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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS


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pode ser definido como o que se tem origem no poder judiciário ou


perante ele se realiza.
Shine diz que por objeto da avaliação psicológica se entende a
questão-problema pertinente e que a avaliação trata de investigar, ou
ainda, trata-se de um problema a resolver ou uma questão a responder e
o objetivo será dado pela demanda que é feita ao psicólogo em sua
avaliação.
A avaliação psicológica em contexto forense recairá sobre uma
pergunta cujo interesse reside no deslinde de uma questão do Direito,
uma questão legal.
Para ilustrar tais conceitos e definições vamos utilizar o seguinte
exemplo, descrito por Shine:
Em casos de disputa da guarda em Vara de Família recorre-se ao
perito psicólogo no intuito de buscar uma resposta a questões-problemas
de origem e natureza psicológicas, mas cujo objetivo final é de definir o
guardião legal da criança.
Mediante a pergunta: “quem tem as melhores condições
psicológicas para o exercício da guarda?” reparamos que o que se quer
saber concerne às condições psicológicas e nesse caso temos em primeiro
plano o campo de expertise do profissional em psicologia.
A resolução do problema que a avaliação psicológica se constitui,
portanto como instrumentos sempre recairá sobre o sujeito, assim como
descrito por Shine.
A abordagem da Psicologia se caracteriza, então, pela dimensão
intersubjetiva e em última instância o objeto da Psicologia é sempre
pertinente ao sujeito.
A natureza contenciosa de muito dos casos em que a atuação do
psicólogo é necessária, tem implicado numa atuação pontual e específica
desse profissional, podendo dizer que tornam-se peritos nos casos em
que trabalham e essa perícia é o estudo realizado por especialistas
escolhidos pelos magistrados, de acordo com a matéria (Psicologia,
Serviço Social, Antropologia, etc.) e que funciona como “prova” no

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processo judicial, complementando as demais, tais como as documentais,


testemunhais e confessionais na resolução do processo judicial.
O encontro do psicólogo-perito com seu periciando-sujeito se dá
dentro do contexto específico que a demanda legal informa e institui.
Utilizando-se do exemplo anterior temos que se o processo judicial
é o de guarda a avaliação psicológica buscará as potencialidades e as
dificuldades de cada um dos genitores à luz do relacionamento e das
necessidades específicas do filho em questão.
Se o objetivo é avaliar sua competência para o exercício de funções
de cidadão, buscar-se-á discriminar as condições necessárias para tal
exercício e a confirmação de sua presença ou ausência no sujeito.
Se o periciando é um apenado e a avaliação busca subsidiar a
decisão quanto ao tipo de regime que lhe será aplicado, tratar-se-á de
levantar qual é o seu perfil a partir do crime cometido e inferir a
probabilidade de sua reincidência.
No que tange os contextos pertinentes à infância e juventude, em
que a maioria das questões implica em verificação da ameaça ou violação
dos direitos da criança e do adolescente (processos verificatórios), cabe
ao psicólogo utilizar os recursos de sua especialidade, para dimensionar a
problemática psicológica dos envolvidos na situação social e jurídica.
Tal dimensionamento implica no estabelecimento de um programa
de intervenção no caso, com avaliação, acompanhamento, orientação e
encaminhamento das pessoas envolvidas. O compromisso do psicólogo
não fica restrito ao fornecimento de informações ao magistrado para a
decisão do processo judicial, mas, em trabalhar todas as dimensões do
caso, com vista à promoção e manutenção de uma política de garantia de
direitos da infância e juventude. A intervenção psicológica nos casos,
depende em grande parte, das relações estabelecidas com as políticas
públicas e os programas sociais voltados para essa parcela da população,
cujas características precisam ser conhecidas e contextualizadas pelo
profissional. Seu trabalho não cessa com a emissão de um parecer

