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CURSO DE ODONTOLOGIA
DISCIPLINA DE IMPLANTODONTIA
São Luís
2016
INTRODUÇÃO
REVISÃO DE LITERATURA
Cardiopatias
Os problemas cardiovasculares estão diretamente relacionados aos procedimentos
odontológicos, especialmente os mais invasivos, como é o caso da implantodontia. Deve-se ter
em mente que todos os pacientes, independentemente da idade, são possíveis portadores de
cardiopatias. Um exemplo de cardiopatia são as doenças cardíacas congênitas, que podem afetar
inclusive as crianças. A grande dificuldade é que nem sempre as patologias cardíacas são
diagnosticadas e, consequentemente, não são do conhecimento do paciente.
Diagnóstico: Uma boa anamnese e um exame físico limitado (ausculta cardíaca e pulmonar,
avaliação da pressão arterial (PA), pulso, frequência respiratória e temperatura) são
fundamentais para todos os pacientes. Se houver suspeita (após avaliação clínica inicial,
incluindo avaliação dos sinais vitais) de que o paciente é portador de doença cardiovascular, a
melhor solução é suspender o procedimento e pedir o parecer (por escrito) de um cardiologista.
Este fará um exame minucioso, além de eletrocardiograma, ecocardiograma, teste de esforço
físico e, se necessário, tomografia computadorizada das artérias coronárias.
Hipertensão Arterial
Fatores: Dieta, sedentarismo, estresse, fumo, álcool e doenças sistêmicas crônicas (diabete,
doença renal crônica e hipertireodismo) podem contribuir para o aparecimento da hipertensão
arterial.
Diagnóstico: Os valores da pressão podem estar: Normal (120/80 mmHg); Normal-alta (130/90
mmHg); Moderada (150/100 mmHg); Alta (>160/110 mmHg).
Durante o tratamento cirúrgico odontológico, o sinal mais evidente de PA elevada é o aumento
do sangramento e queixas, como tonturas e mal-estar. Dentre os fatores que levam ao aumento
da PA durante o tratamento odontológico, destaca-se a ansiedade, um dos mais comuns na
clínica diária. Uma de suas características é o aumento maior da PA sistólica, enquanto a
diastólica se mantém ou sobe em menor proporção. A dor também desencadeia um aumento da
PA e, normalmente, está correlacionada à ansiedade.
Interesse cirúrgico: Tomar cuidado com detalhes, como, por exemplo, colocar o paciente em
uma posição confortável e evitar a injeção acidental de anestésico com vasoconstritor
diretamente no vaso sanguíneo, bem como o uso de seringas que permitam a aspiração antes de
injetar lentamente o conteúdo. Mesmo que o paciente seja hipertenso (controlado), pode-se
utilizar anestésicos com vasoconstritor, de preferência do tipo felipressina. A epinefrina
também pode ser utilizada, desde que em uma concentração de 1:100.000 ou 1:200.000 e, no
máximo, três tubetes. O atendimento ao hipertenso deve ser feito com base na informação de
que o paciente está ou não compensado. É possível atender normalmente os pacientes
compensados que fazem uso de medicações e com PA de, no máximo, 150/90mmHg, de
preferência em sessões curtas, para evitar estímulos dolorosos, e no período vespertino.
Também é recomendado o uso de ansiolíticos, o que evita o aumento da PA.
Arritmia Cardíaca
Definição: Alterações no ritmo ou na frequência cardíaca. A frequência cardíaca, considerada
normal, fica entre 70 e 80 batimentos por minuto, e pode ser medida por meio de tomada do
pulso de artérias superficiais (artéria radial ou artéria carótida).
Causas: A bradicardia sinusal, com um ritmo muito regular, pode significar um bom preparo
físico; outras causas podem ser hipotireoidismo, hipotermia, infarto agudo do miocárdio ou uso
de medicações, tipo propanolol. Pode-se reverter a bradicardia com o uso endovenoso de
atropina, porém, esse procedimento deve ser feito e controlado pela equipe médica. Até a
chegada do socorro especializado, deve-se monitorar os sinais vitais e manter contato verbal
com o paciente.
Já na taquicardia sinusal, as principais causas para a o aumento dos batimentos são os exercícios
físicos, a ansiedade, febre, hipertireoidismo e sangramentos. Outros tipos de arritmia são as
taquicardias supraventricular e ventricular, sendo que a última pode levar o paciente ao óbito
rapidamente. Se o ritmo da taquicardia for constante, pode-se utilizar manobras vasovagais,
como pressão suave sobre os olhos, ou estimular o vômito por meio de manipulação na
orofaringe; ambos os procedimentos promovem estimulação vagal, diminuindo, assim os
batimentos cardíacos.
