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1.

Resenha de "A sociedade em rede — a era da informação: economia, sociedade e cultura", de Manuel Castells

Na parte introdutória do livro, o autor assume como irreversível o avanço da informatização. Afirma que necessariamente nesse
novo liberalismo de escala global todas as relações orbitam ao redor do mercado. Consequentemente, no contexto onde ao
mesmo tempo habitam a rede (dimensão virtual) e o ser (agente), imperam a estratificação das comunidades e um
aculturamento sistemático, interferindo negativamente nos movimentos sociais. Rompem-se as normas internacionais e dilui-
se a oposição política. De maneira que apenas uma reformulação do indivíduo seria capaz de resistir aos obstáculos da nova
sociedade, a sociedade em rede.
Ao lidar com os modelos, atores e locais da revolução tecnológica, Castells é categórico ao afirmar que tal revolução foi iniciada
pelo Estado — em oposição à fantasia do empreendedor de garagem. Tecnologia e informação relevam-se, assim, como
fundamentais agentes da metamorfose humana e das estruturas sociais. Agentes capazes de interferir nas mais importantes
dimensões materiais da vida humana, o espaço e o tempo, reduzindo este último a nível meramente de conceito. Esvaziando-
o a ponto de se atingir um grau de perfeita intemporalidade.
Nessa conjuntura ressurge o debate do paradigma da redefinição do ser, a tentativa de se preservar a qualidade de vida sem
que homem e máquinas precisem se distanciar. Afinal, é da própria evolução da natureza humana que tecnologia e rede
derivam.

2. Resenha de "Planos locais de promoção da saúde: intersetorialidade(s) construída(s) no território", de Simone Tetu Moysés
e Ronice Franco de Sá

Ao definirem “território”, as autoras tratam-no como o local onde se manifesta o poder nas suas variadas formas (jurídico-
político, cultural, econômico). Território consolida-se, então, quando da apropriação do espaço por atores sociais, onde lhes é
permitido expandir suas políticas e dinamizar suas interações.
O artigo sustenta como fundamental o desenvolvimento de estratégias territoriais/locais a fim de se efetivarem ações
promotoras de saúde. De outro lado, ele aponta como um desafio, no cenário brasileiro, a elaboração e aplicação de políticas
públicas desse caráter. Sua carência se dá pelo ainda precoce conceito de territorialidade e territorialização, que enfraquece
uma compreensão direcional dos espaços e assim o desenvolvimento de políticas específicas de saúde. O processo de
institucionalização e gestão do SUS, uma vez fundamentado em estratégias de territorialização, pode servir de exemplo para a
construção de políticas de promoção da saúde orientadas às demandas de diferentes recortes sociais.
Uma das práticas capazes de extrair potencialidades da população interessada é o Método Bambu: uma consulta de “quereres”
e um mapeamento de prioridades de forma participativa. Tal método poderia desvelar redescobertas de percepções,
viabilizando a realização de planos de ação.
Moysés e de Sá entendem que as propostas precisam ir além das práticas de apoio/desenvolvimento comunitário, ações
governamentais e profissionais planejadas em bloco. É preciso dar voz aos atores locais, articular seu discurso com a elaboração
das políticas públicas, uma vez que apenas a comunidade pode necessariamente apontar as suas especificidades.

3. Resenha de "Desafios do planejamento em políticas públicas: diferentes visões e práticas", de José Antônio Puppim de
Oliveira

O autor rompe com as fantasias típicas em torno do termo “planejamento”, destacando que na realidade brasileira — enquanto
idealmente se esperam resultados automáticos ao serem observadas fórmulas de implementação —, por décadas programas
e políticas públicas costumam apresentar impactos negativos ou inesperados.
Lançada a questão “por que falhamos?”, os costumeiros erros e fracassos apontam uma resposta: tudo começa no equivocado
distanciamento entre elaboração e implementação de políticas públicas, relegando planejamento à mera prática de empilhar
planos.
Um dos primeiros programas a tornar-se referência no fracasso resultante dessa dissociação foi a tentativa de oferecer apoio a
minorias étnicas, nos EUA, pela então recentemente criada agência Economic Development Administration (EDA). Seu malogro
admirável despertou a atenção de especialistas à carência na abordagem acadêmica da implementação de políticas públicas.
Contudo, 30 anos após o episódio, mesmo com vários teóricos debruçados sobre o tema, o assunto implementação não resulta
em um consenso. As diferentes associações por vezes mais confundem que esclarecem seu papel político. Na realidade, peca-
se ao não se compreender o tema como uma sucessão complexa de eventos no planejamento; eventos estes muitas vezes
imprevisíveis ou incontroláveis.
Deste cenário turbulento, eclodem teorias a respeito do comportamento dos setores públicos durante o processo de
planejamento. Duas grandes correntes de pensamento destacam-se, futura e eventualmente convergindo: as abordagens top-
down (ênfase aos agentes técnicos) e bottom-up (descentralização do poder; atores abaixo da camada de poder ganhando voz).

