e
instituiu a Eucaristia(Lc 22, 12):
1º) A comunidade (120 pessoas) receberá uma investidura de poder. Será revestida da força do alto, ou
como em Lc 24, 49, recebera a força do Espírito Santo, força de Deus.
“ Em virtude dessa invasão de Força Divina, os discípulos poderão, à semelhança de Jesus, pleno do
Espírito Santo e no poder desse mesmo Espírito, proclamar a Boa nova do Reino de Deus: Lc 4, 1-
14.18,43; At 10,3818

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2º) A Força Divina transforma os discípulos em testemunhas do ressuscitado (Lc 24, 48; At 1, 22; 2, 43; 3,
15; 4, 33; 5, 32; 10, 39.41; 13, 31), para o mundo inteiro.

2.2.e) A Ascensão – Exaltação – Glorificação de Jesus ressuscitado (At 1, 9-11)


A referência contida em At 1, 9-11 é a original.
Lucas é o único evangelista que trata da Ascensão, separando-a da ressurreição, como uma forma
de exaltação-glorificação do ressuscitado. Lucas quer nos ensinar que existe uma continuidade entre Jesus
antes da sua morte e ressurreição e após a mesma. Jesus aparece, come com os seus, mostra uma
convivência, não é um fantasma. Ele conserva Sua identidade. Ele ressuscita na nossa história.
Com a Ascensão Jesus não vai embora, não se ausenta da história, Ele é glorificado. Permanece na
comunidade (Mt 28, 20). Ela exprime uma maneira de ser de Jesus: gloriosa, glorificada. 19
Portanto, quando nos referimos à Parusia, não é um retorno de Jesus que estava ausente e sim a
manifestação gloriosa de Jesus, sempre presente na comunidade 20
Também quanto à Igreja, ela não nasce porque Jesus vai embora ou porque não retorna mas
nasce justamente porque o ressuscitado não vai embora. É a presença e não a ausência de Jesus
ressuscitado o que torna possível a Igreja. A Igreja não é o fruto de uma Parrusia frustrada, mas uma
presença gozosa de Jesus, vivida de maneira histórica.

2.2.f) E agora o que fazer?


“Deus está na fonte e no fundo de toda a realidade” 21.
Jesus vivo na comunidade, glorioso, exaltado pelo Pai.
Os apóstolos ficam olhando para o céu, esperando a volta de Jesus, os homens vestidos de branco
(provavelmente os mesmos de Lc 24, 1-7) exortam a comunidade a olhar para o chão. Pois Jesus vai
voltar a partir da ação, do testemunho da comunidade em palavras e ações. Diante dos conflitos e
dificuldades (quer dizer o “chão”) da comunidade, Jesus se manifestará, agindo no hoje dos seus
seguidores.

3) O Movimento de Jesus em Jerusalém (anos 30-32) (At 1, 12; 5, 42)

3.1) A Constituição da Comunidade


Aprofundaremos agora a primeira comunidade cristã, que vai ser “a ponte entre Jesus e o
fenômeno do cristianismo, mais para frente, denominado Igreja” (CLAA, IS, EP, pg. 23). Vamos ver que o
projeto do Espírito Santo (projeto dos cristãos). Esses cristãos, missionários agem em nome de Jesus, na
força do Espírito do Pai. É o Espírito Santo quem vai garantir a presença e o agir em nome de Deus. “Sem
ele a comunidade não tem força de coesão interna nem força para o testemunho externo”. 22

3.1.a) A Comunidade antes de Pentecostes (1, 12-14) (Retorno ao templo a Jerusalém)


Neste texto, Lucas nos informa que a Ascensão aconteceu fora da cidade de Jerusalém, no Monte das
Oliveiras, há menos de 1 km de Jerusalém (“uma caminhada de sábado”) (onde começou a Paixão de
Jesus, Lc 22, 39).
Esse retorno a Jerusalém, cidade santa, quer dizer, retorno ao lugar do templo, e da institucionalidade
Judaica; como eles estavam próximos, a menos de 1 km, isto não levava ao rompimento da Lei do Sábado,
eles permaneciam dentro da Lei. Eles retornam para sala de cima, provavelmente a mesma sala que Jesus
celebrou a Páscoa e instituiu a Eucaristia (Lc 22, 12), de uma casa, provavelmente próxima do Templo;
esse seria o primeiro lugar que dariam testemunho. (At 1, 8)
Em At 1, 15, fala-se que deveriam estar reunidos, “uns cento e vinte” galileus (At 1, 6), é o mesmo
grupo da ressurreição. Em At 1, 14, fala-se dos irmãos de Jesus, (apesar de Mc e Jo não considerá-los
discípulos de Jesus); eles não serão mais citados, apenas um, Tiago se sobressairá.
Esses irmãos na realidade são parentes de Jesus, seus primos; num primeiro momento não haviam se
convencido com Jesus, com a sua Boa Notícia, mas após a sua morte e ressurreição, tornaram um grupo à
parte, um pouco fechado às novidades que contrastavam com a Lei judaica (cf. 1 Cor 9, 5; 1 Cor 15, 7; Gl
2,9.14) 23.

3.1.b) Constituição dos doze apóstolos (1, 15-26)


Com a escolha do substituto de Judas Iscariotes, Lucas os instrui em diversas coisas: sobre a
legitimidade da Assembléia cristã; o que é ser Apóstolo; como Deus interfere nas decisões da comunidade.
Pela primeira vez os cristãos são chamados de irmãos, mostrando que o povo de Deus, forma uma grande
família.

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Eles são em número de 120 pessoas (Real? Simbólico?) Entre os judeus, para se constituir o conselho
ou o Sinédrio , era necessário 120 pessoas. Daí teríamos uma assembléia legítima para a eleição do
substituto de Judas. Judas parece ter tido morte trágica, não se sabe qual.
A morte de Judas é lida à luz das Escrituras a partir de dois Salmos: Sl 69, 26 e Sl 109, 8. No
primeiro, Lucas coloca Jesus como o justo perseguido e Judas como o injusto perseguidor. No segundo fala
da necessidade de preencher o seu cargo na comunidade, com isso mostra a importância da Sagrada
Escritura, como orientadora das decisões, dos momentos fortes da comunidade.
Diante disso, dá pra entender também a expressão “era preciso que se cumprisse...”, que não quer
dizer que a morte e a sua substituição fosse uma fatalidade determinada por Deus, mas que a Palavra de
Deus conduz, orienta a nossa vida, os acontecimentos e nossas decisões.
O motivo da recomposição dos 12 apóstolos, era por se tratar de um número simbólico, histórico. Doze
eram os filhos de Jacó – Israel que formaram as doze tribos, que eram o alicerce do Antigo Testamento.
Os 12 apóstolos também seriam o alicerce do novo povo de Deus.
Ser apóstolo para Pedro, era tomar parte em um serviço, ministério, um apostolado (vv. 17 –23).
As condições para ser candidato eram:(1, 21-22)
- deve ser homem varão – descartam-se as mulheres
- testemunho de Jesus desde o batismo de Jesus até a Ascensão – descartam-se os irmãos de Jesus,
não foram discípulos da primeira hora (testemunha da vida e da ressurreição) e exclui-se também
todos os que posteriormente irão ter uma experiência de Jesus ressuscitado (Estevão, Paulo...)
Apesar disso, Paulo sempre se considerou um apóstolo, e além disso inclui uma mulher no grupo dos
apóstolos (cf. Rm 16, 7). Pedro ou Lucas, restringe a função de apóstolo a um tempo determinado da vida
de Jesus e ao primeiro momento de testemunho em Jerusalém.
A comunidade apresenta José Barrabás e Matias. “É Deus quem escolhe, a sua escolha é feita por meio
de tiragem da sorte, comum no Antigo Testamento. A sorte é sempre aleatória, e é dentro desse aleatório
que Deus age”24. Daí a “autoridade máxima na primeira comunidade ser reservada a Deus”.
Quem toma a última decisão é o próprio Deus, e para que isso aconteça, Ele conta com a participação
de Pedro (iniciativa) e da comunidade (apresentação de dois nomes). Assim a comunidade vai caminhando
a serviço de Deus.

3.1.c) Pentecostes : A efusão do Espírito (vv. 1-13)


“É o Espírito que constitui realmente o movimento de Jesus: a sua primeira comunidade em
Jerusalém e a missão a todos os povos... Toda reforma da Igreja começa sempre com
Pentecostes.” 25
“... exaltado pela direita de Deus, recebeu do Pai o Espírito Santo prometido e o derramou... (v.
33)
Nós temos dois tipos de relatos da narrativa de Pentecostes, vejam o quadro: 26

Relato dos versículos 1-4; 12-13 Relato dos versículos 5-11


- mais primitivo e tradicional; - mais evoluído e redacional;
- contém vento impetuoso, línguas de fogo; - é profético e missionário;
- as pessoas falam em outras línguas - as pessoas presentes falam em aramaico e
(glossolalia) cada um entende na sua língua nativa (vv.
- as pessoas são vistas como se estivessem 6. 8. 11);
bêbadas - dá a impressão de acontecer no Templo.
- acontece em uma casa.

Parece que Lucas “reuniu esses dois relatos, originários de duas tradições históricas, cada uma
delas com um sentido diferente” 27.
O Dom do Espírito Santo é dado não só para os doze apóstolos, mas para toda comunidade (120
pessoas), “num mesmo lugar”, ou em outras traduções, “com um mesmo propósito”.
A simbologia da vinda do Espírito Santo (furacão e fogo) mostra a “violência” do Espírito Santo,
necessária para transformar a comunidade, e também instruí-la no que era vontade de Deus: A
missão do testemunho, o anúncio da Boa Nova da Ressurreição e não a restauração da monarquia
davídica.
Os elementos da natureza: barulho, vento, fogo revelam a manifestação de Deus, sua ação. (Ex
19; 1 Rs 19, 11; Is 66, 15; Sl 50, 3) são dons de Deus (“do céu” ) com isso, podemos compreender
que o dinamismo da Palavra e da ação dos cristãos também provêm de Deus.
A simbologia do Espírito Santo se manifesta em línguas de fogo” é bem rica. Ela nos ajuda a
entender que a língua gera a fala e a linguagem nos leva a nos comunicar. Portanto, o Dom do

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Espírito não é para nós unicamente, nem podemos retê-lo, é para comunicarmos a outras pessoas
a Boa Notícia, que transforma vidas.
Pentecostes é o símbolo característico do movimento profético de Jesus: já não é o caso simples de
conversão pessoal (batismo de água de João Batista), e sim uma da transformação da comunidade
profética, missionária que dá testemunho do ressuscitado.
Lucas quer salientar a origem única do testemunho cristão, por isso, “reúne simbolicamente em
Jerusalém pessoas piedosas de todas as nações do mundo, que em Pentecostes irão receber o
testemunho profético da primeira comunidade apostólica. O Espírito é derramado em função de
todos os povos e culturas do mundo.” 28 “Isso quer dizer que o Evangelho não interessa apenas a
Palestina, terra de Jesus, mas ao mundo, a todos tempos e lugares.” 29
Há um relato de 12 povos e 3 regiões:
1º grupo) - pelos nativos, partos, medos e elamitas (povos do oriente, civilizações do passado).
2º grupo) - pelos habitantes da Judéia, Capadócia, Ponto, Frígia, Panfília e Egito.
- as 3 regiões: a Mesopotâmia, a Ásia e a Líbia.
3º grupo) – pelos estrangeiros – romanos (judeus ou prosélitos), cretenses (povo marítimo) e
árabes (povo do deserto).
“Lucas combina critérios culturais, geográficos e sociais, construindo assim, historicamente o
paradigma missionário do Espírito.”30
“Pentecostes ou “festa das semanas”, era uma festa celebrada 7 semanas depois da Páscoa,
quando terminava a colheita (Ex 34, 22; Nm 28, 26). Principalmente a partir do ano 70 d.C., depois
da queda de Jerusalém, os judeus tomaram essa festa como comemoração da aliança e do Dom da
Lei, que era sua conseqüência prática”.31
Quando Lucas fala da efusão do Espírito Santo em Pentecostes, ele quer dizer que a plenitude da
aliança, não é mais o Dom da Lei e sim o Dom do Espírito Santo, que nos faz entender a vontade
de Deus.
“Esta festa era comunitária, marcada pela partilha e pela solidariedade, sinal da presença de Deus
no meio do povo, com o tempo se tornou festa da Lei, celebrada no Templo, com a presença
intermediária do sacerdote. Só os judeus puros, aqueles que cumpriam todas as exigências da Lei
podiam participar”.32
“Uma cidade que, naquele tempo, tinha cerca de 60 mil habitantes chegava a receber mais de 125
mil peregrinos nas ocasiões das festas judaicas”.33
Lucas descreve esse retorno à casa, na Festa de Pentecostes, que passava a ser celebrada no
Templo. É na casa que o Espírito Santo se manifesta. No templo quem dominava era a Lei Judaica
que excluía a grande maioria do povo (mulheres, doentes, estrangeiros, pobres, não-judeus,...) A
casa é do povo, todos podem celebrar Pentecostes, e todos ficam repletos do Espírito Santo.
Em seguida, a comunidade abre as portas da casa e testemunha as maravilhas de Deus, indo ao
encontro dos irmãos, partilhando; sendo solidária com total abertura à Força Divina.

3.1.d) O discurso de Pedro (vv. 14-36)


“Lucas escreve muito tempo depois dos fatos, e sua visão é um tanto ideal e influenciada pelos
acontecimentos que ocorreram depois de 70 d.C.” 34
“Quando Pedro se levanta para falar, ele não faz sozinho, mas sim com os onze. Ele se apresenta como
chefe do Colégio Apostólico.” 35
O discurso tem duas partes, onde são utilizados textos bíblicos, pois a comunidade interpreta os fatos à
luz das Escrituras:36

1ª parte: (vv. 14-21)


– dirigiu-se “aos judeus e todos os que se encontram em Jerusalém (visitantes piedosos de todos os
povos presentes em Jerusalém).
– oferece uma resposta direta aos fatos extraordinários que aconteceram em Pentecostes
– Pedro cita Jl 3, 1-3 em um contexto apocalíptico, que não indica o dia do juízo final e sim o dia
inaugurado pela ressurreição de Jesus, que segue com a Ascensão e derramamento do Espírito em
Pentecostes.
– As transformações cósmicas dos vv. 19-20 (prodígios no céu, terra, trevas em luz, sangue...)
querem nos dizer a importância dos fatos que estavam acontecendo. Fundamental neste tempo é o
Espírito ser derramado sobre “toda a carne”. Assim todos se tornam profetas.
– “o único argumento para mostrar que eles não estão bêbados é a hora do dia. Os judeus faziam a
sua primeira refeição às 10 horas da manhã. Antes dessa refeição, parece que ninguém imagina na
cidade um grupo de embriagados”.

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– “no judaísmo um acontecimento se torna compreensível quando está na Bíblia”. Por isso, que
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Pedro lê acontecimentos através das Escrituras.


– A invocação do nome do Senhor (referência feita agora pelos gregos a Jesus e a Deus Pai) não
significava apenas repetir o nome, mas dar testemunho de Jesus ressuscitado com palavras e
ações. Era Jesus agindo através dos missionários.

2ª parte: (vv. 22-36)


- primeiro testemunho sobre Jesus.
- dirigi-se exclusivamente aos israelitas (da Galiléia e da Judéia).
- é um discurso Cristológico.
- a proclamação, o querigma, o anúncio feliz.
- v.22 vida pública de Jesus antes de sua morte; Jesus inocente; Deus estava com Ele; Jesus
profeta.
- v.23 morte de Jesus; Pedro acusa os dirigentes do povo judeu (chefes, anciãos, escribas, sumo
sacerdote) não estavam interessados na libertação e vida do povo.
- Vv. 24-32 ressurreição de Jesus. Pedro utiliza o Salmo 16, 8-11. Pedro dá testemunho da
ressurreição. Não basta apenas interpretar as Escrituras, é preciso comprometer com a própria vida
através do testemunho público.
- vv. 33-35: Jesus é exaltado (Ascensão). Recebe o Espírito Santo. Derrama o Esp. Santo a todos.
Interpretação com o Sl 110, 1. Referência aos acontecimentos de Pentecostes
- v. 36: Declaração de fé. Mistério de Jesus: Jesus/Salvador; Messias/Cristo; Senhor/Kyrios.

3.1.e) Conseqüências do discurso de Pedro


Que devemos fazer, irmãos?
Prestemos atenção, que o povo não mais se dirige aos chefes e anciãos de Israel, e sim, aos
apóstolos. (vv. 37-41).
Pedro diz: “Salvem-se dessa gente corrompida”.
O Cristianismo é um novo caminho , caminho de justiça, de compromisso com a liberdade e a vida.
Não só com a vida espiritual, mas também com a vida social, político-econômico. Jesus veio pra
nos dar “vida em abundância”.
O Batismo no Esp. Santo é o sinal desse compromisso com a liberdade e a vida nova. O Batismo no
Esp. Santo e no fogo gera em nós conversão dos pecados, perdão dos pecados e a acolhida do
Dom do Esp. Santo. O Esp. Santo nos ajudará a continuar as obras de Jesus, através da vida
partilhada nas comunidades. Esse batismo especificamente cristão significava a manifestação
pública da pertença à Igreja, provavelmente para identificar o povo cristão. O batismo era algo
comum entre os profetas daquele tempo. Não se sabe quando se tornou regular o batismo cristão.
“As palavras de Pedro contêm os elementos da iniciação cristã:
1º) a conversão: a primeira coisa a ser feita é voltar-se para Deus mediante uma profunda
conversão interior e abandonar o pecado com tudo o que a ele se relacione. Com este convite,
Pedro seguiu o ex. de Jesus... “convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1, 15).
2º) ser batizado em nome de Jesus Cristo: esse batismo confere o perdão dos pecados. Um rito de
purificação, mas dado em nome de Jesus Cristo ou recebido sob a invocação do nome do Senhor
Jesus, esse batismo é, ao mesmo tempo, uma investidura de consagração e, ainda mais, de
incorporação pela fé a Jesus morto e glorificado para comunicar aos homens a salvação em
plenitude (At 5,31; 8, 16; 10, 48; 19, 5; Rm 4, 25; 6, 3-4; Cl 2, 12-13; Ef 2, 4-7).
3º) receber o Dom do Esp. Santo: uma vez convertidos e batizados em nome de Jesus, os novos
fiéis recebem o Dom do Esp. Santo, ... a promessa do Espírito Santo se estende, aos judeus e aos
gentios de todas as partes e de todos os tempos.”38
“ o povo de Israel, guiado agora pelos apóstolos, deve seguir Jesus, receber seu Espírito e salvar-
se da geração perversa dos chefes, anciãos e sumos sacerdotes do Templo” 39.

3.1.f) A comunidade após Pentecostes (2, 42-47; 4, 32-35; 5, 12-16)


A base para esses três textos é o de At 2, 42-43 Lc se utiliza de sumários, um resumo que
generaliza fatos concretos, e representa uma situação global e permanente” 40
Para reconstruir a vida completa da comunidade cristã, Lucas tem que recorrer aos sumários. Os sumários
de 4, 32-35 e 5, 12-16 é uma ampliação de sumário-base 2, 42-47. Teremos então fatos que sempre
aconteciam nesta comunidade.
Os sinais (fatos) concretos e permanentes que a comunidade cristã de Jerusalém mostrava, eram:
1) a comunhão (2, 42. 44-45) se dava porque os cristãos colocavam a Palavra de Jesus, em prática,
realmente se amavam de maneira afetiva e efetivamente, através da partilha. Na dimensão subjetiva a

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comunhão se expressava: “tinham um só coração e uma só alma” (4, 32). Na dimensão objetiva: a)
tinham tudo em comum, pois vendiam suas propriedades e seus bens (2, 44-45); b) tudo era repartido
para cada um conforme as suas necessidades (2, 45 e 4, 35); c) não havia nenhum necessitado entre
eles (4, 34).
2) O testemunho do Evangelho de Jesus (2, 43): o motivo do testemunho e a pessoa de Jesus, o que
dava poder transformador do testemunho era o Espírito Santo. E o testemunho era conformado
através de sinais e prodígios.
“... se Cristo ressuscitou, a prática das comunidades então deve ser uma prática poderosa e libertadora,
com sinais e prodígios na construção do Reino de Deus aqui na terra”. 41

3) A fração do pão (2, 42.46): “ No início a Eucaristia (fração do pão) se celebrava como parte de uma
refeição comunitária (I Cor. 11, 25) era a comemoração da última ceia de Jesus com os discípulos” 42.
Era celebrada na casa (e não no templo), quem presidia era o chefe da comunidade do local. Na casa
nasce a Igreja doméstica ao redor da Eucaristia.
4) As orações no templo e fora do templo, nas casas (2, 42) o que caracterizava esta oração era o louvor
à Deus. Eram marcantes ao momentos de oração diante de situações importantes. A vida de oração,
levava à solidariedade, à aceitação da missão, do testemunho.
5) O ensinamento dos apóstolos: (2, 42-43)
O ensinamento dos apóstolos se baseia no Evangelho e orientava os cristãos como deveriam viver.

4) Conclusão:
Fizemos uma caminhada desde a ressurreição de Jesus, Sua exaltação, a vinda do Espírito Santo
prometido, e os efeitos que o Seu derramamento causou naquele povo que foi impregnado pela “ força
do alto”.
Nesses dois primeiros capítulos do Livro dos Atos dos apóstolos, vimos então, que o Espírito santo
conduz o povo de Deus e o congrega, e que, a graça da comunhão os fazem felizes.
Enfim, a plenitude de vida é dada aqueles que experimentam do Espírito de Deus.

RESUMO

 Livro dos Atos dos Apóstolos foi escrito entre os anos 80 e 90, em Antioquia da Síria e cobre parte do
período apostólico (anos 30 – 70), desde a Ressurreição de Jesus Cristo até o testemunho de Paulo em
Roma (anos 30 – 60).
 Lucas escreve o Livro num período em que a Igreja estava sendo organizada, esse período é chamado
de sub-apostólico (anos 70 – 135).
 A narração que encontramos em Atos, não é da história da Igreja, e sim de suas raízes, de sua
existência e dos problemas, conflitos e tensões... Atos é a etapa intermediária , entre a atividade de
Jesus, que termina em Jerusalém, e a vida das pequenas comunidades, que vão formando a Igreja
Católica.
 Após a ressurreição de Jesus, os seus seguidores, vão se espalhar pelas aldeias no interior da Galiléia,
em Jerusalém, Antioquia, Éfeso, Edessa, Egito, Roma...
 Perceberemos que os Atos dos Apóstolos não terminaram, “o testemunho de Jesus penetrará todos os
tempos e lugares”.
 Constataremos “a presença e a ação do Espírito em toda a narrativa da obra”
 Estrutura literária: O CAMINHO DO TESTEMUNHO ( 1, 1- 11) e O MOVIMENTO DE JESUS EM
JERUSALÉM (1,12-5,42) [anos 30-32]
 O CAMINHO DO TESTEMUNHO:
 Enquanto o “Evangelho apresenta o caminho de Jesus, Atos representa o caminho das
comunidades, da Igreja, e juntos, formam o caminho da salvação”.
 Lucas escreve para comunidades que estavam com tensões, elas eram compostas por judeus, e
não judeus, os “ prosélitos”. (pagãos que praticavam parcialmente a religião judaica).
 no Evangelho, a ressurreição representa o final da vida de Jesus; nos Atos ela é o começo da
missão.
 O “batismo no Espírito Santo” é colocado bem no início da missão pública dos apóstolos, assim
como o batismo no Jordão, de Jesus, antes da sua vida pública.

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 Reino para Jesus consistia numa nova atitude política e econômica, que transformaria todas as
relações sociais. O Reino de Jesus era o centro da palavra e da oração de Jesus.
 projeto de Jesus após sua morte e ressurreição, foi transformado no projeto do Espírito Santo, que
é realizado por testemunhas da Sua ressurreição, que irão divulgá-la de Jerusalém (autoridades de
Israel), Judéia (todo o povo), Samaria (pagãos) e toda a terra (Roma, centro).
 Lucas salienta que o impulso eficaz do testemunho cristão é a força do Espírito, ou seja, a força do
próprio Deus, agindo através da abertura e disponibilidade dos cristãos.
 Com a Ascensão Jesus não vai embora, não se ausenta da história, Ele é glorificado. Permanece na
comunidade (Mt 28, 20). Ela exprime uma maneira de ser de Jesus: gloriosa, glorificada. Portanto,
quando nos referimos à Parrusia, não é um retorno de Jesus que estava ausente e sim a
manifestação gloriosa de Jesus, sempre presente na comunidade. É a presença e não a ausência
de Jesus ressuscitado o que torna possível a Igreja.
 O MOVIMENTO DE JESUS EM JERUSALÉM:
 É o Espírito que constitui realmente o movimento de Jesus: a sua primeira comunidade em
Jerusalém e a missão a todos os povos.
 A simbologia da vinda do Espírito Santo (furacão e fogo) mostra a “violência” do Espírito Santo,
necessária para transformar a comunidade, e também instruí-la no que era vontade de Deus.
Os sinais (fatos) concretos e permanentes que a comunidade cristã de Jerusalém mostrava, eram: a
comunhão, O testemunho do Evangelho de Jesus, a fração do pão, as orações e o ensinamento dos
apóstolos.

ENSINO 2

A COMUNIDADE DE JERUSALÉM
(INTERPRETAÇÃO DOS CAPÍTULOS 3, 4 E 5)

1)Introdução
Neste Ensino faremos uma interpretação dos capítulos 3, 4 e 5 do Livro dos Atos dos Apóstolos.
Por enquanto, nos deparamos com o Movimento de Jesus em Jerusalém, ou seja, o testemunho dos
apóstolos não saiu de Jerusalém, os apóstolos ainda não cumpriram o mandato de Jesus de “ser
testemunhas até os confins da terra”. Vamos aprofundar nestes 3 próximos capítulos a Manifestação,
Consolidação e o Reconhecimento da Comunidade de Jerusalém.

2) A Manifestação da Comunidade de Jerusalém (At 3,1-4,31)


Neste relato, Lucas interpreta a vida da primeira comunidade Cristã, querendo propor como um modelo
para a Igreja do seu tempo e a do futuro.43

2.1) Cura de um aleijado (3, 1-10)

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Pedro e João vão ao Templo na hora do sacrifício da tarde (às três horas). O templo representa “o
centro das promessas e das esperanças do povo numa vida nova” 44. Há um encontro profundo entre o
coxo (aleijado) e Pedro e João. O coxo representa o povo de Israel: oprimido, pobre, incapaz de
iniciativa própria, esperando a bondade dos outros (mais ricos) para socorrê-lo. Israel se tornou
“aleijado” devido à lei e ao templo. Ficou dependente dos outros (estrangeiros, dominadores) para
guiá-lo, conduzi-lo até mesmo ao Templo.
Os apóstolos representam ou simbolizam a Igreja. Há um profundo encontro entre a Igreja e o
povo. Pedro pede que o aleijado o olhe e lhe estende a mão para se levantar após a ordem. Ao
apóstolos não tem ouro nem prata, mas tem a força do Espírito Santo.
O povo não está precisando do dinheiro (ouro e prata) e sim de “uma força” que o liberte e o faça
caminhar por si. “A comunidade superou a era da esmola, da bondade social, e começou a era do
gesto solidário, que promove a justiça.” 45
A comunidade representada nas pessoas dos apóstolos, age não a partir do dinheiro e sim pela
ação solidária (deram-se as mãos) na força do ressuscitado. O centro do texto é o poder de Jesus,
agindo através da comunidade: “Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levante-se e comece a andar...
Aí está o sentido do sinal: Jesus restituiu ao homem a sua capacidade de firmar-se sobre suas próprias
pernas e caminhar livremente. É a realização do projeto de Deus: liberdade para viver” 46
O sinal da cura tem como destinatário o povo, que reconhece em Jesus aquele que o pode libertar
e conduzir à vida, a partir do momento que ele (o povo) O escolhe.

2.2) Anúncio da Ressurreição de Jesus (3, 11-26)


O homem curado não largava a Pedro, isto é, entra para a comunidade.
Pedro inicia seu discurso desfazendo o mal entendido: o povo pensava que Pedro tinha poderes
miraculosos. Pedro fala em nome do “Deus do Êxodo”, que libertou seu povo da escravidão para a
terra da vida (Ex 3, 6-15). Explica que é esse mesmo Deus que agiu em Jesus, ressuscitando-o e
glorificando-o, quem curou o aleijado, por meio da fé da comunidade ( Pedro e João). Comunidade
que comprometeu-se com a Palavra e com a ação de Jesus. “ Deus não age sem fé. Não foi pedida
a fé do aleijado. Aí, fica bem claro a função da comunidade: agir em nome de Jesus, provocando a
libertação do povo para a vida. A conversão do povo vem num segundo momento como escolha livre
e responsável.”47 Pedro se apropria do templo como se fosse um Mestre dali.
Ele faz uma acusação falando do povo que preferiu a um homem que mata, a um que dá a vida.
Porém Deus ressuscitou a Jesus.
“Lucas isenta Pilatos não para fazer as pazes com o Império Romano, mas para dar um sentido à
morte de Jesus no contexto histórico do povo de Israel” 48
A segunda parte do discurso de Pedro (17-26) mostra a necessidade da concisão. Pedro fala muito
dos profetas, que falavam do Messias e com a sua ressurreição instaura “tempos de consolação”
(Kairoi anapsyxios) e “tempo de restauração” (chronoi apokastáseos) de todas as coisas (vv. 20-21). 49
Daí a necessidade de arrependimento e conversão dos pecados, para o consolo e a restauração
acontecer. “ Enquanto o povo não se converte, o céu retém Jesus” 50 É o pecado do povo que impede a
plena realização da Ressurreição (Restauração e Consolação). Enquanto o povo não aceitar a
Ressurreição e glorificação de Jesus, se entregando a Ele, assumindo o seu projeto em sua vida a
Restauração não acontecerá na vida do povo. Essa seria a resposta mais coerente que o povo poderia
dar diante de Jesus que morreu para Salvar e dar uma nova vida ao povo.
O apelo é feito inicialmente a Israel (3, 26), mas o problema não é só de Israel, mas de todos que
rejeitaram aquilo que mais aspiram na vida que é a plenitude e a liberdade de vida.
Nesse capítulo, Lucas quer nos mostrar como deve ser a dinâmica da vida da comunidade cristã.
Primeiro vem a prática, aqui a cena do aleijado, depois a teoria, aqui o anúncio da libertação e cura,
que vai explicar o sentido da cura e vai chamar o povo à mudança de vida.
Em terceiro lugar, mostra que a Evangelização deve penetrar as tradições culturais (Jesus é a
resposta às aspirações e esperança dos povos).

