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Behaalot’Cha (Quando subires)

Escrito por Mário Moreno Dom, 29 de Maio de 2011 16:08

Temos no início a seguinte palavra: “E falou o IHVH a Moshe, dizendo:


fala a Aharon, e dize-lhe: Quando acenderes as lâmpadas, as sete
lâmpadas iluminarão o espaço em frente do candelabro. E Aharon fez
assim: Acendeu as lâmpadas do candelabro para iluminar o espaço
em frente, como o IHVH ordenara a Moshe. E era esta a obra do
candelabro, obra de ouro batido; desde o seu pé até às suas flores
era ele de ouro batido; conforme ao modelo que o IHVH mostrara a
Moshe, assim ele fez o candelabro. E falou o IHVH a Moshe, dizendo:
toma os levitas do meio dos filhos de Israel e purifica-os” (Nm 8:1-6).
Temos no início da narrativa a forma como o Eterno se apresenta para
seu povo: IHVH – Aquele que se torna aquilo que eles precisam que
Ele se torne! É com esta perspectiva que o Senhor está se
comunicando com seus filhos! No verso 2 o Eterno fala sobre o
acendimento das lâmpadas do candelabro. A palavra “lâmpadas” em
hebraico é nîr com o mesmo significado. Esta palavra refere-se aos
pequenos objetos em forma de tigela que tinham óleo e o pavio aceso
a fim de proporcionarem luz. Já a palavra “candelabro” vem do termo
hebraico menorah. Este substantivo com mem prefixal indica o
suporte em que se colocava a lâmpada. Ou seja, a menorah é o
conjunto da haste mais os sete “copinhos” ou pequenas tigelas onde
era depositado o óleo a fim de proporcionar luz no Tabernáculo e
depois no Templo! Estas sete lâmpadas tinham uma conotação de
algo completo, pleno! Quando a menorah era acendida certamente os
israelitas estavam recebendo a plenitude de luz que tinha o objetivo
de ilumina-los até chegarem à presença do Eterno!

Aharon acende a menorah conforme o Senhor – IHVH – lhe ordenara!


Aqui percebemos que um conjunto que proporciona luz está sendo
aceso conforme a ordem daquele que se torna aquilo que seu povo
precisa que Ele se torne! Também a palavra “ordenar” em hebraico é
tsawâ e significa “ordenar, incumbir”. A Raiz designa a instrução de
um pai para seu filho, de um fazendeiro a seus lavradores, de um rei
a seus servos. O acendimento da menorah era uma incumbência que
fora dada pelo Eterno aos levitas, pois a eles seria dado o privilégio
de trazerem a luz ao Tabernáculo, iluminando assim a Palavra do
Eterno!

A menorah não foi uma “invenção” dos israelitas, mas foi concebida
conforme ao modelo dado a Moshe no deserto! A palavra “mostrara”
vem do termo hebraico ra´a e significa “ver, olhar, inspecionar”. Isso
nos mostra que Moshe teve uma visão da menorah com todos os seus
detalhes e o Eterno – IHVH - detalhe por detalhe; assim sendo o
material utilizado para a sua confecção teria de seu o ouro, pois este
material não se corrompe e nas Escrituras representa a divindade!
Novamente percebemos o cuidado de D-us, pois a menorah – de onde
viria a luz e a revelação – seria de ouro (ou seja, tudo isso viria do
próprio D-us para seu povo) e nada ficaria oculto ou obscuro, mas
quando a luz do Eterno se acendesse, tudo ficaria plenamente às
claras!

Havia uma condição para que esse “serviço” pudesse ser feito: Moshe
deveria tomar os levitas – não poderiam ser outros – dentre os filhos
de Israel e deveria purifica-los! A palavra “purificar” vem do termo
hebraico taher e significa “ser (estar) puro, limpo”. Em sua raiz estão
as palavras tohar, que significa “claridade” e também tehar que
significa “limpeza”. Os levitas precisavam ser e estar puros pra levar
luz e revelação ao povo de Israel e esse ato dissiparia todas as trevas,
trazendo então claridade ao povo, justamente pelo fato de eles terem
feito uma “limpeza” em suas vidas!

Este tipo de “limpeza” deveria obedecer ao padrão dado pelo Eterno:


“E assim lhes farás, para os purificar: Esparge sobre eles a água da
expiação; e sobre toda a sua carne farão passar a navalha, e lavarão
as suas vestes, e se purificarão. Então tomarão um novilho, com a
sua oferta de alimentos de flor de farinha amassada com azeite; e
tomarás tu outro novilho, para expiação do pecado” (Nm 8:7-8). A
limpeza seria feita através não de água, mas sim de “águas”, pois a
palavra mayim está no plural; também a palavra “expiação” não tem
este significado, pois a palavra hata´ ali significa “errar, sair do
caminho, pecar, tornar-se culpado, perder”. A intenção aqui é que as
águas purificariam o pecado que porventura eles pudessem ter
cometido! A água aqui já apontava para o futuro e é descrita no Brit
Hadasha como: “Para a santificar, purificando-a com a lavagem da
água, pela palavra” (Ef 5:26). A água é a Palavra do Eterno que traz
limpeza e pureza à nossa vida (corpo, alma e espírito)! O que fora
feito com os levitas não era nada mais que um ato profético que seria
executado no futuro através da Palavra!