4. Resenha de "O mito da desterritorialização: do fim dos territórios à multiteritorialidade", de Rogério Haesbert

O autor entende que, antes de um processo de desterritorialização (a perda ou destruição de territórios), vivenciamos na maior
parte das vezes uma complexificação de um processo de (re)territorialização muito mais múltiplo, o "multiterritorial".
Foi nesse sentido que se reconheceu a desterritorialização como um "mito". Não porque não exista, mas sim ao saber que tal
fenômeno está ligado à sua contraface, os movimentos de (re)territorialização.
Na Geografia, não se pode falar em desterritorialização sem reterritorialização pelo fato de o homem ser um "animal territorial"
(ou "territorializador"). O que existe é um movimento complexo de territorialização, que inclui a vivência de diversos territórios
— a multiterritorialidade.
Por outro lado, na dimensão social da desterritorialização, a menos enfatizada, o termo se aplica melhor: os
"desterritorializados" (ou os precariamente "territorializados") perdem de fato o "controle" e/ou a "segurança" sobre seus
territórios.
Compreensão duplicada de território em vista da etimologia: terra-territorium (dominação jurídico política do elemento "terra"
como recurso) e terreo-territor (dominação jurídico-política pela inspiração do medo, nos quais indivíduos são alijados ou
impedidos de entrar em determinado espaço territorial). Assim, no território pode-se desmembrar o conceito de poder
objetivo, o de dominação, quanto o simbólico, o de apropriação.
O território múltiplo permite a sobreposição e a multiplicidade de territorialidades, ao contrário do espaço "unifuncional"
reproduzido pela lógica capitalista. Assim, o território, imerso em relação de dominação e/ou apropriação sociedade-espaço,
admite um continuum que vai da dominação político-econômica mais concreta e funcional à apropriação mais subjetiva e/ou
"cultural-simbólica".
Enquanto dominação e apropriação deveriam caminhar juntas, a primeira prevalece sobre a última, segundo a lógica da
acumulação capitalista. Território, pelo seu valor contábil, reduz-se em mercadoria.
Robert Sack diz que a criação de territórios também dialoga com a prática de controle social. Limitam-se territórios a fim de
atingir/afetar, influenciar ou controlar pessoas, fenômenos e relacionamentos. A territorialidade é um componente de poder
que funda diretrizes políticas, econômicas e culturais, que afetam a maneira como os indivíduos de um recorte civilizacional
experimentam e significam o mundo. Vale atentar que territorialidade não se reduz a um espaço físico verificável — como no
caso dos judeus e a ideia da Terra Prometida, que conforma grande parte de seus valores culturais e determina sua conduta
social.
Todo território é simultaneamente funcional e simbólico; ele realiza "funções" (é recurso) e produz significados (plataforma das
dinâmicas socioculturais).
É necessária a distinção entre os papéis desempenhados pelos atores hegemônicos e hegemonizados. Os atores hegemônicos
adotam o espaço como recurso; isto é, como um meio para se atingir um fim ou suprir uma necessidade humana (como, por
exemplo, as que se reportam à acumulação e o lucro). Os atores hegemonizados enxergam o território como um fim em si
mesmo: o de abrigo. Para estes, predomina a função identitária do espaço, a noção do "ter" está subjugada à noção do "ser".
E, portanto, perder seu território significa para eles "desaparecer".
Quatro grandes "fins" da territorialização que distinguem o caráter flexível do fenômeno na pós-modernidade:
• Abrigo físico, fonte de recursos materiais e/ou meios de produção;
• Identificação cultural de determinado grupo;
• Controle através do espaço (noção de indivíduo inserido em espaços também individualizados); e
• Construção das redes (fluxos de pessoas, mercadorias e informações).
Múltiplos territórios e multiterritorialidade. Nos múltiplos territórios (entre os quais, conhecem-se também aqueles do
capitalismo, territórios-zona — os mais tradicionais — e territórios-rede — mais envolvidos pela fluidez e mobilidade, de alcance
virtualmente global) desenvolve-se a multiterritorialidade e seus desmembramentos de poder.
Governantes territorialistas e governantes capitalistas. Os governantes territorialistas identificam o poder com a extensão e a
densidade populacional dos seus domínios, considerando o capital como um meio ou subproduto da busca de expansão
territorial. Os governantes capitalistas concebem precisamente o contrário: isto é, territórios e domínios caracterizam-se como
meios ou subprodutos da busca pela acumulação de riqueza e capital, sua métrica para medição do poder.
Precedentes históricos de territórios-rede num contexto-protótipo do Estado pré-capitalista, em Veneza do final da Idade Média
e outras cidades-Estado do norte italiano.
Sobre "pluralidade de territórios" e "territórios plurais", de acordo com o doutor colombiano Carlos Zambrano.
As práticas sociais desenvolvidas em diferentes escalas configuram, no mundo contemporâneo, uma fragmentação espacial
alimentada pelos papéis distintos representados pelo homem. As diferentes escalas incluem desde a mais imediata (casa, rua,
bairro) até a mais globalizada, inserida em territórios-rede (como as plataformas virtuais, que dissolvem fronteiras). Tais papéis
desempenhados em escalas plurais caracterizam uma multiterritorialidade. Nesse contexto de pós-modernidade territorial, há
uma soma de fatores quantitativos (unidades de territórios disponíveis) e qualitativos (a capacidade de interagir/intervencionar
neles). Existe também uma prevalência crescente do caráter indistinguível de tais territórios, cada vez mais mesclados,
descontínuos e simultâneos. Mas o acesso a tal flexibilidade desassociada de fronteiras é predominantemente restrito às classes
hegemônicas, à burguesia contemporânea, à elite planetária.
A multiterritorialidade contemporânea não se reduz à mera justaposição de territórios diferentes, mas implica também a
comunicação, interatividade e interferência entre eles, sem a necessidade da mobilidade física. Trata-se da conectividade virtual
dos territórios.

