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o fóton

revista

Volume 3  •  Março de 2017

DE FLAMMARION A ANDRÉ LUIZ:


DAS VIBRAÇÕES AO PODER MORAL TRANSFORMADOR
Revista O Fóton | 1
2 | Revista O Fóton
Conteúdo
6 | A Questão da Tradução na Exegese Espírita

9 | Biografia de Joana D’Arc

11 | O Papel da Ciência na Gênese

13 | De Flammarion a André Luiz: das


vibrações ao poder moral transformador
18 | Nebulosa de Órion: um berçario de estrelas, planetas e vida

20 | A Mente e os Telômeros

Revista O Fóton | 3
Palavras Iniciais vez melhor, mande a sua opinião
para revistaofoton@gmail.com.
Nesta edição, nossa revista está
com cara nova! Agora, teremos
colunas fixas, com temas que
acreditamos serem os mais im-
portantes dentro de nossa pro-
posta. Na coluna “Estudo Espí-
rita”, José Márcio de Almeida,
vem falar sobre “A Questão da
Tradução na Exegese Espírita”.
Na “Relembrando”, com uma
propostas voltada ao resgate
histórico de personalidades e
de suas contribuições traremos,
no mês de Março, a biografia
de Joana D’arc, corroborando,
mais uma vez, a importância
da mulher em nossa sociedade.
Cintia França e Jane Sodré, com
o artigo “O Papel da Ciência
na Gênese”, estreiam o espaço
“Dialogando com Kardec”. Em
nossa capa, Natália Amarinho,
estudiosa da obra de Camille
Flammarion, conduzirá uma
reflexão sobre as “vibrações e o
poder moral transformador”. Já
em “Astronomia e Espiritismo”,
nosso querido professor Nelson
Travnik, falará sobre a Nebulo-
sa de Órion. E por último, mas
não menos importante, o artigo
“A Mente e os Telômeros”, na
coluna “Animismo e Espiritis-
mo”. Aproveitem a leitura e não
Caros confrades, já estamos na terceira edição da revista O Fóton.
esqueçam de mandar suas críti-
O trabalho, ainda inicial, já recebe as primeiras críticas positivas.
cas e sugestões!
Sugestões, comentários, incentivos, chegam de todas as partes. Seja
Abraços Fraternos,
em nossa página no Facebook, por e-mail, em grupos de Whatsa-
pp, os leitores nos dão um retorno sobre os textos e a apresentação
Editor.
da revista. Agradecemos, amigos, por esse retorno. Por isso, para
_________________________
incentivar uma participação cada vez maior desses que acompa-
Produção: AFERJ
nham o nosso trabalho, abriremos, a partir deste mês, um espaço
para onde todos vocês poderão mandar comentários, sugestões e
críticas dos nossos textos. Esse espaço será chamado de “Espaço do
Leitor”. Para participar e contribuir, por uma revista O Fóton cada aferj.espiritismo@gmail.com
4 | Revista O Fóton
Divulgação
“Que revista maravilhosa! Ainda não conhecia. Baixei as edições de
janeiro e fevereiro. Já fiz o marketing para os meus 300 grupos de es-
tudos espíritas em Manaus”

Elayne Meirelles
______________

Cara Elayne, não temos palavras para agradecer o seu apoio! Nosso principal ob-
jetivo é divulgar a Doutrina Espírita. Por isso, novamente, agradecemos a sua
ajuda.

Dúvida
“Gostaria de saber se a AFERJ tem um site ou um endereço físico no Rio
de Janeiro...Baixei as revistas vou imprimi-las e tê-las como fonte de estu-
do e informação. Obrigado a todos! Fraternalmente”

Wilson da Paz
____________
Caro Wilson, estamos finalizando o projeto do site e os trâmites necessários para con-
seguirmos uma sede. Acompanhe nossas novidades na página da AFERJ, no face-
book: @espiritismoefisica.

Sobre a capa de Janeiro


“Adorei a revista, conteúdos muito interessantes e bem completos. Só a capa ja é um
show a parte dispensa comentários. Parabéns pelo trabalho. Magnifico! Agora ficamos
no aguardo da próxima.”

Maciel Gomes
____________

Caro Maciel, a obra de William Crookes é realmente muito rica! Obrigado pelo apoio e aguardamos
os seus apontamentos das edições de Fevereiro e, agora, de Março.

Mande suas críticas e sugestões para revistaofoton@gmail.com


Revista O Fóton | 5
Estudo Espírita

A Questão da Tradução na Exegese Espírita


por José Márcio de Almeira1

A palavra exegese é lhe permitir uma melhor com- ro 5, de O Livro dos Espíritos,
oriunda do grego exegeomai, preensão do espírito do texto, isto porque algumas traduções,
exegeses. O ex tem o sentido ou melhor, em uma palavra, da como a de Guillon Ribeiro, utili-
de retirar, derivar, ex-trair, ex- ideia que, efetivamente, deseja za o vocábulo (adjetivo) instin-
-ternar, ex-teriorizar, ex-por; e, transmitir o autor. Não diremos tivo, e outras, como as de Salva-
hegeisthai o de conduzir, guiar. que um ou outro estilo é o me- dor Gentile e Herculano Pires,
Movido por este propósito o lhor ou mais adequado, pois, a utilizam, no lugar do anterior, o
exegeta espírita-cristão, quando bem da verdade, todos o são! vocábulo intuitivo. Citamos es-
se detiver sobre o estudo de uma Nosso objetivo, com estas bre- tas três por considerá-las mais
obra que originalmente fora es- ves linhas, é convidá-lo, você difundidas e utilizadas, sem em
crita em outro idioma e/ou em leitor amigo e você estudioso nada desmerecer todas as de-
data recuada no tempo, deve que ora nos lê, para, sempre que mais. Deteremo-nos apenas na
dedicar especial atenção ao exa- possível, caso exista, compulsar pergunta, ressalvando que tam-
me da tradução da língua-mãe outra(s) tradução(ões) da obra bém as traduções da resposta
para o vernáculo. Identificar se que pretende examinar. Esta merecem a mesma análise em
uma tradução em questão é lite- verificação pode contribuir de razão do mesmo princípio. Pri-
ral ou realizada como operação forma decisiva para uma mais meiro, a tradução de Guillon2
linguística e literária ou ainda alargada compreensão do tema Ribeiro , a que é utilizada pela
como substituição e produção em estudo. Ilustrando a tese Federação Espírita Brasileira –
de significados, é importante acima exposta, vejamos, a título FEB:
para situá-lo dentro da obra e de exemplo, a questão núme- 5. Que dedução se pode tirar do

