Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
GOIÂNIA-GO
2017
MÁRIO SILVA NETO
Goiânia-Go
2017
MÁRIO SILVA NETO
________________________________________
Profº Dr. Felipe Pamplona Mariano
Universidade Federal de Goiás
________________________________________
Profª Dra. Andreia Aoyagui Nascimento
Universidade Federal de Goiás
________________________________________
Profº Dr. Leonardo de Queiroz Moreira
Universidade Federal de Goiás
________________________________________
Profº Dr. Marlipe Garcia Fagundes Neto
Universidade Federal de Goiás
Goiânia-Go
2017
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela sua infinita graça e amor sempre presentes na minha vida. Aos meus pais
Neldiçom e Deusnene que me apoiaram em todos os momentos, não só na vida acadêmica.
Aos meus amigos e colegas que me ajudaram de alguma forma ou contribuíram para o
meu desenvolvimento como aluno, profissional e pessoa na sociedade.
Considering the importance of studies concerning the area of thermal machines in the
mechanical engineering course, the present work proposes to develop the structural design and
the lubrication system of a bench for an automotive turbocharger. The project was carried out
in order to obtain a system that supports the turbocharger together with the necessary equipment
for the operation of the workbench, and to adapt components such as oil pump, heat exchanger,
turbocharger, to supply lubricating oil to temperature, pressure and Determined by the
manufacturer. In this way the structure of the chassis and the layout of the main components
that form the workbench were determined, as well as the results of the analysis of heat transfer,
load losses and flow in the lubrication system. From the results obtained, it was suggested
lubrication system configurations that meet the design specifications.
Tabela 3.1 - Pressão, temperatura e vazão do óleo dadas pelo fabricante do turbo- 27
compressor
Tabela 3.2 - Dimensões da aleta 33
Tabela 3.3 - Propriedades do óleo e valores de Pr 35
Tabela 3.4 - Valores de viscosidade do óleo 15W-40 as temperaturas de 40°C e 100°C 37
Tabela 3.5 - Dimensões medidas e especificação de materiais do trocador de calor 41
utilizado
Tabela 3.6 - Valores de Cq, Cf, Cmin/Cmax, NUT e ε 47
Tabela 3.7 - Características das tubulações utilizadas no sistema de lubrificação 53
Tabela 3.8 - Dados de funcionamento do motor de acionamento da bomba de óleo 57
Tabela 4.1 - Principais dimensões do chassi 61
Tabela 4.2 - Valores de temperatura de entrada e saída do ar no compressor e dos gases 64
de combustão na turbina para os processos isoentrópicos e reais
Tabela 4.3 - Valores de Re e Nu calculados 65
Tabela 4.4 - Valores das taxas de transferência de calor para o óleo lubrificante 66
Tabela 4.5 - Valores de vazão e temperaturas de entrada e saída do óleo no turbo- 67
compressor
Tabela 4.6 - Parâmetros calculados para o trocador de calor utilizado 69
Tabela 4.7 - Valores de vazão e pressão na descarga da bomba de óleo 71
Tabela 4.8 - Dimensões, parâmetros do escoamento e perdas de carga no tubo 1 do 72
sistema de lubrificação sem trocador de calor
Tabela 4.9 - Dimensões, parâmetros do escoamento e perdas de carga no tubo 2 do 73
sistema de lubrificação sem trocador de calor
Tabela 4.10 - Dimensões, parâmetros do escoamento e perdas de carga no tubo 3 do 73
sistema de lubrificação sem trocador de calor
Tabela 4.11 - Perda de carga total e pressão de entrada do óleo no turbo-compressor do 73
sistema de lubrificação sem trocador de calor
Tabela 4.12 - Dimensões, parâmetros do escoamento e perdas de carga no tubo 1 do 75
sistema de lubrificação com trocador de calor
Tabela 4.13 - Dimensões, parâmetros do escoamento e perdas de carga no tubo 2 do 75
sistema de lubrificação com trocador de calor
Tabela 4.14 - Dimensões, parâmetros do escoamento e perdas de carga no tubo 3 do 75
sistema de lubrificação com trocador de calor
Tabela 4.15 - Dimensões, parâmetros do escoamento e perdas de carga no trocador de 76
calor do sistema de lubrificação
Tabela 4.16 - Perda de carga total e pressão de entrada do óleo no turbo-compressor 76
do sistema de lubrificação com trocador de calor
Tabela 4.17 - Dados técnicos da bomba FBE 1/2 76
Tabela 4.18 - Dimensões, parâmetros do escoamento e perdas de carga no tubo 1 do 77
sistema de lubrificação alternativo com trocador de calor
Tabela 4.19 - Dimensões, parâmetros do escoamento e perdas de carga no tubo 2 do 78
sistema de lubrificação alternativo com trocador de calor
Tabela 4.20 - Dimensões, parâmetros do escoamento e perdas de carga no tubo 3 do 78
sistema de lubrificação alternativo com trocador de calor
Tabela 4.21 - Dimensões, parâmetros do escoamento e perdas de carga no trocador de 78
calor do sistema de lubrificação alternativo
Tabela 4.22 - Perda de carga total e pressão de entrada do óleo no turbo-compressor do 79
sistema de lubrificação alternativo com trocador de calor
Tabela 4.23 - Especificações do sistema de acionamento da bomba de óleo 79
Tabela 4.24 - Materiais selecionados para montagem da bancada. 80
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 1
1.4 Objetivos 8
3. METODOLOGIA 19
4. RESULTADOS 61
5 CONCLUSÃO 81
6 REFERÊNCIAS 83
Pode-se definir turbina como uma máquina rotativa capaz de extrair energia cinética de
um fluido (água, gás, vapor etc.) em movimento. As turbinas de modo geral podem ser
classificadas de diversas formas, levando em consideração tamanho, aplicação, tipo etc. A
figura 1.2 mostra um organograma com a classificação básica das turbinas segundo a sua
aplicação e características construtivas. A classificação apresentada na figura 1.2 subdivide as
turbinas quanto a sua aplicação em: hidráulicas, a gás ou vapor e eólicas.
3
Turbinas
Eixo
Francis Radial
Horizontal
Kaplan
Bulbo
As turbinas hidráulicas são projetadas para transformar energia hidráulica nas formas
cinética ou potencial de um fluxo de água em energia mecânica. Geralmente utilizadas em
usinas hidrelétricas acopladas a um gerador elétrico. Segundo Macintyre (1983) as turbinas
hidráulicas podem ser classificadas pelos seus diferentes tipos sendo que os principais são:
Francis, Hélices, Kaplan, Dériaz, Pelton, Tubulares, Bulbo e Straflo. As diferenças entre elas
estão ligadas basicamente a geometria de seus componentes tais como pás e rotores. A figura
1.3 extraída de Fox e McDonald (2009) mostra os diagramas esquemáticos de turbinas Pelton
(a), Francis (b), e Kaplan (c).
Figura 1.4 - Turbinas eólicas de eixo vertical (a) e eixo horizontal (b).
(a) (b)
Fonte: Dutra (2017).
Mazurenko et al. (2013, p. 1) explica que: “Em relação aos processos físicos, às soluções
técnicas e aos métodos de cálculo, as turbinas a gás são pouco diferentes das turbinas a vapor,
sendo a diferença principal ser o fluido de trabalho [...]”. As turbinas a gás e a vapor podem ser
construtivamente similares e classificadas como mostrado no organograma da figura 1.2, em
turbinas axiais e radiais, a diferença básica entre elas é a direção do escoamento.
Nas turbinas radiais o escoamento segue contra o efeito da força centrífuga no sentido
radial em relação ao eixo de rotação, de fora para dentro, desta forma é muito comum a
denominação turbina centrípeta. Turbinas radiais normalmente são ligadas a compressores
centrífugos radiais. A figura 1.5 mostra um conjunto turbo-compressor em corte composto por
uma turbina radial.
5
Segundo Martinelli (2011), as turbinas radiais atingem até 4500 kW em instalação, com
potência efetiva de 1500 kW (lembrando que o compressor consome em média de 2/3 da
potência). O rendimento das turbinas radiais é relativamente menor do que o das turbinas axiais
sendo da ordem de 0,60 a 0,75 dependendo das dimensões. Outra diferença significante é que
as turbinas axiais costumam ter um número maior de componentes, isso porque normalmente
essas turbinas são compostas por vários estágios de compressão e expansão, ao contrário das
turbinas radiais que usualmente possuem apenas um estágio.