2.3) Repressão por parte das autoridades do Templo (4, 1-22):

2.3.a) Reação das autoridades do Templo ao testemunho de Pedro (4, 1-22)


2.3.b) Terceiro testemunho de Pedro (4, 8-12)
2.3.c) Reações das autoridades ao testemunho (4, 13-18)
2.3.d) Quarto testemunho de Pedro (4, 19-22)

2.3.a) Reação das autoridades ao testemunho de Pedro:

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As autoridades do Templo: os sacerdotes, o chefe da guarda do Templo e os saduceus
As autoridades se acharam autênticos mestres em Israel e não deixaram que outros ensinassem o
povo. E o Templo era a sede dos poderes, ou seja, das autoridades que crucificaram Jesus. “O poder
econômico era representado pelo chefe dos sacerdotes e pelos anciãos, grandes proprietários de terras,
que ainda se enriqueciam com a exploração do povo no Templo; o poder político para questões judiciais e
governo interno dos judeus, era detido pelo mesmo grupo; e o poder ideológico-religioso era representado
pelo grupo anterior, pelos doutores da Lei ou escribas, que eram especialistas em assuntos religiosos e
jurídicos. O poder político era representado pelos saduceus, todos juntos formavam o Tribunal Supremo, o
Sinédrio, que havia condenado Jesus à morte. Estas autoridades mantinham o povo de Israel na condição
de “coxo”, “aleijado”, sem poder caminhar por si mesmo, necessitando sempre da bondade social, ou seja,
de alguém que o conduzisse”51.
Os saduceus não acreditaram na ressurreição. O testemunho da ressurreição não tinha somente
uma conotação teológica, mas procurava reconstruir a esperança do povo, em Alguém que tinha poder
para transformar a realidade do povo. Esse caráter reconstrutor da esperança do povo, ameaçava as
autoridades do Templo; as pessoas ouviram a Palavra e acreditaram e seguiam a Pedro como Mestre, o
número dos cristãos chegava a 5.000 (12, 120, 3.000 e agora 5.000)

2.3.b) Testemunho de Pedro:


Pedro e João são interrogados diante das mais altas autoridades do Templo. O problema em
questão é o “poder”: “com que poder, ou em nome de quem vocês fizeram isso?” (4, 7). A mesma
pergunta foi feita a Jesus no Templo em Lc 20, 1-2.
Era perigoso para as autoridades o aleijado ter sido liberto, poder andar com suas próprias pernas.
Pois as autoridades se aproveitavam dele, do aleijado, como símbolo do povo. Liberto, andando por si não
poderia mais ser explorado pelas autoridades.
Pedro não justifica o poder de Jesus, mas acusa as autoridades e mostra para o povo que eles
(Pedro e João) estão sendo julgados por terem feito o bem, e que as autoridades não estão interessadas
no bem do povo.
“Deus aprovou aquele que as autoridades humanas achavam mau” 52. O povo também ficou do lado
do coxo e dos apóstolos. As autoridades ficaram sozinhas, sem o povo e sem Deus.
Interessante, que Pedro não pede que as autoridades se convertam. Elas rejeitaram a Jesus que é
a pedra principal, a mais importante para a construção da sociedade. Elas não estavam visando o bem do
povo e sim os interesses de uma religião que não promovia a libertação e a vida do povo. Para que servem
as autoridades senão para promover o bem estar do povo.

2.3.c) Reação das autoridades diante do testemunho e da acusação de Pedro (4, 13-18)
As autoridades estão derrotadas diante do povo. Expressões do Sinédrio: admiração da coragem
(Parresia) de Pedro e João; reconhecimento, pois não sabiam que Pedro e João eram discípulos de Jesus, e
viam o homem curado “em pé” do lado deles; não podiam dizer nada, não podiam replicar, não podiam
negar a cura. A ameaça vai ser a única alternativa que o Sinédrio derrotado encontra para responder às
acusações e ao testemunho dos apóstolos. Essa situação tem semelhança com o relato de Jo 11, 45-54.

2.3.d) Novo testemunho de Pedro (4º) (4, 19-22)


Pedro e João cheios de coragem não temem as ameaças do Sinédrio, e questionam a intimidação
feita por ele.
O povo representado no coxo, é um povo adulto, 32 anos, aprova aquilo que os apóstolos
testemunharam. As autoridades temem o povo, e os apóstolos são gente do meio do povo.

2.4) Reunião da comunidade (4, 23-31), caracterização por versículo:


V 23 – Reunião e análise
V 24 – Oração (que continua durante toda a reunião)
V 25 – 26 – Leitura da Palavra de Deus (Sl 2, 1-2)
V 27 – 28 – Comentário da Palavra em oração pela comunidade
V 29 – 30 – Oração de petição (pregar com poder e coragem)
V 31 a – Experiência comunitária do Espírito Santo (terremoto)
V 31 b – Ação ( pregaram a Palavra com coragem)
A comunidade, na pessoa de Pedro e João, está sendo perseguida, ameaçada. Se reúne nas casas
para através da Palavra (Sl 2) escutarem a Deus.
“Temos aqui, provavelmente, o mais antigo testemunho relativo a uma reunião litúrgica da
comunidade cristã”.53

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“... É uma reunião de uma comunidade muito mais missionária e carismática, do que, de uma
comunidade estabelecida, como é o caso, da que encontramos em 2,42. A idéia central neste caso, é a
pregação da Palavra, e não tanto a didaché, a Koinonía e a Eucaristia nas casas... Não se trata da
comunidade dos 5mil fiéis, e sim do encontro de uma comunidade itinerante e evangelizadora, que se
reúne em meio às perseguições”54.
O importante também nesta comunidade, é a partilha, a unanimidade (v 24), o que acontece
também na comunidade de At 1, 14; 2, 46 e 5, 12. Pedro e João partilham o que passaram, rezam juntos
e interpretam a Palavra de Deus à luz dos acontecimentos. Em comunhão, experimentam da manifestação
do Espírito, semelhança com Pentecostes, agora é um terremoto, e “todos ficam cheios do Espírito Santo”
(v 31). Agora Pentecostes também está sendo vivido e depois será vivo na casa de Cornelio (10, 44-46) “ o
terremoto era utilizado na literatura apocalíptica para expressar a presença divina e sua força
transformadora da história. Podemos afirmar que a oração da comunidade fez ‘tremer’ a cidade de
Jerusalém e o templo”55. Na oração, a comunidade não pediu para cessar a perseguição ou o momento de
provação. Ela pede para que se pregue com coragem (“Parresiá, termo técnico que designa a atitude
daquele que prega e dá testemunho sem medo”)56.

3) Consolidação da comunidade (4, 32-5,16)


Diante da perseguição e da necessidade de prosseguir o testemunho com coragem era necessário a
consolidação da comunidade.
3.1) Sumário da vida em comum (4, 32-35)
3.2)Relato a respeito de Barnabé (4, 36-37)
3.3) Relato a respeito de Ananias e Safira (5, 1-11)
3.3.a) Ação conjunta de Ananias e Safira (vv. 1-2)
3.3.b) Pedro enfrenta Ananias (vv. 3-6)
3.3.c) Pedro enfrenta Safira (vv. 7-10)
3.3.d) Explicação dos Relatos de Barnabé, Ananias e Safira
3.4)Sumário da vida em comum (5, 12-16)

3.1) Sumário da vida em comum


Os sumários de At 4, 32-35 e o de At5, 12-16, dizem respeito às comunidades, ou à vida em comum.
Lucas, como já dissemos, utiliza muito do recurso literário de sumário, que serve para se “generalizar fatos
concretos e permanentes...” Lucas usa desse recurso para reconstruir “a vida completa, quotidiana e
permanente da comunidade de Jerusalém dos primeiros anos” 57.
Lucas narra fatos particulares e também se utiliza dos sumários de fatos repetidos.
Os sumários de At 4, 32-35 e At 5,12-16 possuem como texto básico o de At 2, 42-43. O de At 5,
42 é um resumo conclusivo.
O sumário At 4, 32-35vem como continuidade do de At 2, 42-47 e amplia este último: “o versículo
4, 32 amplia 2, 44: afirma-se a Koinonía com a unidade subjetiva de alma e coração, bem como a unidade
objetiva representada pela prática de manter tudo materialmente em comum. Os vv. 34-35 do capítulo 4
ampliam 2, 45: vendiam-se os bens, e o dinheiro era repartido segundo a necessidade de cada um. No
primeiro sumário (At 2, 42s) o que é vendido são as propriedades e os bens em geral; agora de modo mais
concreto, fala-se em venda de campos ou casas. Não se trata somente de gente rica que se desprende de
seus bens, mas de discípulos que deixam tudo aquilo que os amarra a um lugar (terra e casa).
Há duas novidades importantes em 4, 34-35: ‘não havia entre eles nenhum necessitado’, e o preço
da venda “era colocado aos pés dos apóstolos”. Essas duas expressões revelam uma comunidade com uma
organização interna mais desenvolvida. Já não se trata simplesmente da satisfação das necessidades, mas
das eliminações da pobreza na comunidade.58
Diante dessa realidade, os apóstolos começam a exercer a função de administradores da
comunidade.
A principal característica desse sumário é a unanimidade, ou seja, a comunidade busca ter uma só
coração e uma só alma, todos tem o mesmo ânimo, a mesma vontade de viver o projeto de Jesus
ressuscitado, e este mesmo ânimo gera a partilha, porque através da partilha o projeto de Jesus se
concretiza. O que gera, ter o mesmo ânimo, é saber e experimentar que Jesus vive e os acompanha. E
para seguir a Jesus é necessária a partilha.

3.2) O relato de Barnabé (4, 36-37)


“Seu nome é José, mas os apóstolos o chamam de Barnabé, que significa ‘filho da consolação ou
exortação’59. O apelido quer identificar a função do apóstolo. “Barnabé é levita e originário de Chipre. Isso
quer dizer que se trata de um judeu da diáspora, levita por profissão (um sacerdócio de segunda ordem,
da Tribo de Levi, homem consagrado a Javé)”60. Barnabé havia comprado um terreno em Jerusalém, o que

15
16
era de costume entre muitos judeus da diáspora; com um terreno em Jerusalém eles ficavam mais ligados
à terra santa.
Barnabé era um homem muito atuante nas comunidades cristãs, poderíamos até escrever os “Atos
de Barnabé”: “apresentação de Saulo aos apóstolos, em 9, 27: é o enviado da Igreja de Jerusalém a
Antioquia em 11, 22-30; Barnabé e Saulo levam uma coleta a Jerusalém e retornam a Antioquia, em
11,30e 12,25; Barnabé e Saulo são escolhidos pelo Espírito para a missão da Igreja de Antioquia, em 13-
14; Paulo e Barnabé são enviados pela Igreja de Antioquia à assembléia de Jerusalém, em 15. 61
Quando Barnabé entrega o dinheiro da venda do campo aos apóstolos, isso não quer mostrar
somente desprendimento de Barnabé, mas também rompimento com a institucionalidade judaica de
templo e da Lei, e entrada em uma vida nova na comunidade cristã.

3.3) Relato a respeito de Ananias e Safira (5, 1-11)


“... A venda de bens não era obrigatória, como também não o era a entrega de todo o dinheiro aos
apóstolos”.62 Pedro deixa bem claro, ninguém era obrigado a repartir.
O primeiro grande problema que a comunidade enfrentou foi a mentira, Ananias mentiu para a
comunidade e ao Espírito Santo. Safira também tentou (pôr à prova) o Espírito Santo.
Temos um ensinamento importante neste relato de mentira de Ananias e Safira: “Ou se vive
segundo o Espírito Santo de Deus e de Jesus, ou não se vive. Não há meio-termo”. 63
Vemos aqui diante dos 2 relatos que Lucas quer nos mostrar o conflito entre os helenistas
(Barnabé) e os hebreus (Ananias e Safira). Barnabé rompe com a institucionalidade judaica, Ananias e
Safira, ficam divididos querem participar da comunidade cristã e manter sua posição tradicional no interior
da sociedade judaica, não querem romper com o sistema, que a comunidade decidira romper.
No final, no v11, aparece pela primeira vez nos Atos, a palavra “Igreja”, Lucas quer identificar a
comunidade cristã como uma assembléia diferente da do templo judaico, ele a chama de Igreja. Porém a
comunidade-igreja se reúne no templo, utilizando apenas o espaço do “pórtico de Salomão”.
A morte de Ananias e Safira foi muito violenta. “Neste texto, não há julgamento nem condenação à
morte por parte de Pedro”64.
Satanás simboliza o poder do pecado; ele induz Ananias a querer garantir uma situação
econômica-religiosa contrária à comunidade, contrária ao Espírito Santo. “A força do pecado atua
especialmente no âmbito econômico-religioso, levando à morte” 65 Quem matou Ananias foi o poder
satânico do dinheiro e a ambição econômico-religiosa.
O pecado que mata Safira é diferente do de Ananias. O seu pecado não é de natureza econômica
como o de Ananias e sim da forma de viver o seu matrimônio patriarcal, que a submete às intenções de
seu marido.”66 O seu pecado foi participar, concordar com um matrimônio que não lhe permitia resistir à
opção de morte feita pelo seu esposo. “ O matrimônio conforme o Espírito do Senhor, proíbe o esposo de
exercer poder sobre a esposa e permite-lhe ser independente das opções de pecado e morte do esposo” 67.
Com o matrimônio de Ananias e Safira, Lucas, simboliza a “velha comunidade patriarcal da Lei e do
templo, com a qual a nova comunidade de Jesus rompeu” 68.
Os jovens que enterram Ananias e Safira, representam a comunidade do futuro, são eles que
garantem a consolidação da comunidade cristã com o sepultamento do velho projeto do casal.

3.4) Sumário da vida comum (5, 12-16)


Esse é o 3º retrato da comunidade. O que há de novo, é a presença da comunidade diante da
sociedade judaica.
Apesar dos cristãos serem admirados, muitos ficam de fora, com medo de entrarem para a
comunidade, medo da represália do templo.
A comunidade vai transformando a sociedade através de sinais e prodígios. Ela liberta o povo de
tudo o que o oprime, de todas as doenças que o paralisa e o deixa sem vida.

4) Reconhecimento da comunidade (5, 17-41)


As autoridades estão com medo, porque a presença da comunidade de Jerusalém é muito forte no
meio do povo. O medo existe porque o povo está saindo do controle das autoridades.

4.1) Prisão dos apóstolos e libertação (5, 17-21 a)


4.2) Convocação do Sinédrio e testemunho dos apóstolos (5, 21b-33)
4.3) Intervenção de Gamaliel e acordo no Sinédrio (5, 34-39)
4.4) Repressão dos apóstolos e libertação (5, 40-41)
4.5) Sumário de conclusão

16
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4.1) Prisão e libertação (5, 17-21 a)
Temos aqui a 2ª perseguição aos apóstolos. Agora além de Pedro e João (1ª perseguição), todos
os apóstolos sofrem o ataque do sumo sacerdote (nobreza sacerdotal) e do partido dos saduceus
(poder político-religioso). “Em Atos temos 3 relatos de cárcere: neste texto (relativo aos apóstolos) e
nos capítulos 12 (relativo a Pedro) e 16 (relativo a Paulo).
Os apóstolos são soltos pelo anjo, e voltam a ensinar no templo, sede do poder. Anunciam a
libertação do povo bem no centro do poder que explora o povo.

4.2) Convocação do Sinédrio (ou Senado) e testemunho dos apóstolos (5, 21 b-33)
Os apóstolos desobedeceram as autoridades e estão ensinando no templo, espalhando a doutrina
de Jesus.
Quando Pedro coloca a situação da obediência, quer mostrar que as autoridades não estavam
fazendo a vontade de Deus. Pois, se obedecessem a Deus estariam desobedecendo as autoridades. Na
acusação deles terem matado Jesus, fica ainda mais claro, a falta de interesse das autoridades pelo
bem estar do povo, pois eles haviam matado aquele que trazia a libertação do povo. Os apóstolos
declaram as suas rejeições às autoridades.

4.3) Intervenção de Gamaliel (5, 34-39)


“Gamaliel, é do partido dos fariseus, contrário ao dos saduceus, os quais haviam convocado o
Sinédrio para condenar os apóstolos. Os saduceus detinham o controle do Sinédrio e do poder político-
religioso em Israel. Historicamente foram eles e não os fariseus ou o povo, os responsáveis pela
crucificação de Jesus. Os fariseus constituíam um grupo muito mais popular com maior influência nas
sinagogas e nos povoados. Gamaliel era membro do Sinédrio, doutor da Lei (nomodidáskalos),
estimado por todo o povo. Era neto de Hillel, outro grande mestre, conhecido pela sua interpretação
flexível da Lei. Gamaliel atuou como mestre entre os anos de 25 e 50.
Gamaliel cita Judas e Teudas. O movimento revolucionário de Judas, o Galileu, se deu a partir do
ano 6 d.C. Gamaliel parece acreditar que os apóstolos estariam agindo em nome de Deus.
A defesa de Gamaliel vai permitir que os apóstolos prossigam ensinando.

4.4) Repressão dos apóstolos e libertação (5, 40-41)


Os saduceus aceitam o conselho de Gamaliel, mas não aceitaram que a desobediência dos
apóstolos ficasse impune.
Mais uma vez as autoridades se utilizam da repressão e da intimidação, frente às ameaças.

4.5) Sumário conclusivo (5, 42)


Ensinar no templo e nas casas, quer dizer no centro da sociedade e na periferia.
“O que vem de Deus a favor do povo é invencível”69
Concluímos com a primeira parte do Livro dos Atos, porém com a intervenção de Gamaliel os
apoiando, os apóstolos não saíram ainda de Jerusalém. Não cumprindo ainda o mandato de Jesus
de serem suas testemunhas até os confins da terra. Deram testemunho apenas em Jerusalém,
porém serão outros que levarão a Palavra de Deus para fora de Jerusalém.

6) Conclusão:
Nestes três capítulos, dos Atos dos apóstolos, temos um ensino verdadeiro a respeito daquilo que
é viver em comunidade.
Muitos dos conflitos que vivemos hoje, estão aqui apresentados, e deles podemos tirar muito
aprendizado.
O que fica claro, é que, onde está o Espírito de Deus, a comunidade começa a caminhar e a
crescer, e quando o Espírito de Deus está entristecido, há uma parada no crescimento da
comunidade. Podemos, diante disso, tirar um bom ensinamento: não devemos sufocar o Espirito de
Deus, pois senão, não deixaremos a comunidade crescer.
Mesmo diante das dúvidas, do não saber como caminhar, é necessário que o Espírito Santo
nos conduza, é Ele quem mostra o caminho – Jesus.

RESUMO

 O testemunho dos apóstolos não saiu de Jerusalém, os apóstolos ainda não cumpriram o mandato
de Jesus de “ser testemunhas até os confins da terra. Nestes capítulos vamos aprofundar nestes 3

17
18
próximos capítulos a Manifestação, Consolidação e o Reconhecimento da Comunidade de
Jerusalém.
 Há um encontro profundo entre o coxo (aleijado) e Pedro e João. O coxo representa o povo de Israel:
oprimido, pobre, incapaz de iniciativa própria, esperando a bondade dos outros (mais ricos) para
socorrê-lo. Israel se tornou “aleijado” devido à lei e ao templo. Ficou dependente dos outros
(estrangeiros, dominadores) para guiá-lo, conduzi-lo até mesmo ao Templo.
 Os apóstolos representam ou simbolizam a Igreja. Há um profundo encontro entre a Igreja e o povo.
Pedro pede que o aleijado o olhe e lhe estende a mão para se levantar após a ordem. Ao apóstolos não
tem ouro nem prata, mas tem a força do Espírito Santo.
 A comunidade representada nas pessoas dos apóstolos, age não a partir do dinheiro e sim pela ação
solidária (deram-se as mãos) na força do ressuscitado. O centro do texto é o poder de Jesus, agindo
através da comunidade: “Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levante-se e comece a andar...
 O homem curado não largava a Pedro, isto é, entra para a comunidade.
 A função da comunidade: agir em nome de Jesus, provocando a libertação do povo para a vida.
 Primeiro vem a prática, aqui a cena do aleijado, depois a teoria, aqui o anúncio da libertação e cura,
que vai explicar o sentido da cura e vai chamar o povo à mudança de vida. Em terceiro lugar, mostra
que a Evangelização deve penetrar as tradições culturais
 Pedro e João são interrogados diante das mais altas autoridades do Templo. O problema em questão é
o “poder”: “com que poder, ou em nome de quem vocês fizeram isso?” (4, 7). A mesma pergunta foi
feita a Jesus no Templo em Lc 20, 1-2.
 Era perigoso para as autoridades o aleijado ter sido liberto, poder andar com suas próprias pernas. Pois
as autoridades se aproveitavam dele, do aleijado, como símbolo do povo. Liberto, andando por si não
poderia mais ser explorado pelas autoridades.
 Pedro e João cheios de coragem não temem as ameaças de Sinédrio, e questionam a intimidação feita
por ele.
 O povo representado no coxo, é um povo adulto, 32 anos, aprova aquilo que os apóstolos
testemunharam. As autoridades temem o povo, e os apóstolos são gente do meio do povo.
 Diante da perseguição e da necessidade de prosseguir o testemunho com coragem era necessário a
consolidação da comunidade.
 Não havia entre eles nenhum necessitado, e o preço da venda era colocado aos pés dos apóstolos.
Essas duas expressões revelam uma comunidade com uma organização interna mais desenvolvida. Já
não se trata simplesmente da satisfação das necessidades, mas das eliminações da pobreza na
comunidade.
 A comunidade busca ter uma só coração e uma só alma, todos tem o mesmo ânimo, a mesma vontade
de viver o projeto de Jesus ressuscitado, e este mesmo ânimo gera a partilha, porque através da
partilha o projeto de Jesus se concretiza. O que gera, ter o mesmo ânimo, é saber e experimentar que
Jesus vive e os acompanha. E para seguir a Jesus é necessária a partilha.
 As autoridades estão com medo, porque a presença da comunidade Jerusalém é muito forte no meio
do povo. O medo existe porque o povo está saindo do controle das autoridades. Os apóstolos
desobedeceram as autoridades e estão ensinando no templo, espalhando a doutrina de Jesus.
 A defesa de Gamaliel vai permitir que os apóstolos prossigam ensinando. Os saduceus aceitam o
conselho de Gamaliel, mas não aceitaram que a desobediência dos apóstolos ficasse impune. Mais uma
vez as autoridades se utilizam da repressão e da intimidação, frente às ameaças.
Com a intervenção de Gamaliel os apoiando, os apóstolos não saíram ainda de Jerusalém. Não
cumprindo ainda o mandato de Jesus de serem suas testemunhas até os confins da terra. Deram
testemunho apenas em Jerusalém, porém serão outros que levarão a Palavra de Deus para fora de
Jerusalém.

18
19

ENSINO 3

PENTECOSTES

1) Introdução

“Sem dúvida que o Espírito Santo já agia no mundo, antes ainda que Cristo fosse glorificado.
Contudo, foi no dia de Pentecostes que ele desceu sobre os discípulos, para permanecer com eles

19
20
eternamente (Jo 14,16); e a Igreja apareceu publicamente diante da multidão e teve o seu início a difusão
do Evangelho entre os pagãos, através da pregação.”70
Por meio do Batismo no Espirito Santo as mais ricas bênçãos são concedidas aos cristãos. Vamos
iniciar este Ensino, pedindo e se abrindo a Jesus, para que Ele realize em nós o mesmo que fez em seus
apóstolos, ou seja, que derrame em nós o Dom do Espírito Santo, força de Deus, para sermos testemunhas
em todas as partes, até os confins da terra (At 1,8).
O derramamento do Espirito Santo era uma promessa, feita por intermédio dos profetas Prov.
1,23; Isaías 44,3; Joel 2,28,29, que deveria cumprir-se nos últimos dias. Historicamente, esta promessa
cumpriu-se no dia de Pentecostes: At 2,17.18.33; Tt 3,6; Ml 4,18; At 2,17; Zc 12,10; Ap 22,17.

2) O derramamento do Espírito de Deus antes de Pentecostes

Até o momento de Pentecostes o Espirito era derramado, não sobre toda a carne, mas sobre
alguns crentes, com propósitos específicos. Havia, por exemplo, a unção de rei (Jz 9,8.15; I Sm 9,16;
10,1.17.; 16,3.12.13) que tinha por finalidade transmitir autoridade divina para governar (Sl 45,7). Havia a
unção de sacerdote (Ex 29, 7) cuja finalidade era consagrar o sacerdote para o ministério. Havia a
unção de profeta (Is 61,1; Ez 16,9) que transmitia o cargo profético àquele que era ungido ( Lc 4,18).
Por semelhança Jesus Cristo recebeu a unção real e sacerdotal (Lc 4,18; At 4,27). Ele também
recebeu a unção de alegria, isto é, de exaltação ( Hb 1,9). Antes de Pentecostes, os apóstolos receberam a
unção do conhecimento (Jo 20,22; Lc 24,45; Pv 32,8).
Em Pentecostes Deus enviou a unção do Espirito sobre toda a carne para a formação do seu
corpo, a Igreja, composta de judeus e gentios (II Cor 1,21-22; Rm 5,5).
A partir de Pentecostes o Espirito não é mais derramado individualmente sobre o crente, mas o
crente é que é batizado (derramado) no corpo de Cristo, sobre o qual o Espirito já foi derramado, e uma
vez introduzido no corpo de Cristo, beneficia-se desta unção.
Antes de Pentecostes o Espirito era derramado muitas vezes. Lemos no Antigo Testamento que o
Espirito Santo vinha sobre os homens muitas vezes porque não permanecia permanentemente com eles
( Nm 24, 2; Jz 15, 14; I Sm 10, 10; 11, 6; II Sm 19,20-23; I Cr 12, 18; II Cr15,1 ; II Cr 20,14; II Cr 24,
20).
No Antigo Testamento encontramos três exemplos que ilustram a permanência temporária do
Espirito Santo com os homens. Diz a Bíblia que o Espirito Santo, que fôra derramado sobre o rei Saul, havia
se retirado dele (I Sm 18,12). O mesmo ocorreu com Sansão (Jz 16, 20). O mesmo fato quase se efetuou
com o rei Davi. Entretanto como ele se arrependeu, o Espirito Santo continuou presente em sua vida ( Sl
51, 11). Quase tudo na dispensação da lei era provisório, porque apontava para o ministério do Espirito
que viria e que é permanente (II Cor 3, 10-11). Quando alguém pecava, o Espirito Santo se afastava. Hoje,
no entanto, quando um cristão comete pecado, o Espirito não se retira dele. O Espirito pode entristecer-se
ou ter sua obra sufocada ( Ef 4, 30 ; I Ts 5, 19), mas Ele jamais se afasta do crente (Mt 28, 20; Jo 14, 16-
17; I Jo 2, 27).

3) Pentecostes:
3.1) Histórico
Cinqüenta dias após a celebração da Páscoa, época de colheita da cevada, vinha a colheita do trigo,
quando era comemorada a Festa de Pentecostes, ou a Festa das Semanas:

3.1.a) Data:
O método para a contagem dos cinqüenta dias a partir da Páscoa variava de uma pessoa para
outra, e a esse respeito havia uma séria divergência entre fariseus e saduceus. Muitos iniciavam a
contagem a partir do último dia da Páscoa.
3.1.b) A razão:
Como os Israelitas eram uma sociedade basicamente agrícola, tinham sempre muita alegria em
relação à colheita dos cereais. Essa prática vinha desde os tempos de Moisés (Ex. 34,22).
3.1.c) A Comemoração:
O texto da lei, no Velho Testamento, especificava os diversos componentes das ofertas a serem
feitas por ocasião dessa festa (Lv. 23,15-22):
1. Uma oferta de cereais de manhã e outra á tarde;
2. Uma oferta de animais que constava de sete cordeiros, um novilho e dois carneiros;
3. Dois pães feitos com fermento;
4. Um bode como oferta pelo pecado e
5. Dois cordeiros como oferta pacífica.