5. Resenha de "Caminhos para o desenvolvimento sustentável", de Ignacy Sachs

O autor, não ignorando a questão econômica, defende o desenvolvimento social aliado às questões ambientais.
Sachs é um dos autores do conceito de ecodesenvolvimento, ou atualmente conhecido como desenvolvimento sustentável.
Artigo primeiro: Rumo a uma moderna civilização baseada em biomassa. Há uma busca do autor de caracterizar o
desenvolvimento social como um processo amistoso ao consumo dos recursos naturais. Tal condição é verificada nos
precedentes históricos. Mas o que se pergunta é: em qual nível o desenvolvimento pode mesmo se comportar como uma
entidade não nociva aos recursos naturais? Dentro da mercadologia capitalista, os recursos são os meios imediatos
predatoriamente consumidos para a confecção dos produtos, mesmo sendo estes últimos secundários às necessidades
humanas enquanto civilização.
Artigo segundo: Pensando sobre o desenvolvimento na era do meio ambiente. Este artigo propõe uma crítica à premissa
empírica do desenvolvimento mercadológico em detrimento dos recursos naturais. O autor parte da esfera individual,
propondo medidas sustentáveis ao cidadão, até penetrar a esfera sociopolítica, em que o coletivo e camadas institucionais
devem agir concomitantemente visando a conservação dos recursos naturais. Enquanto a maior preocupação do mercado
reduz-se ao lucro, sociedades que habitam ambientes florestais necessitam dos recursos extraídos da biodiversidade local, ao
passo que o atual processo econômico revela-se incapaz de conciliar medidas de preservação sustentável com o consumo.
Assim, espelhados nos moldes das frações desenvolvidas do Norte, países do hemisférios Sul procuram replicar tais padrões de
consumo.
Artigo terceiro: Gestão negociada e contratual da biodiversidade. Discorre fundamentalmente sobre a manutenção dos
recursos naturais, a fim de garantir a permanência no planeta das futuras gerações. Questiona a validade das medidas das
reservas florestais, uma vez que elas convivem com a remoção da população habitante e dependente de determinados espaços
e recursos naturais, como meio fundamental de sobrevivência.
De modo geral os três textos pretendem chamar a atenção do leitor quanto à necessidade de utilizarmos os recursos naturais
de maneira adequada. De acordo com Sachs, os governos deveriam investir em mecanismos para a proteção dos recursos
naturais e não em subsidiar combustíveis fósseis, energia nuclear, transporte rodoviário e a pesca, julgando esses elementos
como complicadores à devastação ambiental.
Sachs posiciona-se em defesa da substituição dos combustíveis fosseis pelos biocombustíveis, através da biomassa gerando
energia, ou através do etanol, que tem potencial menos agressivo ao meio ambiente. E nesse ponto sabemos que, embora seja
uma ótima saída, isso esbarra em interesses contrários que se constituem em um campo de força resistente às mudanças,
referenciado pelo autor como “forças de mercado”.
[...] o padrão de exploração de recursos naturais consiste em uma trajetória histórica que se potencializou com o avanço do
capitalismo, em consonância com a dominação imperialista econômica e social. A não ser que as sociedades ocidentais passem
por profundas transformações em sua economia e em seu modo de vida, incluindo seu sistema econômico, os mesmos grupos
sociais que hoje dominam grande parte das sociedades mundiais continuarão a dar as cartas do jogo.
[...] Será que é possível pensar em sustentabilidade na vigência de um sistema capitalista de mercado? Nessa perspectiva de
sustentabilidade sem uma mudança estrutural, os grupos menos favorecidos que praticam a conservação e utilizam os recursos
naturais para seu sustento estarão na mesma posição, comparado a outros grupos sociais que não praticam estes atos
sustentáveis no seu dia a dia? Levando em conta esses elementos, se faz necessária muita reflexão para conseguir propor
alguma solução prática para o problema da desigualdade social, que talvez seja um dos principais obstáculos para que se
instaure um padrão de desenvolvimento próximo ao que se pretende chamar de sustentabilidade.
[...] “Uma nova forma de civilização, fundamentada no aproveitamento sustentável dos recursos renováveis, não é apenas
possível, mas essencial.” M. S. Swaminathan Idéias sustentáveis.
[...] O estudo da biodiversidade não deveria estar limitado a um inventário de espécies e genes.– Porque o conceito abrange
também os ecossistemas e as paisagens; – Porque a biodiversidade e a diversidade cultural estão entrelaçadas no processo
histórico de coevolução. O paradigma do “Biocubo”
[...] O uso produtivo não necessariamente precisa prejudicar o meio ambiente ou destruir a diversidade, se tivermos consciência
de que todas as nossas atividades econômicas estão solidamente fincadas no ambiente natural.
[...] Disponibilizar biotecnologia moderna para os pequenos fazendeiros, capacitando-os assim, a participarem da segunda
revolução verde; – Acesso a terra, conhecimento, crédito e ao mercado, bem como melhorar a educação rural. •
Desenvolvimento da Química Verde, como complemento ou até como substituto pleno da petroquímica, trocando energia fóssil
por biocombustíveis; O Clima Tropical • Foi por muito tempo encarado como uma deficiência; • Desponta agora como uma
vantagem natural, por permitir produtividades maiores que as apresentadas nas zonas temperadas. O Clima Tropical • Portanto,
os países tropicais, de modo geral, e o Brasil, em particular, tem hoje uma chance de pular etapas para chegar a uma moderna
civilização de biomassa.
[...] Ecológico: Preservação e proteção do capital natural na sua produção de recursos renováveis; Limitar o uso dos recursos
não-renováveis.

