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UNIVERSIDADE PAULISTA

EDUARDO GAVA POMPEU DE TOLEDO

DANO MORAL POR INSCRIÇÃO INDEVIDA NOS CADASTROS


DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO

SÃO PAULO
2015
EDUARDO GAVA POMPEU DE TOLEDO

DANO MORAL POR INSCRIÇÃO INDEVIDA NOS CADASTROS


DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO

Trabalho de Conclusão de Curso


para obtenção do título de
Graduação em Direito
apresentado à Universidade
Paulista – UNIP.

Orientador: Prof. Fernando


Augusto Salles.

SÃO PAULO
2015
EDUARDO GAVA POMPEU DE TOLEDO

DANO MORAL POR INSCRIÇÃO INDEVIDA NOS CADASTROS


DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO

Trabalho de Conclusão de Curso


para obtenção do título de
Graduação em Direito
apresentado à Universidade
Paulista – UNIP.

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA

_________________________ ___/___/___
Professor Fernando Augusto Salles
Universidade Paulista – UNIP

_________________________ ___/___/___
Professor Convidado
Universidade Paulista - UNIP
“Seja inato ou adquirido, o
comportamento é selecionado por
suas consequências.”

(Burrhus Frederic Skinner)


RESUMO

O dano moral, verdadeira ofensa aos direitos da personalidade, por atingir


umbilicalmente a dignidade da pessoa humana, toma um viés bastante comum
quando o assunto é a inclusão indevida do nome do consumidor no cadastro
de proteção ao crédito – SCPC – SERASA.A proteção ao nome, realizada pelo
Código Civil não se restringe aos aspectos formais deste, mas da imagem que
aquele nome trará aos demais da sociedade. Desta forma, a inserção do nome
da pessoa no rol de maus pagadores gera o dano moral. No mais, apesar da
tímida previsão realizada no Código Civil, o ilícito moral ou patrimonial gera o
dever de indenizar. Questão tormentosa, contudo, incide sobre o montante
indenizável em cada caso concreto.

Palavras-chave: Dano moral; órgãos de proteção ao crédito; direitos da


personalidade; nome; SCPC; SERASA; indenização.
ABSTRACT

The moral damage, true offense to the rights of personality, intimately achieve
the dignity of the human person, takes a fairly common bias when it comes to
the improper inclusion user name in the credit protection registry - SCPC -
SERASA.A protection name, held by the Civil Code is not restricted to the
formal aspects of this, but the image that that name will bring the rest of society.
Thus, the inclusion of the name in the list of bad debtors generates moral
damages. Other than that, despite the timid forecast made in the Civil Code,
moral or equity illicit generates the duty to indemnify. Stormy question, however,
focuses on the indemnification amount in each case.

Keywords: moral injury; the credit protection agencies; personality rights;


name; SCPC; SERASA; compensation.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 8

1 DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE ........................................................ 9


1.1 Conceito .................................................................................................. 9
1.2 Fundamentos ......................................................................................... 11
1.3 Características ....................................................................................... 12
1.4 Proteção constitucional .......................................................................... 14
1.5 Disciplina no Código Civil ...................................................................... 16
1.6 Proteção ao nome ................................................................................. 18
1.7 Proteção à honra ................................................................................... 20

2 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O DANO MORAL ............................ 23


2.1 Conceito de dano moral ......................................................................... 23
2.2 A incorporação do instituto da reparação dos danos morais no CC
de 2002 ............................................................................................................... 24
2.3 A função da indenização ....................................................................... 25

3 DANO MORAL PELA INCLUSÃO INDEVIDA NOS CADASTROS DE


PROTEÇÃO AO CRÉDITO....................................................................................... 27
3.2 Ameaças de inclusão como forma de cobrança de dívida ..................... 28
3.3 O dever de comunicar antes da abertura do cadastro ........................... 28
3.4 Cobrança de dívida já paga ................................................................... 29
3.5 A Súmula 385 do STJ ............................................................................ 31

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 35


8

INTRODUÇÃO

A presente pesquisa tem como escopo o estudo do dano moral quando da


inclusão indevida do nome do consumidor nos serviços de proteção ao crédito.É
sabido que o nome da pessoa é um direito da personalidade, assim como a honra e
a imagem. De rigor a proteção legislativa.

O dano moral atinge o patrimônio moral das pessoas através de um


sentimento negativo no espírito da vítima, causando-lhe sensações desagradáveis.
Entretanto, não se trata de mero dissabor, há de se verificar a potencialidade do
dano em cada caso concreto.

A Constituição Federal de 1988, traz dentre os princípios informadores do


Estado Democrático de Direito a dignidade da pessoa humana. O dano moral, por
sua vez, constitui uma ofensa ao princípio da dignidade, e, portanto, o
reconhecimento da indenização em caso de violação possui viés constitucional.

A pesquisa foi fundamentada em três capítulos. O primeiro capítulo traz uma


abordagem acerca dos direitos da personalidade: seu conceito, fundamentos,
características, proteção constitucional, disciplina no Código Civil, proteção ao nome
e à honra.

Em seguida, o segundo capítulo traz as considerações gerais sobre o dano


moral, seu conceito, a incorporação do dano moral no Código Civil e a função da
indenização.

Por fim, o terceiro capítulo adentra propriamente no tema, dissertando sobre o


dano moral pela inclusão indevida nos cadastros de proteção ao crédito, trazendo à
baila a discussão sobre a forma de cobrança e a ameaça de inclusão do nome do
consumidor nos serviços de proteção ao crédito ante o débito em aberto, o dever de
comunicar antes da abertura do cadastro, a cobrança da dívida já paga e a previsão
da Súmula 385 do Superior Tribunal de Justiça
9

1 DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE

1.1 Conceito

Em linhas gerais, a personalidade denota o conjunto de atributos inerentes à


pessoa humana, de modo que os chamados direitos da personalidade são direitos
humanos fundamentais.

Cabe ilustrar, em apertada síntese, as definições de personalidade trazidas


pela doutrina. Consoante leciona De Plácido e Silva (2004, p. 1035):

A personalidade, oriunda do latim personalitas, de persona (pessoa),[...]


quer, propriamente, significar o conjunto de elementos, que se mostram
próprios ou inerentes à pessoa, formando ou constituindo um indivíduo que,
em tudo, morfológica, fisiológica e psicologicamente se diferencia de
qualquer outro. Assim, opondo-se à acepção de generalidade, traz consigo
do sentido de individualidade, particularidade e singularidade, exprimindo o
conceito de uma relação abstrata de existência, ou seja, o próprio ego
concreto da pessoa natural. É a qualidade de pessoa.