Quando os levitas estivessem prontos, então aconteceria assim: “E


farás chegar os levitas perante a tenda da congregação e ajuntarás
toda a congregação dos filhos de Israel” (Nm 8:9). Os levitas se
achegariam – se apresentariam – diante da tenda da congregação. A
palavra “tenda” em hebraico é ohel e significa “tenda, habitação”. Já
o termo “congregação” vem da palavra mo´ed e significa “sinal
combinado, tempo determinado, estação determinada, local para
assembléia, festa designada”. Os levitas deveriam apresentar-se
diante da habitação do Eterno, o lugar onde eles tinham um encontro
marcado, num tempo determinado. Tudo era – e ainda é – feito na
Eternidade de forma muito criteriosa e exata; nada acontece sem que
haja algum propósito bem definido da parte do Eterno para com os
seus! Um outro detalhe é que Moshe nesta ocasião deveria “ajuntar a
congregação” dos filhos de Israel. Esta frase no hebraico nos dá bem
a medida do que estaria ocorrendo: a palavra “ajuntar” foi traduzida
do termo qahal que significa “assembleia, grupo, congregação”. Já o
termo “congregação” vem da palavra edâ, que significa “assembléia,
congregação, povo, enxame”. Parece um contra-senso, mas ali
estavam reunidos os representantes do povo e também a sua
totalidade; ou seja, este acontecimento deveria ser presenciado por
toda a nação, iniciando por seus líderes e terminando no mais novo!

Quando fosse oferecido o sacrifício pelos levitas, este seria “movido”


diante do Eterno. “E Aharon oferecerá os levitas por oferta movida,
perante o IHVH, pelos filhos de Israel; e serão para servirem no
ministério do IHVH” (Nm 8:11). Duas coisas merecem destaque aqui:
a frase “servirem no ministério” é composta das palavras “abad
abodah”. A palavra abad significa “trabalhar, servir”. Tem o sentido
de adorar, obedecer à D-us. Certamente que o trabalho dos
sacerdotes e levitas deveria ter esta conotação – de um serviço que
adora à D-us – porém, isso deveria ficar claro, explícito inclusive na
forma como isso seria feito! Isso também nos fala sobre um outro
detalhe: o ministério deve ser desempenhado de tal forma que isso
venha a glorificar o nome do Eterno na vida daqueles que o servem!
Aqui também temos o nome do Eterno como IHVH – Aquele que se
torna aquilo que precisamos que Ele se torne para nós! Isso significa
que quando aqueles que trabalham no ministério o fazem com as
motivações corretas o Eterno se torna para eles aquilo que eles
precisam que Ele se torne! O ministro nunca terá falta alguma ou
qualquer necessidade, pois seu “patrão” cuidará para que todas as
coisas estejam em ordem a fim de que eles – os ministros – possam
desempenhar um bom trabalho na obra do Eterno!

Os levitas e sacerdotes somente poderiam oficiar diante do Eterno


após ter sido oferecido um sacrifício por suas vidas; então eles
estariam plenamente aptos para o exercício de suas funções. “E
depois os levitas entrarão para fazerem o serviço da tenda da
congregação; e tu os purificarás, e por oferta movida os oferecerás”
(Nm 8:15). Quando os ministros estão aptos, então eles entram e
fazem o serviço na tenda da congregação. Novamente aqui a palavra
“serviço” em hebraico é abad significa “trabalhar, servir”. Tem o
sentido de adorar, obedecer à D-us. Já o termo “tenda da
congregação” em hebraico é ohel e significa “tenda, habitação”. Já o
termo “congregação” vem da palavra mo´ed e significa “sinal
combinado, tempo determinado, estação determinada, local para
assembléia, festa designada”. Ou seja, o trabalho dos levitas deveria
ser ao mesmo tempo uma forma de cultuarem ao Eterno através de
cada ato prestado na habitação onde o Eterno marcou um encontro
para ali com eles se reunir! O louvor e a adoração dos próprios levitas
se confunde, se entrelaça com o seu “trabalho” diário na habitação do
Eterno! Assim deveria ser também para conosco, pois nosso viver
diário deveria juntar-se com nossa adoração ao Eterno de tal forma
que não pudéssemos separar entre aquilo que é “trabalho” e aquilo
que é “adoração” ou “louvor” ao Senhor!
Um outro detalhe muito importante é que essa atividade dos
sacerdotes e levitas tinham também uma outra finalidade: evitar que
houvesse uma praga em meio ao povo de Israel. “E os levitas, dados
a Aharon e a seus filhos, dentre os filhos de Israel, tenho dado para
ministrarem o ministério dos filhos de Israel na tenda da congregação
e para fazer expiação pelos filhos de Israel, para que não haja praga
entre eles, chegando-se os filhos de Israel ao santuário. E assim
fizeram Moshe e Aharon, e toda a congregação dos filhos de Israel,
com os levitas; conforme a tudo o que o Senhor ordenara a Moshe
acerca dos levitas, assim os filhos de Israel lhes fizeram. E os levitas
se purificaram, e lavaram as suas vestes, e Aharon os ofereceu por
oferta movida perante o IHVH, e Aharon fez expiação por eles, para
purificá-los” (Nm 8:19-21). Aqui neste texto a palavra “praga” vem do
termo hebraico negep e significa “golpe, praga, pancada”. Refere-se
a um golpe mortal infringido como castigo divino. Certamente que um
ato de desobediência coletiva por parte dos sacerdotes e levitas faria
com que houvesse entre o povo de Israel algo que os ferisse
mortalmente! Isso porque há um princípio de autoridade delegada
que foi dada pelo Eterno aos sacerdotes e levitas para que tivessem o
encargo espiritual do povo de Israel. Quando essa determinação não
era obedecida, certamente que haveriam conseqüências espirituais e
também físicas não somente entre os sacerdotes e levitas mas
também entre o povo!

