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Tetraplégico pilota carro de corrida usando

comandos cerebrais
Campanha da TV Globo mostra feito de Rodrigo Mendes, paralisado após levar um tiro

28/03/2017

Em feito inédito no mundo, o tetraplégico Rodrigo Mendes pilota


um carro de corrida num autódromo de São Paulo - Ramon Vasconcelos/Rede Globo

RIO — Rodrigo Mendes passou os últimos 27 anos acreditando que nunca mais iria dirigir um carro.
Quanto mais um carro de corrida. Aos 18 anos de idade, ele ficou tetraplégico — sem movimentos do
pescoço para baixo — após levar um tiro durante um assalto. Desde então, tornou-se um nome
importante na luta pelos direitos de inclusão daqueles que têm alguma deficiência, fundou o Instituto
Rodrigo Mendes e, agora, virou a primeira pessoa com tetraplegia a pilotar um carro de corrida usando
comandos cerebrais. O veículo foi especialmente projetado pela equipe de tecnologia da TV Globo,
como parte da campanha "Tudo começa pelo Respeito", lançada pela emissora em 2016, em parceria
com Unesco, Unicef, Unaids e ONU Mulheres.

O vídeo da campanha entrou no ar na televisão no último domingo, dia 26, aproveitando o fato de ser
esta a semana de estreia da temporada de Fórmula 1. As imagens foram gravadas no autódromo Velo
Cittá, em Mogi Guaçu, interior de São Paulo, e mostram a equipe colocando em Rodrigo um capacete
no qual foram instalados sensores conectados ao motor do veículo. Por meio de um software, o
mapeamento dos impulsos elétricos produzidos pelas ondas cerebrais do piloto foi enviado para um
computador de bordo conectado ao sistema de direção.

Além dos sensores cerebrais, o carro foi equipado com um sistema de controle totalmente
computadorizado de onde se aciona direção, acelerador, freio, embreagem e mudança de marcha. Uma
câmera frontal detectou o traçado da pista — uma inovação que vem sendo apresentada nas feiras
mundiais de tecnologia. Para segurança de Rodrigo, o veículo contou com um receptor remoto e uma
comunicação direta com as equipes no box.

Rodrigo Mendes usando o capacete com sensores ligado ao motor do


carro - Ramon Vasconcelos/Rede Globo

A tecnologia garantiu que a aceleração do carro e os movimentos de curva para direita e esquerda
fossem conduzidos pelo pensamento de Rodrigo. Na prática, o sistema detecta os padrões de
pensamento e, quando o pensamento treinado é repetido, o computador de bordo reage aos
acionamentos necessários no sistema de direção.

— Fiquei de queixo caído quando vi o carro — disse Rodrigo. — Imaginei que seria algo legal, mas
nunca pensei que o resultado seria assim tão parecido com um carro profissional de corrida. Foi algo
incrível pra mim.
Ele acredita que a tecnologia ajuda a eliminar barreiras para pessoas com deficiência, mas ressalta
também que é preciso eliminar supostas barreiras no dia a dia. Todas as pessoas têm alguma
deficiência, sublinha ele, e isso não deve limitá-las.

Rodrigo Mendes perdeu os movimentos do pescoço para baixo por


causa de um tiro durante um assalto aos 18 anos - Ramon Vasconcelos/Rede Globo

— O mais difícil de ser superado não é a limitação física. É a limitação do preconceito, a limitação da
indiferença, a limitação imposta pela sociedade. As pessoas não são iguais. E não devem ser. O
respeito às diferenças é imprescindível para que os direitos sejam iguais para todos. Além do respeito,
precisamos mudar nossa atitude em busca da eliminação das barreiras. Em outras palavras, o desafio
de se construir uma sociedade inclusiva é meu, é seu, é de todos — defende Rodrigo.

Diretor de Tecnologia da TV Globo, Raymundo Barros afirma que incentivar o uso da inteligência
artificial em prol da acessibilidade é uma das metas da campanha.

— Ficamos muito orgulhosos pelo pioneirismo em desenvolver este projeto, com uma equipe
multidisciplinar, colocando a tecnologia a serviço da acessibilidade. Mais do que encantar as pessoas,
sabemos do nosso poder de mobilização, e a inovação é uma das ferramentas para isso. Muito tem se
falado em inteligência artificial e esta campanha mostra como a tecnologia tem um papel social
importante — destaca Barros.

Os sensores emitem dados a um computador de bordo - Ramon Vasconcelos/Rede Globo

O objetivo final é a mobilização da sociedade para o fortalecimento de uma cultura que não apenas
tolere, mas respeite e discuta amplamente os direitos de públicos vulneráveis à discriminação e ao
preconceito.

— Ao criar um ambiente em que uma pessoa com deficiência é capaz de conduzir um carro de corrida
por comandos cerebrais, queremos mostrar que sua característica não deve ser apenas respeitada, e
sim, encarada como um desafio para a melhoria de toda a sociedade — reforça Sergio Valente, diretor
de Comunicação da TV Globo.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/pela-primeira-vez-


tetraplegico-pilota-carro-de-corrida-usando-comandos-cerebrais-21125512#ixzz4ciFroEUI

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