>> OUTRA RESENHA DO MESMO LIVRO. No primeiro artigo, o autor destaca que as civilizações sempre dependeram da natureza
para sua sobrevivência, e que o desenvolvimento da sociedade é possível sem que haja a destruição do ambiente natural.
[...] Afirma a necessidade de policiarmos nossas ações, que produzem efeitos negativos ao planeta e argumenta sobre a
importância de se pensar em um crescimento econômico que vise a proteção da biodiversidade. Na visão do autor esta última
é condição essencial ao desenvolvimento, diferentemente de outras opiniões sobre a questão, que consideram a proteção ao
meio ambiente um ato reverso ao avanço. [...] faz críticas às politicas de mercado, e sua incapacidade de mediar uma condição
de desenvolvimento de caráter sustentável nos moldes atuais, pois segundo ele a maior preocupação do mercado é o lucro.
Essa política de mercado de matriz capitalista predomina entre os países desenvolvidos do Norte, que mantêm um padrão de
consumo elevado e divergente dos princípios do desenvolvimento sustentável, e que também penetra os países do hemisfério
Sul, que tentam reproduzir estes padrões.
[...] O terceiro artigo discute mais especificamente a conservação da biodiversidade, do respeito e da gestão territorial como
um ideal ético. A conservação da biodiversidade na visão do autor se faz necessária para que as futuras gerações possam se
manter neste planeta. Para Sachs a criação de reservas florestais, do ponto de vista da preservação ambiental, consiste em uma
política autoderrotada, uma vez que viola o direito à vida por incorrer na retirada da população habitante e dependente de
determinados espaços e recursos naturais correspondentes, como único meio de sobrevivência.
[...] os governos deveriam investir em mecanismos para a proteção dos recursos naturais e não em subsidiar combustíveis
fósseis, energia nuclear, transporte rodoviário e a pesca, julgando esses elementos como complicadores à devastação
ambiental.

6. Resenha de "El desarrollo em uma perspectiva territorial multidimensional", de Marcos Saquet

El territorio y el desarrollo se fundan en relaciones sociales, naturales, en conflictos, conteniendo heterogeneidad, cambios,
permanencias, desigualdades, diferencias e identidades (INDOVINA y CALABI, 1974; SAQUET, 2007). El desarrollo es una
problemática territorial (BAGNASCO, 1977).
[...] la producción es el primer uso del territorio, por medio de la cual se extrae la plusvalía, es decir, el territorio se substantiva
como capital constante.
[...] El territorio es construido socialmente y, al mismo tiempo, es condición para la valoración del capital, mediando la extracción
de plusvalía (relaciones capital-trabajo), en una comprensión eminentemente relacional del territorio, con énfasis para la
apropiación capitalista.
[...] Individuos trabajadores y consumidores están normalmente concentrados en la ciudad, considerado el elemento territorial
más significativo en la circulación y reproducción ampliada del capital. En ella, ocurre el consumo de bienes y de la propia ciudad
a través de sus valores de uso e cambio.
[...] Lo rural y lo urbano se interconectan, y en muchas situaciones se confunden en virtud de las interacciones y
complementariedades. [...] hay complementariedad en los procesos territoriales.
[...] ¿qué significan los territorios y las territorialidades en los espacios urbanos y rurales? Brevemente, el territorio es la
construcción social, a partir de las distintas formas de uso y apropiación del espacio geográfico. Por lo tanto, es histórico,
relacional y multidimensional, formado principalmente por las relaciones de poder, sin embargo incluyendo siempre, las redes
de circulación y de comunicación, la naturaleza, las diferencias, las desigualdades y las identidades culturales.
[...] hay redes de ciudades y ciudades en red (SPOSITO, 2006) o una estructura reticular urbana, como sostiene Dematteis
(1985b), que interconecta lugares, personas y actividades en una compleja trama territorial que ultrapasa los espacios rurales
de cada municipio, transponiendo fronteras político-administrativas y físico-naturales. Uno de los procesos a considerar son los
tipos de transacciones comerciales realizadas entre los espacios urbanos y rurales, formando redes de circulación y
comunicación por los comerciantes, industrias y prestadores de servicios instalados en las ciudades (CORRÊA, 1989) que
involucran los productos provenientes del espacio rural y de la ciudad.
[...] Las ciudades son comprendidas como espacios privilegiados de producción, circulación, cambio, consumo y de reproducción
ampliada del capital; integran diversos sectores productivos, mercantiles, financieros, de servicios, fuerza de trabajo, actividades
de regulación, control, administración y decisión. “La ciudad, marcada por la concentración (…) es el espacio ideal para la
realización de actividades que requieren encuentro, proximidad o posibilidad de comunicación, especialización y
complementariedad de papeles y funciones”
[...] Las territorialidades, de manera como estamos pensando sobre el enfoque territorial significa en pocas palabras: a)
relaciones sociales, de poder, en ámbito multidimensional; b) objetivos y metas de las personas; c) apropiación simbólica y
concreta de espacio geográfico transformado en territorio; d) prácticas espacio-temporales-territoriales, como síntesis de las
relaciones sociedad-naturaleza (SAQUET, 2011). Esto significa considerar las dinámicas históricas y relacional, al mismo tiempo
en la formación de cada territorio y en el movimiento más amplio de desterritorialización y reterritorialización (RAFFESTIN,
1984), subvencionando de manera consistente y sistemática la discusión y construcción de planes y proyectos de desarrollo
territorial.
[...] El problema del desarrollo, por lo tanto, necesita ser comprendido a partir de las relaciones existentes entre los espacios
urbano y rural y, al mismo tiempo, de las procesualidades (históricas y relacionales – temporalidades y territorialidades)
ambientales, económicas, políticas y culturales. He aquí un gran desafío para estudiosos, investigadores, planificadores,
arquitectos, geógrafos, ingenieros, sociólogos, gestores, etc. Desafío porque, normalmente, por ejemplo, las intendencias no
tienen un equipo interdisciplinar para estudiar y planear el uso y la gestión de los espacios públicos y privados. Muchas veces,
las actividades son fragmentadas, puntuales, sin continuidad en el tiempo y sin consultar e involucrar los habitantes de la ciudad
y de los espacios rurales. Eso resulta, evidentemente, en acciones insuficientes y fragmentadas.
[...] no es posible concebir la planificación y la gestión de lo urbano, con vistas al desarrollo sostenible y territorial, sin considerar
las relaciones urbano-rurales. Es un proceso intrínseco a la problemática del desarrollo en la perspectiva que estamos aludiendo.
[...] En otras palabras, pensar en el desarrollo local requiere no solamente mirar para la eficiencia económica (agregado de
valor), pero también buscar contribuir para la mejora de la calidad de vida de las personas.
[...] Se hace necesario construir participativamente procesos de desarrollo con distribución de riqueza, protección ambiental y
atendimiento, por lo menos, de las necesidades elementares de las personas, contraponiéndose a una concepción capitalista
de desarrollo.
[...] La participación de la población es fundamental para la gestión participativa de lo urbano y de lo rural, en fin, municipal y
territorial. Es un proceso de compartir informaciones y decisiones, técnicas y conocimientos, saberes y experiencias, implicando
en un reordenamiento del territorio local objetivando mejorías de calidad de vida para todos a partir de la recuperación y
preservación ambiental, la valorización de los saberes y de las identidades, programas de seguridad, educación, salud, etc.,
todos de excelencia.
[...] Muchas ciudades y localidades rurales, por ejemplo, contienen significados de pertenencia, identidades y solidaridades,
iniciativas de movilización y experiencias, normalmente de barrios o de condominios, que necesitan ser estudiadas, valorizadas,
socializadas y dinamizadas en la forma de redes de cooperación para el desarrollo del pueblo. Vivir con calidad de vida significa
superación del inmediatismo, individualismo y de la degradación ambiental.