O sistema a ser tratado neste trabalho é composto por uma turbina do tipo radial.
Figura 1.7 - Etapas de fabricação do chassi (a) e (b), turbo-compressor HX55 (c), e bancada
parcialmente montada (d).
(a) (b)
(c) (d)
Fonte: Próprio autor.
1.4 Objetivos
O ciclo Brayton é um ciclo ideal, uma aproximação dos processos térmicos que
ocorrem nas turbinas a gás, descrevendo variações de estado (pressão e temperatura)
dos gases. O conceito é utilizado como base didática e para análise dos ciclos reais,
que se desviam do modelo ideal, devido a limitações tecnológicas e fenômenos de
irreversibilidade, como o atrito. (MENESES, 2011, p. 12).
Segundo Moran e Shapiro (2009), as instalações de potência com turbinas a gás podem
operar tanto de modo aberto como fechado, sendo o modo aberto a forma mais comum.
Basicamente trata-se de um sistema no qual o ar atmosférico é continuamente arrastado para
um compressor (vide compressor da figura 2.1), onde é comprimido até uma pressão mais
elevada. Em seguida o ar entra em uma câmara de combustão onde é misturado com
combustível e a combustão ocorre, resultando em produtos de combustão a uma temperatura
elevada. Os produtos da combustão se expandem através da turbina e são descarregados na
vizinhança. No ciclo fechado, o gás que deixa a turbina passa por um trocador de calor onde é
resfriado antes de entrar novamente no compressor. A figura 2.1 de Brognakke e Sontag (2009),
mostra os sistemas de ciclos aberto e fechado. No presente trabalho o sistema estudado é do
tipo aberto.
Figura 2.1 - Instalação de uma turbina a gás que opera segundo ciclo Brayton: (a) ciclo aberto,
(b) ciclo fechado.
Onde T1, P1 e T2, P2, são respectivamente as temperaturas e pressões nos pontos 1 e 2
dos ciclos apresentados nas figuras 2.1 e 2.2, k é a razão entre os calores específicos a pressão
constante e volume constante e η é o rendimento térmico.
A figura 2.3 de Moran e Shapiro (2009) mostra um gráfico da eficiência térmica como
função da relação de pressão do compressor para o ciclo ideal Brayton. Observando-se o
gráfico, fica evidente que a eficiência aumenta de acordo com a relação de compressão.
Figura 2.3 - Eficiência térmica como função da relação de pressão do compressor para o ciclo
ideal Brayton (k=1,4).
A figura 2.4 mostra um diagrama T-s onde ocorre uma mudança no ciclo de 1-2-3-4-1
para 1-2’-3’-4-1, sendo que o último tem um fornecimento de calor maior e o mesmo calor
rejeitado do ciclo original, portanto, apresenta um rendimento maior. Contudo, quando se
aumenta a relação de pressão também se aumenta a temperatura máxima (T3) para T3’. Em
turbinas a temperatura máxima do gás que entra é fixada pelas características dos materiais,
logo é possível fixar uma temperatura máxima e aumentar a relação de pressão, isso pode
provocar mudanças do trabalho específico do fluido que escoa, como pode ser visto no ciclo
resultante 1-2’-3’’-4’’-1 da figura 2.4.
12
Segundo Borgnakke e Sonntag (2009), a turbina a gás real difere do ciclo ideal
principalmente devido as irreversibilidades no compressor e na turbina relacionadas a queda de
pressão nas passagens do fluido e na câmara de combustão. Os pontos representativos dos
estados de uma turbina a gás real, simples e de ciclo aberto podem ser mostrados na figura 2.5,
onde os pontos 2s e 4s referem-se aos pontos do processo isoentrópico, a linha em tracejado
representa o processo real.
Figura 2.5 - Efeito das ineficiências sobre o comportamento das turbinas a gás.
Outra característica importante do ciclo Brayton é que o compressor utiliza uma grande
quantidade de trabalho na sua operação (em comparação ao trabalho gerado na turbina) A
potência utilizada no compressor pode representar de 40% a 80 % da potência desenvolvida na
turbina.
Borgnakke e Sonntag (2009), afirmam que existe uma modificação no ciclo Brayton
que tende a mudar seu comportamento no sentido de aumentar o rendimento. Essa modificação
13
Figura 2.6 - Ciclo ideal da turbina a gás, com resfriamento, reaquecimento e regenerador.
Um conceito generalista de mancal é dado por Norton (2004) e afirma que sempre que
duas partes têm movimento relativo, elas constituem um mancal por definição, sem levar em
conta sua forma ou configuração.
Norton (2004), cita a afirmação de A.G.M. Michell, um pioneiro na teoria de mancais e
projeto, que diz que “o mérito de um mancal consiste em absorver a menor potência possível,
desgastando-se o mais devagar possível, ocupando o menor espaço possível e custando o menos
possível”.
Um mancal pode ser tão simples quanto um furo usinado em um componente
de máquina fundido. Embora simples, pode requerer procedimentos de projeto
detalhados, por exemplo, o mancal bipartido, sulcado, com lubrificação forçada na
biela em um motor automobilístico. Ou pode ser tão elaborado quanto os grandes
mancais resfriados a água, de anéis oleados, com reservatórios incorporados,
utilizados em máquinas pesadas. (BUDYNAS, 2011, p. 664).
De acordo com Melconian (2000), mancais de deslizamento devem quanto aos seus
materiais possuir as seguintes características:
- Resistência mecânica e a fadiga;
- Baixo coeficiente de atrito;
- Compatibilidade (utilização de materiais não aderentes);
- Incrustabilidade (capacidade de absorver impurezas, evitando riscamento e desgaste);
- Alta condutividade térmica;
- Resistência a corrosão;
- Conformabilidade (capacidade do material em compensar desalinhamento ou algum outro
erro geométrico originado por deformação elástica);
- Usinabilidade;
- Retenção de lubrificante.
Os materiais mais utilizados são:
1) Metais com base em chumbo e estanho;
2) Bronze de chumbo fundido e bronze de chumbo e estanho fundido.
Budynas (2011), cita que o atrito em mancais foi explicado pela primeira vez por Petroff
com base na hipótese de que o eixo seja concêntrico. O método de Petroff é importante pois
define grupos de parâmetros adimensionais e porque o coeficiente de atrito predito por esta lei
é bastante bom ainda quando o eixo não é concêntrico.
Os estudos de Petroff possibilitaram relacionar parâmetros como geometria, velocidade
e cargas aplicadas ao mancal e viscosidade do lubrificante, que são parâmetros importantes em
16
Onde:
S é o número de Sommerfeld;
r é o raio do eixo em metros;
c é a folga radial em metros(diferença entre o casquilho e o moente);
µ é a viscosidade dinâmica dada em Pa∙s;
N é a velocidade dada em rev/s;
P é a pressão dada em Pa.
O número de Sommerfeld é muito importante em análise de lubrificação porque
estabelece uma relação das forças de atrito e tensões cisalhantes do escoamento contendo vários
parâmetros especificados pelo projetista. A figura 2.7 mostra o modelo de mancal de Petroff:
Turra (2006) descreve em seu trabalho o projeto construtivo de uma microturbina a gás
a partir de um turbo-compressor automotivo e uma câmara de combustão projetada em outro
trabalho. A microturbina construída por Turra teve como propósito fins didáticos no ensino de
17
Figura 2.8 - Aparato didático para experimentos de hidrostática projetado por Vieira.
Faria (2015), apresenta o projeto de um sistema hidráulico para determinação das curvas
de perda de carga em válvulas de pé. O projeto surgiu de uma necessidade da empresa Gabitec,
que precisava obter as curvas de perda de carga por vazão de algumas válvulas de retenção
fabricadas por ela. Diante da necessidade um dos objetivos do trabalho foi projetar uma bancada
que:
- Permitisse a realização de medições das perdas de carga em válvulas de pé;
- Possibilitasse a realização de experimentos didáticos nas disciplinas relacionadas a
mecânica dos fluidos e máquinas de fluxo do curso de engenharia mecânica da Universidade
Federal de Goiás.