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psicológico sobre o caso, precisando, muitas vezes, reavaliar situações


que se transformam ao longo do processo judicial.
Há os casos contenciosos, cujas partes apresentam-se numa relação
judicial litigiosa, em disputa por interesses contraditórios. Nesses
processos, as pessoas são representadas por advogados, que provocam o
Poder Judiciário visando a resolução do conflito, com o restabelecimento
dos direitos da pessoa prejudicada.
Na área do direito de família, incluem-se os filhos e dependentes
dos envolvidos na separação como partes interessadas no processo
judicial. Também aqui, tal como na Justiça da Infância e Juventude os
direitos da criança e do adolescente prevalecem como prioridade
absoluta, em consonância com o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Os peritos, como profissionais de confiança do juízo, assumem o
compromisso de imparcialidade na avaliação dos casos, comprometendo-
se a apresentar um parecer técnico psicológico sobre as questões
formuladas pelo magistrado e de responder aos quesitos formulados pelos
advogados das partes e pelo ministério público.
O relacionamento do psicólogo com as partes interessadas no
processo implica uma avaliação psicológica como um processo de
compreensão e de intervenção, e também, no estabelecimento de
recomendações terapêuticas e sociais pertinentes a realidade dos
implicados.
Essa é uma relação de trabalho que opõe dois sujeitos, mas que
implica também um terceiro: o operador do Direito. Isso coloca a questão
do que ele fará com a informação que o profissional-perito fizer chegar às
suas mãos.
No contexto jurídico a demanda apresentada pelo operador do
Direito requer uma resposta do perito que pode ser ou não benéfico ao
interesse próprio do sujeito-periciando. Este fará tudo para que o
interlocutor (psicólogo) seja o intermediário de uma boa resposta ao
destinatário último (operador do Direito) da informação relevante. Nesse
contexto podemos considerar que há certa dose de desconfiança e

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distanciamento no vínculo possível de trabalho que unirá o psicólogo-


perito a seu periciando.
A transparência quanto à posição que o psicólogo em avaliação
psicológica forense assume frente ao seu sujeito é de extrema
importância e desde o início deve estar claro qual é a sua função para
todos os envolvidos na avaliação.
Vale lembrar que a avaliação psicológica em contexto forense
engloba uma série de situações em que podem estar envolvidos não só os
conhecidos como operadores do Direito (Juiz, Procuradores e Advogados)
de um lado, como vários sujeitos-periciandos (partes, crianças,
adolescentes) do outro.
Segundo Shine dependendo de como o profissional psicólogo se
posiciona na arena jurídica, ou seja, sobre o que realiza no desempenho
de uma avaliação psicológica forense, temos uma compreensão técnica e
um posicionamento ético diferentes.
A natureza dos processos judiciais e do rito judiciário utilizado para
tratar a matéria em questão, determinam a forma de abordagem de cada
um dos casos pelo psicólogo.
Ao psicólogo perito cabe fornecer um laudo psicológico com
informações pertinentes ao processo judicial e à problemática
diagnosticada, visando auxiliar o magistrado na formação de seu
convencimento sobre a decisão judicial a ser tomada, como forma de
realização do direito objetivo das partes em oposição. Essa postura,
própria do perito, determina também a dinâmica de atendimento do caso,
na instituição judiciária.
Para tanto, o psicólogo estabelece um planejamento da avaliação
psicológicas das pessoas implicadas, com base no estudo dos autos, isto
é, de todos os documentos e provas que compõem o processo judicial.
Os instrumentos diagnósticos são escolhidos de acordo com a
formação teórica do profissional, das condições institucionais e da
situação emocional dos implicados no processo judicial. Considera-se e
especificidade da situação judicial, em que as pessoas não escolheram a

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intervenção do psicólogo e estão numa posição defensiva, procurando


fazer prevalecer seus interesses sobre terceiros, com quem, em geral,
mantém vínculos afetivos conflituosos.
O psicólogo precisa estar atento às limitações do caráter preditivo
dos instrumentos diagnósticos utilizados, bem como ao caráter situacional
da avaliação realizada numa situação específica de crise. Ele deve refletir
sobre as implicações éticas e políticas de seu trabalho, considerando
sempre que seus resultados podem ser determinantes da medida judicial
aplicada ao caso, embora o magistrado não esteja adstrito ao laudo
psicológico para sua decisão.
Vale lembrar que outros conhecimentos podem auxiliar na
manutenção ou na mudança de valores e crenças que perpassam a
atuação judiciária. As implicações ideológicas do trabalho são inevitáveis,
e por isso mesmo essenciais para a análise crítica das atividades
desenvolvidas nesse escopo de saber e poder judiciário.

