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DIREITO ADMINISTRATIVO – DAD

CURSO FORMAÇÃO PROFº SEANO’NEAL

ÍNDICE
Introdução __________________________________________________________ 3
I – Licitação_______________________________________________________ 4
1.1 Conceito _______________________________________________________ 4
1.2. Campo de aplicação _____________________________________________ 5
1.3. Definições______________________________________________________ 5
1.4. Finalidades _____________________________________________________ 8
1.5. Legislação______________________________________________________ 8
1.6. Princípios _____________________________________________________ 10
1.7. Fases da Licitação _____________________________________________ 11
1.8. Modalidades___________________________________________________ 13
1.8.1. Concorrência ___________________________________________________________ 13
1.8.2. Tomada de Preços __________________________________________________ 16
1.8.3. Convite __________________________________________________________ 16
1.8.4. Concurso _________________________________________________________ 18
1.8.5. Leilão____________________________________________________________ 19
1.8.6. Pregão ___________________________________________________________ 19
1.9. Tipos de Licitação _____________________________________________ 26
1.10. Obrigatoriedade, Dispensa e Inexigibilidade _____________________ 28
1.11. Anulação e Revogação __________________________________________ 39
1.12. Recursos Administrativos _______________________________________ 40
1.13. Processo de dispensa, de inexigibilidade e de retardamento ________ 41
1.14. Assuntos diversos ______________________________________________ 42
II – Contratos Administrativos_______________________________________ 47
2.1. Introdução ____________________________________________________ 47
2.2. Contratos Privados _____________________________________________ 47
2.3 Contratos administrativos _______________________________________ 47

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2.4. Conceito ______________________________________________________ 48


2.5. Relação Jurídica da Administração e terceiros_____________________ 49
2.6. Disciplina Constitucional _______________________________________ 49
2.7. Disciplina Geral _______________________________________________ 50
2.8. Sujeitos do Contrato ____________________________________________ 50
2.9. Alcance _______________________________________________________ 50
2.10. Características _________________________________________________ 51
2.10.1. Presença da Administração Pública como Poder Público ______________________ 51
2.10.2. Finalidade Pública ______________________________________________________ 51
2.10.3. Obediência à forma prescrita em lei________________________________________ 51
2.10.4. Procedimento legal _____________________________________________________ 51
2.10.5. Natureza de contrato de adesão ___________________________________________ 51
2.10.6. Natureza “intuitu personae” ______________________________________________ 51
2.10.7. Presença de cláusulas exorbitantes _________________________________________ 52
2.11. Espécies de Contrato _______________________________________ 52
2.12. Cláusulas de Privilégios ou Exorbitantes _________________________ 54
2.13. Equação econômico-financeira __________________________________ 58
2.14. Formalização __________________________________________________ 59
2.15. Solenidades ___________________________________________________ 60
2.16. Duração do Contrato ___________________________________________ 62
2.17. Teoria da imprevisão ___________________________________________ 63
2.17.1. Fato do Príncipe (álea administrativa) ______________________________________ 63
2.17.2. Fato da Administração __________________________________________________ 64
2.17.3. Caso fortuito e Força Maior ______________________________________________ 64
2.17.4. Interferências imprevistas____________________________________________ 64
2.18. Extinção do Contrato ___________________________________________ 65
2.19 Sanções Administrativas ________________________________________ 66
2.20. Crimes e Penas ________________________________________________ 67
2.21. Convênios e consórcios administrativos __________________________ 67
2.22. Formas de recebimento do objeto _______________________________ 68

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Introdução

A Lei n. 8.666/1993, conhecida como Lei de Licitações e Contratos


Administrativos, juntamente com a Lei n. 10.520/2002 (Pregão), compõem a legislação básica
sobre licitações e contratos no âmbito de toda a Administração Pública.
Importante esclarecer que a diversidade de obras; pareceres; julgados, enfim, os
diversos textos elaborados pela doutrina e jurisprudência pátrias, objetivando a correta
interpretação do tema licitações, no lugar de resolverem definitivamente todos os pontos
legais, tornam o assunto objeto de infindáveis discussões jurídicas.
Nesse sentido, informamos que o presente trabalho serve, tão-somente, a título de
concursos públicos, sem que, por lógico, a sua apresentação sintética da matéria tenha o efeito
de omitir os elementos de reconhecida essencialidade.
Com efeito, sempre que possível, serão colacionados julgados do Tribunal de Contas
da União – TCU, de tal maneira a oferecer ao trabalho um aspecto substantivo um pouco mais
prático, sobretudo a considerar que a disciplina é teoricamente rica de informações.
Afinal de contas, em matéria de licitações, tratando-se de norma geral, as deliberações
do Tribunal devem ser acatadas nas diversas esferas governamentais. Ademais, quando a
licitação se fizer com suporte de dotações financeiras do Orçamento da União, mediante
convênios, devem igualmente ser acatadas pelos convenentes (Súmula/TCU n. 222).
Por fim, reforçamos que não temos a pretensão de esgotar o assunto. Pretendemos,
sim, fornecer ao candidato a concursos públicos um guia completo e mais prático possível.
Dessa forma, torcemos para que os ensinamentos acerca das licitações e contratações na
Administração Pública seja o mais adequado.

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I – LICITAÇÃO

1.1 Conceito
Segundo a Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, licitação é:
“O procedimento administrativo pelo qual um ente público, no exercício da função administrativa, abre
a todos os interessados, que se sujeitem às condições fixadas no instrumento convocatório, a possibilidade de
formularem propostas dentre as quais selecionará e aceitará a mais conveniente para a celebração de contrato”.
Vamos discutir passo a passo a definição oferecida pela referida autora.
a) Procedimento administrativo
A discussão doutrinária acerca da utilização processo ou procedimento não é de grande
relevância quando se trata de concursos públicos. Devemos atentar tão-somente para sua
significação, qual seja: conjunto de atos encadeados que caminham para um resultado final.
b) Ente público
O campo de aplicação da Lei é bem amplo, pois tal diploma, sendo considerado norma
geral de caráter nacional (art. 22, XXVII, da CF/88), estende-se a todos os Poderes de todos
os Entes Políticos (U, E, DF e M), e suas administrações Direta e Indireta.
Ora, a Administração Indireta se compõe por entes públicos e privados, logo não faz
sentido para tais entidades a aplicação da Lei, como é o caso das fundações públicas de direito
privado; sociedades de economia mista e empresas públicas?
É exatamente aqui que a Banca Examinadora adora derrubar o candidato, pois ente
público, de acordo com a Lei, abarca (alcança) as entidades acima mencionadas.
c) Função administrativa
Aqui é suficiente a resposta ao seguinte quesito: “apenas o Poder Executivo é quem
administra”? Por óbvio não.
Os Poder Legislativo e o Judiciário, quando realizam concursos públicos; nomeiam
seus servidores; demitem; concedem férias, achem na função meramente administrativa, diga-
se de passagem, de maneira atípica. Portanto, aludidos poderes, não só podem, mas como
devem realizar o procedimento de licitação para suas compras, serviços, alienações e tudo mais.
Esse entendimento, inclusive, é reproduzido no art. 117 da Lei, quando afirma que as obras, as
compras e alienações realizadas pelos órgãos do Poder Legislativo e Judiciário e do Tribunal de
Contas serão regidas pela Lei de Licitações.
d) Instrumento convocatório
A autora foi precisa em sua definição, pois somos levados a todo instante ao
entendimento de que o EDITAL é o instrumento próprio, como se só houvesse essa forma de
convocação de interessados. Teremos contato em tópico próprio com a modalidade de
licitação convite, a qual se utiliza para o chamamento público das empresas e pessoas
interessadas a CARTA-CONVITE.
d) Seleção da proposta mais conveniente ou mais vantajosa
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A seguir, notaremos que uma das finalidades da Licitação é a seleção de proposta mais
vantajosa. Peço a atenção para o fato de que seleção mais conveniente pode não significar
exatamente a seleção dos menores preços. É lógico que a Administração deve procurar
economia na aplicação dos recursos públicos, entretanto há momentos que a segurança na
gestão da coisa pública implica a escolha de propostas dentro de padrões técnicos mínimos.
e) Contrato
Comentamos acima que procedimento é um conjunto de atos encadeados para um
resultado final, no caso da licitação, o ato resultado final esperado é a celebração do contrato
administrativo, o qual será estudado em tópico próprio.
1.2. Campo de aplicação
Consoante o art. 2º, da Lei n. 8.666/93, as obras; os serviços, inclusive de publicidade;
1
as compras; as alienações; as concessões ; as permissões e as locações da Administração
Pública, quando contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidas de licitação,
ressalvadas as hipóteses previstas nessa Lei.
1.3. Definições
O art. 6º catalogou expressões fundamentais para interpretação da lei, definindo os
vocábulos relevantes no campo de licitação e contratação administrativas.
I - Obra - toda construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação, realizada por
execução direta ou indireta (edificar um prédio público);
II - Serviço - toda atividade destinada a obter determinada utilidade de interesse para a
Administração, tais como: demolição, conserto, instalação, montagem, operação, conservação,
reparação, adaptação, manutenção, transporte, locação de bens, publicidade, seguro ou
trabalhos técnico-profissionais (fornecer um parecer jurídico);
III - Compra - toda aquisição remunerada de bens para fornecimento de uma só vez ou
parceladamente (fornecimento de combustível);
IV - Alienação - toda transferência de domínio de bens a terceiros;
V - Obras, serviços e compras de GRANDE VULTO - aquelas cujo valor estimado
seja superior a 25 (vinte e cinco) vezes o limite estabelecido na alínea "c" do inciso I do art. 23
desta Lei;
VI - Seguro-Garantia - o seguro que garante o fiel cumprimento das obrigações
assumidas por empresas em licitações e contratos (existem outras formas de garantia: caução e
fiança-bancária);
VII - Execução direta - a que é feita pelos órgãos e entidades da Administração, pelos
próprios meios (é importante registrar que a conjugação de forças por meio de convênios não
desnatura a execução direta);