[...] A personalidade, portanto, exprime o caráter próprio, e designa a vida


com independência, a vida autônoma.

A personalidade civil, por sua vez,

Exprime, tecnicamente, a qualidade de pessoa, já legalmente protegida,


para que lhe sejam atribuídos os direitos e as obrigações, assinalados na
própria lei. É a que decorre da existência natural ou jurídica.
[...]
A personalidade civil, pois, assegura à pessoa o direito de ter uma
existência jurídica própria e de ser sujeito de direitos, integrando conceito
mais amplo que o de capacidade, onde se faz mister somente a existência
da pessoa, atributo da personalidade, mas a evidência de outros requisitos,
indispensáveis para que aja por si, atributo da capacidade. (DE PLÁCIDO E
SILVA, 2004, p. 1035-1036).

Conforme ressalta Silvio de Salvo Venosa (2005, p. 197), “a personalidade


não é exatamente um direito; é um conceito básico sobre o qual se apoiam os
direitos”.
10

Resta claro que os direitos da personalidade constituem o ponto nodal para


todos os demais direitos. A tutela dos direitos da personalidade integram a própria
tutela dos direitos humanos fundamentais, cuja proteção constitui o fundamento
basilar de um Estado Democrático de Direito.

Importa destacar que a capacidade civil não se confunde com a


personalidade civil, apesar de se tratarem de conceitos que se complementam.
Carlos Roberto Gonçalves (2003, p. 71) leciona que “a capacidade é a medida da
personalidade, pois para uns ela é plena e para outros, limitada”.

O autor completa, salientando que, de fato, “destinam-se os direitos da


personalidade a resguardar a dignidade humana”. Isto demonstra a importância da
proteção dos direitos da personalidade, uma vez que a partir destes se irradiam
todos os demais direitos.

Roberto Senise Lisboa (2009, p. 166), neste aspecto, ressalta que os direitos
da personalidade “possuem outras denominações apontadas pela doutrina: direitos
essenciais, direitos fundamentais, direitos personalíssimos, direitos naturais da
pessoa, e assim por diante”.

Pouco importa a denominação adotada. A relevância do tema reside na


própria tutela dos direitos humanos fundamentais, sendo estes exaustivamente
tratados pela Carta Magna e pela legislação infraconstitucional civil, bem como em
diplomas internacionais sobre direitos humanos, e assim completa o autor:

Os direitos da personalidade são estudados à luz do direito privado,


no qual é estabelecida a regra da obrigação de não fazer imposta à
coletividade em geral, cuja finalidade é proporcionar que o titular dos direitos
essenciais possa usufruí-los da melhor maneira.

Assim, depreende-se que a proteção dos direitos da personalidade consistem


na tutela à intimidade, vida privada, honra e imagem, tratando-se de rol
exemplificativo, uma vez que o legislador não poderia limitar os direitos inerentes à
pessoa humana, e com acerto não o fez. Isto se conclui do próprio artigo 5º da
Constituição Federal, que proclama em seus incisos os direitos e garantias
fundamentais num rol não taxativo. A vida, bem jurídico maior, é o principal direito da
11

personalidade, é o centro irradiador dos demais direitos e garantias inerentes às


pessoas. Mas ainda acerca do conceito de direito da personalidade, prescreve Maria
Helena Diniz (2006, p.33):

O direito da personalidade é o direito da pessoa de defender o que


lhe é próprio como a vida, a identidade, a liberdade, a imagem, a
privacidade, a honra, etc.É o direito subjetivo de exigir um comportamento
negativo de todos, protegendo um bem próprio, valendo-se de ação judicial.

Por fim, cabe destacar a brilhante observação feita por Caio Mário da Silva
Pereira (2007, p. 240), no que tange aos direitos da personalidade:

Ao tratar dos direitos da personalidade, cabe ressaltar que não


constitui esta um ‘direito’, de sorte que seria erro dizer-se que o homem tem
direito à personalidade. Dela, porém, irradiam-se direitos, sendo certa a
afirmativa de que a personalidade é o ponto de apoio de todos os direitos e
obrigações.

1.2 Fundamentos

Os direitos da personalidade, por se tratarem de direitos inalienáveis e


personalíssimos, só podem ser limitados em face do exercício de outro direito da
personalidade. Conforme ressalta GONÇALVES (2003, p.155):

Os direitos da personalidade dividem-se em duas categorias: os


inatos, como o direito à vida e a integridade física e moral, e os adquiridos,
que decorrem do status individual e existem na extensão da disciplina que
lhes foi conferida pelo direito positivo.

Tal divisão é meramente doutrinária, vez que, em tese, um direito da


personalidade não se sobrepõe sobre outro. Contudo, deve-se ressaltar que alguns
valores basilares, como a vida e a integridade física da pessoa humana, devem ser
erigidos como bens jurídicos fundamentais e que devem ser sobrepostos aos
demais.
12

Assim, os direitos da personalidade dividem-se em inatos, ou seja, que


independem de qualquer disciplina legislativa para seu reconhecimento, vez que são
inerentes à pessoa humana, como por exemplo, o direito à vida e à integridade
física; e os direitos adquiridos, que dependem da atividade legiferante para sua
tutela, como por exemplo, os direitos intelectuais.

LISBOA (2009, p.170) apresenta uma classificação dos direitos da


personalidade, dividindo-os três grandes categorias:

a) direitos físicos: corpo, partes separadas do corpo, cadáver, partes


separadas do cadáver, integridade (higidez) física, imagem, voz e alimentos;
b) direitos psíquicos: privacidade (intimidade), liberdade, segredo (sigilo),
integridade (higidez) psíquica, convivência social; e
c) direitos morais: honra, identidade, educação, emprego, habitação, cultura
e criações intelectuais.

1.3 Características

A doutrina não costuma divergir no tocante às características dos direitos da


personalidade. Merecem destaque as principais características, elucidadas,
outrossim, por obras que tratam de Direitos Humanos Fundamentais, haja vista,
conforme dito anteriormente, direitos humanos e direitos da personalidade
constituírem termos sinônimos.

Os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, conforme


se extrai da leitura do artigo 11 do Código Civil Brasileiro, in verbis:

Art.11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da


personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu
exercício sofrer limitação voluntária. (grifo nosso)

São direitos intransmissíveis justamente por sua natureza personalíssima. A


irrenunciabilidade, por sua vez, elucida outra característica, qual seja, a
indisponibilidade de tais direitos. Tal indisponibilidade, contudo, não é absoluta,
como nenhum direito é absoluto. Neste diapasão, GONÇALVES (2003, p. 156)
13

disciplina que “não podem os seus titulares deles dispor, transmitindo-os a terceiros,
renunciando ao seu uso ou abandonando-os, pois nascem e se extinguem com eles,
dos quais são inseparáveis”.