7. Resenha de "Desenvolvimento como Liberdade", de Amartya Sen

[...] em contraposição ao viés restritivo que associa o desenvolvimento puramente através de fatores como crescimento do
Produto Interno Bruno, rendas pessoais, industrialização, avanço tecnológico ou modernização social. Embora tais fatores
contribuam diretamente para a expansão de liberdades que possam vir a ser usufruídas pelos membros de uma determinada
sociedade, o crescimento econômico não pode ser considerado um fim em si mesmo, de modo que o desenvolvimento tem
que estar relacionado sobretudo com a melhora da vida dos indivíduos e com o fortalecimento de suas liberdades. [...] Dessa
forma o autor aponta, além da industrialização, do progresso tecnológico e da modernização social, as disposições sociais e
econômicas, a exemplo dos serviços de educação e saúde, e os direitos civis, como a liberdade política, como exemplo de fatores
de promoção de liberdades substantivas. O êxito de uma sociedade deve ser avaliado [...] através das liberdades substantivas
que os indivíduos dessa determinada sociedade desfrutam
[...] Tais liberdades substantivas são os frutos do desenvolvimento
[...] Através de tais carências um indivíduo tem sua liberdade limitada, vivendo diante de condições degradantes, sem
perspectivas de alcançar idades mais avançadas ou de participar de maneira atuante na política, a exemplo do modelo proposto
por Jürgen Habermas acerca da cidadania deliberativa, no qual os atores sociais devem deliberar em conjunto de maneira
dialógica na elaboração e implantação das políticas públicas.
[...] A análise que Amartya Sen fez acerca do desenvolvimento “atenta-se particularmente para a expansão das “capacidades”
das pessoas de levar o tipo de vida que elas valorizam – e com razão. Essas capacidades podem ser aumentadas pela política
pública, mas também, por outro lado, a direção da política pública pode ser influenciada pelo uso efetivo das capacidades
participativas do povo. Essa relação de mão dupla é central na análise aqui apresentada.
[...] a riqueza por si só não é alvo de interesse real dos indivíduos, mas sim as experiências e estilos de vida com que a riqueza
estabelece pontes de conexão. As liberdades, dessa forma, precisam ser encaradas idealmente como meios e fins ligados ao
desenvolvimento, de modo a alcançar um grau de liberdade consolidado que possa vir a ser cada vez mais usufruído pelos
indivíduos.