20
21
Após o exílio, os judeus passaram a observar essa festa no templo, em Jerusalém, tornando-se a
Segunda das três festas anuais (peregrinação) em que o povo afluía para essa cidade (a Páscoa, Pesah; o
Pentecostes, Shavuot; as Tendas, Sukkot.). Essa era uma ocasião festiva em que, além das cerimônias
religiosas, havia muita comida, bebida e música.
3.1.d) Seus Sentido no Cristianismo:
“O tempo da Igreja teve início com a “vinda”, isto é, com a descida do Espírito Santo sobre os
Apóstolos, reunidos no Cenáculo de Jerusalém, juntamente com Maria, a Mãe do Senhor. O tempo
da Igreja teve início no momento em que as promessas e os anúncios, que tão explicitamente se
referiam ao Consolador, ao Espírito da verdade, começaram a verificar-se sobre os Apóstolos, com
poder e com toda a evidência, determinando assim o nascimento da Igreja. Disto falam em muitas
passagens e amplamente os Atos dos Apóstolos , dos quais nos resulta que segundo a consciência
da primitiva comunidade -- da qual Lucas refere as certezas -- o Espírito Santo assumiu a
orientação invisível -- mas de um modo “perceptível” – daqueles que, depois da partida do Senhor
Jesus, sentiam profundamente o terem ficado órfãos. Com a vinda do Espírito, eles sentiram-se
capazes de cumprir a missão que lhes fora confiada. Sentiram-se cheios de fortaleza. Foi isto
precisamente que o Espírito Santo operou neles; e é isto que ele continua a operar na Igreja,
mediante os seus sucessores ... “71

3.2) O “Tempo da Igreja”


“Pois em um só Espírito fomos todos nós batizados em um só corpo, quer judeus, quer gregos, quer
escravos quer livres ; e a todos nós foi dado beber de um só Espírito ” ( I Cor 12,13; Ef 4, 4-6).
“Nos Atos, a ascensão – ou, para falar como o próprio Lucas, a “elevação” de Jesus ao céu – apresenta-se
como o ponto de transição entre o “tempo de Jesus” e o “tempo da Igreja”. Isso se evidência
imediatamente, já nos primeiros versículos do Livro: “ No primeiro livro, ó Teófilo, apresentei tudo quanto
Jesus fez e ensinou, desde o princípio até ao dia em que (. . .) de suas instruções aos apóstolos que havia
escolhido, e foi elevado ao céu” (1,1s)
Essa introdução desempenha, pois, duplo papel. De um lado, expõe, em seus pontos extremos, a
fase que termina, o que fará de novo, de modo ainda mais preciso, (1,21s), ao falar de “todo o tempo em
que o Senhor Jesus viveu no meio de nós, a começar pelo batismo de João até o dia em que nos foi
arrebatado” (10,37) também fará começar o “tempo de Jesus” com o batismo de João: “Sabeis o que se
passou em toda a Judéia: Jesus de Nazaré, começando na Galiléia, depois do batismo pregado por
João...” .72
“De outro lado, mencionando as “instruções” dadas aos apóstolos, Lucas anuncia e prepara a
descrição da fase que se vai seguir, ou seja, a última fase do “tempo de Jesus”, a que se passa entre a
ressurreição e a elevação, é consagrada a preparar o “tempo da Igreja.” 73
Aqui estão, pois, anunciadas antecipadamente, antes da elevação, as três fases que virão depois
dela. E a continuação dos Atos apenas descreverá a realização efetiva do programa enunciado em 1,4.8: 74
1) A espera em Jerusalém ................................. 1, 12-26
2) A recepção do Espírito .................................. 2
3) O exercício da missão ................................... 3-28”

4) O “Pentecostes dos Judeus”


(Os primeiros tempos em Jerusalém )(2,1-41)
“No momento de seu batismo, Jesus recebera o Espírito Santo (Lc 3,22), e depois, fortalecido por
esse dom, pudera iniciar a sua missão. Como lembra Atos 1,21s, foi realmente no batismo que ela teve sua
origem: “... todo o tempo em que o Senhor Jesus viveu no meio de nós, a começar pelo batismo de João
até o dia em que nos foi arrebatado ...” “Ora, antes de começar a sua missão, exatamente, os apóstolos,
como Jesus, recebem o batismo no Espírito Santo. O acontecimento de Pentecostes corresponde ao do
Jordão.75
Os limites da narrativa de Pentecostes são bem indicados pela precisão de ordem cronológica,
formando inclusão, nos dois extremos. À fórmula do início, “Quando chegou o dia de Pentecostes” (2,1),
corresponde o fim: “naquele dia foram agregadas mais ou menos três mil pessoas” (2,41). No começo,
antes do dom do Espírito, há apenas o grupo restrito dos Doze; no fim do “dia”, nasceu a Igreja, contando
já mais ou menos três mil pessoas. O capitulo 2 terminará com sumário 2,42-46 referente à vida de Igreja
nascente.
Se considerarmos agora o conteúdo de 2,1-41, descobriremos as seguintes anunciações: 76
1. ) O acontecimento ..................................................................................... 2,1-4
2. ) O acontecimento constatado ....................................................................2,5-13
3. ) O acontecimento interpretado ............................................................... 2,14-36

21
22
a) O fenômeno da diversidade das línguas tem por causa o Espírito ........... 2,14-21
b) Jesus é ressuscitado ........................................................................... 2,22-32
c) É de Jesus ressuscitado que vem o Espírito .......................................... 2,33-35
d) Proclamação final .................................................................................... 2,36
4 ) O efeito: o nascimento da Igreja ........................................................... 2,37-41
“Temos, pois, em primeiro lugar, duas seções narrativas. A primeira (2,1-4) descreve o
acontecimento, o dom do Espírito aos apóstolos e o fenômeno da diversidade das línguas, que o
acompanha. A Segunda (2,5-13) relata a verificação do fenômeno por parte de judeus originários de toda
parte e as perguntas que fizeram sobre o que o causava. Em seguida, o discurso de Pedro dá a
interpretação do acontecimento 2,14-36. A seção final (2,37-41) descreve o efeito produzido: o nascimento
da Igreja.
Como se vê, a parte mais importante é a do discurso de Pedro. Compreendendo três partes e uma
proclamação final. As duas primeiras desenvolvem temas que, à primeira vista, parecem não ter qualquer
ligação entre si, ou seja: de um lado, o Espírito prometido para ‘os últimos dias’ é a verdadeira causa do
extraordinário fenômeno da diversidade das línguas (2,14-21); por outro lado, Deus ressuscitou Jesus
(2,22-32). A terceira parte (2,33-35) vem ligar essas afirmações: O Espírito vem desse Jesus que Deus
ressuscitou. Estamos, pois, diante de duplo nível de interpretação. Do acontecimento exterior, voltamos,
antes de tudo, à sua causa, o dom do Espírito; depois, do dom do Espírito, chega-se à ‘causa radical’,
Cristo: tendo ressuscitado, ele foi exaltado à direita de Deus, de modo que pode fazer dom do Espírito
(2,33-36).”77

5) O “Pentecostes dos samaritanos”


(A expansão na Judéia e na Samaria) (8,5-25)78
Depois de apresentar em 2,1-41 o nascimento da Igreja em Jerusalém, Lucas descreve, até o fim
do cap. 7, como se exerce o testemunho apostólico, em cumprimento da primeira fase anunciada em 1,8:
“Sereis minhas testemunhas em Jerusalém.”
Essa descrição da atividade ou do testemunho dos apóstolos é regularmente alternada com a da vida
interna da comunidade:
a) Vida interna da comunidade .....................................................2, 42-47
b) Atividade e testemunho dos apóstolos .......................................3, 1 - 4, 22
b
c a) Vida interna da comunidade ................................................... 4, 23 - 5,11
b) Atividade e testemunho dos apóstolos .................................... 5, 12 – 42

d a) Vida interna da comunidade .................................................... 6, 1 – 7


e b) Atividade e testemunho de Estêvão ......................................... 6, 8 – 8, 1
Como se vê, a última parte da “seção Jerusalém” (6,8-8,1) não diz respeito diretamente ao
trabalho e ao testemunho dos Doze, como as precedentes 3,1-4,22 e 5,12-42, mas aos de Estêvão, um dos
sete aos quais os Doze impuseram as mãos em 6,6. Aliás, a mesma coisa se verifica no cap. 8 que, como
veremos, descreve a atividade e o testemunho de Filipe, outro do grupo dos Sete.
Essas três seções, tratando do testemunho dos Doze e de Estêvão, apresentam esquema idêntico.
Em primeiro lugar, narra-se a realização de sinais e prodígios; depois. A reação, favorável ou desfavorável
que eles suscitam; e, por fim, o testemunho dado pelos que os realizaram: 79

Sinais Reação Testemunho


3,18 3,9-11 3,12-26
Pedro e João Povo
4,1-3
Sinédrio
5,12a . 15-16 5,17-26 5,27-42
os Apóstolos Sinédrio
6,8 6,9-15 7,1-8,1
Estêvão Sinédrio

“ Em 3,1-8, o sinal consiste na cura do paralítico do templo por Pedro e João. Esse sinal suscita
primeiro uma reação favorável de “todo o povo” 3,9 a diante do qual Pedro pode dar testemunho da
ressurreição de Jesus. O mesmo sinal – mencionado em 4,7 – e sua repercussão causam a detenção e o
comparecimento diante do Sinédrio, quando Pedro proclama de novo a fé na ressurreição. Nos dois outros

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casos 5,12-16 e 6,8 os ‘sinais e prodígios’ realizados respectivamente pelos apóstolos e por Estêvão são
mencionados sem ser descritos. Todavia, é interessante observar que, todas as vezes, nos capítulos 2-7, a
proclamação do Evangelho é ocasionada por sinal que assombra, choca ou interpela. E o testemunho se
apoia sobre o sinal: a partir dele, chega-se a Cristo ressuscitado, reconhecidamente presente e agindo
através dessas obras de ‘poder’ em 3,12; 4,7; 6,8. Pode-se dizer que os apóstolos não precisaram
procurar caminho rumo aos ‘outros’; são os sinais que lhes abrem esse caminho.” 80

6) O “Pentecostes dos gentios”


(A abertura universalista) (10,1 – 11,18)
“As Igrejas, todavia. Gozavam de paz em toda a Judéia, Galiléia e Samaria. Tomavam incremento e
viviam no temor do Senhor, repletas da consolação do Espírito Santo.
Este sumário, que Lucas intercala em 9,31, parece manifestar que a seus olhos a Segunda fase do
programa enunciado no começo: Sereis minhas testemunhas . . . em toda a Judéia e Samaria, já foi
vencida.”81
Resta agora a terceira etapa: “. . . até os confins da terra” 1,8. Na realidade, . . . é com a missão
de Paulo, descrita a partir do cap. 13, que se cumprirá essa fase. Mas o “Pentecostes dos pagãos” 82,
narrado em 10,1-11,18, marca o seus início.
“ Antes do cap. 10, a fé cristã é sempre anunciada somente a judeus ou a samaritanos. De fato, é
apenas a judeus que se dirigem o testemunho e a ação dos Doze nos caps. 2 – 5 , e os de Estevão nos
caps. 6 -7. Nos caps. 8 – 9, as coisas parecem menos claras, é verdade. Filipe, Pedro e João dirigem-se a
samaritanos em 8,4-25, como Paulo, logo após sua conversão, em 9,20-30, dirigi-se a judeus, primeiro em
Damasco, depois em Jerusalém. Menos claro é o resto do que é narrado nos caps. 8 e 9: de um lado, a
conversão de um eunuco etíope por Felipe 8,26-39; de outro lado, a ação de Pedro em Lídia e em Jope
9,32-43. Neste último caso, não há realmente dificuldades: se não está dito, de modo explícito, que os
convertidos 9,35-42 são judeus, nada mais permite supor o contrario: tudo se verifica na Palestina, e Pedro
não mostra nenhuma das reticências que experimentará quando se dirigir aos gentios. Mas, o que há no
caso de 8,26-39? O estrangeiro instruído e batizado por Felipe não era gentio? É possível, mas Lucas não o
diz. Ele chega até a dar suas indicações que levam a ligar o eunuco, se não a judeus, pelo menos a
prosélito. Por um lado, observa ele, esse homem viera ‘adorar’ em Jerusalém 8,27; por outro lado, lê o
profeta Isaías 8,30-33. Em todo o caso, se trata da primeira conversão de gentio, Lucas não insiste
nisso.”83
“A fé não pode nascer sem o Dom do Espírito, que depende da iniciativa de Deus. por isso, a Igreja
deve ser capaz de perceber essa iniciativa e abrir-se a ela. Mas, ao esmo tempo, a fé não pode nascer sem
o testemunho e a Igreja não pode existir sem a ação e o empenho dos homens.” 84
“ Assim, a obra de evangelização, de ‘abertura aos outros’ enraíza-se, em última análise, na
iniciativa de Deus. Em Jesus Cristo, concedeu ele a salvação. Ressuscitando a Jesus, “constitui-o Senhor e
Cristo” 2,36, “Autor da vida” 3,15, “Chefe e Salvador” 5,31. Ora, essa salvação em Jesus Cristo é para
todos os homens, “pois não há sob o céu outro nome dado aos homens pelo qual devemos ser salvos”
4,12. É preciso, pois, anunciar a todos. Se verdadeiramente a salvação representa um valor, uma “Boa
Nova” 15,7 e se essa salvação destina-se a todos, sem exceção, e não mais apenas a um povo
privilegiado, então não há escolha. A percepção do alcance da salvação leva à do alcance da missão.
Salvação universal reclama missão universal.”85

7) Pentecostes, Batismo no Espírito Santo

7.1) Promessa do Batismo no Espírito Santo


“O ponto de partida fundamental para compreender Pentecostes é aquele texto do princípio dos Atos
dos Apóstolos: “Estando uma vez comendo com eles, advertiu: ‘Não saiais de Jerusalém. Aguardai a
promessa do Pai de que me ouvistes falar; porque João batizou com água, mas vós sereis batizado no
espírito Santo dentro de poucos dias.’ “ (Atos 1,4-5). “ ...“A recomendação de Jesus é clara. Os apóstolos
não se devem afastar de Jerusalém, a Cidade Santa, escolhida por Deus para levar a cabo sua obra
salvífica. É preciso nela permanecer até receber a promessa do Pai... Mas em que consiste essa promessa
do Pai? Jesus explica com toda a nitidez seu pensamento: ‘João batizou com água, mas vós sereis
batizados no Espírito Santo dentro de poucos dias’.
Eis aqui o ponto culminante da instituição de Jesus: os discípulos serão batizados no Espírito Santo:” 86
 “E que pode significar esse batismo?
 Acaso os Apóstolos não haviam já sido incorporados a Jesus pelo seu chamado e sua eleição? Não
haviam recebido a investidura apostólica com os poderes que dali emanavam?

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 Não haviam participado da primeira Ceia Eucarística e recebido a autoridade necessária para reiterá-la
em memória do Mestre?
 Não haviam sido constituídos enviados de Jesus como Ele o havia sido do Pai?
 Não haviam recebido uma efusão do Espírito Santo para perdoar os pecados?
 Então, para que esse ‘Batismo no Espírito Santo?”
“O mesmo relato dará a resposta. Os discípulos, não compreendendo o sentido profundo da palavra de
Jesus ‘sereis batizados no Espírito Santo dentro de poucos dias’, pensam na possível restauração da
monarquia davídica e perguntam: ‘Senhor, é agora que ides restaurar o reino de Israel?’... Jesus não
responde diretamente à pergunta dos apóstolos. Deixa a restauração de Israel entre os segredos do
onipotência do Pai e passa logo a explicar o batismo no Espírito Santo com estas palavras: ‘Recebereis a
força do Espírito Santo que virá sobre vós e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e
Samaria e até os confins da terra’ (Atos 1,8).” 87
“Esta afirmação de Jesus é chave. Manifesta a finalidade direta da efusão do Espírito e, por
conseguinte, do batismo no Espírito Santo que estão a ponto de receber. Consta de dois elementos
principais:
1. Os Apóstolos receberão a força do Espírito Santo que é uma Força Divina, a Força de Deus.
2. Graças à força do Espírito, os Apóstolos poderão ser testemunhas eficazes de Jesus em todo
lugar, ‘até os confins da terra’.
Desta última expressão (versículo) brota o impulso missionário do cristianismo e, por conseguinte,
da Renovação Carismática (cf. Mt 28,19-20).” 88
“Obedecendo a ordem recebida, os discípulos permaneceram em Jerusalém. Lucas tem o cuidado
de nos dar a lista completa dos Apóstolos. “Pedro, João, Tiago, André, Filipe, Tomé, Bartolomeu, Mateus,
Tiago de Alfeu, Simão Zelote e Judas, filho de Tiago” (Atos 1,13). E acrescenta: ‘todos esses perseveravam
unânimes na oração com as mulheres e Maria, mãe de Jesus, e os irmãos deles’ (Atos 1,14).”... A
enumeração dos membros desta pequena comunidade é importante, pois serão eles os que vão receber
dentro de poucos dias o batismo no Espírito Santo. Ao lado dos Apóstolos está Maria, nomeada
expressamente como a Mãe de Jesus. Esta menção e capital, pois assim como o Espírito Santo, força do
Altíssimo, desceu sobre Maria e a cobriu com o sua sombra para conceber Jesus (cf. Lc 1,35), assim,
também, agora, a Força do Espírito Santo descerá sobre esse pequeno núcleo presidido pela Mãe de Jesus
para dar vida à Igreja nascente. Porque Maria havia tido parte essencial na natividade de Jesus, era
conveniente – segundo o plano de Deus – que assistisse também com seu ofício maternal ‘a natividade
histórica da Igreja’ (Paulo VI)” 89

7.2) O Batismo no Espírito Santo:


“É preciso dizê-lo claramente. Na mente de Lucas Pentecostes é o cumprimento da Palavra de
Jesus, é o batismo no Espírito Santo daquela pequena comunidade reunida no Cenáculo. Eis aqui o texto:
E ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo sítio. E produziu-se, de
repente, vindo do céu, um estrondo como de um vento veemente e impetuoso, que encheu todo o recinto
onde estavam. E foram vistas por eles línguas repartidas como que de fogo, as quais pousaram sobre cada
um deles, e todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, segundo o
Espírito os fazia se expressarem (Atos 2,1-4)”.
Sim, não havia dúvidas, Jesus estava cumprindo sua promessa, estava batizando seus discípulos no
Espírito Santo, isto é, estava derramando a força do Espírito no coração deles para transformá-los,
primeiro, interiormente, e constituí-los, depois, testemunhas eficazes que levariam seu nome até os confins
do mundo.” 90
“Então, em que consiste o batismo no Espírito Santo dentro da Renovação Carismática? 91

1) O batismo no Espírito Santo consiste na oração que uma comunidade cristã eleva a Jesus
glorificado para que derrame seu Espírito, de maneira nova e em maior abundância, sobre a
pessoa que ardentemente o pede e por quem se ora. Esta oração se faz normalmente
mediante a imposição das mãos.
2) Desta forma, o que batiza no Espírito Santo não é este ou aquele irmão, mas o próprio Jesus
glorificado, pois apenas ele é quem pode batizar no Espírito, de acordo com a palavra do
Evangelho: “sobre quem vires o Espírito Santo descer e pousar sobre ele, esse é quem batiza
no Espírito Santo” (Jo 1,33-34).
3) Não sendo o batismo no Espírito nem o sacramento do batismo, nem o da confirmação, pode-
se dizer que o batismo no espírito santo é uma efusão, uma nova efusão do Espírito Santo, que
põe em atividade o rico potencial de graça que Deus deu a cada um, segundo a própria
vocação e segundo o carisma pessoal do estado próprio de vida (I Cor 7,7).

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Em uns, evidenciará o recebido apenas no batismo e na confirmação; noutros, o que Deus deu
também através da penitência e da eucaristia. Nestes, ativará a graça matrimonial; naqueles
renovará o carisma sacerdotal. A outros, fará viver em plenitude o chamado a um estado de
simples celibato; a outros ainda levará à perfeição o Dom de uma virgindade consagrada.
Nesta perspectiva, o batismo no Espírito Santo na Renovação Carismática tem uma notável
semelhança com o batismo no Espírito Santo que os Apóstolos receberam em Pentecostes.
4) Este batismo no Espírito Santo também se pode compreender da seguinte maneira: segundo a
palavra de São Paulo, “todos nós fomos batizados num só Espírito e bebemos do mesmo
Espírito” (I Cor 12,13). Sendo assim, desde o primeiro momento de nossa incorporação a
Cristo pelos sacramentos de iniciação, possuímos o Espírito Santo, que habita em nós como em
seu próprio templo (I Cor 6,19). E ali está, com toda potencialidade de sua atividade divina.
Não obstante, devido a obstáculos, barreiras que involuntariamente pomos, a ação do Espirito
não chega a manifestar-se em nós em toda sua plenitude.
Nesta perspectiva, o batismo no Espírito Santo é uma graça de Deus que rompe a dureza do
nosso coração, remove as travas e obstáculos e nos dispõe para que o Espírito aja em nós com
toda liberdade. É como uma liberação do Espírito Santo no interior do cristão. E, como
conseqüência desse deixá-lo livre, haverá uma verdadeira eclosão de vida que se manifestará
exteriormente em graças, dons, carismas e frutos maduros do Espírito.
O batismo no Espírito Santo pode, pois, descobrir-se ou como uma nova efusão do Espírito
Santo em nós, ou como um deixar em liberdade o Espírito para que aja em nós com todo seu
poder, pondo em atividade os carismas que ele próprio quer comunicar-nos, e produzindo
muitos frutos.
5) Essa “nova efusão do Espírito de Deus” ou esse “deixá-lo em liberdade para que aja”: opera na
pessoas que recebe o batismo no Espírito Santo uma conversão interior radical e uma
transformação profunda em sua vida; dá-lhe uma luz poderosa para compreender melhor o
mistério de Deus, o impulsiona para um novo compromisso pessoal com Cristo e a uma
entrega sem restrições à ação do Espírito Santo, comunica-lhe os dons e carismas necessários
para cumprir sua missão pessoal na edificação do Corpo de Cristo e lhe confere uma força
divina para dar testemunho de Jesus em todas as partes e em circunstâncias muito diferentes,
mediante o exemplo da vida e a comunicação da Palavra de Deus.
6) O batismo no Espírito, especial efusão do Espírito Santo ou liberação do mesmo no
coração do cristão, beneficia a este em todo o seu ser, tocando “seu espírito, sua alma e seu
corpo” (I Tes 5,23). Por isso, é de todo normal e de nenhuma maneira estranho que, com a
ocasião do batismo no Espírito (seja durante a própria oração do batismo ou pouco depois, ou
dias mais tarde), a pessoa tenha uma “experiência” singular da ação de Deus, não apenas em
seus frutos espirituais, mas em seus efeitos sensíveis, por exemplo: uma paz como jamais
havia sentido, uma alegria como nunca tinha experimentado, a cura corporal ou psicológica.
Mais ainda, é também natural que, com a ocasião do batismo no Espírito, se manifestem no
cristão carismas “para o bem comum” (I Cor 12,7): alguma visão, o carisma de profecia, o
Dom de oração em línguas etc.
O Conhecimento de Jesus leva ao desejo de conversão; reconhecemos que somos pecadores e
que necessitamos da salvação que somente Jesus, nosso Salvador, pode conceder, quando
aceitamos o domínio de Jesus Senhor, entregando-nos à ação do Espírito Santo; a cura nos
liberta de bloqueios que dificultam ou impedem que o Espírito de Deus aja em nós,
transformando-nos.

7.3) Os efeitos da Efusão do Espírito Santo:


“Na Renovação Carismática um elemento essencial é, sem dúvida alguma, o batismo no espírito
Santo.
Desde o princípio, as pessoas que foram favorecidas pelas primeiras experiências carismáticas,
tiveram esta intuição: Deus está realmente reproduzindo entre nós uma efusão do Espírito Santo
semelhante à que operou nos dias da Igreja Primitiva a partir de Pentecostes. Jesus nos está batizando no
Espírito Santo ... Essa afirmação não era gratuita e sim brotava dos efeitos que a ação do Espírito Santo
estava operando naquelas pessoas a saber:” 92
 “Uma renovação interior muito profunda, uma autêntica mudança espiritual e uma verdadeira
conversão a Deus.
 Uma experiência de uma relação muito pessoal com Cristo.
 Um espírito apostólico decidido, com um desejo ardente de ser testemunha de Cristo.
 Uma forte tomada de consciência do que deve ser a comunidade cristã.

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 E, além das graças anteriores, a aparição de carismas espirituais, como o Dom de línguas, a
profecia, o discernimento de espíritos, o poder de curar, e outros.
Creio que, se Deus fez sentir que está realizando um novo Pentecostes, o melhor caminho para
compreender esta experiência pneumática atual será ir ao primeiro Pentecostes e dali tomar as luzes
necessárias para compreender o fenômeno espiritual de que estamos sendo testemunhas”. 93

7.4) Os Sacramentos e a Efusão do Espírito Santo:


Transmitem todo o necessário ao crescimento espiritual, com eles deveríamos ser amadurecidos,
crescidos, espiritualmente adultos, seres desenvolvidos. Na realidade não crescemos, permanecemos
pequenos.
As causas são: a Ignorância, barreiras, comodismo, medo de nos entregarmos.
A Efusão do Espírito Santo é necessária como um meio de nos lançarmos e continuarmos o
crescimento cristão. Não é um novo Sacramento, mas uma conscientização de sua realidade e da realidade
da presença do Espírito Santo de Deus em nós e de que Ele quer agir em nós e através de nós.

8) Conclusão
“ O Espírito Santo veio sobre os apóstolos por ocasião da festa com que o judaísmo comemorava a
promulgação da Lei e a conclusão da Aliança entre Deus e seu povo reunido em assembléia.
Assim, o Pentecostes cristão apresenta-se como festa da Nova Aliança, constituindo em Igreja um
novo Povo de Deus. Essa Aliança não se funda mais em prescrições de uma Lei imposta de fora aos
homens; funda-se sobre o Espírito, que transforma os corações, inspirando-lhes atitude filial para com
Deus.”94
“ Há cristãos que vivem atrás de portas fechadas, no que diz respeito ao Espírito Santo. Entrincheirados no
próprio ego, são impermeáveis ao Espírito de Deus. no entanto, é a habitação do Espírito em nós que
produz a santidade do coração e a vida, sem a qual ninguém pode ver a Deus. Deus se dirige a nós como
criaturas capazes de responder a seu chamado. Mas só podemos responder guiados pelo Espírito. O fato
de uma alma ser atraída para Deus é efeito do magnetismo do Espírito (Jo. 6,4). Como o Espírito Santo é o
Autor de nossa santidade – de nossa restauração como filhos de Deus, também ele é aquele que leva essa
santidade à perfeição. Todo estágio de adiantamento na vida cristã é de sua iniciativa.”
“O Espírito tem acesso a todas as áreas de nosso ser. Mas também temos acesso a todos os
valores que só ele pode trazer à vida cristã. Pois é o Espírito de Deus que está no coração, dando o amor
divino sem o qual a vida cristã é impossível (I Jo 4,12-13).

RESUMO

 Sem dúvida que o Espírito Santo já agia no mundo, antes ainda que Cristo fosse glorificado. Contudo,
foi no dia de Pentecostes que ele desceu sobre os discípulos, para permanecer com eles eternamente
(Jo. 14,16); e a Igreja apareceu publicamente diante da multidão e teve o seu início a difusão do
Evangelho entre os pagãos, através da pregação.
 O derramamento do Espirito Santo era uma promessa, feita por intermédio dos profetas Prov. 1:23;
Isaías 44:3; Joel 2:28,29, que deveria cumprir-se nos últimos dias. Historicamente, esta promessa
cumpriu-se no dia de Pentecostes: At2,17.18.33; Tt 3,6; Ml 4,18; At 2,17; Zc 12,10; Ap22,17.
 O derramamento do Espirito é um fato histórico prometido, pois até o momento de Pentecostes o
Espirito era derramado, não sobre toda a carne, mas sobre alguns crentes, com propósitos específicos
(unção de rei, unção de sacerdote, unção de profeta e unção do conhecimento).
 A partir de Pentecostes o Espirito não é mais derramado individualmente sobre o crente, mas o crente
é que é batizado (derramado) no corpo de Cristo, sobre o qual o Espirito já foi derramado, e uma vez
introduzido no corpo de Cristo, beneficia-se desta unção.
 Pentecostes – Histórico: Cinqüenta dias após a celebração da Páscoa, época de colheita da cevada,
vinha a colheita do trigo, quando era comemorada a Festa de Pentecostes, ou a Festa das Semanas.
 O Tempo da Igreja teve início com a “vinda”, isto é, com a descida do Espírito Santo sobre os
Apóstolos, reunidos no Cenáculo de Jerusalém, juntamente com Maria, a Mãe do Senhor. O tempo da
Igreja teve início no momento em que as promessas e os anúncios, que tão explicitamente se referiam
ao Consolador, ao Espírito da verdade, começaram a verificar-se sobre os Apóstolos, com poder e com
toda a evidência, determinando assim o nascimento da Igreja.

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 Pentecostes dos Judeus: No momento de seu batismo, Jesus recebera o Espírito Santo (Lc 3,22), e
depois, fortalecido por esse dom, pudera iniciar a sua missão. O acontecimento de Pentecostes
corresponde ao do Jordão.
 Pentecostes dos samaritanos (expansão na Judéia e na Samaria)
 Pentecostes dos gentios (a abertura universalista): Na realidade, . . . é com a missão de Paulo, descrita
a partir do cap. 13, que se cumprirá essa fase. Mas o “Pentecostes dos pagãos”, narrado em 10,1-
11,18, marca o seu início.
 Batismo / Efusão no Espírito Santo na RCC: Na Renovação Carismática um elemento essencial é, sem
dúvida alguma, “o batismo no espírito Santo. Efeitos que a ação do Espírito Santo opera nas pessoas
Uma renovação interior muito profunda, uma autêntica mudança espiritual e uma verdadeira conversão
a Deus, uma experiência de uma relação muito pessoal com Cristo, um espírito apostólico decidido,
com um desejo ardente de ser testemunha de Cristo, uma forte tomada de consciência do que deve
ser a comunidade cristã e, além das graças anteriores, a aparição de carismas espirituais, como o Dom
de línguas, a profecia, o discernimento de espíritos, o poder de curar, e outros.
 O Pentecostes cristão apresenta-se como festa da Nova Aliança, constituindo em Igreja um novo Povo
de Deus. Essa Aliança não se funda mais em prescrições de uma Lei imposta de fora aos homens;
funda-se sobre o Espírito, que transforma os corações, inspirando-lhes atitude filial para com Deus.

ENSINO 4

A PREGAÇÃO DOS APÓSTOLOS

1) Introdução:
Em Atos 2, 14-36 temos o discurso feito por Pedro após o Derramamento do Espírito Santo em
Pentecostes. Esse discurso tem uma característica importante, que iremos detalhar neste ensino.
Primeiro faremos uma diferenciação entre a Pregação de Jesus e a Pregação dos Apóstolos. Pedro,
neste primeiro discurso, nos dá um modelo de como seria a pregação apostólica.

2) A Pregação de Jesus
São Lucas no início do Livro dos Atos (1, 1) fala: “No primeiro livro, ó Teófilo apresentei tudo
quanto fez Jesus e ensinou desde o princípio”.

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Com isso vemos que na Pregação de Jesus, era anunciado o Reino, a soberania real de Deus. Jesus
evangelizava com fatos e palavras que se testemunhavam.
E o que existe em comum entre a Pregação de Jesus e a Pregação Apostólica é a proclamação da
“salvação integral do homem e de todos os homens vivendo a paz, o amor e a justiça no relacionamento
mútuo, com a criação e com Deus” 95
“Para o oriental a palavra “Reino” (malkuta) significa o efetivo poder de governar, a autoridade ou
poder de um rei. Nunca se a entende em sentido abstrato (como para o ocidental), mas sempre como algo
dinâmico que se está realizando. Portanto, o Reino de Deus não é um conceito espacial ou estático, mas
que designa a soberania de Deus sobre o seu povo, que realiza o régio ideal de justiça. O Reino Eterno
consiste em que Deus tenha um senhorio total sobre Israel” 96
São Marcos, no seu evangelho, o mais antigo e mais próximo dos acontecimentos, resume a
mensagem da Pregação de Jesus em Mc 1, 14-15: Cumpriu-se o tempo; o Reino de Deus está próximo;
Convertei-vos; Crede no Evangelho.
O Sermão da Montanha também contém a síntese dessa Pregação:
1- O Espírito deve animar os filhos do Reino (Mc 5, 3-48);
2- O sentido do cumprimento da Lei Antiga (Mc 6, 1-18);
3- O desprendimento das riquezas (Mc 6, 19-34);
4- As relações com o próximo ( Mc 7, 1-12);
5- Entra-se no Reino por uma decisão que se traduz em obras, e não somente em palavras (Mc 7, 13-27).
Outra forma que pode resumir a Pregação do Reino feita por Jesus, são as sete palavras
pronunciadas na cruz.
Portanto, como vimos, o Reino para Jesus, não era limitado a um espaço, ou país, mas era
determinado pelo relacionamento entre Deus e os homens, e pela resposta de fé e conversão dada pelos
homens a Deus- Rei Soberano.

3) A Pregação dos Apóstolos


Começamos esse ensino citando At 2, o discurso de Pedro, após Pentecostes, com isso, podemos
ver que a Pregação feita pelos apóstolos era centrada na apresentação da pessoa de Jesus, como Salvador
(presença salvífica de Deus). Já na Pregação de Jesus, era centrada na salvação presente no Reino; Jesus
pregador, passa a ser pregado. De pregador do Evangelho passa a ser Jesus – Evangelho.
No livro dos Atos dos Apóstolos vamos encontrar seis discursos feitos pelos apóstolos, da pessoa
de Jesus, “discursos querigmáticos”, discursos de proclamação, de anúncio, que sintetizam o conteúdo da
pregação primitiva:
 At 2, 14-39;
 At 3, 12-26;
 At 4, 9-12;
 At 5, 29-32;
 At 10, 34-43;
 At 13, 16-41.
Os cinco primeiros narrados por Pedro, e o último por Paulo.