1 As concessões e permissões de serviços públicos ou de serviço público precedidas da realização de obra pública serão tratadas em tópico
específico (Lei n. 8.987/95). Cabe aqui registrar que, nos termos do art. 175 da Constituição Federal, o Poder Público deve, direta ou
indiretamente (p. ex, concessionárias), prestar serviços públicos, sempre através de licitação.

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VIII - Execução indireta - a que o órgão ou entidade contrata com terceiros sob
qualquer dos seguintes regimes:
a) empreitada por preço global - quando se contrata a execução da obra ou do serviço
por preço certo e total;
b) empreitada por preço unitário - quando se contrata a execução da obra ou do serviço
por preço certo de unidades determinadas;
c) (VETADO)
d) tarefa - quando se ajusta mão-de-obra para pequenos trabalhos por preço certo, com
ou sem fornecimento de materiais;
e) empreitada integral - quando se contrata um empreendimento em sua integralidade,
compreendendo todas as etapas das obras, serviços e instalações necessárias, sob inteira
responsabilidade da contratada até a sua entrega ao contratante em condições de entrada em
operação, atendidos os requisitos técnicos e legais para sua utilização em condições de
segurança estrutural e operacional e com as características adequadas às finalidades para que foi
contratada;
IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de
precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços
objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que
assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do
empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do
prazo de execução, devendo conter os seguintes elementos:
a) desenvolvimento da solução escolhida de forma a fornecer visão global da obra e
identificar todos os seus elementos constitutivos com clareza;
b) soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente detalhadas, de forma a
minimizar a necessidade de reformulação ou de variantes durante as fases de elaboração do
projeto executivo e de realização das obras e montagem;
c) identificação dos tipos de serviços a executar e de materiais e equipamentos a
incorporar à obra, bem como suas especificações que assegurem os melhores resultados para o
empreendimento, sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução;
d) informações que possibilitem o estudo e a dedução de métodos construtivos,
instalações provisórias e condições organizacionais para a obra, sem frustrar o caráter
competitivo para a sua execução;
e) subsídios para montagem do plano de licitação e gestão da obra, compreendendo a sua
programação, a estratégia de suprimentos, as normas de fiscalização e outros dados necessários
em cada caso;
f) orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantitativos de
serviços e fornecimentos propriamente avaliados;

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Aplicação:
Acórdão 1060/2003 Plenário
Deve ser observado o comando expresso no art. 40, § 2º, inciso II, da
Lei 8.666, de 1993, fazendo constar dos editais de licitação, ou de seus
anexos, demonstrativo do orçamento estimado em planilhas de quantitativos
e preços unitários.
Decisão 300/2002 Plenário
Deve constar como anexo dos instrumentos convocatórios de licitação, em
qualquer modalidade, o demonstrativo do orçamento estimado em planilhas
de quantitativos e preços unitários, como estabelece o art. 40, § 2º, inciso II,
da Lei de Licitações e Contratos.
X - Projeto Executivo - o conjunto dos elementos necessários e suficientes à
execução completa da obra, de acordo com as normas pertinentes da Associação Brasileira de
Normas Técnicas - ABNT;
XI - Administração Pública - a administração direta e indireta da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, abrangendo inclusive as entidades com personalidade
jurídica de direito privado sob controle do poder público e das fundações por ele instituídas ou
mantidas;
XII - Administração - órgão, entidade ou unidade administrativa pela qual a
Administração Pública opera e atua concretamente;
XIII - Imprensa Oficial - veículo oficial de divulgação da Administração Pública,
sendo para a União o Diário Oficial da União, e, para os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, o que for definido nas respectivas leis;
XIV - Contratante - é o órgão ou entidade signatária do instrumento contratual;
XV - Contratado - a pessoa física ou jurídica signatária de contrato com a
Administração Pública;
XVI - Comissão - comissão, permanente ou especial, criada pela Administração com a
função de receber, examinar e julgar todos os documentos e procedimentos relativos às
licitações e ao cadastramento de licitantes.
Atenção: outros conceitos podem ser encontrados ao longo da lei, são exemplos:
Art. 17, § 3º, da Lei:
¾ Investidura:
“A alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de área remanescente ou resultante
de obra pública, área esta que se tornar inaproveitável isoladamente, por preço nunca inferior
ao da avaliação e desde que esse não ultrapasse a 50% (cinqüenta por cento) do valor
constante da alínea "a" do inciso II do art. 23 desta lei.”

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“A alienação, aos legítimos possuidores diretos ou, na falta destes, ao Poder Público, de
imóveis para fins residenciais construídos em núcleos urbanos anexos a usinas hidrelétricas,
desde que considerados dispensáveis na fase de operação dessas unidades e não integrem a
categoria de bens reversíveis ao final da concessão.”
Art. 39, caput, da Lei:
¾ Imenso vulto: valores superiores a 100 (cem) vezes o limite previsto no art. 23,
inciso I, alínea "c" desta Lei,
¾ Parágrafo único: licitações simultâneas aquelas com objetos similares e com
realização prevista para intervalos não superiores a trinta dias e licitações
sucessivas aquelas em que, também com objetos similares, o edital subseqüente tenha
uma data anterior a cento e vinte dias após o término do contrato resultante da
licitação antecedente.
Nota de interesse:
Não mais vigora o regime de Administração Contratada. Nesse regime, a
Administração tinha o dever de reembolsar o particular pelos custos
incorridos e remunerá-lo mediante uma comissão sobre o valor total. Não
vingou, pois o particular seria incentivado a ampliar o custo da obra ou do
serviço, porque isso acarretaria aumento da própria remuneração/comissão.
1.4. Finalidades
De acordo com o art. 3º da Lei n. 8.666/93, a licitação tem por escopo:
a) garantir a observância do princípio da isonomia, e
b) selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração.
1.5. Legislação
A Constituição Federal, em seu art. 37, inciso XXI, determina que “Ressalvados os
casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados
mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os
concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação
técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações”.
Por outro lado, o inciso XXVII do art. 22, já com a Emenda n. 19/98, determina que à
União compete privativamente legislar sobre “normas gerais de licitação e contratação, em
todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as
empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, parágrafo 1º, III”.
Observações de prova:
9 No tocante às empresas públicas – EP’s, sociedades de economia mista –
SEM’s e entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, nos termos do art. 119 da Lei de Licitações, observa-se que as mesmas não estão
adstritas às regras especiais da Lei 8.666/93, pois podem editar regulamentos próprios, ficando,

