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Esquema
Esquema
O ponto de partida dessa pesquisa foi uma consulta ao Google com as palavras-chave ‘indígenas’
‘surdos’. Esta resultou em uma reportagem da revista da Revista Nova Escola intitulada ‘Fim do
isolamento dos índios surdos’, publicada em dezembro de 2007, assinada por Thaís Gurgel, a
qual continha referências aos trabalhos incipientes das pesquisadoras GIROLETTI e VILHALVA.
Essas duas autoras podem ser situadas no investimento recente nos estudos sobre o tema,
especialmente VILHALVA, linguista surda, que publicou, em 2012, como desdobramento de seu
trabalho um livro que é referência para a área: Índios Surdos: Mapeamento da Língua de Sinais
do Mato Grosso do Sul. Os demais autores COELHO, SUMAIO e AZEVEDO também foram
identificados a partir do aprofundamento das buscas pela internet. Salvo engano, estes cinco
trabalhos são os principais desenvolvidos acerca do tema, uma vez que produzidos a partir de
pesquisas de longa duração. Fazer referência às teorias dos autores.
Todos esses trabalhos fazem referência à única língua de sinais indígena já registrada
em território brasileiro, a dos Urubu-Kaapor, do Maranhão, identificada e analisada pelo
pesquisador canadense Kakumasu na década de 1960, e posteriormente pela linguista brasileira
Ribeiro, na década de 1980, que buscou marcar sua especificidade em relação à LIBRAS. Entre
os Urubu-Kaapor cerca de 2% do contingente populacional era surdo, nas últimas décadas do
século XX, em decorrência de uma epidemia de bouba neonatal (ISA, 2017). Foi constatado que
a língua de sinais era compartilhada pelos surdos e pelos ouvintes, sendo toda a comunidade
bilingue (KAKUMASU).
O que parece ensejar esse investimento recente no estudo de línguas de sinais entre
povos indígenas no território brasileiro é, por um lado, a oficialização da LIBRAS como língua
oficial brasileira da comunidade surda, reconhecida como uma minoria linguística, estabelecida
pela Lei 10.346 de 24 de abril de 2002, regulamentada pelo Decreto 5626 de 22 de dezembro
de 2005, e a decorrente recomendação de seu ensino às pessoas surdas, junto da língua
portuguesa escrita, desde as séries iniciais. A legislação prevê assim o direito a uma educação
bilingue à pessoa surda requerendo um ajustamento das instituições de ensino.
Uma das iniciativas governamentais baseadas nessas novas determinações legais, fora a
implantação do Programa Nacional de Apoio à Educação de Surdos do Ministério da Educação,
que tinha como uma das metas a oferta de curso de LIBRAS à professores da educação básica
para que pudessem estar aptos à comunicação com alunos surdos. A pedagoga e linguista surda
Shirley Vilhalva, que trabalha com educação de surdos desde a década de 1990, integrou um
desses projetos no estado do Mato Grosso do Sul visitando e conhecendo a realidade de
diferentes escolas indígenas. A partir de sua constatação de que não havia uma discussão sobre
a existência de alunos surdos indígenas nesses espaços escolares, e de seu interesse pelas
línguas de sinais, Vilhalva decidiu por realizar uma pesquisa como parte integrante do curso de
mestrado em Linguística da UFSC, a fim de registrar os sinais emergentes (detalharemos o
conceito a seguir) das comunidades indígenas do Mato Grosso do Sul. Tal pesquisa resultou em
um mapeamento dos indígenas surdos desse estado além de uma discussão acerca dos sinais
emergentes.
Preocupação intercultural