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O que é Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) e como ele funciona

Não estamos acostumados a pensar em pagar pelos serviços que a natureza

nos presta, mas para tentar diminuir a invisibilidade econômica do meio

ambiente existem ferramentas como o Pagamento por Serviços Ambientais


(PSA)

Todos sabemos da importância da natureza e dos serviços ecossistêmicos que


ela nos presta, mas ainda não damos a tudo isso o devido valor. Os serviços
de uma bacia hidrográfica são inúmeros, e entre eles há o que nos beneficia
diretamente, como a provisão de água para consumo - mesmo assim a
poluição e a degradação se mantêm. O incentivo à produção ainda é muito
maior que o incentivo à proteção dos recursos naturais, mas o Brasil começa a
engatinhar para tentar encontrar um equilíbrio entre eles. O Pagamento por
Serviços Ambientais (PSA) é, de acordo com algumas visões, um instrumento
que tenta estimular a proteção dos serviços ecossistêmicos.
O que é PSA?

O PSA é um instrumento econômico que visa a minimização da falha na gestão


atual (que não considera o valor de um serviço ecossistêmico) por meio de um
novo mercado. O beneficiário ou usuário do serviço ambiental retribui, através
de recursos financeiros ou outra forma de remuneração, aos provedores do
serviço.

Essa ferramenta ajuda na conservação e manejo adequado por meio de


atividades de proteção e de uso sustentável, seguindo o princípio “provedor-
recebedor”. Não adianta só cobrar multas de quem polui, mas também
beneficiar quem presta serviços ambientais.

Para o PSA funcionar deve haver provedores, pessoas engajadas capazes de


preservar e manter o serviço ambiental. E também os compradores, pessoas
interessadas que irão se beneficiar da proteção de tal serviço, como ONGs,
empresas privadas, poder público, pessoas físicas, etc. Vale ressaltar que essa
é uma prática voluntária, e também pode ser adotada por empresas que visem
melhorar sua imagem ou mesmo por pessoas que queiram mitigar os impactos
de suas ações cotidianas.

O foco do PSA hoje é bastante direcionado para proteção e recuperação dos


recursos hídricos e biodiversidade e também para a mitigação das mudanças
climáticas pelo sequestro de carbono através de diversas técnicas. O conceito
e os princípios do PSA não são novidade. Eles teriam surgido no final do
século XX na Costa Rica. As ações implantadas conseguiram reverter a
situação de desmatamento, cerca de 50% da área do país voltou a ter
cobertura vegetal - anteriormente a área verde era de 20%.

Como o PSA é aplicado?

A primeira aplicação nacional do PSA ocorreu com a lei 12.512/11, que instituiu
o Bolsa Verde, um programa que beneficia famílias de baixa renda com R$ 300
a cada três meses para que haja manutenção da vegetação da propriedade,
entre outros fatores relacionados. O reflorestamento também é uma prática
bastante difundida na sociedade, há o pagamento para o plantio de árvores
que prestarão serviços como neutralização de emissões (saiba quanto vale
uma árvore aqui).

Outro exemplo envolve atividades que consomem ou podem poluir recursos


hídricos em altas quantidades. Esse tipo de atividade deve possuir uma
outorga para o uso da água e o pagamento também deve ocorrer; portanto, os
responsáveis pelo empreendimento são considerados usuários do serviço e
participam de um programa de PSA (devido à cobrança pelo uso da água).
Esse projeto de PSA não é considerado um imposto e sim uma remuneração
pelo uso de um bem público - o dinheiro arrecadado é investido para manter e
recuperar bacias hidrográficas que fornecem esse serviço.
Nós, como consumidores, também podemos escolher pagar por serviços
ambientais em produtos sustentáveis, por meio de certificações, como selos
ecológicos. Eles estão presentes em certos produtos orgânicos e em madeira
reflorestada, por exemplo. Quando escolhemos pagar esse valor adicional,
estamos também pagando pela proteção dos serviços ecossistêmicos.

A legislação no Brasil ainda não está formada no que concerne ao PSA.


Existem projetos de lei a serem aprovados pelo governo (PL 792/07 e 312/15).
Essa legislação dispõe sobre recomendações na estipulação de políticas e de
diretrizes, como a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais, e
seriam um grande avanço no combate à degradação ambiental. A justificativa
para criar uma legislação federal para esse mecanismo é que a lei está
condicionada a apenas punir os infratores que degradam o meio ambiente, e
não a premiar quem age corretamente, portanto, essa nova política fortaleceria,
pelo menos em teoria, os princípios de precaução e de prevenção.

Já o Código Florestal promove a ação de pagamento ou incentivos aos


serviços ambientais que gerem: manutenção de Reservas Legais, regulação do
clima, valorização cultural, sequestro de carbono, conservação da beleza
natural, biodiversidade, serviços hídricos e do solo, porém ainda é pouco
difundido e aplicado.

O que ainda falta?

Ainda há muitas divergências quanto a valoração ambiental dos serviços


ecossistêmicos... Estipular um preço para um serviço é muito complexo e não
há um sistema padrão de PSA definido. Falta também definir conceitos e
metodologias para a implantação de projetos de PSA (elaboração, execução e
monitoramento de serviços ambientais) e promover a divulgação sobre os
benefícios desses projetos para conscientizar a sociedade.

Desde de 2007 a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais está


para ser aprovada, com ela grande parte desses problemas poderiam ser
resolvidos e definidos oficialmente. Assim, com o apoio da sociedade e de
regulamentações, haverá uma demanda por serviços ambientais e maior
investimento nos projetos de PSA. O investimento é essencial para os projetos
se tornarem viáveis, pois o ganho do prestador de serviços para preservar a
natureza deve ser maior que o lucro que ele teria com outras atividades
econômicas que degradariam o meio ambiente.

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