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entretanto, vinculadas aos princípios da Administração na contratação de obras, serviços,
compras e alienações.
Todavia, para o caso específico das SEM’s e EP’s, o art. 173, § 1º, III, da
Constituição Federal reza que lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da
sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de
produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo, dentre outras
matérias, de licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os
princípios da administração pública. Cumpre aqui frisar que a aludida lei ainda não foi editada,
o que inviabiliza a edição dos mencionados regulamentos próprios pelas entidades privadas ora
elencadas.
Em resumo, enquanto não sobrevier a referida legislação as SEM’s e
EP’s deverão seguir o Regime da Lei n. 8.666/93.
9 O Tribunal de Contas da União e mesmo parte da doutrina entendem ser
possível a contratação direta de bens, de serviços e de produtos atinentes às atividades-fim das
SEM’s e EP’s, ou seja, aqueles decorrentes de procedimentos usuais de mercado em que atua e
indispensáveis ao desenvolvimento de sua atividade normal. Registre-se que tal fato não é
valido para os serviços, as obras e as compras ligados ao desempenho de suas atividades-
meio.
Acórdão 121/1998 – TCU/Plenário
Exclui a PETROBRÁS Distribuidora - BR da obrigatoriedade de
realizar processo licitatório para as contratações de transportes que sejam
atividade-fim da empresa, como a de transporte de produtos,
permanecendo esta obrigatoriedade para as atividades-meio.
9 Súmula TCU n. 222:
As Decisões do Tribunal de Contas da União, relativas à aplicação de normas gerais
de licitação, sobre as quais cabe privativamente à União legislar, devem ser acatadas pelos
administradores dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios .
Fundamento Legal
- Constituição Federal, arts. 22, inc. XXVII, 37, "caput" e inc. XXI, 71, inc. II e 73;
- Lei nº 8.443, de 16-07-1992, art. 4º;
- Lei nº 8.666, de 21-06-1993, art. 1º, Parágrafo Único.
Precedentes
- Proc. 500.411/91-3, Sessão de 04-12-1991, Plenário, Ata nº 58, Decisão nº 395,
"in" DOU de 19-12-1991, Página 29628/29664.
- Proc. 008.142/92-0, Sessão de 08-04-1992, Plenário, Ata nº 16, Decisão nº 153,
"in" DOU de 23-04-1992, Página 5037/5056.
- Proc. 010.070/92-3, Sessão de 29-04-1992, Plenário, Ata nº 20, Decisão Sigilosa nº
83, "in" DOU de 20-05-1992, Página 6252/6291.

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Regulamento de Licitação de Sociedade de Economia Mista de
Atividade Econômica
A Lei n. 9.478/1997 que dispõe sobre a política energética nacional e
as atividades relativas ao monopólio do petróleo, em seu art. 67, define que
os contratos celebrados pela Petrobrás, para aquisição de bens e serviços,
serão precedidos de procedimento simplificado, a ser definido em Decreto
do Presidente da República. Nesse sentido, houve a promulgação do Decreto
n. 2.745/1998.
No ano de 2002, em voto condutor do Ministro Relator Ubiratan Aguiar,
o TCU, fundamentando-se em argumentos consideráveis, pela Decisão n.
663/2002, determinou à Petrobrás:
“(...) que se abstenha de aplicar às suas licitações e contratos o Decreto
2.745/98 e o artigo 67 da Lei 9.478/97, em razão de sua inconstitucionalidade, e
observe os ditames da Lei 8.666/93 e o seu anterior regulamento próprio, até a
edição da lei de que trata o § 1º do artigo 173 da Constituição Federal, na
redação dada pela Emenda Constitucional 19/98.”
1.6. Princípios
Os princípios podem ser classificados, doutrinariamente, como implícitos ou
reconhecidos e explícitos, estes se encontram apontados no art. 3º da Lei n. 8.666/93
(Estatuto de Licitações), enquanto aqueles são inerentes ao setor público, cite-se p. ex, a
Supremacia do Interesse Público sobre o Particular e Indisponibilidade do Interesse
Público, todos de uso aos procedimentos licitatórios empreendidos.
A Lei n. 8.666/93, como observado, dispõe, em seu art. 3º e outros, sobre os mesmos,
a saber: Legalidade; Impessoalidade; Moralidade; Publicidade;
1.6.1. Vinculação ao instrumento convocatório – na lição de Hely Lopes Meirelles, este é
um princípio básico da licitação, pois, não se admitiria que a Administração fixasse no edital a
forma e o modo de participação dos licitantes, e no decorrer do processo ou na realização do
julgamento, se afastasse do estabelecido, ou admitisse documentação e propostas em
desacordo com o solicitado.
Em resumo, o edital é a lei interna da licitação e, como tal, vincula seus termos tanto
os licitantes como a Administração que o expediu.
Aplicação: o art. 41 preceitua que "A Administração não pode descumprir as
normas e condições do edital, ao qual se acha estritamente vinculada";
corroborando esse entendimento, pode-se verificar o art. 43, inciso V e, no
que tange aos licitantes, os arts. 43, inciso II e 48, inciso I, todos do Estatuto
de Licitações.
1.6.2. Julgamento objetivo – ainda de acordo com HELY LOPES MEIRELLES, esse
princípio baseia-se no critério indicado no edital e nos termos específicos das propostas. É
princípio de toda licitação que seu julgamento se apóie em fatores concretos pedidos pela
Administração, em confronto com o ofertado pelos proponentes dentro do permitido no
edital ou convite.

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Visa a afastar a discricionariedade na escolha das propostas, obrigando os julgadores a


aterem-se ao critério prefixado pela Administração, com o que se reduz e se delimita a margem
de valoração subjetiva, sempre presente em qualquer julgamento (arts. 44 e 45, do Estatuto).
Esse princípio tem estreita ligação com o Princípio da Impessoalidade, pois que obriga
a Administração a observar nas suas decisões critérios objetivos previamente estabelecidos, de
modo a afastar a discricionariedade e o subjetivismo na condução dos procedimentos da
licitação.
1.6.3. Adjudicação compulsória – citado por Hely Lopes Meirelles e Maria Sylvia Di Pietro,
esse princípio impede que a Administração, concluído o processo licitatório, atribua seu objeto
a outrem que não o legítimo vencedor (arts. 50 e 64, do Estatuto). Sustenta Hely que a
adjudicação ao vencedor é obrigatória, salvo se este desistir expressamente do contrato ou não
o firmar no prazo prefixado, a menos que comprove justo motivo. A compulsoriedade veda
também que se abra nova licitação enquanto válida a adjudicação anterior.
1.6.4. Formalismo – o princípio do procedimento formal tem como característica a
vinculação da licitação às prescrições legais que a regem em todos os seus atos e fases.
1.6.5. Economicidade/Eficiência – a Administração Pública está obrigada a gerir os
recursos financeiros do modo mais razoável. Quando se afirma que a licitação destina-se a
selecionar a proposta mais vantajosa, impõe-se o dever de escolher segundo o princípio da
economicidade.
1.6.6. Razoabilidade – o princípio da razoabilidade pode ser encontrado no artigo 37, inciso
XXI, da Constituição Federal, que, ao exigir licitação para as compras, alienações, obras e
serviços somente admite exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à
garantia do cumprimento das obrigações.
Aplicação:
Decisão 679/1997 – Plenário/TCU
Deverá ser evitada a inabilitação de participantes de processos
licitatórios em razão somente de diferenças entre números de registro de
CGC das respectivas matriz e filiais, nos comprovantes pertinentes ao CND,
ao FGTS, INSS e Relação de Empregados, quando a empresa interessada
comprovar a centralização do recolhimento de contribuições, tendo em vista
a legalidade desse procedimento.
Importante: o princípio da publicidade deve ser obedecido inclusive
nas dispensas de licitação e nos casos de inexigibilidade, nos termos do art.
25, da Lei. Contudo, a própria lei exclui determinadas dispensas, é o caso dos
incisos I e II, do art. 24.
1.7. Fases da Licitação
O legislador, em seu art. 43, adotou um modelo básico e único de processamento e
julgamento das propostas submetidas por particular para a celebração de avenças com o
Poder Público.
Esse procedimento demonstra que a licitação feita com base na Lei n. 8.666/93 é
composta de duas fases fundamentais: a primeira destinada ao exame dos sujeitos que

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participam do processo – HABILITAÇÃO; a segunda concernente ao exame das


propostas – JULGAMENTO. Nas palavras da lei, a fase de habilitação antecede o
2
julgamento das ofertas .
Na primeira fase a Administração verifica se os participantes da licitação preenchem
ou não os requisitos necessários previstos em edital e considerados indispensáveis para a
futura execução do contrato (fase subjetiva). Trata-se da análise das capacitações jurídica,
técnica e econômica, bem como regularidade fiscal dos proponentes, na forma do art. 27 e
3
ss. da Lei n. 8.666/93 .
Apenas quando resolvidas definitivamente as questões relacionadas à habilitação dos
licitantes é que a Administração pode proceder à abertura dos envelopes que contêm as
propostas, para o fim de examiná-las e classificá-las (fase objetiva).
Vamos notar em capítulo sobre recursos administrativos que somente quando
resolvidos todos os recursos administrativos interpostos contra a decisão de habilitação é
que pode a Administração dar início à fase seguinte. Adiantamos que a razão disso é pelo
fato de os recursos contra a decisão proferida nestas fases (habilitação e julgamento) têm,
por determinação legal, o efeito suspender todo o procedimento até que sejam decididos
pela própria Administração (art. 109, § 2º, da Lei n. 8.666/934).
Não podemos perder de vista, por sua relevância, a abertura do procedimento que
acontece com a publicação do instrumento de convocação (Edital) ou sua afixação em
quadro de aviso (Carta-convite).
Por fim, destacamos as fases de homologação e adjudicação, sendo esta a última fase
da licitação. Importante observar que compete à comissão de licitação a evolução das fases
de licitação até o julgamento das propostas, logo, as fases de homologação e adjudicação
cabem à autoridade superior do órgão.
Observação: quando do estudo da modalidade pregão, perceberemos algumas
peculiaridades que a distingue das demais modalidades indicadas na Lei de Licitações, como,
por exemplo:
- Não há comissão de licitação, há pregoeiro;
- A última fase é a homologação;
- Há inversão de fases, com a habilitação ocorrendo posteriormente ao julgamento
das propostas; e
- O pregoeiro pode adjudicar o objeto da licitação.

