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PONTES, José Antônio Siqueira. Fundamentos para uma leitura crítica de Hans Kelsen no
século XXI: em busca de um modelo kelseniano clássico. Revista da Faculdade de Direito
da Universidade de São Paulo. São Paulo, v. 110, jan./dez. 2015, p. 589-639.
Pergunta orientadora:
Palavras-chave: Hans Kelsen. Teoria pura do direito. Norma fundamental
(Grundnorm). Validade. Neokantismo. Immanuel Kant.
“A hipótese a ser discutida sobre a gênese do pensamento de Kelsen compreende a postulação de três traços do
seu modelo de validade: idealismo, formalismo e empirismo. Uma teoria que tenha um objeto de investigação
apreendido exclusivamente pela razão só é possível, na visão de Kelsen, se o conceito de razão for ao mesmo
tempo uma razão formal, capaz de aceitar qualquer conteúdo independente de postulações valorativas prévias;
uma razão ideal, uma vez que todo o conhecimento é fundamentado na própria razão; uma razão empírica,
porque não há conhecimento para além da experiência possível, apesar de fundamentado na razão.” (pg.
592).
“A validade para Kelsen só pode ser identificada cientificamente como um conceito formal,
ou seja, desvinculado de qualquer conteúdo previamente determinado. Para Kelsen, essa é a
maior virtude de sua teoria: ter identificado os conceitos elementares do direito, de
forma pura, por meio de um método divorciado da política, da sociologia,da axiologia, de
modo que todos os seus críticos possam aplicá-la a qualquer Estado e reconhecer nele a
juridicidade que a Teoria Pura do Direito descreve com certeza científica [...].” (pg.593).
“[...] É possível afirmar que assim como a Crítica da Razão Pura descreve as condições de
possibilidade inafastáveis, o fundamento racional último e o modo de obter o conhecimento
das ciências naturais, a Teoria Pura do Direito descreve as condições de possibilidade, o
fundamento racional e o modo de conhecer o objeto da ciência ou dogmática jurídica.
Kelsen, assim como Kant, desenvolve simultaneamente uma lógica formal e uma lógica
transcendental (que também é formal na medida em que trata apenas da possibilidade e do
fundamento do conhecimento). A lógica formal trata da correção do raciocínio já formado; a
lógica transcendental, da possibilidade da própria formação do raciocínio.” (pg.617).
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