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Centro Cultural do Cartaxo

Folha de Sala
“MAR”, de Miguel Torga
Quando conhecemos o Domingos, reconhecemos
de imediato nele a marca de alguém que é
diferente, que transporta em si todas as esperanças
daqueles homens de quem Torga diz que “é o mar
que os cria é o mar que os leva”. Com Domingos,
sentimos que pode ser diferente. E, no entanto, ele
é apenas mais um pescador dos que se reúnem na
taberna a contar histórias do mar e da vida. Só que
Domingos conta histórias diferentes, de sereias e
marinheiros que, enfeitiçados pelo seu canto,
partiram para não mais voltar. Mas para que quer
Domingos saber de sereias e feitiços, se o prende à
terra o amor para sempre de Rita? Com casamento
marcado para quando regressar de campanha na
Terra Nova, Domingos faz-se uma vez mais ao mar.
Será a lenda mais forte do que o amor?

A 17ª produção da Área de Serviço depois de “Um Marido Ideal”, "O Crime De Aldeia Velha”,
“As Alegres Comadres De Windsor”, “Nápoles Milionária”, “Pânico”, “Trisavó De Pistola À
Cinta”, “O Inspector Geral”, “8 Mulheres”, “O Dinheiro Não é Tudo na Vida”, “Pouco Barulho”,
“Autópsia de Um Crime”, ou “A Princesa de Galochas”, é “Mar”, uma história de pescadores
numa aldeia piscatória de Portugal, num texto extraordinário desse grande poeta que é Miguel
Torga.

Foi com uma citação de Miguel Torga que Marcelo Rebelo de Sousa concluiu o seu discurso de
tomada de posse: “O difícil para cada português não é sê-lo; é compreender-se. Nunca
soubemos olhar-nos a frio no espelho da vida. A paixão tolda-nos a vista. Daí a espécie de
obscura inocência com que actuamos na História”.

“Mar” encenado por Frederico Corado, que encenou também as anteriores produções da Área
de Serviço no Centro Cultural do Cartaxo, é uma história de pescadores que lutam diariamente
pela sua subsistência contra um mar que lhe dá a sobrevivência mas lhe tira a vida.
Esta produção da Área de Serviço reúne o elenco fixo da companhia, assim como um elenco
composto por pessoas do concelho do Cartaxo e arredores selecionadas numa audição no
espirito já bem enraizado em algumas das nossas produções do chamado “teatro
comunitário”, bem como vontades e a colaboração de empresas, lojistas e particulares do
Concelho e é o regresso do teatro comunitário que desde “O Escândalo nas Notícias da Noite”
não subia ao palco do Centro Cultural do Cartaxo.

Com Carolina Seia Viana (Rita), Mário Júlio (Valadão), Vânia Calado (Mãe), Rosário Narciso (Capitolina),
Ana Ribeiro (Mariana), Sara Xavier (Cacilda), Gabriel Silva (Domigos), Tomás Formiga (Silvino), Carlos
Ramos (Pescador), António Calado (Arrais), Miguel Viegas (Pescador), João Vitor (Bernardo), José
Falagueira (Mudo), Sara Inês, Marta Cabete, Luis Silva, Carolina Parente, Joana Pinheiro, Jeanine Steuve,
Maria José Cerqueira.

Texto de Miguel Torga | Encenação: Frederico Corado | Concepção Cenográfica: Frederico Corado |
Execução Cenográfica : Mário Júlio | Produção da Área de Serviço : Frederico Corado, Vânia Calado e
Mário Júlio com a assistência de Florbela Silva e Carolina Viana | Assistente de Encenação: Vânia Calado
| Coordenação de Guarda-Roupa: Lurdes Barqueiro (Grupo Etnográfico Danças e Cantares da Nazaré) |
Direcção de Cena: Mário Júlio | Apoio: Ana Rita Oliveira e Catarina Carmo| Técnica: Miguel Sena |
Desenho de Luz: Bruno Santos | Montagem: Mário Júlio | Uma Produção da Área de Serviço com o
Centro Cultural do Cartaxo e Câmara Municipal do Cartaxo