Um outro detalhe é que quando eles obedeciam, eles atraíam


bênçãos sobre si – no caso dos sacerdotes e levitas – e também sobre
todo o povo de Israel. O texto nos fala sobre os sacerdotes e levitas
oferecendo os sacrifícios juntamente com a congregação. A palavra
“congregação” em hebraico é edâ e significa “assembléia,
congregação, povo, enxame”. Aqui temos algo que abrange a
totalidade do povo de Israel! Esta palavra congregação nos fala sobre
a totalidade do povo, e não somente sobre partes representativas
deste mesmo povo! Somos também informados que os levitas
“lavaram suas vestes”. A palavra “lavaram” em hebraico é kabas e
significa “lavar, ser lavado”. Isso nos mostra que havia uma
preocupação entre os levitas de que eles estivessem sempre puros
para se apresentarem diante do Eterno! Novamente isso nos fala
sobre algo que chamamos de “ato profético”, pois quando os levitas
se “lavavam” exteriormente eles certamente queriam dizer também
que o seu interior já estava puro, lavado, e pronto para adorar ao
Eterno! Isso aponta para a pureza em nosso viver diário e
principalmente na pureza quando estamos – ou vamos nos apresentar
– diante do Eterno!

Celebrando Pessach

Além deste evento tivemos também a celebração da festa de Pessach


no deserto! “E falou o IHVH a Moshe no deserto de Sinai, no ano
segundo da sua saída da terra do Egito, no primeiro mês, dizendo:
celebrem os filhos de Israel a páscoa a seu tempo determinado” (Nm
9:1-2). A festa de Pessach deveria ser celebrada pelos israelitas em
seu tempo determinado. A palavra “Pessach” em hebraico significa
“passar por cima; saltar por cima de”. Já a palavra “tempo
determinado” vem do termo hebraico mo´ed e significa “sinal
combinado, tempo determinado, estação determinada, local para
assembléia, festa designada”! Esta mesma palavra já fora traduzida
anteriormente por congregação! Duas coisas são importantes aqui: a
primeira é que as festas do Senhor devem ser celebradas em seu
tempo determinado! Nós não temos autoridade para mudarmos quer
seja a forma ou estrutura da festa, quer seja a sua data! Um outro
detalhe é que as festas devem ser celebradas pela “congregação”
dos filhos de Israel! Caso haja entre eles algum estrangeiro, é
permitido a essa pessoa participar das festas e assim reconhecer que
só o Eterno é D-us!

Hoje temos uma situação que é totalmente adversa ao que diz a


Torah, pois a igreja de Ieshua – os crentes – celebra outras
festividades que não aquelas instituídas pelo Eterno, além de também
estar “modificando” as datas corretas das festividades bíblicas
julgando poder celebra-las quando for de seu agrado ou
conveniência!

Novamente somos informados que esta festa deveria ser


obrigatoriamente celebrada pelo povo de Israel! A igreja gentílica
então precisa ser alcançada por esta revelação e também precisa
conscientizar-se de que este mandamento é algo para a igreja nos
dias de hoje! Podemos afirmar isso com base naquilo que está dito
por Sha´ul em Romanos 11, onde eles textualmente afirma que Israel
e a Igreja são parte de um mesmo corpo e formam um só povo!
“Porque convosco falo, gentios, que, enquanto for apóstolo dos
gentios, exalto o meu ministério; para ver se de alguma maneira
posso incitar à emulação os da minha carne e salvar alguns deles.
Porque, se a sua rejeição é a reconciliação do mundo, qual será a sua
admissão, senão a vida dentre os mortos? E, se as primícias são
santas, também a massa o é; se a raiz é santa, também os ramos o
são. E se alguns dos ramos foram quebrados, e tu, sendo zambujeiro,
foste enxertado em lugar deles, e feito participante da raiz e da seiva
da oliveira, não te glories contra os ramos; e, se contra eles te
gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti. Dirás, pois:
Os ramos foram quebrados, para que eu fosse enxertado” (Rm 11:13-
19). Aqui fica muito claro o que dissemos acima, pois Sha´ul liga os
dois povos, fazendo deles uma só nação! Quando conhecemos a
história nós certamente entendemos que isso não só é possível como
é uma realidade! O Eterno juntou Israel e a Igreja por serem, na
verdade, o mesmo povo que havia se separado por algumas
contingências históricas!