6 | Revista O Fóton
sentimento instintivo, que to- dec desejava, de fato, saber? outros, ao estudo do significa-
dos os homens trazem em si, da Relembremos a questão nú- do (semântica) de intuitivo (ou
existência de Deus? mero 5: “Que consequência se intuição) e instintivo (ou instin-
— A de que Deus existe; pois, pode tirar do sentimento ‘ins- to): são palavras sinonímias ou
donde lhes viria esse sentimen- tintivo/intuitivo’ que todos os homonímias? Foram utilizadas
to, se não tivesse uma base? É homens ‘carregam em si/trazem segundo a conotação ou deno-
ainda uma consequência do em si/carregam consigo’ mes- tação?
princípio – não há efeito sem mos da existência de Deus?”.
causa. O Significado das pala-
Por segundo, a tradução de Sal- O original francês vras intuição e instinto
vador Gentile3 :
5. Que consequência se pode Busquemos no original francês5 Vejamos também, para ampliar
tirar do sentimento intuitivo a redação da aludida questão a nossa análise,o significado dos
que todos os homens carregam número 5: vocábulos intuição e instinto.
em si mesmos da existência de 5. Quelle conséquence peut-on Segundo o dicionário on-line
Deus? tirer du sentiment intuitif que de português7 , a palavra intui-
— Que Deus existe; porque de tous lês hommes portent en eu- ção tem o seguinte significado:
onde lhe viria esse sentimen- x-mêmes de l’existence de Dieu? s.f. Conhecimento claro, direto,
to se ele não repousasse sobre — Que Dieu existe; car d’où lui imediato da verdade sem o au-
nada? É ainda uma consequên- viendrait ce sentiment s’il ne re- xílio do raciocínio. / Pressen-
cia do princípio de que não há posait sur rien? C’est encore une timento; faculdade de prever,
efeito sem causa. suite du principe qu’il n’y a pas de adivinhar: ter a intuição do
E, por terceiro, a tradução de d’effetsans cause. futuro. / Visão clara que os san-
Herculano Pires4 : Segundo o dicionário Michae- tos têm de Deus; intuitivo: adj.
5. Que consequência podemos lis6 da língua francesa, intuitif Que se tem por intuição: co-
tirar do sentimento intuitivo, se traduz por intuitivo. Eis a nhecimento intuitivo. / Dotado
que todos os homens trazem tradução ipsis litteris da aludida de intuição: natureza intuitiva. /
consigo, da existência de Deus? questão: Que age por intuição.
— Que Deus existe; pois de 5. Que consequências podem Ainda segundo o dicionário
onde lhes virá esse sentimento, ser extraídas do sentimento in- on-line de português, a palavra
se ele não se apoiasse em nada? tuitivo que todos os homens se instinto tem o seguinte signi-
E uma consequência do prin- vestem da existência de Deus? ficado: s.m. Impulso natural:
cípio de que não há efeito sem — Deus existe, porque de onde instinto de conservação. / Pri-
causa. ele se sentiria se ele não se ba- meiro movimento que dirige
Tal cuidado não é simples ca- seou em alguma coisa? Esta é o homem e os animais em seu
pricho e tampouco excesso de outra consequência do prin- procedimento. / Tendência; ap-
zelo. É, sim, o produto de um cípio de que não há efeito sem tidão inata. / loc. adv. Por ins-
firme e responsável desejo de causa. tinto, por uma espécie de intui-
bem compreender a verdadeira A tradução literal dá conta, por- ção; sem reflexão: ele agiu por
essência do ensinamento trans- tanto, de que o vocábulo utili- instinto; instintivo: adj. Que
mitido. Ademais, no caso em zado por Kardec é intuitivo; já nasce do instinto: movimento
exame – o estudo sistematizado a tradução como substituição e instintivo.
de O Livro dos Espíritos –, para produção de significados, o tra- Por sua vez, para o dicionário
bem compreender a resposta duz por instintivo. A partir des- espírita8, a palavra intuição tem
obviamente seria indispensável te ponto, a exegese da questão o seguinte significado: Intuição
primeiro compreender a per- em exame nos remete, dentre - [do latim intueri + -ção] - 1.
gunta – afinal, o que Allan Kar-
Revista O Fóton | 7
Ato de ver, perceber, discernir o vocábulo quis empregar o 2 - KARDEC, Allan. O Li-
de forma clara ou imediata. 2. Codificador: se intuitivo ou ins- vro dos Espíritos, tradução de
Ato ou capacidade de pressen- tintivo. Notemos que as tradu- Guillon Ribeiro.76ª ed. Rio der
tir. 3. Percepção na sua plenitu- ções mencionadas acima fazem Janeiro: FEB, 1995, p. 52.
de de uma verdade que normal- também distinção nos termos 3 - _____. O Livro dos Espíri-
mente não se chega por meio trazem em si, carregam em si e tos, tradução de Salvador Gen-
da razão ou do conhecimento trazem consigo e a tradução ip- tile. 182ª ed. Araras: IDE, 2009,
discursivo ou analítico. Ver: sis litteris, se vestir. Sobre estes p. 35-36.
Instinto. últimos não nos deteremos por 4 - _____. O Livro dos Espíri-
E, ainda segundo o dicionário considerar que conseguimos tos, tradução de J. Herculano
espírita, a palavra instinto tem transmitir a ideia do exame mi- Pires. 8ª ed. São Paulo: FEESP,
o seguinte significado: Instinto nucioso do texto quando desta- 1995, p. 80.
- [do latim instinctu] - 1. Ten- camos os adjetivos intuitivo e 5 - _____. Le Livre desEsprits.
dência natural; aptidão inata. 2. instintivo. Trata-se do mesmo Secondeedition. Paris: Didier et
Força de origem biológica, pró- princípio e do mesmo método. Cie. Libraires-Éditeurs, 1860, p.
pria do homem e dos animais Diremos apenas que trazer em 2.
superiores, que atua de modo si, carregar em si e trazer con- 6 - <http://michaelis.uol.com.
inconsciente, espontâneo, auto- sigo ou ainda se vestir pode en- br/>. Acesso em: 19 Fev 2017.
mático, independente de apren- sejar múltiplas interpretações. 7 - <http://www.dicio.com.
dizado. 3. Intuição; inspiração. Ao exegeta, atento e cuidadoso, br/>. Acesso em: 19Fev 2017.
4. Espécie de inteligência rudi- nenhum detalhe deve passar 8 - <http://www.portalkardec.
mentar que dirige os seres vivos despercebido e não merecer com.br/Livros/Dicionario%20
em suas ações, à revelia de sua a devida e necessária análise: Espirita.htm#I>. Acesso em: 19
vontade e no interesse de sua toda palavra, expressão, o su- Fev 2017.
conservação. O instinto torna- jeito da ação, os tempos verbal _________________________
-se inteligência quando surge a e cronológico, o lugar (espaço Você conhece a página
deliberação. Pelo instinto, age- geograficamente considerado), Espiritismo para Hoje?
-se sem raciocinar; pela inte- o símbolo, etc, devem ser ob- No mês de Março tere-
ligência, raciocina-se antes de jetos de atenção e cuidadoso mos a estreia do programa
agir. No homem, confundem- exame. Ao exegeta espírita-cris- “Conversando com Kardec”.
-se frequentemente as ideias tão, em particular, está reser- Visite a página no facebook:
instintivas com as ideias intuiti- vado o papel de buscar extrair @espiritismoparahoje
vas. Estas últimas são as que ele o espírito da letra, de fugir da
hauriu, quer no estado de des- superficialidade, de mergulhar
dobramento, quer nas existên- nas entrelinhas, de ir cada vez
cias anteriores e das quais ele mais fundo e de contribuir, as-
conserva uma vaga lembrança. sim, para a verdadeira compre-
Se as ideias intuitivas são aque- ensão e para a plena vivência
las que o espírito hauriu em dos ensinamentos transmitidos
existências anteriores e das por Jesus e seus prepostos di-
quais conserva a lembrança e se retos, os Espíritos Superiores.
o instinto é uma força de ordem Em suma: fazer luz sobre a luz!
biológica em que se age sem ra-
ciocinar, qual vocábulo desejou Referências
Kardec empregar?
Mas, como destacamos acima, 1 - Advogado, escritor e orador
não interessa apenas saber qual espírita.
8 | Revista O Fóton
Relembrando