Giandomenico (2017) relata as etapas da construção de um aparato denominado “GR-1
Turbo Jet”. O sistema proposto por Giandomenico é constituído de um turbo-compressor,
câmara de combustão, sistema de lubrificação, chassis, e painel de instrumentos. O objetivo do
trabalho foi publicar informações úteis a pessoas leigas que quisessem aprender ou fazer o seu
18
próprio aparato. Ao longo do trabalho é possível verificar vários parâmetros que foram medidos
experimentalmente, além de informações práticas que podem facilitar no projeto de sistemas
semelhantes. A figura 2.9 mostra o aparato montado por Giandomenico (2017).
Tsai (2004), faz o desenvolvimento do projeto de uma turbina a gás construída a partir
de um turbo compressor automotivo. Em seu trabalho Tsai relata as etapas do projeto, e analisa
os principais componentes do sistema. Apesar de ter projetado e executado a construção da
estrutura, assim como a montagem do sistema de lubrificação e câmara de combustão, Tsai
sugere a instrumentação com medidores de temperatura, pressão e outros acessórios junto a um
painel de indicadores, para que o aparato contendo a turbina a gás pudesse ficar completo.
19
3. METODOLOGIA
porque é neste processo que a energia, que será depois convertida em trabalho na turbina é
fornecida ao sistema. A figura 3.2 de Batista (2006) mostra a representação de uma câmara de
combustão e seus principais componentes externos: (1) casco; (2) “liner”; (3) bocal; (4) difusor.
Figura 3.2 – Câmara de combustão e seus principais componentes externos, (1) casco, (2) “liner”,
(3) bocal, (4) difusor.
Santos (2002) apud Turra (2006) apresenta o leiaute que apesar de ser relativamente
esparso, apresenta uma configuração com disposição predominantemente vertical de seus
23
componentes. Do ponto de vista de fixação e apoio, pode ser mais difícil fazer eventuais
acréscimos ou substituição de componentes na posição vertical. A figura 3.5 mostra a
configuração proposta por Santos (2002) citada por Turra (2006).
cuidados que garantam a integridade física das pessoas e previnam acidentes devem ser
tomados. Tais sistemas devem estar devidamente posicionados e fixados a estruturas que os
suportem de forma que não haja deslocamentos ou contatos acidentais. A figura 3.6 de
Marquetto (2013) mostra exemplos de montagens envolvendo turbo-compressor e câmara de
combustão que apresentam alto risco as pessoas.
Figura 3.6 - Exemplos de montagem envolvendo sistemas com câmara de combustão e turbo-
compressor.
Dessa forma, desde a escolha dos materiais até a disposição dos equipamentos na
bancada, a etapa de projeto estrutural e leiaute levou em consideração a segurança.
Na fabricação do chassi da bancada, para fins econômicos, foram utilizados materiais
disponíveis no Laboratório de Materiais e Processos de Fabricação (LAMAF-UFG). Os
desenhos com as representações das vistas do chassi da bancada podem ser vistos na figura 4.1
na seção de resultados.
Tendo em vista que o turbo-compressor é o principal componente e também o de menor
mobilidade na bancada, o seu posicionamento determina o de outros componentes. Sobre a
localização do turbo-compressor na bancada considerou-se importante que o mesmo tenha um
posicionamento que:
- Evite choques acidentais com pessoas e outros objetos;
- Evite a proximidade de pessoas e objetos sensíveis com zonas de alta temperatura
(bocal de saída da turbina);
- Deixe o turbo-compressor acessível para conexão com outras partes da bancada e para
manutenção;
25
Tabela 3.1 - Pressão, temperatura e vazão do óleo dadas pelo fabricante do turbo-compressor.
Pressão do óleo (kPa) Temperatura (K) Vazão (m³/s)
Mínima 70 - 5,00∙10-5
Recomendada 210 363 a 373 -
Máxima 400 393 2,33∙10-4
Fonte: Holset (2017).
A partir das informações contidas na tabela 3.1, é possível iniciar as análises necessárias
para o dimensionamento do sistema de lubrificação do turbo-compressor.
A análise de troca de calor nos mancais foi feita considerando o eixo do turbo-
compressor uma aleta de seção transversal uniforme com condição na extremidade de
temperatura especificada. As temperaturas das extremidades do eixo foram aproximadas como
sendo de um lado a temperatura dos gases de saída da turbina, e de outro a temperatura do ar
no processo de compressão.
Para o cálculo da temperatura do ar na saída do compressor, observando a figura 2.1
considerou-se um processo de compressão isoentrópico em regime permanente de um gás ideal,
admitindo que a variação do calor específico a pressão constante é nula. Com isso, segundo
Borgnakke e Sonntag (2009) a equação 3 relaciona as variáveis pressão e temperatura no
processo descrito:
(𝑘−1)
𝑇2 𝑃2 𝑘
= (𝑃 ) (3)
𝑇1 1
Onde:
T1 e T2 são as temperaturas em Kelvin do ar na entrada e na saída do compressor
respectivamente;
P1 e P2 são as pressões em Pa do ar na entrada e na saída do compressor respectivamente;
k é a razão entre os calores específicos a pressão zero, (considerando o ar como gás ideal k =
1,4).
Considerou-se o que o ar entra no compressor a uma temperatura T1 igual a 300 K. Para
a razão de pressão entre P2 e P1, utilizou-se dados do fabricante Holset que apresenta o gráfico
29
dos valores da vazão mássica de ar em kg/s e a taxa de pressão para vários modelos de turbo-
compressor como mostrado na figura 3.9. Através do gráfico da figura 3.9, tem-se que para uma
razão de pressão igual a 3, a vazão é de 0,75 kg/s de ar para o modelo HX55.
Figura 3.9 - Gráfico da relação dos valores de vazão mássica e taxa de pressão do compressor
para alguns modelos de turbo-compressores Holset. (Modelo em análise no presente projeto é
o HX55).
Onde:
η é o rendimento do compressor igual a 0,85.
T1 é a temperatura de entrada do ar no compressor igual a 300 K.
T2s é a temperatura de saída do ar comprimido no processo isoentrópico igual a 410,62 K.
T2 é a temperatura de saída do ar comprimido no processo real dada em K.
30
Onde:
Os coeficientes “n” são obtidos a partir da equação de balanço de massa da equação química da
reação.
̅̅̅
ℎ𝑓0 é a entalpia de formação do composto dada em kJ/kmol, pode ser encontrada em tabelas
termodinâmicas.
Δℎ̅ é a diferença entre o valor da entalpia em determinado estado e no estado de referência
padrão (temperatura = 298 K e pressão = 0,1 MPa), dada em kJ/kmol.
Os índices “P” e “R” fazem referência a produtos e reagentes respectivamente, assim como os
índices “e” e “s” correspondem a entrada e saída.
A equação química da reação de combustão é dada pela equação 6 de onde se obtém os
coeficientes “n” para equação 5.
Considerou-se como combustível o GLP (gás liquefeito de petróleo), segundo Petrobrás
(2013), o GLP é composto principalmente de propano (C3H8), propeno (C3H6), isobutano
(C4H10), n-butano (C4H10) e buteno (C4H8). Dessa maneira para a composição do GLP
considerou-se 50% de propano e 50% de butano. Além da composição do combustível
31
considerou-se também que a reação acontece com 300% de ar teórico, ou seja, um excesso de
ar igual a 200%.
0,5C3H8 + 0,5C4H10 + 17,25(O2 + 3,76N2) = 3,5CO2 + 4,5H2O + 11,5O2 + 64,86N2 (6)
Com a equação da reação química balanceada é possível determinar os coeficientes “n”
da equação 5. Conhecidos os coeficientes e os valores das entalpias que compõem a equação 5
o procedimento iterativo consiste em basicamente quatro etapas:
1) Admite-se uma temperatura para os produtos;
2) Estima-se o lado esquerdo da equação;
3) Compara-se o valor com o lado direito da equação;
4) Refaz-se o processo até que uma concordância satisfatória seja obtida.
O valor de temperatura adiabática de chama obtido por meio do processo iterativo foi
igual a 1268,56 K. Do mesmo modo que se calculou a temperatura de saída do ar para um
processo isoentrópico no compressor por meio da equação 3, calcula-se também para a turbina.
Considerando que os gases entram na pressão fornecida pelo compressor (300 kPa), ou seja,
não há perdas de pressão na câmara de combustão, e saem a pressão atmosférica (100 kPa),
obtém-se a temperatura de saída dos gases para o processo isoentrópico na turbina.
Assumindo um rendimento igual 85%, para turbina, obtém-se o valor da temperatura T4
de saída dos gases no processo real como pode ser visto na figura 2.5. Essa é a temperatura na
extremidade do eixo do lado da turbina.
