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05/01/2018 A mentira permanente, nossa ameaça mais mortífera - Carta Maior

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A mentira
permanente,
nossa ameaça
mais mortífera
A mentira permanente não está
circunscrita ou limitada pela
realidade, ela se perpetua
inclusive diante da evidência
abrumadora que a desacredita

1.4K

Por Chris Hedges

27/12/2017 20:20

 
O perigo mais sinistro que
enfrentamos hoje não vem do
atentado à liberdade de
expressão através do fim da
neutralidade da rede, ou dos
algoritmos da Google, que
mantêm a população sem
acesso a conteúdos divergentes
dos meios hegemônicos, com
poucas chances de acessar
opiniões progressistas ou anti
bélicas. Tampoco vem da
reforma tributária de Trump,
que abandona qualquer
pretensão de responsabilidade
fiscal, enriquece as
corporações e os oligarcas,
preparando o caminho para o
desmantelamento de
programas como o da
Seguridade Social. Também
não vem da exploração de
terras coletivas para benefício
da indústria mineradora e dos
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combustíveis fósseis, ou da
aceleração do ecocídio por
parte de uma legislação meio-
ambiental irresponsável, ou da
destruição da educação
pública. E tampouco tem a ver
com o desperdício de fundos
federais para in ar o
orçamento militar enquanto o
país colapsa economicamente,
nem do uso de sistemas de
segurança doméstica para
criminalizar a dissidência. O
perigo mais sinistro que
enfrentamos vem da
marginalização e destruição
daquelas instituições que --
junto com os tribunais, a
academia, os entes legislativos,
as organizações culturais e os
meios de comunicação -- 
garantiam que o discurso
público se ancorava na
realidade do fatos, e nos
ajudavam a distinguir entre a
verdade e a mentira, o que é
uma forma de promover a
justiça.

O atual governo de Donald


Trump e do Partido
Republicano representam a
última etapa da ascensão do
totalitarismo corporativo. Para
saquear e oprimir a população
usa-se a tática da mentira
permanente, um tipo de
mentira diferente das
falsidades e meias verdades
proferidas por políticos como
Bill Clinton, George W. Bush e
Barack Obama. A mentira
política dos antecessores não
pretendiam eliminar a
realidade, era mais uma forma
de manipulação. Quando
Clinton promulgou o Tratado
de Livre Comércio da América
do Norte (NAFTA, por sua sigla
em inglês) prometeu que ele
“significaria mais empregos, o
que significaria mais empregos
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estadunidenses, o que
significaria mais empregos
estadunidenses bem pagos”.
George W. Bush justificou a
invasão do Iraque porque
Saddam Hussein supostamente
possuía armas de destruição
massiva. Porém, passados
alguns anos, nem Clinton
continuou fingindo que o
NAFTA era benéfico para a
classe trabalhadora, já que a
realidade mostrou o contrário,
nem Bush continuou
simulando a existência de
super armas no Iraque, pois já
não havia onde encontrar
algum tipo de prova a respeito.

A mentira permanente não


está circunscrita ou limitada
pela realidade, ela se perpetua
inclusive diante da evidência
abrumadora que a desacredita.
É simplesmente irracional.
Aqueles que falam a linguagem
da verdade e dos fatos são
atacados e acusados de
mentirosos, traidores e
provedores de notícias falsas.
Uma vez que as elites
totalitárias acumulam
suficiente poder -- um poder
agora garantido pela supressão
da neutralidade da rede --, os
que que dela divergem serão
banidos da esfera pública. A
férrea resistência a reconhecer
a realidade --
independentemente do grau de
transparência com que esta se
apresente -- por parte
daqueles envolvidos na
mentira permanente cria uma
psicose coletiva.

“O resultado de uma
substituição sólida e total da
verdade fática por mentiras
táticas não é a segunda sendo
aceita como a versão correta,
enquanto a verdade é difamada
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como se fosse uma mentira. É


muito pior que isso, tem a ver
com o sentido que nos orienta
no mundo real – e a categoria
do verdadeiro diante do falso é
um dos nossos meios mentais
encaminhados a este fim –
sendo destruído”, escreveu
Hanna Arendt em “As Origens
do Totalitarismo”.

A mentira permanente
transforma o discurso político
num teatro absurdo. Donald
Trump, que já mentiu sobre o
número de espectadores de sua
posse com presidente, apesar
das evidências fotográficas,
agora fala das suas finanças
pessoais para dizer que será
“assassinado” pela reforma
tributária, que na verdade
favorece a ele e ser herdeiros,
que serão poupados em mais
de um bilhão de dólares em
taxas. O Secretário do Tesouro,
Steven Mnuchin, afirma que
possui um informe que
demonstra como os cortes
tributários serão equilibrados
e não aumentarão o déficit
fiscal, mas esse levantamento
nunca chegou a existir. O
senador estadunidense John
Cornyn, contrariando todas as
evidências fáticas, diz que “não
se trata de uma reforma
desenhada para beneficiar os
ricos e os grandes negócios”,
mas é.

Enquanto isso, cerca de 8 mil


quilômetros quadrados de
terras públicas, estão sendo
entregues à indústria
mineradora e a dos
combustíveis fósseis, enquanto
Trump insiste em dizer que
isso significa que “as terras
públicas serão uma vez mais
para uso público”. Quando os
ecologistas denunciam que se
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