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Câmpus Porangatu - UEG

(Criada pela Lei 13.456 de 16 de abril de 1999, publicada no DOE-GO de 20 de abril de 1999)
Av. Brasília, 32 – Setor Leste – Fone/Fax: (062) 3367-1033
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A INDISCIPLINA ESCOLAR: REFLEXÃO ACERCA DE EXPERIÊNCIAS DOS


ESTAGIÁRIOS

Vanessa Maria Mendes Ribeiro1


Rosilônia Pereira Dias2

RESUMO:
O presente artigo foi elaborado a partir da execução do estágio obrigatório de Língua
Portuguesa e Literatura I e Língua Inglesa I na Escola Estadual Dona Gercina
Borges Teixeira, onde se percebe, dentro de vários pontos positivos da escola, um
ponto negativo, que é a indisciplina dos alunos frente aos estagiários, os mesmos
afirmam que, pelo fato de acadêmicos não serem os “professores” eles não tem
obrigação de participar da aula, os mesmos atrapalham, e conversam, aumentando
o desrespeito e a indisciplina. É lamentável como os estagiários são tratados pelos
alunos e por vezes, também são humilhados por professores que dizem “não gostar
da presença de estagiários na escola” fazendo com que os acadêmicos se sintam
desvalorizados e deixando transparecer que os estagiários não são como os
professores regentes e não tem o direito de agir como o próprio.

Palavras-Chave: Estágio, Indisciplina, Formação Docente.


INTRODUÇÃO

Sabe-se que, atualmente a educação vem sofrendo bastante devido a falta


de investimentos no setor escolar e a desvalorização docente, este que antes era a
autoridade dentro da sala de aula, atualmente mal consegue expor seus
conhecimentos e conteúdos.
Um dos lamentáveis obstáculos que interferem na educação é a indisciplina
escolar, problema que mais preocupa os educadores atualmente, o desrespeito
contra os professores ou mesmo com os colegas aumenta cada vez mais por parte

1 Graduando (a) em Letras (Português/Inglês) UEG Câmpus Porangatu. E-mail:


vanessagta91@gmail.com
2Professora Orientadora do Estágio Supervisionado em Língua Portuguesa e Literatura I. Especialista

em Metodologia de Ensino e Pesquisa na Educação em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira e


Metodologia do Ensino e Pesquisa com Habilitação em Docência Universitária.Mestranda em
Educação, Linguagem e Tecnologias (PPG-IELT/UEG). Docente em regime de Contrato Temporário,
do Curso de Letras da UEG – Campus Porangatu. E-mail: rosilonia.dias@ueg.br
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de alguns alunos que chegam a fazer agressões verbais ou físicas, os mesmos não
se preocupam com as consequências que podem sofrer.
O curto tempo que seria gasto em reter conteúdo com a ajuda dos
professores e com a troca de conhecimento entre colegas, por vezes é utilizado com
o professor chamando a atenção ou separando brigas. Com duração de uma aula,
que já é um tempo bastante limitado, se torna impossível aplicar todo o conteúdo
proposto e organizado pelo docente.
Vê-se que a indisciplina é um assunto de suma importância que deve ser
cada vez mais debatido em busca de soluções, pois é muito grave o fato de alunos
que além de desrespeitar pais, professores e colegas, também desrespeitam os
estagiários que se encontram na escola câmpus para auxiliar o professor e também
para aprender a prática docente cumprindo horas obrigatórias para a sua formação.

Indisciplina e o Fracasso Escolar

Para entender como a indisciplina afeta o contexto escolar, vamos ao


conceito de disciplina e indisciplina. Segundo Aquino (1996), “O dicionário Caldas
Aulete registra no termo disciplina diversos significados, como: submissão do
discípulo à instrução e direção do mestre; imposição de autoridade, de método;
respeito à autoridade, etc.
Sabe-se que a disciplina é algo bom, pois torna possível as coisas
acontecerem de forma correta, o significado mais comum do termo é a aceitação de
algo, sem opor as regras e normas.
Já a indisciplina na visão de Magalhães (1989), “não se define por si, a
mesma surge como a negação de qualquer coisa, seja essa coisa norma ou padrão
socialmente aceito ou regra arbitrariamente imposta” (p. 40).
A indisciplina, que é o contrario da disciplina, é bastante conhecida e
debatida, indisciplinado é visto como aquele que não cumpre regras, não aceita o
que lhe é imposto.
O sujeito disciplinado é aquele que aceita as regras sem se opor ao que está
determinado por alguém, por vezes a visão de tal indivíduo se dá sendo aquele que
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aceita tudo o que o professor fala, sem se opor, mesmo se o docente estiver errado,
pois como sabe-se o professor não é dono de todo o conhecimento e também pode
errar.
O aluno indisciplinado sempre se opõe as regras, fazem coisas erradas e até
mesmo tira a autoridade do professor em sala de aula atrapalhando os colegas e a
si mesmo, a estudar e fazendo com que outros se tornem igualmente indisciplinado.
A indisciplina é um dos fatores que mais prejudicam a educação atualmente
e por trás de tal comportamento podem existir diversos fatores, como a pobreza, a
violência sofrida dentro da própria casa, pais que pouco se comunicam com os filhos
colocando o trabalho em primeiro lugar, ou mesmo a forma como a criança foi
criada, pois o contexto em que uma criança nasce e vive influencia seus atos.
Um aluno indisciplinado tem grandes chances de reprovação, pois não
sentem interesse em aprender, alguns querem apenas chamar atenção com seu
modo indisciplinado, estes não tem consciência de que o estudo vai lhe fazer falta, e
que pode ter um grande fracasso escolar.