Biografia de Joana D’arc


Joana d’Arc era uma pre foi visto com naturalidade temos de realizar uma grande
camponesa de Lorena, nasci- pelos seus companheiros de ar- obra.” Carlos deu uma armadu-
da na pequena aldeia de Dom- mas, mas esse mesmo fato lhe ra de ferro polido a Joana. Esta
-rémy, que a partir dos treze valeu severas críticas dos ini- pediu que, numa capela consa-
anos, segundo o seu testemu- migos, especialmente ingleses. grada a Santa Catarina, se pro-
nho, começou a ter visões nas Por estar freqüentemente entre curasse uma espada que devia
quais São Miguel, Santa Ca- os combatentes franceses, não ali estar enterrada. Levaram a
tarina (de Alexandria) e San- foram poucas as vezes em que espada, com efeito, coberta de
ta Margarida (de Antioquia) Joana foi chamada de prostitu- ferrugem, mas uma vez na sua
lhe apareciam, insistindo para ta. Em 1429 aconteceu a famosa mão, começou a brilhar como
que colaborasse na obra de li- entrevista, onde a donzela re- se fosse nova. Depois mandou-
bertação da França, oprimida conheceu o delfim entre todos -se fazer um estandarte branco
pela ocupação dos ingleses e os homens presentes, sem nun- debruado a seda e salpicado
seus aliados borgonheses. Jo- ca antes ter-lhe visto. Foi en- de flores de lis onde figurava
ana não vacilou em procurar tão que o convenceu a dar-lhe a imagem do Redentor. Orle-
o capitão Baudricourt, que lhe permissão para participar das ans foi libertada e, no mesmo
forneceu uma pequena escolta operações que visavam levantar ano de 1429, os companheiros
para a viagem a Chinom (onde o cerco que os ingleses faziam de Joana derrotaram os ingle-
se encontrava o delfim Carlos, a Orleans, com palavras reve- ses na batalha de Patay. Mas a
futuro Carlos VII). Ela nem se- ladoras de uma estranha pre- jovem não considerava a sua
quer hesitou em vestir-se com monição: - “Só viverei pouco missão terminada. Ela dese-
roupas masculinas, o que sem- mais de um ano. Neste tempo, java ver o delfim coroado em
Revista O Fóton | 9
Reims, como a tradição impu- tida, deixou respostas célebres que estava apinhada de gente.
nha, e Paris retomada. A don- que atordoaram seus verdugos Depois que Cauchon leu a sen-
zela viveu a grande emoção de e passaram à história como ar- tença, puseram-lhe na cabeça
assistir a coroação do rei, após gumentos iluminados pronun- uma mitra de papel, onde se lia:
a longa viagem que o levou até ciados por alguém tão jovem “Hereje, Pecadora, Apóstata,
Reims por um trajeto que atra- e carente de ensinamentos te- Idólatra”. Pediu uma cruz e um
vessava, em parte, o território ológicos. Reconhecida como dos arqueiros ingleses, com dois
dos inimigos borgonheses. Ele adversária que dificilmente se ramitos, improvisou uma, que
não havia conseguido, porém, dobraria ante a erudição, a cor- Joana levou ao peito, enquanto
entrar em Paris. A tentativa te tentou repetidas vezes fazê-la outro homem corria à igreja em
de retomar a cidade, ainda em cair em contradição através de busca de um crucifixo, que ela
1429, pelo exército francês, ha- armadilhas verbais e perguntas beijou. Depois, na alta pilha de
via redundado em fracasso e o dúbias. Em uma das sessões, o lenha, as chamas se ergueram
soberano ordenou o retorno bispo de Beauvais, Pierre Cau- e a envolveram. A sua voz che-
dos soldados ao Vale do Loi- chon, homem astuto e ambicio- gava até à silenciosa multi-dão,
re. Joana nunca se conformou so, fez-lhe esta pergunta ardilo- que escutava, aterrada, as suas
muito com a interrupção das sa, tentando confundi-la: “São preces e gemidos. Por fim, num
operações militares nem com Miguel te aparece desnudo?” último grito de agonia de amor,
as tentativas feitas pelos conse- Prontamente ela respondeu Joana disse: - “Jesus”.
lheiros reais de negociar a paz com uma interrogação tão pro- Conta-se que um dos solda-
com os borgonheses. Assim, no funda e sutil que desconcertou dos, lançando-se entre a mul-
ano seguinte, ela seguiu para o seus algozes. - “Pensa que Deus tidão gritou: “Estamos perdi-
norte, à frente de uma peque- não tem com que vesti-lo?” De dos! Queimamos uma santa!”
na tropa e acabou chegando a outra feita lhe foi perguntado: Posteriormente, a Igreja que a
Compiéne. Um dia, ao tentar “Estava ela na graça de Deus?” condenou e à qual Joana sem-
libertar uma ponte que se en- O ardil tornava-se evidente, pre foi fiel, declarou-a inocente.
contrava em mãos inimigas nas dentro dos conceitos da Igreja Foi canonizada, finalmente, em
redondezas da cidade, Joana foi da época: a resposta afirmativa 1920, na basílica de São Pedro,
capturada e entregue a João de caracterizaria a presunção e a em Roma. Cinco séculos atrás,
Luxemburgo, comandante da negativa, o reconhecimento de no entanto, houve quem sou-
tropa borgonhesa. Este cede- estar em pecado. Surpreenden- besse que no meio deles vivia
-a aos ingleses, que a levaram do a corte, Joana respondeu: uma santa.
para Rouen e submeteram-na “Se não estou, que Deus nela
ao julgamento da Igreja. Neste me aceite; se estou, que Deus
julgamento tendencioso, Joana nela me guarde.” Em nenhum
visivelmente hostil a seus in- momento admitiu ter cometi-
quisidores, por vezes deixava de do heresias e sempre manteve
responder às perguntas. A re- que tudo quanto tinha feito res-
beldia de Joana não provinha da pondia à vontade divina. Cada
formação de seu caráter, mas da pergunta e cada resposta cons-
firme convicção de que as reve- taram por escrito, o que permi-
lações obtidas através das visões te ouvir a sua voz através dos
não poderiam ser questionadas, séculos. Joana foi condenada.
pois prometera silêncio sobre Na manhã de 30 de maio raspa-
muitas coisas que lhe haviam ram-lhe a cabeça, puseram-lhe
sido reveladas nas visões. Mas, uma túnica e levaram-na para
das 15 sessões a que foi subme- a praça do mercado de Rouen,
10 | Revista O Fóton
Dialogando com Kardec