A indisponibilidade relativa dos direitos da personalidade pode ser


exemplificada pela cessão comercial da imagem, direitos autorais, etc. Outra
característica dos direitos da personalidade é o absolutismo, no que tange à sua
oponibilidade erga omnes.

São, demais disso, ilimitados, uma vez que enumerados em rol


exemplificativo. Leciona GONÇALVES (2003, p. 157):

Não se limitam eles aos que foram expressamente mencionados e


disciplinados no novo diploma, podendo ser apontados ainda,
exemplificativamente, o direito a alimentos, ao planejamento familiar, ao
leite materno, ao meio ambiente ecológico, à velhice digna, ao culto
religioso, à liberdade de pensamento, ao segredo profissional, à identidade
pessoal etc.

Os direitos da personalidade são imprescritíveis, ou seja, não podem ser


extintos pelo decurso do tempo ou pela inércia de seu titular. Contudo, a
imprescritibilidade não atinge os efeitos patrimoniais dos direitos da personalidade,
conforme esclarece Maria Helena Diniz (2006, p.33):

Como todos os direitos da personalidade são tutelados em cláusula


pétrea constitucional, não se extinguem pelo seu não-uso, nem seria
possível impor prazos para sua aquisição ou defesa. Logo, se a pretensão
for indenização civil por dano moral direto em razão de lesão a direito da
personalidade (p. ex., integridade física ou psíquica, liberdade de
pensamento etc.), ter-se-á, na nossa opinião a imprescritibilidade. Mas se a
pretensão for a obtenção de uma reparação civil por dano patrimonial ou
dano moral indireto, o prazo prescricional será de 03 anos (CC, art. 206, §
3º, V). Isto porque a prescrição alcança efeitos patrimoniais de ações
imprescritíveis, como as alusivas às pretensões oriundas de direito da
personalidade.

Deve-se destacar, demais disso, a característica de impenhorabilidade dos


direitos da personalidade, ou seja, a impossibilidade da constrição de tal bem
14

personalíssimo a fim de satisfazer uma dívida de valor. Entretanto, conforme


GONÇALVES (2003, p.158)

[...] a indisponibilidade dos referidos direitos não é absoluta, podendo


alguns deles ter o seu uso cedido para fins comerciais, mediante retribuição
pecuniária, como o direito autoral e o direito de imagem, por exemplo.
Nesses casos, os reflexos patrimoniais dos referidos direitos podem ser
penhorados.

Não se deve esquecer a característica da não sujeição à desapropriação, ou


seja, conforme disposto no artigo 11 do Código Civil, o exercício dos direitos da
personalidade não podem sofrer “limitação voluntária”, haja vista se tratarem de
direitos inatos, que não podem ser separados do seu titular.

A última característica a ser apontada, para fins meramente didáticos, haja


vista muitas outras características circundam os direitos da personalidade é a
vitaliciedade, ou seja, os direitos da personalidade têm início com o nascimento com
vida e se extinguem apenas com a morte de seu titular. Ressalte-se que o nascituro
possui personalidade latente, havendo de fato, uma expectativa de direitos que se
concretiza com o nascimento com vida.

1.4 Proteção constitucional

A Constituição Federal de 1988 ficou conhecida como Constituição Cidadã,


haja vista o extenso rol de direitos e garantias fundamentais consagrados em seu
texto. A proteção dos direitos humanos constitui cláusula pétrea do texto maior nos
termos do artigo 60 § 4º, o que significa que não podem ser suprimidos ou limitados
pelo Poder Reformador.

A proteção à dignidade humana constitui um dos fundamentos basilares de


um Estado Democrático de Direito. Em nosso ordenamento jurídico, o artigo 1º da
Carta Magna proclama, in verbis:
15

Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel


dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I – a soberania;
II – a cidadania;
III – a dignidade da pessoa humana;
IV- os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V – o pluralismo político.
(grifo nosso)

O artigo 5º, inciso X do texto maior, por sua vez, proclama a inviolabilidade
dos direitos da personalidade, assegurando a reparação do dano em caso de
violação, confere se extrai da leitura do referido artigo, in verbis:

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:
[...]
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;

Os direitos da personalidade são íntimos e só dizem respeito ao seu titular. A


proteção constitucional incide para salvaguardar tais direitos, de modo que se
verifica a invocação do mandamento constitucional prescrito no artigo 5º, X do texto
maior no momento em que se verificar a violação a tais valores.

Demais disso, a vida humana é o princípio maior do ordenamento jurídico,


seguido pelo princípio da igualdade também basilar no sistema de proteção
consagrado pela Constituição Federal. Leciona Caio Mário da Silva Pereira (2007,
p.240):

O princípio constitucional da igualdade perante a lei é a definição do


conceito geral da personalidade como atributo natural da pessoa humana,
sem distinção de sexo, de condição de desenvolvimento físico ou
intelectual, sem gradação quanto à origem ou à procedência.

A dignidade da pessoa humana apresenta uma dupla concepção nas palavras


de Alexandre de Moraes (2005, p. 60-61):
16

Primeiramente, prevê um direito individual protetivo, seja em relação


ao próprio Estado, seja em relação aos demais indivíduos. Em segundo
lugar, estabelece verdadeiro dever fundamental de tratamento igualitário
dos próprios semelhantes. Esse dever configura-se pela exigência do
indivíduo respeitar a dignidade de seu semelhante tal qual a Constituição
Federal exige que lhe respeitem a própria. A concepção dessa noção de
dever fundamental resume-se a três princípios do direito romano: honestere
vivere (viver honestamente), alterum non laedere (não prejudique ninguém)
e suun cuique tribuere (dê a cada um o que lhe é devido).

A proteção à dignidade da pessoa humana estabelece um mandamento: não


desrespeitar a dignidade alheia, sob pena de sofrer as consequências previstas em
lei, ou seja, a reparação em virtude do dano moral.

Ainda segundo o autor, a inviolabilidade da intimidade e da vida privada, nessa


ordem de ideias, traduz a necessidade de proteção da imagem da pessoa frente à
coletividade, incidindo inclusive acerca da exposição da pessoa pelos meios de
comunicação, que muitas vezes colocam as pessoas em situações vexatórias e
invasivas.

O conceito de intimidade relaciona-se às relações subjetivas e de


trato íntimo da pessoa humana, suas relações familiares e de amizade,
enquanto o conceito de vida privada envolve todos os relacionamentos da
pessoa, inclusive os objetivos, tais como as relações comerciais, de
trabalho, de estudo etc. (MORAES, 2005, p. 135).