>> OUTRA RESENHA DO MESMO LIVRO [1]. Se há uma palavra que possa sintetizar e apresentar (como faz o título) grande parte
da idéia presente ao longo do livro é: Liberdade, tema que Sen propõem trazer ao debate acompanhado da proposta e de
concepções de Desenvolvimento. [...] entender a Liberdade como causa e conseqüência do Desenvolvimento.
[...] A questão da participação também é central para alguns dos problemas básicos que tem minado a força e o alcance da
teoria do desenvolvimento. Por exemplo, argumentou-se que o desenvolvimento econômico do modo como conhecemos pode,
na realidade, ser danoso a um país, já que pode conduzir à eliminação de suas tradições e herança cultural. Objeções desse tipo
são com freqüência sumariamente descartadas com o argumento de que é melhor ser rico e feliz do que pobre a tradicional.
[...] o desenvolvimento requer que se removam as principais fontes de privação de liberdade: pobreza e tirania, carência de
oportunidade econômica e destituição social sistemática, negligência dos serviços públicos e intolerância ou interferência
excessiva dos Estados repressivos.

>> OUTRA RESENHA DO MESMO LIVRO [2]. [...] liberdade não como um conceito abstrato desprendido da realidade social, mas
como pressuposto para que o atual modo de produção se desenvolva com um mínimo de racionalidade. Em que pese o fato de
autores liberais pugnarem pelo dever de a sociedade civil garantir liberdades públicas a todos os cidadãos, trata-se de discurso
cujo sentido não se presta à prática; ao contrário, seu maior propósito é encobrir e justificar as condições de dominação de uma
sociedade em que alguns são muito mais livres que outros.
[...] O livro objeto deste comentário foi escrito com base em cinco palestras que SEN proferiu como membro da presidência do
Banco Mundial (Bird), quatro em 1996 e uma complementar em 1997, para um público formado praticamente apenas por
membros (funcionários e colaboradores) dessa organização. Pessoas, portanto, com visão de mundo que, acredito, apenas com
grande dificuldade aceitariam comentários econômicos visando à progressão de direitos sociais. O livro de SEN é claramente
voltado para a busca, dentro do sistema econômico liberal, de meios para solução de problemas sociais, tendo sido escrito de
modo que aquele público aceitasse ouvir seus argumentos. Ou seja, trata-se de um livro com idéias que pugnam pela reforma
do sistema capitalista, mas não por sua transformação radical.
[...] O problema está no fato que SEN parte dos mesmos pressupostos liberais do atual sistema econômico, reproduzindo-o e,
ainda que visando à distribuição justa da produção, considera que a distribuição igualitária deveria ocorrer muito mais por
caridade das classes sociais que detêm o poder econômico (e, a reboque, os poderes ideológico e político) que por direito da
maioria dos homens que, embora trabalhem e produzam, o acesso ao produto de seu trabalho lhes é negado.
[...] livro Desenvolvimento como Liberdade, em que trata de temas importantíssimos como direito, direitos humanos, teorias
da justiça, democracia e economia, busca apontar caminhos para a solução de questões atuais e prementes, como desigualdade
social, injustiça e ausência de liberdades, dentro dessa compreensão ideal/racional/individualista do mundo e da realidade
social.
[...] SEN parte de certos pressupostos nitidamente idealistas, como a afirmação segundo a qual “Para combater os problemas
que enfrentamos, temos de considerar a liberdade individual como um comprometimento social” (SEN, 2000:10). Sem dúvida,
se não estivéssemos falando de economia, isto é, de um mundo em que a liberdade máxima de um indivíduo representa a
ausência completa de liberdade para os demais, talvez fosse possível concordar com tal assertiva.
[...] O ponto, bem diferente, é que a abordagem a partir de uma compreensão individualista de mundo permite entender que
todos os membros da sociedade teriam direito às mesmas liberdades quando, na prática, na vida real, o fato de alguns já terem
concretizado o objeto de suas liberdades antes dos demais causa a estes a impossibilidade de exercerem sua liberdade
individual nos mesmos termos daqueles. Nesse sentido, se os que chegaram antes têm vantagem sobre os demais e se isso é
considerado como algo normal dentro das regras sociais, o desenvolvimento econômico acabaria sendo apropriado por esses
mesmos “pioneiros” que, por “justiça”, teriam direito à apropriação da maior parte dos recursos sociais a serem distribuídos.
Aliás, que por sua apropriação não serão distribuídos.
[...] Ao longo dos doze capítulos de Desenvolvimento como Liberdade não há sequer uma única crítica veemente ao modelo
econômico do Ocidente, qual seja, o sistema capitalista de produção. SEN argumenta como se todos os problemas que
decorrem das contradições internas do modo de produção capitalista fossem questões meramente conjunturais, que podem
ser resolvidas com correções a serem promovidas pelos sistemas democráticos de governos, como se a teoria econômica liberal
e a teoria democrática fossem de algum modo perfeitamente compatíveis. Por exemplo, SEN deixa de lado qualquer busca pela
solução do problema da distribuição dos bens sociais. Em vez de tratar de tal assunto, fundamental em qualquer estudo sério
de filosofia política ou mesmo econômica, prefere descrever as teorias de justiça social que considera importantes, comentando
exclusivamente três teorias liberais.
[...] o Autor afirma que é pelo desenvolvimento que se atingem as liberdades, que também são os meios para se chegar ao
desenvolvimento. Tal relação dialética é aceitável e creio que não pode ser objetivamente contestada, desde que se leve em
consideração a seguinte pergunta: liberdade e desenvolvimento para quem?
Não é possível responder “para o Homem”, pois tal ser universal-abstrato não existe no mundo real. O desenvolvimento
econômico e social refere-se não só à compreensão dos direito abstratos e das teorias igualmente abstratas de justiça ou de
economia mas, isto sim, à compreensão de que direitos são conferidos às pessoas em cada tempo e contexto social, com base
nas relações de troca desse mesmo tempo e local, e do modo como o produto da riqueza social deve ser distribuído entre todos.
Tal compreensão faz toda a diferença para a determinação do que pode ser entendido como liberdade e, de igual modo, como
desenvolvimento. O homem não é algo ideal, mas a representação ideal de homem acaba por substituir os homens concretos
(que produzem e que, por sua produção, deveriam ter acesso ao produto de seu trabalho) e se torna base de uma forma de
compreender a realidade social que não leva os homens concretos em conta.
Este é o problema do idealismo: o homem concreto não tem significado, apenas o homem ideal. SEN parece ter consciência
disso mas, pelo sentido que deu a seu livro, de buscar reformas no sistema econômico atual, não poderia fundamentar seus
argumentos a partir do materialismo histórico.
[...] SEN afirma que os argumentos liberais deveriam deixar de ser considerados válidos se a reprodução do sistema econômico
causar, ainda que a uma única pessoa, a situação de penúria, que equivale à condição de impossibilidade de acesso a liberdades
(ou, com H. ARENDT, do direito a ter direitos). Ora, se a questão da pobreza é uma afronta aos ideais liberais e todos deveriam
ser livres da miséria, a conclusão óbvia é que o poder público deve agir para eliminar as condições de penúria e garantir o
chamado freedom from want.
Na arena dos debates políticos, isto é simplesmente perfeito. Contudo, sempre é possível – e até esperado – que o poder
econômico despreze o discurso ideológico e mantenha as condições que impedem a distribuição, reproduzindo a lógica
econômica à revelia do que tenta ser apresentado como reforma democrática pela política ou o direito. Ou seja, mesmo que
bem fundamentado em favor da redução da miséria social, o discurso político pode ser ineficaz contra um modo de produção
cujo sistema determina a acumulação do produto social.