A obediência atrai a glória


A obediência do povo de Israel trouxe para o meio deles a glória do D-
us Eterno! Está escrito assim: “E no dia em que foi levantado o
tabernáculo, a nuvem cobriu o tabernáculo sobre a tenda do
testemunho; e à tarde estava sobre o tabernáculo com uma
aparência de fogo até à manhã” (Nm 9:15). Temos aqui um breve
relato de uma manifestação clara da presença do Eterno entre os
israelitas. A palavra “nuvem” em hebraico é anan e significa
“formação de nuvens”. O interessante é que estas nuvens formaram-
se ao nível do solo – o que somente acontece quando há neblina – e
esta mesma formação de nuvem cobriu o tabernáculo! Aqui a palavra
“tabernáculo” é mishkan e significa “tabernáculo, tenda móvel”.
Mas, esta nuvem estava sobre um lugar em especial: a tenda do
testemunho! A palavra “testemunho” em hebraico é edut e significa
“testemunho, lembrete, sinal de advertência”! O tabernáculo era
composto pelo pátio, o lugar santo e o santo dos santos. O pátio era
um local aberto e exposto às intempéries do tempo. Já o lugar santo e
o santo dos santos era um local fechado e também conhecido como
“tenda do testemunho”, pois era exatamente ali que começava o
relacionamento do homem com a divindade. Nestes cômodos todos
os objetos eram de ouro e representavam um aspecto da comunhão
do homem com o Eterno! Foi justamente por isso que os israelitas
presenciaram aquele lugar coberto pela nuvem! O Eterno se “cobriu”
justamente o local onde Ele se manifestava!

Um outro detalhe é que eles ainda viram uma aparência como de


fogo naquele local. A palavra “aparência” vem do termo hebraico
mar´eh e significa “vista, visão, aparência, semblante, beleza”. Já a
palavra “fogo” vem do termo hebraico esh com o mesmo significado.
O que nos deixa perplexos aqui é a forma como o Eterno se
manifestou aos seus e eles viram a aparência, o semblante e a beleza
do Eterno naquela nuvem que ali estaria. E durante a noite essa
mesma forma se parecia com o fogo! Imaginemos que belos atos
milagrosos foram perpetuados na presença dos israelitas! Isso
acontecia para que não houvesse nenhuma dúvida sobre quem era
Aquele que os acompanhava!

Um outro detalhe muito importante é que esta presença determinava


quando os israelitas partiam ou acampavam em suas jornadas.
“Segundo a ordem do IHVH, os filhos de Israel partiam, e segundo a
ordem do IHVH se acampavam; todos os dias em que a nuvem
parava sobre o tabernáculo, ficavam acampados” (Nm 9:18).
Novamente queremos destacar que a obediência dos israelitas gerou
muitas bênçãos que os alcançaram enquanto caminhavam pelo
deserto! Eles partiam – ou não – “segundo a ordem do Senhor”! Isso
nos fala sobre a necessidade de estarmos bem conectados ao Eterno
para que, quando Ele nos der uma ordem, nós prontamente possamos
obedecê-la! A caminhada pelo deserto somente seria possível se
houvesse um guia experiente que conhecesse todos os caminhos – e
também os perigos – que o deserto apresenta para os seus
caminhantes! É justamente por isso que o Eterno está aqui como o
“guia” do povo de Israel em pleno deserto!

Foi ordenado também ao povo que fossem feitas duas trombetas de


prata! “Falou mais o IHVH a Moshe, dizendo: faze-te duas trombetas
de prata; de obra batida as farás, e elas te servirão para a
convocação da congregação, e para a partida dos arraiais” (Nm 10:1-
2). Aqui a palavra “trombetas” em hebraico é hatsotsrâ e significa
“trombeta”. Sua raiz pode também significa “ser estreito”. Estas
trombetas são aquelas que foram posteriormente feitas também
pelos romanos para a saudação aos exércitos romanos quando
voltavam da batalha. Elas são compridas e finas, produzindo assim
um som alto e agudo! Estas trombetas anunciavam ao povo o
momento de partirem daquele local de acampamento e também
anunciavam algum tipo de convocação ao povo. As aplicações para
esta trombeta se dividiriam assim, conforme nos informa o texto
bíblico: “E, quando as tocarem, então toda a congregação se reunirá
a ti à porta da tenda da congregação. Mas, quando tocar uma só,
então a ti se congregarão os príncipes, os cabeças dos milhares de
Israel. Quando, retinindo, as tocardes, então partirão os arraiais que
estão acampados do lado do oriente. Mas, quando a segunda vez
retinindo, as tocardes, então partirão os arraiais que estão
acampados do lado do sul; retinindo, as tocarão para as suas
partidas. Porém, ajuntando a congregação, as tocareis; mas sem
retinir. E os filhos de Aharon, sacerdotes, tocarão as trombetas; e a
vós serão por estatuto perpétuo nas vossas gerações” (Nm 10:3-8).