O Papel da Ciência na Gênese


por Cintia França e Jane Sodré

O Evangelho Segundo o rísticas morais do homem”. homem não foi capaz de resol-
Espiritismo, no capítulo I, nos Sem sentimento e moralidade ver o problema da criação até a
diz: “A Ciência e a Religião são o homem usou, e usa, a ciên- chegada da Ciência, “que abriu
as duas alavancas da inteligên- cia para justificar abusos con- o caminho fazendo uma brecha
cia humana; uma revela as leis tra seus semelhantes. Como no velho edifício da crença”. A
do mundo material e a outra, as exemplo temos a divisão da hu- Ciência tem como missão des-
leis do mundo moral”. “A ciên- manidade em “raças” e a con- cobrir as leis da Natureza, ora,
cia e a religião até hoje não pu- sequente invenção do racismo, se quem criou a Natureza, e as
deram se entender porque era baseados na genética, onde um leis que regem seus mecanis-
preciso alguma coisa para pre- ser humano se considera supe- mos, foi Deus, a Ciência não o
encher o vazio que as separava, rior a outro. Trata-se de uma contradiz, pelo contrário, con-
um traço de união que as apro- interpretação tendenciosa dos firma sua existência. A Ciên-
ximasse; esse traço de união dados científicos, tanto que a cia não é contrária às religiões
está no conhecimento das leis própria genética, ao decifrar o fundadas sobre a verdade. “Se a
que regem o mundo espiritual genoma humano, provou que religião se recusa a avançar com
e suas relações com o mundo não há “raças” na espécie hu- a Ciência, a Ciência avançará
corporal”. Em “O Consolador” mana. Se quisermos compreen- sozinha. Uma religião que não
Emmanuel esclarece: “A ciência der o mecanismo do Universo estivesse, em nenhum ponto em
do mundo se não deseja conti- precisamos conhecer as leis que contradição com as leis da Na-
nuar no papel de comparsa da regem todas as forças postas tureza, não teria nada a temer
tirania e da destruição tem ab- em ação nesse grande conjun- do progresso, e seria invulnerá-
soluta necessidade do espiritis- to. A ideia de lei é inseparável vel”. Quando Kardec escreveu A
mo, cuja finalidade Divina é a da ideia de inteligência, por- Gênese, as pesquisas científicas
iluminação dos sentimentos, na que é obra de um pensamento, estavam limitadas à matéria,
sagrada melhoria das caracte- que deve ter um gerador. O no próprio homem ela estuda-
Revista O Fóton | 11
va apenas o envoltório carnal. de permitiu explorar, estudar fenômenos e a vida espiritual.
Felizmente, nos dias atuais essa as relações do homem com o “Doutrina Espírita é você ter o
realidade mudou. mundo espiritual”. Assim, o conhecimento e desenvolver a
homem tem os dois elementos existência dos fatos. Seria um
indispensáveis para começar a sentido filosófico. Mas, para
resolver esse imenso problema. você explicar essas coisas, tem
“Essas duas chaves eram abso- que jogar na ciência. E depois
lutamente necessárias para se trazer para um estado de re-
chegar a uma solução, embora ligiosidade”, sugere o Doutor.
aproximada”. Um bom exemplo Podemos concluir com Kardec
disso é a criação do ser huma- no Evangelho Segundo o Espi-
no. Na Gênese Mosaica está ritismo que: “São chegados os
escrito que o homem foi feito tempos em que os ensinamen-
do barro (ou outra substância tos do Cristo devem receber seu
semelhante que varia de acordo complemento, em que a Ciência
com o tradutor) e o espírito, do deve levar em conta o elemen-
sopro Divino. Ora, a ciência nos to espiritual, e a Religião deve
diz que o corpo humano é cons- reconhecer as leis orgânicas e
tituído de carbono e outros ele- imutáveis da matéria”.
mentos encontrados na Nature-

Bruce H. Lipton, biólogo, afir-


ma que as células são unida-
des de vida inteligentes e que
o meio ambiente interfere nos
nossos genes. Robert Paul Lan-
za, considerado pelo New York
Times um dos três mais impor-
tantes cientistas vivos, afirma
que existe vida após a morte e
até mesmo a reencarnação e que
há evidências científicas desta
realidade. A Ciência avançou
muito nos últimos tempos, mas
ainda carece de um elemento
importante sem o qual jamais
poderá compreender de fato za e o espiritismo nos esclare-
a Natureza. Este é o elemento ce que o Espírito foi criado por
espiritual, ou O Fluido Cósmi- Deus, simples e ignorante, evo- Referências:
co Universal que é a matéria luindo do Princípio Inteligente. ESE, Cap. I;
elementar primitiva. No sec. Porém, o espiritismo também A Gênese, Cap. IV;
XIX, com os esclarecimentos precisa da ciência, segundo Apostila do 19º Encontro sobre
trazidos pela ciência, foi possí- Dr. Jorge Andréa, psiquiatra, a Gênese, realizado no Centro
vel o conhecimento das leis do nos próximos cem anos tere- Espírita Léon Denis (CELD)/RJ
princípio espiritual. Este estu- mos o domínio total da ciência
do é inteiramente experimental no meio espírita, utilizando a
no espiritismo. “A mediunida- ciência para compreender os
12 | Revista O Fóton
Capa

De Flammarion a André Luiz:


DAS VIBRAÇÕES AO PODER MORAL TRANSFORMADOR

por Natália Amarinho

A luz e o som são resul- por segundo. Assim sendo, a Deus, reformas política e so-
tados de modificações vibrató- nossa capacidade visual não cial, evolução do homem, fenô-
rias, que facultam a sua percep- percebe a luz produzida por vi- meno da morte dentre outros.
ção por nós e por outros seres. brações menores de quatrocen- Na obra Narrações do Infinito,
O ouvido humano é incapaz de tos e cinquenta e oito milhões, edição FEB- na página 98, ele
perceber o som produzido por da mesma forma que nos es- apresentou a escala de vibração
menos de 40 vibrações por se- capará à visão, a luz produzida (Fig.1) que posteriormente será
gundo. Cinquenta vibrações, por mais de setecentos e vinte e descrita. Imaginando o univer-
porém, produzem um som sete trilhões de vibrações. Essa so como um gigantesco teclado
que o ouvido humano perce- mesma lei, de equivalência, de piano, esta escala (Fig.1) de
be, sente, ouve. Trinta vibra- funciona e opera em todas as vibrações organizadas em oita-
ções produzem um som que o manifestações vibracionais da vas, onde todas as manifesta-
ouvido humano não ouve, não Natureza, inclusive, como não ções materiais ou imateriais são
sente, não percebe. O mínimo, podia deixar de ser, nos fenô- produzidas por notas ou grupos
por conseguinte, de vibrações menos psíquicos ou mediúni- de notas ressoando pelo espaço
percebíveis é de quarenta por cos. Tais considerações, anali- infinito, conseguimos captar
segundo, e o máximo de trin- saremos agora, juntamente aos apenas, com nossos limitados
ta e seis mil. Acima deste va- fatores morais, que também são sentidos, algumas oitavas deste
lor, as vibrações produzem um de nosso maior interesse e que imenso teclado. Se tocarmos a
som que ultrapassa os limites motivam a publicação deste ar- tecla correspondente à nota Dó,
de nossa acústica. Com a luz, o tigo. Camille Flammarion, ao e a seguir contamos sete teclas
fenômeno é semelhante. O mí- mesmo tempo em que se de- brancas, tocando a oitava tecla,
nimo de vibrações percebíveis dicava às pesquisas psíquicas, fazemos soar a nota Dó uma
é de quatrocentos e cinquenta desenvolvia fecundos estudos oitava acima. No caso de escala
e oito milhões e o máximo de no campo da Astronomia. Ade- descendente, uma oitava abai-
setecentos e vinte e sete trilhões mais, abordava temas sobre xo. Essa escala, que vem sendo
Revista O Fóton | 13
atualizada através das mais re- lhos mediúnicos ou os pregado- Luiz nunca pretendeu fazer isso
centes descobertas científicas, res e expositores do Evangelho como se depreende do que ele
representa o mergulho ascen- e da Doutrina Espírita. Anali- mesmo diz no capítulo 7 de Me-
sional da percepção humana sando a obra de André Luiz, se canismos da Mediunidade, inti-
em direção ao imperceptível, percebe uma primeira tentativa tulado “Analogias de circuitos”:
um desdobrar incessante em de esclarecer os mecanismos de “Cabe considerar que as analo-
oitavas de gradações de energia mediunidade correlacionados gias de circuitos apresentadas
por onde a vida prossegue, pal- aos raios gama em termos da aqui são confrontos portadores
pitando muito além de nossos dinâmica dos fluidos espiritu- de justas limitações, porquanto,
cinco sentidos. A despeito das ais através de analogias com a na realidade, nada existe na cir-
concepções materialistas, o Ser dinâmica das correntes hidráu- culação da água que correspon-
e o universo se estendem em licas, elétricas e magnéticas des- da ao efeito magnético da cor-
frequências altíssimas. Partindo critas pela Física. Como André rente elétrica, como nada existe
desde as vibrações mais baixas na corrente elétrica que possa
do tato (2 a 8 Hz) às frequências equivaler ao efeito espiritual do
altíssimas dos raios gama e cós- circuito mediúnico”. Isso sig-
micos, sugerindo a essência de nifica que os efeitos espirituais
sua natureza ultradimensional envolvendo os fluidos no fenô-
gloriosa, suprema fonte trans- meno da mediunidade não são
cendente mais acessível aos decorrentes de propriedades
artistas, aos sábios, filósofos e físicas idênticas às dos consti-
santos. Assim também verifica- tuintes da matéria que fazem
mos que os fenômenos mediú- parte dos fenômenos elétricos
nicos e transcendentes ocorrem e magnéticos. André Luiz, por-
nas faixas vibratórias na ordem tanto, não está apresentando
de 8x1015 Hz, desta forma, cor- uma teoria para a Física dos
relacionaremos com a riqueza fluidos espirituais. No máximo,
da obra de André Luiz, Meca- suas ideias e analogias podem
nismo da Mediunidade. Consi- servir de inspiração para que os
derando que essa mesma lei de cientistas espíritas do futuro de-
afinidade comanda inteiramen- senvolvam teorias que ajudem a
te os fenômenos psíquicos, não compreender e descrever as
haveria dificuldade em compre- propriedades e fenômenos dos
endermos porque as entidades fluidos espirituais. Outro ponto
luminosas ou iluminadas são importante é o caráter relativo
compelidas a reduzir o seu tom da obra Mecanismos da Mediu-
vibratório a fim de, tornando nidade. Ela não é uma obra de
mais densos os seus perispíri- verdades novas e absolutas, mas
tos, serem observadas pelos Es- Figura 1 – Escalas de vibrações de uma tentativa de se abordar um
Camille Flammarion. (conciesp.org.br)
píritos de menor grau evoluti- __________________________________________________ tema conhecido sob aspectos
vo. Os Espíritos, cujas vibrações Luiz usou conceitos da Física, novos. No prefácio de Emma-
se processam aceleradamente, alguns acharam que ele esta- nuel, intitulado “Mediunidade”,
devido à sua evolução, gradu- va propondo teorias científicas ele afirma de modo claro que
am o pensamento e densificam para a dinâmica dos fluidos André Luiz apresenta apenas
o perispírito quando desejam nos fenômenos intrínsecos da uma tentativa de “elucidação
transmitidas comunicações, mediunidade. Porém, André dos problemas da mediunida-
inspirar os dirigentes de traba-
14 | Revista O Fóton
de”: “Compreendemos, assim, a muito curtos ou de imenso po- similares às estruturas atômi-
validade permanente do esforço der transformador do campo cas que formam a matéria. As-
de André Luiz, que, servindo-se espiritual, teoricamente seme- sim como os átomos da maté-
de estudos e conclusões de con- lhantes aos que se aproximam ria são formados por prótons,
ceituados cientistas terrenos, dos raios gama.” Aqui, An- nêutrons e elétrons, no “plano
tenta, também aqui, colaborar dré Luiz vai além e relaciona mental”, como André Luiz cha-
na elucidação dos problemas da a emissão dos chamados raios ma o ambiente fluídico, devem
mediunidade, cada vez mais in- gama (ou raios) à emissão de ou podem existir partículas de
quietantes na vida conturbada fluidos e pensamentos em situ- fluidos que formam átomos
do mundo moderno.” No ca- ações extraordinárias da mente. fluídicos de forma similar aos
pítulo 4 de Mecanismos da 13º ENCONTRO NACIONAL DA
As duas citações de André Luiz átomos materiais. André afir-
LIGA DE PESQUISADORES DO
Mediunidade, André Luiz diz: acima geram várias dúvidas. O ma que no mundo espiritual os
ESPIRITISMO
“(...) da matéria mental dos se- que a excitação dos núcleos atô- “sistemas atômicos” estariam
Tema central: “Preces e Curas
res criados, estudamos o pen- micos teria a ver com emoções em “diferentes condições vibra-
Espirituais”
samento ou fluxo energético profundas, dores indizíveis. tórias”. Infelizmente, não temos
26 e 27 de agosto de 2017
do campo espiritual de cada Para responder a essas ques- conhecimento nem científi-
São Paulo-SP
um deles, a se graduarem nos tões, e entender a mensagem de co nem espiritual que permita
mais diversos tipos de onda, André Luiz, é preciso compre- compreender o que seriam sis-
O Encontro Nacional da Liga
desde os raios super-ultra- ender não somente o conceito temas atômicos em diferentes
de Pesquisadores do Espiri-
-curtos, em que se exprimem de onda da Física, mas a forma condições vibratórias. Isto é,
tismo (EnLihpe) é um espaço
as legiões angélicas, através de como os átomos produzem e não temos como descrever o
privilegiado no contexto bra-
processos ainda inacessíveis emitem ondas. Entretanto, ao que significa, cientificamente
sileiro para apresentação e dis-