A ENTREVISTA PSICOLÓGICA

A entrevista psicológica é o instrumento fundamental de trabalho


não somente para o psicólogo, como também para outros profissionais
como psiquiatras, assistentes sociais, sociólogos, etc.
O objeto da entrevista psicológica é a relação entre entrevistador
(a quem se pede ajuda) e o entrevistado (aquele que pede ajuda). Da
mesma forma, mesmo que a entrevista psicológica seja usada com a
finalidade explícita de se fazer algum tipo de avaliação, a observação
participante ou a observação da interação, ou a observação do campo,
segundo Bleger, é o ponto básico e principal dessa técnica.
Bleger define a entrevista psicológica como aberta ou fechada e
suas principais características são:
a) Na entrevista aberta o entrevistador tem liberdade para
formular perguntas ou para fazer intervenções, permitindo-se
toda a flexibilidade necessária em cada caso particular.

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b) Já na entrevista fechada as perguntas já estão previstas,


assim como a ordem a ser seguida e a maneira de formulá-las ao
sujeito e nesse caso o entrevistador não pode alterar nenhuma
destas disposições. Podemos concluir assim que essa modalidade
é um questionário que passa a ter uma relação estreita com a
entrevista.

Bleger aponta ainda que a entrevista aberta não se caracteriza


essencialmente pela liberdade de colocar perguntas, por que o
fundamento da entrevista psicológica não consiste em perguntar e nem
no propósito de recolher dados da história do entrevistado.
O autor relata que no caso da entrevista aberta, reside numa
flexibilidade suficiente para permitir, na medida do possível, que o
entrevistado configure o campo da entrevista segundo sua estrutura
psicológica particular ou pelas variáveis que dependem de sua
personalidade.
A entrevista aberta possibilita ainda uma investigação mais ampla
e profunda da personalidade desse entrevistado, embora a entrevista
fechada permita uma melhor comparação sistemática de dados, além de
outras vantagens próprias de todo método padronizado.
Quanto ao número de participantes na entrevista temos entrevista
individual e grupal, segundo sejam um ou mais os entrevistadores e/ou
os entrevistados.
A realidade é que, em todos os casos, a entrevista é sempre um
fenômeno grupal, já que mesmo com a participação de um só
entrevistado sua relação com o entrevistador deve ser considerada em
função da psicologia e da dinâmica de grupo.
As entrevistas também podem ser classificadas segundo o
beneficiário do resultado e assim temos:
a) a entrevista que se realiza em benefício do entrevistado, casos
da consulta psicológica ou psiquiátrica;

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b) a entrevista cujo objetivo é a pesquisa, na qual importam os


resultados científicos;
c) a entrevista que se realiza para um terceiro (uma instituição).