Em síntese, a proteção constitucional aos direitos da personalidade constitui


uma série de normas que possuem eficácia plena, vez que dispõem acerca de
direitos e garantias fundamentais, sendo desta forma autoaplicáveis.

1.5 Disciplina no Código Civil

A proteção constitucional é complementada pelas disposições do estatuto civil,


que reservou um capítulo destinado à tutela e disciplina dos direitos da
personalidade. Trata-se do Capítulo II, que traz em seu bojo os artigos 11 a 21.
17

Os direitos da personalidade, não obstante seu tratamento pelo direito privado,


não possuem caráter patrimonial. Podem existir, contudo, efeitos patrimoniais
desses direitos, como por exemplo, a exploração autorizada da voz humana, bem
como de criações artísticas, imagem, etc. Conforme ressalta VENOSA (2005, p.198):

Diferem dos direitos patrimoniais porque o sentido econômico desses


direitos é absolutamente secundário e somente aflorará quando
transgredidos: tratar-se-á, então, de pedido substitutivo, qual seja, uma
reparação pecuniária indenizatória pela violação do direito, que nunca se
colocará no mesmo patamar do direito violentado. Os danos que decorrem
da violação desses direitos possuem caráter moral. Os danos morais que
eventualmente podem decorrer são de nível secundário.
Fundamentalmente, é no campo dos danos morais que se situa a
transgressão dos direitos da personalidade. De fato, em linhas gerais, não
há danos morais fora dos direitos da personalidade.

No tocante aos efeitos patrimoniais oriundos dos direitos da personalidade,


deve-se ressaltar que tais efeitos são experimentados não apenas pelo seu titular no
momento em que são submetidos à apreciação econômica, mas também por aquele
que lesiona o direito alheio. Trata-se da cabível indenização por dano moral e/ ou
material decorrente da ofensa ao direito da personalidade. Prescreve o artigo 12 do
Código Civil, in verbis:

Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da


personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções
previstas em lei.

Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a


medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente
em linha reta, ou colateral até o quarto grau.

A ofensa aos direitos da personalidade configura verdadeiro ato ilícito, o que


origina a responsabilidade civil. Por se tratar de direitos personalíssimos, pode-se
afirmar que se trata da responsabilidade civil extracontratual, haja vista tais direitos
não estarem presentes no comércio ou sujeitos à mercantilização.

No que se infere do artigo supra transcrito, tem-se que a reparação pela


violação aos direitos da personalidade não se esgotam, necessariamente, em seu
titular. Se por algum motivo este não possa pleitear a competente reparação, são
legitimados o cônjuge e os familiares, em linha reta ou colateral até o quarto grau.
18

O capítulo II disciplina também os atos de disposição do corpo humano (artigos


13 e 14), o direito à não submissão a tratamento médico de risco (art. 15), o direito
ao nome e ao pseudônimo (artigos 16 a 19), a proteção à palavra e à imagem
(art.20), bem como a proteção à intimidade (artigo 21).

1.6 Proteção ao nome

O nome completo é composto de prenome e sobrenome (apelido familiar), este


também denominado simplesmente nome.

Conforme se extrai do teor dos artigos 16 e seguintes do Código Civil, toda


pessoa tem direito ao nome, que será livremente escolhido, desde que não exponha
seu titular ao ridículo. A proteção de que goza o nome está intimamente ligada à
honra da pessoa natural, que também é um direito da personalidade. Dispõe ao
artigo 17 do Código Civil, in verbis:

Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em
publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda
que não haja intenção difamatória.

PEREIRA (2007, p. 243) leciona que “o elemento designativo e fator de sua


identificação na sociedade, o nome integra a personalidade, individualiza a pessoa e
indica a grosso modo a sua precedência familiar”.

O nome da pessoa não pode ser alvo de exposição pública que traga ao seu
titular consequências vexatórias, sendo verdadeiro mandamento legal de proteção à
honra da pessoa. Trata-se de tutela da honra objetiva, haja vista se tratar da imagem
que a coletividade terá da pessoa exposta. DINIZ (2006, p.42) recorda que “em
regra, a reparação pelo dano moral e patrimonial, causado por essa ofensa, é
pecuniária, mas há casos em que é possível a restauração in natura, publicando-se
desagravo”.

Neste diapasão, esclarece PEREIRA (2007, p.246):

Ao direito ao nome corresponde a ação para assegurar o seu


exercício, na eventualidade de alguma contestação. Igual garantia deve ser
19

concedida ao indivíduo a quem se atribua nome diverso ou incompleto,


mesmo que não seja intencional ou inspirado em finalidade pejorativa. Este
direito de ação é oponível a qualquer pessoa, inclusive às autoridades
públicas.

O nome, enquanto elemento identificador da pessoa perante a coletividade,


possui duplo aspecto, conforme esclarece GONÇALVES (2003, p.121):

O aspecto público decorre do fato de o Estado ter interesse em que


as pessoas sejam perfeita e corretamente identificadas na sociedade pelo
nome, e por essa razão, disciplina o seu uso na Lei dos Registros Públicos
(Lei n. 6015/73), proibindo a alteração do prenome, salvo exceções
expressamente admitidas (art.58) e o registro de prenomes suscetíveis de
expor ao ridículo os seus portadores (art. 55, parágrafo único).
O aspecto individual consiste no direito ao nome, no poder
reconhecido ao seu possuidor de por ele designar-se e de reprimir abusos
cometidos por terceiros. [...].Esse direito abrange o de usá-lo e defendê-lo
contra a usurpação, como no caso de direito autoral, e contra a exposição
ao ridículo.

O nome, em regra, é imutável, sendo permitida sua retificação apenas em se


tratando de evidente erro gráfico, ou ainda, se expor ao ridículo o seu portador (art.
55 da Lei 6015/73). É possível ainda, a mudança do nome em caso de fundada
coação ou ameaça da colaboração com a apuração de crime, por determinação, em
sentença, de juiz competente, ouvido o Ministério Público (art. 57, §7º da Lei
6015/73).

Outra possibilidade de modificação do nome, seja apenas este ou também ou


prenome, dá-se em caso de adoção, nos termos do artigo 16271 do Código Civil.

Insta ressaltar, demais disso, que o pseudônimo goza da mesma proteção


dada ao nome, conforme prescreve o artigo 19 do Código Civil, in verbis:

Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que
se dá ao nome.

