pode ser definido como o que se tem origem no poder judiciário ou
perante ele se realiza. Shine diz que por objeto da avaliação psicológica se entende a questão-problema pertinente e que a avaliação trata de investigar, ou ainda, trata-se de um problema a resolver ou uma questão a responder e o objetivo será dado pela demanda que é feita ao psicólogo em sua avaliação. A avaliação psicológica em contexto forense recairá sobre uma pergunta cujo interesse reside no deslinde de uma questão do Direito, uma questão legal. Para ilustrar tais conceitos e definições vamos utilizar o seguinte exemplo, descrito por Shine: Em casos de disputa da guarda em Vara de Família recorre-se ao perito psicólogo no intuito de buscar uma resposta a questões-problemas de origem e natureza psicológicas, mas cujo objetivo final é de definir o guardião legal da criança. Mediante a pergunta: “quem tem as melhores condições psicológicas para o exercício da guarda?” reparamos que o que se quer saber concerne às condições psicológicas e nesse caso temos em primeiro plano o campo de expertise do profissional em psicologia. A resolução do problema que a avaliação psicológica se constitui, portanto como instrumentos sempre recairá sobre o sujeito, assim como descrito por Shine. A abordagem da Psicologia se caracteriza, então, pela dimensão intersubjetiva e em última instância o objeto da Psicologia é sempre pertinente ao sujeito. A natureza contenciosa de muito dos casos em que a atuação do psicólogo é necessária, tem implicado numa atuação pontual e específica desse profissional, podendo dizer que tornam-se peritos nos casos em que trabalham e essa perícia é o estudo realizado por especialistas escolhidos pelos magistrados, de acordo com a matéria (Psicologia, Serviço Social, Antropologia, etc.) e que funciona como “prova” no
Prof. Ma Viviane Silva www.estrategiaconcursos.com.br 3
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Ma. Viviane Silva - Aula 06
processo judicial, complementando as demais, tais como as documentais,
testemunhais e confessionais na resolução do processo judicial. O encontro do psicólogo-perito com seu periciando-sujeito se dá dentro do contexto específico que a demanda legal informa e institui. Utilizando-se do exemplo anterior temos que se o processo judicial é o de guarda a avaliação psicológica buscará as potencialidades e as dificuldades de cada um dos genitores à luz do relacionamento e das necessidades específicas do filho em questão. Se o objetivo é avaliar sua competência para o exercício de funções de cidadão, buscar-se-á discriminar as condições necessárias para tal exercício e a confirmação de sua presença ou ausência no sujeito. Se o periciando é um apenado e a avaliação busca subsidiar a decisão quanto ao tipo de regime que lhe será aplicado, tratar-se-á de levantar qual é o seu perfil a partir do crime cometido e inferir a probabilidade de sua reincidência. No que tange os contextos pertinentes à infância e juventude, em que a maioria das questões implica em verificação da ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente (processos verificatórios), cabe ao psicólogo utilizar os recursos de sua especialidade, para dimensionar a problemática psicológica dos envolvidos na situação social e jurídica. Tal dimensionamento implica no estabelecimento de um programa de intervenção no caso, com avaliação, acompanhamento, orientação e encaminhamento das pessoas envolvidas. O compromisso do psicólogo não fica restrito ao fornecimento de informações ao magistrado para a decisão do processo judicial, mas, em trabalhar todas as dimensões do caso, com vista à promoção e manutenção de uma política de garantia de direitos da infância e juventude. A intervenção psicológica nos casos, depende em grande parte, das relações estabelecidas com as políticas públicas e os programas sociais voltados para essa parcela da população, cujas características precisam ser conhecidas e contextualizadas pelo profissional. Seu trabalho não cessa com a emissão de um parecer
Prof. Ma Viviane Silva www.estrategiaconcursos.com.br 4
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Ma. Viviane Silva - Aula 06
psicológico sobre o caso, precisando, muitas vezes, reavaliar situações