Tendo determinado as temperaturas nas extremidades do eixo que liga o compressor a
turbina, é possível obter uma distribuição de temperaturas ao longo do seu comprimento. A
distribuição de temperaturas ao longo do eixo foi calculada através da equação de distribuição
de temperaturas para aleta com a condição de temperatura especificada nas extremidades
fornecida por Incropera (2015), conforme a equação 7:
𝜃
( 𝐿 )𝑠𝑒𝑛ℎ(𝑚.𝑥)+𝑠𝑒𝑛ℎ[𝑚(𝐿−𝑥)]
𝜃 𝜃𝑏
= (7)
𝜃𝑏 𝑠𝑒𝑛ℎ(𝑚.𝐿)
Onde:
θ = T - T∞ que é a diferença entre a temperatura T a uma distância “x” da base ao longo do
comprimento da aleta, e T∞ é a temperatura do fluido circunvizinho a aleta (óleo de motor)
arbitrada como sendo igual a 370 K;
θb = Tb - T∞ que é a diferença entre a temperatura da base da aleta que é igual a temperatura dos
gases de combustão na saída da turbina (978,07 K) e a temperatura do óleo (T∞ = 370 K);
32
Onde:
h é o coeficiente de convecção dado em W/(m²∙K);
P é o perímetro da aleta dado em metros;
k é a condutividade térmica do material da aleta dado em W/(m∙K);
Atr é a área de seção transversal da aleta dado em m².
Os valores das variáveis utilizadas nas equações 7 e 8 foram determinados através de
medições e cálculos como mostrado a seguir.
As variáveis associadas a geometria do eixo tais como o comprimento da aleta (L),
perímetro da aleta (P), área de seção transversal (Atr), distância “x” da base em que se encontram
os mancais foram obtidas em medições feitas em um eixo de um turbo-compressor de mesmo
modelo desmontado.
Algumas das principais dimensões medidas no eixo estão representadas no desenho da
figura 3.10 que foi adaptada de Holset (2017).
Figura 3.10 - Representação eixo turbina com suas principais dimensões em milímetros.
Área de seção
Comprimento (L) Diâmetro (D) Perímetro (P)
transversal (Atr)
Garret (2017) afirma que usualmente rotores de turbina são feitos de inconel, rotores de
compressor em ligas de alumínio, e os eixos normalmente feitos em aço. Sandvik Coromant
(2017), em seu portfólio de produtos apresenta ligas de aço-cromo para fabricação de eixos de
turbinas a gás. Com base nessas informações considerou-se o material do eixo como sendo aço
com baixo teor de cromo. De acordo com Incropera (2015), o valor da condutividade térmica
para esse material é 48,9 W/m∙K.
Determinado os valores de temperatura ao longo do eixo, partiu-se para o cálculo da
taxa de transferência de calor para o óleo que circula pelos mancais. Os efeitos considerados na
transferência de calor do eixo para óleo são relacionados a convecção e a dissipação viscosa.
Para o cálculo da transferência de calor por convecção para o óleo utilizou-se a lei de
resfriamento de Newton dada pela equação 9 de Incropera (2015):
𝑞 = ℎ 𝐴𝑠 (𝑇𝑠 − 𝑇∞ ) (9)
Onde:
q é a taxa de transferência de calor dada em W;
h é o coeficiente de troca de calor por convecção dado em W/(m²∙ K);
34
rpm (3141,59 rad/s). O valor da velocidade de rotação Ω para o cálculo do número de Reynolds
foi arbitrado então como sendo igual a 30000 rpm que corresponde a 3141,59 rad/s. O diâmetro
“D” da equação 11 é igual ao diâmetro da aleta. Na tabela 3.3 tem-se os valores da
condutividade térmica (k), viscosidade cinemática (ν) e número de Prandtl (Pr) do óleo a
370 K de Incropera (2015).
Propriedades do óleo Pr
Viscosidade
Condutividade
Temperatura cinemática 300
térmica (k)
(ν)
370 K 0,137 W/(m K) 2,2∙10-5 m²/s
Fonte: Incropera (2015).
Onde:
h é o coeficiente de troca de calor por convecção dado em W/(m²∙K);
Nu é o número adimensional de Nusselt;
k é a condutividade térmica do óleo dada em W/(m∙K);
L é comprimento do eixo dado em metros.
Considerando a distribuição de temperaturas calculada pela equação 7, é possível obter
as temperaturas superficiais Ts para equação 9 nas posições do eixo onde se encontram os
mancais.
Os valores de temperatura superficial utilizados na equação 9 são os da temperatura
média do eixo a uma distância “x” do rotor da turbina até o ponto médio da largura do mancal.
A figura 3.11 mostra as distâncias do ponto médio das larguras de cada mancal até a base do
eixo, em que os mancais 1 e 2 são mancais radiais e o mancal 3 o mancal axial.
36
Dessa forma, as taxas de transferência de calor total nas áreas do eixo internas aos
mancais foram calculadas para os três pontos indicados na figura 3.11.
Além dos cálculos das taxas de transferência de calor por convecção foram analisados
também os efeitos da dissipação viscosa. Para os cálculos da taxa de transferência de calor e a
consequente variação de temperatura do óleo devido a dissipação viscosa utilizou-se o modelo
de escoamento de Couette. Outra possibilidade para os cálculos de dissipação de calor pelo
atrito do óleo com os mancais pode ser feita através da análise de elementos de máquinas. No
entanto seria necessário obter valores dos esforços nos mancais para o cálculo do número de
Sommerfeld.
“O escoamento de óleo em mancal pode ser aproximado como escoamento paralelo
entre duas grandes placas, sendo uma em movimentação e outra estacionária. Esses
escoamentos são conhecidos como escoamento de Couette” Çengel e Ghajar (2009, p. 393).
Çengel e Ghajar (2009) afirma que a dissipação viscosa pode desempenhar um papel
dominante em escoamentos de alta velocidade, especialmente quando a viscosidade do fluido
é elevada (como escoamento de óleo em mancais). A dissipação viscosa manifesta-se como
aumento significativo da temperatura do fluido em virtude da conversão da energia cinética do
fluido em energia térmica. Ela deve ser levada em consideração quando as tensões de
cisalhamento que resultam dos efeitos viscosos não podem ser desprezadas. A figura 3.12 de
Incropera (2015) mostra um exemplo onde se aplica o escoamento de Couette para análises de
transferência de calor em mancais.
37
Viscosidade Cinemática
Óleo lubrificante
a 40°C a 100 °C
Texaco Ursa Premium TDX SAE15W-40 API-SL 105 cSt 14,5 cSt
Mobil Delvac MX SAE 15W-40 API-SL 108 cSt 14,4 cSt
Fonte: Mobil (2017); Texaco (2017).
Onde:
µФ é o termo correspondente a dissipação viscosa dado em W/m³;
µ é a viscosidade dinâmica do fluido dada em N.s/m²;
U é a velocidade do escoamento dada em m/s;
c é o espaço entre o mancal e o eixo correspondente a folga, dado em metros (1,5∙10-5 m).
A velocidade do escoamento pode ser calculada pela equação 14:
𝑈 = 𝜔𝑟 (14)
Onde:
U é a velocidade linear dada em m/s;
ω é a velocidade angular do eixo dada em rad/s;
e r é o raio do eixo dado em metros (6,10∙10-3 m).
Resolvendo a equação 14 tem-se que a velocidade do escoamento é igual a 19,16 m/s.
Para esse valor de velocidade a dissipação viscosa calculada através da equação 13 é igual a
2,98∙1010 W/m³. Segundo Incropera (2015), a taxa de transferência de calor proveniente do
atrito das superfícies móveis com o lubrificante pode ser calculada pela equação 15:
𝑞 = 𝜇Φ ∀ (15)
39
Figura 3.13 - Fotos dos mancais radiais (a), e mancal axial (b).
(a) (b)
Fonte: Próprio autor.
De posse das dimensões dos mancais, calculou-se o volume de óleo contido entre os
mancais e o eixo, assim como a taxa de transferência de calor obtida através da equação 15.
