Você está na página 1de 29

Cálculo Numérico

Zeros reais de funções


Introdução

Raiz de uma equação ou zero da função f(x) :

f (ε) = 0

Duas etapas para calcular a raiz:

a) Isolar a raiz, ou seja, achar um intervalo [a, b], o menor possível que contenha uma e
somente uma raiz.

b) Melhorar o valor da raiz aproximada, isto é, refiná-la até o grau de exatidão requerido.
Isolamento de raízes

Teorema: Se uma função contínua f(x) assume valores de sinais opostos nos
pontos extremos do intervalo [a, b] , isto é, f(a).f(b) < 0, então o intervalo
conterá, no mínimo, uma raiz da equação f(x) = 0. Em outras palavras, haverá no
mínimo um número ε ∈ (a, b) tal que f(ε) = 0.

y = f(x)
f(b)

a
0 ε1 ε2 ε3 b x

f(a)
Isolamento de raízes

A raiz ε será definida e única se a derivada f ’(x) existir e preservar o sinal


dentro do intervalo (a, b), isto é, se f ’(x) > 0 ou f ’(x) < 0 para a < x < b.
Lembre que:

a) θ = 0 b) 0 < θ < 90 c) 90 < θ < 180

f ’(x) = 0 f ’(x) > 0 f ’(x) < 0

y = f(x)

a b a b a b
( ) ( ) ( )
0 ε1 ε2 ε3 x
Equações Algébricas – Número de raízes reais

Teorema (Teorema de Bolzano): Seja P(x) = 0 uma equação algébrica com


coeficientes reais e x ∈ ( a, b).

Se P(a) . P(b) < 0, então existe um número ímpar de raízes reais (contando suas
multiplicidades) no intervalo (a, b).

Se P(a) . P(b) > 0, então existe um número par de raízes reais (contando suas
multiplicidades) ou não existe raízes reais no intervalo (a, b).

y y
f(a’)
P(b)
f(b’) x
x a b
a
a’ b’
0 b P(b)
P(a) P(a)
P(a) . P(b) < 0 P(a) . P(b) > 0
Determinação de raízes
Fase I – Isolamento

Relembre:

Teorema: Seja f(x) uma função contínua. Se f(x) assume valores de sinais
opostos nos pontos extremos do intervalo [a, b] , isto é, f(a).f(b) < 0, então
haverá no mínimo um número ε ∈ (a, b) tal que f(ε) = 0.

Resultado 2: A raiz ε será definida e única se a derivada f ’(x) existir e


preservar o sinal dentro do intervalo (a, b), isto é, se f ’(x) > 0 ou f ’(x) < 0
para a < x < b.

Assim, para isolarmos as raízes de uma equação f (x) = 0 comumente utilizamos


um dos seguintes procedimentos:

Fase I – Isolamento
Fase II – Refinamento
Determinação de raízes
Fase I – Isolamento

Procedimento I:
Esboçar o gráfico de f determinando intervalos [xi , xi+1] que contenham uma
única raiz.

Exemplo 1: Isolar as raízes de f (x) = 2x – cos x

Geramos a tabela:
xi f (xi)
–2 –3,58 f (0) . f (1) < 0 ⇒ ε ∈ [0, 1]
–1 –2,54
e
0 -1
1 1,46 f’(x) = 2+sen x > 0 ∀ x ⇒ ε é única.
2 4,42
Determinação de raízes
Fase I – Isolamento

f ' (x) = 2 + sen x


Determinação de raízes
Fase I – Isolamento

f (x) = 2x – cos x
Determinação de raízes
Fase I – Isolamento com gráficos conhecidos
e mais simples.

Procedimento II:
Decompor a função f, se possível, na forma f (x) = g (x) – h (x).
Neste caso, os pontos de interseção dos gráficos de g e h representam as raízes
de f (x) = 0.
Exemplo 1: Isolar as raízes de

f (x) = 2x – cos x g (x) = 2x

g (x) h (x)

h (x) = cos x
Determinação de raízes
Fase I – Isolamento

Exemplo 2: Isolar as raízes de P(x) = x³ – 2x² – 20x + 30 = 0


c) Procedimento I:
xi f (xi)
–6,48 –196,5
–6 –138
–5 –45
–4 14 ε1 ∈ [–5, –4]
... ...
0,6 17,5
1 9
2 – 10 ε2 ∈ [1, 2]
3 – 21
4 – 18
5 5 ε3 ∈ [4, 5]
Determinação de raízes
Fase I – Isolamento

Exemplo 2: Isolar as raízes de P(x) = x³ – 2x² – 20x + 30 = 0


c) Procedimento I:
Determinação de raízes
Fase I – Isolamento

Exemplo 3: Isolar as raízes de f (x) = x² – sen x – 1


Procedimento II:

f (x) = x² – (sen x + 1)
g (x) = x²
g (x) h (x)

h (x) = sen x + 1
Determinação de raízes
Fase II – Refinamento

• Método da bisseção:

Seja f (x) uma função contínua no intervalo [a, b]


e f (a). f (b) < 0.
Dividindo o intervalo [a, b] ao meio, obtêm-se x0,
havendo pois dois intervalos, [a, x0] e [x0, b], a ser
considerados.
Se f (x0) = 0, então, ε = x0; caso contrário,

f (a). f (x0) < 0 ⇒ ε ∈ (a, x0) ou


f (x0). f (b) < 0 ⇒ ε ∈ (x0, b)
Determinação de raízes
Fase II – Refinamento

• Método da bisseção:

y y = f(x)

a
0 ε x0 = (a+b)/2 b x

1º caso) ε = x0; caso contrário,

2º caso) ε ∈ (a, x0) ou ε ∈ (x0, b)