2 No capítulo pertinente à modalidade Pregão, será visto que houve, dada a praticidade que envolve essa nova modalidade licitação,
inversão das Fases de HABILITAÇÃO E JULGAMENTO.
3 O art. 27, da Lei de Licitações, aponta a documentação que será exigida dos interessados. Além da habilitação jurídica; da qualificação
técnica; qualificação econômico-financeira e regularidade fiscal, o legislador fez acrescentar o cumprimento do disposto no inciso XXXIII
do art. 7º da Constituição Federal.
4 O recurso previsto nas alíneas "a" e "b" (habilitação e julgamento, respectivamente) do inciso I deste artigo terá efeito suspensivo,
podendo a autoridade competente, motivadamente e presentes razões de interesse público, atribuir ao recurso interposto eficácia
suspensiva aos demais recursos.

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1.8. Modalidades
As modalidades de licitação encontram-se no art. 22 da Lei n. 8.666/93, sendo certo
que o § 8º do mesmo dispositivo veda a criação de novas modalidades de licitação,
bem assim de combinação de modalidades. Peço a atenção para essas duas últimas
observações sublinhadas, pois a incidência em concursos é significativa.
As modalidades de licitação são: Concorrência; Tomada de Preços; Convite;
Leilão; concurso e Pregão. As três primeiras são definidas em função do valor, logo, faz-
se necessária a reprodução dos limites de valores, a saber:

Valor para Compras e serviços,


Modalidade Obras/Serviços de que não de engenharia
engenharia

Convite Até 150 mil Até 80 mil

TP De 150 a 1500 De 80 a 650 mil


mil

Concorrência Acima de 1500 Acima de 650 mil


mil

1.8.1. Concorrência
É a modalidade licitatória genérica destinada a transações de MAIOR VULTO,
precedida de ampla publicidade, à qual podem acorrer QUAISQUER INTERESSADOS
que preencham as condições estabelecidas no instrumento convocatório (art. 22, § 1º).
As Bancas Examinadoras, objetivando causar danos a seus candidatos, tenta
confundi-los, por exemplo: “concorrência é a modalidade entre interesses previamente
cadastrados”; “concorrência é utilizada apenas para transações de grande vulto”;
“concorrência terá publicidade reduzida”.
De regra, a concorrência pode ser utilizada para qualquer tipo de aquisição; serviços;
obras, por uma razão lógica de ser a mais ampla de todas as modalidades, no entanto, há
hipóteses em que sua aplicação é obrigatória, são elas:
(a) obras e serviços de engenharia de valor superior a R$ 1.500.000,00 (um milhão e
quinhentos mil reais), atualizados na forma do art. 1205, da Lei n. 8.666/93 (art. 23, “c”, do
Estatuto);

(b) compras e serviços que não sejam de engenharia, de valor superior a R$


650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais) (também atualizado);

5 Art. 120. Os valores fixados por esta Lei poderão ser anualmente revistos pelo Poder Executivo Federal, que os fará publicar no Diário
Oficial da União, observando como limite superior a variação geral dos preços do mercado, no período.
Parágrafo único. O Poder Executivo Federal fará publicar no Diário Oficial da União os novos valores oficialmente vigentes por
ocasião de cada evento citado no "caput" deste artigo, desprezando-se as frações inferiores a Cr$ 1,00 (hum cruzeiro real).

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A concorrência será obrigatória, independentemente do valor, nos seguintes


casos:
6
(c) compra ou alienação de bens de bens imóveis , podendo esta alienação ser feita
mediante LEILÃO nos casos do art. 19 da Lei n. 8.666/93, vale dizer, bens imóveis cuja
aquisição haja derivado de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento;

Observação:
Requisitos a serem observados para a alienação dos bens imóveis, cuja
aquisição haja derivado de procedimentos judiciais ou de dação em
pagamento, a saber:
- avaliação dos bens alienáveis;
- comprovação da necessidade ou utilidade da alienação; e
- adoção do procedimento licitatório, sob a modalidade de
CONCORRÊNCIA OU LEILÃO (Redação dada pela Lei n. 8.883, de
8.6.94).
A probabilidade de cair em prova é grande, por isso, muita atenção.
(d) nas concessões de direito real de uso (§ 3º, do art. 23, do Estatuto);
(e) nas licitações internacionais, com a ressalva para a tomada de preços e para o
convite, na hipótese do § 3º, do artigo 23, do Estatuto;

Observação:
Admitir-se-á, observados os limites de valores, a TOMADA DE PREÇOS
–TP, quando o órgão ou entidade dispuser de cadastro internacional
de fornecedores ou o CONVITE, quando não houver fornecedor do
bem ou serviço no país.
Esteja certo. Atualmente, em face do aumento da concorrência nos
concursos públicos, a Banca buscará os pormenores da disciplina, como é a
hipótese acima, em que uma licitação internacional poderá ser procedida por
modalidade TP e Convite.
(f) alienação de bens móveis de valor superior ao previsto no art. 23, II, “b” (tomada
de preços, até R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais), conforme art. 17, § 6º, da
Lei; e

Observação:

6 Na concorrência para a venda de bens imóveis, a fase de habilitação limitar-se-á à comprovação do recolhimento de quantia
correspondente a 5% (cinco por cento) da avaliação.

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Os livros de Direito Administrativo, de uma forma geral, dada amplitude dos


assuntos a serem tratados, não penetram no tema licitações e contratos, a
ponto de evidenciar todos os detalhes favoritos das Bancas.
O leilão é a modalidade para alienação de bens móveis, não é verdade? Mas
caso o valor ultrapasse o limite da TOMADA DE PREÇOS, a
Administração deverá utilizar-se da CONCORRÊNCIA.
(g) para o registro de preços (art. 15, § 3º, I, do Estatuto), ressalvada a
possibilidade de utilização do pregão, conforme artigos 11 e 12 da Lei n.
10.520/2002.
De acordo com os ensinamentos de MEIRELLES, a concorrência está adstrita a
quatro requisitos principais:
a) UNIVERSALIDADE – a possibilidade de participação de quaisquer
interessados na concorrência, independentemente de registro cadastral na
Administração que a realiza ou em qualquer órgão público;
b) AMPLA PUBLICIDADE – relaciona-se com o princípio da universalidade e
significa que, na divulgação da abertura da concorrência a Administração poderá usar de
todos os meios de informação disponíveis e por tantas vezes quantas julgar necessário;
c) HABILITAÇÃO PRELIMINAR – é a fase inicial do processo licitatório,
realizada logo após a abertura do procedimento;
Observação:
Itens de observação, conforme o art. 27 da Lei de Licitações:
I. Habilitação Jurídica (aptidão efetiva de exercer direitos e contrair
obrigações);
II. Regularidade Fiscal (atendimento das exigências do Fisco);
III. Qualificação Técnica (conjunto de requisitos profissionais);
IV. Qualificação econômico-financeira (capacidade para satisfazer os
encargos econômicos decorrentes do contrato); e
V. Art. 7º, XXXIII, da CF, c/c Decreto n. 4358/2002.

d) JULGAMENTO POR COMISSÃO – o julgamento dos requisitos pessoais dos


interessados far-se-á por uma comissão de, pelo menos, três membros; deve ser composta
por dois servidores qualificados da entidade licitante, podendo o terceiro ser estranho à
Administração; essa Comissão é o órgão julgador, sendo que nenhuma autoridade pode
substituí-la na sua função decisória, podendo ser permanente ou especial.

