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Capítulo 1 - Os Especialistas da Cura do corpo

Os Médicos

- Quanto mais capital e “cultura” os médicos detêm mais importante será a sua atividade
institucional, mais especializada sua técnica e mais afastada da religião e, portanto, menos
popular será a sua clientela. Por isso as opiniões, dentre os médicos, sobre a relação médico-
paciente diverge de acordo com a sua posição no campo médico.

- Os médicos que descendem de classes dominantes ou médias acabam por ocupar lugares de
gerência, como médicos-administradores, tendo pouco contato com pessoas doentes,
principalmente as de classes baixas. Tendo então uma representação abstrata.

- Para os médicos, formados pelo sistema da OMS, as doenças mais frequentes das classes
mais pobres (desidratação, desnutrição, verminoses, doenças infecto-contagiosas e
parasitárias) são provenientes do subdesenvolvimento do país.

- Os médicos-administradores por não entrarem em contato direto com a clientela popular


acabam associando tais doenças a uma escolarização fraca ou nula, se distanciando dos
profissionais que atuam diretamente com estes pacientes. Esses outros médicos intervém no
próprio exercício da medicina, como efeito atendem a pessoas que vêem a medicina como
apenas uma entre várias ofertas médicas, as vezes até mais confiáveis.

- A linguagem e o comportamento dos doentes das classes populares distanciam-se muito da


atitude adotada pelos que estão no centro do modelo da relação médico-paciente, adquirido
por esses médicos durante sua formação universitária. Esse modelo é criado por uma relação
dissimétrica baseada na formação técnica do médico, no seu conhecimento e não na diferença
entre classes, porém os médicos que atuam com as classes populares ao encontrarem um
paciente

- Além dessas diferenças ainda existe a separação entre médicos particulares e públicos.
Assim como os administradores os médicos particulares vêem de uma família com base social,
que lhe de espaço para continuar os estudos e se especializar, já os públicos (algumas vezes)
não tem essa chance, se formam em medicina e já entram no mercado de trabalho para ajudar
a família.

- Em ambos os casos os médicos podem trabalhar com famílias populares e unir a medicina à
religião, como em um dos testemunhos escritos no texto em que o doutor afirma que o pai de
santo havia feito um diagnostico coreto, porém que o médico também havia acertado.
Capítulo 1 - Os Especialistas da Cura do corpo
Os Farmacêuticos

- Os farmacêuticos também são conhecidos como substitutos do médico, apesar de serem


expulsos da medicina pelos médicos.

- Eles se dividem em duas categorias:


- Os Farmacêuticos Comerciantes: apenas revendedores de remédios e
- Os Farmacêuticos Praticantes ou Terapeutas: que indicam remédios.

- Os farmacêuticos praticantes geralmente tem uma ligação de confiança com a população,


que vem a ele pedir para confirmar a receita prescrita pelo médio, conferir como fazer uso do
medicamento e algumas vezes para encontrar um substituto mais barato. São o elo entre a
medicina oficial e a popular, entre os médicos e os curandeiros.

- Já os farmacêuticos comerciais não fazem essa ligação, eles apenas se unem ao setor não-
oficial e buscam a maior quantia de lucro possível. Enquanto para o terapeuta a pessoa tem
uma história e uma vida, para o comerciante apenas interessa as vendas.
Capítulo 1 - Os Especialistas da Cura do corpo
Os Especialistas de Ervas

- Além dos farmacêuticos existe um outro tipo de profissional que atua na venda de
medicamentos: o especialistas de ervas. Esses agente se aproximam do farmacêutico
terapeuta quanto a sua relação com a comunidade. Essa categoria se divide em duas:
- Os Farmacêuticos de Ervas Industrializadas: são quase que farmacêuticos, pois tem
toda a cobrança do Conselho Regional de Farmácia e de Medicina e
- Os Especialistas de Ervas Naturais: são produtores, cultivadores das ervas que vão
vender. Se opõem aos médicos como o artista ao cientista.

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