à nossa observação, passando ressaltar o caráter material do falando, estar em uma condi-
cussão de propostas e trabalhos
pelas oscilações curtas, médias pensamento, através da vonta- ção vibratória diferente, já que
de investigação científica sobre
e longas em que se exterioriza de, o Espírito age sobre o FU só conhecemos as condições de
a temática espírita. O sucesso
a mente humana, até às ondas (Fluido Universal), altera-o vibração das ondas materiais,
alcançado nos anos anteriores
fragmentárias dos animais, cuja de modo a impregná-lo com o mecânicas e eletromagnéticas.
tem atraído pesquisadores de
vida psíquica, ainda em germe, conteúdo e qualidades dos seus Ou nos falta um sentido di-
todo o Brasil, interessados na
somente arroja de si determi- pensamentos. Esse fluido modi- ferente que permita entender
divulgação e discussão de seus
nados pensamentos ou raios ficado é emitido pelo Espírito e essa afirmação de André Luiz,
estudos.
descontínuos.” Nesse parágrafo, se propaga pelo espaço. Outros ou ela foi feita com o propósito
Um dos diferenciais do EN-
André Luiz faz um comentário Espíritos que estiverem em sin- apenas de destacar o fato de que
LIHPE é o seu formato, o qual
associando um conceito de ta- tonia com o primeiro, poderão os fluidos espirituais não são da
incentiva a formação de redes
manho ou comprimento de um captar esse fluido modificado e mesma natureza que a matéria
de pesquisa e promove a apro-
raio ou oscilação à qualidade perceber qual era o pensamento conhecida. Esse tipo de questão
ximação de estudiosos de dife-
das vibrações ou fluidos que do Espírito. Assim, em termos está reservada para a pesquisa
rentes áreas do conhecimento.
um Espírito emite. No mesmo da Doutrina Espírita, André no futuro. O que vale, entretan-
Instruções aos autores:
capítulo, André Luiz também Luiz se refere aos fluidos modi- to, é a analogia. Essa pode ser
A data final para submissão
diz: “E se a excitação nasce dos ficados quando diz que o pensa- feita contanto que fique claro
de trabalhos é 30 de ABRIL
diminutos núcleos atômicos, mento é matéria. É dos fluidos que não se trata de afirmação
de 2017. A avaliação será feita
em situações extraordinárias da que ele está falando, e não da absoluta sobre a natureza ou
utilizando-se o sistema Double
mente, quais sejam as emoções capacidade cognitiva do princí- propriedades físicas dos flui-
Blind Review, no qual o traba-
profundas, as dores indizíveis, pio inteligente individualizado. dos, o que André Luiz extensi-
lho é avaliado anonimamente
as laboriosas e aturadas con- Nisso, André Luiz propõe que, vamente esclareceu no prefácio
por 2 por membros da Comis-
centrações de força mental ou por ser de natureza material, es- e em comentários no capítulo 7
ses fluidos modificados podem são Científica do encontro. Sai-
as súplicas aflitivas, o domínio da obra Mecanismos da Mediu-
ser formados por estruturas ba mais em www.lihpe.net
dos pensamentos emitirá raios nidade. Se, em analogia à maté-
Revista O Fóton | 15
ria, pudermos imaginar que os os elétrons mentais, nas órbitas não denotam por si mesmos,
fluidos podem ser descritos por dos átomos da mesma natureza, elevação espiritual da criatura
estruturas atômicas similares, a causa da agitação, em estados humana. Em seguida, André
nas palavras de André Luiz: menos comuns da mente, quais Luiz compara o que ele cha-
“Isso nos compele naturalmen- sejam os de atenção ou tensão mou de estados menos comuns
te a denominar tais princípios pacífica, em virtude de reflexão da mente, como a reflexão ou
de “núcleos, prótons, nêutrons, ou oração natural, o campo dos oração com a produção de on-
posítrons, elétrons ou fótons pensamentos exprimir-se-á em das de comprimento médio,
mentais”, em vista da ausência ondas de comprimento médio como aquelas que são emitidas
de terminologia analógica para ou de aquisição de experiência, quando elétrons mudam de ní-
estruturação mais segura de por parte da alma, correspon- veis de energia no átomo. Essas
nossos apontamentos”. Veja o dendo à produção de luz inte- seriam ondas melhores do que
leitor que, mais uma vez, André rior. E se a excitação nasce dos as primeiras, e muito comuns
Luiz ressalta que está usando de diminutos núcleos atômicos, em pessoas que se dedicam ao
analogia, pois falta-nos conhe- em situações extraordinárias da estudo e fazem esforços por do-
cimento para apreender o que mente, quais sejam as emoções mar suas más tendências e pela
de fato é a estrutura da matéria profundas, as dores indizíveis, sua transformação moral. Essas
que compõe os fluidos espiritu- as laboriosas e aturadas concen- ondas são as que geram luz es-
ais. Um ponto importante que trações de força mental ou as piritual no íntimo das criaturas.
enfatizamos é que embora An- súplicas aflitivas, o domínio dos Por fim, André Luiz compara
dré Luiz se utilize do adjetivo pensamentos emitirá raios mui- as emoções profundas, as dores
“mental” ou “mentais”, para os to curtos ou de imenso poder indizíveis, às laboriosas e atu-
corpúsculos fluídicos, é preciso transformador do campo espi- radas concentrações de força
lembrar que, segundo a Dou- ritual, teoricamente semelhan- mental ou as súplicas aflitivas
trina Espírita, não é a mente do tes aos que se aproximam dos com a produção de ondas mui-
Espírito que é formada por áto- raios gama.” Dividindo as afir- tas curtas, como aquelas que
mos e partículas mas sim o flui- mações acima para compreen- são produzidas pelos diminutos
do universal modificado pelo dê-las melhor, primeiro, André núcleos atômicos que são muito
pensamento e vontade do Espí- Luiz compara a posição vulgar energéticas e capazes de gran-
rito. André Luiz usa esses adje- e impressões comuns da criatu- des transformações. Quando as
tivos para relacionar, de modo ra humana à produção de on- criaturas passam por esses tipos
mais direto, a sua descrição aos das muito longas ou de simples de sentimento ou são muito
fluidos oriundos da ação do sustentação da individualidade. elevadas espiritualmente, suas
pensamento ou da mente do Isso significa que os pensamen- vibrações e pensamentos tem
Espírito sobre o FU. Agora, tos do dia-a-dia envolvendo a um imenso poder transforma-
analisemos a seguinte afirma- manutenção da nossa saúde, dor do campo espiritual, teori-
ção de André Luiz no capítulo as preocupações vulgares do camente semelhantes aos que
4 da obra: “Em posição vulgar, trabalho, do lazer, das neces- se aproximam dos raios gama.
acomodados às impressões co- sidades do corpo físico, geram Destaque deve ser dado à pa-
muns da criatura humana nor- pensamentos mais simples da lavra “teoricamente” usada por
mal, os átomos mentais intei- individualidade. Os fluidos que André Luiz na afirmativa aci-
ros, regularmente excitados, na emitimos em razão desses pen- ma. Ela quer dizer que o poder
esfera dos pensamentos, pro- samentos são rudimentares, transformador é, apenas em
duzirão ondas muito longas ou simples, naturalmente menos teoria, semelhante ao poder
de simples sustentação da indi- elevados. Não são ruins ou mal- dos raios gama. Eles não são a
vidualidade, correspondendo à dosos, já que precisamos nos mesma coisa, nem possuem a
manutenção de calor. Se forem manter vivos no mundo, mas mesma natureza física ou ele-
16 | Revista O Fóton
tromagnética. Qual a diferença nos traz com a comparação en- de André Luiz em relacionar as
entre os três tipos de onda? Na tre a forma de emissão de pen- condições materiais em que on-
matéria, todas elas são de na- samentos e fluidos por Espíritos das super-ultra-curtas são emi-
tureza eletromagnética. Mas a muito elevados e a forma de tidas e as condições espirituais
diferença está no comprimen- emissão de raios gama por nú- e morais nas quais pensamentos
to de onda e na forma como cleos de elementos radioativos. e fluidos de alto poder trans-
elas são produzidas. Somente Apenas os sentimentos mais formador no campo espiritual
transformações e processos que profundos geram modificações são emitidos foi completamen-
ocorrem no âmago dos núcleos no FU capazes de transformar te abordada no artigo Fonseca
(2016). Em outras palavras, a
principal mensagem de André
Luiz dentro do ponto acima é
mostrar que o esforço na nossa
transformação moral se faz per-
ceber por irradiações de fluidos
com enorme poder de transfor-
mação espiritual.