Prova:

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A Lei n. 8.666/1993, em seu art. 114, admite a PRÉ-


QUALIFICAÇÃO de licitantes, em concorrência, especificamente quando
o objeto recomende análise mais detida da qualificação técnica dos
interessados.
A definição de pré-qualificação não deve ser confundida com a
habilitação preliminar, embora com essa se assemelhe. A pré-qualificação não
dispensa a habilitação preliminar quando da efetiva concorrência, ainda que
só a título de verificação de que as condições permanecem as mesmas.
1.8.2. Tomada de Preços
É a licitação realizada entre interessados previamente registrados, observada a
necessária habilitação, convocados com a antecedência mínima prevista na lei, por aviso
publicado na imprensa oficial e em jornal particular, contendo as informações essenciais da
licitação e o local onde pode ser obtido o edital.
O procedimento para a tomada de preços é o mesmo previsto para a concorrência,
distinguindo-se apenas pela existência de HABILITAÇÃO PRÉVIA e nos prazos de
antecedência na publicação do edital, que é de 15 dias (art. 21, § 2º, III) e de 30 dias
(quando a licitação for do tipo "melhor técnica" ou "técnica e preço").
Limites aplicáveis:
(a) para obras e serviços de engenharia, até R$ 1.500.000,00 (um milhão e
quinhentos mil reais), e
(b) para compras e serviços não referidos na alínea anterior, até R$ 650.000,00
(seiscentos e cinqüenta mil reais).
Prova: Empresas que não possuem cadastro no órgão podem
participar?
O conceito de tomada de preços pela legislação anterior se limitava aos
licitantes previamente cadastrados. Atualmente o instituto está desnaturado,
permitindo-se a participação de interessados que apresentem a documentação
exigida para o cadastramento até o terceiro dia anterior à data do
recebimento das propostas.
Prova: Como funciona o registro cadastral?
O registro cadastral há de ser mantido pelos órgãos e entidades que
realizem freqüentes licitações, atualizando-se ANUALMENTE, sendo
facultada, contudo, a utilização de registros cadastrais de outros órgãos ou
entidades da Administração Pública.
1.8.3. Convite
Cuida-se da modalidade mais simples de licitação, destinada às contratações de
pequeno vulto, consistindo na solicitação escrita a pelo menos 3 (três) interessados do
ramo, registrados ou não, para que apresentem suas propostas no prazo mínimo de 5
(cinco) dias úteis (art. 21, § 2º, IV).
Limites aplicáveis:

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(a) para obras e serviços de engenharia, até R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil
reais), e
(b) para compras e serviços não referidos na alínea anterior, até R$ 80.000,00
(oitenta mil reais).
Prova: O instrumento de convocação deve ser publicado?
É a única modalidade que prescinde da publicação da carta-convite, sendo
certo, porém, o art. 22, § 3º, da Lei n. 8.666/93 exige que a unidade
administrativa afixe, em lugar apropriado, cópia do instrumento
convocatório.
Prova: Qualquer interessado pode participar?
É possível a participação de interessados que não tenham sido formalmente
convidados, mas que sejam do ramo do objeto licitado, desde que
cadastrados no órgão ou entidade licitadora ou no Sistema de
Cadastramento Unificado de Fornecedores – SICAF. Esses interessados
devem solicitar o convite com antecedência de até 24 horas da apresentação
das propostas. Há crítica doutrinária no sentido de que isso torna mais
complexo o procedimento que se justifica pela sua simplicidade.
Prova: Há necessidade de comissão de licitação?
O procedimento pode ser realizado por servidor designado pela autoridade
competente, não sendo obrigatória a comissão de licitação (art. 51, § 1º, do
Estatuto) 7.

Observação: Existindo na praça mais de 3 (três) possíveis interessados, a


cada novo convite, realizado para objeto idêntico ou assemelhado, é
obrigatório o convite a, no mínimo, mais um interessado, enquanto existirem
cadastrados não convidados nas últimas licitações.
(Prova)2: O convite poderá prosseguir, quando, por limitações do mercado
ou manifesto desinteresse dos convidados, for impossível a obtenção do
número mínimo de licitantes, circunstâncias que deverão ser devidamente
justificadas no processo, sob pena de repetição do convite. Contudo, a regra
é que PRIMEIRO a Administração repete o CONVITE.

Decisão 472/1999 Plenário/TCU


Não se deve adjudicar licitação na modalidade convite com menos de três
propostas válidas por item licitado, para não ferir o disposto no art. 22, §
7º, da Lei n. 8.666, de 1993.

Decisão 1102/2001 Plenário/TCU


Ao realizar licitação na modalidade convite, deve-se proceder à repetição
do certame sempre que não for atingido o número mínimo de três
propostas válidas, consoante o disposto nos §§ 3º e 7º do art. 22 da Lei n.
8.666, de 1993.

7 No caso de convite, a Comissão de licitação, excepcionalmente, nas pequenas unidades administrativas e em face da exigüidade
de pessoal disponível, poderá ser substituída por servidor formalmente designado pela autoridade competente.

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Decisão n. 45/1999 – Plenário/TCU


Atente para o disposto no art. 22, §§ 3º e 7º, da Lei nº 8.666, de 1993, no
sentido de promover a repetição do convite, a fim de obter, no mínimo, três
propostas válidas para o certame, ressalvadas as hipóteses de limitação de
mercado ou manifesto desinteresse dos convidados, circunstâncias estas que
deverão ser justificadas no processo de licitação.

Acórdão 1089 – 2003 – Plenário/TCU


Na hipótese de não ser atingido o mínimo legal de três propostas válidas
quando da realização de licitação na modalidade convite, deve ser justificada
expressamente, nos termos do art. 22, § 7º, da Lei nº 8.666/93, as
circunstâncias impeditivas da obtenção do número de três licitantes
devidamente qualificados, sob pena de repetição do certame com a
convocação de outros possíveis interessados.
1.8.4. Concurso
O parágrafo 4º do art. 22 da Lei n. 8.666/93 define o concurso como:
“A modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho
técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de PRÊMIOS ou
REMUNERAÇÃO aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na
imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (QUARENTA E CINCO) DIAS”.
O art. 52, da Lei n. 8.666/93, estipula que o concurso deve ser precedido de
regulamento próprio, a ser obtido pelos interessados no local indicado no instrumento
convocatório.
O regulamento deverá indicar:
I - a qualificação exigida dos participantes;
II - as diretrizes e a forma de apresentação do trabalho;
III - as condições de realização do concurso e os prêmios a serem concedidos.
Atenção: quando se tratar de projeto, o vencedor deverá autorizar a Administração a
executá-lo quando julgar conveniente.
Observação:
No caso de Concurso, o julgamento será feito por uma Comissão
Especial integrada por pessoas de reputação ilibada e reconhecido
conhecimento da matéria em exame, servidores públicos ou não.
Exatamente esse último grifo é que a Banca Examinadora vai exigir,
caso pretenda levar alguns candidatos ao erro, pois na comissão
permanente de três servidores apenas um pode ser estranho à
Administração.
Prova:
A modalidade de licitação concurso, apesar de semanticamente
semelhante, não tem ligação com o conceito de concurso público

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realizado nos termos do art. 37, II, da Constituição Federal, em


vigor.
1.8.5. Leilão
De acordo com o parágrafo 5º do art. 22 da Lei n. 8.666/93, é a modalidade de
licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens móveis inservíveis; produtos
legalmente apreendidos ou penhorados e bens imóveis, objeto de dação em pagamento ou
de procedimentos judiciais (art. 19), a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao
valor da avaliação. Vale reforçar, todo bem a ser leiloado será previamente avaliado pela
Administração para fixação do preço mínimo de arrematação.
Os bens arrematados serão PAGOS À VISTA ou no percentual estabelecido no
edital, não inferior a 5% (cinco por cento). Após a assinatura da respectiva ata lavrada no
local do leilão, imediatamente entregues ao arrematante, o qual se obrigará ao pagamento do
restante no prazo estipulado no edital de convocação, sob pena de perder em favor da
Administração o valor já recolhido.
Nos LEILÕES INTERNACIONAIS, o pagamento da parcela À VISTA poderá
ser feito em ATÉ VINTE E QUATRO HORAS. Os livros de Direito Administrativo mais
uma vez deixam essa lacuna, pelo fato de que, além de concorrência; tomada de preços
e convite, o leilão também admite a modalidade internacional.
O edital de leilão deve ser amplamente divulgado, no prazo mínimo de 15 dias,
principalmente no município em que se realizará.
Prova:
O Professor Hely Lopes Meirelles informa dois tipos de leilão: o COMUM,
praticado por LEILOEIRO OFICIAL, onde houver; e o
ADMINISTRATIVO, instituído para a venda de mercadorias apreendidas
como contrabando ou abandonadas nas alfândegas, nos armazéns
ferroviários ou nas repartições públicas em geral, sendo que este tipo de
leilão é realizado pelo agente da entidade interessada (art. 53, do Estatuto de
Licitações).
1.8.6. Pregão
1.8.6.1. Histórico
O Pregão surgiu no sistema brasileiro no ano de 1997, na chamada Lei Geral de
Telecomunicações (LGT) – Lei n. 9.472, de 16.7.1997. Este foi o primeiro diploma legislativo a
trazer em seu bojo a autorização para a Administração Pública fazer licitação por pregão para a
aquisição de bens e serviços. A LGT criou uma autarquia federal, sob o nome de Agência
Nacional de Telecomunicações – ANATEL, cujas características, definidas no seu art. 8º, são:
9 entidade integrante da Administração Pública Federal Indireta;
9 submetida a regime especial autárquico, com vinculação ao Ministério das
Comunicações; e
9 com a função de autoridade reguladora das telecomunicações.
Assim pela LGT, a ANATEL é uma agência reguladora, cuja natureza de
AUTARQUIA ESPECIAL "é caracterizada por independência administrativa, ausência de