Uma outra aplicação do uso desta trombeta seria num momento de


guerra! Está escrito assim: “E, quando na vossa terra sairdes a
pelejar contra o inimigo, que vos oprime, também tocareis as
trombetas retinindo, e perante o IHVH vosso Elohim haverá
lembrança de vós, e sereis salvos de vossos inimigos” (Nm 10:9). Este
texto nos informa algumas coisas interessantes. Temos aqui a menção
de que as trombetas de prata deveriam ser tocas quando estivessem
pelejando contra os seus opressores! Então, algo aconteceria: o
Senhor D-us se lembraria do povo e os salvaria! A palavra “Senhor” é
IHVH e a palavra D-us é Elohim! Já a palavra “salvos” vem do termo
yasha, que significa “ser salvo, ser liberto”. Em sua raiz estão
também os termos yesha, que significa salvação, livramento e
também o termo Ieshua que significa salvação e é o nome do
Salvador e Redentor da humanidade! Agora, quando juntamos tudo
isso temos a promessa de que, ao toque da trombeta de prata, o
Eterno, o D-us Criador, se tornaria para o seu povo aquilo que eles
precisassem que Ele se tornasse (beste caso, a vitória e a libertação
dos seus opressores) e isso traria sobre eles a salvação (Ieshua) que
lhes acrescentaria uma nova dimensão de vida a partir daquele
momento! E foi justamente isso que aconteceu, não somente à Israel
mas também aos gentios, pois quando o Eterno se mostrou à eles
como o seu Criador e tornou-se a solução de seus problemas isso lhes
foi feito através de Ieshua que acrescentou uma nova dimensão à
vida de todos aqueles que nele confiaram!

Murmuração é igual a MORTE!

Mas, nem todos os atos salvadores e redentores do Eterno para com


seu povo livraram a Israel – e nem a nós – de uma mal terrível: a
murmuração! “E aconteceu que, queixou-se o povo falando o que era
mal aos ouvidos do Senhor; e ouvindo o IHVH a sua ira se acendeu; e
o fogo do IHVH ardeu entre eles e consumiu os que estavam na
última parte do arraial. Então o povo clamou a Moshe, e Moshe orou
ao IHVH, e o fogo se apagou. Pelo que chamou aquele lugar Taberá,
porquanto o fogo do IHVH se acendera entre eles. E o vulgo, que
estava no meio deles, veio a ter grande desejo; pelo que os filhos de
Israel tornaram a chorar, e disseram: Quem nos dará carne a comer?
Lembramo-nos dos peixes que no Egito comíamos de graça; e dos
pepinos, e dos melões, e dos porros, e das cebolas, e dos alhos. Mas
agora a nossa alma se seca; coisa nenhuma há senão este maná
diante dos nossos olhos” (Nm 11:1-6). Nesta narrativa percebemos o
mal que fizeram alguns dentre o povo por incitarem o restante deles à
murmuração! A primeira coisa é que a palavra “povo” em hebraico
vem do termo ´am que significa “povo, nação”, mas este termo em
particular refere-se à nação de Israel! Já a palavra “murmuração” vem
do termo ´anan que significa “queixar-se, murmurar”. O termo
Senhor é o tetragrama – IHVH – e a palavra “ouvir” vem do termo
shama´ que significa “ouvir, escutar, prestar atenção”. Ou seja,
quem desta vez deu início à este processo de queixa coletiva foram
os próprios israelitas! Eles queixaram-se contra aquele que até então
tinha se tornado aquilo que eles precisavam a cada instante de suas
vidas! E quando eles fizeram isso o Eterno escutou, prestando
bastante atenção naquilo que eles diziam!

O resultado disso foi que acendeu-se a ira do Eterno e o fogo do


Senhor ardeu, consumindo aqueles que estavam na última parte de
acampamento! Quando ocorreu a queixa, então o Eterno tornou-se
aquilo que eles precisavam naquele momento: o juízo – que lhes
sobreveio através de uma manifestação de fogo, causando-lhes
várias mortes!

Como se isso não bastasse, a Palavra nos informa que uma outra
coisa aconteceu: “o vulgo, que estava no meio deles, veio a ter
grande desejo; pelo que os filhos de Israel tornaram a chorar, e
disseram: Quem nos dará carne a comer?” Novamente temos a
manifestação dos desejos físicos dos homens que desencadeiam uma
série de acontecimentos desagradáveis no acampamento dos
israelitas. Neste caso, o episódio citado teve início por causa do
“vulgo”. Esta palavra em hebraico é asâpsup e significa
“ajuntamento popular”. Já o termo “desejo” vem da palavra hebraica
ta´awâ e significa “desejo, concupiscência, vontade, avidez,
saboroso”. Ou seja, entre o povo – que certamente não deve ter
presenciado a morte daqueles que murmuraram anteriormente –
haviam pessoas que se ajuntavam para certamente lembrarem-se do
Egito e das coisas que eles ali faziam. Esse tipo de conversa fez com
que sentissem desejo pelas coisas do Egito que não estavam
disponíveis à eles naquele lugar e naquele momento! Estava
aflorando em seu ser a concupiscência, a avidez por algo saboroso,
uma vontade quase que incontrolável por carne! João nos informa
sobre algo semelhante quando diz: “Porque tudo o que há no mundo,
a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba
da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua
concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Elohim permanece
para sempre” (I Jo 2:16-17). Os israelitas estavam trazendo de volta
um padrão antigo, algo que agora pertencia ao seu passado de
escravo! Esta é a chamada “concupiscência da carne” que é o desejo
manifesto da carne para que suas necessidades sejam satisfeitas de
acordo com os pensamentos de nossa mente carnal; eles são
destituídos de qualquer sentimento que evoque os desejos do Eterno
para conosco e com o nosso corpo e viver diário!