Tal proteção tem por fundamento o fato de que o nome notório, pelo qual a
pessoa é conhecida, seja um apelido, seja uma forma de expressar arte e, com isso,

1Art. 1627. A decisão confere ao adotado o sobrenome do adotante, podendo determinar a


modificação de seu prenome, se menor, a pedido do adotante ou do adotado.
20

identificar-se no seio da sociedade, merece a proteção legislativa contra abusos.


Conforme esclarece DINIZ (2006, p.42-43):

Protege-se juridicamente o pseudônimo adotado, comumente, para


atividades lícitas por literatos e artistas, dada a importância de que goza, por
identificá-los no mundo das letras e das artes, mesmo que não tenham
alcançado a notoriedade. Não pode ser usado sem autorização de seu
titular, sob pena de perdas e danos.

Demais disso, a proteção do nome se verifica quando do cadastro indevido no


rol de maus pagadores – os serviços de proteção ao crédito – especificamente –
SCPC e SERASA. A inclusão do nome do consumidor em tais cadastros culmina a
competente indenização por danos morais, pois trata-se de situação em que o nome
da pessoa encontra-se num cadastro que não lhe permite a obtenção de crédito, e
portanto, verdadeiramente prejudicial à pessoa.

1.7 Proteção à honra

O conceito de honra possui aspecto dúplice: a denominada honra objetiva e a


honra subjetiva. A primeira constitui a imagem que a coletividade possui de
determinada pessoa, enquanto a segunda é o próprio conceito de que a pessoa tem
sobre si mesma. Ressalte-se que a honra é una, não podendo ser fracionada, sendo
tais conceitos elucidados pela doutrina para fins didáticos.

No momento em que a honra da pessoa é atingida por outrem, a ofensa pode


alcançar a honra objetiva ou subjetiva. Cabe destacar o conceito de honra trazido
por De Plácido e Silva (2004, p.687):

Do latim honor, de que se formou o verbo honrar (de honorare), indica


a própria dignidade de uma pessoa, que vive com honestidade, pautando
seu modo de vida nos ditames da moral. Equivale ao valor moral da pessoa,
conseqüente da consideração geral em que é tida.
21

A tutela da honra não se dá apenas em âmbito civil. O legislador penal


prescreve três modalidades de crime contra a honra, quais sejam, calúnia (CP, art.
138), difamação (CP, art. 139) e injúria (CP, art. 140).

Em linhas gerais, a calúnia consiste na falsa imputação de crime e atinge a


honra objetiva. A difamação, por sua vez, consiste na imputação de ato indecoroso,
não criminoso a outrem e atinge a imagem do sujeito passivo perante terceiros, ou
seja, a honra objetiva. A injúria, por sua vez, consiste na prática de ato ofensivo à
reputação de alguém e atinge a autoimagem do sujeito passivo, ou seja, a honra
subjetiva.

Como qualquer outro direito da personalidade, o direito à honra também é


passível de limitação em determinadas circunstâncias, destacadas por LISBOA
(2009, p.195):

O direito á honra, todavia, é limitado:


Pela decisão judicial que possa causar constrangimento à personalidade do
interessado (exemplo: falência);
Pela exceção da verdade, oposta por aquele a quem se imputa a conduta
desonrosa, para demonstrar a veracidade das alegações formuladas; e
Pelo animus jocandi característico das apresentações humorísticas.

Em alguns casos, como a divulgação do nome e da imagem de pessoa


procurada pelo cometimento de crime, não há que se falar em ofensa á honra, pois
há um interesse público que se sobrepõe à esfera íntima daquele que tem contas a
acertar com a justiça.

O sujeito passivo da ofensa não poderá invocar a tutela jurisdicional da honra


em se tratando de hipótese de cabimento da chamada exceção da verdade, que
consiste num mecanismo legal para o afastamento da configuração do crime contra
a honra, por restar provado de que a alegação realizada, ou o fato imputado é
verídico, havendo, na realidade, colaboração por parte do sujeito ativo com a
administração da justiça.

A exceção da verdade não é cabível na injúria, por se tratar de ato atentatório


contra a boa fama de outrem. Em se tratando de calúnia, o cabimento da exceção
22

da verdade serve como meio de levar ao conhecimento da autoridade policial uma


notitia criminis. No que se refere à difamação, por sua vez, a exceção da verdade é
cabível em se tratando de sujeito passivo funcionário público, uma vez que em
virtude da função exercida, devem possuir imagem ilibada e a prática de atos
indecorosos vai de encontro a tal exigência.

Em síntese, a honra, enquanto bem personalíssimo, integra os direitos da


personalidade, e como todos estes, não é ilimitada, mas recebe especial tutela
legislativa por integrar o patrimônio pessoal dos seres humanos, além de retratar a
imagem da pessoa perante si mesmo e perante a coletividade.
23

2 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O DANO MORAL

2.1 Conceito de dano moral

O dano moral constitui requisito da obrigação de indenizar. Em linhas


gerais, advém o dano moral da dor resultante da violação de um bem juridicamente
tutelado sem repercussão patrimonial.

Consoante DINIZ (2005, p. 85), “o dano moral vem a ser lesão de


interesse não patrimonial de pessoa física ou jurídica”. Nehemias Domingos de Melo
(2010, p.58), por sua vez, conceitua o dano moral como:

[...] toda agressão injusta àqueles bens materiais, tanto de pessoa


física quanto de pessoa jurídica, e também da coletividade, insusceptível de
quantificação pecuniária, porém indenizável com tríplice finalidade:
satisfativo para a vítima, dissuasório para o ofensor e de exemplaridade
para a sociedade.

A possibilidade de restituição integral é quase sempre impossível, pois a


indenização serve como uma compensação à vítima pelo dano sofrido. O dano
moral atinge o patrimônio moral das pessoas através de um sentimento negativo no
espírito da vítima, causando-lhe sensações desagradáveis. Entretanto, não se trata
de mero dissabor, há de se verificar a potencialidade do dano em cada caso
concreto.

Segundo Carlos Alberto Bittar (1999, p. 202-204):

[...] na concepção moderna da teoria da reparação dos danos morais


prevalece, de início, a orientação deque a responsabilização do agente se
opera por força do simples fato da violação. Odano existe no próprio fato
violador, impondo a necessidade de resposta, que nareparação se efetiva.
Surge ex facto ao atingir a esfera do lesado, provocando-lhe asreações
negativas já apontadas. Nese sentido é que se fala em damnum in re ipsa.
Ora,trata-se de presunção absoluta ou iure et de iure, como a qualifica a
doutrina. Dispensa,portanto, prova em contrário. Com efeito corolário da
orientação traçada é oentendimento de que não há que se cogitar de prova
de dano moral.