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subordinação hierárquica, mandato fixo e estabilidade de seus dirigentes e autonomia


financeira" (art. 8º, § 2º).
Consoante o art. 56 da LGT, o pregão é definido como sendo "modalidade de licitação
para a aquisição de bens e serviços comuns, em que a disputa pelo fornecimento é feita por meio de lances em
sessão pública".
Observação:
A LGT estabeleceu um regime próprio de contratações para a ANATEL, foi quando
surgiu o pregão como nova modalidade de licitação de aplicabilidade, no entanto, restrita à
entidade. Suas regras próprias estão dispostas nos arts. 54 a 59 da referida lei.
Observação:
Tramita no STF a ADIN n. 1.668/1997, em que se discute, dentre outros aspectos, a
constitucionalidade desta nova modalidade de licitação no âmbito das Agências Reguladoras,
em razão da vedação do art. 22, § 8º (não são admitidas outras modalidades de licitação além
das que foram previstas pela Lei n. 8.666/93).
Após quase dois anos e meio de resultados positivos8 na ANATEL, o Governo Federal
decidiu estender a nova modalidade para toda a Administração Pública Federal. Optou pela via
da MEDIDA PROVISÓRIA, ao invés de proceder a uma ampla revisão dos sistemas de
compras governamentais.
Assim, surgiu a Medida Provisória 2.026, em 4.5.2000. Esta opção pela via da medida
provisória bem como a RESTRIÇÃO de sua aplicabilidade à UNIÃO FEDERAL trouxe
uma série de inconvenientes9.
Com relação aos inconvenientes criados, cumpre registrar que o argumento
prevalecente foi o da inconstitucionalidade da medida provisória, isso porque para a criação de
nova modalidade seria exigida norma geral de licitação e, neste caso, não seria possível a
exclusão dos estados, do Distrito Federal e municípios de sua esfera. Necessariamente, norma
geral em matéria de licitação deveria ter sua aplicabilidade uniforme para todas as esferas
federativas.
Nessa linha de raciocínio, o autor Adílson Dallari, em excepcional trabalho sobre os
aspectos jurídicos da licitação, escreveu de forma clara e direta sobre o assunto e afirmou que
"não é possível instituiu modalidade privativa da União. É preciso considerá-la como norma geral instituidora
de uma nova modalidade de licitação franqueada a todas as entidades, em todos os níveis de governo".
No mesmo sentido, Marçal Justen Filho, em monografia dedicada ao pregão, também
foi enfático no sentido de afirmar que "o grande problema de validade da medida provisória referia-se à
existência de normas gerais aplicáveis apenas à União". Disse ser "incontroverso que uma das características
inegáveis da norma geral está na aplicabilidade a todos os entes federativos; a generalidade de tais regras não
decorreria apenas de alguma característica pertinente a seu conteúdo, mas por serem aplicáveis a todas as esferas

8 (a) maior rapidez, transparência e agilidade no procedimento de escolha do parceiro privado; (b) contratos celebrados com preços mais
compatíveis com os de mercado, se comparados com as contratações tradicionalmente feitas com base na Lei nº 8.666/93; e (c) uma
significativa redução no volume de aquisições diretas, sem licitação, feitas com fundamento no art. 24, IV, da Lei nº 8.666/93, pois o pregão
passou a ser uma alternativa para aqueles casos onde a falta de tempo para concluir um processo licitatório tradicional tinha como única
solução a contratação direta.
9 O uso da medida provisória para a instituição de mencionada modalidade e também a restrição de sua aplicabilidade à esfera federal foram
objeto de sérias críticas.

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federativas. A discriminação entre os diversos entes federais seria incompatível, na sua leitura, com o princípio
federativo".
Assim – e de forma resumida –, estas são as principais conclusões a respeito das
normas gerais em matéria de licitação e a criação de nova modalidade:
(1) Somente a União pode legislar sobre "normas gerais em matéria de licitação" (CF,
art. 22, XXVII);
(2) A competência para criação de nova modalidade licitatória está inserida no campo
das "normas gerais em matéria de licitação", sendo própria da União, e envolve a definição da
estrutura da nova modalidade e das regras que lhe sejam caracterizadoras, como garantia dos
vetores da segurança e certeza jurídicas; e
(3) A norma geral que cria nova modalidade licitatória deve supor a existência de um
campo próprio para o exercício de competência legislativa suplementar pelas esferas
federativas;
(4) A Lei n. 8.666 veicula um grande número de normas, nem todas, a princípio, gerais,
mas que acabaram promovendo uma uniformidade útil no tem das licitações, pois grande parte
de suas soluções é a única compatível com o Texto Constitucional.
A estas conclusões faz-se acrescentar mais duas, orientadas pela idéia de que o excesso
de normas particulares em matéria de licitação não incentiva – ao contrário, inibe – a ampla
participação nos certames:
(5) Não é contrária à natureza de norma geral em matéria de licitação a norma que cria
nova modalidade licitatória e possui ampla extensão. É mesmo prudente que haja
uniformidade na aplicação das referidas normas - desde que as soluções por elas apresentadas
sejam decorrência direta dos princípios constitucionais do processo licitatório;
(6) Estados, Distrito Federal e municípios, não obstante possam, não devem exercer
suas competências legislativas suplementares para inovar na matéria;
1.8.6.2. Campo de aplicação
É oportuno frisar que a Lei n. 10.520/2002 estendeu a aplicabilidade da nova
modalidade aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios, de maneira que toda a discussão
sobre a constitucionalidade da Medida Provisória acima mencionada foi prejudica. A matéria
não é tão recente, entretanto as Bancas Examinadoras insistem em abordar esse quesito,
afirmando que a modalidade pregão é aplicada tão-somente para a União, o que é inverídico.
De acordo com o Decreto n. 5.450/2005, as licitações para aquisição de bens e serviços
comuns será obrigatória a modalidade pregão, sendo preferencial a utilização da sua forma
eletrônica. Essa mudança normativa é bastante relevante em termos de concursos, haja vista
que o pregão era entendimento como sendo modalidade de utilização preferencial.
Cabe aqui uma ressalva. De acordo com parágrafo único do art. 1º, o alcance do
Decreto é restrito à administração pública direta e indireta FEDERAL.
1.8.6.3. Hipóteses de cabimento
O pregão possui âmbito próprio de aplicação delimitado na Lei 10.520/2002. Trata-se
de contratação de bens e serviços comuns, DE QUALQUER VALOR.
Aplicação:

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Decisão 557/2002 - Plenário/TCU


Em virtude da vedação constante do art. 5º do Decreto nº 3.555, de 2000, não
deverá ser utilizada a modalidade de licitação pregão para contratação de
serviços de engenharia, mesmo quando se tratar de serviços de manutenção.
Decisão 195/2002 - Plenário/TCU
Os órgãos e entidades da Administração Pública não podem licitar serviços de
engenharia por meio de pregão.
Decisão 674/2002 - Plenário/TCU
É possível a contratação de mão-de-obra especializada para a prestação de
serviços de manutenção de bens móveis por meio da modalidade pregão.
Acórdão 277/2003 - Plenário/TCU
O Tribunal de Contas da União entendeu legal a realização de licitação na
modalidade pregão para aquisição de veículos, dando como parte do pagamento
bens inservíveis da Administração. Considerou-se compra, e não alienação, que é
vedada por pregão.
1.8.6.4. Valor da Contratação
Diferentemente da Lei n. 8.666/93, o valor da contratação não é critério útil na
definição do pregão. Isto significa dizer que o procedimento desta modalidade pode ser usado
para contratações de qualquer valor. A lei não faz uso da lógica da Lei Geral de
Contratações Públicas, onde um dos fatores decisivos na escolha da modalidade licitatória é o
montante de dispêndios que a Administração assumirá com a contratação.
No pregão não há qualquer relação entre o seu procedimento e o valor da futura
contratação. Desde que o objeto licitado se enquadre no conceito de bem e serviço comum, a
contratação derivada de licitação feita nesta modalidade pode envolver qualquer valor, sem
limites mínimos ou máximos de dispêndio preestabelecidos em lei.
Observações:
- A lei impõe a realização de procedimento licitatório mais complexo, quanto
maior o valor do contrato a ser celebrado entre o particular e o Poder
Público. É dizer: a Lei n. 8.666/93 estabelece três modalidades de licitação
(concorrência, tomada de preços e convite), as quais, via de regra, serão
determinadas em função do valor estimado da contratação, sendo que os
valores são distintos tratando-se de obras e serviços de engenharia e compras
e serviços em geral.
- O pregão é modalidade de licitação cabível quando se tratar de contratação
envolvendo bens e serviços comuns, qualquer que seja o valor envolvido. É
na combinação destes dois elementos que está estabelecida a hipótese de
cabimento do pregão.
1.8.6.5. Bens e Serviços Comuns
A regra da aplicabilidade do procedimento do pregão tem um campo próprio,
específico e inconfundível da modalidade: dos bens e serviços comuns.