Isso trouxe imediatamente um reflexo naquelas pessoas, pois eles


reclamavam por não terem nada mais além do mana! “Mas agora a
nossa alma se seca; coisa nenhuma há senão este maná diante dos
nossos olhos” (Nm 11:6). Por esta declaração notamos claramente
que os israelitas precisavam ver algo diferente! Sua declaração é
muito forte: “Mas agora a nossa alma se seca”. A palavra “alma” em
hebraico é nepesh e significa “vida, alma, criatura, pessoa, mente”.
Já a palavra “seca” vem do termo hebraico yabesh que significa “ser
ou ficar seco, estar totalmente seco, secar, ressecar”. Os israelitas já
não agüentavam mais ver que a sua comida se limitava ao maná!
Eles sentiram um desejo carnal de ter algo mais, e por isso
reclamavam que suas mentes estavam totalmente secas! Eles tinham
uma imagem mental daquilo que desejavam (a lembrança) mas não
tinham acesso à realidade da lembrança no deserto! Novamente
temos um paralelo deste acontecido com um conselho que nos é
dado por Kefa: “Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros,
que vos abstenhais das concupiscências carnais que combatem
contra a alma” (I Pe 2:11). Certamente Kefa lembrou-se deste
acontecido no deserto quando nos escreveu essas palavras... O
desejo pelas coisas que o mundo pode nos oferecer é certamente um
grande combate que travamos em nosso dia-a-dia e que poderá nos
impelir cada vez mais próximos do Eterno – caso vençamos – ou
então seremos levados para mais e mais perto do mundo – caso não
consigamos vencer! Os israelitas parecem ter se cansado tanto do
maná que se esqueceram o que era o maná! Esta comida era
também conhecida como “o pão dos anjos”! E isso certamente era
um grande privilégio para eles que podiam, dia após dia, saborearem
a comida que fora dada aos anjos comerem, mas que eles, neste
momento de sua peregrinação, tinham agora acesso à isso como um
“presente” do Eterno para eles. Isso nos parece ser algo como que
uma “antecipação” de um dia na história quando estaremos para
sempre juntos do eterno e então teremos novamente o privilégio de
comermos o maná que nossos pais experimentaram naquele deserto!

Moshe ouve a reclamação do povo e sente que seu encargo para com
o povo está muito “pesado”. Ele então diz estas palavras: “Então
Moshe ouviu chorar o povo pelas suas famílias, cada qual à porta da
sua tenda; e a ira do IHVH grandemente se acendeu, e pareceu mal
aos olhos de Moshe. E disse Moshe ao Senhor: Por que fizeste mal a
teu servo, e por que não achei graça aos teus olhos, visto que
puseste sobre mim o cargo de todo este povo? Concebi eu porventura
todo este povo? Dei-o eu à luz? para que me dissesses: leva-o ao teu
colo, como a ama leva a criança que mama, à terra que juraste a
seus pais? De onde teria eu carne para dar a todo este povo?
Porquanto contra mim choram, dizendo: Dá-nos carne a comer; eu só
não posso levar a todo este povo, porque muito pesado é para mim. E
se assim fazes comigo, mata-me, peço-te, se tenho achado graça aos
teus olhos, e não me deixes ver o meu mal” (Nm 11:10-15). Estas
palavras fizeram com que o Eterno então tomasse a seguinte atitude
para com Moshe e conseqüentemente para com o povo: “E disse o
IHVH a Moshe: Ajunta-me setenta homens dos anciãos de Israel, que
sabes serem anciãos do povo e seus oficiais; e os trarás perante a
tenda da congregação, e ali estejam contigo. Então eu descerei e ali
falarei contigo, e tirarei do espírito que está sobre ti, e o porei sobre
eles; e contigo levarão a carga do povo, para que tu não a leves
sozinho, e dirás ao povo: Santificai-vos para amanhã, e comereis
carne; porquanto chorastes aos ouvidos do Se IHVH nhor, dizendo:
Quem nos dará carne a comer? Pois íamos bem no Egito; por isso o
Senhor vos dará carne, e comereis” (Nm 11:16-18). Uma coisa que é
notável neste texto é que o Senhor disse que “desceria” e ali falaria
com Moshe aos olhos de todo o povo! A palavra “descer” em hebraico
é yarad e significa “descer, ir para baixo, baixar, marchar abaixo”.
Em sua raiz está a palavra Iardem (Jordão) que significa “aquele que
desce”! Isso nos dá a dimensão que de o Eterno literalmente desceria
em meio ao acampamento dos israelitas e neste momento falaria
com Moshe aos olhos do povo retirando dele parte da unção que
havia e dando-a aos anciãos escolhidos para ajudarem na condução
do povo! A palavra “espírito” em hebraico é ruach e significa “vento,
sopro, espírito”! Moshe havia recebido uma unção e o Eterno
simplesmente dividiria esta unção – que sairia de Moshe para eles!
Então podemos dizer que a unção de uma pessoa é transferível para
outra! E isso pode depender de vários aspectos, mas um deles é o
auxílio no mesmo ministério – serviço – que o outro presta no Corpo
do Messias!

