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Começa mobilização contra transposição do Rio Itapanhaú


MOVIMENTO SALVEM O RIO ITAPANHAÚ
Dia 27 de janeiro haverá em Bertioga primeiro protesto contra projeto do
governo Alckmin
15 de janeiro de 2018

Entidades e cidadãos de Bertioga, Biritiba Mirim e de toda a Baixada Santista iniciaram intensa
mobilização contra o iminente início das obras de transposição do Rio Itapanhaú determinado
pelo governador Geraldo Alckmin e convocaram uma manifestação em Bertioga para o dia 27 de
janeiro, como ponto culminante de uma primeira etapa de mobilizações (veja a lista ao final),
organizado pelo Movimento Salvem o Itapanhú.
O governo Geraldo Alckmin está para iniciar a transposição do rio depois que foi derrubada na
Justiça liminar que impedia a instalação do canteiro para início das obras. O motivo alegado
para a transposição é a crise hídrica 2014/2016 do Estado de São Paulo, uma das marcas da
gestão Alckmin. Apesar de o governador repetir que ela está superada, a administração decidiu
transpor as águas do Rio Sertãozinho, um dos principais afluentes do Rio Itapanhaú, para o
sistema do Alto Tietê, como parte do empreendimento “Obras de Aproveitamento da Bacia do
Rio Itapanhaú para o Abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo”.
Segundo os líderes do Movimento Salvem o Itapanhú. a grande articuladora de todo o projeto é a
Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) que, apesar de controlada
pelo governo do Estado, tem ações nas Bolsas de Nova York e São Paulo, com 49,7% de seu
capital nas mãos de bancos e grandes investidores. A companhia deixou de ser estatal para se
tornar mista e hoje atende menos os interesses dos cidadãos de São Paulo e mais os dos
investidores.
O Rio Itapanhaú nasce em Biritiba Mirim, na região da Serra do Mar, e encontra o Oceano
Atlântico por intermédio do Canal de Bertioga, percorrendo 40 quilômetros de ecossistemas
frágeis como a mata atlântica, a mata paludosa, a mata alta de restinga e manguezais. Portanto,
é parte integrante essencial destes ecossistemas. Na região de inserção do empreendimento ou
sob sua influência, como já vimos, estão presentes importantes Unidades de Conservação tais
como: o Parque Estadual da Serra do Mar – PESM – Núcleo Bertioga; o Parque Estadual Restinga
de Bertioga – PERB; a Área de Proteção Ambiental – APA Estadual Marinha Litoral Centro; o
Parque Natural Municipal Ilha do rio da Praia; e as Reservas Particulares de Patrimônio Natural –
RPPNs Hércules Florence.
A transposição irá retirar do rio um volume de até 216 milhões de litros por dia, o que
corresponde a 10% de sua vazão. O governo pretende fazer isso sem que tenham sidos realizados
estudos de impacto ambiental aprofundados. A geóloga Célia Regina de Gouveia Souza, do
Instituto Geológico, afirmou, por exemplo, que em nenhum parecer técnico dentro do processo
de licenciamento e nem mesmo no próprio EIA/RIMA foi levado em consideração o tema elevação
atual e futura do nível do mar, e nem os possíveis efeitos das mudanças climáticas na área;
estudos e projeções recentemente efetuados para o município de Santos pelo professor J. Harari
(IO–USP) mostram que o nível do mar tende a se elevar a uma taxa de 0,45 cm/ano nas próximas
décadas e um dos efeitos dessa elevação será o aumento da intrusão da cunha salina nos
sistemas fluviais.
Caso haja alteração na vazão do rio, ainda que sutil, mas por tempo estendido, poderão ocorrer
impactos negativos profundos nestes ecossistemas. Impactos que vão desde o desequilíbrio na
salinidade nas áreas de manguezal ao assoreamento na foz, com prejuízos à flora, fauna e às
pessoas que vivem e trabalham na região. Mesmo a Fundação Florestal, órgão do próprio governo
de São Paulo, questionou em Informação Técnica a suficiência amostral dos estudos e
levantamentos realizados sobre a flora e a fauna. No estudo, questionam-se os efeitos negativos
de uma estiagem induzida (redução de vazão) sobre as Unidades de Conservação da região.
Mesmo com as deficiências dos estudos ambientais apresentados, a Fundação Florestal destacou
que, na região da planície costeira, o levantamento de dados primários em um dos pontos
amostrados apontou que 64% das espécies encontradas constam na lista de espécies ameaçadas.
Enquanto prepara-se para atacar mortalmente o Itapanhaú, a SABESP, segundo dados do Instituto
Trata Brasil desperdiça em torno de 36% da água distribuída na região da Grande São Paulo em
função da má manutenção da rede, o que significa algo em torno de 1,26 bilhão de litros por dia
(contra os 216 milhões de litros que pretende retirar do rio).
O GAEMA (Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente) - órgão do Ministério Público
do Estado de São Paulo - questionou a isenção e a qualidade dos EIA/RIMA (Estudos de Impacto
Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental) na justiça e aponta que não foram realizados da
forma adequada. Em Audiências Públicas, especialistas e cidadãos bertioguenses colocaram-se
veementemente contra a transposição do rio, questionando sobre a qualidade e a abrangência
dos impactos ambientais, mas não foram ouvidos.
A CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), em tese responsável pelo meio
ambiente no Estado, atua como braço do Palácio dos Bandeirantes e está na iminência de liberar
a Licença de Instalação, o que permitirá que seja iniciada sem os estudos adequados. É nítido
que há interesses eleitoreiros por parte do Governo do Estado ao impor que a obra seja
executada a toque de caixa em ano de eleições.
Além das mobilizações, o Movimento enviou nesta segunda (15) cartas para o prefeito de
Bertioga, Caio Matheus (PSDB) e para os vereadores da cidade exigindo uma postura de defesa
do Itapanhaú: “Neste momento crucial de nossa história o ‘silêncio’ ou uma suposta ‘isenção’,
serão compreendidos como fraqueza ou omissão, fatos que não esperamos daquele que
escolhemos por nos representar.”

AGENDA DE MOBILIZAÇÕES
Esta agenda está em aberto para novas inserções de eventos.
15/01 (seg): envio de Carta Aberta ao prefeito e Câmara Municipal de Bertioga
16/01 (ter): presença na reunião do conselho municipal de pesca, aquicultura, piscicultura e
agrícola de Bertioga -
CMDPESCA às 9h na Casa dos Conselhos.
16/01 (ter): presença em reunião na Câmara dos Vereadores, às 18h.
22/01 (seg) e 23/01 (ter): Ações “pré-ato” – divulgação da manifestação do dia 27/01; às 12h na
rotatória
do Krill. Ação educativa, de comunicação; diálogo com motoristas e pedetres sobre a ação.
27/01 (sáb): ATO PELO ITAPANHAÚ; Concentração às 14h; na rua onde fica a Marina do forte,
próximo à
padaria do Manolo. O ato abarcará barcos de pesca e turismo, caiaques e pedestres.
30/01 (ter): mobilização até a sede da Cetesb, em São Paulo.

Nosso abaixo-assinado:
https://www.obugio.org.br/petitions/nao-a-transposicao-das-aguas-do-rio-itapanhau?
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CONTATO:
Cadu de Castro – (11) 99634.6066

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