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A Lei n. 10.520 fornece uma definição, no parágrafo único do art. 1º, a seguir:
"consideram-se bens e serviços comuns, para os fins e efeitos deste artigo, aqueles cujos
padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio
de especificações usuais no mercado".
Isto significa dizer que o fornecimento e o método de produção e execução exigidos no
edital relativamente ao objeto ofertado devem envolver uma técnica comum, já conhecida pelo
específico mercado de ofertantes do objeto licitado.
Jessé Torres Pereira define-os pela aquisição rotineira, habitual, pela Administração.
Para o autor, bens e serviços comuns para fins de pregão têm três notas distintivas básicas: (a)
aquisição habitual e corriqueira no dia-a-dia administrativo; (b) referem-se a objeto cujas
características encontrem no mercado padrões usuais de especificações; e (c) os fatores e
critérios de julgamento das propostas são rigorosamente objetivos, centrados no menor preço.
Observações
- Tanto os bens ou serviços padronizados como os adquiridos ou prestados
rotineiramente à Administração Pública, são qualificáveis como comuns para
fins de licitação por pregão.
- Bens e serviços que exigem alta complexidade técnica e também os que são
produzidos ou executados sob encomenda não são, a priori, incompatíveis
com o pregão. Necessariamente, para fins de aferição da aplicabilidade desta
modalidade no caso concreto, o objeto pretendido pela Administração
Pública deve envolver tecnologia ou solução conhecida pelo mercado, ainda
que complexo e o número de possíveis ofertantes seja reduzido e o bem ou
serviço seja produzido ou executado por encomenda.
- A modalidade pregão é vedada para as obras e os serviços de engenharia
(art. 5º, do Decreto n. 3.555/2000) e para alguns bens e serviços de
informática - que não: fornecimento de cartuchos de tinta, estabilizadores de
corrente elétrica etc.
- A questão de determinados bens e serviços de informática não estarem
sujeitos à modalidade pregão decorre da Lei n. 8.666/93, que no seu art. 45, §
4º, estabelece que as licitações para aquisição de bens e serviços de
informática serão SEMPRE julgadas pelo critério de TÉCNICA E PREÇO -
o que tornaria incompatível o uso do pregão.
Decisão 343/2002 Plenário/TCU
A lista de serviços constante do Anexo II do Decreto nº 3.555, de 2000, não é
exaustiva, haja vista a impossibilidade de relacionar todos os bens e serviços
comuns utilizados pela Administração.
1.8.6.6. Aplicação subsidiária da Lei n. 8.666/93
Importante registrar que a Lei do Pregão é resumida, logo, não traz todas as soluções
necessárias para a dinâmica da nova modalidade. Por essa razão, aplica-se supletivamente
(subsidiariamente) o conjunto de normas gerais definidas na Lei n. 8.666/93.

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1.8.6.7. Condução do procedimento


A norma geral do pregão impõe que a condução da licitação seja feita por pessoa capaz
de cumprir com os objetivos desse procedimento, denominado PREGOEIRO.
O pregoeiro é o único representante da Administração, escolhido dentre os servidores
do órgão ou da entidade promotora da licitação, com atribuições especiais em função do
procedimento que lhe cabe cuidar.
Observação:
Diógenes Gasparini afirma que a função de pregoeiro pode ser ocupada por
qualquer servidor – seja ele estatutário, celetista, efetivo, em comissão-, uma
vez que a própria legislação não restringiu a categoria desse funcionário.
Destaca-se ainda o papel da EQUIPE DE APOIO. A equipe de apoio não se
confunde com o pregoeiro. Ela não tem qualquer competência decisória, tampouco poderes
para a condução das atividades relativas à sessão do pregão. Sua função é prestar o necessário
apoio ao pregoeiro.
Quanto à formação, a Lei não exige a composição completa por servidores efetivos ou
por ocupantes de empregos públicos, vale dizer, não há impedimento para que pessoas de fora
da Administração ocupem posto na esfera pública.
1.8.6.8. Prazo para a apresentação das propostas
Quanto ao prazo para a apresentação de propostas no pregão, ele não pode ser inferior
a oito dias UTÉIS, contados a partir da publicação do aviso de licitação. O edital pode fixar
prazo maior se a complexidade da licitação o exigir, mas nunca inferior – pois assim poderia
restringir o número de participantes nas licitações por pregão.
1.8.6.9. Vedações
A Lei n. 10.520 traz regra que elimina para o procedimento do pregão práticas
contrárias à competitividade, a saber:
9 Exigência de garantia de proposta;
9 A aquisição do edital pelos licitantes como condição para participação do certame; e
9 O pagamento de taxas e emolumentos superiores ao custo de recursos de tecnologia da
informação, quando for o caso.
Prova:
A Lei dispõe sobre a vedação à garantia de proposta, ou seja, uma das formas
de atestar a qualificação econômico-financeira do licitante. Contudo, não se
veda a garantia contratual, acautelamento da Administração para o fiel
cumprimento do contrato.
1.8.6.10. Inversão das fases de habilitação e de julgamento
No pregão a fase de julgamento precede a de habilitação. Na prática significa um ganho
de agilidade, eficiência e rapidez no certame, pois o número de documentos a serem analisados
pelo condutor da licitação é significativamente menor, já que são analisados os requisitos de
habilitação apenas do proponente classificado em primeiro lugar.

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Prova:
O tipo de licitação (critério de julgamento) admissível para julgamento e
classificação das propostas do Pregão é o MENOR PREÇO, nos termos do
art. 4, X, da Lei n. 10.520. Todavia, a Administração não é obrigada a aceitar
proposta que, sob o prisma técnico, não é a mais adequada apenas porque se
trata do menor preço apresentado.
1.8.6.11. Negociação
Pode acontecer de a proposta vencedora estar acima das estimativas do órgão. A Lei
permite ao pregoeiro negociar diretamente com o proponente para que seja obtido preço
melhor (art. 4º, XVII).
1.8.6.12. Fase do Recurso
Uma das características procedimentais importantes da licitação por pregão é a
existência de uma fase recursal UNA ou ÚNICA. Isso significa dizer que na modalidade de
pregão não é possível o recurso em separado.
Apenas no final da sessão, e a partir da decisão que indica o vencedor (ou declara
fracassado o procedimento), é que os licitantes poderão manifestar intenção de recorrer, no
prazo de três dias (NÃO ÚTEIS!!!), nos termos do art. 4º, XVIII.
Melhores momentos:
A autora Maria Sylvia Zanella Di Pietro ensina que a última fase da licitação
de acordo com a Lei n. 8.666/93 é a ADJUDICAÇÃO. Já, nos termos da Lei
n. 10.520, que trata do pregão, a última fase da licitação é a
HOMOLOGAÇÃO.
Apresenta-nos, ainda, que a forma eletrônica do pregão não equivale a uma
nova e distinta modalidade de licitação. Trata-se da mesma modalidade
licitatória criada e descrita na Lei n. 10.52/2002, com todas as exigências,
inclusive, com a publicação de edital convocatório.
1.8.6.13. Alterações recentes
Com o advento do Decreto n. 5.504/2005, as entidades de direito público ou privado,
desde que recebam recursos voluntários da União (convênios, consórcios e outros
instrumentos de formalização), deverão efetuar suas contratações após a realização do devido
procedimento de Licitação, de acordo com o estabelecido na Lei de Licitações e Contratos (Lei
n. 8.666/93).
Nos termos do art. 1º, § 1º, nas licitações para a aquisição de bens e serviços comuns,
será obrigatório o emprego da modalidade pregão. O dispositivo dispõe, ainda, a preferência
da utilização do pregão em sua forma eletrônica. A inviabilidade de sua utilização deverá ser
devidamente justificada, de acordo com o § 3º do citado artigo.
A grande questão a ser operacionalizada é quanto à aplicação pelas entidades privadas,
sem fins lucrativos, pois é fato que, de regra, não contam com em seus quadros com pessoal
especializado em licitações públicas. Nesse sentido, o diploma parece ter dado um caminho
possível, eis que autoriza aos órgãos, aos entes e às entidades privadas sem fins lucrativos,