Cada uma delas implica variáveis distintas a serem levadas em


conta, já que modificam ou atuam sobre a atitude do entrevistador, assim
como do entrevistado, e sobre o campo total da entrevista. Uma diferença
fundamental é que, excetuando o primeiro tipo de entrevista, os dois
outros requerem que o entrevistador desperte interesse e participação,
que “motive” o entrevistado.
Consulta não é sinônimo de entrevista pois entrevista é um dos
procedimentos de que o dispõe para atender a uma consulta.
Entrevista não é uma anamnese que implica uma compilação de
dados preestabelecidos, de tal amplitude e detalhe, que permita obter
uma síntese tanto da situação presente como da história de um indivíduo,
de sua doença e de sua saúde.
Diferentemente da consulta e da anamnese, a entrevista
psicológica objetiva o estudo e a utilização do comportamento total do
indivíduo em todo o curso da relação estabelecida com o profissional,
durante o tempo em que essa relação durar.
Durante a entrevista tanto a ansiedade quanto os mecanismos de
defesa do entrevistado podem aumentar, não somente devido a esse
novo contexto que ele enfrenta, mas também devido ao perigo, em
potencial, daquilo que desconhece em sua personalidade.
O contato com seres humanos, coloca o profissional diante da sua
própria vida, saúde ou doença, conflitos e frustrações e em sua tarefa, o
psicólogo pode oscilar facilmente entre a ansiedade e o bloqueio, sem que
isto o perturbe, desde que possa resolver na medida em que surja.
Investigação implica presença de ansiedade frente ao desconhecido,
e o investigador deve ter a capacidade para tolerá-la, assim, poderá
manter o controle da situação.

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A manipulação técnica da ansiedade deve ser realizada com


referência à personalidade do entrevistado, e o nível de sincronização e
ajustamento que se tenha estabelecido na relação.
Toda interpretação fora desse contexto implica em agressão ao
paciente ou entrevistado. Cabe ao psicólogo saber calar, na proporção
inversa da sua vontade compulsiva de interferir.

ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS ESCRITOS:


LAUDOS, RELATÓRIOS E PARECERES
PSICOLÓGICOS

Para falarmos sobre a elaboração de documentos escritos


utilizaremos o que está determinado na resolução do Conselho Federal de
Psicologia nº 007/2003 que instituiu o Manual de Elaboração de
Documentos Escritos produzidos pelo psicólogo, decorrentes de seu
trabalho de avaliação psicológica.
O Manual fixa também todas as diretrizes e os procedimentos
norteadores na elaboração de documentos, nos quais o psicólogo deve se
basear para toda e qualquer comunicação por escrito, decorrente da
avaliação psicológica.
No âmbito judiciário os documentos elaborados pelo psicólogo são
considerados como provas processuais, ou seja, elementos que
corroboram para a elucidação de controvérsias e para decisões judiciais.
O saber psicológico adquire um poder decisivo para as questões judiciais,
implicando em compromissos sociais e políticos para com as pessoas
atendidas e a construção da cidadania.
Os documentos são usualmente complementares aos elaborados
pelos assistentes sociais, membros da equipe interprofissional das Varas
da Infância e Juventude e das Varas de Família e Sucessões. Podem
também, somar-se aos de outros profissionais, como psiquiatras e
psicanalistas quando os mesmos participam do processo judicial.

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A elaboração de informes ou informações circunstanciadas são


decorrentes das entrevistas iniciais com os requerentes do processo
judicial e tem a função de demarcar a atuação da psicologia no caso,
anunciando como, com quem e quando o trabalho de avaliação
psicológica será realizado.
O processo de avaliação psicológica utiliza-se dos instrumentais
técnicos tais como entrevistas, testes, observações, estudos de campo,
dinâmicas de grupo, escuta e ainda intervenções verbais.
Esses instrumentos se configuram como métodos e técnicas
psicológicas para a coleta de dados, estudos e interpretações de
informações a respeito dos sujeitos ou grupos atendidos.
Segundo o Manual:
“tais instrumentais técnicos devem obedecer às
condições mínimas requeridas de qualidade e de
uso, devendo ser adequados ao que se propõe a
investigar".