4) Conteúdo da Pregação Primitiva ( O Querigma)


“ A pregação primitiva centrava-se em Jesus e seus atos de salvação. Não apresentava uma
doutrina, uma moral ou um dogma, mas sim uma pessoa viva (Jesus) e a aplicação para nós de sua morte,
ressurreição e glorificação:
 Morreu por nossos pecados;
 Ressuscitou para nós, para bênção;
 Glorificado para conversão e perdão.
São Paulo sintetiza tudo isso num só texto: “Jesus, nosso Senhor, o qual foi entregue pelas nossas
faltas e foi ressuscitado para nossa justificação”( Rm 4, 24-25).
O evangelho é alguém: Jesus morto, ressuscitado e glorificado, cuja ação salvífica chega até nós. É
uma pessoa viva: Jesus! Mc 1, 1; At 8, 35, com seus três títulos mais importantes: Salvador (At 13, 23);
Senhor (At 10, 36) e Messias (At 2, 36).”97

4.1) JESUS98
“Não é chamado por seus grandes títulos, mas simplesmente pelo seu nome próprio (Mt 1, 21):
Yeshúa, que significa “Javé Salva”. Jesus é a Boa Nova (Mc 1, 1), que se torna presente o Reino de Deus.
Nele se identificam a salvação e o Salvador (Jo 4, 22; At4, 2; Lc 2, 11).
Homem: é uma personagem que pertence cem por cento à raça humana. Não se proclamava a
Jesus como Deus, mas primeiramente como um homem igual aos outros (Hb 4, 1).

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De Nazaré, ou Nazareno: situado na geografia da Galiléia: Mt 4, 12-16. Pertence ao povo
escolhido. Sua condição de homem, manifestando-o como irmão nosso, com nossas limitações exceto o
pecado (At 2, 22).
Da descendência de Davi: situado também na história, na história de Israel, e na família de Davi
(pastor e rei). É o descendente: 2Sm 7, 11; Is 7, 14; 9, 5; 11, 1; Mq 5, 3; etc. que instaurará o Reino de
Israel: At 1, 6.
Ungido com o Espírito Santo: a característica mais importante de Jesus da qual todos os
evangelistas dão testemunho, é que Deus o ungiu com o Espírito Santo: Mc 1, 9-11; Mt 3, 13-17; Lc 3,
21s; Jo 1, 32-34.
Profeta: não era um teólogo, nem mesmo um mestre profissional, mas sim um carismático
inspirado por Deus: Mc 6, 15; Mt 21, 11; Lc 7, 16; Jo 4, 19, que transmitia uma mensagem divina com
sinais e palavras. Era credenciado por Deus mediante milagres, sinais e prodígios(At 2, 22).
Poderoso em obras e palavras: síntese de seu ministério onde se unem a ação poderosa e a
palavra eficaz. Mais adiante se explicará melhor: fez o bem, curou e libertou. Os milagres, prodígios e
sinais não eram apenas efeitos acidentais nem provas de veracidade da sua doutrina, ma sim a salvação
integral realizando-se. O Evangelho de Mateus resume as palavras de Jesus, assim como o de Marcos os
milagres.”

4.2) MORREU99
Pedro responsabiliza os judeus, especialmente aos sumos sacerdotes e magistrados do povo, pela
morte de Jesus, mas esta é levada a cabo pelas mãos dos romanos: Pilatos; mas, em última instância, não
mataram a Jesus, mas Ele se entregou voluntariamente: Jo 10, 18; Jo 13, 1. Havia um determinado, não
determinista desígnio de Deus, anunciado pelos profetas em todas as Escrituras (Is 42-53; Sl 69; Ex 12; Zc
12; etc.
Por isso, São Paulo usa o verbo “apéthanen”, que é um passado de voz ativa (ICor15,3).
Na cruz: cinco dos seis discursos querigmáticos fazem alusão à ignonímia do madeiro que, se é
escândalo para os judeus e uma loucura para os gentios , para quem crê se transforma na força e
sabedoria de Deus: I Cor 1, 18. Por isso Paulo não pregará a não ser Cristo crucificado: I Cor 2, 2; e a sua
glória será a cruz: Gl 6, 14. “Os judeus foram os responsáveis por sua morte, embora esta tenha sido
executada por mãos dos ímpios. No ‘vós o matastes’ usado por Pedro, embora os ouvintes não fossem os
responsáveis diretos pela crucificação de Jesus, podemos ver os homens de todos os tempos, e portanto,
podemos considerar-nos também nós incluídos entre eles. Mas, em última análise, Jesus morreu na cruz
devido a “um determinado desígnio e com prévio conhecimento de Deus”, o qual quis que seu Filho
morresse para conceder a Israel a conversão e o perdão dos pecados” (Jo 3, 16; At 5, 31; At 2, 23)”. 100
Padeceu: a morte de Jesus está moldurada na sua dolorosa paixão que o identifica com o servo
de Javé anunciado por Isaías 5, 3. Cf. Zc 13, 7; I Pd 3, 18.
Sepultado: a evocação do sepulcro é para acentuar o fato que Jesus esteve verdadeiramente
morto e que foi tratado como um defunto.
Quatro fenômenos da morte de Jesus (Mt 27, 45 – 53):
 Trevas: as trevas não são depois, mas antes da morte de Jesus. Portanto às três da tarde aparece a
luz, símbolo de uma nova criação que começa. Acabam as trevas do pecado.
 O véu do templo se rasgou: com isso já está livre o acesso a Deus. É o fim do culto e da legislação
mosaica, porque já existe uma nova lei (Rm 8, 2) e um novo culto: Hb 10, 19.
 Mortos ressuscitam: a morte de Jesus produz vida para todos os homens, mesmo os mais “justos”.
 Tremor de terra: é o esperado dia de Javé, dia de salvação para o povo de Deus. Fora de Deus não há
nenhuma segurança terrena.
... por nossos pecados!: Com esta pequena frase explica-se o profundo significado e alcance da
morte de Jesus: I Cor 15, 3; Gl 2, 20.

4.3) RESSSUSCITADO101
Jesus não ressuscitou, mas foi ressuscitado pelo Deus de nossos pais. Paulo usa o verbo
“egegératai”, que é um tempo perfeito da voz passiva: I Cor 15, 3. A ressurreição entra na linha
progressiva da ação salvífica de Deus desde o Antigo Testamento.
Ao terceiro dia : não significa 72 horas, mas simplesmente um lapso curto de tempo.
Apareceu às testemunhas: as aparições não são provas de sua ressurreição, mas sim
manifestações e experiências para aqueles que serão testemunhas. Entre todos eles se destaca de certa
forma Simão, ou Cefas.
Jesus ressuscitado é:
O Vivente: Zoonta: particípio presente do verbo “viver”. Jesus não somente ressuscitou como
Lázaro, mas é agora aquele que tem vida para nunca mais voltar à corrupção.

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30
Vivificante: Zoopoium: particípio presente do verbo “vivificar”. Jesus ressuscitado é fonte de vida
e de fé: 2 Cor 4, 14; I Cor 14, 14.
... para vós, para bênção! Jesus foi ressuscitado em primeiro lugar para nós, para apartar-nos
de nossas iniqüidades At 3, 26. Deixa no sepulcro nossas abominações. Este mistério de ressurreição foi
predito pelo mesmo rei profeta quando escreveu sobre o futuro ungido: “Não permitirás que o teu santo
experimente a corrupção”: Sl 16, 10. E acrescenta Pedro: “Disto todos nós somos testemunhas”. De fato,
os discípulos de Jesus tinham tido a experiência do mestre ressuscitado. Durante 40 dias ele lhes havia
aparecido e lhes tinha falado de coisas referentes ao Reino de Deus: cf At 1, 3. Os apóstolos são
testemunhas qualificadas de Jesus ressuscitado. Eles transmitem o que viram e ouviram (At 2, 24-32). 102

4.4) GLORIFICADO103
Jesus, morto e ressuscitado, foi exaltado e glorificado pelo Deus de Abraão, Isaac e Jacó: a
humanidade completa de Jesus recebeu a plenitude de sua glorificação pelo Deus dos pais do povo eleito.
Em At 2, 33-35 está o ponto culminante da mensagem. Aqui está a substância do mistério de Pentecostes.
Como dádiva suprema de sua glorificação, Jesus recebeu do Pai – segundo sua promessa- o Dom do
Espírito Santo: e Jesus glorificado o derramava por sua vez para que a Igreja se abrisse à vida, para que
nascesse o novo Povo de Deus, para que se cumprissem os antigos vaticínios e ficasse selada para sempre
e em toda a sua plenitude a nova Aliança escrita nos corações (cf Jr 31, 31-33; Ez 36, 27; Is 59, 21).
Com sua direita: com todo seu poder: Sl 110, 1; Mt 26, 64; Mc 16, 19. Em At 2, 36, Jesus recebe
os títulos mais grandiosos possíveis: “Que toda a casa de Israel saiba, portanto, com toda certeza que este
Jesus que vós crucificastes Deus o constituiu Senhor e Cristo. Em três palavras está sintetizado o mistério
de Jesus, que será objeto da fé para todo crente. Jesus ressuscitado e glorificado é:
Salvador: Soter : aquele que nos livra de toda opressão, principalmente do pecado, sua causa e
suas conseqüências: Mt 1, 21; Lc 2, 11; Jo 4, 42. ‘Jesus em hebraico Yeshuá, quer dizer, ‘Javé Salva’. Isto
é, Jesus é a salvação de Deus anunciada pelos profetas (Is 45, 8; 51, 5; 56 ,1). Jesus é o Salvador, é o
nosso Salvador, é o meu Salvador, e o Salvador do mundo, que vem libertá-lo de seus pecados . 104
Senhor: Kyrios. O nome que está sobre todo nome. Ele é o Dono e administrador régio de tudo
quanto existe no céu e na terra: Fl 2; Mt 28, 18. Deus fez Jesus Senhor, isto é, constituiu-o seu herdeiro
régio e comunicou-lhe “todo seu poder no céu e na terra”. Jesus é o Senhor de toda a humanidade e do
universo inteiro, já que tudo é de Deus.
Mais ainda, o título de ‘Senhor’, dado unicamente a Deus no Antigo Testamento: Is 42, 23, ao ser
agora aplicado a Jesus, afirma que Ele está colocado acima de todos os seres criados e proclama muito alto
seu caráter divino. Jesus é o Filho de Deus, é Deus” .105
Messias: Xristós: O ungido com o Espírito Santo: Is 11, 1; 42 ,1; 61, 1; que dá o Espírito Santo:
Jo 1, 33; 7, 39; 16, 7. “Jesus sempre foi o Messias, sempre cheio do Espírito Santo, desde o momento de
sua virginal concepção: Lc 1, 35. Mas, com a doação do Espírito Santo à sua natureza humana glorificada,
o Pai constituía a Jesus ‘Messias Cristo’ em toda a sua plenitude cheio e transbordante do Espírito, Jesus
pode e quer dar o Espírito Santo, quer derramar o Espírito Santo, batizar no Espírito Santo”. 106
... para conversão e perdão dos pecados!
De todos, mas começando pelo povo de Israel. Isto é, a glorificação de Jesus é para que nós
possamos converter-nos e ser perdoados de nossos pecados.

4.5) SOMOS SUAS TESTEMUNHAS


“Todos os proclamadores declaram terem tido uma experiência do que falam, não são simples,
repetidores ou inventores. Só se pode anunciar a Boa Nova se teve uma experiência de Jesus morto,
ressuscitado e glorificado. Paulo é especialmente enfático quando proclama: apareceu também a mim.

4.6) Os discursos querigmáticos:


O quadro que mostraremos a seguir nos dá uma visão da pregação primitiva com os 6 discursos
querigmáticos e mais 2 textos, um texto de Lucas 24, em que Jesus faz uma pregação dele próprio aos
discípulos de Emaús e um texto I Cor 15, que é o texto cronologicamente mais antigo relatando a morte e
ressurreição de Jesus:”107

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PEDRO PAULO LUCAS

At 2, 14-39 At 3, 12-26 At 4, 10-12.20 At 5, 29-32 At 10, 34-43 At 13, 16-41 I Cor 15, 3-9.45 Lc 24,5-48
J Jesus Servo Jesus Jesus Jesus de Nazaré Da Cristo Jesus de
E Nazareno, Jesus Cristo a quem Deus descendência Nazaré,
S homem Nazareno ungiu com o de Davi, Deus homem.
U acreditado Espírito Santo e suscitou a Profeta
S com com poder. Jesus. poderoso em
milagres, Passou fazendo o obras e
prodígios e bem e curando a palavras
sinais que todos os diante de
Deus operou oprimidos pelo Deus e de
por meio demônio, porque todo o povo.
dele. Deus estava com
Ele. v38

v13 v10 v30 v23 v19

v 22
M Vós o A quem vos A quem vos A quem vós A quem chegaram Pediram a Morreu por Padeceu.
O matastes entregastes crucificastes. matastes a matar Pilatos que o nossos pecados. Os Sumos
R pregando-o fazendo suspendendo suspendendo-o matasse. Foi sepultado. Sacerdotes e
T numa cruz. morrer o -o num num madeiro. Desceram-no Conforme as Magistrados o
O Entregue Autor da madeiro. do madeiro e o Escrituras. condenaram
segundo um vida. colocaram no à morte e o
determinado Anunciado sepulcro. crucificaram.
desígnio e pela boca de Cumpriram-se Assim está
conheciment seus santos v39 as Escrituras Vv3-4 escrito. 46
o de Deus. profetas. dos profetas. Todas as
v23 v10 v30b vv27-29 Escrituras.
v18 Vv19-20.26-
27.46
R Deus o Deus A quem Deus O Deus de Deus o Deus o Foi ressuscitado Ressuscitara
E ressuscitou ressuscitou a ressuscitou de nossos pais ressuscitou ao ressuscitou ao terceiro dia. de entre os
S livrando-o seu servo, entre os mortos. ressuscitou a terceiro dia. dentre os O VIVIFICADOR. mortos ao
S das dores do para vós, Jesus. Apareceu às mortos para Apareceu a Cefas terceiro dia.
U Hades. para a testemunhas a nunca mais etc. O VIVENTE 5
S bênção. nós. voltar à Apareceu a
C v10 corrupção. Vv4.45 Simão.
I v24 v30a vv40-41 Apareceu. Vv46.5.34
T v26 vv. 31.34
A
D
O

G Exaltado à O Deus de Pedra angular. Deus o Senhor de todos Salvador. Cristo. Entrará assim
L direita de Abraão, Isaac exaltou à sua Juiz de vivos e na glória. 26
O Deus recebeu e de Jacó. direita para mortos. Profeta.
R o Espírito Glorificou seu conceder a
I Santo e o servo Jesus. Israel a
F derramou. Santo e conversão e
I Senhor e justo. o perdão dos Vv36.42b
C Messias. Chefe. v11 pecados. v 23 v3 Vv26.19
A Vv33.36 Vv13.14.15 Chefe e
D Salvador.
O V31

S Do qual nós Nós somos Nós vimos e Nós somos Nós somos Testemunhas Apareceu a mim E pregar-se-á
O somos testemunhas. ouvimos. testemunhas testemunhas de dele diante do também. em seu nome
M testemunhas. e também o tudo o que Ele povo. para perdão
O é o Espírito fez. dos pecados
S Santo. a toda as
nações. Vós
T sois
E testemunhas
S v32 v15 v39 v31b v8 destas coisas.
T v32 vv47-48
E
M
U
N
H
A
S

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32

5) Os Objetivos da Pregação Querigmática dos Apóstolos:


A pregação proclamada pelos apóstolos, tinha um conteúdo definido, como já vimos: “Jesus –
Salvador, Senhor e Messias – que morreu, foi ressuscitado e glorificado para libertar-nos de nosso pecado,
vencer a causa do mesmo e suprimir suas conseqüências” 108.
Quando se proclamava o conteúdo dessa Boa Nova, tinha-se como objetivo: tornar atual e efetiva
no mundo esta salvação anunciada, era promover a “experiência da salvação em Jesus, primícia da
Salvação total e definitiva, que será consumada ao participarmos plenamente da ressurreição de Cristo”
“...Os efeitos salvíficos da morte, ressurreição e glorificação de Jesus só se tornam presentes em nós
quando lhe respondemos com fé e conversão, abrindo o nosso coração para receber o Dom de seu
Espírito, o qual congrega-se na comunidade de crentes, a Igreja”. 109
Resumindo, o objetivo do Querigma é:
1. A Salvação
2. O Dom do Espírito
3. Formar a Comunidade; a Igreja.

5.1) A Salvação:
Todos os discursos querigmáticos (At 2, 37-38; 3, 19; 3, 26; 5, 31; 10, 43; 13, 38-39) têm o
objetivo de promover a Experiência da
Salvação, a fé em Jesus Salvador e a vida com Ele.
E a salvação compreende a “libertação de tudo quanto oprime o homem,..., a libertação do pecado
e do maligno, dentro da alegria de conhecer a Deus, de ser conhecido por Ele, de vê-lo e de entregar-se a
Ele”110.

A Experiência da Salvação acontece pela:


1. Pela experiência de ser libertado do pecado;
2. Pela experiência de ser liberto do maligno;
3. Pela experiência da morte libertadora e gloriosa ressurreição de Jesus.

5.1.a) Experiência da libertação do pecado:


O pecado é a causa de todos os males, e a salvação dada por Jesus nos liberta de todo pecado.
A libertação do pecado se dá pela reconciliação do homem com Deus; pela expiação dos seus
pecados; pela libertação da escravidão do
pecado e pela justificação que Jesus faz no homem.
A Reconciliação consiste em fazer as pazes com Deus (Ef 2, 14-18; Rm 5, 1) e é o efeito principal
da morte e ressurreição de Jesus.
A Expiação dos pecados, consiste na remissão feita a partir do derramamento de sangue por Jesus,
na cruz (Hb 9, 22). Foi através do sangue do Cordeiro-Jesus que fomos purificados e consagrados a Deus.
Na cruz Deus perdoou todos os nossos pecados.
Jesus nos capacita a vencer o pecado em nós, Ele nos liberta de sua escravidão (Gl 5, 1). E uma
vez livre do pecado, pertencemos a Jesus, o Nosso Senhor (I Cor 6, 20; 7, 23).
Somente Jesus Cristo é justo e tem o poder de nos justificar; mesmo com boas obras e com a
justiça própria o homem não pode justificar-se. A Justiça oferecida por Deus é uma Justiça salvífica,
através da qual Ele mostra sua fidelidade e Amor (Rm 3, 23-26).

5.1.b) Experiência de ser liberto do maligno:


Jesus nos liberta do pecado e vence as suas causas e conseqüências.
A causa última do pecado, não é o homem, mas satanás que enganou nossos pais, Adão e Eva.
Jesus é o vencedor sobre satanás, e uma das maneiras dele demonstrar que estava instaurando o
seu Reino, era através das expulsões dos demônios(Mt 12, 28). Jesus é descendente da mulher que
esmagou a cabeça de satanás.
Na cruz Jesus carregou sobre si todas as conseqüências do pecado (Mt 8, 17). O pecado gera a
morte (Rm 6, 23) e Jesus é vitorioso sobre a morte na cruz (I Cor 15, 54-57). Com a Sua morte e
ressurreição temos a libertação de todas as conseqüências que o pecado gera em nós.

5.1.c) Experiência da morte libertadora e da gloriosa ressurreição de Jesus:


Quem tem o Filho tem a vida (I Jo 5, 12) e nada lhe falta. Ele é o único realmente necessário nesta
vida.

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33
A vida eterna consiste neste encontra-se e conhecer Jesus. Essa relação, esse encontro é com
Jesus morto e ressuscitado.
E é nisto que consiste o objetivo do querigma promovendo a experiência da Salvação no homem,
através desse encontro pessoal com Jesus morto, ressuscitado e glorificado. Esse encontro gera vida,
porque Jesus é a vida (Jo 14, 6).

5.2)Dom do Espírito111
“Aqueles que ouviram a proclamação da Salvação e a receberam com fé, receberão o selo do
Espírito Santo que é o penhor de nossa eterna e definitiva salvação. Daí, que a proclamação querigmática
não pode terminar sem uma nova Efusão do Espírito Santo.”
Por isso que quem crê e converte-se alcança certamente a Salvação, assegurado pelo Espírito
Santo que nos é dado (Ef 1, 13).
Uma das metas fundamentais do querigma é pedir a Jesus Messias, que derrame o Espírito Santo
sobre todos os que estão escutando a Palavra da Salvação.” Sem esse recebimento, a proclamação
querigmática ficará incompleta, e finalmente será ineficaz porque é carente precisamente da força de Deus,
que é o Espírito Santo.”
“ A meta definitiva do querigma é nascer de novo da água e do Espírito”, porque é o Espírito Santo
quem nos faz conhecer verdadeiramente a Jesus, dando-nos testemunho dele (Jo 15, 26) e levando-nos
até a verdade completa (Jo 16, 13).
É o Espírito Santo que torna Jesus e sua obra de salvação presente e eficaz no mundo todo.

5.3)Formar comunidade: Igreja112


Santo Agostinho falava: “os apóstolos, pregando a Palavra da verdade, geraram as Igrejas.” 113
“A obra de salvação é coroada e levada a seu termo quando o Espírito Santo congrega os crentes
formando Cristo neles (2 Cor 3, 18) com diversidade de dons e ministérios (I Cor 12; Ef 4, 11), com uma só
fé, em um só batismo e um só Deus e Pai ” .
Após uma experiência pessoal com Jesus, a pessoa passa a se relacionar com Jesus como Meu
Salvador, Meu Senhor e Meu Messias. A medida que vai convertendo-se em comunidade, passa a
relacionar-se como Nosso Salvador, Nosso Senhor e Nosso Messias, nas diversas experiências de salvação
que vai tendo junto com outras pessoas.
A comunidade torna-se um ambiente onde é possível a salvação efetiva em Jesus Cristo, a partir do
momento, em que se vive a libertação do pecado, o Senhorio de Jesus em todos os sentidos e onde se
recebe constantemente o Espírito Santo.
A comunidade passa a ser um Dom de Deus, na medida que surge pela ação do Espírito Santo. Ele
a cria e lhe dá existência. A Igreja como a grande comunidade dos fiéis cristãos, é uma dádiva de Deus
para o mundo. A Igreja se torna lugar e instrumento de salvação para os homens. Deus está presente pelo
seu Espírito Santo na vida daqueles que se congregam na Igreja. E será o mesmo Espírito Santo que vai
dar ânimo e vida para o “Corpo” da Igreja.

6) Conclusão:
Para que o querigma aconteça na vida do cristão, ou seja para que esta evangelização fundamental
atinja seu objetivo final de levar o cristão a uma experiência pessoal com Jesus morto, ressuscitado e
glorificado, é necessário que ela desencadeie uma resposta no coração do cristão.
Essa resposta compreende a fé e a conversão. A fé é um meio indispensável para ser salvo, por
isso, precisa ser despertada e professada por aquele que ouve o querigma. Por isso que “os discursos
querigmáticos terminam com um convite para crer e apropriar-se de todos os frutos da redenção” (At 10,
43).
“ O outro meio através do qual a salvação faz-se presente, é a conversão, a qual é a expressão
necessária da fé.” A conversão envolve a renúncia da vida do pecado e a aceitar a vida de filho de Deus. É
voltar-se para Deus, é entregar-lhe e coração, é converter-se de justo a filho.
Dentro da evangelização querigmática a fé e a conversão devem manifestar-se exteriormente. A
primeira tornará Deus presente nos homens e a segunda nos fará voltar para Deus.

RESUMO

 Diferenciação entre a Pregação de Jesus e a Pregação dos Apóstolos.

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34
 Pregação de Jesus:
 era anunciado o Reino, a soberania real de Deus. Jesus evangelizava com fatos e palavras que se
testemunhavam;
 o Sermão da Montanha também contém a síntese dessa Pregação.
 Pregação dos Apóstolos:
 que a Pregação feita pelos apóstolos era centrada na apresentação da pessoa de Jesus, como
Salvador (presença salvífica de Deus);
 no livro dos Atos dos Apóstolos vamos encontrar seis discursos feitos pelos apóstolos, da pessoa
de Jesus, “discursos querigmáticos”, discursos de proclamação, de anúncio, que sintetizam o
conteúdo da pregação primitiva;
 O que existe em comum entre a Pregação de Jesus e a Pregação Apostólica é a proclamação da
salvação integral do homem e de todos os homens vivendo a paz, o amor e a justiça no
relacionamento mútuo, com a criação e com Deus.
 A pregação primitiva centrava-se em Jesus e seus atos de salvação. Não apresentava uma doutrina,
uma moral ou um dogma, mas sim uma pessoa viva (Jesus) e a aplicação para nós de sua morte,
ressurreição e glorificação.
 Todos os proclamadores declaram terem tido uma experiência do que falam, não são simples,
repetidores ou inventores. Só se pode anunciar a Boa Nova se teve uma experiência de Jesus morto,
ressuscitado e glorificado. Paulo é especialmente enfático quando proclama: apareceu também a mim.
 Quando se proclamava o conteúdo dessa Boa Nova, tinha-se como objetivo: tornar atual e efetiva no
mundo esta salvação anunciada, era promover a “experiência da salvação em Jesus, primícia da
Salvação total e definitiva, que será consumada ao participarmos plenamente da ressurreição de
Cristo” “...Os efeitos salvíficos da morte, ressurreição e glorificação de Jesus só se tornam presentes
em nós quando lhe respondemos com fé e conversão, abrindo o nosso coração para receber o Dom de
seu Espírito, o qual congrega-se na comunidade de crentes, a Igreja. Resumindo, o objetivo do
Querigma é: A Salvação, O Dom do Espírito e Formar a Comunidade - a Igreja.
 A Experiência da Salvação acontece pela: Pela experiência de ser libertado do pecado; Pela experiência
de ser liberto do maligno; Pela experiência da morte libertadora e gloriosa ressurreição de Jesus.
 Aqueles que ouviram a proclamação da Salvação e a receberam com fé, receberão o selo do Espírito
Santo que é o penhor de nossa eterna e definitiva salvação. Daí, que a proclamação querigmática não
pode terminar sem uma nova Efusão do Espírito Santo.
 A meta definitiva do querigma é nascer de novo da água e do Espírito”, porque é o Espírito Santo
quem nos faz conhecer verdadeiramente a Jesus, dando-nos testemunho dele (Jo 15, 26) e levando-
nos até a verdade completa.
 A obra de salvação é coroada e levada a seu termo quando o Espírito Santo congrega os crentes
formando Cristo neles (2 Cor 3, 18) com diversidade de dons e ministérios (I Cor 12; Ef 4, 11), com
uma só fé, em um só batismo e um só Deus e Pai (Ef 4, 50) .
 A comunidade torna-se um ambiente onde é possível a salvação efetiva em Jesus Cristo, a partir do
momento, em que se vive a libertação do pecado, o Senhorio de Jesus em todos os sentidos e onde se
recebe constantemente o Espírito Santo.
 Para que o querigma aconteça na vida do cristão, ou seja para que esta evangelização fundamental
atinja seu objetivo final de levar o cristão a uma experiência pessoal com Jesus morto, ressuscitado e
glorificado, é necessário que ela desencadeie uma resposta no coração do cristão. Essa resposta
compreende a fé e a conversão.
 Dentro da evangelização querigmática a fé e a conversão devem manifestar-se exteriormente. A
primeira tornará Deus presente nos homens e a segunda nos fará voltar para Deus.

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ENSINO 5

A EVANGELIZAÇÃO QUERIGMÁTICA

1)Introdução
Sabemos que a proclamação dos apóstolos tinha como objetivo: a salvação integral do homem e
de todos os homens, realizada por Jesus, que acontecia a partir da fé e da conversão confirmadas pelo
derramamento do Espírito Santo e vividas na comunidade.
Se tomarmos o modelo da proclamação de Jesus e dos apóstolos temos definidos seis temas
fundamentais e insubstituíveis da evangelização querigmática.
E para alcançarmos em sua totalidade o objetivo do Querigma, teremos que cumprir todas e cada
uma das metas do Querigma sucessivamente.
Neste ensino vamos aprofundar os temas e as metas do Querigma.

2) Querigma e Iniciação cristã:


“ A apresentação temática do querigma aos batizados não pode nem deve ser nada mais que a
renovação dos três sacramentos da iniciação cristã, pois trata-se muitas vezes de uma proclamação aos
que já foram batizados, talvez crismados e que já tiveram sua primeira eucaristia, porém, ainda não
tiveram um encontro pessoal com Deus e nem uma experiência concreta de sua salvação:
BATISMO: reavivar o sinal batismal de serem enxertados na morte e ressurreição de Cristo Jesus.
CRISMA: experimentar o poder do Espírito Santo que nos capacita para ser testemunhas com o
poder de Cristo Jesus.
EUCARISTIA: integrando a comunidade cristã, corpo de Cristo, ao redor da Ceia do Senhor.” 114

3) Apresentação dos temas do Querigma:


Os temas do Querigma estão intimamente relacionados, têm uma seqüência lógica a ser cumprida,
são dependentes entre si, tem uma apresentação pedagógica, são fundamentais e insubstituíveis na
proclamação querigmática, tornando-a atual e concreta.
A sua apresentação conceituada seria assim: “Deus te ama, mas teu pecado torna-te incapacitado
para senti-lo. No entanto, já te perdoou e tornou-te livre pela morte e ressurreição de Cristo Jesus. A única
coisa que deves fazer é crer e converter-te a fim de receberes o amor de Deus que é o Espírito Santo, e
possas viver na família de Deus, a comunidade cristã.” 115

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Vejamos essa seqüência concatenada no quadro abaixo: 116

EVANGELIZADOR EVANGELIZADO
 Deus te ama hoje - Mas porque não sinto?
 Porque és pecador necessitado de salvação - E qual é a solução?
 Jesus já te salvou - Que eu devo fazer?
 Crê e converte-te já, proclamando Jesus - Para quê?
como seu Salvador e Senhor
 Para que recebas imediatamente o Dom do - Isto é tudo?
Espírito Santo
 Integra-te nesta comunidade cristã
TEMAS DO QUERIGMA QUESTIONAMENTOS

4) Objetivos e metas dos temas do Querigma:


Agora veremos o conteúdo de cada um dos temas do Querigma: 117
Apresentaremos os temas centrais do querigma, e tentaremos adaptar alguns para que fiquem
mais pedagógicos, aproveitaremos e adicionaremos o objetivo e meta de cada tema, ou seja, onde
queremos chegar com cada um, ou o que queremos alcançar.

4.1)Deus te ama
Objetivo do tema: Levar o evangelizado a crer e experimentar o amor pessoal e
incondicional de Deus que é nosso Pai. O evangelizador é veículo do amor de Deus acompanhando o
Evangelizado a subir ao Tabor para que Deus, Ele mesmo declare: “És meu filho muito amado em quem
tenho minhas complacências”( Mt 3,17).
 Deus o ama pessoalmente porque é seu Pai (Is 43, 1; Jer 31, 3; Sl 103, 13; Mt 3, 17).
 Deus o ama incondicionalmente porque é amor (Is 49,15; 54,10; I Jo 4, 8).
 Deus quer o melhor para você, porque você é seu filho (Ef 3, 20; Is 55, 9).
 Deus tomou a iniciativa de amar-te (Jr 20, 7; Gl 4, 9; I Jo 4, 19; Jo 15, 16).
 Deixa-te amar por Ele!

