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TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES

Cessão de Crédito e Assunção de Débito

1 – Cessão de crédito: é a venda de um direito de crédito; é a transferência ativa da obrigação que o credor faz a
outrem de seus direitos; corresponde à sucessão ativa da relação obrigacional.

Em direito a sucessão pode ocorrer inter vivos ou mortis causa. A sucessão mortis causa nós vamos estudar
em Civil 7, que é a herança. A cessão de crédito corresponde à sucessão entre vivos no direito obrigacional. A cessão
de crédito também não se confunde com a cessão de contrato que é a cessão de direitos e deveres daquela relação
jurídica, e não apenas de um crédito.

Quando estudamos pagamento por sub-rogação vimos que a cessão de crédito é uma de suas espécies (348),
mas na sub-rogação a dívida mantem o valor, já a cessão de crédito pode envolver valores diversos tendo em vista a
liberdade entre as partes (ex: A deve cem a B para pagar daqui a seis meses, C então se oferece para adquirir este
crédito contra A por oitenta pagando a B a vista; C age na esperança de ter um lucro ao receber os cem de A no futuro;
isto acontece no comércio no desconto de cheques “pré-datados”).

Conceito: cessão de crédito é o negócio jurídico onde o credor de uma obrigação, chamado cedente, transfere a
um terceiro, chamado cessionário, sua posição ativa na relação obrigacional, independentemente da autorização do
devedor, que se chama cedido.

Tal transferência pode ser onerosa ou gratuita, ou seja, o terceiro pode comprar o crédito ou simplesmente
ganhá-lo (= doação) do cedente.

Anuência do devedor: como já disse, a cessão é a venda do crédito, afinal o cedido continua devendo a mesma
coisa, só muda o seu credor. O cessionário ( = novo credor) perante o cedido/devedor fica na mesma posição do
cedente ( = credor velho). A cessão dispensa a anuência do devedor que não pode impedi-la, salvo se o devedor se
antecipar e pagar logo sua dívida ao credor primitivo. Todavia, o cedido ( = devedor) deve ser notificado da cessão, não
para autorizá-la, mas para pagar ao cessionário ( = novo credor, 290).

Justificativa: a cessão de crédito se justifica/se fundamenta para estimular a circulação de riquezas, através da
troca de títulos de crédito (ex: cheques, duplicatas, notas promissórias, títulos que vocês vão estudar em Direito
Comercial/Empresarial). Além do exemplo acima do desconto de cheques “pré-datados”, a cessão de crédito é muito
comum entre bancos e até a nível internacional do Governo Federal, em defesa da moeda e da disciplina cambial.

Forma da cessão: não exige formalidade entre o novo e o velho credor, pode até ser verbal, mas para ter efeito
contra terceiros deve ser feita por escrito (288). A escritura pública é aquela do art. 215, feita em Cartório de Notas. O
contrato particular é feito por qualquer advogado.

Que créditos podem ser objeto de cessão? Todos, salvo os créditos alimentícios (ex: pensão, salário), afinal tais
créditos são inalienáveis e personalíssimos, estando ligados à sobrevivência das pessoas. A lei proíbe também a
cessão de alguns créditos como o crédito penhorado (298 – vocês vão estudar penhora em processo civil) e o crédito
do órfão pelo tutor (1749, III – tutela é assunto de Civil 6). O devedor pode também impedir a cessão desde que esteja
expresso no contrato celebrado com o credor primitivo, caso contrário, como já disse, caso queira impedir a cessão o
devedor terá que se antecipar e pagar logo. Vide art. 286.

Espécies de cessão: 1) convencional: é a mais comum, e decorre do acordo de vontades como se fosse uma
venda (onerosa) ou doação (gratuita) de alguma coisa, só que esta coisa é um crédito; 2) legal: imposta pela lei (ex:
nosso conhecido 346; no 287 também é imposto pela lei a cessão dos acessórios da dívida como garantias, multas e
juros); 3) judicial: determinada pelo Juiz no caso concreto, explicando os motivos na sentença para resolver litígio
entre as partes.