Na situação judiciária, a adequação dos instrumentos está


relacionada à natureza do processo judicial (verificatório ou contencioso),
da natureza e gravidade das questões tratadas no processo (criança e
adolescente em situação de risco), do tempo institucional (urgência, data
de audiência já fixada, número de casos agendados) e da livre escolha do
profissional, conforme seu referencial técnico, filosófico e científico.
A elaboração de relatórios e/ou laudos pressupõe o estudo do caso
e o planejamento das intervenções necessárias à resolução da
problemática apresentada e deve, portanto:
"apresentar os procedimentos e conclusões
gerados pelo processo de avaliação psicológica,
relatando sobre o encaminhamento, as
intervenções, o diagnóstico, o prognóstico e
evolução do caso, orientação e sugestão de
projeto terapêutico, bem como, caso necessário,
solicitação de acompanhamento psicológico,

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limitando-se a fornecer somente as informações


necessárias relacionadas à demanda, solicitação
ou petição."

Esses laudos devem, portanto, ser indicativos das políticas de


atendimento necessárias a garantia de direitos das pessoas atendidas e
descrever as possibilidades de mudança da situação-problema,
considerando a rede de relações dos implicados e dos recursos sociais de
sua realidade.
O cuidado com a linguagem e a precisão no uso de termos e
conceitos psicológicos, são imprescindíveis para uma comunicação clara,
consistente e concisa nos laudos psicológicos.
Ainda segundo o Manual o laudo, sendo uma peça de natureza e
valor científicos, deve conter narrativa detalhada e didática, com clareza,
precisão e harmonia, tornando-se acessível e compreensível ao
destinatário.
Os relatórios psicológicos, embora destinados a assessorar o
magistrado para decisões judiciais, são também peças de registro da
história dos sujeitos, que podem ter acesso aos documentos em
diferentes momentos de sua vida. Assim, por exemplo, um jovem pode
requerer o desarquivamento do processo judicial referente a sua adoção,
buscando conhecer suas origens não reveladas em seu registro de
nascimento.
Além disso, esses relatórios são, também, o registro das formas de
atendimento utilizadas pelos profissionais, nas circunstâncias sociais e
políticas de um determinado momento histórico. Assim a escrita desses
documentos é também o registro da prática psicológica realizada,
podendo revelar muito do que somos e de como agimos para a
transformação ou manutenção, de uma realidade social desigual e injusta,
que muitas vezes se expressa na aparente singularidade dos casos
atendidos na instância judicial.

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Parecer é um documento fundamentado e resumido sobre uma


questão focal do campo psicológico cujo resultado pode ser indicativo ou
conclusivo e tem como finalidade apresentar resposta esclarecedora, no
campo do conhecimento psicológico, através de uma avaliação
especializada, de uma "questão-problema", visando a dirimir dúvidas que
estão interferindo na decisão, sendo, portanto, uma resposta a uma
consulta, que exige de quem responde competência no assunto.
O psicólogo parecerista deve fazer a análise do problema
apresentado, destacando os aspectos relevantes e opinar a respeito,
considerando os quesitos apontados e com fundamento em referencial
teórico-científico.
Havendo quesitos, o psicólogo deve respondê-los de forma sintética
e convincente, não deixando nenhum quesito sem resposta. Quando não
houver dados para a resposta ou quando o psicólogo não puder ser
categórico, deve-se utilizar a expressão "sem elementos de convicção".
Se o quesito estiver mal formulado, pode-se afirmar "prejudicado", "sem
elementos" ou "aguarda evolução".
Quando expuser os motivos o psicólogo deve apresentar a questão
em tese, não sendo necessária, portanto, a descrição detalhada dos
procedimentos, como os dados colhidos ou o nome dos envolvidos.
A discussão do parecer psicológico se constitui na análise minuciosa
da questão explanada e argumentada com base nos fundamentos
necessários existentes, seja na ética, na técnica ou no corpo conceitual da
ciência psicológica. Nesta parte, deve respeitar as normas de referências
de trabalhos científicos para suas citações e informações.
Na conclusão do parecer o psicólogo apresentará seu
posicionamento, respondendo à questão levantada. Em seguida, informa
o local e data em que foi elaborado e assina o documento.
Segundo o Manual o prazo de validade do conteúdo dos documentos
escritos, decorrentes das avaliações psicológicas, deverá considerar a
legislação vigente nos casos já definidos. Não havendo definição legal, o
psicólogo, onde for possível, indicará o prazo de validade do conteúdo