Agora O Eterno ordena a Moshe que chame o povo e diga-lhes que se


consagrem para verem mais uma vez os milagres do Eterno! “E dirás
ao povo: Santificai-vos para amanhã, e comereis carne; porquanto
chorastes aos ouvidos do IHVH, dizendo: Quem nos dará carne a
comer? Pois íamos bem no Egito; por isso o IHVH vos dará carne, e
comereis; não comereis um dia, nem dois dias, nem cinco dias, nem
dez dias, nem vinte dias; mas um mês inteiro, até vos sair pelas
narinas, até que vos enfastieis dela; porquanto rejeitastes ao IHVH,
que está no meio de vós, e chorastes diante dele, dizendo: Por que
saímos do Egito?” (Nm 11:18-20). Esse “chamado à santificação”
seria específico para os israelitas, pois a palavra “povo” usada aqui é
o termo ´am que significa “povo, nação”, mas este termo em
particular refere-se à nação de Israel. Já o termo “santificai-vos” vem
da palavra qadash que significa “ser consagrado, ser santo, ser
santificado, consagrar, santificar, preparar, dedicar”. Ou seja, o povo
haveria de ver os milagres acontecerem se estivessem numa
condição de limpeza, santidade, dedicação total ao Eterno; eles então
receberiam carne para comerem por trinta dias! Mas eles também
saberiam que essa atitude foi um ato de rejeição ao Senhor! A
palavra “rejeitar” em hebraico é ma´as e significa “rejeitar,
desprezar”. Já o termo Senhor é o tetragrama - IHVH! Quando o povo
sentiu o forte desejo pelas coisas do Egito e deu vazão à este desejo
ardente querendo carne para comerem eles certamente não
pensaram nas conseqüências que viriam! Eles haviam se “esquecido”
que o Eterno havia lhes dado uma palavra que lhes garantiria um
futuro diferente em Canaã! Mas parece que eles desprezaram a
Palavra do Eterno e desprezaram Aquele que se tornara tudo aquilo
que eles vinham precisando até então!

Como poderá o milagre acontecer?

A pergunta de Moshe é típica de um momento que precede ao


milagre: “E disse Moshe: seiscentos mil homens de pé é este povo, no
meio do qual estou; e tu tens dito: Dar-lhes-ei carne, e comerão um
mês inteiro. Degolar-se-ão para eles ovelhas e vacas que lhes
bastem? Ou ajuntar-se-ão para eles todos os peixes do mar, que lhes
bastem?” (Nm 11:21-22). Moshe olha esta questão pela perspectiva
humana e vê que isso certamente seria impossível! Não haveria como
fornecer à tão grande povo carne para comerem durante um mês em
meio à um deserto! Mas, apesar de Moshe não compartilhar do ponto
de vista do Eterno , o Senhor mesmo assim lhe diz: “Porém, o IHVH
disse a Moshe: Teria sido encurtada a mão do IHVH? Agora verás se a
minha palavra se há de cumprir ou não” (Nm 11:23). Novamente o
Eterno se identifica para Moshe como IHVH – Aquele que se torna
aquilo que seu povo precisa que Ele se torne! Já o termo “encurtada”
vem do hebraico qatsar e significa “ser breve, ser curto, estar
impaciente, estar aborrecido, estar desgostoso”. Moshe parece não
ter percebido o que o Eterno quer lhe dizer: que seu poder é ilimitado
e Ele não é “curto” ao agir, mas suas ações e atos são certamente
muito abrangentes em cada milagre ou manifestação!

Um outro detalhe aqui é que o próprio Moshe veria os resultados:


“Agora verás se a minha palavra se há de cumprir ou não”. A palavra
“ver” em hebraico é o termo ra´a e significa “ver, olhar, inspecionar”.
O termo “palavra” vem do hebraico dabar que significa “falar,
declarar, conversar, ordenar, prometer, advertir”. E o termo
“cumprir” vem do hebraico qarâ e significa “enfrentar, encontrar,
suceder, acontecer, construir com vigas”. Moshe seria testemunha
ocular pois veria, podendo até mesmo inspecionar cuidadosamente o
fato para comprovar sua veracidade, que a declaração, a ordem que o
Eterno daria quanto à carne aconteceria! Isso seria assim porque a
palavra do Eterno é algo tão precioso que Ele a usa para construir e
edificar o seu próprio povo! A idéia do cumprimento desta palavra nos
fala sobre algo que é construído e edificado sobre uma base sólida! E
o cumprimento de cada palavra dita pelo Eterno atesta a sua
veracidade e o seu grau de comprometimento com sua própria
palavra!

O resultado desta palavra foi o seguinte: “Então soprou um vento do


IHVH e trouxe codornizes do mar, e as espalhou pelo arraial quase
caminho de um dia, de um lado e de outro lado, ao redor do arraial;
quase dois côvados sobre a terra. Então o povo se levantou todo
aquele dia e toda aquela noite, e todo o dia seguinte, e colheram as
codornizes; o que menos tinha, colhera dez ômeres; e as estenderam
para si ao redor do arraial. Quando a carne estava entre os seus
dentes, antes que fosse mastigada, se acendeu a ira do Senhor
contra o povo, e feriu o IHVH o povo com uma praga mui grande. Por
isso o nome daquele lugar se chamou Quibrote-Ataavá, porquanto ali
enterraram o povo que teve o desejo” (Nm 11:31-34).