4.2) És pecador necessitado de salvação


Objetivo: Sermos convencidos (não acusados) do pecado. Nosso pecado é a causa de todos os
males. Necessitamos ser perdoados e salvos por Deus.
 O pecado, é um problema, e nos impede de sentir o amor de Deus (Rm 3, 23; Mc 1, 14-15; Sl
51, 7)
 O pecado consiste em não confiar, nem acreditar em Deus (Rm 14, 23; Pr 8, 36)
 O salário da pecado é a morte (Rm 6, 23), a sua pior conseqüência.
 O pecado incapacita para a salvação (Jo 8, 34)
 Todos somos pecadores (Rm 3 ,23)
 O homem tem um problema e não pode solucionar: o pecado – uma má notícia.
 Reconheça o seu problema; reconheça teu pecado! (Jo 9, 41; Lc 18, 9-14)

4.3) Jesus já te salvou


Objetivo: apresentar Jesus morto, ressuscitado e glorificado como única solução para o
mundo e cada indivíduo. Levar o evangelizado a um encontro pessoal com Jesus Salvador.
 A Boa Notícia – Deus deu-nos a solução: Jesus (Jo 3, 16-17)
 Jesus veio trazer a vida em abundância (Jo 10, 10)
 Como Ele fez:
a) venceu a satanás (Gn 3 ,15)
b) venceu o mundo (Jo 16, 33)
c) venceu o pecado: Salvação do pecado
- perdoa o pecado (Cl 2, 13-14)
- esquece o pecado (Mq 7, 19; Jr 31, 34; Hb 10, 14)
- liberta do pecado (2 Cor 11, 2)
d) Comunicou vida divina (Jo 10, 10; Rm 5, 20; Jo 8, 3-11; Lc 19, 1-10; Lc 23, 39-43)
- como se realizou a nossa salvação:
1) encarnação (Rm 8, 31-38; Mt 1, 23)
2) morte (2 Cor 5, 21)
3) ressurreição (I Cor 15, 55)

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4) glorificação (At 4, 12; Ef 2, 1-7)
 Jesus não te salva, já te salvou!

4.4) Crê e converte-te


Objetivo: Ter um encontro pessoal com Jesus Salvador pela fé e conversão. Levar o
evangelizado a decidir-se e ter a oportunidade de realizar atos concretos de fé nos quais se entregue
totalmente a Jesus e o reconheça como seu Salvador pessoal. O Evangelizado deve manifestar
exteriormente sua fé, proclamando Jesus como seu único Salvador.
O evangelizado deve ter uma oportunidade para se entregar concretamente a sua vida a Jesus e
aceitá-Lo no seu coração proclamando-O Senhor de todas as áreas de sua vida e pedindo a Jesus uma vida
nova.
Jesus já fez sua parte. A tua é crer e converter-te a Ele.
 Crer Nele é: - obter a salvação (Ef 2, 8)
- obter a justificação plena (At 13, 39)
- Dom de Deus, certeza que Ele vai agir (Mt 9, 29)
- Confiança, dependência e obediência a Jesus Salvador (Rm 1, 17)
- Não é sentimento, nem emoção (Rm 10, 9-10)
- Entregar-se a Ele totalmente e incondicionalmente na medida que Nele
acreditamos.
- Confiar, tendo a certeza que Deus vai atuar de acordo com suas
promessas.
- Depender Dele, ou seja, obedecê-lo como Pai que nos ama e deseja o
melhor para nós.
 Converter-se a Ele é:
- A forma mais concreta de se manifestar a fé.
- Mudar de vida: trocarmos nossa vida pela vida de Jesus (Jo 3, 3)
- Receber a vida de Filho de Deus
- Renunciar ao pecado e a satanás
- Oferecer nosso coração a Deus (Ap 3, 20)
- Voltar-se para Deus pedindo-lhe perdão (At 3, 19)
- Proclamar Jesus Senhor e Salvador de tua vida (At 2, 38)

4.5) Recebe o Dom do Espírito Santo


Objetivo: Jesus quer salvar-te cumprindo em ti a promessa do Pai: dar-te o Espírito Santo.
É necessário, portanto, que cada um tenha seu próprio Pentecostes: um momento, uma oração na qual
seja pedida e recebida uma abundante efusão do Espírito Santo e sejam manifestados os dons e frutos do
Espírito. Lendo os Atos dos Apóstolos, vamos encontrar, que Pentecostes aconteceu várias vezes, quantas
vezes foi necessário: At 2, 1-39 (1º Pentecostes); At 4, 23-31 (Pentecostes familiar); At 8, 9-19
(Pentecostes Samaritano); At 4, 8 (Pentecostes de Pedro); At 9, 8-17 (Pentecostes de Paulo); At 10
(Pentecostes dos gentios); At 19, 1-7 (Pentecostes em Éfeso).
Recebe:
 A promessa do Espírito Santo (Jo 16, 7; Lc 24, 49; At 1, 5; At 1, 8) feita por Deus Pai e
também por Jesus (Ez 11, 19s; Jr 31, 33).
 O cumprimento da Promessa (At 2, 1-4), o Batismo no Espírito Santo.
 Os frutos do Batismo no Espírito Santo: conheceram verdadeiramente a pessoa e missão de
Jesus (Jo 15, 26); transformou seu coração (At 4, 32), Jesus tornou-se o centro da vida (At 20,
35); começaram a testemunhar com palavras poderosas (At 4, 30-31); o nascimento da Igreja
(At 2, 44); glorificaram a Deus.
 A experiência de Pentecostes, que é oferecida a cada um de nós. A promessa é para você! (At
2, 38-39; Jo 4, 14)
 A promessa; peça a Deus que ela se cumpra hoje na nossa vida (I Ts 5, 24; Ap 22, 17).
 Para viverdes como filho de Deus (Gl 4, 6)
 Para transformar teu coração (Ez 36, 26)
 Para terdes os frutos do Espírito Santo (Gl 5, 22-23)
 Para encher-te de Seus carismas
 A promessa é para ti. Recebe-a! (Ap 22, 17)

4.6) Integra-te à Comunidade


Objetivo: Crescermos juntos como irmãos (Cl 2, 19). O evangelizador deve ajudar o

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Evangelizado a fazer parte de forma ativa de uma comunidade onde seja ajudado a viver a vida cristã e
onde ele se comprometa a compartilhar de si o quanto é e o quanto tem. A pequena comunidade vai
ajudá-lo a continuar caminhando e crescendo na Vida do Espírito.
 A comunidade é lugar onde:
- há variedade de carismas, mas unidade de fé (Rm 12, 5)
- o amor é óbvio e efetivo (At 2, 42)
- compromete-nos a dar e receber amor (I Pd 2, 9s)
 necessitas de irmão na fé: a comunidade!
 A comunidade possibilita a:
- Perseverar na fração do pão
- Perseverar no ensinamento dos Apóstolos
- Perseverar na oração diária e comunitária
- Perseverar na comunhão

4.7) Transformação de Vida


O Objetivo global da evangelização querigmática resume-se numa transformação
de atitudes, critérios e modelos de vida. Quando proclamamos o querigma o objetivo central é a
transformação de vida, e não a instrução. É deixar crescer a vida de Deus.
 Vivendo as bem-aventuranças Mt 5, 1-12
 Vivendo a fé (a fé: ou se vive ou se perde)
 Tendo Maria como modelo de crescimento em Cristo
 “ Já não sou eu quem vivo, é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 20)
A proclamação querigmática não é um fim. É um meio para atingir os objetivos e as metas.

5) Um método de proclamação do Querigma:


São Paulo nos ensina como fazer a proclamação de maneira eficaz, com todo seu conteúdo
seqüencial e também atingindo a suas metas.
O método que Paulo utilizou na Igreja de Tessalônica é o exemplo para nós: Ele “pregou para eles
unicamente durante três sábados e, no entanto, chegou a dizer-lhes que eles eram sua alegria, sua coroa e
sua glória” (At 17, 12; I Ts 2, 19-20) 118 . O método da proclamação querigmática era feito ( 1ª Carta aos
Tessalonicenses):
 Pela Comunidade: “Paulo, Silvano e Timóteo” (1, 1)
É uma comunidade quem evangeliza.
 Através do Testemunho: “Foi pregado nosso evangelho (1, 5)
O Evangelho está encarnado neles que são suas testemunhas.
 Com a Palavra: “... Foi pregado não só com a Palavra” (1, 5)
Quer dizer, um elemento de Pregação era a Palavra.
 No Poder de Deus: “... mas também com poder” (1, 5)
Manifestou-se o poder de Deus com sinais, prodígios e milagres.
 Através do Espírito Santo: “... e com o Espírito Santo em plenitude (1, 5)
O Espírito era essencial na pregação e fundação das Igrejas primitivas.
 Em Oração: “Sem cessar, nós os recomendamos em nossas orações (1, 2)
 Com Amor: “Desejávamos dar a própria vida” (2, 8)
Entrega total de amor aos evangelizados.
 Na Alegria: “Por Vós experimentamos alegria” (3, 9)
A alegria está presente em toda a evangelização.

6) Conclusão:
Mais importante que a própria proclamação, é que graças a ela tenha-se ambiente, tempo e
oportunidade para cumprir os objetivos e metas do querigma. O que se espera é uma resposta de
evangelizado.
Por isso que à medida que evangelizamos, também damos espaço para o evangelizado se colocar.
O retorno dele é importante. Precisamos escutá-lo com atenção.
Diante de tudo o que vimos, resumidamente, chegamos à conclusão de que para evangelizar é
necessário que o evangelizador tenha tido uma experiência pessoal da salvação de Jesus, alguém que
tenha tido um encontro pessoal com Jesus ressuscitado. E que tenha uma paixão para que Cristo seja
conhecido, amado e servido, enfim, que tenha um grande zelo pelo Evangelho.

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RESUMO

 Se tomarmos o modelo da proclamação de Jesus e dos apóstolos temos definidos seis temas
fundamentais e insubstituíveis da evangelização querigmática. E para alcançarmos em sua totalidade o
objetivo do Querigma, teremos que cumprir todas e cada uma das oito metas do Querigma
sucessivamente.
 A apresentação temática do querigma aos batizados não pode nem deve ser nada mais que a
renovação dos três sacramentos da iniciação cristã, pois trata-se muitas vezes de uma proclamação
aos que já foram batizados, talvez crismados e que já tiveram sua primeira eucaristia, porém, ainda
não tiveram um encontro pessoal com Deus e nem uma experiência concreta de sua salvação.
 Os temas do Querigma estão intimamente relacionados, têm uma seqüência lógica a ser cumprida, são
dependentes entre si, tem uma apresentação pedagógica, são fundamentais e insubstituíveis na
proclamação querigmática, tornando-a atual e concreta.
 A sua apresentação conceituada seria assim: “Deus te ama, mas teu pecado torna-te incapacitado para
senti-lo. No entanto, já te perdoou e tornou-te livre pela morte e ressurreição de Cristo Jesus. A única
coisa que deves fazer é crer e converter-te a fim de receberes o amor de Deus que é o Espírito Santo,
e possas viver na família de Deus, a comunidade cristã.
 O objetivo e meta de cada tema, ou seja, onde queremos chegar com cada um, ou o que queremos
alcançar:
 Deus te ama: Levar o evangelizado a crer e experimentar o amor pessoal e incondicional de Deus
que é nosso Pai.
 És pecador necessitado de salvação: Sermos convencidos (não acusados) do pecado. Nosso
pecado é a causa de todos os males. Necessitamos ser perdoados e salvos por Deus.
 Jesus já te salvou: apresentar Jesus morto, ressuscitado e glorificado como única solução para o
mundo e cada indivíduo. Levar o evangelizado a um encontro pessoal com Jesus Salvador.
 Crê e converte-te: Ter um encontro pessoal com Jesus Salvador pela fé e conversão. Levar o
evangelizado a decidir-se e ter a oportunidade de realizar atos concretos de fé nos quais se
entregue totalmente a Jesus e o reconheça como seu Salvador pessoal. O Evangelizado deve
manifestar exteriormente sua fé, proclamando Jesus como seu único Salvador.
 Recebas o Dom do Espírito Santo: Jesus quer salvar-te cumprindo em ti a promessa do Pai: dar-te
o Espírito Santo. É necessário, portanto, que cada um tenha seu próprio Pentecostes: um
momento, uma oração na qual seja pedida e recebida uma abundante efusão do Espírito Santo e
sejam manifestados os dons e frutos do Espírito.
 Integra-te a Comunidade: Crescermos juntos como irmãos (Cl 2, 19). O evangelizador deve ajudar
o Evangelizado a fazer parte de forma ativa de uma comunidade onde seja ajudado a viver a vida
cristã e onde ele se comprometa a compartilhar de si o quanto é e o quanto tem.
 Transformação de Vida: O Objetivo global da evangelização querigmática resume-se numa
transformação de atitudes, critérios e modelos de vida. Quando proclamamos o querigma o
objetivo central é a transformação de vida, e não a instrução. É deixar crescer a vida de Deus. Um
método da proclamação querigmática era feito ( 1ª Carta aos Tessalonicenses): pela Comunidade,
através do Testemunho, com a Palavra, no Poder de Deus, através do Espírito Santo, em Oração e
na Alegria.

ENSINO 6

O PODER DA ORAÇÃO

1) Introdução
Sabemos que o amor que nos alimenta e que recebemos de Deus é incondicional, fiel, eterno e por
isso nos convida e nos atrai permanentemente a vivermos em comunhão com Ele, numa relação de amor

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Pai-Filho, o Espírito Santo nos impulsiona a esta vocação. O profeta Isaías nos exorta: “ Prestai-me atenção
e vinde a mim ( Is 55,3)”.
Nossa atenção quase sempre se dispersa por entre tantos chamados, a fazeres, e lutas cotidianas e
somos tentados a não ouvir a voz do amor que continua dizendo: “Escutai-me e vossa alma viverá” – sim,
a alma humana clama por amor, paz, alegria, plenitude de vida, liberdade, esperança renovada a cada dia,
e todo esse manancial de graças, ela somente encontrará na presença do Senhor que se derrama, se doa e
espera por cada um de seus filhos no recolhimento silencioso da oração.
Por isso iniciamos essa reflexão, orando ao Pai e dando uma resposta ao Salmo 41: “Como a corça
anseia pelas águas vivas, assim, minha alma suspira por vós ó meu Deus. Minha alma tem sede de Deus,
do Deus vivo”. (Sl 41, 2-3). Suplicamos Pai celeste, derrama sobre nós seus servos, seus filhos, um espírito
de oração; aumente em nós o desejo, o ardor, a alegria pela oração que nos fortalece; nos reanime a cada
dia, porque estar na Tua presença é transformar-se, é curar-se, é libertar-se e, nos anime para
anunciarmos o seu santo nome, a salvação a todos, como os primeiros cristãos, na realidade em que
vivemos.
Orar é estar na presença do poder, da alegria, do perdão, da paz, da sabedoria, da força para a
caminhada, é estar na presença da Trindade Santíssima o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Aprendemos a
andar, andando, a falar, falando, assim também, aprendemos a rezar, rezando. Para tudo em nossa vida
precisamos disciplina, também para o exercício diário da oração pessoal é preciso nos disciplinarmos.
Após passar pela efusão do Espírito Santo, Ele mesmo nos convida e nos impulsiona a riqueza
desse momento onde se estabelece um diálogo: falamos e ouvimos, refletimos, meditamos, mergulhamos
nas profundezas do nosso ser onde encontramos o hóspede divino – O SENHOR.
O objetivo deste Ensino que estamos iniciando é o de trazer três sugestões de métodos de oração,
para incrementar a nossa oração diária.

2) Jesus, nosso modelo de oração


O mestre, o próprio Jesus é nosso modelo de oração. Ele sendo Deus, mas como homem é fiel na
busca do Pai, através da oração pessoal. O evangelho de São Lucas nos mostra várias passagens em que
Jesus contínuamente orava ao Pai. Assim podemos enumerar:
- Antes de iniciar sua missão, por ocasião do seu batismo: “Quando todo o povo ia sendo batizado,
também Jesus o foi. E estando ele a orar, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre ele” (Lc 3,
21-22). Vejam, porque ele estava a orar, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre ele. É preciso
que tomemos a iniciativa para que Deus aja em nós. A vontade, a decisão e a determinação é nossa,
o restante (e o restante é tudo) Deus o faz. Exatamente porque Jesus estava em oração, plenificou-se
do poder do Espírito Santo, teve força e sabedoria para vencer o tentador (Lc 4, 1-12).
- No exercício de sua missão, operando milagres e curas, quando muitos o procuravam ele estava
recolhido, na solidão da oração pessoal – (Lc 5, 15-16).
- Antes da escolha dos doze apóstolos, Jesus retirou-se e passou a noite inteira orando a Deus Pai (Lc
6,12) – motivo de profunda reflexão para nós que somos servos de Deus; devemos ter sempre
presente que servimos a Ele e NÃO nos servimos Dele. Para que tudo se faça segundo a sua santa
vontade é necessário que tenhamos espírito de humildade, submissão, dependência, paciência e
perseverança.
- Durante o episódio da transfiguração, enquanto orava, transformou-se o seu rosto e suas vestes
tornaram-se resplandecentes de brancura (Lc 9, 29). A oração pessoal transfigura o nosso rosto, as
nossas palavras, o nosso pensar, os nossos conceitos, muda as vestes sujas do pecado, do egoísmo,
da preguiça espiritual, do orgulho, dos julgamentos, da falta de compromisso com o chamado, reveste
–nos e nos faz homens e mulheres fieis, audaciosos, corajosos, cheios de palavras.

3) Orar de forma concreta e disciplinada


Orar é compromisso a ser cumprido diariamente. Precisamos estabelecer horário, local, termos
em nossas mãos subsídios que nos auxiliem a fazer deste momento um tempo precioso e rico em graças,
um verdadeiro refugio de onde saiamos sempre mais plenos de Deus. Vivemos numa constante batalha
onde a oração pessoal é o combustível de nossa luta. Não podemos arrumar desculpas dizendo: não tenho
tempo.
Devemos ter sempre em nossas mãos a palavra de Deus, e livros que nos auxiliem na oração, mas
acima de tudo um espírito de recolhimento, humildade, adoração e abertura a ação de Deus.
Tempo é questão de preferência, é preciso fazer este tempo acontecer: despertando mais cedo,
pois é maravilhoso começar o dia buscando a Deus; renunciar alguma atividade muitas vezes até
desnecessária e vazia para enchê-la da preciosa presença de Deus.
Se preferirmos ao meio dia, no intervalo do almoço, ou antes do jantar, à noite, antes de dormir
ou no silêncio da madrugada, não importa o horário. O importante é assumirmos o horário escolhido.

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O livro, “A Hora Milagrosa – Um método de oração que mudará sua vida” – de Linda Schubert, nos
auxilia e nos ensina a passar verdadeiramente uma hora milagrosa na presença do Senhor, onde a autora
nos mostra a importância da disciplina na oração pessoal.
Esta uma hora de oração, é dividida em seções de cinco minutos. Em cada seção de cinco minutos
reza-se um tipo diferente de oração. Entre as seções, faz-se orações breves como a Ave-maria, o Pai-
nosso, oração em línguas e outras.
A seqüência de 12 seções é feita assim:
3.1) Oração de louvor: Se inicia com a oração de louvor - expressão de gratidão e fé daqueles que
esperam confiantes.
3.2) Cânticos ao Senhor: “Cantai ao Senhor um cântico novo” diz o salmista. O coração orante
naturalmente canta ao Senhor, a cada dia um cântico que se torna novo pela ação do Espírito Santo, pela
alegria, pela graça de contemplá-lo e experimentar o seu amor.
3.3) Oração de renúncia: São Paulo nos diz que travava uma luta em seu interior: “Pois não faço
aquilo que quero, mas aquilo que aborreço... em meus membros outra lei, que luta contra a lei do meu
espírito e me prende à lei do pecado” (Rm 7, 15.23). Amados por Deus e salvos por Jesus Cristo somos
tentados a traí-lo pelo pai da mentira que nos quer tirar a paz e nos arrancar das mãos de Deus, nos
seduzindo e nos acusando. Uma das melhores armas contra o inimigo de Deus é a oração fiel; é preciso
renunciar a cada dia em nome de Jesus Cristo, aos espíritos malígnos que nos atormentam, que nos levam
a morte.
3.4) Oração de entrega: A nossa fé nos leva ao abandono confiante nas mãos do Senhor (Pr 3,
5). Entregar a vida, o dia de trabalho, as lutas, os relacionamentos, as decisões, os negócios, a família, a
saúde ou a enfermidade, o desemprego, as angústias, as alegrias, as esperanças...
3.5) Oração de libertação no Espírito Santo: “João batizou na água, mas vós sereis batizados no
Espírito Santo daqui a poucos dias” – a promessa é para todos, cumpriu-se na vida dos apóstolos (At 2, 2-
4) e cumpre-se hoje em nós, basta que, pela fé, a peçamos. “ Vinde Espírito Santo, vinde com seus dons
(infusos e carismáticos), restaura, fortalece, renova o nosso ser para os dias de hoje, queremos ser
anunciadores, proclamadores e testemunhas da Boa Nova em nossos tempos; Vinde Espírito Santo, dá-nos
coragem, audácia, renova o dom da fé para que prodígios, milagres, transformações profundas aconteçam
em nós e através de nós. Vinde Espírito Santo – “pedi e recebereis” – pedir e pedir sempre esta graça e
esse Dom.
3.6) Oração de arrependimento: (Mq 7, 18)
3.7) Oração de perdão (Mc 11, 25)
3.8) Reflexões sobre a Sagrada Escritura (Hb 4, 12)
3.9) Oração de Escuta: Fala Senhor teu servo escuta (Mt 13, 23)
3.10) Oração de Súplica (I Rs 18, 37)
3.11) Oração de Intercessão (Sl 91, 15)
3.12) Oração de Ação de graças (II Pd 3, 18)
Que o Espírito Santo nos plenifique e nos conduza a presença da Santíssima Trindade através
dessa uma hora que realiza verdadeiros milagres em nós e através de nós.
É importante termos em nossa casa um lugar reservado, inspirado, santo para esse momento precioso,
onde poderá ter um crucifixo ou imagem de Nossa Senhora, um ícone ou algo que nos auxilie na oração.
Um lugar onde se possa ficar a sós sem ser perturbado ou distraído, um lugar acolhedor, esse é o melhor
lugar. Muitas pessoas preferem orar num jardim, num quintal, lugares também bastante inspiradores
ainda, se houver possibilidade numa igreja diante do Santíssimo Sacramento especialmente um lugar
agraciado.

4) Orando com a Palavra de Deus – Leitura Orante119


Trata-se da prática da leitura da Bíblia, para nos alimentar a fé, a esperança, o amor e o compromisso,
pelo conhecimento de Deus. “O Espirito vos recordará tudo o que eu disse e vos introduzirá na verdade
plena” (Jo 14, 26; 16,13).
São Cipriano de Cartago aconselha: “sê assíduo tanto a oração quanto a leitura da Palavra de Deus,
ora fala com ele, ora ele contigo”.
São Jerônimo diz: “ora ouves a Deus quando recorre a leitura dos Livros Sagrados, ora falas com Deus
quando fazes oração ao Senhor”.
São Ambrósio de Milão escreve: “a Deus falamos quando oramos, a Deus ouvimos quando temos suas
palavras em nossas mãos, em nossos corações”.

4.1) Requisitos para uma Leitura Orante

4.1.a) Um ambiente favorável

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Como estamos falando de oração, o clima deve ser de recolhimento, paz interior e exterior, de
caridade fraterna, de silêncio, tempo disponível. Sobre o silêncio tão necessário para escutar, observa
Dietrich Bonhoeffer: “nos calamos antes de escutar porque nossos pensamentos estão dirigidos para a
mensagem, como um filho que se cala no momento de escutar o seu pai”. Nos calamos depois de ter
escutado a palavra de Deus porque ela ressoa viva em nós, muda o rumo da nossa vida, converte o nosso
coração à verdade que é Nosso Senhor Jesus Cristo.

4.1.b) Pureza de coração


“Bem aventurado os corações puros porque verão a Deus” (Mt 5, 8). Precisamos contemplar com
olhar puro da alma, os mistérios mais profundos e escondidos, na Palavra de Deus. Não estamos na ciência
humana, nem na cultura dos homens, mas tão somente na pureza da alma, iluminada pela luz do Espírito
Santo. Deste modo, à medida que vamos progredindo na purificação interior e na leitura humilde e assídua
nosso espírito vai se renovando e nos parecerá que a Sagrada Escritura começa a falar para nós. Nos
comunica uma compreensão mais profunda e misteriosa.

4.1.c) Desprendimento e docilidade


Outras disposições fundamentais para encontrarmos a Deus que nos espera no Escritura são a
sensibilidade de, o desprendimento, a docilidade e a entrega. O cardeal Eduardo F. Pironio escreve: “A
palavra de Deus é simples. Tem que penetrá-la com alma de pobre e coração contemplativo. Somente
assim nasce em nós o gosto da sabedoria. Assim sucedeu em Maria, a virgem pobre e contemplativa, que
recebeu em silêncio, a Palavra, a realização na obediência da fé (Lc 11, 27)”. Infelizmente, “às vezes nós
complicamos o Evangelho e assim não entendemos a claridade e a força de suas exigências. Possivelmente
olhamos o Evangelho a partir de nós mesmos”. Mas a palavra de Deus transcende nossa realidade e tem
que entrar nela a partir da profundidade do espírito “penetra tudo, mesmo as profundezas de Deus (I Cor
2, 10)”.
Devemos acorrer a Bíblia não para o que ela pode extrair de nós, mas para o que podemos extrair
dela. Isto é muito importante. Para que a leitura de Deus seja autêntica, é preciso ir a ela com espírito de
entrega, de perfeita disponibilidade ao que o Senhor vai pedir-nos.
Segundo S. Gregório Magno, exímio mestre da Lectio Divina, saber ler a Escritura pode converter-se
em uma definição do cristão na medida em que esta leitura seja existencial e não somente um exercício
superficial da inteligência.
Um dos segredos de santidade de Santa Terezinha do Menino Jesus talvez a principal, era sua plena
aceitação da Palavra de Deus para realizá-la e vivê-la. Jamais tentou acomodá-la a seu caminho, mas
acomodou seu caminho à Palavra de Deus, de um modo total e absoluto.
A Lectio Divina exige entrega sincera, “puritatis devotio”, de quem a pratica. Supõe-se que o leitor se
abandone a Deus, que está falando e lhe concede uma relação de coração.

4.1.d) Espírito de oração


Devemos buscar a Escritura não para entreter-nos, nem para estudar, senão para subir ao altar de
Deus, com grandes preparativos de alma e corpo. Deus nos oferece para que leiamos em seu coração, nos
chama a sua intimidade. Mas este contato com Deus não pode efetuar-se senão em um clima de fé viva e,
como escreve A. Southey “requer que nós nos preparemos com uma atitude de desejo humilde, numa
atitude de oração”.
Os padres têm firmado um princípio fundamental: compreender a escritura é um Dom de Deus, por
isso São João Crisóstomo orava ante a Bíblia: “Senhor Jesus Cristo, abre os olhos de meu coração...,
ilumina meus olhos com tua luz..., tu somente é a única luz”.
Antes de toda leitura suplique a Deus para que se revele a ti. A leitura divina, é um dom da graça.
Devemos pedir sempre, que Deus se revele a nós a partir da leitura da Palavra.

4.2) Método da Leitura Orante


Os quatro degraus da Lectio Divina são: leitura, meditação, oração e contemplação; nem sempre é
fácil distinguir uma etapa da outra.

4.2.a) LEITURA (“Conhecer, respeitar, situar”)


A leitura é o primeiro passo, porque só se ama aquilo que se conhece, ela foi “escrita para nós que
tocamos o fim dos tempos” (I Cor 10, 11). A leitura precisa ser perseverante e diária. Exige disciplina, não
deve ser interesseira, mas deve ser desinteressada e gratuita, pois tudo o que vem de Deus é graça.
A leitura da Palavra de Deus rompe a distância entre o ontem do texto e o hoje da nossa vida, afim de
poder iniciar o diálogo com Deus na meditação. A Escritura nasceu em comunicações vivas. Quando lemos
e refletimos, estamos sempre rodeados de uma multidão de testemunhas. A Lectio Divina é o

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prolongamento da liturgia da palavra, na comunidade cristã, durante a Eucaristia. É uma palavra não só
para mim, mas na fé, tem repercussão na Igreja.
Devemos ler, reler, voltar a ler, pronunciar bem as palavras, se possível em voz alta, como em uma
carta esperada e desejada. Não nos contentemos com uma leitura só, até saibamos ler nas entrelinhas.
Todos temos dificuldades, em ler. Há o vício de ler em diagonal, depressa demais, ler para encher o
tempo, falta de gosto pela leitura, falta de tempo, de interesse, de método. Pertencemos à civilização da
imagem, espectadores passivos da TV ou revistas. É necessário toda uma aprendizagem, e uma ascese.
Ter tempo fixo é ser fiel.
A leitura da Palavra de Deus não pode depender do gosto do momento. A leitura séria impede que o
texto seja manipulado e reduzido ao tamanho da nossa idéia.
Ler, copiar o texto mais de uma vez, ler os lugares paralelos, indicados na Bíblia e nas notas. “A
Escritura se interpreta por si mesma”, é o grande critério rabínico da Lectio.
Abre a Bíblia e lê o texto, não escolha ao acaso, porque não se desperdiça a Palavra de Deus. Obedece
ao lecionário litúrgico e aceite o texto que a Igreja oferece naquele momento, ou então, leia um livro da
Bíblia do princípio ao fim.
“É recomendável não ler simplesmente com os olhos, mas procurar imprimir o texto no coração”. A
Palavra de Deus é comparada a um cacho de uvas que a alma examina, volta o coração e começa a
mastigar e triturar e a põe no lagar enquanto excita a razão a procurar o que é e como pode ser adquirida.
Qual o momento de passar da leitura para a meditação? É difícil precisar o momento exato em que a
natureza passa da primavera para o verão.
O objetivo da leitura é ler e estudar o texto até que ele, sem deixar de ser ele mesmo, se torne
espelho para nós mesmos e nos reflita algo da nossa própria experiência de vida. A leitura nos leva
familiarizarmos com o texto, a ponto dele se tornar nossa palavra. Cassiano dizia: “Penetrados dos mesmos
sentimentos em que foi escrito o texto, nos tornamos, por assim, dizer, os seus autores”. E aí, como que
de repente, nos damos conta de que, por meio dele, Deus está querendo falar conosco e nos dizer alguma
coisa. Nesse instante, dobramos a cabeça, fazemos silêncio e abrimos o ouvido: “Vou ouvir o que o Senhor
nos tem a dizer” (Sl 85, 9). É nesse momento que a leitura se transforma em meditação.
-
4.2.b) MEDITAÇÃO (“Ruminar, dialogar, atualizar”)
A leitura respondeu à pergunta: “O que diz o texto?” A meditação vai responder à pergunta: “O que diz
o texto para mim, para nós?” A meditação indica o esforça que se faz para atualizar o texto e trazê-lo para
dentro do horizonte da nossa vida e realidade tanto pessoal como social. O texto deve falar-nos. Dentro da
dinâmica da “Lectio divina”, a meditação ocupa um lugar central.
Uma primeira forma de se realizar a meditação é usando a mente e a razão para poder descobrir a
“verdade oculta”. Entra-se em diálogo com o texto, com Deus, fazendo perguntas que obrigam a usar a
razão e que procuram trazer o texto para dentro do horizonte da nossa vida. Por exemplo: quais os
conflitos de ontem que existem hoje?
A outra forma é repetir o texto, ruminá-lo até descobrir o que ele tem a nos dizer. É o que Maria fazia
quando ruminava as coisas em seu coração (Lc 2, 19-51). É o que recomenda o salmo ao justo: “meditar
dia e noite na lei do Senhor” (Sl 1, 2). É o que Isaías define com tanta precisão: “sem lahweh, o teu nome
e a lembrança de ti resumem todo o desejo da nossa alma” (Is 26, 8). Após ter feito a leitura e ter
descoberto o seu sentido para nós é bom procurarmos resumir tudo numa frase, de preferência do próprio
texto bíblico, para ser levada conosco na memória e ser repetida e mastigada durante o dia, até se
misturar como nosso próprio ser.
Assim nos colocamos sob o julgamento da Palavra de Deus e deixamos que ela nos penetre, como
espada de dois gumes (Hb 4,12). “Ela vai julgando as disposições e intenções do coração. E não há
criatura oculta à sua presença. Tudo está nu e descoberto aos olhos daquele a quem devemos prestar
contas” (Hb 4, 12-13). Pela meditação, a Palavra de Deus vai entrando aos poucos, vai tirando as
máscaras, vai revelando e quebrando a alienação em que vivemos, devolvendo-nos, para que nos
tornemos uma expressão viva da palavra ouvida e meditada.
A ruminação está ligada ao sabor, Santo Agostinho dizia: “quando escutas, ou lês, comes. Quando
meditas o que acabas de ouvir, ou de ler, ruminas. Aquele que é sábio, saboreia a Palavra, pois meditando-
a, rumina-a, e a ruminação alegra-o” .
A meditação também aprofunda a dimensão pessoal da Palavra de Deus. Na Bíblia, quem dirige a
Palavra é Deus, e Ele o faz com muito amor. Uma palavra de amor recupera forças, libera energias, recria
a pessoa, o coração se dilata até adquirir a dimensão do próprio Deus, que pronuncia a palavra.
“Pela leitura se atinge a casca da letra, e se tenta atravessá-la, para na meditação, atingir o fruto do
Espírito (S. Jerônimo)”. O Espírito age dentro da Escritura (2Tm 3, 16). Através da meditação, ele se
comunica a nós, nos inspira, cria em nós os sentimentos de Jesus Cristo (Fl 2, 5), ajuda-nos a descobrir o

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sentido pleno das palavras de Cristo (Jo 16, 13). É o mesmo Espírito que enche a vastidão da terra (Sb 1,
7). No passado Ele animava os Juízes e Profetas, hoje Ele também nos anima.
Qual o momento que se passa da meditação para a oração? Não é fácil dizer, quando, exatamente,
uma pessoa passa da juventude para a idade adulta. A meditação atualiza o sentido do texto até ficar claro
o que Deus está pedindo de nós, quando fica claro que o que Deus pede, está chegando o momento de se
perguntar: “e agora o que vou dizer a Deus? Assumo ou não assumo?” Quando fica claro o que Deus pede,
fica clara também a nossa incapacidade e a nossa falta de recursos. É o momento da súplica: “Senhor,
levanta-se! Socorre-nos!” (Sl 44, 27). A meditação é semente de oração. Basta praticá-la e ela, por si
mesma se transforma em oração.