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emitido no documento em função das características avaliadas, das


informações obtidas e dos objetivos da avaliação.
Ao definir o prazo, o psicólogo deve dispor dos fundamentos para a
indicação, devendo apresentá-los sempre que solicitado.
Os documentos escritos decorrentes de avaliação psicológica, bem
como todo o material que os fundamentou, deverão ser guardados pelo
prazo mínimo de 5 anos, observando-se a responsabilidade por eles tanto
do psicólogo quanto da instituição em que ocorreu a avaliação psicológica.
Esse prazo poderá ser ampliado nos casos previstos em lei, por
determinação judicial, ou ainda em casos específicos em que seja
necessária a manutenção da guarda por maior tempo.
Em caso de extinção de serviço psicológico, o destino dos
documentos deverá seguir as orientações definidas no Código de Ética do
Psicólogo.

QUESTÕES DE CONCURSOS ANTERIORES

01. (VUNESP / Pref. de Presidente Prudente – 2016) José Bleger


enfatiza que a ansiedade constitui um indicador do
desenvolvimento de uma entrevista psicológica e deve ser
acompanhada pelo entrevistador. Segundo o teórico,
a) a ansiedade é um agente motor da relação interpessoal e, portanto,
nunca pode ser considerada como um elemento que perturba ou bloqueia
a entrevista.
b) em uma situação de entrevista, o aparecimento da ansiedade sempre
indica a utilização de mecanismos de defesa primitivos.
c) a ansiedade em uma entrevista sempre deve ser interpretada, mesmo
quando o entrevistador ainda não compreendeu o motivo de seu
aparecimento.
d) diante da ansiedade do entrevistado, o entrevistador deve recorrer a
algum procedimento que demonstre apoio direto ou que a dissimule.

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e) um entrevistador deve estar atento não somente ao aparecimento da


ansiedade na situação da entrevista, mas também ao seu grau e
intensidade.

02. (VUNESP / UNIFESP – 2016) O laudo e o parecer são dois


tipos de informe psicológico. Os dois documentos podem ser
diferenciados porque o
a) parecer, quase sempre, constitui o resultado de um processo
psicodiagnóstico com vários objetivos, já o laudo pressupõe um único
objetivo.
b) laudo se restringe à análise de problemas específicos, enquanto o
parecer responde a questões como “o quê”, “quanto”, “como”, “por quê”,
“para quê” e “quando”.
c) parecer sempre pressupõe a aplicação de instrumentos de medida, já o
laudo prescinde da utilização desse tipo de estratégia de investigação.
d) laudo costuma apresentar-se na forma de um texto mais extenso,
abrangente e minucioso, enquanto o parecer é mais focalizado, resumido
e curto.
e) parecer responde a questões formuladas por outros psicólogos, já o
laudo é um documento elaborado para atender às demandas de
profissionais de outras áreas.

01 E 02 D

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COMENTÁRIOS

Questão 01. José Bleger salienta a necessidade de observação e cuidado


do profissional que conduz a entrevista no que tange a ansiedade, não só
pelo fato de ela existir, ou não, mas também pelo grau ou intensidade.
Durante a situação de entrevista, tanto à ansiedade quando os
mecanismos de defesa do entrevistado podem aumentar, não somente
devido a esse novo contexto externo que ele enfrenta, mas também
devido ao perigo, em potencial, daquilo que desconhece em sua
personalidade.

Questão 02. Segundo o Manual de Elaboração de Documentos Escritos


produzidos pelo psicólogo o laudo, sendo uma peça de natureza e valor
científicos, deve conter narrativa detalhada e didática, com clareza,
precisão e harmonia, tornando-se acessível e compreensível ao
destinatário. Já o Parecer é um documento fundamentado e resumido
sobre uma questão focal do campo psicológico cujo resultado pode ser
indicativo ou conclusivo.

EXCELENTE PROVA A TODOS!!!

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