Dado os valores das taxas de transferência de calor pela dissipação viscosa e pela
convecção no óleo em cada mancal, assumindo que todo calor é transferido para o óleo,
conhecendo-se a vazão de óleo no sistema e estabelecendo-se a temperatura de saída do óleo
igual a 373,15 K (100°C), obtém-se a temperatura de entrada do óleo através da equação 16:
𝑞 = 𝑚̇ 𝐶𝑝 (𝑇𝑠𝑎𝑖 − 𝑇𝑒𝑛𝑡 ) (16)
Onde:
q é a taxa total de transferência de calor ao fluxo de óleo lubrificante em W (dissipação viscosa
+ convecção);
𝑚̇ é a vazão mássica de óleo dada em kg/s;
Cp é o calor específico a pressão constante dado em kJ/kg∙K;
Tsai é a temperatura de saída do óleo em K;
Tent é a temperatura de entrada do óleo em K.
40
Além das trocas de calor relacionadas ao escoamento do óleo pelos mancais do turbo-
compressor, analisou-se também os efeitos de um trocador de calor acoplado ao sistema. O
trocador de calor analisado é mostrado na figura 3.14:
Para realização dos cálculos algumas dimensões tiveram que ser medidas no trocador
de calor disponível, assim como especificação dos materiais. A figura 3.15 mostra o esquema
de um trocador de calor similar ao utilizado neste trabalho, onde são representadas as dimensões
de altura (B), comprimento (C) e largura (A). A tabela 3.5 mostra os valores das dimensões
medidas, assim como materiais dos componentes do trocador de calor utilizado.
Figura 3.15 - Trocador de calor e suas dimensões altura (B), comprimento (C) e largura (A).
Onde:
U é coeficiente global de transferência de calor dado em W/(m² ∙ K);
A é a área superficial de troca de calor dada em m²;
Cmín é a menor entre as taxas de capacidade calorífica do fluido frio e do fluido quente, dada
em W/K.
O produto UA da equação 18 pode ser calculado pela equação 19 dada por Incropera
(2015).
1 1 𝑅′′𝑑,𝑓 𝑅′′𝑑,𝑞 1
= (𝜂 + + 𝑅𝑝 + (𝜂 + (𝜂 (18)
𝑈𝐴 𝑜 ℎ𝐴)𝑓 (𝜂𝑜 𝐴)𝑓 𝑜 𝐴)𝑞 𝑜 ℎ𝐴)𝑞
Onde:
ηo é a eficiência global da superfície ou efetividade da temperatura de uma superfície aletada;
h é o coeficiente convectivo dado em W/(m² K);
A é área superficial de troca de calor dada em m²;
R’’d é o fator de deposição que ocorre devido a formação de depósitos de impurezas nas
superfícies dado em m²∙K/W;
Rp é a resistência condutiva na parede dada em (m∙K)/W.
Os índices “q” e “f” correspondem ao escoamento do lado do fluido quente e frio
respectivamente.
Desconsiderando o fator de deposição, sabendo que as aletas estão presentes apenas no
lado frio (externo) do trocador de calor, e o duto tem uma parede cilíndrica, a equação 18 pode
ser simplificada, resultando na equação 19.
1 1 ln(𝑟2 ⁄𝑟1 ) 1
= (𝜂 + + (ℎ𝐴) (19)
𝑈𝐴 𝑜 ℎ𝐴)𝑓 2𝜋𝑘𝐿 𝑞
Onde:
43
Onde:
hi é o coeficiente de troca de calor por convecção dado em W/(m² K);
Nu é o número adimensional de Nusselt;
k é a condutividade térmica do óleo dada em W/(m K);
D é diâmetro do tubo dado em metros.
O coeficiente convectivo do lado externo (lado frio) dos tubos foi calculado através das
correlações apresentadas por Kreith (2014). A correlação para o cálculo do número de Nusselt
é apropriada para aletas quadradas, sem tubo, no ar e dentro da faixa 0,2<Ra<4∙104, onde Ra é
o número adimensional de Rayleigh que indica a transição, regime laminar ou turbulento na
44
camada limite de convecção natural. A figura 3.16 mostra um arranjo de aletas anexadas a um
tubo horizontal.
Onde:
g é a aceleração da gravidade que é igual a 9,81 m/s²;
β é o coeficiente de expansão volumétrica térmica dado em K-1;
Tw é a temperatura superficial do tubo e da aleta (média das temperaturas do fluido quente e do
fluido frio) dado em K;
T∞ é a temperatura do ar ambiente (300 K);
S é o espaçamento entre as aletas dado em metros;
H é comprimento da face da aleta dado em metros como mostrado na figura 3.16;
ν é a viscosidade cinemática do ar dada em m²/s;
α é a difusividade térmica dada em m²/s.
Considerando as propriedades do ar a uma temperatura de 300 K, assim como as
dimensões da aleta apresentadas na tabela 3.5, tem-se que o valor de Ra é igual a 2,41.
Calculado o valor do número de Rayleigh o número de Nusselt é dado pela equação 23 de
Kreith (2014).
2,7 0,37
𝑅𝑎0,89 1/4 2,7
𝑁𝑢 = {( ) + (0,62𝑅𝑎 ) } (23)
18
𝑁𝑢 𝑘
ℎ= (24)
𝑆
Onde:
Aa é a área superficial de todas as aletas dada em m²;
A é a área superficial total (aletas mais base exposta) dada em m²;
ηa é a eficiência de uma única aleta.
Para o cálculo da eficiência da aleta, considerou-se a eficiência de aletas anulares de
perfil retangular. Apesar das aletas do trocador de calor não terem o contorno externo na forma
circular, considerou-se que a área da seção anular fosse igual a área da seção de contorno
retangular mostrada na figura 3.16, essa aproximação foi feita devido a falta de referências mais
próximas da configuração geométrica das aletas do trocador de calor do presente projeto. Para
o cálculo utilizou-se o gráfico para eficiência de aletas anulares de perfil retangular dado por
Incropera (2015) mostrado na figura 3.17.
Para que a área da aleta anular seja igual a área da aleta do trocador de calor utilizado,
é necessário que o raio da aleta indicado por r2 na figura 3.17 seja igual 0,011 m. Sendo o raio
r1 o raio do tubo, “t” a espessura da aleta dados em metros e obedecendo-se as relações
mostradas na figura 3.17, tem-se que a eficiência da aleta é igual a 0,96.
A partir de valores medidos e por meio da equação 26 dada por Incropera (2015) é
possível calcular área de cada aleta.
2
𝐴𝑎 = 2𝜋(𝑟2𝑐 − 𝑟12 ) (26)
Onde:
Aa é a área da aleta dada em m²;
r2c é obtido pela relação r2c = r2 + (t/2), sendo os valores de r2 e t são o raio e espessura da aleta
respectivamente dados em metros conforme visto na figura 3.17;
r1 é o raio do tubo dado em metros conforme figura 3.17.
Multiplicando-se a área da aleta pela quantidade de aletas do trocador de calor tem-se a
área total de aletas. A partir dos dados da tabela 3.5 é possível calcular o número de aletas por
tubo que é igual a aproximadamente 138. A quantidade de tubos também é dada na tabela 3.5
e é igual a 26. Portanto, o valor da área total de aletas utilizado na equação 27 foi igual a 2,350
m².
A área superficial total é calculada pela equação 27 dada por Incropera (2015).
𝐴 = 𝑁𝐴𝑎 + 2𝜋𝑟1 (𝐻 − 𝑁𝑡) (27)
Onde:
A é a área superficial total dada em m²;
N é o número de aletas;
Aa área da aleta dada em m²;
H é comprimento de cada tubo dado em metros;
t é a espessura da aleta dado em metros.
O cálculo da área superficial total do trocador de calor incluindo as superfícies aletadas
e tubos é dada multiplicando-se o valor obtido na equação 27 pela quantidade tubos. Dessa
forma a área total encontrada é igual a 2,574 m².
A partir dos valores calculados nas equações 25, 26, 27 e do gráfico da figura 3.18 a
eficiência global da superfície é igual a 0,96.
Para o cálculo do NUT é necessário além do valor do coeficiente global de transferência
de calor encontrar também o valor da taxa de capacidade calorífica mínima (C mín). Para isso
47
deve-se comparar os valores entre as taxas de capacidade calorífica do fluido quente e do fluido
frio. A taxa de capacidade calorífica é calculada pela equação 28 dada por Incropera (2015).
𝐶 = 𝑚̇𝑐𝑝 (28)
Onde:
C é a taxa de capacidade calorífica dada em W/K;
𝑚̇ é a vazão mássica de fluido dada em kg/s.
cp é o calor específico a pressão constante (J/kg∙K).