Por fim, vale destacar que a Constituição Federal de 1988, traz dentre os
princípios informadores do Estado Democrático de Direito a dignidade da pessoa
humana. O dano moral, por sua vez, constitui uma ofensa ao princípio da dignidade,
24

e, portanto, o reconhecimento da indenização em caso de violação possui viés


constitucional.

2.2 A incorporação do instituto da reparação dos danos morais no CC de


2002

O Código Civil Brasileiro traz a disciplina da reparação de danos em seu


artigo 186, in verbis:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Trata-se timidamente da inserção da disciplina do dano moral no diploma civil


brasileiro. Na realidade, cuidou o legislador de disciplinar o ato ilícito, nascedouro da
responsabilidade civil subjetiva. Neste sentido, elucida DINIZ (2006, p.217):

O ato ilícito é praticado em desacordo com a ordem jurídica, violando


direito subjetivo individual. Causa dano patrimonial e/ou moral a outrem,
criando o dever de repará-lo (CC, art. 927).

A autora ressalta ainda que o dano moral é desta forma, um dano


extrapatrimonial, não se caracterizando pelo mero aborrecimento. Ressalte-se que
força da disciplina no artigo 186 supramencionado, “o ilícito produz efeito jurídico, só
que este não é desejado pelo agente, mas imposto pela lei”.

Note-se que a obrigação de indenizar é a consequência jurídica do ato ilícito,


e a origem deste encontra-se na disciplina do artigo 186 do Código Civil,
considerando-se, ainda, que a dignidade da pessoa é um dos princípios basilares do
Estado Democrático de Direito, e, portanto, sua violação deve ser reparada com a
competente indenização.

De fato, o dano moral constitui uma grande questão no tocante à


responsabilidade civil, pois muitas vezes, a extensão do dano não é palpável, e isto
faz com que a situação seja amparada pelos parâmetros já existentes e pela
ponderação do magistrado no momento do julgamento.
25

No mais, o dano moral recebeu singela referência no artigo 186 do Código,


não obstante o enorme prestígio que mereceu na Constituição Federal, conforme já
ressaltado.

Perdeu-se a oportunidade de disciplinar melhor questões relevantes a seu


respeito, que estão sendo enfrentadas pela jurisprudência, tais como os princípios a
serem observados no seu arbitramento.

O Código Civil padece de parâmetros fixos que possam estabelecer critérios


para a fixação da compensação por dano moral, haja vista que o estabelecimento de
valores para compensar danos morais apenas de acordo com o prudente critério do
magistrado pode se tornar uma questão tormentosa pois cada magistrado pode
utilizar-se de critérios subjetivos e aleatórios.

2.3 A função da indenização

Durante muito tempo a doutrina discutiu o verdadeiro sentido na compensação


pecuniária a título de danos morais, sob o entendimento de que a dor íntima não tem
preço.

Clayton Reis (2009, p. 160) ressalta que o arbitramento da indenização por


dano moral deve ser feito com moderação, tendo em vista a natureza do dano, suas
consequências nas vidas e nas condições econômicas das partes.

O autor lembra ainda que os fundamentos jurídicos ou filosóficos, invocados


por quantos defendem a impossibilidade da reparação dos danos morais, são
diversos e se assentam em ideias frágeis e passíveis de questionamentos. Assim, as
teses defendidas em sentido contrário à reparação dos danos morais não têm
resistido ao impacto das ideias em favor do princípio da indenização dos danos
meramente morais, consubstanciadas nas lições marcantes de expressivos números
de doutrinadores. Por sua vez, a jurisprudência consagra, de forma crescente, a
possibilidade da reparação dos danos extrapatrimoniais.
26

Neste ínterim, completa o autor, a negativa da reparação dos danos morais,


sob os mais diversos fundamentos, não mais encontra fundamento na atualidade, se
considerarmos que negar a existência do patrimônio valorativo/ subjetivo das
pessoas consistiria na aceitação de que todos os seres humanos não são detentores
de bens espirituais e de que essa modalidade “patrimonial” não poderia ser tutelada
pela ordem jurídica.

Demais disso, ainda que timidamente, o Código Civil é claro ao descrever que
todo aquele que cometer um dano a outrem, ainda que exclusivamente moral,
cometerá ato ilícito e, portanto, terá o dever de indenizar.

A indenização pelos danos morais, diversamente da material, que tem como


pressuposto reconstituir o patrimônio violado da vítima de forma a restaurá-lo ao
status quo ante, se opera no caso dos danos extrapatrimoniais de forma
(compensatória) a preencher o vazio deixa- do pela ação ofensiva do agente, ainda
de acordo com REIS (2009, p. 160). Tem-se, em conclusão de que a indenização
por danos morais não possui função reparadora, mas exclusivamente compensatória
da vítima.

Antonio Jeová Santos (2008, p. 146) ensina que a mensuração dos danos
morais tem se constituído em verdadeiro tormento para os operadores do direito,
não fornecendo o legislador critérios objetivos a serem adotados. Atribui-se ao Juiz
arbítrio prudencial, com enredamento da natureza jurídica da indenização como
ressarcitória e punitiva, mas não a ponto de transformar a estimativa como resultado
de critérios meramente subjetivos, ofertando a doutrina, dentre outros, análise de
pormenores importantes como: a) o grau de reprovabilidade da conduta ilícita; b) a
intensidade e duração do sofrimento experimentado pela vítima; c) a capacidade
econômica do causador do dano; d) as condições pessoais do ofendido.
27

3 DANO MORAL PELA INCLUSÃO INDEVIDA NOS CADASTROS DE


PROTEÇÃO AO CRÉDITO

3.1 Exercício regular de direito ou abuso de direito

Diuturnamente, consumidores que não pagam seus débitos em dia são


cadastrados nos mais diversos serviços de proteção ao crédito. Desde protestos até
a inscrição do nome do consumidor nos órgãos SCPC e SERASA, são suficientes
para que consumidor não consiga efetuar suas compras a crédito e os fornecedores
de produtos e serviços não levem “calote” de um mal pagador.

Sob a perspectiva acima apresentada, a inscrição do nome do inadimplente


nos serviços de proteção ao crédito pode ser tratada como um exercício regular de
direito, não podendo ser revestido como abuso de direito,

Evidentemente que, no exercício regular de seus direitos, as empresas


credoras podem e devem negativar os nomes de seus clientes inadimplentes, seja
pela via do protesto de títulos, seja pela inclusão no sistema de registros de proteção
ao crédito. Tanto é assim que o próprio Código de Defesa do Consumidor
reconheceu como tendo caráter público as entidades de proteção ao crédito e
congêneres, conforme previsto no art. 43, § 4º, da Lei no 8.078/90.