que se transformam ao longo do processo judicial. Há os casos contenciosos, cujas partes apresentam-se numa relação judicial litigiosa, em disputa por interesses contraditórios. Nesses processos, as pessoas são representadas por advogados, que provocam o Poder Judiciário visando a resolução do conflito, com o restabelecimento dos direitos da pessoa prejudicada. Na área do direito de família, incluem-se os filhos e dependentes dos envolvidos na separação como partes interessadas no processo judicial. Também aqui, tal como na Justiça da Infância e Juventude os direitos da criança e do adolescente prevalecem como prioridade absoluta, em consonância com o Estatuto da Criança e do Adolescente. Os peritos, como profissionais de confiança do juízo, assumem o compromisso de imparcialidade na avaliação dos casos, comprometendo- se a apresentar um parecer técnico psicológico sobre as questões formuladas pelo magistrado e de responder aos quesitos formulados pelos advogados das partes e pelo ministério público. O relacionamento do psicólogo com as partes interessadas no processo implica uma avaliação psicológica como um processo de compreensão e de intervenção, e também, no estabelecimento de recomendações terapêuticas e sociais pertinentes a realidade dos implicados. Essa é uma relação de trabalho que opõe dois sujeitos, mas que implica também um terceiro: o operador do Direito. Isso coloca a questão do que ele fará com a informação que o profissional-perito fizer chegar às suas mãos. No contexto jurídico a demanda apresentada pelo operador do Direito requer uma resposta do perito que pode ser ou não benéfico ao interesse próprio do sujeito-periciando. Este fará tudo para que o interlocutor (psicólogo) seja o intermediário de uma boa resposta ao destinatário último (operador do Direito) da informação relevante. Nesse contexto podemos considerar que há certa dose de desconfiança e
Prof. Ma Viviane Silva www.estrategiaconcursos.com.br 5
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Ma. Viviane Silva - Aula 06
distanciamento no vínculo possível de trabalho que unirá o psicólogo-
perito a seu periciando. A transparência quanto à posição que o psicólogo em avaliação psicológica forense assume frente ao seu sujeito é de extrema importância e desde o início deve estar claro qual é a sua função para todos os envolvidos na avaliação. Vale lembrar que a avaliação psicológica em contexto forense engloba uma série de situações em que podem estar envolvidos não só os conhecidos como operadores do Direito (Juiz, Procuradores e Advogados) de um lado, como vários sujeitos-periciandos (partes, crianças, adolescentes) do outro. Segundo Shine dependendo de como o profissional psicólogo se posiciona na arena jurídica, ou seja, sobre o que realiza no desempenho de uma avaliação psicológica forense, temos uma compreensão técnica e um posicionamento ético diferentes. A natureza dos processos judiciais e do rito judiciário utilizado para tratar a matéria em questão, determinam a forma de abordagem de cada um dos casos pelo psicólogo. Ao psicólogo perito cabe fornecer um laudo psicológico com informações pertinentes ao processo judicial e à problemática diagnosticada, visando auxiliar o magistrado na formação de seu convencimento sobre a decisão judicial a ser tomada, como forma de realização do direito objetivo das partes em oposição. Essa postura, própria do perito, determina também a dinâmica de atendimento do caso, na instituição judiciária. Para tanto, o psicólogo estabelece um planejamento da avaliação psicológicas das pessoas implicadas, com base no estudo dos autos, isto é, de todos os documentos e provas que compõem o processo judicial. Os instrumentos diagnósticos são escolhidos de acordo com a formação teórica do profissional, das condições institucionais e da situação emocional dos implicados no processo judicial. Considera-se e especificidade da situação judicial, em que as pessoas não escolheram a
Prof. Ma Viviane Silva www.estrategiaconcursos.com.br 6
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Ma. Viviane Silva - Aula 06
intervenção do psicólogo e estão numa posição defensiva, procurando
fazer prevalecer seus interesses sobre terceiros, com quem, em geral, mantém vínculos afetivos conflituosos. O psicólogo precisa estar atento às limitações do caráter preditivo dos instrumentos diagnósticos utilizados, bem como ao caráter situacional da avaliação realizada numa situação específica de crise. Ele deve refletir sobre as implicações éticas e políticas de seu trabalho, considerando sempre que seus resultados podem ser determinantes da medida judicial aplicada ao caso, embora o magistrado não esteja adstrito ao laudo psicológico para sua decisão. Vale lembrar que outros conhecimentos podem auxiliar na manutenção ou na mudança de valores e crenças que perpassam a atuação judiciária. As implicações ideológicas do trabalho são inevitáveis, e por isso mesmo essenciais para a análise crítica das atividades desenvolvidas nesse escopo de saber e poder judiciário.