A vazão mássica de óleo utilizada na equação 28 é a mesma vazão gerada pela bomba
igual a 0,186 kg/s. O calor específico do óleo foi avaliado a temperatura média de 370 K. Para
a vazão mássica de ar, considerou-se que esta é igual ao escoamento que passa pela área frontal
do trocador de calor. Para o cálculo da vazão, a área do trocador de calor é igual ao produto do
comprimento pela altura mostrados na figura 3.15, cujos valores são mostrados na tabela 3.5.
Segundo a norma NBR 16401-2 (2008) que trata sobre sistemas de ar-condicionado em seus
parâmetros de conforto térmico, a velocidade máxima do ar em um ambiente deve ser igual a
0,8 m/s. Assumindo que a bancada funcionará em salas de laboratório que exigem conforto
térmico, considerou-se a velocidade do ar que passa pela área frontal do trocador de calor igual
a 0,8 m/s. Admitindo-se que o ar esteja a 300 K, a vazão mássica obtida é igual a 0,065 kg/s.
Para determinação da efetividade do trocador de calor além do NUT é necessário obter
a razão entre as taxas de capacidade calorífica mínima e máxima. Dessa forma, os valores de
taxas de capacidade calorífica obtidos são mostrados na tabela 3.6, assim como a razão
Cmin/Cmáx, valor do NUT calculado e a efetividade ε obtida a partir do gráfico da figura 3.18 de
Incropera (2015) que apresenta os valores de efetividade de um trocador de calor com
configuração contracorrente.
Para os cálculos das perdas de carga foram consideradas duas configurações do sistema
de lubrificação.
- Configuração 1: sistema composto por bomba, turbo-compressor e reservatório.
- Configuração 2: sistema com bomba, trocador de calor, turbo-compressor e reservatório.
Segundo White (2011), ainda não existe uma teoria ou análise geral do escoamento de
um fluido. O que existem são soluções particulares conhecidas, soluções aproximadas obtidas
em computador e uma enorme quantidade de dados experimentais.
White (2011), explica que o motivo da não existência de uma teoria geral é que o
comportamento do fluido sofre uma mudança profunda para determinados números de
Reynolds. Dessa forma o escoamento deixa de ser suave e permanente (laminar) e torna-se
flutuante e agitado (turbulento). O processo dessa mudança de laminar para turbulento é
chamado transição. A transição depende de efeitos como a rugosidade da parede ou flutuações
da corrente de entrada, mas o parâmetro básico é o número de Reynolds. A figura 3.19 ilustra
o comportamento dos diferentes tipos de escoamento: (a) laminar, (b) transição e (c) turbulento.
Figura 3.19 – Os três regimes de escoamento viscoso: (a) laminar, para baixos Reynolds, (b)
transição, para Re intermediários e (c) turbulento para altos Re.
O número de Reynolds pode ser calculado por meio da equação 32 dada por
White (2011).
50
𝑉𝑑
𝑅𝑒 = (32)
𝜐
Onde:
Re é o número adimensional de Reynolds;
V é a velocidade média do escoamento em m/s;
d é o diâmetro da tubulação dado em metros;
ν é a viscosidade cinemática do fluido dada em m²/s.
A velocidade média do escoamento é calculada através da equação 33 dada por White
(2011).
𝑄
𝑉=𝐴 (33)
Onde:
V é a velocidade do escoamento dada em m/s;
Q é a vazão volumétrica do escoamento dada em m³/s;
A é a área de seção transversal da tubulação dada em m².
Nota-se que a velocidade do escoamento e consequentemente o número de Reynolds
dependem da vazão de óleo no sistema. O escoamento foi considerado como incompressível de
modo que a massa específica é constante. A vazão de óleo é gerada por uma bomba de
engrenagens de dentes retos. A bomba de óleo utilizada é da marca Brosol modelo BO0730. A
figura 3.20 mostra as fotos da bomba de óleo desmontada.
(2011) afirma que é necessária uma construção robusta, e na condição de fechamento completo
da saída da bomba, haveria danos se não fossem usadas válvulas de alívio de pressão. A figura
3.21 de White (2011), mostra o gráfico com a comparação das curvas típicas de desempenho
de bombas dinâmicas e bombas de deslocamento positivo em rotação constante. Percebe-se que
para uma rotação constante, a vazão de uma bomba de deslocamento positivo também é
constante.
Figura 3.21 – Comparação das curvas de desempenho das bombas dinâmicas e das bombas de
deslocamento positivo com rotação constante.
De acordo com Brosol (2017) a pressão de trabalho é atingida quando a bomba gira a
uma velocidade de 2000 rpm. Assumindo que a velocidade de rotação é 2000 rpm, é possível
calcular a vazão da bomba de engrenagens. Segundo Macintyre (2016) a vazão em m³/h de uma
bomba de engrenagens de dentes retos com perfil em arco de evolvente é dada pela equação 34:
𝑄 = 210 . 𝜂𝑣 . 𝐷𝑑 (𝐷𝑎 − 𝐷𝑑 ). 𝑙. 𝑛 (34)
Onde:
Q é vazão dada em m³/h;
ηv é o rendimento volumétrico (de 0,70 a 0,90);
Dd é o diâmetro da circunferência do dedendum dos dentes dado em metros;
Da é o diâmetro da circunferência do adendum dos dentes dado em metros;
l é o comprimento dos dentes dado em metros;
n é o número de rotações por minuto.
52
Onde:
𝜋 2 𝑔𝑑𝑖5
𝐶𝑖 =
8𝐿𝑖
hp perda de carga dada em metros de coluna de fluido;
53
calculados de número de Reynolds, vazão nas tubulações, e vazão da bomba são mostrados na
seção de resultados.
Após o cálculo do número de Reynolds, é necessário verificar se o escoamento é laminar
ou turbulento, e então calcular as perdas de carga de acordo com as características da tubulação
e do escoamento.
Os valores de perda de carga são obtidos para as perdas distribuídas relacionadas ao
comprimento dos tubos, e as perdas localizadas decorrentes de entradas e saídas de tubos,
expansões ou contrações, curvas, cotovelos, tês e outros acessórios. White (2011) apresenta a
correlação dada pela equação 36 para o cálculo da perda de carga distribuída:
𝐿 𝑉2
ℎ𝑝 = 𝑓 𝑑 2𝑔 (36)
Onde:
hp é o valor da perda de carga distribuída dada em metros de coluna de fluido;
f é o fator de atrito de Darcy;
L é comprimento da tubulação dado em metros;
V é a velocidade do escoamento dada em m/s;
d é o diâmetro da tubulação dado em metros;
g é a aceleração da gravidade dada em m/s².
Segundo White (2011) o fator de atrito de Darcy para escoamentos laminares é dado
pela equação 37.
64
𝑓 = 𝑅𝑒 (37)
Onde:
f é o fator de atrito de Darcy;
Re é o número adimensional de Reynolds.
Caso o escoamento seja turbulento o fator de atrito pode ser calculado utilizando-se o
diagrama de Moody. Segundo White (2011), o diagrama de Moody é o gráfico da equação de
Colebrook, que é a fórmula de projeto aceita para o atrito turbulento. No diagrama de Moody,
entrando-se com o número de Reynolds e a rugosidade relativa, é possível obter o fator de atrito.
A equação 38 apresenta a fórmula de Colebrook dada por White (2011). O diagrama de Moody
é mostrado na seção de anexos do presente trabalho.
1 𝜖/𝑑 2,51
= −2,0𝑙𝑜𝑔 ( 3,7 + 𝑅𝑒 ) (38)
𝑓 1/2 𝑑𝑓
1/2
Onde:
f é o fator de atrito;
55
Figura 3.23 – Coeficientes de perda de carga médios para válvulas parcialmente abertas.
Figura 3.24 – Coeficientes de perda de carga localizada para curvas de parede lisa a 45°, 90° e
180°.
Dado que bomba necessita de uma rotação de 2000 rpm, e o motor de acionamento gira
a 875 rpm, nota-se a necessidade de um sistema de transmissão por meio de polias. A razão
entre a velocidade do motor e a requerida na bomba é igual a 2,28. Isso significa que o diâmetro
da polia acoplada ao motor deve ser 2,28 vezes maior que a polia acoplada a bomba.
