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I. INTRODUÇÃO
As sobretensões nas linhas elétricas de baixa tensão podem ser provocadas por faltas em outra
instalação de tensão mais elevada, por chaveamentos de cargas elétricas ou ainda por descargas
atmosféricas.
Apesar do alto poder destrutivo, dada a intensidade da corrente que pode chegar a 200kA
segundo dados estatísticos, só uma parcela dessa corrente irá atingir as linhas elétricas de uma
instalação predial de baixa tensão.
Do ponto de vista da avaliação dos efeitos dos raios sobre os sistemas de energia existem duas
situações principais a considerar:
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Incidência próxima (descarga indireta)
Sobre semicondutores
A maioria dos dispositivos semicondutores utilizados atualmente nos circuitos eletrônicos dos
eletrodomésticos não possui tolerância suficiente para suportar sobretensões transitórias que
excedam a tensão nominal desses dispositivos.
Mesmo os transientes de tensão de menor intensidade podem degradar os semicondutores
diminuindo conseqüentemente a vida útil dos eletrodomésticos.
O dano no componente ocorre quando uma elevada tensão reversa é aplicada, mesmo que seja
por alguns microssegundos, na junção PN do semicondutor.
Uma alta tensão gerada no chaveamento de uma carga indutiva poderá causar derretimento,
erosão bem como transferência de material nos contatos de contatores e disjuntores dependendo
do tipo de metal utilizado.
A utilização de técnicas de supressão de transientes podem reduzir significativamente o montante
de energia dissipada nos contatos elétricos durante os chaveamentos aumentando
conseqüentemente a vida útil desses contatos elétricos. O uso de supressores, especificamente,
varistores, pode ainda reduzir o ruído gerado pelo arco elétrico.
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Sobre a isolação da instalação
Sobretensões transitórias podem causar disrupção da isolação tanto nas instalações como nos
equipamentos tendo como efeitos distúrbios temporários na operação, falhas instantâneas ou
danos nos circuitos mais sensíveis.
Normas internacionais tais como IEC e UL, possuem tabelas que recomendam distâncias mínimas
entre partes metálicas bem como entre fios e carcaças que podem ser vistas como uma forma de
proteger, limitando as sobretensões em outras partes do circuito.
Se a impedância da instalação limitar a corrente de curto circuito no caso de uma disrupção, os
dispositivos de proteção contra curto circuito e sobrecargas (fusíveis e disjuntores) poderão não
operar.
Considerando a entrada de energia de uma unidade consumidora em baixa tensão, a norma ANSI-
IEEE- C62.41 estabelece parâmetros para classificar as instalações em categorias considerando o
nível de exposição das instalações a descargas atmosféricas.
Para equipamentos localizados na categoria B, ou seja, após o medidor de energia da
concessionária, em uma área de exposição elevada a descargas atmosféricas, o valor da tensão
impulsiva em onda 1,2x50µs a ser aplicada nos DPS (Dispositivo Protetor Contra Surtos) deve ser
de 6kV, o que é compatível com a tensão disruptiva do medidor de energia da concessionária.
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Nível permissível de sobretensão transitória (kV)
1,2/50 µs 10/700 µs
Tensão nominal Uo da instalação em corrente Linhas
alternada (V) elétricas
de sinal
Categoria dos Monofásico Trifásico Monofásico
equipamentos
115/230 127/220 220/380 220/440
120/240 120/208
127/254
I
Equipamento 0,8 1,5 -
especialmente
protegido
II
Aparelhos 1,5 2,5 -
eletrodomésticos e
eletroprofissionais
III
Circuitos de distribuição 2,5 4,0 -
e terminais
IV
Localizados na origem 6,0 6,0 1,5
da instalação
Valores diferentes de tensão nominal são definidos pelas autoridades e/ou engenheiros
de sistemas (vide IEC 60664-1 e IEC 61663-2).
Os valores estabelecidos de tensão nominal entre fase e neutro (Uo) são 127 V e 220 V.
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V. ASPECTOS IMPORTANTES A SEREM CONSIDERADOS NO DIMENSIONAMENTO DE DPS
PARA A ENTRADA DAS INSTALAÇÕES PREDIAIS
Na escolha da Máxima Tensão de Operação Contínua, que muitas vezes corresponde ao valor da
tensão nominal do DPS, deve-se utilizar preferencialmente DPS com tensão nominal superior à
tensão entre fases do sistema para se evitar operação indevida em casos sobretensões
temporárias. Uma falta de neutro, por exemplo, na entrada de energia fará com que a tensão entre
fase e neutro seja praticamente duplicada, porém a corrente de curto circuito neste caso é limitada
pela impedância da instalação impedindo muitas vezes que dispositivos de proteção tipo
disjuntores e fusíveis atuem. O DPS deve ser provido de proteção térmica para prover a
desconexão por elevação de temperatura.
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Corrente de Surto e Energia
Vários cientistas têm concentrado esforços para caracterizar a dispersão da corrente no caso de
uma descarga direta na edificação ou na rede de distribuição de energia objetivando verificar os
efeitos na entrada de energia das edificações para dimensionamento de DPS apropriados.