Determinação de raízes
Fase II – Refinamento

• Método da bisseção:

y y = f(x)

a x1
0 ε x0 b x

ε ∈ (x1, x0)
Determinação de raízes
Fase II – Refinamento

• Método da bisseção:

y y = f(x)

a x1
0 ε x2 x0 b x

ε ∈ (x1, x2)
Determinação de raízes
Fase II – Refinamento

• Método da bisseção:

y y = f(x)

a x1
0 ε x3 x2 x0 b x

ε ∈ (x1, x3)

O processo se repete até que se obtenha uma aproximação para a


raiz exata ε, com a tolerância ∈ desejada.
Determinação de raízes
Fase II – Refinamento

Exemplo 1: Calcular a raiz da equação f(x) = x² –3 com ∈ ≤ 0,01.


Fase I:
Isolando-se a raiz, tem-se ε ∈ (1, 2) e que
f (1) = – 2 < 0
f (2) = 1 > 0.
Fase II:
n an bn xn f (xn) ∈
0 1.00000 2.00000 1.50000 – 0.75000 –
1 1.50000 2.00000 1.75000 0.06250 0.25000
2 1.50000 1.75000 1.62500 – 0.35938 0.12500
3 1.62500 1.75000 1.68750 – 0.15234 0.06250
4 1.68750 1.75000 1.71875 – 0.04590 0.03125
5 1.71875 1.75000 1.73437 0.00806 0.01563
6 1.71875 1.73437 1.72656 –0.01898 0.00781

A raiz é ε ≈ x6 = 1,72656.
Determinação de raízes
Fase II – Refinamento

Exemplo 2: Calcular a raiz da equação f(x) = x² + ln x com ∈ ≤ 0,01.


Fase I:
Gráfico ⇒ ε ∈ (0.5, 1.0) e que f (0.5) = – 0.44315 < 0 e f (1) = 1 > 0.

g(x) = x²

h(x) = – ln x
Determinação de raízes
Fase II – Refinamento

Exemplo 2: Calcular a raiz da equação f(x) = x² + ln x com ∈ ≤ 0,01.


Fase I:
Gráfico ⇒ ε ∈ (0.5, 1.0) e que f (0.5) = – 0.44315 < 0 e f (1) = 1 > 0.

Fase II:
n an bn xn f (xn) ∈
0 0.50000 1.00000 0.75000 0.27482 –
1 0.50000 0.75000 0.62500 – 0.07938 0.12500
2 0.62500 0.75000 0.68750 0.09796 0.06250
3 0.62500 0.68750 0.65625 0.00945 0.03125
4 0.62500 0.65625 0.64063 – 0.03491 0.01563
5 0.64063 0.65625 0.64844 – 0.01272 0.00781

A raiz é ε ≈ x5 = 0,64844.
Determinação de raízes
Fase II – Refinamento

Exemplo 3: Calcular a raiz da equação f(x) = x3 – 10 com ∈ ≤ 0,1.


Fase I:
Gráfico ⇒ ε ∈ (2, 3) e que f (2) = – 2 < 0 e f (3) = 17 > 0.

Fase II:
n an bn xn f (xn) ∈
0 2.00000 3.00000 2.50000 5.62500 –
1 2.00000 2.50000 2.25000 1.39062 0.25000
2 2.00000 2.25000 2.12500 – 0.40430 0.12500
3 2.12500 2.25000 2.18750 0.46753 0.06250

A raiz é ε ≈ x3 = 2,18750.
Determinação de raízes
Fase II – Refinamento

• Método da Falsa Posição:


Seja f (x) uma função contínua no intervalo [a, b]
e f (a). f (b) < 0. a. f (b) − b. f (a )
x=
f (b) − f (a )
y raiz

a
0 b
x x
Determinação de raízes
Fase II – Refinamento

• Método da Falsa Posição:

y raiz

a
0 x1 b
x2 x
Determinação de raízes
Fase II – Refinamento

• Método do Ponto Fixo:


y =x
y
φ(x)

0 ξ x2 x1 x0 x
ε?
Determinação de raízes
Fase II – Refinamento

• Método de Newton-Raphson:

y f(x)

ε?
x0 ξ
x2
x1 x

0
Determinação de raízes
Fase II – Refinamento

• Método da secante:

y f(x)
ε?

x0 x2 x3

ξ x1 x

0
Comparação entre os métodos

f(x) = x3 – x – 1, ξ ϵ [1,2] com ∈ ≤ 10-6

- Bissecção
Falsa
MPF Newton Secante
Posição
Dados x0=0;
Iniciais [1,2] [1,2] x0=1 x0=0
x1=0.5
x* 0.1234718 0.1234718 0.1234717 0.1234718 0.1234718
x 101 x 101 x 101 x 101 x 101
f(x*) -0.1847744 -0.7897615 -0.52154406 -0.1821000 -0.8940697
x 10-6 x 10-6 x 10-6 x 10-6 x 10-7
Erro em 0.9536743 0.6752825 0.3599538 0.6299186 0.8998843
x* x 10-6 x 10-6 x 10-6 x 10-6 x 10-5
Num
Iterações 20 12 9 21 27

Fonte: RUGGIERO,&LOPES, Cálculo Numérico: Aspectos Computacionais. Pearson,1996

Você também pode gostar