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Roteiro de Apresentação do Texto: “Transformações dos Centros Históricos: antes de

construir os diálogos, a precisão de conceitos”, de Célia Ferraz de Souza e Fabiana Kruse.

- > Os projetos de intervenção nas Áreas Centrais e sua importância no Urbanismo recente;
- > Déc. 70: Surgimento dos conceitos de revitalização, reabilitação e requalificação, no
contexto europeu e norte-americano.
Originalmente, o conceito de reabilitação surge empregada nos debates sobre defesa
do patrimônio histórico edificado ou monumental; somente mais tarde voltou-se para o
urbano.
“Observa-se que cidades europeias e norte-americanas passaram por processos que
buscavam um meio-termo entre a tabula rasa do Modernismo e a preservação radical do
patrimônio. (...) Neste contexto, surgiram termos para as novas formas de intervenção (...) que
seriam cada vez mais frequentes, sobretudo nos centros urbanos debilitados e em zonas
degradadas, subutilizadas ou abandonadas, (...) intervenções estas que visam a retomada da
importância dada a essas áreas em épocas passadas”. (p. 17)
- > Carta de Amsterdã (1975):
“A reabilitação de bairros antigos deve ser concebida e realizada, tanto quanto
possível, sem modificações importantes da composição social dos habitantes e de uma
maneira tal que todas as camadas da sociedade se beneficiem de uma operação financiada por
fundos públicos.” (p. 23)
- > Projeto Estratégico de Reabilitação Integrada de Barcelona (Déc. 80):
“Procura tratar os diferentes problemas urbanos (...) de forma articulada e simultânea,
estruturando-se em torno de um plano integral e multicefálico, que reúna ao mesmo tempo
projetos urbanísticos, culturais, socioeconômicos e de desenvolvimento social, além de
incorporar de forma decisiva o princípio da cooperação público-privada em torno de tarefas
concretas e a efetiva participação da comunidade.” (p. 23)
- > Carta de Lisboa (1995):
1. Reabilitação Urbana
“É a estratégia de gestão urbana que procura requalificar a cidade existente através de
intervenções múltiplas destinadas a valorizar as potencialidades sociais, econômicas e
funcionais a fim de melhorar a qualidade de vida das populações residentes; isso exige o
melhoramento das condições físicas do parque construído pela sua reabilitação e instalação de
equipamentos, infraestrutura, espaços públicos, mantendo a identidade e as características da
área da cidade a que dizem respeito.” (p. 19)
2. Revitalização Urbana
“Engloba operações destinadas a relançar a vida econômica e social de uma parte da
cidade em decadência. Esta noção, próxima da reabilitação urbana, aplica-se a todas as zonas
da cidade, sem ou com identidade e características marcadas.” (p. 18)
3. Requalificação Urbana
“(...) estaria vinculado às áreas abandonadas, que perderam suas atividades. (...) Pode
ser empregada para qualquer área debilitada, com ou sem características particulares,
abandonadas ou somente subutilizadas. A requalificação tem, assim, um significado mais geral,
podendo abrigar os dois [outros] tipos de intervenção: revitalização e reabilitação.” (p. 19-20)

(*) Cabe ressaltar que mesmo a Carta de Lisboa (1995) sendo um parâmetro acatado pelo
Brasil e Portugal, ainda assim, sua aplicabilidade gera divergências. As Estratégicas de
reabilitação urbana de Lisboa (2011), utilizam a normativa utilizada pelo Regime Jurídico da
Reabilitação Urbana (2009), que diverge ao não mencionar a questão da habitação no processo
de intervenção da reabilitação urbana, mesmo a Carta de Lisboa (1995) já aventar a situação
das “populações residentes”.
A falta de rigor no uso dos conceitos tem gerado ambiguidades marcantes que, sem
uma definição clara, prejudicam concretamente questões como a preservação do patrimônio
cultural e a recuperação da ambiência urbana através da habitação e a multiplicidade de usos.
(*) Papel da Mídia: “Apresentando somente o termo revitalização, a mídia escrita remete aos
leitores ao novo, (...) ao ineditismo da proposta. Ao contrário do termo reabilitação, que
remeteria ao conserto de algo existente, ao ‘remendo’ de uma intervenção passada.” (p. 21)
- > Casos concretos:
1. Belém/PA (Déc. 90) – Estação das Docas:
- Programa de Revitalização de Áreas Portuárias: cita o termo revitalização nos
projetos para a área central e portuária;
- Planos e Programas Urbanísticos (efetivado): aparece o termo reabilitação
(apesar de só alguns conceituarem), e a intervenção realizada expressa a maioria das
características deste conceito.
2. Porto Alegre/RS (2005) – Centro Histórico de Porto Alegre:
- Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental: cita apenas o termo
revitalização; destaca “Áreas de Revitalização” (“espaços da cidade que apresentam valores
significativo. Por esta razão merecem medidas que resgarem a valorizem suas peculiaridades,
dando-lhes nova vida, de forma que mais pessoas tenham acesso e possam usufruir delas” p.
20), misturando os conceitos estabelecidos na Carta de Lisboa;
- Plano Estratégico de Reabilitação da Área Central de Porto Alegre: cita a
expressão reabilitação em seu título e em diversas ocasiões no corpo do texto; mas, utiliza o
termo revitalização (“principalmente quando se refere à área do Cais Mauá” p. 20) sem, no
entanto, conceitua-lo. “Quando se refere ao Centro Histórico o termo empregado é
reabilitação; quando são tratadas áreas específicas, como o Cais Mauá, ou atividades (...) o
termo utilizada é a revitalização.” (p. 21).
# BALANÇO #
“O Plano Diretor da cidade dedica um artigo ao Centro Histórico, sem especificar ações
efetivas para a área. O Plano Estratégico, elaborado pelo projeto Viva o Centro, apresenta as
diretrizes de atuação para toca a área, mas não atua de forma integrada com outros níveis de
intervenção em espaços específicos, por exemplo, quando ‘esbarra’ na Praça da Alfândega a
preocupação passa a ser de outro programa, o Monumenta, de responsabilidade do governo
federal. (...) Com isto, há uma falta de conjunto nas ações implantadas em Porto Alegre, o que
se reflete na fragmentação na realização do planejamento da cidade, dos espaços e da
paisagem resultante da ação”

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