Angina de Peito
A angina de peito está entre os problemas cardiovasculares mais comuns encontrados nos
pacientes que procuram tratamento odontológico com implantes. Ocorre, principalmente, em
pacientes acima dos 40 anos de idade, sexo masculino, podendo igualmente afetar o sexo
feminino.35 Levando-se em conta que a maioria dos candidatos a implante dentário está acima
dessa faixa etária, conclui-se que esse é um problema do aparelho cardiovascular a ser
investigado com atenção durante a anamnese.
Definição: Diminuição ou obstrução no suprimento arterial para a musculatura cardíaca.
Basicamente, trata-se de um espasmo progressivo, além de um estreitamento das artérias
coronárias que diminui a oferta de oxigênio para o miocárdio, causando uma isquemia cardíaca.
Complicações: A isquemia provoca uma forte dor no peito ou dor subesternal, podendo irradiar
para o ombro e braço esquerdos, além da região mandibular. Outra característica marcante da
angina de peito é a sudorese excessiva. Dor nessa região pode ser proveniente de úlcera péptica,
esofagite, hérnia de hiato e problemas musculoesqueléticos.
Hipertireoidismo
Pacientes portadores de doença na tireoide bem controlados podem ser submetidos, com
segurança, à cirurgia oral menor ambulatorial. Entretanto, se houver presença de infecção oral,
o médico deve ser notificado caso o paciente manifeste sinais de hipertireoidismo.
Medicamentos à base de atropina e soluções com quantidades excessivas de adrenalina devem
ser evitados se o paciente não estiver controlado, pelo risco de desenvolvimento de arritmia
cardíaca grave, principalmente fibrilação atrial.
Osteoporose
Definição: Caracterizada por baixa massa óssea e densidade do tecido ósseo, que leva o osso à
fragilidade e à fratura.
Relatos: A osteoporose pode causar perda óssea oral, mas, aparentemente, não influencia na
sobrevivência dos implantes. As sobredentaduras são indicadas por auxiliarem na distribuição
das forças sobre o osso osteoporótico. A osteoporose não representa risco de fracasso para a
terapia com implantes osseointegrados.
Síndrome de Sjögren
Definição: Caracterizada, em parte, por boca (xerostomia) e olhos secos (xeroftalmia). A
xerostomia, frequentemente, resulta em mucosite, candidíase e redução da retenção de próteses.
Os implantes trazem grande conforto e funcionalidade para esses pacientes. Próteses
implantossuportadas são preferíveis em relação às próteses totais removíveis em pacientes com
xerostomia.
Esclerodermia
Definição: Doença que afeta vários sistemas do organismo, como o gastrintestinal, o trato
respiratório e renal, cardiovascular e genito-urinário. Os sintomas resultam em progressiva
fibrose do tecido e em oclusão da microvascularização devido à produção excessiva e a
deposição de colágenos do tipo I e II.
Interesse cirúrgico: O envolvimento oral com o escleroderma resulta em redução da área de
suporte da prótese e em mudança no selamento periférico. Implantes têm sido usados nesses
pacientes, melhorando as dificuldades; são pacientes com um acesso oral limitado, que dificulta
a higienização e o acesso cirúrgico.
Doença de Parkinson
Definição: Doença progressiva neurodegenerativa. Trata-se de uma desordem neurológica, que
afeta aproximadamente 1% dos indivíduos acima de 60 anos de idade.
Deve-se considerar uma prótese implantorretida, devido à dificuldade motora desses pacientes
em conseguir a higienização.
Tabagismo
Estudos mostram que fumar interfere na osseointegração e acelera a reabsorção óssea ao
redor dos implantes. Habsha mostrou que pacientes com histórias de tabagismo, e que fumaram
durante a fase inicial de cicatrização, têm maior chance de insucesso nos implantes do que os
não fumantes. Fumar aumenta o risco de desenvolver peri implantite. O cigarro prejudica a
cicatrização das feridas dos tecidos moles e afeta o sistema circulatório e a função celular
normal.
Sham et al relataram que a doença periodontal, as falhas dos implantes endósseos e o
desenvolvimento do câncer bucal são entidades intimamente relacionadas com o uso do tabaco.
Em adição, a peri implantite com o uso corrente do tabaco, promovendo inflamação tecidual, a
formação de bolsas profundas e aumento da reabsorção óssea ao redor dos implantes.
Discorreram ainda que os protocolos de abandono do cigarro podem contribuir
consideravelmente com as taxas de sucesso da osseointegração.
Quimioterapia Citotóxica
O efeito da terapia em pacientes, durante o tratamento de implantes osseointegrados, pode
depender da condição da imunidade e da microflora peri implantar de cada indivíduo.
Recomenda-se controlar a higiene e aguardar o momento de fixação dos implantes, caso o
paciente apresente valores normais de hemograma. Alguns autores contraindicam a fixação dos
implantes nos pacientes em tratamento com quimioterápicos.
Radioterapia
Estudos avaliaram que os tecidos irradiados estão associados a uma maior taxa de falhas dos
implantes do que tecidos não irradiados e o tratamento com oxigênio hiperbárico pode ser
utilizado para reduzir as falhas.
REFERÊNCIAS
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