Referencias:

1) Flammarion, N.C. Narrações


do Infinito. FEB, 1872.
2) As escalas de vibrações de
Camille Flammarion. Acesso,
em fevereiro de 2107
3) F. C. Xavier e W. Vieira, Me-
canismos da Mediunidade, pelo
Espírito de André Luiz, FEB, 11a
edição, Rio de Janeiro (1990).
4) F. da Fonseca, “A Transmissão
do Pensamento é um Fenôme-
no Não-Local?”, Jornal de Es-
tudos Espíritas 2, art. n.010302
(2014). Acesso através do link:
https://sites.google.com/site/je-
atômicos é que são capazes de e iluminar quem está a nossa espiritas/
produzir radiações de grande volta. Assim como mudanças 5) F. da Fonseca, “Explicando
poder transformador no campo nos níveis de energia de um nú- conceitos espíritas em Meca-
material. De forma análoga, so- cleo requerem muita energia, nismos da Mediunidade par-
mente transformações e proces- mudanças profundas no aspec- te I: analogia com raios gama”,
sos de natureza moral que ocor- to moral exigem muito esfor- Jornal de Estudos Espíritas 4,
rem no âmago dos sentimentos ço da criatura humana, muita art.n.010201 (2016). Acessado
de um Espírito são capazes de abnegação e desprendimento, através do link: https://sites.
produzir fluidos e vibrações de que são virtudes que estamos google.com/site/jeespiritas/vo-
grande poder transformador no ainda treinando para um dia lumes/volume-4---2016/resu-
campo espiritual. Essa é a prin- nos tornarmos criaturas verda- mo---artn-010201
cipal analogia que André Luiz deiramente amorosas. A lógica
Revista O Fóton | 17
Astronomia e Espiritismo

Nebulosa de Órion
um berçario de estrelas, planetas e vida
por Nelson Travnik

No fim do verão e no díveis Três Marias : Mintaka, verdadeiro berçário, passível de