A ENTREVISTA PSICOLÓGICA
A entrevista psicológica é o instrumento fundamental de trabalho
não somente para o psicólogo, como também para outros profissionais como psiquiatras, assistentes sociais, sociólogos, etc. O objeto da entrevista psicológica é a relação entre entrevistador (a quem se pede ajuda) e o entrevistado (aquele que pede ajuda). Da mesma forma, mesmo que a entrevista psicológica seja usada com a finalidade explícita de se fazer algum tipo de avaliação, a observação participante ou a observação da interação, ou a observação do campo, segundo Bleger, é o ponto básico e principal dessa técnica. Bleger define a entrevista psicológica como aberta ou fechada e suas principais características são: a) Na entrevista aberta o entrevistador tem liberdade para formular perguntas ou para fazer intervenções, permitindo-se toda a flexibilidade necessária em cada caso particular.
Prof. Ma Viviane Silva www.estrategiaconcursos.com.br 7
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Ma. Viviane Silva - Aula 06
b) Já na entrevista fechada as perguntas já estão previstas,
assim como a ordem a ser seguida e a maneira de formulá-las ao sujeito e nesse caso o entrevistador não pode alterar nenhuma destas disposições. Podemos concluir assim que essa modalidade é um questionário que passa a ter uma relação estreita com a entrevista.
Bleger aponta ainda que a entrevista aberta não se caracteriza
essencialmente pela liberdade de colocar perguntas, por que o fundamento da entrevista psicológica não consiste em perguntar e nem no propósito de recolher dados da história do entrevistado. O autor relata que no caso da entrevista aberta, reside numa flexibilidade suficiente para permitir, na medida do possível, que o entrevistado configure o campo da entrevista segundo sua estrutura psicológica particular ou pelas variáveis que dependem de sua personalidade. A entrevista aberta possibilita ainda uma investigação mais ampla e profunda da personalidade desse entrevistado, embora a entrevista fechada permita uma melhor comparação sistemática de dados, além de outras vantagens próprias de todo método padronizado. Quanto ao número de participantes na entrevista temos entrevista individual e grupal, segundo sejam um ou mais os entrevistadores e/ou os entrevistados. A realidade é que, em todos os casos, a entrevista é sempre um fenômeno grupal, já que mesmo com a participação de um só entrevistado sua relação com o entrevistador deve ser considerada em função da psicologia e da dinâmica de grupo. As entrevistas também podem ser classificadas segundo o beneficiário do resultado e assim temos: a) a entrevista que se realiza em benefício do entrevistado, casos da consulta psicológica ou psiquiátrica;
Prof. Ma Viviane Silva www.estrategiaconcursos.com.br 8
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Ma. Viviane Silva - Aula 06
b) a entrevista cujo objetivo é a pesquisa, na qual importam os
resultados científicos; c) a entrevista que se realiza para um terceiro (uma instituição).