8. Resenha de "Desenvolvimento sustentável: o desafio do século XXI", de José Eli da Veiga

[...] As noções ligadas à cooperação são as que subsidiam o conceito “macro” de sustentabilidade, ligado à noção de
desenvolvimento sustentável. Aquelas ligadas à competição aparecem relacionadas ao uso do conceito para designar
organizações sustentáveis (como sinônimo de competitivas). Emerge, portanto, um desafio teórico e prático para a área de
pesquisa em sustentabilidade, qual seja, o de trabalhar com a hipótese de se equilibrar competição e cooperação, ou de se
construir uma organização competitiva (ou sustentável) dentro da idéia de um desenvolvimento social cooperativo (ou
sustentável).
Nesse sentido, a obra de Veiga oferece uma importante contribuição ao localizar historicamente o surgimento e a posterior
evolução dos conceitos de desenvolvimento e de sustentável, inicialmente isolados e posteriormente associados na expressão
desenvolvimento sustentável. Para o autor, essa expressão deve ser entendida como uma das mais generosas surgidas no
século passado, apenas comparável à idéia, bem mais antiga, de justiça social. Ambas são valores fundamentais de nossa época
por exprimirem desejos coletivos enunciados pela humanidade, ao lado da paz, da democracia, da liberdade e da igualdade.
Uma nova utopia para o século XXI? Sim, se entendermos utopia no sentido filosófico, enquanto visão de futuro compartilhada
por uma determinada civilização. Finalizando, citamos as palavras do autor, quando afi rma que o seu novo livro é destinado às
pessoas que “pressentem que o desenvolvimento sustentável é um dos mais generosos ideais da humanidade, mas que,
simultaneamente, percebem que a nebulosidade e ambigüidade da expressão geram inevitáveis ilusões”.