4.2.c) ORAÇÃO (“Suplicar, louvar, recitar”)


A atitude de oração diante da Palavra de Deus deve ser como aquela de Maria, que disse: “Faça-se em
mim, segundo a tua palavra” (Lc 1, 38). Maria foi capaz de receber a Palavra de Deus, porque a ruminação
(Lc 2, 19.51) da mesma tinha sido purificado o seu olhar e o seu coração.
A oração, provocada pela meditação, inicia por uma atitude de admiração silenciosa e da adoração ao
Senhor. A partir daí brota a nossa resposta à Palavra de Deus.
A resposta a Deus pode ser de louvor ou de ação de graças, de súplica ou de perdão, pode ser até de
revolta ou de imprecação, como foi a resposta de Jó, Jeremias e tantos salmos.
Como na meditação, é importante que esta oração espontânea não seja só individual, mas também
tenha sua expressão comunitária em forma de partilha.
A Palavra de Deus vale não só pela idéia que transmite, mas também pela força que comunica. Não só
diz, mas também um exemplo concreto é o sacramento: a palavra “Isto é o meu corpo!” faz o que diz. Na
criação, Deus fala e as coisas começam a existir (Sl 148; Gn1, 3). O povo judeu, muito mais do que nós
hoje, tinha sensibilidade para valorizar esses dois aspectos da palavra e mantê-los unidos. Eles diziam na
língua deles “dabar”, o que significa, ao mesmo tempo, a palavra e a coisa: diz e faz, anuncia e traz,
ensina e anima, ilumina e fortalece, luz e força, Palavra e Espírito. Ora, a Lectio Divina, que tem suas raízes
no povo judeu, também valoriza os dois aspectos e os mantém unidos. Pela leitura, procura descobrir a
idéia, a mensagem, que a palavra transmite e ensina. Pela meditação, e sobretudo pela oração, ela cria o
espaço onde a palavra faz o que diz, traz o que anuncia, comunica a sua força e nos revigora para a
caminhada. Os dois aspectos não podem ser separados, pois ambos existem unidos na unidade de Deus,
no seio da Santíssima Trindade. Desde toda a eternidade, o Pai pronuncia a sua Palavra e coloca nela a
força do seu Espírito. A Palavra se fez carne em Jesus, no qual repousa a plenitude do Espírito Santo.
Na oração reflete-se ainda o itinerário pessoal de cada um no seu caminhar em direção a Deus e no
esforço de esvaziar-se de si para dar lugar a Deus, ao irmão, à comunidade. É aqui que se situam as noites
escuras com suas crises e dificuldades, com seus desertos e tentações, rezadas, meditadas e enfrentadas à
luz da Palavra de Deus (Mt 4, 1-11).

4.2.d) CONTEMPLAÇÃO ( “Enxergar, saborear, agir”)


A contemplação é o último degrau da “Lectio Divina”. Cada vez porém, que se chega ao último degrau,
este se torna patamar para um novo começo. E assim, através de um processo sempre renovado de
leitura, meditação, oração, contemplação, vamos crescendo na compreensão de que o sentido será
incompleto, até que a realidade toda seja transformada e chegue à plenitude do Reino.
“Ele recria a alma fatigada, nutre a quem tem fome, sacia a sua aridez, lhe faz esquecer tudo que é
terrestre, a vivifica, mortificando-a por uma admirável esquecimento de si mesma, e, embriagando-a,
sóbria a torna”.
São Paulo, na carta aos Romanos, depois de falar da História da Salvação, do chamado dos pagãos,
que éramos nós, e da salvação final dos judeus exclama: “ó abismo da riqueza, da sabedoria e da ciência
de Deus! Como são insondáveis seus juízos e impenetráveis seus caminhos! Quem conheceu o pensamento
do Senhor? Quem se tornou seu conselheiro? (Rm 11,34)”
Diz-se: “a leitura busca a doçura da vida bem-aventurada, a meditação a encontra, a oração a pede e
a contemplação a saboreia. A leitura leva comida sólida à boca, a meditação a mastiga e rumina, a oração
prova o seu gosto e a contemplação é o gosto da doçura já alcançada”.

4.3) Frutos da Lectio divina:


 Uma mentalidade bíblica
 Uma total renovação.
 Uma piedade objetiva.
 Uma vida de oração.

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 Uma experiência de Deus.
 Uma grande felicidade.

5) Orando com os Salmos


5.1) O saltério:
O Salmo primeiro nos diz claramente:
“Feliz o homem que não procede conforme o conselho dos ímpios, não trilha o caminho dos pecadores,
nem se assenta entre os escarnecedores; feliz daquele que se compraz no serviço do Senhor e medita sua
lei dia e noite”.
O Espírito Santo que nos ensina a celebrar a liturgia na expectativa da volta de Cristo, também nos
educa a orarmos na esperança. O salmo especialmente, com sua linguagem concreta e variada, nos
ensinam a fixar nossa esperança em Deus. “Esperei ansiosamente pelo Senhor, Ele se inclinou para mim e
ouviu o meu grito” (Sl 40, 2) – Os salmos ou “louvores”, são obra-prima da oração no Antigo Testamento,
mas que se atualizam em nossos dias – somos o mesmo povo de Deus.
O Saltério é o livro em que a Palavra de Deus se torna oração do homem, nele as palavras do salmista
exprimem, cantando-as a Deus, suas obras de salvação. O mesmo Espírito inspira a obra de Deus e a
resposta do homem. Cristo uniu uma a outra. Nele, os salmos nos ensinam continuamente a orar.
As expressões multiformes da oração dos salmos tomam forma tanto na liturgia do tempo quanto no
coração do homem, na solidão da sua oração pessoal. Quer se trate de um hino, de uma oração de afeição
ou de graças, de uma súplica individual, de canto de aclamação real, de um cântico de peregrinação, ou
ainda de uma meditação sapiencial, os salmos são espelho das máquinas de Deus na história de seu povo
e das situações humanas vividas pelo salmista; são de uma sobriedade tão grande que falam forte ao
coração do homem de qualquer condição e em qualquer tempo e lugar, e por isso se atualizam sempre.
São marcados por características constantes: a simplicidade e a espontaneidade da oração, o desejo do
próprio Deus através dele, e com tudo que é bom em sua criação, em sua doação de amor ao homem dar
sempre um alento ao seu coração.
A oração dos salmos é sempre motivada pelo louvor e por isso o título dessa coletânea convém
perfeitamente ao que ela nos oferece – “os louvores”. Quando Deus inspirou os salmos, Ele pensou nas
diversas situações que vivemos, e por isso, eles nos ajudam a orar.

5.2) Sugestões de salmos para aplicarmos na oração pessoal:


- Para pedir sabedoria: Sl 1, 24
- Quando estou confiante: Sl 3; 15; 22; 27; 39; 40; 45; 126; 129; 130.
- Para descansar em Deus: Sl 4
- Louvando a Deus: Sl 8; 18; 28; 32; 35; 47; 64; 75; 91; 95; 98; 107; 110; 112; 116; 134; 135; 137;
148; 149; 150.
- Para me alegrar em Deus: Sl 9
- Quando me sinto oprimido: Sl 2
- Na insegurança: Sl 5
- Quando estou arrependido: Sl 6
- Na perseguição: Sl 7; 82; 139
- Na aflição: Sl 10; 55; 59; 63; 73; 78
- Pedindo proteção: Sl 11; 16; 19; 53; 58; 90; 120; 124
- Na angústia: Sl 43; 87; 142
- Na alegria: Sl 46
- Diante do mal: Sl 51
- No perigo: Sl 54
- Em busca de Deus: Sl 62
- Pedindo socorro: Sl 69; 140
- Abençoando a família: Sl 127

Resumindo, vemos que para cada momento de nossas vidas, os salmos colocam em nossos lábios
aquilo que está em nossos corações – Santo Agostinho comentando o salmo 85 diz: “Tua oração é um
colóquio com Deus. Quando lês, te fala Deus; quando oras, tu falas a Deus”.

6) Conclusão:

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Vimos alguns itinerários de oração. Ficou claro, que o assunto não terminou aqui. Mas O que
deve ficar, no nosso coração, é a necessidade de disciplina e fidelidade ao horário da oração. E também,
a oração, deve ser baseada e fundamentada na Palavra de Deus.
Resumindo, temos na Sagrada Escritura a grande fonte de inspiração para a nossa oração diária.

RESUMO

 Sabemos que o amor que nos alimenta e que recebemos de Deus é incondicional, fiel, eterno e por
isso nos convida e nos atrai permanentemente a vivermos em comunhão com Ele, numa relação de
amor Pai-Filho, Espírito Santo nos impulsiona a esta vocação.
 Nossa atenção quase sempre se dispersa por entre tantos chamados, a fazeres, e lutas cotidianas
e somos tentados a não ouvir a voz do amor que continua dizendo: “Escutai-me e vossa alma
viverá” – sim, a alma humana clama por amor, paz, alegria, plenitude de vida, liberdade,
esperança renovada a cada dia, e todo esse manancial de graças, ela somente encontrará na
presença do Senhor que se derrama, se doa e espera por cada um de seus filhos no recolhimento
silencioso da oração.
 Orar é estar na presença do poder, da alegria, do perdão, da paz, da sabedoria, da força para a
caminhada, é estar na presença da Trindade Santíssima o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Aprendemos a andar, andando, a falar, falando, assim também, aprendemos a rezar, rezando.
 O mestre, o próprio Jesus é nosso modelo de oração. Ele sendo Deus, mas como homem é fiel na
busca do Pai, através da oração pessoal. No exercício de sua missão, operando milagres e curas,
quando muitos o procuravam ele estava recolhido, na solidão da oração pessoal – (Lc 5, 15-16).
 Orar é compromisso a ser cumprido diariamente. Precisamos estabelecer horário, local, termos
em nossas mãos subsídios que nos auxiliem a fazer deste momento um tempo precioso e rico em
graças, um verdadeiro refugio de onde saiamos sempre mais plenos de Deus. Vivemos numa
constante batalha onde a oração pessoal é o combustível de nossa luta.
 Devemos ter sempre em nossas mãos a palavra de Deus, literaturas que nos auxiliem, mas acima
de tudo um espírito de recolhimento, humildade, adoração e abertura a ação de Deus.
 A hora milagrosa: oração de louvor, cântico ao Senhor, entrega, oração e libertação,
arrependimento, perdão, reflexões sobre a Sagrada Escritura, fala Senhor teu servo escuta,
súplicas, intersseção e ação de graças.
 É importante termos em nossa casa um lugar reservado, inspirado, santo para esse momento
precioso, onde poderá ter um crucifixo ou imagem de Nossa Senhora, um ícone ou algo que nos
auxilie na oração.
 LEITURA ORANTE – “LECTIO DIVINA”: Trata-se da prática da leitura da Bíblia, por nós cristãos para
alimentar-nos a fé, a esperança, o amor e o compromisso, pelo conhecimento de Deus. São Cipriano
de Cartago aconselha: “sê assíduo tanto a oração quanto a leitura da Palavra de Deus, ora fala com
ele, ora ele contigo”.
 REQUISITOS IMPORTANTES PARA A LECTIO DIVINA: um ambiente favorável, pureza de coração,
desprendimento e docilidade e espirito de oração.
 Os quatro degraus da Lectio Divina são: leitura, meditação, oração e contemplação.
 FRUTOS DA LECTIO DIVINA: uma mentalidade bíblica, uma total renovação, uma piedade objetiva,
uma vida de oração, uma experiência de Deus e uma grande felicidade.
 ORANDO COM OS SALMOS: O salmo, com sua linguagem concreta e variada, nos ensinam a fixar
nossa esperança em Deus.
O Saltério é o livro em que a Palavra de Deus se torna oração do homem, nele as palavras do salmista
exprimem, cantando-as a Deus, suas obras de salvação. O mesmo Espírito inspira a obra de Deus e a
resposta do homem. Cristo unira uma a outra. Nele, os salmos nos ensinam continuamente a orar.

ENSINO 7

PUBLICAVAM ... AS MARAVILHAS DE DEUS

1)Introdução
O homem foi criado para a “glória de Deus”. Para fazer parte da sua vida, da sua felicidade. Por
isso, todo o nosso ser deve glorificar, engrandecer o Criador, por todas as sua obras, inclusive por nos ter

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criado. O louvor é a nossa resposta, no nosso relacionamento com Deus. Deus Amor, nos criou no Amor,
somos filhos – Amor de Deus Amor.
O abismo do pecado nos afastou de Deus, e nós ficamos contra Deus, não mais o louvamos, mas
com Sua salvação, Jesus nos reconcilia com o Pai, e aí “somos resgatados para o louvor de sua glória” (Ef
1, 13-14). O louvor surge de um coração livre, sem amarras, gratuito diante de suas maravilhas.

2) O Louvor na Bíblia
A Bíblia está repleta de cânticos, hinos, salmos, gestos, frases de louvor a Deus “temos a adoração
feita no início da Bíblia por Abel, Abraão, Melquisedec. Também os hinos de louvor de Moisés (Ex 15, 1-
13), de Davi (I Cr 29, 10-13), o canto de Ana (I Sm 2, 1-10), os vários hinos de Daniel (Dn 3), os hinos de
Tobias (To 13, 1-10), os hinos de Isaías e os cânticos dos outros profetas.” 120.
No Novo Testamento temos no Evangelho de Lucas (1 e 2) o cântico de Ana e Simeão, também o
cântico de Louvor de Maria, no Magnificat, o de Zacarias, no Benedictos e o cântico dos Pastores.
Nos Atos dos Apóstolos, no dia de Pentecostes, após a vinda do Espírito Santo, Pedro em sua pregação
também louva a Deus pela ressurreição de Jesus Cristo, falando em aramaico, os judeus que estavam
atônitos, ouvem os apóstolos falarem de suas próprias línguas as maravilhas de Deus (cf. At 2, 1-13).
Nas cartas de São Paulo ele também exalta a Deus, por aquilo que Ele está realizando nas
comunidades.
Com esse itinerário que fizemos, podemos perceber que o louvor é uma conseqüência da
intimidade com Deus, da ação do Espírito Santo de Deus na vida do homem. O louvor brota como
conseqüência de nosso relacionamento com Deus, digo, tanto mais e quanto mais nos abandonarmos no
Amor e no poder de Deus. O louvor é a manifestação, é o testemunho de que Deus está agindo no
homem, muito mais do que simples ação da nossa mente.
Além de estar na Bíblia, o louvor também é litúrgico. A liturgia na Igreja, nos leva ao louvor a
Deus, principalmente os Sacramentos, nos seus rituais.
A Eucaristia é o maior louvor que nós podemos fazer a Deus. Ela é o grande louvor dada por Jesus
a seu e nosso Pai. Na missa temos o “Glória”, temos o “Santo” e a conclusão da “oração eucarística” que
são momentos fortíssimos de Exaltação da Majestade de Deus.

3)O Que é Louvar?


“A língua hebraica não conhece uma palavra especial que signifique dar graças ou agradecer.
Quando quer agradecer a Deus, o homem bíblico põe-se a louvá-lo, exaltá-lo, proclamando suas
maravilhas com grande entusiasmo” . 121.. “No Magnificat, Maria canta: A minh’alma glorifica ao Senhor...
porque me fez grandes coisas o Onipotente... talvez também por este motivo não encontramos no
Magnificat a palavra agradecer; mas encontramos glorificar, exultar. Se não existe a palavra, há porém o
sentimento correspondente. Maria na verdade, devolve a Deus o Seu poder; conserva à graça toda sua
gratuidade. Atribui ao olhar de Deus, isto é, à graça, o que de grande está acontecendo nela, e disso não
atribui nenhum merecimento a si mesma... dar graças significa, antes, reconhecer a graça, ou seja que ela
vem de Deus; aceitar a gratuidade da mesma, Deus dá de graça, sem merecimento do homem; não querer
“remir-se a si próprio, nem pagar a Deus o seu resgate”, pois quem poderia dar a Deus a retribuição de
alguma coisa (cf. Sl 49, 8)... dar graças é aceitar-se como devedor, como dependente; é deixar Deus ser
Deus”. 122
“ O louvor é a forma de oração que reconhece o mais imediatamente possível que Deus é Deus!
Canta-o pelo que Ele mesmo é, dá-lhe glória mais do que pelo que Ele faz, por aquilo que Ele é. Participa
da bem-aventurança dos corações puros que o amam na fé antes de o verem na Glória. Por ela, o Espírito
se associa ao nosso espírito para atestar que somos filhos de Deus, dando testemunho do Filho único em
quem somos adotados e por quem glorificamos o Pai. O louvor integra as outras formas de oração e as
leva Àquele que é sua fonte e termo final: ‘o único Deus, o Pai, de quem tudo procede e para quem nós
somos feitos’ (I Cor 8,6) 123.
Louvar é elogiar, aplaudir, parabenizar falar bem de alguém, engrandecer, exaltar, bendizer,
honrar, é uma manifestação do coração admirado, do coração que está encantado com Deus.
“Oração de louvor é uma oração de profunda comunhão com Deus...” e ela sempre atrai para nós
grande quantidade do poder de Deus. Louvar a Deus não é algo que fazemos por nos sentirmos felizes; ao
contrário, é um ato de obediência. Muitas vezes, a oração de louvor exige muita força de vontade; no
entanto, quando persistimos, o poder flui para a nossa vida e para o problema, talvez a princípio em gotas,
mas depois em torrentes que vão sempre aumentando e que finalmente nos inundam e lavam as mágoas e
cicatrizes”.124
Louvar a Deus em todas as circunstâncias não significa que fechamos os olhos às dificuldades. Por
isso, podemos dizer que a oração de louvor não é uma forma de usar o poder do pensamento positivo. No
louvor, estamos acreditando em Deus, e não nas nossas capacidades ou nas do irmão. Quando louvamos,

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não tentamos evitar os problemas, os sofrimentos, buscamos sim, superá-los. Não é um método de troca,
ou seja, eu louvo a Deus e Ele me livra de “tais” situações. Não é uma negociação, uma barganha.
“Louvar quer dizer glorificar, aprovar, ratificar, expressar a nossa aprovação a respeito de alguma
coisa. Dando a nossa aprovação, aceitamos ou concordamos com o que acontece. Portanto, louvar a Deus
por uma situação difícil, por uma doença ou desgraça, quer dizer literalmente que aceitamos e aprovamos
este acontecimento como parte do plano de Deus para nossa vida.
Não podemos louvar a Deus sem estarmos agradecidos pelo que nos acontece. E não podemos
estar agradecidos sem estarmos felizes com as circunstâncias. O louvor envolve, portanto, gratidão e
alegria.
Louvar a Deus também significa que reconhecemos ser dele a responsabilidade de que nos está
acontecendo, e não de um acaso. Senão, não faria sentido agradecer-lhe”. 125
“O fato de não entendermos, se torna um obstáculo ao nosso relacionamento com Deus. Mas Deus
tem um plano perfeito para o nosso entendimento, e se o usarmos à sua maneira, não será mais um
empecilho, mas um maravilhoso impulso para a nossa fé”. 126

Quando louvamos a Deus, alguma coisa acontece. Deus pode operar em nós, no nosso
comportamento e atitude diante da situação que louvamos, ou pode operar na situação. Isto deve resultar
do louvor e não ser a motivação para que nós louvemos. Não devemos louvar a Deus para que Ele nos
abençoe.
Para que essa barganha não aconteça, é importante nós nos conscientizarmos da Palavra de Deus
no Sl 37, 4: “Alegra-te também no Senhor e Ele te concederá o que deseja o teu coração.” Primeiro alegra-
se em Deus. A alegria deve vir antes de vermos os nossos interesses respondidos. Ou melhor, não
podemos esperar que alguma coisa aconteça para nos alegrar em Deus.
O plano de Deus é perfeito para nossa vida. Por isso somos chamados a louvá-lo por tudo como
está a nossa vida agora, e não pedir que Ele afaste a dificuldade de nosso caminho. Quando louvamos,
“nós introduzimos aquela situação como é, no plano de Deus”, e aceitando aquela situação como tal,
permitimos que Deus aja nela como Ele quiser, realizando sempre o melhor para nós, mesmo que não
achemos.
“Não há poder em nossas palavras de louvor, pelas palavras em si. Não há poder em nossa atitude
de gratidão e de alegria. Todo poder vem de Deus. Precisamos nos lembrar disso constantemente. É fácil
cair no erro de pensar que nós temos o poder de manipular ou mudar a conjuntura, simplesmente
recitando uma certa oração” 127.
Nossas orações sinceras abrem a porta para o poder de Deus penetrar em nossa vida. Mas a
oração do louvor liberta o poder de Deus mais que qualquer outra. No ato de louvar, é importante que os
nossos olhos fiquem fixados em Deus e afastados daquilo que nos ameaça, não que devamos fechar os
olhos às ameaças, mas sim, analisarmos a situação, reconhecermos a nossa incapacidade e voltarmos para
Deus, buscando auxílio (2 Cr 20, 12).

4) Motivos para louvar


No Catecismo da Igreja Católica, 2639: “...o louvor é a forma de oração que reconhece o mais
imediatamente possível que Deus é Deus! Canta-o pelo que Ele faz, por aquilo que Ele é...”
Existem muitos motivos para louvarmos a Deus, diante deste texto do Catecismo podemos
caracterizá-lo em momentos: 128

1. Louvar a Deus por aquilo que Ele é;


2. Louvar a Deus por aquilo que Ele fez e faz;
3. Louvar a Deus por aquilo que Ele lhe fez e lhe faz.

Primeiro, devemos louvar a Deus por aquilo que Ele é, este é o louvor mais refinado, sem
intenções, é o louvor gratuito, amadurecido. Contemplamos a Deus, nas suas qualidades, nos seus
atributos (por exemplo: Deus é Pai, é Amor, é Santificador, é Criador, é Único, é Majestoso, é Poderoso, é
Bom, é Justo...).
Depois, louvamos a Deus por aquilo que Ele fez e faz. Percebemos que aqui estamos louvando a
Deus pela sua ação, pelo seu dinamismo, aquilo que Ele criou, pelas suas obras, por toda a criação, (pela
natureza, pelas coisas, por todas as criaturas, por aquilo que se vê, que se toca, por aquilo que se
conhece...)
E por último, louvamos a Deus por aquilo que Ele nos fez e nos faz. Agora chegou o momento de
olharmos para nós mesmos, e admirarmos o que Deus fez e faz em nós, por tudo o que somos e
possuímos. Este é o louvor mais fácil, porque está na experiência do nosso dia-a-dia.

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5) Formas de Louvar
5.1) O louvor inspirado
É o louvor onde se deixa mover e dirigir pelo Espírito Santo. “Surge natural, espontâneo, carregado
de amor, envolvente. Leva os homens ao coração de Deus a traz Deus aos corações dos homens. Gera um
clima onde a caridade passa a ser respirada por todos, produzindo frutos espirituais de toda espécie: amor
de Deus, compromisso com os irmãos, arrependimento, conversão, perdão, fraternidade, libertação,
abertura, acolhimento, cura e plenitude. Numa palavra, pelo louvor inspirado acontece, aos poucos, aquilo
que Deus percebe que precisa acontecer em cada coração que louva, segundo as suas necessidades”. 129
“Entenda-se, pois, que no louvor inspirado é o Espírito de Deus quem age. Quando o Espírito age,
ocorre sempre o importante, o necessário, o melhor para cada um dos participantes. Ocorre exatamente o
que precisa acontecer”. 130
Precisamos tomar consciência de que o louvor inspirado, carismático surge como conseqüência no
louvor pessoal diário, ou seja, na oração pessoal diária, na oração comunitária, o louvor inspirado é
enriquecido pelo louvor pessoal diário.
Para chegarmos ao louvor inspirado precisamos tomar consciência de que o inspirador é o Espírito
Santo, e assim, devemos nos entregar inteiramente a Ele, nos esvaziando de nós mesmos. Depois,
procurar ouvir a Deus com os ouvidos do coração e também com os do corpo, nos educando para ficarmos
atentos à direção, ao tema, à motivação que Deus quer dar naquele momento de louvor.

5.2) Louvor individual:131


É a forma de louvar mais simples, podendo ser feito a sós, na oração pessoal, ou nas reuniões de
oração.
O louvor individual pode ser em forma de “colcha de retalhos”, mini-louvor, louvor-variedades, e
“louvor ping-pong”.
5.2.a) O louvor “colcha de retalhos” : ou esparso é feito por pessoas, uma após a outra, mas sem um
tema e não acompanhado de uma inspiração. Durante esta oração teremos variados temas, desconexos,
sem terem uma linha definida. Aqui o importante é louvar a Deus por aquilo que estiver no coração, sem
ter uma direção. Este tipo de louvor é comum nos grupos iniciantes, que estão crescendo na fé.
5.2.b) O mini-louvor: é aquele que se faz com frases curtas, sem esclarecer o motivo, o tema do louvor.
Precisamos diante desse louvor com o tempo, irmos explicando melhor aquilo que estamos louvando, pois
assim enriqueceremos o nosso louvor e levaremos os nossos irmãos ao crescimento espiritual.
5.2.c) O louvor-variedades: é “aquele no qual a pessoa que ora relata uma série variada de motivos
diversos, e louva ao mesmo tempo, por todos, sem aprofundar ou esclarecer os porquês daquele louvor” 132
neste caso precisamos ir crescendo, e na medida do possível, no momento do louvor, tomarmos um tema
somente, ou um motivo apenas e aprofundá-lo no louvor.
5.2.d) O louvor ping-pong: “ é o louvor que fazemos, em duas pessoas, uma de frente para outra. O
Espírito Santo suscita frases pequenas, curtíssimas louvando a Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo, ou
seja, cada uma das pessoas da Santíssima Trindade em cada momento. Primeiro por aquilo que Elas são,
depois pelas bênçãos que Deus tem derramado em nossas vidas e famílias e ainda pelas dificuldades e
sofrimentos que temos enfrentado. Sendo que cada participante louva após o outro, sem parar, bem
rápido, sem pensar no que e pelo que vão louvar, permitindo, sempre que o Espírito Santo louve por eles.
Quando um louva o outro escuta, e sem elaborar, continua louvando a partir da inspiração que o Espírito
Santo dá ao coração.”133

5.3)Louvor participado
É uma forma de louvor comunitário, onde todos fazem parte ativa de um louvor de um irmão,
confirmando-o, explicando-o, completando-o. Continua-se louvando a Deus no mesmo tema daquele louvor
que se iniciou.
O louvor participado pode ser individual ou comunitário (todos louvam, em voz alta, por um único
motivo apresentado no louvor de um irmão) logo que ele terminou de louvar.

5.4)Louvor desencadeado 134


Este louvor acontece quando alguém louva em voz alta, e outras pessoas percebem a inspiração,
elas louvam também em voz alta no mesmo tema, direcionando para a vida pessoal.

6) Como se Louva ?

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Quando falamos em oração e especialmente a oração de louvor, precisamos estar atentos, que ela
pode ser feita de várias maneiras: com a boca, com a mente, com o coração e com os demais órgãos do
nosso corpo.
“Convém advertir que a oração que divide ou mutila o homem não é uma autêntica oração.
Sempre que o homem ora, põe em jogo seu espírito, sua alma e seu corpo. É o homem inteiro que se
dirige a Deus, que o escuta e se compromete com Ele. Por isso, levantar as mãos aplaudir, mover-se e até
dançar, são diversas manifestações da oração do homem; inclusive são oração quando são feitos para a
Glória de Deus. A importância desses sinais é que refletem o mais íntimo, o que é invisível. São
manifestações que correspondem a uma profunda atitude de fé”.135
“... Esses gestos não são novidade nenhuma, nem tem porque escandalizar. Todos eles encontram
respaldo na liturgia da Igreja e nas tradições religiosas mais naturais da humanidade”. 136
Faremos um esclarecimento do significado dos gestos de louvor:137
6.1) Levantar as mãos: “gesto característico do homem que se dirige a Deus, que está nos Céus...”
temos como exemplo Moisés (Ex 17,11), Salomão (1 Rs 8, 22), o povo judeu (Esd 9, 5), Jesus (Lc
24, 50), Paulo (1Tm 2, 8), os primeiros cristãos.