Indisciplina Escolar: Como Surge e Quais as Causas.

Regularmente nos deparamos com a questão: “Como surge a indisciplina?”


as causas de tal problema devem ser refletidas, principalmente no âmbito escolar.
A vivência em casa reflete o comportamento dos alunos na sala de aula,
pois sabe-se que a família é a base de tudo, e a concepção de disciplina está
diretamente ligada com a concepção de educação recebida em casa por pais e
familiares.
Atualmente as famílias estão cada vez mais ocupadas, pais e mães vão em
busca do mercado de trabalho e os filhos ficam na companhia de parentes ou
mesmo sozinhos, o tempo para estar com os filhos se torna cada vez mais escasso.
Há situações em que os pais se separam e este fato faz com que seja cada
vez mais difícil impor limites aos filhos, muitas vezes a indisciplina escolar surge
desse fator, o desinteresse dos pais pela vida dos filhos faz com que os mesmos se
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sintam deixados de lado e se tornem rebeldes nas escolas, em casa, ou mesmo na


rua.
Desta forma, Moreno & Cubero (1995) apontam três tipos de pais, os pais
autoritários, que demonstram pouco afeto, não são agressivos, porém os filhos se
tornam obedientes e tímidos de baixa-estima devido a pouca comunicação dos pais.
Pais permissivos que são, ao contrário dos pais autoritários, comunicativos,
porém possuem pouco controle diante dos filhos pois não cobram responsabilidade
dos filhos, e pode ai, surgir uma pessoa indisciplinada.
E os pais democráticos que tem um equilíbrio, onde os filhos e pais são
comunicativos, os pais conseguem explicar bem e impor as regras.
Percebe-se que o tipo dos pais influencia os comportamentos dos filhos
dentro e fora de casa, os pais devem definir os limites para os filhos para que este
na escola não se torne um indisciplinado e atrapalhe o ensino.
A indisciplina também pode ser associada ao contexto social em que a
criança está inserida, quando o indivíduo vem de uma família onde os pais brigam
na frente dos filhos, crescem “soltos” estando com más influências, logo, este tem
mais chances de crescer como um indisciplinado.

O Professor e o Estagiário em meio a Indisciplina

O professor tem como papel por em prática o processo educativo, levando


em conta que toda escola tem a indisciplina e que vai trabalhar com diferentes tipos
de alunos, e principalmente que se deve adequar a metodologia de ensino a cada
tipo de turma.
O acadêmico no exercício do estágio entra na sala de aula com isso em
mente, que a indisciplina sempre vai existir, mas que deve tentar superá-la e colocar
em prática tudo o que aprendeu na universidade.
Percebe-se que os alunos não veem os estagiários como o próprio docente
é ai que surge a indisciplina, pois os mesmos desrespeitam e não deixam estes
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darem aulas. Alguns estudantes chegam a dizer que não gostam da presença de
estagiários na sala, pois “nós não somos professores”.
Como agir em meio à indisciplina se não somos considerados professores
enquanto estagiários?
É ai que surge a necessidade que os estagiários têm de serem
acompanhados pelo professor regente devido aos problemas como a indisciplina, o
desrespeito e a falta de controle dentro da sala, porém, estagiar, que devia ser algo
prazeroso por estarmos nos aperfeiçoando na profissão, se torna algo desgastante
para os acadêmicos. Segundo (RIBEIRO, 2010 p. 41- 42):
Esta situação problemática e estressante, própria de qualquer docente
principiante, coloca-se com mais veemência nos professores em estágio,
porque sobre eles acresce, ainda, o fato de serem sujeitos a avaliação, e,
portanto, por uma questão de «defesa» serem levados a agir de acordo com
as ideias dos seus avaliadores, o professor-cooperante (professor titular da
turma onde fazem estágio) e o professor coordenador (professor de escola
de formação inicial).

Os estagiários em exercício, não conseguem armazenar certa maturidade,


pois tendem a seguir os passos do mestre agindo como os seus professores, devido
terem a consciência que estão sendo avaliados, e assim, mesmo sabendo que o
professor possa estar equivocado em algumas opiniões ou como praticar alguma
ação os estagiários vão agir como tal.
Considerações Finais

Concluímos que, a indisciplina escolar pode emergir de vários fatores, como,


a pobreza e a violência sofrida em casa e a falta de afeto de pais e familiares, onde
a criança seja revoltada /indisciplinada para chamar a atenção dos professores e da
própria família, infelizmente as ações provocadas por tais alunos só prejudicam sua
situação escolar, havendo maior índice de reprovações e o avanço do conhecimento
fica rompido.
Com a indisciplina no âmbito escolar a formação docente se torna um
trabalho árduo, por vezes além de o professor ter que aguentar o aluno rebelde,
ainda tem que tentar explicar para o pai que seu filho está agindo de maneira errada,
pois a criança por vezes pode colocara culpa de seu comportamento no próprio
professor.
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Para trabalhar com a indisciplina o professor/estagiário deve levar o aluno a


uma reflexão, onde o individuo vai ter uma consciência do que é ser disciplinado e a
importância de respeitar toda uma comunidade, que envolve pais, professores e
colegas.
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REFERÊNCIAS:

AQUINO, Julio Groppa. Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas.


São Paulo: Summus, 1996.

MAGALHÃES, O. A causa das coisas: Indisciplina e Escola. São Paulo:


Aprender, 1989.

MORENO, M.C. & CUBERO, R. Relações sociais nos anos pré-escolares em


Desenvolvimento Psicológico e Educação, Vol. 1. Porto Alegre: artes
médicas, 1995, 190-202p

RIBEIRO, M. do C. Ver e viver a indisciplina na sala de aula. Bragança-Portugal.


2010.

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