Cada uma delas implica variáveis distintas a serem levadas em
conta, já que modificam ou atuam sobre a atitude do entrevistador, assim como do entrevistado, e sobre o campo total da entrevista. Uma diferença fundamental é que, excetuando o primeiro tipo de entrevista, os dois outros requerem que o entrevistador desperte interesse e participação, que “motive” o entrevistado. Consulta não é sinônimo de entrevista pois entrevista é um dos procedimentos de que o dispõe para atender a uma consulta. Entrevista não é uma anamnese que implica uma compilação de dados preestabelecidos, de tal amplitude e detalhe, que permita obter uma síntese tanto da situação presente como da história de um indivíduo, de sua doença e de sua saúde. Diferentemente da consulta e da anamnese, a entrevista psicológica objetiva o estudo e a utilização do comportamento total do indivíduo em todo o curso da relação estabelecida com o profissional, durante o tempo em que essa relação durar. Durante a entrevista tanto a ansiedade quanto os mecanismos de defesa do entrevistado podem aumentar, não somente devido a esse novo contexto que ele enfrenta, mas também devido ao perigo, em potencial, daquilo que desconhece em sua personalidade. O contato com seres humanos, coloca o profissional diante da sua própria vida, saúde ou doença, conflitos e frustrações e em sua tarefa, o psicólogo pode oscilar facilmente entre a ansiedade e o bloqueio, sem que isto o perturbe, desde que possa resolver na medida em que surja. Investigação implica presença de ansiedade frente ao desconhecido, e o investigador deve ter a capacidade para tolerá-la, assim, poderá manter o controle da situação.
Prof. Ma Viviane Silva www.estrategiaconcursos.com.br 9
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Ma. Viviane Silva - Aula 06
A manipulação técnica da ansiedade deve ser realizada com
referência à personalidade do entrevistado, e o nível de sincronização e ajustamento que se tenha estabelecido na relação. Toda interpretação fora desse contexto implica em agressão ao paciente ou entrevistado. Cabe ao psicólogo saber calar, na proporção inversa da sua vontade compulsiva de interferir.
ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS ESCRITOS:
LAUDOS, RELATÓRIOS E PARECERES PSICOLÓGICOS
Para falarmos sobre a elaboração de documentos escritos
utilizaremos o que está determinado na resolução do Conselho Federal de Psicologia nº 007/2003 que instituiu o Manual de Elaboração de Documentos Escritos produzidos pelo psicólogo, decorrentes de seu trabalho de avaliação psicológica. O Manual fixa também todas as diretrizes e os procedimentos norteadores na elaboração de documentos, nos quais o psicólogo deve se basear para toda e qualquer comunicação por escrito, decorrente da avaliação psicológica. No âmbito judiciário os documentos elaborados pelo psicólogo são considerados como provas processuais, ou seja, elementos que corroboram para a elucidação de controvérsias e para decisões judiciais. O saber psicológico adquire um poder decisivo para as questões judiciais, implicando em compromissos sociais e políticos para com as pessoas atendidas e a construção da cidadania. Os documentos são usualmente complementares aos elaborados pelos assistentes sociais, membros da equipe interprofissional das Varas da Infância e Juventude e das Varas de Família e Sucessões. Podem também, somar-se aos de outros profissionais, como psiquiatras e psicanalistas quando os mesmos participam do processo judicial.
Prof. Ma Viviane Silva www.estrategiaconcursos.com.br 10
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Ma. Viviane Silva - Aula 06
A elaboração de informes ou informações circunstanciadas são
decorrentes das entrevistas iniciais com os requerentes do processo judicial e tem a função de demarcar a atuação da psicologia no caso, anunciando como, com quem e quando o trabalho de avaliação psicológica será realizado. O processo de avaliação psicológica utiliza-se dos instrumentais técnicos tais como entrevistas, testes, observações, estudos de campo, dinâmicas de grupo, escuta e ainda intervenções verbais. Esses instrumentos se configuram como métodos e técnicas psicológicas para a coleta de dados, estudos e interpretações de informações a respeito dos sujeitos ou grupos atendidos. Segundo o Manual: “tais instrumentais técnicos devem obedecer às condições mínimas requeridas de qualidade e de uso, devendo ser adequados ao que se propõe a investigar".
Na situação judiciária, a adequação dos instrumentos está
relacionada à natureza do processo judicial (verificatório ou contencioso), da natureza e gravidade das questões tratadas no processo (criança e adolescente em situação de risco), do tempo institucional (urgência, data de audiência já fixada, número de casos agendados) e da livre escolha do profissional, conforme seu referencial técnico, filosófico e científico. A elaboração de relatórios e/ou laudos pressupõe o estudo do caso e o planejamento das intervenções necessárias à resolução da problemática apresentada e deve, portanto: "apresentar os procedimentos e conclusões gerados pelo processo de avaliação psicológica, relatando sobre o encaminhamento, as intervenções, o diagnóstico, o prognóstico e evolução do caso, orientação e sugestão de projeto terapêutico, bem como, caso necessário, solicitação de acompanhamento psicológico,
Prof. Ma Viviane Silva www.estrategiaconcursos.com.br 11
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Ma. Viviane Silva - Aula 06
limitando-se a fornecer somente as informações
necessárias relacionadas à demanda, solicitação ou petição."