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FREDERICO CORADO
Realizador e encenador. Fundou a Magazin Produções e a Entrar Em
Palco. Autor de programas de rádio sobre cinema na RFM e Rádio
Renascença, actualmente dirige o Guia dos Teatros. Colaborou com
diversos festivais de cinema e é criador e director do FICAP – Festival
Internacional de Cinema e Video de Artes Performativas e da Área de
Contenção – Encontros Int. de Cinema Fantástico e de Horror do
Cartaxo. Como designer de cenografia virtual, realizou, entre outros, cenários/vídeos para
“Amália”, “My Fair Lady”, “Rainha do Ferro Velho”, Jesus Cristo Superstar” etc. Produtor,
durante alguns anos, no Teatro Politeama em diversas produções, sendo assistente de
encenação de Filipe La Féria em “Alice no País das Maravilhas”, “Música no Coração”,
“Feiticeiro de Oz” e “Sítio do Picapau Amarelo” e de Francisco Nicholson em “Isto é Que Me
Dói!” no Teatro Villaret. Encenou “Táxi”, “Alguns Sonetos de Amor e uma Paixão
Desesperada”, “Afixação Proibida”, “O Prisioneiro da Segunda Avenida”, “Um Marido Ideal”,
“O Crime de Aldeia Velha”, “Casa de Campo” (com José Raposo no Teatro Villaret), “As Alegres
Comadres de Windsor”, “Nápoles Milionária”, “Pânico”, “Inspector Geral”, “8 Mulheres”, “O
Dinheiro Não é Tudo na vida”, “Trisavó de Pistola à Cinta”, “Escândalo nas Notícias da Noite”,
“Pouco Barulho!”, “A Princesa de Galochas” (que correu todo o concelho do Cartaxo em
sessões para escolas), “Autópsia de Um Crime” (acabada de estar no Fórum Municipal Luísa
Todi em Setúbal) e agora o “Mar”.
Realizou, para além de diversos filmes publicitários, spots para mais de quatro dezenas de
peças de teatro (Politeama, A Barraca, São Luiz, etc) e videoclips, vários vídeos como “A
Estrela”, “Graça Lobo Dois Pontos”, "Pessoalmente Maria do Céu Guerra" e em cinema a curta-
metragem “Telefona-me!”. Prepara actualmente um filme que comemora os 200 anos da
elevação do Cartaxo a concelho, “Cartaxo x 200”.

Agradecimentos: Lauro António | Maria Eduarda Colares | Filipe La Féria | Isabel Soares |Maria Barroso
Clara Águas | Vânia Calado | José Raposo | Mário Júlio | Florbela Silva | Maria Ramalho | Rita Alves |
Ana Parente | António Calado | Pedro Ribeiro | Carlos Cláudio | Marco Guerra | Carlos Ouro| Helena
Montez | Bruno Santos | Salomé Monteiro | Vera Paulos | Maria Carlota Lomba | António Sobreira |
Pedro Reis | Grupo 72 Escoteiros do Cartaxo | Beatriz Mendes | Paulo Mendes | Frederico Guedes |
Rolando Ferreira | Vinhos Lambéria’s | Adega Cooperativa do Cartaxo | Museu Rural de do Vinho |
Kaspiadas – Grupo de Teatro de Pontével |Grupo Etnográfico Danças e Cantares da Nazaré
Parceiros Institucionais: Câmara Municipal do Cartaxo | Centro Cultural do Cartaxo | Apoios: Casa das
Peles | Sotinco | J.M.Fernandes - Vidreira e Alumínio | Negócio de Família | E.Nove | Tejo Rádio Jornal |
Revista Dada | Jornal de Cá | Valor Local | Guia dos Teatros | Teatralmente Falando
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MIGUEL TORGA (1907/1995)
Miguel Torga nasceu em 1907 em S. Martinho de Anta. De
nome Adolfo Correia da Rocha, adoptou o pseudónimo de
Miguel Torga. Depois de uma breve estadia no Porto,
frequentou apenas por um ano, o seminário em Lamego. Em
1920 partiu para o Brasil, onde foi recebido na fazenda de um
tio. Regressou depois a Portugal acompanhado do tio, que se
prontificou a custear lhe os estudos em Coimbra. Em apenas
três anos fez o curso do liceu, matriculando se a seguir na
Faculdade de Medicina, onde terminou o curso em 1933.
Exerceu a profissão na terra natal, passou por Miranda do
Corvo, mas foi em Coimbra que alguns anos mais tarde acabou
por se fixar. "Atordoado na meninice e escravizado na adolescência, só agora podia renascer
ao pé de cada rebento, correr a par de cada ribeiro, voar ao lado de cada ave", pouco sociável,
mitigou a solidão rodeando se de livros. Foi logo após ter entrado para a universidade, que deu
início à sua obra literária, com os livros "Ansiedade" e "Rampa". Só em 1936 passou a usar o
pseudónimo que o havia de imortalizar. Desde a década de trinta até 1944, escreveu uma obra
vasta e marcante, em poesia, prosa e teatro. Não oferecia livros a ninguém, não dava
autógrafos ou dedicatórias, para que o leitor fosse livre ao julgar o texto. Foi várias vezes
candidato a Prémio Nobel da Literatura. Ganhou vários prémios entre eles o Grande Prémio
Internacional de Poesia e em 1985 o Prémio Camões. Com ideias que se demarcavam do
salazarismo, foi preso e pensou em sair do país, mas não o fez por se sentir preso à pátria e a
Trás os Montes, longe do qual seria um "cadáver a respirar". A sua poesia reflecte as
apreensões, esperanças e angústias do seu tempo. Nos volumes do seu Diário, em prosa e em
verso, encontramos crítica social, apontamentos de paisagem, esboço de contos, apreciações
culturais e também magníficos textos da mais alta poesia. Toda a sua obra, embora
multifacetada, é a expressão de um indivíduo vibrante e enternecido pelas criaturas,
tremendamente ligado à sua terra natal. Faleceu em 1995. Em 1996 foi fundado o Círculo
Cultural Miguel Torga.
Bibliografia: Poesia: "Ansiedade" (1928), "Rampa" (1930), "Tributo" (1931), "Abismo" (1932),
"O outro Livro de Job" (1936), "Lamentação" (1943), "Libertação" (1944), "Odes" (1946), "Nihil
Sibi" (1948), "Cântico do Homem" (1950), "Alguns Poemas Ibéricos" (1952), "Penas do
Purgatório" (1954), "Orfeu Rebelde" (1958), "Câmara Ardente" (1962), "Poemas Ibéricos"
(1965). Ficção: "Pão Ázimo" (1931), "A Terceira Voz" (1934), "A Criação do Mundo" (5 volumes,
1937 1938 1939 1974 1981), "Bichos" (contos, 1940), "Contos da Montanha" (1941), "Rua"
(1942), "O Senhor Ventura" (1943), "Novos Contos da Montanha" (1944), "Vindima" (romance,
1945), "Pedras Lavradas" (contos, 1951), "Traço de União" (1955), "Fogo Preso" (1976). Teatro:
"Terra Firme, Mar" (1941), "O Paraíso" (1949), "Sinfonia" (poema dramático)(1947). Literatura
autobiográfica: "Diário" (16 volumes, 1941 1993), "Portugal" (1950). Mais info em
http://www.espacomigueltorga.pt/