A dispersão da corrente será função de uma série de variáveis tais como impedância característica
da linha, altura da linha em relação ao solo, impedâncias de aterramento, número de aterramentos
ao longo das linhas, nível de isolação das instalações, dentre outras.
No cenário de uma descarga considerada rara, ou seja, com baixa probabilidade de ocorrência
incidindo diretamente na edificação, será necessário DPS de alta capacidade energética para
suportar 3500 Joules. Por outro lado, deve-se considerar um banco de dados estatísticos e
experiências de campo ao longo de vários anos na aplicação de DPS com capacidade energética
da ordem de 500 Joules utilizados não somente nas entradas das edificações mas também no
secundário de transformadores junto à rede de distribuição de energia.
Na verdade estes resultados fornecem dados para uma análise de custo/benefício e risco
envolvendo a probabilidade de uma corrente de descarga da ordem de 100kA, e o custo para se
implantar um sistema de proteção contra surtos que suporte condições mais severas. Deve-se
ainda levar em conta na análise, fatores que serão determinantes para diminuição da corrente tais
como, “flashes over” distribuídos de forma randômica na instalação e a probabilidade de
ocorrência, uma vez que descargas com valores acima de 85kA têm probabilidade de ocorrência
menor do que 5%.
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Simulações considerando DPS adicionais em cascata ou até mesmo DPS internos aos
equipamentos, utilizados para atender aos requisitos da IEC 61000-4-5, mostram que a energia
depositada nestes componentes seria muito superior à máxima suportada no caso de uma
descarga de 100KA direta na instalação. Os DPS internos aos equipamentos, quando aplicáveis,
são utilizados para atender aos requisitos de compatibilidade eletromagnética especificamente no
que tange aos ensaios de resistibilidade a perturbações eletromagnéticas que são usualmente
resolvidos com a utilização de varistores ou diodos de avalanche de silício de baixa capacidade de
dissipação de energia. Esses componentes são normalmente inseridos nos cartões de circuitos
impressos das fontes de alimentação e são submetidos a tensões de no máximo 4KV em forma de
onda 1,2/50µs para o nível 4 (condição mais severa).
A tabela a seguir mostra valores de energia dissipada em DPS secundário interno ou externo ao
equipamento, em função da distância em relação ao DPS primário localizado na entrada da
edificação para uma descarga de 100KA e energia de 3500 Joules a ser drenada pelos DPS
(primário e secundário).
Escolha da Tecnologia
Focando a proteção contra sobretensões transitórias em linhas elétricas de baixa tensão, existem
várias tecnologias de componentes disponíveis no mercado. Todas possuem características
particulares com vantagens e desvantagens. Dependendo das características dos componentes
e/ou dos circuitos a serem protegidos, estes dispositivos podem ser utilizados individualmente ou
associados em cascata, juntamente com elementos de filtro, etc. O três elementos mais utilizados
estão listados na tabela a seguir.
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VI. CONCLUSÕES
VII. BIBLIOGRAFIA
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IEC 60364-4-442 – Part 4 –Protection of Low-Voltage Installations Against Temporary
Overvoltages and Faults Between High-Voltage Systems and Earth, 1999.
IEC 61643-1 – Surge Protective Devices Connected to Low-voltage distribution Systems Part 1:
Performance Requirements and Testing Methods, First Edition, February. 1998
IEC 61312-3 – Protection Against LEMP - Part 3: Requirements of Surge Protective Devices, 2000.
UL 1449 - Standard for Safety for Transient Voltage Surge suppressors, second Edition, August
1996.
IEEE std C62.34 - IEEE Standard for Performance of Low-Voltage Surge Protective devices
(Secondary Arresters), 1996.
IEEE C62.4 – IEEE Recommended Practice on Surge Voltages in Low-Voltage AC Power Circuits
– 1991.
Visacro, Silvério F., Soares Jr., Amilton, Schroeder e Marco Aurélio – The Brazilian Experience on
Measurement of Lightning Parameters by Means of Instrumented Towers. Proceedings
Ground’2002.
Visac ro, Silvério F., e Silveira, Fernando H. – Lightning Induced Overvoltages: The Influence and
Line Parameters Proceedings Ground’2002.
Mansoor, Arshad, e Martzloff, François – The Effect of Neutral Earthing Practices on Lightning
Current Dispersion in Low -Voltage Installation – IEEE Translations on Power Delivery, Vol. 12, Nº3,
July 1997.
Martzloff, François, e Mansoor, Arshad – The Role and Stress of Surge-Protective Devices in
Sharing Lightning Current – EMC Europe 2002, September 2002.
Autor:
Wagner Almeida Barbosa, Engenheiro Eletricista, 11 anos atuando como Gerente do
Departamento de Desenvolvimento da Clamper indústria e Comércio Ltda. Consultor e membro de
grupos de trabalho junto ao COBEI, ANATEL e outros envolvendo estudos sobre Proteção Contra
Surtos Elétricos.
Wagner@clamper.com.br
Clamper Indústria e Comércio Ltda
Rodovia LMG 800 KM 01, Nº 128, Distrito Industrial Genesco Aparecido de Oliveira
Lagoa Santa- MG – Cep: 33400-000