MELO (2010, p. 130) ensina que efetivamente, os credores podem fazer uso
dos sistemas de proteção ao crédito para ali registrarem o nome dos maus
pagadores. Esse é um direito líquido e certo. Contudo, muitas vezes acontece que,
por desorganização ou displicência ou ainda pela complexidade e impessoalidade
das grandes empresas, procede-se à inscrição irregular de clientes naqueles
cadastros ou leva-se a protesto títulos que não deveriam ser protestados. Nesses
casos, excede-se o limite do exercício regular de um direito para adentrar-se no
campo do ilícito, que autoriza a pleitear indenização.

Trata-se de situação delicada, pois a inscrição indevida do nome do


consumidor no rol de maus pagadores enseja abalo em virtude da impossibilidade
de obter crédito em virtude da conduta negligente de alguém. Principalmente entre
as pessoas de baixa renda, “ter o nome limpo” está ligado à higidez de sua honra.
28

3.2 Ameaças de inclusão como forma de cobrança de dívida

Há situações mais graves, por exemplo, quando se verifica que empresas
inescrupulosas utilizam-se de ameaça de inclusão do nome do possível devedor no
rol de maus pagadores com o único intuito de obrigar o devedor a satisfazer os
supostos créditos. É o perfeito caso de abuso de direito.

Atualmente, as empresas realizam um longo procedimento de cobrança


extrajudicial, sendo a cobrança judicial o último recurso, haja vista os custos
envolvidos em um processo judicial e a demora. Existe, dentre outros métodos, a
notificação extrajudicial e as cobranças por telefone são as mais utilizadas.
Entretanto, não raras vezes, tais métodos excedem o razoável. Conforme destaca
MELO (2010, p. 131):

Há diversos registros de situações em que, independentemente da


eventual discussão, judicial ou extrajudicial, acerca do débito existente, o
consumidor se depara com a ameaça de inclusão de seu nome naqueles
bancos de dados, o que, inegavelmente, lhe cria constrangimentos e
dissabores e viola os objetivos principais do estatuto. Tais situações
caracterizam “desvio de finalidade dos arquivos de consumo, pois a
implementação prestou-se mais para cobrar dívida, do que para proteger o
crédito como originariamente previsto”.

O devedor deve ser notificado com antecedência acerca da possibilidade de


inclusão de seu nome no rol de maus pagadores caso não salde o débito em aberto,
caso contrário, a inscrição de seu nome nos serviços de proteção ao crédito será
abusiva e, portanto, gerará a obrigação de indenizar.

3.3 O dever de comunicar antes da abertura do cadastro

A inclusão do nome do devedor nos cadastros de proteção ao crédito deve,


obrigatoriamente, ser precedida de sua devida comunicação com vistas a dar-lhe a
oportunidade de aferir a veracidade e a correção de tal medida. Assim não
procedendo, o banco de dados deverá ser responsabilizado pelo descumprimento
29

do dever legal de comunicação contido na lei consumerista (CDC, art. 43, §§ 2º e


3º).

Significa dizer que há uma obrigação legal da parte dos bancos de dados de
informar o consumidor que irão cadastrá-lo, isso como forma de permitir-lhe verificar
a exatidão ou não dos dados sobre sua pessoa.

MELO (2010, p. 132) preceitua que os bancos de dados são alimentados, via
de regra, pelas empresas credoras, que lhes informam sobre os dados de seus
clientes inadimplentes. Há, contudo, casos em que é o próprio banco de dados que
busca a informação e alimenta seu arquivo. Trata-se de anotações sobre
consumidores a partir da obtenção de dados referentes, por exemplo, a títulos
protestados.

Outra forma de alimentação do banco de dados por iniciativa do próprio


arquivista dá-se em face da distribuição de alguma ação judicial indicativa de
inadimplência financeira, tais como ações de execução em geral, cobranças, desejo,
busca e apreensão, dentre outras.

3.4 Cobrança de dívida já paga

No caso de cobrança de dívida já paga, necessário se faz traçar um paralelo


entre o previsto no Código Civil (art. 940) e o Código de Defesa do Consumidor (art.
42, parágrafo único). Consoante o Código Civil, o credor que demandar por dívida já
paga ou pedir mais do que lhe for devido poderá sofrer a sanção de devolução em
dobro do que estiver cobrando, no primeiro caso, ou o equivalente ao que estiver
exigindo, no segundo caso (art. 940).

Já no que diz respeito ao Código de Defesa do Consumidor, é preciso ressaltar


que, por expressa previsão legal, o consumidor somente terá direito à repetição do
indébito em face daquilo que pagou em excesso, quando então terá direito à
repetição pelo valor igual ao dobro do que pagou excessivamente, ressalvada a
hipótese de engano justificável por parte do credor (art. 42, parágrafo único).
30

Nesse caso, para que o consumidor tenha direito à repetição do


indébito, é preciso preencher quatro condições: (a) que a dívida seja
decorrente da relação de consumo; (b) que o consumidor tenha pago
indevidamente determinada quantia; (c) que a cobrança tenha se realizado,
não importando se via extrajudicial ou judicial; e (d) que o credor tenha
agido com dolo ou culpa. (MELO, 2010, p.139).

E prossegue:

Atente-se para as diferenças: no Código Civil, a simples cobrança


indevida já autoriza que o suposto devedor acione aquele que o estiver
indevidamente demandando. No caso da lei consumerista, é preciso que
tenha havido o pagamento indevido para autorizar a repetição do indébito.
Ademais, na legislação protetiva do consumidor, não importa por que meios
a cobrança e o pagamento se materializou, enquanto que no Civile Codex é
necessário que a cobrança tenha sido realizada através do judiciário. No
Código Civil, não há ressalva quanto a erro justificável, enquanto que no
Código de Defesa do Consumidor existe a hipótese de engano justificável,
como forma de exonerar o suposto credor da dívida inexistente.”

Importante consignar que o consumidor tem direito à restituição em dobro do


montante que tiver efetivamente pago, não bastando tão somente a cobrança
indevida. Repita-se: o pagamento indevido, segundo a interpretação do art. 42 §
único, do Código de Defesa do Consumidor, gera para o consumidor o direito de
receber em dobro a quantia paga em excesso, com correção monetária e juros.

A jurisprudência é pacífica neste sentido:

EMENTA: Responsabilidade civil. Prestação de serviços. Telefonia móvel.