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PARA A HISTÓRIA DE “MAR”
Ao longo da História do Teatro Português, o “Mar” tem duas
produções absolutamente históricas. Em 1958, com estreia no
Teatro Sá da Bandeira, no Porto, a 29 de Abril foi apresentado
pelo Teatro Experimental do Porto, numa encenação e arranjo
cénico de António Pedro com um telão de Manuel Lima, com as
interpretações de Dalila Rocha (Mariana), Alda Rodrigues
(Silvino), Fernanda Gonçalves (Rita), Cândida Lacerda
(Capitolina), Cândida Maria (Cacilda), João Guedes (Bernardo),
Baptista Fernandes (Arrais), José Pina (Pescador), Madalena
Braga (A Mãe), Ruy Furtado (Valadão) e Vasco de Lima Couto
(Domingos). O espectáculo fez apenas 4 representações neste
Teatro, embora com lotações quase esgotadas, dados os compromissos do Sá da Bandeira, e
da programação do próprio TEP. Miguel Torga assiste ao espectáculo dia 28 de Abril.

Anos mais tarde, em 1966, a 5 de Maio, estreava no Teatro Gil


Vicente pelo Teatro Experimental de Cascais numa encenação de
Carlos Avilez outra versão de “Mar”, desta vez a cenografia estava a
cargo do mestre Almada Negreiros e a interpretação era de Luísa
Neto (Mariana), António Feio, na sua estreia no teatro com apenas
onze anos (como rapaz), Zita Duarte (Rita), Fernanda Coimbra
(Capitolina), Mirita Casimiro (Cacilda), Filipe La Féria (3º Pescador),
Rui Anjos (1º Pescador), Manuel Cavaco (2º Pescador), Santos
Manuel (Manuel Valdão), Serge Farkas (Mudo), João Vasco
(Domingos), Glicínia Quartin (Mãe do Rapaz), João Coimbra (Arrais) e
Marília Costa (mulher). Miguel Torga assiste ao espectáculo dia 28 de
Maio.
Desde então algumas foram as companhias que levaram “Mar” à cena, não tantas como seria
de esperar quando se trata de um texto tão notável, entre elas estão: Teatro Moderno da
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (Lisboa – 1946), CITAC (Coimbra|Teatro
Avenida - 1957), com encenação de Paulo Quintela, Teatro da Universidade de Londres
(Londres – 1950) com encenação de Ruben A., que também faz, neste mesmo ano, uma
adaptação do espectáculo para a BBC, Grupo Activo de Teatro Amador (Gadanha da Nazaré –
1974) com encenação de Humberto Costa, Grupo Cénico de Casais Robustos/Alcanena (1983)
com encenação de Vicente Batalha, que volta a encenar o mesmo espectáculo em 2003 no
Grupo Cénico da Música Nova de Pernes, Tuna “ A Vencedora” de Vilar de Andorinho (Vila
Nova de Gaia, 1995), com encenação de Oliveira Alves, Sociedade de Instrução Guilherme
Cossoul (Lisboa - 2014) com encenação de José Boavida, Xenas – Grupo de Teatro Amador do
Caramulo (Tondela - 2007) com encenação e adaptação de Tiago Laborim, Intervalo Grupo de
Teatro (Oeiras, 2007) com encenação de Armando Caldas, Loucomotiva Grupo de Teatro de
Taveiro, etc, para além de uma encenação aqui mesmo no Cartaxo com o Grupo Marcelino
Mesquita dirigida por Rossini Marques.

Algarve, Anos 70 Londres, 1950 Oeiras, 2007


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