outono ao anoitecer, alto no Almilan e Almitak. Contudo, gerar 1000 sóis iguais ao nosso
céu, podemos admirar talvez a a maior atração está reservada ! Muitas delas irão possuir dis-
mais bela constelação : Órion, para três pálidas estrelas que re- cos protoplanetários que irão
“o Caçador”. É uma das poucas presentam “A Espada do Caça- gerar a formação de sistemas
constelações que permite asso- dor”. Para nós, ela é vista acima solares tal como o nosso. A
ciar o nome ao desenho que faz do cinturão. É a região preferida nebulosa de Órion é pois, um
no céu. Várias civilizações a vi- pelos astrônomos, tanto visual- celeiro de vida ! Ela se encon-
ram como “ o Caçador Gigante”. mente, como na obtenção de fo- tra a 1500 anos-luz da Terra e
Em nosso hemisfério “o gigan- tografias de extraordinária be- parece bem visível em razão de
te” apresenta-se de “cabeça para leza. No momento em que você estar próxima a estrelas muito
baixo”. No hemisfério norte ele lê essas linhas, alguém no mun- quentes, onde o hidrogênio io-
está de pé. No contexto da evo- do a está fotografando, assim nizado pela radiação ultravio-
lução estelar, vemos nessa cons- como também alguém está ou- leta provinda das estrelas, a faz
telação estrelas jovens, adultas vindo uma música de W.A. Mo- brilhar por fluorescência. Algu-
e idosas. Entre miríades delas zart. O ponto alto dessa região mas nebulosas são produto de
vistas ao telescópio, despontam é a Grande Nebulosa de Órion, estrelas massivas que explodem
à vista desarmada, as quatro uma gigantesca região de gases violentamente, as supernovas,
mais brilhantes : Betelgeuse, Ri- e poeira com aproximadamen- capazes de em segundos emi-
gel, Bellatrix e Saiph. Localizar te 30 anos-luz, formando o que tir mais luz que uma galáxia
Órion é uma tarefa extrema- se chama de nuvem molecular. inteira! Existe outra classe de
mente fácil e gratificante, pois é É considerada um local secre- nebulosas, produto de estrelas
no cinturão do ‘gigante’ que são to da natureza onde nascem que tendo ‘queimado’ todo seu
vistas as famosas e inconfun- estrelas continuadamente, um hidrogênio e hélio no interior,
18 | Revista O Fóton
são incapazes de manter o equi- de sucessivas etapas de aprimo- do Mestre Lionês no Cemitério
líbrio gravitacional e começam ramento – a reencarnação. Em Père Lachaise em Paris.
a expulsar suas camadas exter- Órion temos muito a aprender
nas formando colossais anéis de onde viemos, o que somos
de gases e poeira – as nebulo- e nosso destino final. Sabemos Nelson Travnik é astrônomo e
sas planetárias. Esse material que somos feitos de poeira de Membro Titular da Sociedade
contém todos os elementos que estrelas e que a evolução nos Astronômica da França.
no futuro irão contribuir para conduz a seres que, a partir da
formação de novas estrelas. A inteligência e do pensamento,
morte de estrelas como o nos-
so Sol, está confinada em uma
primeira etapa a uma classe de
estrelas conhecida como anã
branca – com diâmetro simi-
lar ao terrestre, mas com den-
sidade elevadíssima, onde um
centímetro cúbico pesa uma
tonelada! Uma vez iniciada a
queima do carbono, o proces-
so continua sozinho na matéria
densa e tencionada da estrela.
Em poucos segundos a estrela
se converte na maior parte em
níquel e em outros elementos nos provém de um espírito
entre silício e ferro. A estrela imortal submetidos à evolução
colapsa e se transforma em uma espiritual para que, ao final,
anã negra, seu destino final. sejamos espíritos de luz aptos
a merecer e ganhar o “paraíso”
O QUE APRENDEMOS em mundo elevado onde rei-
EM ÓRION nam as maiores, sutis e eter-
nas vibrações de felicidade.
O destino final que o Criador
No Universo, nas Estrelas, na
reserva para todos os seres de
Terra e no homem, as atividades
incontáveis mundos habita-
cíclicas continuam incessante-
dos. Em Órion aprendemos
mente; puros agentes de uma
que as estrelas nascem, vivem,
contínua complexidade – a evo-
morrem e fornecem ao final
lução. Em Órion vemos o cemi-
elementos para formação de
tério e a maternidade. O nasci-
outros luminares. Lembramos
mento e a morte intimamente
aí as palavras do Codificador :
ligados como a vida na Terra e
“Nascer, viver, morrer, renascer
do homem. No Universo esses
e progredir sempre, tal é a Lei”.
eventos se desenvolvem natu-
Um dos maiores laboratórios
ralmente, obedecendo um ciclo
que conhecemos no Universo,
analógico e não como simples
a Nebulosa de Órion, demons-
repetição. Assim também o es-
tra claramente o porquê de tal
pírito nunca é o mesmo depois
frase, que emoldura o túmulo
Revista O Fóton | 19
Animismo e Espiritismo

A Mente e os Telômeros
por Elton Rodrigues
Todo material genéti- de todas as células e tecidos do dos terminais, reconheceriam o
co contido no núcleo de uma nosso corpo e para a síntese de material cromossômico como
célula, seja de um organismo proteínas (responsáveis por to- DNA danificado. Falemos por
unicelular (como protozoários dos os processos biológicos), outros termos. Em nossos sapa-
e vários fungos e algas) ou mul- além de outras sequências ca- tos, quando os pedaços de fita
ticelular (como insetos, plantas, pazes de sintetizar “mensagei- adesiva que selam as pontas dos
répteis, mamíferos e outros), ros” que atuam na regulação de cadarços se desprendem, estes
está compactado em estruturas processos celulares e áreas que começam a desfiar, desman-
denominadas cromossomos, não carregam qualquer tipo de chando-se. Em uma célula
termo que significa “corpos co- instrução ou codificação. Entre ocorre o mesmo com os cro-
loridos” (do grego chroma = cor as estruturas que o DNA não mossomos que têm seus telô-
e soma = corpo). Os cromosso- codificador forma nos cromos- meros danificados: eles tendem
mos, que variam em tamanho, somos, estão os centrômeros e a ser destruídos e, nesse proces-
forma e número em cada uma os telômeros. Os centrômeros so, a célula morre. Porém, toda
das diferentes espécies, são permitem a separação exata dos vez que uma célula se divide
compostos essencialmente de cromossomos duplicados du- — como as células imunes e da
DNA e proteínas associadas. rante a divisão celular que gera pele — os telômeros ficam um
Neles, portanto, está toda a in- as células-filhas. Já os telômeros pouco menores. Essa redução
formação genética que caracte- (do grego telos = fim e meros = transformou-os em medidores
riza e diferencia tanto as células parte), localizados nas “pontas” do envelhecimento celular. A
e os tecidos quanto todos os dos cromossomos, funcionam bióloga Elizabeth H. Blackburn,
seres vivos. O DNA existente como capas protetoras dessas que trabalha na University of
em um cromossomo contém extremidades, tendo papel mui- California, e a psicóloga Elissa
os genes, mensagens codifica- to importante na manutenção S. Epel publicaram um artigo,
das na forma de sequências de da integridade do genoma. Eles em 2004, associando o estresse
nucleotídeos (“tijolos” básicos impedem, por exemplo, a fu- psicológico ao encurtamento
que compõem o material ge- são de terminais de diferentes dos telômeros em células bran-
nético das células), onde estão cromossomos e a degradação cas do sangue. Isso representou
as instruções para a formação destes por enzimas que, na falta um grande avanço nas pesqui-
20 | Revista O Fóton
sas dos telômeros. Atualmente, que mostram que fatos da vida do telômeros”. Assim, devemos
inúmeros estudos mostram que como o estresse crônico e trau- avaliar com muito cuidado o
telômeros mais curtos estão re- mas de infância estão relacion- que nós, espíritos atuantes no
lacionados a várias doenças. E, dos com telômeros mais curtos: Universo como um todo, causa
reciprocamente, telômeros “Tomemos o trauma de infân- mos em nós e nos outros seres
cia: estudos mostraram que o da criação. Será que conhece-
mos todo o nosso potencial em
modificar, em manipular a ma-
téria com a mente?

mais longos têm sido associa- número de traumas de infância


dos a comportamentos saudá- se relaciona quantitativamente
ao grau de encurtamento do te-
veis como exercícios e redução lômero no adulto: quanto mais
do estresse. Esses estudos indi- traumas, mais curtos os telôme-
cam uma possibilidade de usar ros. Nosso estudo mostrou uma
o comprimento dos telômeros

— medidos por um simples relação impressionante entre o


exame de sangue — para se ter número de anos de estresse crô-
uma visão geral da saúde e uma nico sofrido por mães que cui-
rápida percepção do processo davam de uma criança com do-
de envelhecimento. Ademais, ença crônica e o encurtamento
Elizabeth fala sobre evidências
Revista O Fóton | 21
22 | Revista O Fóton

ASSOCIAÇÃO DE FÍSICA E ESPIRITISMO DO RIO DE JANEIRO


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