>> OUTRA RESENHA DO MESMO LIVRO. [...] freqüente é tratar o desenvolvimento como sinônimo de crescimento econômico.
Exemplo: O Produto Interno Bruto per capita.
[...] O principal vírus que dissemina a inviabilidade econômica da grande maioria dos países “em desenvolvimento” atende pelo
nome de miséria científico-tecnolgógica.
[...] “Com o fim da guerra fria, a única fonte de renda estratégica para alguns países é, ironicamente, o perigo que sua
instabilidade representa para seus vizinhos ricos. Alguns países ricos preferem ajudar vizinhos pobres para evitar a suas
desestabilização e conter a migração.”
[...] "O século XX estabeleceu o regime democrático e participativo como modelo preeminente de organização política. Os
conceitos de direitos humanos e liberdade política hoje são parte da retórica prevalecente."
“A despeito de aumentos sem precedentes da opulência global, o mundo atual nega liberdades elementares a um grande
número de pessoas, talvez até à maioria. Às vezes, a ausência de liberdades substantivas relaciona-se diretamente com a
pobreza econômica, que rouba das pessoas a liberdade de saciar a fome, de obter uma nutrição satisfatória ou remédios para
doenças curáveis, a oportunidade de vestir-se ou morar de modo apropriado, a possibilidade de ter acesso à água tratada ou
saneamento básico.”
“Na virada do século XX, a principal economia capitalista de mercado, a Grã-Bretanha, ainda apresentava uma expectativa de
vida mais baixa que a hoje alcançada, em média, nos países de baixa renda."
[...] "[Adam Smith] Não disse apenas que a pobreza assume a forma bruta de fome e privação física, mas também que ela pode
surgir nas dificuldades que alguns segmentos encontram para participar da vida social e cultural da comunidade.”
[...] “O desenvolvimento tem sido exceção histórica e não regra geral. Ele não é o resultado espontâneo da livre interação das
forças do mercado. Os mercados são tão somente uma entre as várias instituições que participam do processo de
desenvolvimento. E os únicos países da periferia a se saírem razoavelmente bem durante a última década do século XX foram
exatamente aqueles que se recusaram a aplicar ao pé da letra as prescrições cultuadas no chamado Consenso de Washington.”
“Na concepção de Sem e de Mahud, só há desenvolvimento quando os benefícios do crescimento servem à ampliação das
capacidades humanas, entendidas como o conjunto das coisas que as pessoas podem ser, ou fazer, na vida. E são as quatro as
mais elementares: ter uma vida longa e saudável, ser instruído, ter acesso aos recursos necessários a um nível de vida digno e
ser capaz de participar da vida da comunidade.”
[...] o IDH não é uma medida compreensiva, pois, não inclui, por exemplo, a capacidade de participar nas decisões que afetam
a vida das pessoas e de gozar do respeito dos outros na comunidade.
“O índice de Desenvolvimento Social (IDS) tem cinco componentes com pesos iguais: a) saúde, com indicadores de expectativa
de vida ao nascer e taxa de sobrevivência infantil (o complemento para 1 da taxa de mortalidade infantil); b) educação, com
taxa de alfabetização e indicadores da escolaridade média, medida por anos de estudo; c) trabalho, com taxas de atividade e
de ocupação; d) rendimento, com PIB per capitã e coeficiente de igualdade (0 complemento para 1 do coeficiente de Gini); e)
habilitação, com disponibilidade domiciliar de água, energia elétrica, geladeira e televisão.”
“A maior dificuldade está na natureza necessariamente multidimensional do processo de desenvolvimento. Ela sempre tornará
muito duvidoso e é discutível qualquer esforço de se encontrar um modo de mensuração que possa ser representado por um
índice sintético, por mais que se reconheça seu valor simbólico e sua utilidade em termos de comunicação.”
[...] Em primeiro lugar, estão os que acreditam que não exista dilema entre conservação ambiental e crescimento econômico.
Crêem, ao contrário, que seja factível combinar essa dupla exigência. Todavia, não há qualquer evidência científica sobre as
condições em que poderia ocorrer tal conciliação.
[...] o saudoso Nicholas Georgescu-Roegen lançou o alerta sobre o inexorável aumento da entropia. Baseado na segunda lei da
termodinâmica, ele assinalou que as atividades econômicas gradualmente transformariam energia em forma de calor tão
difusas que são inutilizáveis. A energia está se passando, de forma irreversível e irrevogável, da condição de disponível para não
disponível.
[...] O crescimento da população e da produção não deve levar a humanidade a ultrapassa a capacidade de regeneração dos
recursos e de absorção dos desejos
[...] Enquanto os melhores globalistas mostram a crescente importância de problemas que engendram cada vez mais
consciência sobre o destino comum da humanidade, os melhores céticos alertam para a contínua primazia de interesses
nacionais e de fatos culturais que dão sentido às identidades socioterritoriais.” [Eu entendo que, em realidade, há uma demanda
global para se responder às questões de ordem sustentável, mas práticas setorizadas, territorializadas, poderiam compor um
dos critérios para a construção de um cenário otimista futuro.]
“O desgaste da camada de ozônio, o aumento do efeito estufa e as perdas de biodiversidade são problemas globais em sua
própria gênese e âmago. São três questões que explicam o cerne dos conflitos sociais sobre a sustentabilidade. Este cerne reside
na dificuldade de, preservar e expandir as liberdades substantivas de que as pessoas hoje desfrutam sem comprometer a
capacidade das futuras gerações desfrutarem de liberdade semelhante ou maior.”
“Só uma verdadeira solução global poderia garantir um futuro humano e sustentável, afirma o Global Scenario Group.
[...] A sustentabilidade não é, nunca será, uma noção de natureza precisa, discreta, analítica ou aritmética, como qualquer
positivista gostaria que fosse. Tanto quanto a idéia de democracia – entre muitas outras idéias tão fundamentais para a evolução
da humanidade, ela sempre será contraditória, pois nunca poderá ser encontrada em estado puro.”
“A humanidade precisa evitar guerras, tiranias, pobrezas, assim como degradação da biosfera e destruição da diversidade
biológica e ecológica. Tratar-se de obter qualidade de vida para o homem e para a biosfera que não seja conseguida
principalmente à custa do futuro. Abarca a sobrevivência de diversidade cultural e também de muitos dos organismos com os
quais ele divide o planeta, assim como as comunidades que eles formam.”
“Sachs considera que a abordagem fundamentada na harmonização de objetos sociais, ambientais e econômicos, primeiro
chamada de ecodesenvolvimento, e depois de desenvolvimento sustentável, não se alterou substancialmente nos vinte anos
que separaram as conferencias de Estocolmo e do Rio. No que se refere às dimensões ecológicas e ambientais, os objetivos de
sustentabilidade formam um verdadeiro tripé: 1) preservação do potencial da natureza para a produção de recursos renováveis;
2) limitação do uso de recursos não renováveis; 3) respeito e realce para a capacidade de autodepuração dos ecossitemas
naturais.
[...] Mesmo que ainda esteja longe o surgimento de uma medida mais consensual de sustentabilidade ambiental, é
imprescindível entender que os índice e indicadores existentes já exercem papel fundamental nas relações de fiscalização e
pressão que as entidades ambientalistas devem exercer sobre governos e organizações internacionais.

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