Esses laudos devem, portanto, ser indicativos das políticas de
atendimento necessárias a garantia de direitos das pessoas atendidas e descrever as possibilidades de mudança da situação-problema, considerando a rede de relações dos implicados e dos recursos sociais de sua realidade. O cuidado com a linguagem e a precisão no uso de termos e conceitos psicológicos, são imprescindíveis para uma comunicação clara, consistente e concisa nos laudos psicológicos. Ainda segundo o Manual o laudo, sendo uma peça de natureza e valor científicos, deve conter narrativa detalhada e didática, com clareza, precisão e harmonia, tornando-se acessível e compreensível ao destinatário. Os relatórios psicológicos, embora destinados a assessorar o magistrado para decisões judiciais, são também peças de registro da história dos sujeitos, que podem ter acesso aos documentos em diferentes momentos de sua vida. Assim, por exemplo, um jovem pode requerer o desarquivamento do processo judicial referente a sua adoção, buscando conhecer suas origens não reveladas em seu registro de nascimento. Além disso, esses relatórios são, também, o registro das formas de atendimento utilizadas pelos profissionais, nas circunstâncias sociais e políticas de um determinado momento histórico. Assim a escrita desses documentos é também o registro da prática psicológica realizada, podendo revelar muito do que somos e de como agimos para a transformação ou manutenção, de uma realidade social desigual e injusta, que muitas vezes se expressa na aparente singularidade dos casos atendidos na instância judicial.
Prof. Ma Viviane Silva www.estrategiaconcursos.com.br 12
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Ma. Viviane Silva - Aula 06
Parecer é um documento fundamentado e resumido sobre uma
questão focal do campo psicológico cujo resultado pode ser indicativo ou conclusivo e tem como finalidade apresentar resposta esclarecedora, no campo do conhecimento psicológico, através de uma avaliação especializada, de uma "questão-problema", visando a dirimir dúvidas que estão interferindo na decisão, sendo, portanto, uma resposta a uma consulta, que exige de quem responde competência no assunto. O psicólogo parecerista deve fazer a análise do problema apresentado, destacando os aspectos relevantes e opinar a respeito, considerando os quesitos apontados e com fundamento em referencial teórico-científico. Havendo quesitos, o psicólogo deve respondê-los de forma sintética e convincente, não deixando nenhum quesito sem resposta. Quando não houver dados para a resposta ou quando o psicólogo não puder ser categórico, deve-se utilizar a expressão "sem elementos de convicção". Se o quesito estiver mal formulado, pode-se afirmar "prejudicado", "sem elementos" ou "aguarda evolução". Quando expuser os motivos o psicólogo deve apresentar a questão em tese, não sendo necessária, portanto, a descrição detalhada dos procedimentos, como os dados colhidos ou o nome dos envolvidos. A discussão do parecer psicológico se constitui na análise minuciosa da questão explanada e argumentada com base nos fundamentos necessários existentes, seja na ética, na técnica ou no corpo conceitual da ciência psicológica. Nesta parte, deve respeitar as normas de referências de trabalhos científicos para suas citações e informações. Na conclusão do parecer o psicólogo apresentará seu posicionamento, respondendo à questão levantada. Em seguida, informa o local e data em que foi elaborado e assina o documento. Segundo o Manual o prazo de validade do conteúdo dos documentos escritos, decorrentes das avaliações psicológicas, deverá considerar a legislação vigente nos casos já definidos. Não havendo definição legal, o psicólogo, onde for possível, indicará o prazo de validade do conteúdo
Prof. Ma Viviane Silva www.estrategiaconcursos.com.br 13
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Ma. Viviane Silva - Aula 06
emitido no documento em função das características avaliadas, das
informações obtidas e dos objetivos da avaliação. Ao definir o prazo, o psicólogo deve dispor dos fundamentos para a indicação, devendo apresentá-los sempre que solicitado. Os documentos escritos decorrentes de avaliação psicológica, bem como todo o material que os fundamentou, deverão ser guardados pelo prazo mínimo de 5 anos, observando-se a responsabilidade por eles tanto do psicólogo quanto da instituição em que ocorreu a avaliação psicológica. Esse prazo poderá ser ampliado nos casos previstos em lei, por determinação judicial, ou ainda em casos específicos em que seja necessária a manutenção da guarda por maior tempo. Em caso de extinção de serviço psicológico, o destino dos documentos deverá seguir as orientações definidas no Código de Ética do Psicólogo.