6.2) Imposição de mãos: no Antigo Testamento tinha vários significados (bênção – Gn 48, 13-16;
consagração para um ministério – Nm 8, 10-18; fazer-se substituir pela vítima, no sacrifício – Lv 1,
4) e também no Novo Testamento (bênção – Mt 19, 13-15; cura – Mc 6, 5); pedir o Espírito Santo
– At 8, 17-19; consagração para uma missão – At 6, 6; bênção de uma missão – At 13, 3).

6.3) Aplaudir: “é a clássica aclamação festiva do povo diante de seu rei e chefe”. (Sl 47, 1; 98, 8; Is
55, 12).

6.4) Dançar e pular: “gesto alegre do homem que louva e bendiz a Deus com todo seu corpo”. Ex.:
Davi diante da Arca (2 Sam 6, 4-21) e o Pai Misericordioso (Lc 15, 25).

6.5) Mover-se: “é todo corpo que ora, e não só o coração e a boca”. Gesto usado pelos judeus até
hoje.

6.6) Cantar: “é a forma mais espontânea de manifestação dos diferentes sentimentos humanos. Ex:
Moisés (Ex 15, 1); Salomão (1 Rs 4, 32); Davi (2 Sm 23, 1). Alguns livros na Bíblia são cantos, os
Salmos e o Cântico dos Cânticos; algumas passagens do Novo Testamento também nos convidam
a cantar ( Ef 5, 19).

6.7) Aclamações: “é a saudação popular ao rei vitorioso” (Esd 3, 11; 1 Cr 16, 34; Mt 21, 9-11).

6.8) Gritos: “explosão da alma que não pode conter a sua admiração e reconhecimento diante do
poder e da misericórdia de Deus na história” (1 Sm 4, 6; Rm 8, 15; Mt 21, 9).

6.9) De pé: “é a maneira mais comum de orar no Antigo Testamento”, “característica do homem livre
que está disposto a cumprir uma missão (1 Rs 8, 22; Mc 11 ,25; Lc 18, 11-13).

6.10) Sentado: “atitude de quem escuta uma exortação, recebe um ensinamento” (Lc 10, 39).

6.11) Prostrado: “é a humilde oração do homem que, reconhecendo a sua miséria, se prostra em terra
para adorar a magnificência e o poder de Deus transcendente”. (Sl 5, 8; 1 Cr 16, 29; Apc 7, 11)

6.12) Ajoelhado: “é a forma tipicamente mais cristã para a oração” (Estêvão – At 7, 60; Pedro – At 9,
40; Paulo – At 21, 5; Jesus – Lc 22, 41; Daniel – Dn 6, 11).
“Quando o apóstolo fala que nosso corpo é um Santuário do Espírito Santo e que não nos
pertence, diz claramente que “...o corpo é para o Senhor, e o Senhor para o corpo” (1 Cor 6, 13). Sim,
todo o nosso corpo é para a glória do Senhor. Todas as nossas manifestações externas, quando em
oração, são também oração.”138

7)Os Salmos, o Júbilo e o Louvor139


7.1) O canto dos salmos:

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“Nascida em um ambiente judaico, a Igreja herdou a maneira de orar peculiar à Palestina. Os
judeus piedosos costumavam orar freqüentemente. Assim, também faziam os essênios, uma organização
de ascetas que habitava as cavernas de Qümran, perto do Mar Morto...” 140
“Esse louvor continuado rejuvenesceu com o cristianismo. Os apóstolos continuaram a fazer
orações habituais dos judeus (At 3, 1;10, 9) Os primeiros cristãos oravam em casa com assiduidade (At 1,
14; 2, 42; 12, 5-12), mesmo no cárcere Paulo e Silas cantavam hinos a Deus” (At 16, 25) 141.
O que era cantado nessas reuniões era o canto dos Salmos (1 Cor 14, 26; Ef 5, 19).
“Assim a Igreja se foi descobrindo como a sociedade do louvor, e o louvor a Deus chegou a ser-lhe
básico. Reconhecendo a presença de Deus em toda parte, ao admirar a beleza da criação, ao reviver os
feitos do Senhor pelo seu povo, o crente entoa louvores e, fazendo-o recebe a salvação: louvar e salvar
são as duas palavras de diálogo entre o homem e Deus”. 142
Temos nos Salmos a expressão da nossas vivências fundamentais. Por isso eles revelam uma
oração bem encarnada na vida humana. Não existe nos Salmos uma dissociação entre a fé e a vida.

7.2) O canto de júbilo ou regozijo:


“Entre os antigos costumes cristãos havia um modo de cantar “júbilo” ou “regozijo”. Esse canto
consistia no prolongamento da última sílaba do Aleluia, simbolizando o gozo no céu”. 143
“Entre nós católicos, o regozijo ficou reduzido a algumas aclamações e essas, bastante reduzidas,
pois se bem que sejam gritos de júbilo ou de súplicas...” 144. Temos como exemplo de algumas aclamações:
“Amém”, “Aleluia”, “Glória a ti Senhor”, “Senhor tende piedade”, “Nós te louvamos Senhor”, “Louvado seja
o teu Nome Senhor”, “Louvores e Glórias a ti Senhor”...
Santo Agostinho nos fala: “... o júbilo é certo cântico ou som com o qual significa-se que o coração
dá a luz o que não pode dizer nem exprimir” .
“Este júbilo cristão funde suas raízes nos cantos sagrados de Israel. O júbilo era a aclamação que
Israel fazia para louvar a Yahveh e convidar a que todos os povos batessem palmas em sua honra. O
‘regozijo’ era o grito de guerra com que o povo eleito invocava o nome do Senhor e implorava sua proteção
nas batalhas.” 145
No Novo Testamento, essa maneira de demonstrar a ação de Deus na vida, se dá, “quando o
cristão medita na ressurreição de Jesus Cristo, sente-se levado pelo Espírito a reconhecer o Senhorio de
Jesus e a exprimir sua admiração em palavras, em cantos, em risos, em sílabas entrecortadas, em
silêncios, em lágrimas, segundo Deus dá a cada um. O básico não é o que se diz e sim o amor a adoração
que brotam do coração”.146
“A palavra júbilo, ou regozijo, alude a uma oração feliz. O gozo é característico do louvor, é nota
peculiar da oração no Espírito”. 147
“Essa alegria é tal que com freqüência surge a acusação de embriaguez ou de loucura ou de
loucura para aqueles que, pela força do Espírito se entregam ao louvor” (At 2, 13; 1 Cor 14, 23; Ef 5,
18)148.

8) Conclusão:
Deus nos chama a louvá-lo, com a nossa inteligência, mesmo não entendendo como e porque Ele
age, somos chamados a aceitar que Ele o faça. A nossa aceitação não deve ser a partir de uma troca, de
uma manobra, como se fosse um negócio ou uma barganha.
A realidade é que “tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8, 28), ou seja, na
medida em que nos ajustarmos ao plano de Deus, amando-O de maneira efetiva, o que acontece é para o
nosso próprio bem.
Louvar não é uma fórmula mágica para se atingir o que queremos. Quando louvamos a Deus não o
fazemos baseado nos resultados e sim baseado na Palavra de Deus e na situação tal como se apresenta,
tal como ela é.
“O louvor é fundamentado numa aceitação total e prazerosa do que está nos acontecendo, como
sendo parte da terna e perfeita vontade de Deus para nós. O louvor não é baseado no que pensamos, nem
tampouco naquilo que esperamos que aconteça no futuro,” 149 e sim baseado naquilo que Deus é, Amor, e
pelo lugar e situação em que nos achamos agora.

RESUMO

 O homem foi criado para a “glória de Deus”. Para fazer parte da sua vida, da sua felicidade. Por isso,
todo o nosso ser deve glorificar, engrandecer o Criador, por todas as sua obras, inclusive por nos ter
criado. O louvor é a nossa resposta, no nosso relacionamento com Deus. Deus Amor, nos criou no
Amor, somos filhos – Amor de Deus Amor.
 O louvor surge de um coração livre, sem amarras, gratuito diante de suas maravilhas.

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 A Bíblia está repleta de cânticos, hinos, salmos, gestos, frases de louvor a Deus.
 O louvor é uma conseqüência da intimidade com Deus, da ação do Espírito Santo de Deus na vida do
homem. O louvor brota como conseqüência de nosso relacionamento com Deus, digo, tanto mais e
quanto mais nos abandonarmos no Amor e no poder de Deus.
 Além de estar na Bíblia, o louvor também é litúrgico. A liturgia na Igreja, nos leva ao louvor a Deus,
principalmente os Sacramentos, nos seus rituais.
 A Eucaristia é o maior louvor que nós podemos fazer a Deus. Ela é um gesto de louvor nos dada por
Jesus a seu e nosso Pai. Na missa temos o “Glória”, temos o “Santo” e a conclusão da “oração
eucarística” que são momentos fortíssimos de Exaltação da Majestade de Deus.
 O louvor é a forma de oração que reconhece o mais imediatamente possível que Deus é Deus!
 Louvar é elogiar, aplaudir, parabenizar falar bem de alguém, engrandecer, exaltar, bendizer, honrar, é
uma manifestação do coração admirado, do coração que está encantado com Deus.
 Oração de louvor é uma oração de profunda comunhão com Deus...” e ela sempre atrai para nós
grande quantidade do poder de Deus. Louvar a Deus não é algo que fazemos por nos sentirmos
felizes; ao contrário, é um ato de obediência. Muitas vezes, a oração de louvor exige muita força de
vontade; no entanto, quando persistimos, o poder flui para a nossa vida e para o problema, talvez a
princípio em gotas, mas depois em torrentes que vão sempre aumentando e que finalmente nos
inundam e lavam as mágoas e cicatrizes.
 Louvar a Deus em todas as circunstâncias não significa que fechamos os olhos às dificuldades. Por isso,
podemos dizer que a oração de louvor não é uma forma de usar o poder do pensamento positivo. No
louvor, estamos acreditando em Deus, e não nas nossas capacidades ou nas do irmão. Quando
louvamos, não tentamos evitar os problemas, os sofrimentos, buscamos sim, superá-los. Não é um
método de troca, ou seja, eu louvo a Deus e Ele me livra de “tais” situações. Não é uma negociação,
uma barganha.
 Louvar não é uma fórmula mágica para se atingir o que queremos. Quando louvamos a Deus não o
fazemos baseado nos resultados e sim baseado na Palavra de Deus e na situação tal como se
apresenta, tal como ela é.
 O plano de Deus é perfeito para nossa vida. Por isso somos chamados a louvá-lo por tudo como está a
nossa vida agora, e não pedir que Ele afaste a dificuldade de nosso caminho. Quando louvamos, “nós
introduzimos aquela situação como é, no plano de Deus”, e aceitando aquela situação como tal,
permitimos que Deus aja nela como Ele quiser, realizando sempre o melhor para nós, mesmo que não
achemos.
 Nossas orações sinceras abrem a porta para o poder de Deus penetrar em nossa vida. Mas a oração do
louvor liberta o poder de Deus mais que qualquer outra.
 Existem muitos motivos para louvarmos a Deus: Louvar a Deus por aquilo que Ele é; Louvar a Deus
por aquilo que Ele fez e faz; Louvar a Deus por aquilo que Ele lhe fez e lhe faz.
 Formas de Louvar: louvor inspirado, louvor individual, louvor participado e louvor desencadeado.
 Quando falamos em oração e especialmente a oração de louvor, precisamos estar atentos, que ela
pode ser feita de várias maneiras: com a boca, com a mente, com o coração e com os demais órgãos
do nosso corpo.

ANEXO 1

VIDA EM COMUNIDADE
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1) Introdução
A aliança com Deus nos atinge como povo, comunidade. É vivendo e celebrando com nossos
irmãos e irmãs que provamos a sinceridade de nossa resposta à aliança.
A pessoa humana tem necessidade da vida comunitária, “não é bom que o homem esteja só” (Gn
2,18). Esta é uma exigência da sua natureza. Mediante o intercâmbio com os outros, o homem desenvolve
as próprias virtudes, respondendo assim à sua vocação 150 , quer seja na Igreja, na família, no trabalho, na
escola ou no lazer. “Oh! Como é bom, como é agradável viverem unidos os irmãos”( Sl 131,1).

2) A comunidade perfeita
Santo Agostinho nos fala do exemplo da comunidade, mais que perfeita, e que é o modelo por
excelência para todos nós, a Santíssima Trindade. O pai, o Filho e o Espírito Santo são, cada um deles,
Deus. E os três são um só Deus. Para si próprio, cada um deles é substância completa e, os três juntos
uma só substância. O Pai não é o filho, nem o Espírito Santo. O Filho não é o Pai, nem o Espírito santo. E o
Espírito Santo não é o Pai nem o Filho. Os três possuem a mesma eternidade, a mesma imutabilidade, a
mesma majestade, o mesmo poder.
Em sua essência Deus é amor (I Jo 4,16). Amor tão íntimo e total, que faz cada Pessoa morar,
permanecer em cada uma das outras Pessoas.
O próprio Jesus roga pela unidade de todos os cristãos e nos apresenta o modelo da vida
comunitária. “Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti , para que também
eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17,21).

3) As primeiras comunidades cristãs


Foi depois de Pentecostes que os primeiros apóstolos começaram a fundar as primeiras
comunidades cristãs, onde eles transmitiam tudo o que tinham visto e ouvido durante aqueles três anos
que caminharam com Jesus. Nessas comunidades tudo era partilhado e não faltava nada a ninguém. Os
bens e os dons eram colocados a serviço de todos. Os primeiros cristãos viviam a verdadeira comunhão
(com + união), sendo fiéis ao ensino dos apóstolos, perseverando na doutrina e conservando a unidade em
Cristo, por Cristo e com Cristo. Eles tinham “um só coração, uma só alma” (At 4,32).
Todo cristão é chamado por Deus a viver em comunidade, um sustentando o outro na fé , no
amor e na oração. Ao aderir a Jesus, a pessoa aceita a comunidade e participa do Corpo de Cristo, pois
aquele que adere à cabeça (Cristo) necessita aderir ao corpo. Quem aceita Jesus, aceita a comunidade,
porque Jesus nos leva ao irmão.
Os membros da comunidade cristã preocupam-se uns com os outros, partilham a vida, suportam e
submetem-se uns aos outros e servem o Reino de Deus em si próprios e no mundo. Para aqueles a quem
falta a fé, este modelo de vida em comum é impossível e parece loucura.
A Igreja, como comunidade de amor, é um presente de Deus ao mundo. Ela, antes de ser a
resposta dos homens a Deus é a resposta de Deus aos homens.

4) Virtudes para a vida em comunidade


Quando escreve aos cristãos de Colossos, Paulo enumera muitas virtudes que contribuem para a
edificação da comunidade de fé, mas frisa que o amor é que as mantém unidas e as complementa:
“Portanto, como eleitos de Deus, santos e amados, revesti-vos de sentimentos de compaixão, de bondade,
humildade, mansidão, longanimidade, suportando-vos uns aos outros com amor, e perdoando-vos
mutuamente . Mas, sobre tudo isso, revesti-vos da caridade, que é o vínculo da perfeição” (Cl 3,12-14).
Vejamos algumas destas virtudes mais profundamente.

4.1) Amar:
Dou-vos um mandamento novo: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós
deveis amar-vos uns aos outros (Jo 13,34). O amor que vem de Deus nos capacita a viver a serviço de
nossa comunidade com amor participante, amor solícito e delicado. Obviamente, este amor não é o amor
que depende de circunstâncias externas, sentimentos pessoais ou das reações de outras pessoas: é um
amor-decisão, é amor-atitude.

Amar o irmão significa também considerá-lo como um presente de Deus feito expressamente para mim.
Significa alegrar-me pela sua existência e celebrá-la. Amar o irmão é respeitá-lo, aceitá-lo, apreciá-lo,

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compreendê-lo, não pensar mal, não falar mal, dialogar. Finalmente, significa abrir-se para o outro em
forma de serviço, atenção e estímulo.

O amor ao próximo é inseparável do amor a Deus. Pois quem não ama a seu irmão, a quem vê, a Deus,
que não vê, não poderá amar (cf. I Jo 4,20). O amor, como o Corpo de Cristo, é indivisível: não podemos
amar o Deus que não vemos, se não amamos o irmão, a irmã, que vemos. Recusando-nos a perdoar
nossos irmãos e irmãs, nosso coração se fecha, sua dureza o torna impermeável ao amor misericordioso do
Pai 151. Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso (Lc 6,36).

4.2) Partilhar:
Deus nos deu o exemplo e compartilhou, “pois Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho único”
(Jo 3,16).

“Todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum“ (At 2,44), viviam conforme as palavras de Jesus
“e tudo que é meu é teu, e tudo que é teu é meu” (cf. Jo 17,10). Partilhavam os bens materiais e o tempo.

As obras de misericórdia são ações caritativas pelas quais socorremos o próximo nas suas necessidades
corporais e espirituais . Instruir, aconselhar, consolar, confortar são obras de misericórdia espiritual, como
também, perdoar e suportar com paciência. As obras de misericórdia corporal consistem sobretudo em dar
de comer a quem tem fome, dar moradia aos desabrigados, vestir os maltrapilhos, visitar os doentes e
prisioneiros, sepultar os mortos 152. “Quem tiver duas túnicas, reparta-as com aquele que não tem, e quem
tiver o que comer, faça o mesmo” (Lc 3,11).

Partilhavam até mesmo e o calor humano. O partilhar do calor humano tem sido às vezes esquecido por
nós, mas não o foi pelos primeiros cristãos: “todos, então, desataram em pranto e, lançando-se ao pescoço
de Paulo, beijavam-no” (At 20,37).

4.3) Perdoar:
Perdoar os irmãos: A parábola do Servo Cruel (Mt 18, 23-25) que coroa o ensinamento de Jesus sobre a
comunhão eclesial, termina com esta palavra: “Eis como meu Pai celeste agirá convosco, se cada um de
vós não perdoar, de coração, ao seu irmão.” Com efeito, é no fundo do coração que tudo se faz e se
desfaz. Não está em nosso poder não mais sentir e esquecer a ofensa; mas o coração que se entrega ao
Espírito Santo transforma a ferida em compaixão e purifica a memória, transformando a ofensa em
intercessão153.

Não podemos nos esquecer que o perdão favorece a quem perdoa e que não há limite nem medida a esse
perdão essencialmente divino.

4.4) Dialogar:
Dialogar não significa defender com unhas e dentes suas próprias razões. É procurar compreender as
motivações do outro. Dialogar significa esforçar-se em perceber os fatos em sua totalidade. Para fazê-lo é
necessário ser livre: livre para sustentar as suas próprias idéias e livre para modificá-las, se descobrir
outras melhores. Dialogar é como escutar-me e deixar-me tocar pelo irmão: amar-me e amá-lo. Eis, em
uma palavra, a regra básica do diálogo: amar o próximo como a si mesmo. Quando esse duplo amor não
está presente , o diálogo se interrompe.

O diálogo pressupõe, escutar e escutar com amor. Nós devemos pedir a Deus, um coração atento, como
o do rei Salomão, a fim de escutarmos profundamente cada membro de nossa comunidade, esforçando-
nos para compartilhar com suas alegrias, suas dores e seus fardos.

A decisão de escutar profundamente é uma decisão de amar e de manifestar este amor ao menos
preocupando-se, ainda que na prática não possamos fazer muito. Um fardo carregado sozinho, poderá ser
muito pesado e eventualmente nos esmagar; mas um fardo compartilhado torna-se mais leve.

Ao dialogarmos devemos nos revestir da humildade como Pedro nos adverte: “revesti-vos todos de
humildade nas relações mútuas de uns com os outros, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça
aos humildes” (I Pe 5,5b).

A arte dialogar deve ser exercitada a todo momento. E devemos exercitar essa arte dentro de nossas
casas. São Francisco de Sales dizia que: "Ser desprezado e acusado pelos maus é até doce para um

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homem de coragem; mas, ser repreendido, acusado, maltratado pelas pessoas de bem, pelos amigos,
pelos parentes ... como é doloroso!" O Santo dizia que são como "picadas de abelhas", ardem mais do que
as das moscas, embora as abelhas produzam um mel tão doce. Os espinhos do lar são as pequenas cruzes
com as quais o Senhor nos santifica a cada dia. Os santos afirmavam que as provações mais difíceis de
suportar são aquelas que nos vêm através dos bons, das pessoas que mais amamos. Alguém os chamou
de "os bons carrascos". As vezes são nossos pais, irmãos, esposa, filhos, ou bons amigos.

5) A Eucaristia – força para as comunidades


“Unidos de coração, freqüentavam todos os dias o templo. Partiam o pão nas casas e tomavam a
comida com alegria e singeleza de coração” (At 2,46).
A Eucaristia acende em nós o vínculo da caridade e através da Eucaristia nos unimos a Cristo, nos
tornamos participantes do seu Corpo e de seu Sangue para formarmos um só corpo. Todos os que comem
do único pão partido, o Cristo, entram em comunhão com ele e já não formam senão um só corpo nele 154.
A imagem divina está presente em cada pessoa. Resplandece na comunhão das pessoas divinas
entre si 155.

6) Unidade na diversidade
Quando nasce, o homem não dispõe de tudo aquilo que é necessário ao desenvolvimento de sua
vida, corporal e espiritual. Precisa dos outros. Aparecem diferenças ligadas à idade, às capacidades físicas,
às aptidões intelectuais ou morais, aos intercâmbios de que cada um pode se beneficiar, à distribuição das
riquezas. Os talentos não são distribuídos de maneira igual 156.
Essas diferenças pertencem ao plano de Deus, que quer que cada um receba do outro aquilo que
precisa, e que aqueles que dispõem de talentos específicos comuniquem os seus benefícios àqueles que
deles precisam. As diferenças estimulam e muitas obrigam as pessoas à magnanimidade, a benevolência e
à partilha, motivam as culturas a se enriquecerem umas com as outras.
A comunidade, religiosa ou leiga, é sempre uma realidade conflitante: a diversidade de pareceres,
os diversos graus de maturidade vocacional e psicológica, as experiências passadas, a educação
diferenciada constituem sempre motivo de conflito. O importante, para o indivíduo e para o grupo, não é a
inexistência de conflitos, e sim o modo como são enfrentados: é nisso que se mede o espírito evangélico.
A unidade do Corpo não acaba com a diversidade dos membros: “Na edificação do corpo de Cristo,
há diversidade de membros e de funções. Um só é o Espírito que distribui os dons variados para o bem da
Igreja segundo suas riquezas e as necessidades dos ministérios”. A unidade do corpo Místico produz e
estimula entre os fiéis a caridade: “Por isso, se um membro sofre, todos os membros padecem com ele; ou
se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele”. Finalmente, a unidade do corpo
Místico vence todas as divisões humanas: “Todos vós, com efeito, que fostes batizados em Cristo, vos
vestistes de Cristo. Não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem ou mulher; pois
todos vós sois um só em Cristo Jesus”. (Gl 3, 27-28). 157

Santo Agostinho nos orienta “no essencial, a unidade, na dúvida, a liberdade, em tudo, a caridade”.

7) Para refletir
A vida em comunidade pede altruísmo.
Durante a era glacial, muitos animais morriam por causa do frio. Os porcos-espinhos, percebendo a
situação, resolveram se juntar em grupo: assim, se agasalhavam e se protegiam mutuamente.
Mas os espinhos de cada um feriam os companheiros mais próximos, justamente os que forneciam
mais calor. E por isto, tornaram a se afastar uns dos outros. Voltaram a morrer congelados.
E precisaram fazer uma escolha: ou desapareciam da face da Terra, ou aceitavam os espinhos do
semelhante.
Com sabedoria, decidiram voltar a ficar juntos. Aprenderam a conviver com as pequenas feridas
que uma relação muito próxima podia causar, já que o mais importante era o calor do outro.

8) Conclusão
A fraternidade, em todas as comunidades (família, escola, trabalho, igreja, ...) é a meta para os
seguidores de Jesus, mas para isso é preciso muita conversão e humildade. O amor aos irmãos é
impossível sem humildade e pobreza de coração.
Cada comunidade deve viver as bem-aventuranças (Mt 5, 1-12). As bem-aventuranças traçam a
imagem de Cristo e descrevem sua caridade; exprimem a vocação dos fiéis associados à glória de sua
Paixão e Ressurreição; iluminam as atitudes características da vida cristã 158.
A vocação da humanidade consiste em manifestar a imagem de Deus e ser transformada à
imagem e semelhança do Filho único do Pai. Esta vocação implica uma dimensão pessoal, pois cada um é

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chamado a entrar na bem-aventurança divina; mas concerne também ao conjunto da comunidade humana
159
.
Quando estamos inseridos verdadeiramente numa comunidade nos tornamos mais fortes pela
graça de Deus, pois o roubo de um tijolo de uma pilha amontoada pode passar despercebido. Mas o tijolo
tirado de uma construção deixa um buraco. Entretanto, não é fácil de se arrancar um tijolo cimentado
numa construção, rodeado de outros tijolos aos quais está ligado. Para tirá-lo será preciso atacar toda a
construção.

9) Partilha em grupo:
1) Como está a “vida em comunidade” no meu grupo de oração?
2) Qual a semelhança existente entre o grupo de oração que eu participo e as primeiras
comunidades cristãs?
3) Em quais virtudes precisamos crescer, no grupo de oração, para vivermos uma “vida em
comum”?
4) Quais os passos concretos, atitudes decididas, planejamentos, precisamos fazer para
podermos viver “ um só coração, uma só alma” no grupo de oração?

RESUMO

 A pessoa humana tem necessidade da vida comunitária, “não é bom que o homem esteja só” (Gn
2,18). Esta é uma exigência da sua natureza. Mediante o intercâmbio com os outros, o homem
desenvolve as próprias virtudes, respondendo assim à sua vocação.
 A Santíssima Trindade é o exemplo da comunidade mais que perfeita, é o modelo por excelência para
todos nós.
 O próprio Jesus roga pela unidade de todos os cristãos e nos apresenta o modelo da vida comunitária.
“Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles
estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17,21).
 Foi depois de Pentecostes que os primeiros apóstolos começaram a fundar as primeiras comunidades
cristãs, onde eles transmitiam tudo o que tinham visto e ouvido durante aqueles três anos que
caminharam com Jesus. Nessas comunidades tudo era partilhado e não faltava nada a ninguém. Os
bens e os dons eram colocados a serviço de todos. Os primeiros cristãos viviam a verdadeira comunhão
(com + união), sendo fiéis ao ensino dos apóstolos, perseverando na doutrina e conservando a
unidade em Cristo, por Cristo e com Cristo. Eles tinham “um só coração, uma só alma” (At 4,32). Para
aqueles a quem falta a fé, este modelo de vida em comum é impossível e parece loucura.
 Quando escreve aos cristãos de Colossos, Paulo enumera muitas virtudes que contribuem para a
edificação da comunidade de fé, mas frisa que o amor é que as mantém unidas e as complementa:
“Portanto, como eleitos de Deus, santos e amados, revesti-vos de sentimentos de compaixão, de
bondade, humildade, mansidão, longanimidade, suportando-vos uns aos outros com amor, e
perdoando-vos mutuamente . Mas, sobre tudo isso, revesti-vos da caridade, que é o vínculo da
perfeição” (Cl 3,12-14).
 Amar o irmão significa também considerá-lo como um presente de Deus feito expressamente para
mim. Significa alegrar-me pela sua existência e celebrá-la. Amar o irmão é respeitá-lo, aceitá-lo,
apreciá-lo, compreendê-lo, não pensar mal, não falar mal, dialogar. Finalmente, significa abrir-se para
o outro em forma de serviço, atenção e estímulo. O amor ao próximo é inseparável do amor a Deus.
Pois quem não ama a seu irmão, a quem vê, a Deus, que não vê, não poderá amar (I Jo 4,20).
 A Eucaristia acende em nós o vínculo da caridade e Através da Eucaristia nos unimos a Cristo, nos
tornamos participantes do seu Corpo e de seu Sangue para formarmos um só corpo. Todos os que
comem do único pão partido, o Cristo, entram em comunhão com ele e já não formam senão um só
corpo nele.
 Quando nasce, o homem não dispõe de tudo aquilo que é necessário ao desenvolvimento de sua vida,
corporal e espiritual. Precisa dos outros. Aparecem diferenças ligadas à idade, às capacidades físicas,
às aptidões intelectuais ou morais, aos intercâmbios de que cada um pôde se beneficiar, à distribuição
das riquezas.
 Essas diferenças pertencem ao plano de Deus, que quer que cada um receba do outro aquilo que
precisa, e que aqueles que dispõem de talentos específicos comuniquem os seus benefícios àqueles
que deles precisam. As diferenças estimulam e muitas obrigam as pessoas à magnanimidade, a
benevolência e à partilha, motivam as culturas a se enriquecerem umas com as outras.

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 A unidade do Corpo não acaba com a diversidade dos membros: “Na edificação do corpo de Cristo, há
diversidade de membros e de funções. Um só é o Espírito que distribui os dons variados para o bem da
Igreja segundo suas riquezas e as necessidades dos ministérios.
 A fraternidade, em todas as comunidades (família, escola, trabalho, igreja, ...) é a meta para os
seguidores de Jesus, mas para isso é preciso muita conversão e humildade. O amor aos irmãos é
impossível sem humildade e pobreza de coração.
 Quando estamos inseridos verdadeiramente numa comunidade nos tornamos mais fortes pela graça
de Deus.

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ANEXO 2

ROTEIROS DE ENSINOS

SEGUNDO ENCONTRO DOS ATOS


DOS APÓSTOLOS

COMISSÃO DE FORMAÇÃO NACIONAL DA RCC


SECRETARIA PAULO APÓSTOLO

 Luiz Virgílio Néspoli


( Secretário Estadual Paulo Apóstolo do Espírito Santo)

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PRIMEIRO ENSINO
O TESTEMUNHO DOS APÓSTOLOS EM JERUSALÉM
I – INTRODUÇÃO
1) APRESENTAÇÃO DO FORMADOR
2) MOTIVAÇÃO DO ENSINO: Neste ensino vamos fazer uma interpretação dos dois primeiros
capítulos do Livro dos Atos dos apóstolos, onde poderemos fazer uma experiência do Espírito
Santo, junto com os primeiros apóstolos. A partir dessa experiência, primeira do Espirito
Santo, esses nossos irmãos, continuaram a obra que Jesus havia iniciado, e partiram
anunciando, a Boa Nova da ressurreição de Jesus.
3) APRESENTAÇÃO DO ENSINO: a) TEMA : O testemunho dos apóstolos em Jerusalém
b) ÍTENS: 1) Introdução
2) O caminho do testemunho
3) A constituição da comunidade
II – DESENVOLVIMENTO
1) Introdução:
1.1) O movimento de Jesus após a ressurreição
1.2) Estrutura literária

2) O caminho do testemunho:
2.1) Retomando o passado
2.1.a) Um resumo do evangelho
2.1.b) Destinatários a quem Lucas escreve
2.1.c) Os dias da ressurreição
2.1.d) Sereis batizados no Espírito Santo
2.2) Introdução aos Atos dos apóstolos:
2.2.a) O grupo da ressurreição
2.2.b) Restaurar o reino de Israel?
2.2.c) O testemunho da força do Espírito
2.2.d) Finalidade direta da Efusão do Espírito Santo
2.2.e) A glorificação de Jesus ressuscitado
2.2.f) E agora o que fazer?