Ilícito perpetrado pela empresa Tim Celular S/A. Cobrança de débitos
posteriores à solicitação de cancelamento da linha telefônica. Inserção do
nome da autora no cadastro da SERASA. Ação julgada procedente. Ré que
nega cancelamento, mas não anexa qualquer documento ou mesmo
reprodução de seu banco de dados a respeito da usuária. Rompimento do
vínculo corretamente reconhecido. Dano moral caracterizado.
Desnecessidade de comprovação do prejuízo efetivo. Negativação em
órgão de proteção ao crédito que, por si só, justifica a indenização. Ofensa
ao bom nome e à credibilidade da autora. Manutenção do montante
arbitrado. Razoabilidade. Sentença mantida. Recurso desprovido. A
inclusão indevida do nome da autora no rol dos maus pagadores não
significa mero aborrecimento ou incômodo, mas ofensa a direito de
personalidade, tanto que causa constrangimento perante terceiros. São
situações intensas e duradouras que abalam o bom nome, a imagem e a
credibilidade da parte. A quantificação dos danos morais observa o princípio
da lógica do razoável. Ou seja, deve a indenização ser proporcional ao dano
e compatível com a reprovabilidade da conduta ilícita, a intensidade e a
duração dos transtornos experimentados pela vítima, a capacidade
31

econômica do causador dos danos e as condições sociais do ofendido.


Afixação em R$ 3.000,00 revela-se compatível com esses parâmetros,
merecendo mantida. (TJ/SP - Apelação cível nº 0011855-
16.2013.8.26.0100.

No caso em tela, houve a negativação do nome da consumidora mesmo após o


cancelamento do serviço, ou seja, toda e qualquer dívida já havia sido paga e a
consumidora nada devia à operadora de telefonia. Entretanto, teve seu nome
negativado perante os órgãos de proteção ao crédito.

3.5 A Súmula 385 do STJ

A inscrição indevida do nome do consumidor nos cadastros de maus


pagadores – serviços de proteção ao crédito, podem ocasionar o dever de indenizar,
caso a pessoa inscrita não tenha qualquer dívida em aberto. Importante destacar o
teor da Súmula 385 do STJ, in verbis:

STJ Súmula nº 385 - 27/05/2009 - DJe 08/06/2009. Anotação Irregular em


Cadastro de Proteção ao Crédito - Cabimento - Indenização por Dano
Moral. Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe
indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição,
ressalvado o direito ao cancelamento.

O teor da Súmula deve ser interpretado por cautela, pois o entendimento de


que inclusão indevida do nome do consumidor nos serviços de proteção ao crédito
gera o dever de indenizar surge após cautelosa leitura.

Conforme se depreende da leitura da súmula, existe uma exceção ao dever de


indenizar: se ao tempo da negativação indevida, já existiam anteriormente restrições
devidas. Ou seja, a Súmula não se aplica às restrições que excluiriam o dano são
posteriores, ou se essas outras negativações são legítimas.

A doutrina levanta uma série de críticas sobre o teor da Súmula, haja vista que
“autoriza” que os credores façam restrições financeiras sem receio de
consequências, ignorando seu dever de manter regulares os cadastros de
32

consumidores. Importante destacar a interpretação da referida Súmula por parte da


doutrina:

Declaratória de inexistência de débito c/c indenização por dano moral Ação


julgada improcedente Alegação de que a ré agiu de maneira correta, sendo
vítima de terceiros. Insubsistência Não comprovação do débito que originou
a inserção do nome da autora perante os órgãos de proteção ao crédito
Declaração de inexigibilidade devida Indenização, porém, indevida, nos
termos da Súmula 385 do STJ Sentença reformada Apelo parcialmente
provido. (TJ/SP – Apelação nº 9231347-36.2008.8.26.0000 – 6ª Câmara de
Direito Privado).

No caso em tela, verifica-se que a consumidora, que teve seus dados pessoais
usados pela negligência da instituição financeira, não pode absorver o prejuízo que
sofreu com a devolução de cheques, cobrança de tarifas, negativação, etc. Logo,
impositiva a procedência no que tange à declaração de inexigibilidade da dívida.
Mas indevida a pretendida indenização, na medida em que a consumidora
ostentava outras anotações, o que afasta a existência de danos morais, nos termos
da Súmula 385 do STJ.
33

CONCLUSÃO

A dignidade da pessoa humana é um dos princípios basilares insculpidos na


Constituição Federal de 1988. Desta forma, a dignidade e a honra são direitos da
personalidade, e como tal, tutelados tanto pelo Texto Maior quanto pelo Código Civil.

O dano moral constitui requisito da obrigação de indenizar. Em linhas gerais,


advém o dano moral da dor resultante da violação de um bem juridicamente tutelado
sem repercussão patrimonial.

O dano moral atinge o patrimônio moral das pessoas através de um sentimento


negativo no espírito da vítima, causando-lhe sensações desagradáveis. Entretanto,
não se trata de mero dissabor, há de se verificar a potencialidade do dano em cada
caso concreto.

Note-se que a obrigação de indenizar é a consequência jurídica do ato ilícito, e


a origem deste encontra-se na disciplina do artigo 186 do Código Civil,
considerando-se, ainda, que a dignidade da pessoa é um dos princípios basilares do
Estado Democrático de Direito, e, portanto, sua violação deve ser reparada com a
competente indenização.

De fato, o dano moral constitui uma grande questão no tocante à


responsabilidade civil, pois muitas vezes, a extensão do dano não é palpável, e isto
faz com que a situação seja amparada pelos parâmetros já existentes e pela
ponderação do magistrado no momento do julgamento.

No mais, o dano moral recebeu singela referência no artigo 186 do Código, não
obstante o enorme prestígio que mereceu na Constituição Federal, conforme já
ressaltado.

Perdeu-se a oportunidade de disciplinar melhor questões relevantes a seu


respeito, que estão sendo enfrentadas pela jurisprudência, tais como os princípios a
serem observados no seu arbitramento.

O Código Civil padece de parâmetros fixos que possam estabelecer critérios


para a fixação da compensação por dano moral, haja vista que o estabelecimento de
valores para compensar danos morais apenas de acordo com o prudente critério do
34

magistrado pode se tornar uma questão tormentosa pois cada magistrado pode
utilizar-se de critérios subjetivos e aleatórios.

A indenização por dano moral terá lugar sempre que algum dos direitos da
personalidade seja violado. Tal violação pode referir-se ao nome e imagem da
pessoa humana, como por exemplo, insculpindo lhe uma imagem de mau pagador
que não lhe é verdadeira.

O Código de Defesa do Consumidor traz parâmetros para que a inscrição do


consumidor nos serviços de proteção ao crédito seja da melhor forma possível, sem
exposição desnecessária do consumidor. Por outro lado, a Súmula 385 do STJ
causa polêmica por “autorizar” que os credores façam restrições financeiras sem
receio de consequências.
35

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