QUESTÕES DE CONCURSOS ANTERIORES
01. (VUNESP / Pref. de Presidente Prudente – 2016) José Bleger
enfatiza que a ansiedade constitui um indicador do desenvolvimento de uma entrevista psicológica e deve ser acompanhada pelo entrevistador. Segundo o teórico, a) a ansiedade é um agente motor da relação interpessoal e, portanto, nunca pode ser considerada como um elemento que perturba ou bloqueia a entrevista. b) em uma situação de entrevista, o aparecimento da ansiedade sempre indica a utilização de mecanismos de defesa primitivos. c) a ansiedade em uma entrevista sempre deve ser interpretada, mesmo quando o entrevistador ainda não compreendeu o motivo de seu aparecimento. d) diante da ansiedade do entrevistado, o entrevistador deve recorrer a algum procedimento que demonstre apoio direto ou que a dissimule.
Prof. Ma Viviane Silva www.estrategiaconcursos.com.br 14
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Ma. Viviane Silva - Aula 06
e) um entrevistador deve estar atento não somente ao aparecimento da
ansiedade na situação da entrevista, mas também ao seu grau e intensidade.
02. (VUNESP / UNIFESP – 2016) O laudo e o parecer são dois
tipos de informe psicológico. Os dois documentos podem ser diferenciados porque o a) parecer, quase sempre, constitui o resultado de um processo psicodiagnóstico com vários objetivos, já o laudo pressupõe um único objetivo. b) laudo se restringe à análise de problemas específicos, enquanto o parecer responde a questões como “o quê”, “quanto”, “como”, “por quê”, “para quê” e “quando”. c) parecer sempre pressupõe a aplicação de instrumentos de medida, já o laudo prescinde da utilização desse tipo de estratégia de investigação. d) laudo costuma apresentar-se na forma de um texto mais extenso, abrangente e minucioso, enquanto o parecer é mais focalizado, resumido e curto. e) parecer responde a questões formuladas por outros psicólogos, já o laudo é um documento elaborado para atender às demandas de profissionais de outras áreas.
01 E 02 D
Prof. Ma Viviane Silva www.estrategiaconcursos.com.br 15
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS TEORIA E QUESTÕES COMENTADAS Profa. Ma. Viviane Silva - Aula 06
COMENTÁRIOS
Questão 01. José Bleger salienta a necessidade de observação e cuidado
do profissional que conduz a entrevista no que tange a ansiedade, não só pelo fato de ela existir, ou não, mas também pelo grau ou intensidade. Durante a situação de entrevista, tanto à ansiedade quando os mecanismos de defesa do entrevistado podem aumentar, não somente devido a esse novo contexto externo que ele enfrenta, mas também devido ao perigo, em potencial, daquilo que desconhece em sua personalidade.
Questão 02. Segundo o Manual de Elaboração de Documentos Escritos
produzidos pelo psicólogo o laudo, sendo uma peça de natureza e valor científicos, deve conter narrativa detalhada e didática, com clareza, precisão e harmonia, tornando-se acessível e compreensível ao destinatário. Já o Parecer é um documento fundamentado e resumido sobre uma questão focal do campo psicológico cujo resultado pode ser indicativo ou conclusivo.
EXCELENTE PROVA A TODOS!!!
Prof. Ma Viviane Silva www.estrategiaconcursos.com.br 16