58
𝐷−𝑑
𝜙 = 𝜃𝑑 = 𝜋2𝑠𝑒𝑛−1 (42)
2𝐶
Onde:
ϕ é o ângulo de abraçamento igual a θd que o é ângulo de contato dado em rad;
D é o diâmetro da roldana maior dado em mm;
d é o diâmetro da roldana menor dado em mm;
C é a distância entre os centros das polias dado em mm.
A distância entre centos foi arbitrada como sendo de 400 mm, que é uma distância que
pode ser colocada na bancada do conjunto turbo-compressor.
Antes de proceder com os cálculos de potência e número de correias, é preciso saber
qual a potência nominal a que a correia estará submetida. A potência nominal corresponde a
potência necessária para o acionamento da bomba de óleo. A fórmula para o cálculo da potência
necessária para acionar uma bomba de engrenagens é dada por Macintyre (2016) como
mostrado na equação 43:
𝑄𝑝
𝑁𝑐.𝑣 = 27𝜀𝜂𝑑 (43)
𝑚
Onde:
Ncv é a potência requerida para acionar a bomba dada em cavalos;
Q é a vazão em m³/h;
pd é a pressão de descarga em kgf∙cm-2;
ηm é o rendimento mecânico da bomba (0,95 a 0,98);
ε é o fator de correção para levar em conta a viscosidade do líquido bombeado calculado pela
equação 44.
1
𝜀= °𝐸 𝑣𝑝 (44)
1+
24,2𝑝𝑑
Onde:
ε é o fator de correção devido a viscosidade do líquido bombeado;
°E é a viscosidade do líquido em graus Engler na temperatura de bombeamento (para o óleo de
motor a 370 K o valor da viscosidade é 2,90 °E ≈2,21∙10-5 m²/s);
vp é velocidade periférica da circunferência primitiva das rodas dentadas da bomba dada em
m/s (para 2000 rpm considerando o diâmetro primitivo igual a 0,02726 m, vp = 2,85 m/s);
pd é a pressão de descarga em kgf.cm-2 (2kgf/cm-² ≈ 200kPa).
O valor da potência admissível pode ser calculado pela equação 45 dada por Budynas
(2011).
𝐻𝑎 = 𝐾1 𝐾2 𝐻𝑡𝑎𝑏 (45)
60
Onde:
Ha é a potência admissível por correia, dada em kW;
K1 é o fator de correção de ângulo de abraçamento (ϕ);
K2 é o fator de correção de comprimento da correia;
Htab é potência permissível dada em kW, tabelada pra correias V padronizadas dado na tabela
17-12 de Budynas (2011).
A potência de projeto é dada pela equação 47 de Budynas (2011).
𝐻𝑑 = 𝐻𝑛𝑜𝑚 𝐾𝑠 𝑛𝑑 (46)
Onde:
Hd é a potência de projeto dada em kW;
Hnom é a potência nominal (do motor) dado em kW (calculado através da equação 43);
Ks é o fator de serviço;
nd é o fator de projeto (igual a 1).
O número de correias é geralmente o próximo inteiro maior que a divisão de Hd por Ha, como
mostrado na equação 47.
𝐻𝑑
𝑁𝑏 ≥ 𝑁𝑏 = 1,2,3 … (47)
𝐻𝑎
Onde:
Nb é o número de correias;
Hd é a potência de projeto dada em kW;
Ha é a potência admissível por correia, dada em kW.
Os valores dos fatores de correção K1, K2 e KS utilizados nas equações 45 e 46 foram
obtidos das tabelas 17-13, 17-14 e 17-15 de Budynas (2011).
61
4. RESULTADOS
Definiu-se que para o sistema de lubrificação o reservatório de óleo deve estar em local
de fácil acesso para abastecimento (canto lateral da bancada), o trocador de calor em uma região
de livre passagem de ar, e o conjunto da bomba de óleo com polias em local que permita o
acesso de ferramentas e não ofereça risco de agarramento com as polias e correia votados para
o interior da bancada. O posicionamento dos componentes de lubrificação também deve
priorizar o uso do menor comprimento de tubulação, e o mínimo de curvas e ramificações
possível, evitando assim o aumento das perdas de carga. A figura 4.3 mostra uma proposta de
posicionamento dos componentes do sistema de lubrificação, botijão de gás e tubo-compressor
na bancada.
1000,0
900,0
800,0
700,0
Temperatua (K)
600,0
500,0
400,0
300,0
200,0
100,0
0,0
0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08
Comprimento (m)
Tabela 4.4 - Valores das taxas de transferência de calor para o óleo lubrificante.
Tendo o valor da taxa total de transferência de calor para o óleo, fixando sua
temperatura de saída e o valor da vazão, é possível determinar a temperatura na qual o óleo
deve entrar no turbo-compressor. O valor da vazão adotado corresponde a 25% da vazão total
67
da bomba disponível, que é próximo do valor máximo para vazão de óleo especificado pelo
fabricante do turbo-compressor, igual a 2,21∙10-4 m³/s.
Convertendo o valor da vazão volumétrica para vazão mássica, tem-se que vazão de
óleo é igual a 0,186 kg/s. Utilizando o valor de calor específico do óleo a 370 K, e assumindo
que a temperatura de saída do óleo deve ser igual a 373,15 K (100 °C), tem-se da equação 16
que o valor da temperatura de entrada do óleo é igual a 371,90 K (98,75°C). Os valores de
temperatura de entrada e saída, assim como o valor da vazão de óleo são mostrados na tabela
4.5.
Figura 4.5 - Variação de ΔT = (Tsai – Tent) em função de diferentes valores de vazão de óleo.
35
30
25
ΔT (K)
20
15
10
5
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Vazão (L/min)
Como pode ser observado, quanto maior a vazão de óleo, menores são as suas variações
de temperatura. Esse é um resultado importante no projeto de sistemas de lubrificação em
68
máquinas de alta rotação. Segundo Sindimotor (2017), em motores que funcionam a mais de
5000 rpm, a bomba de óleo precisa ter alta vazão, circulando mais de sete vezes o volume de
óleo existente no cárter do motor para que o calor produzido seja dissipado de forma mais rápida
e eficiente.
Os resultados obtidos sugerem que o sistema de lubrificação pode não necessitar de um
trocador de calor, devido as baixas variações de temperatura do óleo entre a entrada e a saída
do turbo-compressor. Portanto, uma primeira proposta é construir um sistema sem trocador de
calor, o que resulta em um sistema mais simples.
Mesmo no sistema sem trocador de calor, para que a temperatura de entrada seja obtida
faz-se necessário o uso de um sistema de aquecimento que assegure que o óleo atinja a
temperatura especificada. Juntamente com o aquecimento se torna importante o monitoramento
da temperatura do óleo através de um termômetro. A proposta de leiaute com o sistema de
lubrificação sem trocador de calor é mostrada no esquema da figura 4.6. As setas indicam a
direção do fluxo de óleo lubrificante que parte da bomba diretamente para o turbo-compressor
e retorna para o reservatório.
Figura 4.6 – Leiaute da disposição dos principais componentes da bancada, com sistema de
lubrificação sem trocador de calor.
NUT 0,12
que o coeficiente externo de troca de calor por convecção deve ser aumentado. Diante disso as
propostas são diminuir o número de aletas para o aumento da convecção natural, ou se fazer a
utilização de um ventilador para que haja convecção forçada. A proposta do sistema com
trocador de calor é mostrada na figura 4.7. As setas indicam a direção do fluxo de óleo
lubrificante que parte da bomba, passando pelo trocador de calor e depois pelo turbo-
compressor e retorna para o reservatório.
Figura 4.7 – Leiaute da disposição dos principais componentes da bancada, com sistema de
lubrificação com trocador de calor.
Os resultados dos cálculos da vazão e das perdas de carga foram realizados para as
configurações sem e com o trocador de calor. De modo que priorizou-se obter a máxima vazão
de óleo para o turbo-compressor e a mínima perda de carga na tubulação. Todos os valores de
pressão mostrados referem-se a pressão manométrica.
A vazão da bomba de engrenagens, calculada através da equação 34 na seção de
métodos, e a pressão gerada pela bomba a 2000 rpm segundo o fabricante são listadas na tabela
4.7.
71
O valor adotado para a vazão de óleo que flui para o turbo-compressor é igual a
2,21∙10-4 m³/s. Esse valor corresponde a 25% da vazão da bomba disponível e é um valor
próximo ao máximo recomendado pelo fabricante.