3) O movimento de Jesus em Jerusalém:


3.1) A constituição da Comunidade
3.1.a) A comunidade antes de Pentecostes
3.1.b) A constituição dos doze
3.1.c) Pentecostes
3.1.d) O discurso de Pedro
3.1.e) Conseqüências do discurso de Pedro
3.1.f) A comunidade após Pentecostes

II – CONCLUSÃO
1) RESUMO: a) RECAPITULAÇÃO (retomar itens)
b) AVALIAÇÃO: Com este Ensino poderemos avaliar a ação do Espírito Santo em
nós, tendo como base a ação do Espírito na vida dos primeiros
apóstolos...poderemos avaliar as suas conseqüências, os frutos que temos dado,
o que tem acontecido em nossas vidas, a partir da efusão no Espírito...
c) FECHO (síntese-fixação): Diante de tudo o que ouvimos, reconhecemos que o
Livro dos Atos dos apóstolos foi escrito para nós hoje, que o Espírito Santo leva as
pessoas a se unirem e formarem comunidades cristãs, e nelas Ele se manifesta
transformando a vida de seus membros, levando–os a evangelizar, anunciando a
Boa Nova da ressurreição de Jesus.
2) CHAMADO À AÇÃO
3)ORAÇÃO

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SEGUNDO ENSINO
A COMUNIDADE DE JERUSALÉM
I – INTRODUÇÃO
1) APRESENTAÇÃO DO FORMADOR
2) MOTIVAÇÃO: No Ensino anterior, refletimos a respeito do testemunho dos apóstolos, em
Jerusalém, e a formação da comunidade cristã.
Neste Ensino, vamos refletir sobre como os membros dessa comunidade agiam: seus
conflitos, o que faziam; seus relacionamentos, seus desafios, suas dificuldades com as
autoridades da época...
Vamos ver que essas situações, são bem reais e atuais, e nós estamos vivendo situações
muito semelhantes ultimamente.
Enfim, vamos perceber, que a comunidade de Jerusalém, serve de inspiração e espelha para
nós, e onde nós podemos achar muitas respostas para os nossos desafios.

3) APRESENTAÇÃO DO ENSINO:
3.a) TEMA: A Comunidade de Jerusalém
3.b) ITENS: 1) Manifestação da comunidade de Jerusalém.
2) Consolidação da comunidade de Jerusalém.
3) Reconhecimento da comunidade.

II – DESENVOLVIMENTO
1) Manifestação da comunidade de Jerusalém
1.a) Cura de um aleijado
1.b) O anúncio da ressurreição de Jesus
1.c) Repressão por parte das autoridades
1.d) Reunião da comunidade

2) Consolidação da comunidade de Jerusalém


2.a) Sumário de vida em comum
2.b) Relato de Barnabé
2.c) Relato de Ananias e Safira
2.d) Outro sumário de vida em comum

3) Reconhecimento da comunidade
3.a) Prisão e libertação dos apóstolos
3.b) Convocação do sinédrio
3.c) Intervenção de Gamaliel
3.d) Repressão aos apóstolos
3.e) Sumário conclusivo

III – CONCLUSÃO
1) RESUMO: a) RECAPITULÇÃO (retomar itens)
b)AVALIAÇÃO: Com o estudo destes capítulos, avaliamos o quanto o Espirito Santo
agiu na vida dos primeiros apóstolos. Hoje o Espírito continua agindo, e nós
somos as testemunhas destas obras no mundo. Por isso, somos batizados para
darmos testemunho da ressurreição de Jesus.
O que te chamou a atenção nestes três capítulos? Em que você gostaria de se
assemelhar aos primeiros apóstolos? O que você poderia fazer para tornar isso
realidade?
c)FECHO (síntese-fixação): Poderíamos resumir a vida dos primeiros cristãos em:
oração, testemunho, relacionamento, martírio, conflitos, oração, louvor e Espirito
Santo. Nada sem o Espírito Santo.

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O grande motor, o dínamo, a energia para aquela pequena comunidade, mas de
expressão muito grande, era o Espírito Santo. E a comunidade é o local por
excelência, para a manifestação do Espirito Santo.
2) CHAMADO À AÇÃO
3) ORAÇÃO

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TERCEIRO ENSINO
PENTECOSTES
I – INTRODUÇÃO
1) APRESENTAÇÃO DO FORMADOR
2) MOTIVAÇÃO: Sem o Espírito Santo, nada podemos fazer. Pois, é Ele quem conduz nossas
vidas. E, ainda que, tenhamos sido batizados, crismados, e ainda que, tenhamos recebido a
eucaristia, é necessário em nossas vidas, novos derramamentos do Espírito de Deus.
Fomos criados para vivermos cheios do Espírito, por isso, há sempre mais e mais, no Espírito
para nós.
3) APRESENTAÇÃO DO ENSINO:
3.a) TEMA: Pentecostes
3.b) ITENS: 1) O derramamento do Espírito Santo antes de Pentecostes
2) Pentecostes
3) O Pentecostes dos judeus
4) O Pentecostes dos samaritanos
5) O Pentecostes dos gentios
6) Pentecostes e RCC

II – DESENVOLVIMENTO
1) O derramamento do Espírito Santo antes de Pentecostes

2) Pentecostes
2.a) Histórico
2.b) O tempo da graça

3) O Pentecostes dos judeus

4) O Pentecostes dos samaritanos

5) O pentecostes dos gentios

6) Pentecostes e RCC
6.a) A promessa do Batismo no Espírito Santo
6.b) O Batismo no Espírito Santo
6.c) O efeitos da Efusão do Espírito Santo
6.d) Os sacramentos da Iniciação Cristã e a Efusão no Espirito Santo

III – CONCLUSÃO
1) RESUMO: a) RECAPITULAÇÃO (retomar itens)
b) AVALIAÇÃO: Com esse Ensino, vimos que, a partir de Pentecostes o Espirito
Santo é derramado de uma maneira plena em nós. Qual a experiência que você já
teve com o Espírito Santo? E a partir daí, como que a sua vida se renovou? Você
gostaria de ser mais pleno do Espírito Santo? Vamos pedi-lo?
c) FECHO (síntese-fixação): O Espírito de Deu pode ter acesso a todas as áreas de
nossas vidas, basta permiti-lo. Ele é o autor da nossa santidade, por isso não
podemos ser impermeáveis a Ele. Ele também dirige as nossas obras, Ele nos
conduz em tudo o que fazemos de bom. Portanto, não podemos viver sem o
Espírito Santo, pois não teremos vida.
2) CHAMADO À AÇÃO
3) ORAÇÃO

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QUARTO ENSINO
A PREGAÇÃO DOS APÓSTOLOS
I – INTRODUÇÃO
1) APRESENTAÇÃO DO FORMADOR
2) MOTIVAÇÃO: Neste Ensino, vamos refletir, sobre a pregação de Jesus e a pregação dos
apóstolos. Prestemos a atenção, porque o método dos apóstolos, pode nos ajudar muito na
nossa evangelização hoje. Este método atingia o coração dos ouvintes, e levava-os a
mudarem de vida, eles se convertiam e vinham participar da comunidade.
3) APRESENTAÇÃO DO ENSINO:
3.a) TEMA: A pregação dos apóstolos
3.b) ITENS: 1) A pregação de Jesus
2) A pregação dos apóstolos
3) O conteúdo da pregação dos apóstolos (Querigma)
4) Os objetivos da pregação querigmática

II – DESENVOLVIMENTO
1) A pregação de Jesus:
1.a) Anúncio da salvação presente no reino
1.b) O significado do reino

2) A pregação apostólica:
2.a) Apresentação da pessoa de Jesus Cristo
2.b) Os discursos querigmáticos

3) O conteúdo da pregação dos apóstolos ( querigma):


3.a) Conteúdo do querigma (resumo)
3.b) A pessoa de Jesus de Nazaré
3.c) A morte de Jesus
3.d) A ressurreição de Jesus
3.e) A glorificação de Jesus
3.f) As testemunhas da ressurreição de Jesus

4) Os objetivos da pregação querigmática dos apóstolos:


4.a) Promover a experiência da salvação
4.b) Receber o dom do Espírito Santo
4.c) Formar a comunidade cristã: a Igreja

III – CONCLUSÃO
1) RESUMO: a) RECAPITULAÇÃO (retomar itens)
b) AVALIAÇÃO: Procuramos com esse Ensino aprofundar um assunto freqüente na
RCC, e característico dos seus eventos.
Concretamente, na RCC, onde você consegue perceber o uso do querigma? Você
entendeu o objetivo do querigma, seus passos, seus efeitos? E agora, será que
você conseguiria ‘ proclamar’ o querigma, para o seu irmão?
c) FECHO (síntese-fixação): Diante de tudo o que vimos, podemos concluir que, a
pregação querigmática nos leva a uma experiência da pessoa de Jesus, morto,
ressuscitado e glorificado, autor de nossa salvação. E que, na oportunidade de
falarmos desse Jesus, esperamos uma resposta daquele que esta sendo
evangelizado. Ele deverá responder, com fé e conversão, para sabermos, se ele
teve uma experiência de Jesus.
2) CHAMADO À AÇÃO
3)ORAÇÃO

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QUINTO ENSINO
A EVANGELIZAÇÃO QUERIGMÁTICA
I – INTRODUÇÃO
1) APRESENTAÇÃO DO FORMADOR
2) MOTIVAÇÃO: Falamos no Ensino anterior da pregação feita pelos apóstolos, a pregação
querigmática. Neste Ensino, vamos entender melhor sobre os diversos assuntos/ temas do
querigma, e também, seus objetivos, ou seja, onde queremos chegar quando proclamamos
cada um deles. Falaremos também, de um método interessante, usado por são Paulo, para
proclamar o querigma.
3) APRESENTAÇÃO DO ENSINO:
3.a) TEMA: A evangelização querigmática
3.b) ITENS: 1) Querigma e iniciação cristã
2) Apresentação dos temas do querigma
3) Objetivos e metas dos temas do querigma
4) Um método de proclamação do querigma ( segundo são Paulo)

II – DESENVOLVIMENTO
1) Querigma e iniciação cristã

2) Apresentação dos temas do querigma

3) Objetivos e metas dos temas do querigma:


3.a) Deus te ama
3.b) És pecador necessitado de salvação
3.c) Jesus já te salvou
3.d) Crê e converte-te
3.e) Recebe o Dom do Espírito Santo
3.f) Integra-te à comunidade
3.g) Transforma-te

4) Um método de proclamação do querigma

III – CONCLUSÃO
1) RESUMO: a) RECAPITULAÇÃO (retomar itens)
b) AVALIAÇÃO: Com este Ensino, aprendemos os passos para a proclamação do
querigma. Mas não podemos ficar somente nos passos, precisamos prestar a
atenção naquele que estamos evangelizando, escutando a sua resposta, o que ele
decide após a proclamação do querigma.
c) FECHO (síntese-fixação): Com a evangelização querigmática, queremos chegar
à mudança de atitudes, de critérios, de modelos de vida, a quem que estamos
proclamando. O querigma deve levar ao crescimento da vida de Deus, na vida
do evangelizado.
2) CHAMADO À AÇÃO
3) ORAÇÃO

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SEXTO ENSINO
O PODER DA ORAÇÃO
I – INTRODUÇÃO
1) APRESENTAÇÃO DO FORMADOR
2) MOTIVAÇÃO: Neste Ensino, queremos propor, uma vida de oração mais freqüente, ou seja,
com disciplina, com fidelidade, baseada na Palavra de Deus. Queremos considerar a oração,
como a necessidade do oxigênio, para o nosso corpo. Não temos vida se não tivermos o
oxigênio. Assim, também a nossa vida espiritual é alimentada através dos sacramentos,
das obras, e através da oração freqüente.
3) APRESENTAÇÃO DO ENSINO:
3.a) TEMA: O poder da Oração
3.b) ITENS: 1) O que é orar?
2 2) Jesus nosso modelo de oração
3 3) Orando com disciplina
4) Orando com a Palavra
5) Orando com os salmos

II – DESENVOLVIMENTO
1) O que é orar?

2) Jesus, nosso modelo de oração:


2.a) Antes de iniciar Sua missão
2.b) No exercício da missão
2.c) Antes da escolha dos doze
2.d) Na transfiguração

3) Orando com disciplina:


3.a) Fazendo o tempo acontecer
3.b) O método da Hora milagrosa
3.b.1) Oração de louvor
3.b.2) Cânticos de louvor
3.b.3) Oração de renúncia
3.b.4) Oração de entrega
3.b.5) Oração de libertação no Espírito Santo
3.b.6) Oração de arrependimento
3.b.7) Oração de perdão
3.b.8) Reflexão da Sagrada Escritura
3.b.9) Escuta
3.b.10) Oração de súplica
3.b.11) Oração de intercessão
3.b.12) Oração de ação de graças

4) Orando com a Palavra de Deus


4.a) Requisitos para uma leitura orante:
4.a.1) Ambiente favorável
4.a.2) Pureza de coração
4.a.3) Desprendimento e docilidade
4.a.4) Espírito de oração
4.b) O método da Lectio divina:
4.b.1) Leitura
4.b.2) Meditação
4.b.3) Oração
4.b.4) Contemplação

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4.c) Frutos da leitura orante da Palavra de Deus
4.c.1) Mentalidade bíblica
4.c.2) Renovação
4.c.3) Piedade
4.c.4) Vida de oração
4.c.5) Experiência de Deus
4.c.6) Grande felicidade

5) Orando com os salmos


5.a) O saltério
5.b) Sugestões para aplicar os salmos na oração pessoal

III – CONCLUSÃO
1) RESUMO: a) RECAPITULAÇÃO (retomar itens)
b) AVALIAÇÃO: Como dissemos no início, o objetivo deste Ensino é trazer alguns
métodos de oração para melhorarmos a nossa vida de oração.
Diante desses métodos, como poderíamos avaliar a nossa oração pessoal; quanto
a disciplina, profundidade, frutos que têm dado, freqüência, uso da Palavra de
Deus..? Como poderíamos avaliá-la? Que tipos de oração você usa diariamente?
c) FECHO (síntese-fixação): A oração é um alimento para a nossa vida espiritual,
sem ela não podemos viver bem, ficamos subnutridos. Assumamos com coragem
esses momentos de intimidade com Deus. Saciemos a sede da nossa alma, com
uma vida de oração fiel.
2) CHAMADO À AÇÃO
3) ORAÇÃO

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SÉTIMO ENSINO
PUBLICAVAM... AS MARAVILHAS DE DEUS
I – INTRODUÇÃO
1) APRESENTAÇÃO DO FORMADOR
2) MOTIVAÇÃO: ” Tudo o que respira, louve ao Senhor”, devemos obedecer a este
mandamento de Deus. Somos todos chamados ao louvor. Fomos criados para a glória de
Deus, para o Seu louvor. Iniciemos este Ensino clamando a Deus, que derrame sobre nós, o
dom do louvor, que desperte em nós a coragem de publicarmos, as maravilhas que Deus
tem realizado em nossas vidas.
3) APRESENTAÇÃO DO ENSINO:
3.a) TEMA: Publicavam ... as maravilhas de Deus
3.b) ITENS: 1) O louvor na Bíblia
2) O que é louvor?
3) Motivos para louvar
4) Formas de louvor
5) Como se louva?
6)Salmos, Júbilo e louvor

II – DESENVOLVIMENTO
1) O louvor na Bíblia

2) O que é louvor?
2.a) Louvor e ação de graças
2.b) A oração de louvor
2.c) Os frutos da oração de louvor

3) Motivos para louvar:


3.a) Por aquilo que Ele é
3.b) Por aquilo que Ele fez e faz
3.c) Por aquilo que Ele lhe fez e lhe faz

4) Formas de louvor:
4.a) Louvor inspirado
4.b) Louvor individual
4.c) Louvor participado
4.d) Louvor desencadeado

5) Como se louva?
5.a) Levantar as mãos
5.b) Imposição de mãos
5.c) Aplaudir
5.d) Dançar
5.e) Mover-se
5.f) Cantar
5.g) Aclamações
5.h) Gritos
5.i)de pé
5.j) Sentado
5.k) Prostrado
5.l) Ajoelhado

6) Salmos, Júbilo e Louvor


6.a) O canto dos salmos
6.b) Júbilo e regozijo

67
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III – CONCLUSÃO
1) RESUMO: a) RECAPITULAÇÃO (retomar itens)
b) AVALIAÇÃO: Somos chamados a bendizer e a louvar a Deus, porque,
respiramos. Somos chamados a exaltar ao Senhor, que realiza o Seu plano de
amor em nossas vidas.
E você? Você tem motivos para louvar a Deus? Quais maravilhas, Deus já realizou
em sua vida? Você já o exaltou por isso? Então vamos fazê-lo?
c)FECHO (síntese-fixação): Através desse Ensino, aprofundamos um pouco o
assunto do louvor; freqüente entre os primeiros cristãos, que publicavam as
maravilhas que Deus estava realizando em suas comunidades. Cheios do Espírito
Santo, vamos também publicar as maravilhas de Deus.
As maravilhas aconteciam a partir do derramamento do Espirito Santo e o
despertar para bendizer e glorificar a Deus por elas, também acontece por
graça do Espirito Santo.
Hoje, somos chamados a reavivar a chama do louvor, em nossas comunidades- grupos de
oração. Somos chamados a cantar alegremente as maravilhas que Deus continua fazendo,
no nosso dia-a-dia.
2) CHAMADO À AÇÃO
3)ORAÇÃO

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69

Referências Bibliográficas

 STORNIOLO, Ivo. Como ler os Atos dos Apóstolos. 2ª Ed. São Paulo: Paulus, 1993
 RICHARD, Pablo. O movimento de Jesus depois da ressurreição. São Paulo : Paulinas, 1999
 ALDAY, Salvador Carrillo. O Espírito Santo na Igreja dos Atos dos Apóstolos. 2ª Ed. São Paulo:
Loyola, 1989
 VERBO DIVINO, Centro Bíblico. No caminho das comunidades. São Paulo: Paulus, 2001
 GOURGUES, Michel. Atos 1-2 Missão e Comunidade. São Paulo :Paulinas.
 CHAGAS, Dom Cipriano. Revista Jesus Vive e é o Senhor. Rio de Janeiro, set 1998
 Decreto Ad Gentes, Compêndio do Vaticano II. 18ª Ed. Petrópolis: Vozes, 1986.
 ALDAY. Salvador Carrillo. Batismo no Espírito Santo. 2ª Ed . Rio de Janeiro: Louva-a-Deus, 1989.
 CHAGAS, Dom Cipriano. Revista Jesus Vive e é Senhor. Rio de Janeiro, jan. 1999.
 FLORES, Jose H. Prado. Como evangelizar os batizados. 4ª Ed. Rio de Janeiro: Louva-a-Deus,1988.
 FLORES, Jose H. Prado. Ide e Evangelizai os batizados. 2ª Ed. Rio de Janeiro : Louva-a-Deus, 1984.
 PAULO VI. Exortação Apostólica Evangelli Nuntiandi. 13ª Ed. São Paulo: Paulinas,1976.
 VV AA. Atos dos Apóstolos Atos do Espírito Santo. São Paulo: Paulinas
 JARAMILLO, Diego. Oração. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Louva-a-Deus,1989.
 JARAMILLO, Diego. O ministério de música. Rio de Janeiro: Louva-a-Deus, 1984.
 Bíblia Sagrada. 134ª Ed. São Paulo: Ave-maria, 2000.
 SCHUBERT, Linda. A hora milagrosa. 7ª Ed. São Paulo: Loyola, 1992.
 PEDRINI, Alírio José. Saiba participar de grupos carismáticos. 12ª Ed. São Paulo: Loyola, 1997.
 PEDRINI, Alírio José. Grupos de oração, como fazer a graça acontecer. São Paulo: Loyola, 1992.
 FLORES, José H. Prado. As reuniões de oração, 5ª Ed. São Paulo: Loyola, 1977.
 CANTALAMESSA, Raniero. Maria, um espelho para a Igreja. 2ª Ed. Aparecida do Norte: Santuário,
1992.
 CAROTHERS, Merlin. O poder do louvor. 12ª Ed. Editora Betânia,
 CAROTHERS, Merlin. Louvor que Liberta. 14ª Ed. São Paulo: Loyola,1976.
 CASTRO, Regis Castro, Maisa. Louvor Ping-Pong. Campinas: Raboni.
 AQUINO, Felipe R.Q. de. Família Santuário da Vida. Lorena : Cléofas, 1997.
 Catecismo da Igreja Católica. 2ª Ed. São Paulo: Loyola, 1993.
 AQUINO, Felipe R. Q. de. Na escola dos santos doutores. Lorena: Cléofas, 1996.
 MANENTI, Alessandro. Viver em comunidade – aspectos psicológicos. São Paulo: Paulinas, 1985.
 BUCKINGHAM, Juan Carlos Ortiz e Jamie. Ser e fazer discípulos, 6ª Ed. São Paulo: Loyola, 1990.
 O’ DONNELL, Desmond. Novo Testamento – Caminho de comunidade.4ª Ed. São Paulo: Paulinas,1980.
 CANTALAMESSA, Raniero. A Vida em Cristo. 2ªEd. São Paulo: Loyola,1998.
 CANTALAMESSA, Raniero. Preparai os Caminhos do Senhor. São Paulo: Loyola, 1997.
 CNBB, Atos dos Apóstolos
 ARTHUR, Kay. Atos O Espírito Santo Operando em Você. Editora Vida, 1997.
 MONTAGUE, Killian Mc Donnell e George T. Iniciação Cristã e Batismo no Espírito Santo. Rio de
Janeiro: Louva-a-Deus, 1995.
 ALMEIDA, João Carlos de. Cantar em Espírito e Verdade!. São Paulo: Loyola, 1990.
 RCC, Batismo no Espírito Santo. Aparecida: Santuário,1994.
 CANTALAMESSA, Raniero. A Poderosa Unção do Espírito Santo. 2ª Ed. Campinas: Raboni, 1996.

69
70

70
1
CBV, No Caminho das Comunidades, p 12
2
Ivo STORNIOLO, Como ler os Atos dos Apóstolos, , p 7
3
cf. ibidem, p 8
4
cf. Pablo RICHARD, O Movimento de Jesus depois da Ressurreição, pp. 6-8
5
cf. idem
6
, CBV, No Caminho das Comunidades, p 19
7
cf. Pablo RICHARD, O Movimento de Jesus depois da Ressurreição, pp. 6-8
8
Ivo STORNIOLO, Como Ler o Livro dos Atos dos Apóstolos, p 17
9
, Pablo RICHARD, O Movimento de Jesus depois da Ressurreição, p 17
10
cf. Ivo STORNIOLO, Como Ler o Livro dos Atos dos Apóstolos, pp. 10-11
11
Ibidem
12
Ibidem, p 19
13
Salvador Carrillo ALDAY, O Espírito Santo na Igreja dos Atos dos Apóstolos, p 8
14
Pablo RICHARD, O Movimento de Jesus depois da Ressurreição, pp. 20-21
15
cf. idem, p 20
16
Ivo STORNIOLO, Como Ler o Livro dos Atos dos Apóstolos, p 20
17
cf. idem, p 21
18
Salvador Carrillo ALDAY, O Espírito Santo na Igreja dos Atos dos Apóstolos, p 9
19
cf. Pablo RICHARD, O Movimento de Jesus depois da Ressurreição, pp. 25-26
20
cf. idem, p 26
21
Ivo STORNIOLO, Como Ler o Livro dos Atos dos Apóstolos, p 21
22
cf. idem, p 23
23
Ivo STORNIOLO, Como Ler o Livro dos Atos dos Apóstolos, p 24
24
cf. idem, p 26
25
Pablo RICHARD, O Movimento de Jesus depois da Ressurreição, p 36
26
cf. idem, pp. 37-38
27
cf. ibidem, p37
28
cf. ibidem, pp. 38-39
29
cf. Ivo STORNIOLO, Como Ler o Livro dos Atos dos Apóstolos, p 32
30
Pablo RICHARD, O Movimento de Jesus depois da Ressurreição, p 40
31
Ivo STORNIOLO, Como Ler o Livro dos Atos dos Apóstolos, pp. 28-29
32
CBV, No Caminho das Comunidades, p 28
33
cf. idem, p 31
34
Ivo STORNIOLO, Como Ler o Livro dos Atos dos Apóstolos, p 35
35
Salvador Carrillo ALDAY, O Espírito Santo na Igreja dos Atos dos Apóstolos, p17
36
cf. VV.AA, Atos dos Apóstolos, p 16
37
cf. idem
38
Salvador Carrillo ALDAY, O Espírito Santo na Igreja dos Atos dos Apóstolos, pp. 21- 22
39
Pablo RICHARD, O Movimento de Jesus depois da Ressurreição, p 45
40
cf. idem
41
cf. ibidem, p 49
42
VV.AA, Atos dos Apóstolos, p 18
43
Pablo RICHARD, O Movimento de Jesus depois da Ressurreição, p 51
44
cf. Ivo STORNIOLO, Como Ler o Livro dos Atos dos Apóstolos, p 48
45
cf. idem
46
cf. ibidem
47
ibidem, p 52
48
ibidem
49
ibidem, pp. 52-53
50
ibidem, p 53
51
ibidem
52
ibidem, p 56
53
Pablo RICHARD, O Movimento de Jesus depois da Ressurreição, p 56
54
idem
55
cf. ibidem, p 57
56
cf. ibidem
57
ibidem, p 45
58
ibidem, p 60
59
ibidem, p 61
60
ibidem
61
ibidem
62
ibidem, p 62
63
Ivo STORNIOLO, Como Ler o Livro dos Atos dos Apóstolos, p 61
64
Pablo RICHARD, O Movimento de Jesus depois da Ressurreição, p 65
65
idem, p 66
66
ibidem
67
ibidem
68
ibidem, p 67
69
Ivo STORNIOLO, Como Ler o Livro dos Atos dos Apóstolos, p 66
70
cf. Ad Gentes, 4
71
Dominun et Vivificatem, 25
72
Michel GOURGUES, Atos 1-12 Missão e Comunidade, p 7
73
idem, p 8
74
ibidem
75
ibidem, p 21
76
ibidem, pp. 21-22
77
ibidem, p 22
78
ibidem, p 33
79
ibidem
80
ibidem, pp. 33-34
81
ibidem, p 39
82
ibidem, pp. 39-40
83
ibidem, pp. 41-42
84
cf. ibidem, p 49
85
cf. ibidem, p 50
86
Salvador Carrillo ALDAY, O Batismo no Espírito Santo, pp. 9-10
87
idem, p 10
88
ibidem, p 10
89
ibidem, p 11
90
ibidem, p 12
91
Pe. Salvador Carrillo ALDAY, Revista Jesus Vive, set/98, “ O Batismo no Espírito Santo dentro da Renovação
Carismática, pp. 20-21
92
Salvador Carrillo ALDAY, O Batismo no Espírito Santo, pp. 7-8
93
idem, p 8
94
Michel GOURGUES, Atos 1-12 Missão e Comunidade, p 50
95
Jose H Prado FLORES, Como Evangelizar os Batizados, p 25
96
cf. idem, p 28
97
cf. ibidem, pp. 29- 30
98
cf. ibidem, pp. 29- 32
99
cf. ibidem, pp. 29-32
100
Salvador Carrillo ALDAY, O Espírito Santo na Igreja dos Atos dos Apóstolos, pp. 18-19
101
Jose H Prado FLORES, Como Evangelizar os Batizados, pp. 30-33
102
Salvador Carrillo ALDAY, O Espírito Santo na Igreja dos Atos dos Apóstolos, p 19
103
Jose H Prado FLORES, Como Evangelizar os Batizados, pp. 30-33
104
Salvador Carrillo ALDAY, O Espírito Santo na Igreja dos Atos dos Apóstolos, p 20
105
cf. idem
106
cf. ibidem
107
cf. Jose H Prado FLORES, Ide e Evangelizai os Batizados, pp19-21
108
Jose H Prado FLORES, Como Evangelizar os Batizados, p 35
109
idem
110
Evangelli Nutiandi, 3
111
cf. Jose H Prado FLORES, Como Evangelizar os Batizados, p 40
112
113
cf. Jose H Prado FLORES, Como Evangelizar os Batizados, pp. 42-47
114
idem, p 54
115
ibidem, p 56
116
cf. ibidem
117
cf. Jose H Prado FLORES, Como Evangelizar os Batizados, pp. 57-60 e Jose H Prado FLORES, Ide e Evangelizai os
Batizados, pp. 51-107
118
Jose H Prado FLORES, Ide e Evangelizai os Batizados, p 31
119
cf. Livro 2, Apostila Vida de Santidade Vida de Oração, , EPA, pp 54- 60
120
Pe Alírio José PEDRINI, Saiba Participar de Grupos Carismáticos, p 9
121
cf. Raniero CANTALAMESSA, Maria, um espelho para a Igreja, p 17
122
idem
123
cf. Catecismo da Igreja Católica, 2639
124
Merlin CAROTHERS, O Louvor que liberta, p 79
125
Merlin CAROTHERS, O Poder do Louvor, p 8
126
idem, p 9
127
ibidem, pp. 17-18
128
, Pe. Alirio José PEDRINI, Saiba participar de Grupos Carismáticos ,pp. 11-14
129
idem, p 21
130
ibidem
131
cf. ibidem
132
ibidem, p 35
133
cf. Regis Castro e Maisa CASTRO, Louvor Ping-Pong, p 6-9
134
Pe. Alirio José PEDRINI, Saiba participar de Grupos Carismáticos, pp. 46-48
135
Jose H Prado FLORES, As Reuniões de Oração, p 23
136
cf. idem, p 24
137
cf. ibidem, pp. 23-26
138
cf. ibidem, p 23
139
cf. Diego JARAMILLO, O Ministério de Música, p 38-52
140
idem, p 38
141
ibidem
142
ibidem, p 39
143
ibidem, p 46
144
ibidem
145
ibidem, p 48
146
ibidem, p 49
147
ibidem, p 51
148
ibidem
149
ibidem, pp. 12-13
150
cf. Catecismo da Igreja Católica, 1789
151
cf. idem, 2840
152
cf. ibidem, 2447
153
cf. ibidem, 2843
154
cf. ibidem, 1329; 1331
155
cf. ibidem, 1702
156
cf. ibidem, 1936
157
cf. ibidem, 791
158
cf. ibidem, 1717
159
cf. ibidem, 1877

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