Logo após este trágico evento houve também o problema da revolta


de Mirian e Aharon contra Moshe! “E falaram Mirian e Aharon contra
Moshe, por causa da mulher cusita, com quem casara; porquanto
tinha casado com uma mulher cusita. E disseram: Porventura falou o
IHVH somente por Moshe? Não falou também por nós? E o Senhor o
ouviu. E era o homem Moshe mui manso, mais do que todos os
homens que havia sobre a terra” (Nm 12:1-3). O motivo aparente de
problema com Moshe era a sua nova mulher. A Torah diz que sua
mulher era cusita. Esta palavra vem do termo kushi que significa
“etíope, cusita”. Parece que havia uma resistência contra Moshe por
causa desta mulher e essa resistência gerou uma situação
constrangedora entre Moshe e seus irmãos. A Torah ainda declara que
o Eterno ouviu as reclamações de Mirian e Aharon! A palavra Senhor é
IHVH e a palavra “ouviu” é a palavra shama´ que significa “ouvir,
escutar, prestar atenção”. É certo que o Eterno tem o controle sobre
todas as coisas, mas neste caso específico Ele prestou atenção às
palavras que foram ditas pelos irmãos de Moshe! Embora eles
houvessem dito isso contra Moshe, a Torah declara que Moshe era um
homem “mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a
terra”. A palavra “manso” em hebraico é anaw e significa “humilde,
manso”. Este adjetivo ressalta que o alvo da aflição é a condição
moral e espiritual dos piedosos, deixando-se implícito que essa
condição é alcançada mediante uma vida de sofrimento e não de
fartura e alegria mundanas. Moshe era então um homem muito
humilde, apesar de ter sobre si a responsabilidade de chefiar cerca de
dois milhões de pessoas, de ser o “contato” entre o povo de Israel e o
Eterno; apesar de ter sobre ele uma unção que já realizara grandes
milagres, etc... Nada disso fazia com que Moshe se sentisse mais
importante que algum outro israelita! Sua posição era de um servo
em meio aos demais servos!

Quão distante estamos nós hoje deste padrão, quando o “normal” é a


ostentação, a busca pelo poder e pela prosperidade como sinais da
“presença e da bênção de D-us” em nossas vidas! Temos nos
preocupado muito com aquilo que é visível e passageiro e deixamos
de nos preocupar com o invisível e o eterno! A atitude de Moshe é
característica de um líder ou homem que anda com D-us: a sua causa
seria julgada pelo próprio D-us! Moshe nada faria e nem tomaria
partido de um lado ou de outro; ele não se defenderia das acusações
nem as “retrucaria”, mas como todo homem de D-us ele as apresenta
diante do Justo Juiz para que Ele as julgue!

O relato bíblico termina dizendo: “E logo o IHVH disse a Moshe, a


Aharon e a Mirian: Vós três saí à tenda da congregação. E saíram eles
três. Então o IHVH desceu na coluna de nuvem, e se pôs à porta da
tenda; depois chamou a Aharon e a Mirian e ambos saíram. E disse:
Ouvi agora as minhas palavras; se entre vós houver profeta, eu, o
IHVH, em visão a ele me farei conhecer, ou em sonhos falarei com
ele. Não é assim com o meu servo Moshe que é fiel em toda a minha
casa. Boca a boca falo com ele, claramente e não por enigmas; pois
ele vê a semelhança do IHVH; por que, pois, não tivestes temor de
falar contra o meu servo, contra Moshe? Assim a ira do IHVH contra
eles se acendeu; e retirou-se. E a nuvem se retirou de sobre a tenda;
e eis que Mirian ficou leprosa como a neve; e olhou Aharon para
Mirian, e eis que estava leprosa. Por isso Aharon disse a Moshe: Ai,
senhor meu, não ponhas sobre nós este pecado, pois agimos
loucamente, e temos pecado. Ora, não seja ela como um morto, que
saindo do ventre de sua mãe, a metade da sua carne já esteja
consumida. Clamou, pois, Moshe ao IHVH, dizendo: Ó Elohim, rogo-te
que a cures. E disse o IHVH a Moshe: Se seu pai cuspira em seu rosto,
não seria envergonhada sete dias? Esteja fechada sete dias fora do
arraial, e depois a recolham. Assim Mirian esteve fechada fora do
arraial sete dias, e o povo não partiu, até que recolheram a Mirian.
Porém, depois o povo partiu de Hazerote; e acampou-se no deserto
de Parã” (Nm 12:4-16). Neste relato vemos que o próprio D-us faz a
defesa de Moshe e toma a sua causa. Também é o próprio D-us que
determina qual deverá ser a sentença aos culpados e depois de haver
o arrependimento esse mesmo D-us ordena que os pecadores –
porém seus servos de confiança – sejam recolhidos e levados de volta
à sua posição de liderança! Aqui o Eterno nos ensina que apesar do
pecado cometido por Mirian e Aharon eles não perderam suas
posições de liderança e o respeito do povo!
Que o Eterno nos ajude a trocarmos nossos padrões a fim de
estarmos nos adequando à sua Torah!

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