Nos cálculos de perda de carga foram consideradas as perdas distribuídas e perdas
localizadas calculadas através da equação 39. O coeficiente de perda de carga localizada para a
válvula de agulha foi aproximado do coeficiente de uma válvula globo parcialmente aberta
devido a similaridade construtiva entre as duas. A válvula de agulha tem o papel de regular a
vazão do sistema, gerando uma perda de carga localizada, e em caso de aumento excessivo da
pressão essa válvula pode ser utilizada como válvula de alívio de pressão.
Como explicitado na seção de métodos, em um sistema de tubos em paralelo a queda de
pressão é a mesma em cada tubo. Para que o equilíbrio de pressões seja mantido, a vazão em
cada tubo é alterada. A regulagem da vazão se dá pela abertura e fechamento de válvulas que
alteraram a perda carga localizada e obrigam o sistema a variar a vazão nos tubos para que o
equilíbrio de pressões seja mantido.
A figura 4.8 mostra a representação esquemática da configuração sem trocador de calor,
e as tabelas 4.8 a 4.11 mostram as dimensões, parâmetros do escoamento, e valores de perdas
de carga para cada tubo, assim como a perda de carga total do sistema e pressão de entrada do
óleo no tubo-compressor. Os tubos 1, 2 e 3 são indicados na figura 4.8, de modo que o óleo sai
da bomba para o turbo 1 até a conexão te onde o fluxo é divido, parte do óleo segue pelo tubo
2 diretamente para o reservatório e outra parte para a lubrificação do turbo-compressor.
72
Figura 4.8 - Proposta de leiaute para o sistema de lubrificação sem trocador de calor.
Os dados das tabelas 4.8 a 4.11 mostram que a perda de carga total do sistema é menor
que a pressão de descarga da bomba, e que a pressão de entrada do óleo no turbo-compressor
está dentro do intervalo de valores especificados pelo fabricante dados na tabela 3.1. Desse
modo esta configuração atende aos requisitos de vazão e pressão de entrada do óleo lubrificante
no turbo-compressor.
74
Para a configuração com o trocador de calor, observou-se que os valores das perdas de
carga são maiores que na configuração sem trocador de calor. De modo que para a vazão
estipulada de 2,21∙10-4 m³/s ser obtida, a perda de caga é maior que a pressão de descarga da
bomba. O aumento no valor de perda de carga está associado a quantidade de curvas que o
fluido percorre nos tubos do trocador de calor.
A figura 4.9 mostra a representação esquemática da configuração sem trocador de calor,
e as tabelas 4.12 a 4.16 mostram as dimensões, parâmetros do escoamento, e valores de perdas
de carga para cada tubo, assim como a perda de carga total do sistema e pressão de entrada do
óleo no turbo-compressor. Os tubos um, dois e três são indicados na figura 4.9, de modo que o
óleo sai da bomba para o turbo 1 até a conexão te onde o fluxo é divido, parte do óleo segue
pelo tubo 2 diretamente para o reservatório e outra parte para a lubrificação do turbo-
compressor passando pelo trocador de calor.
Figura 4.9 - Proposta de leiaute para o sistema de lubrificação com trocador de calor.
Os valores apresentados na tabela 4.16, mostram que a perda de carga do sistema é maior
que a pressão de descarga da bomba, e que o óleo não consegue atingir a entrada do turbo-
compressor. Desse modo a configuração com trocador de calor nas condições apresentadas não
atende as especificações de vazão e pressão de entrada do óleo no turbo-compressor.
Para que o sistema com trocador de calor funcione é necessário substituir a bomba
atualmente disponível por outra que forneça a vazão necessária com uma pressão de descarga
que supere as perdas de carga, ou substituir o trocador de calor por um de menor tamanho.
Como proposta alternativa, sugere-se substituir a bomba disponível por uma de menor
vazão e maior pressão de descarga. A bomba escolhida é do modelo FBE 1/2 da fabricante FB
Bombas. Os dados técnicos da bomba fornecidos pelo fabricante e que foram considerados para
sua escolha são apresentados na tabela 4.17. A figura 4.10 mostra uma foto da bomba FBE 1/2.
Tabela 4.22 Perda de carga total e pressão de entrada do óleo no turbo-compressor do sistema
de lubrificação alternativo com trocador de calor.
Perda de carga total do sistema 179,79 kPa
Pressão na entrada de óleo do turbo-compressor 220,21 kPa
Fonte: Próprio autor.
Os dados das tabelas 4.18 a 4.22 mostram que a configuração alternativa do sistema de
lubrificação com a bomba FBE 1/2 atende as especificações de vazão e pressão de entrada do
óleo lubrificante no turbo-compressor dados pelo fabricante.
Além da vazão e das perdas de carga na tubulação, analisou-se também o sistema de
acionamento da bomba, composto por um motor elétrico e um conjunto de polias e correia. As
especificações do sistema de acionamento são listadas na tabela 4.23.
Com os dados da tabela 4.23 tem-se que a correia selecionada foi do tipo V modelo A-
47. Como visto na tabela 4.23 a potência nominal a qual a correia trabalhará é menor que a
metade da potência admissível. Isso significa que mesmo utilizando um fator de projeto igual a
1 o sistema de acionamento atenderá as solicitações da bomba.
Se a bomba de engrenagens FBE 1/2 for utilizada, pode-se utilizar a mesma correia,
porém com polias diferentes. Sabendo que o número de rotações por minuto do motor é igual a
875 rpm e a bomba deve girar a 1150 rpm, tem-se que a razão de velocidades é igual a 1,31.
80
Para satisfazer a essa razão pode-se utilizar uma polia menor de 120 mm para trabalhar em
conjunto com a polia de 160 mm já existente.
Como relatado na parte introdutória do presente trabalho, grande parte dos componentes
disponibilizados e utilizados para a montagem da bancada são provenientes de doações. A
tabela 4.24 traz uma lista dos principais materiais atualmente disponíveis e utilizados na
montagem da estrutura e do sistema de lubrificação, assim como sua origem e valores médios
de mercado. Entre os doadores estão a empresa Caracol Turbinas, Escola de Engenharia Elétrica
Mecânica e de Computação da Universidade Federal de Goiás (EMC-UFG), Porf. Ademyr
Gonçalves e Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás (EA-UFG). Os valores
médios dos produtos indicados na tabela 4.24 foram obtidos por meio de cotação de preços em
vários estabelecimentos comerciais.
5. CONCLUSÃO
6. REFERÊNCIAS
FARIA, Geovane S. Projeto de um sistema hidráulico para a determinação das curvas de perda
de carga em válvulas de pé. Goiânia. 2015.
GARRET. Disponível em
<https://www.turbobygarrett.com/turbobygarrett/sites/default/files/Garrett_White_Paper_02_
Burst__Containment.pdf>. Acesso em 09 de junho de 2016.
KREITH, F.; BOHN, M.S. Princípios de transferência de calor. 7ª Ed. São Paulo. Cengage
Learning. 2014.
85
MACINTYRE, A.J. Máquinas Motrizes Hidráulicas. Rio de Janeiro. Guanabara Dois. 1983.
MAZURENKO, A.S., SOUZA Z., LORA E.E.S. Máquinas Térmicas de Fluxo. Rio de Janeiro.
Interciência. 2013.
MENESES, E. L. O uso de turbinas gás para geração de energia elétrica em plataformas. 2011.
37p. Trabalho de conclusão de curso (Dissertação) – Curso de Graduação em Tecnologia da
Construção Naval, Centro Universitário Estadual da Zona Oeste, Rio de Janeiro, 2011.
MORAN, M.J., SHAPIRO, H.N., 2009, “Princípios da Termodinâmica para Engenharia”. LTC
- Livros Técnicos e Científicos, Rio de Janeiro. Brasil.
SEBAN, R.A., JOHNSON, H.A. Heat transfer from a horizontal cylinder.rotating in oil.
National Aeronautics and Space Administration. Washington. 1959.
87
TURRA, Guilherme. Projeto construtivo e montagem de uma micro-turbina a gás. São Paulo.
2006.
VARELLA, C. A. Sistemas auxiliares dos motores e combustão interna. Rio de Janeiro, 2012.
WHITE, F. M. Mecânica dos Fluidos, ed.6, McGraw Hill, 2005, São Paulo, 2011.
88
Figura B1 – Diagrama de Moody para o atrito em tubos com paredes lisas e rugosas.
White (2011).
90