A cessão pode também ser “pro soluto” ou “pro solvendo”; na pro soluto o cedente responde pela existência e
legalidade do crédito, mas não responde pela solvência do devedor (ex: A cede um crédito a B e precisa garantir que
esta dívida existe, não é ilícita, mas não garante que o devedor/cedido C vai pagar a dívida, trata-se de um risco que B
assume). Na cessão pro solvendo o cedente responde também pela solvência do devedor, então se C não pagar a
dívida (ex: o cheque não tinha fundos), o cessionário poderá executar o cedente. Mas primeiro deve o cessionário
cobrar do cedido para depois cobrar do cedente.

Quando a cessão é onerosa, o cedente sempre responde pro soluto, idem se a cessão foi gratuita e o cedente
agiu de má-fé (ex: dar a terceiro um cheque sabidamente falsificado gera responsabilidade do cedente, mas se o
cedente não sabia da ilegalidade não responde nem pro soluto, afinal foi doação mesmo - 295); mas o cedente só
responde pro solvendo se estiver expresso no contrato de cessão (296).

2 – Assunção de dívida: é a transferência passiva da obrigação, enquanto a cessão é a transferência ativa. A assunção
é rara e só ocorre se o credor expressamente concordar, afinal para o devedor faz pouca diferença trocar o credor ( =
cessão de crédito), mas para o credor faz muita diferença trocar o devedor, pois o novo devedor pode ser insolvente,
irresponsável, etc. (299 e 391). E mesmo que o novo devedor seja mais rico, o credor pode também se opor, afinal
mais dinheiro não significa mais caráter, e muitos devedores ricos usam os infindáveis recursos da lei processual para
não pagar suas dívidas. Ressalto que o silêncio do credor na troca do devedor implica em recusa, afinal em direito nem
sempre quem cala consente (pú do 299). Na assunção o novo devedor assume a dívida como se fosse própria, ao
contrário da fiança onde o fiador responde por dívida alheia (veremos fiança em Civil 3).
O pagamento ou adimplemento, no Direito Civil, é uma das formas de extinção de
uma obrigação, caracterizando-se pelo cumprimento voluntário desta pelo devedor,
geralmente pela entrega de dinheiro ao credor. Feito o pagamento, a obrigação é
solucionada (solutio) e o devedor é liberado da obrigação

Tais obrigações podem ser pessoais ou de crédito e se configuram através de


conceitos científicos utilizados pela ciência tais como: novação, sub-rogação,
transação, compensação e outros.

Elementos do pagamento
O pagamento é, geralmente, dividido em três partes

1.vínculo obrigacional: é essencial ao pagamento; se não há vínculo entre os


sujeitos, não há pagamento;
2.sujeito ativo:o credor;
3.sujeito passivo: o devedor;
Carlos Roberto Gonçalves aponta, ainda, a intenção de solver a dívida (animus
solvendi), e o efetivo cumprimento da prestação como requisitos de validade do
pagamento.

No pagamento ocorre a inversão dos sujeitos obrigacionais. O devedor, sujeito


passivo da obrigação, passa a ser sujeito ativo no pagamento, pois vem dele o ato
de pagar. O mesmo vale inversamente para o credor.

Natureza jurídica
A natureza jurídica do pagamento é controversa entre os doutrinadores de Direito
Civil: o pagamento pode ser definido tanto como um ato jurídico, sem conteúdo
negocial, como também como um negócio jurídico (unilateral ou bilateral); é,
portanto, necessária a análise do caso concreto para que se extraia a essência de
sua natureza jurídica[3].

Objeto do pagamento
O Código Civil brasileiro adotou o princípio do nominalismo ao estabelecer que o
credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que
mais valiosa.

Há duas espécies de dívida: a) em dinheiro - quando o objeto da prestação é o


próprio dinheiro; e b) de valor - quando o dinheiro não é o objeto em si, mas
apenas representa o valor da prestação (é o caso da obrigação de prestar
alimentos, por exemplo).

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