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convenentes ou consorciadas com a União, a utilização de sistemas próprios de pregão


eletrônico ou de terceiros.
O normativo apresentado vem a realçar a preocupação do Poder Público no que toca à
condução, à correta aplicação dos recursos públicos, sendo, pois, consectário do princípio da
moralidade.
Importante observar que o recebimento de recursos voluntários é que terá o efeito de
impor à utilização das normas de licitação pública. Isso acontece, por exemplo, com as
Organizações Sociais e as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, vez
que, em face dos respectivos contratos de gestão e termos de parceria, recebem repasses da
União.
Com o propósito de a Administração certificar-se do cumprimento pelos referidas
entidades, haverá a obrigatoriedade de inscrição dos contratos no Sistema Integrado de
Administração de Serviços Gerais – SIASG. O descumprimento de tal preceito, nos termos do
art. 3º do Decreto, poderá acarretar a suspensão nos repasses das transferências voluntárias.
1.9. Tipos de Licitação
O julgamento das propostas será objetivo, em estrita observância ao Princípio do
Julgamento Objetivo. Nesse sentido, a Comissão de licitação ou o responsável pelo convite
realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os critérios previamente estabelecidos no
ato convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de maneira a
possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle.
Os tipos de licitação estão previstos no § 1º, do art. 45 e compreendem quatro
categorias (exceto na modalidade concurso):
(a) de menor preço – quando o critério de seleção da proposta mais vantajosa para a
Administração determinar que será vencedor o licitante que apresentar a proposta de acordo
com as especificações do edital ou convite e ofertar o menor preço;
(b) de melhor técnica;
(c) de técnica e preço; e
(d) de maior lance ou oferta – nos casos de alienação de bens ou Concessão de
Direito Real de Uso (Redação dada pela Lei n. 8.883, de 8.6.94).
No caso de empate entre duas ou mais propostas, aplicar-se-á o artigo 3º, § 2º, que
determina seja dada preferência, como critério de desempate, aos bens e serviços:
I - produzidos ou prestados por empresas brasileiras de capital nacional;
II - produzidos no País; e
III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras.
Observações:
Preliminarmente, é importante observar que o Tribunal de Contas da União
(Decisão n. 456/2000) e a doutrina majoritária (Jessé Torres e Marçal Justen
Filho) defendem que, a partir da revogação do art. 171 da Constituição
Federal por meio da EC n. 06/95, os incisos acima mencionados perderam
sua vigência.

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Nada obstante a Banca Examinadora ESAF, mais propriamente na Prova


para AFC/CGU/2004, na área de Correição, explorou item referente a esses
artigos, cumpre ao candidato, portanto, não perdê-los de vista.
Após obedecida a seqüência anterior e persistindo o empate, a classificação se
fará, obrigatoriamente, por SORTEIO, em ato público, para o qual todos os
licitantes serão convocados, vedado qualquer outro processo.
Essa aplicação é decorrência do art. 2º, § 3º, do Estatuto, a saber: “a licitação
não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao público os atos de seu
procedimento, SALVO quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva
abertura”.
Os tipos de licitação "melhor técnica" ou "técnica e preço" serão utilizados
exclusivamente para serviços de natureza predominantemente intelectual, em especial, na
elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento e de engenharia
consultiva em geral e, em particular, para a elaboração de estudos técnicos preliminares e
projetos básicos e executivos.
Nas licitações do tipo "melhor técnica" será adotado o seguinte procedimento
claramente explicitado no instrumento convocatório, o qual fixará o preço máximo que a
Administração se propõe a pagar:
I- serão abertos os envelopes contendo as propostas técnicas exclusivamente dos
licitantes previamente qualificados e feita então a avaliação e classificação destas propostas de
acordo com os critérios pertinentes e adequados ao objeto licitado, definidos com clareza e
objetividade no instrumento convocatório;
II- uma vez classificadas as propostas técnicas, proceder-se-á à abertura das propostas
de preço dos licitantes que tenham atingido a valorização mínima estabelecida no instrumento
convocatório e à negociação das condições propostas, com a proponente melhor classificada;
III- no caso de impasse na negociação anterior, procedimento idêntico será adotado,
sucessivamente, com os demais proponentes, pela ordem de classificação, até a consecução de
acordo para a contratação;
IV- as propostas de preços serão devolvidas intactas aos licitantes que não forem
preliminarmente habilitados ou que não obtiverem a valorização mínima estabelecida para a
proposta técnica.
Importante:
A lei de concessões e permissões de serviços públicos, n. 8.987/95,
estabelece outros tipos de licitação, que serão objeto de estudo quando do
tema “serviços públicos”.
Prova:
Para contratação de bens e serviços de informática, a administração adotará,
OBRIGATORIAMENTE, o tipo de licitação "técnica e preço",
permitindo-se, todavia, o emprego de outro tipo de licitação nos casos
indicados em decreto do poder executivo.
Prova:

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É vedada a utilização de outros tipos de licitação não previstos neste artigo.


ALERTA, quanto à aplicação de capital proveniente de organismos
internacionais, a Lei faculta a possibilidade de serem adotados outros
procedimentos e critérios para o julgamento das propostas.
1.10. Obrigatoriedade, Dispensa e Inexigibilidade
1.10.1. Obrigatoriedade
Como já antes assinalado, a licitação, a partir da Constituição Federal vigente, passou a
ser norma impositiva, como exigência constitucional para toda a Administração Pública, direta
e indireta. Lembra a Professora Di Pietro que a mesma é exigível para a Administração direta,
fundos especiais, autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia
mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, nos termos do art. 1º, parágrafo único, da Lei n. 8.666/93.
Vale reforçar que se admite que as empresas estatais, por terem personalidade jurídica
de direito privado, possam ter regulamento próprio, ficando sujeitas às normas gerais da Lei de
Licitações (art. 119).
Todavia, como já mencionado, as empresas públicas e sociedades de economia mista,
sejam exploradoras de atividade econômica, sejam prestadoras de serviços públicos, devem
obediência aos ditames da Lei n. 8.666/93, enquanto não sobrevier a norma ordinária prevista
no art. 173, § 1º, III, da Constituição Federal.
O autor Hely Lopes Meirelles adverte que a expressão obrigatoriedade de licitação tem
duplo sentido, vale dizer, significa não só a imposição da licitação em geral, como também a da
modalidade prevista em lei para a espécie.
1.10.2. Contratação Direta
1.10.2.1. Dispensa
A lei diversificou os casos em que a Administração pode ou deve deixar de realizar a
licitação, admitindo-a nas espécies dispensada e dispensável.
a) Dispensada
A própria lei estabelece os casos em que a licitação é dispensada, nos termos do art. 17,
não havendo, portanto, margem de discrição por parte do agente público.
☼ Regras específicas sobre alienação de bens imóveis:
9 Prévia autorização legislativa;
9 Subordinada à existência de interesse público;
9 Precedida de avaliação;
9 Licitação na modalidade de concorrência;

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Prova:
Quadro esquemático

Alienação de Bens (Art. 17, da Lei n. 8.666/93)

Móveis Imóveis

Existência de interesse Presente Presente


público

Avaliação prévia Presente Presente

Autorização legislativa Ausente Presente

Modalidade de Leilão/concorrência Concorrência/leilão


licitação * **

- A autorização legislativa não se faz necessária para a venda de bens móveis. Além
disso, prescinde (não é necessária) de autorização legislativa a venda de bens móveis ou
imóveis pelos entes paraestatais. No contexto em que a lei foi feita, entendia-se que entes
paraestatais eram as empresas estatais, logo, empresas públicas e sociedades de economia
mista. Atualmente, a doutrina aponta que tais entidades são entes governamentais e
empresariais, inconfundíveis com os paraestatais, entretanto isso deve ser tomado com cautela,
pois há provas em que o Examinador ignora a alteração do livro do autor Meirelles e aplica o
seu entendimento anterior.
- A título de reforço, destacamos que para a venda de bens móveis avaliados, isolada
ou globalmente, em quantia não superior ao limite da modalidade de tomada de preços (R$
650.000,00), a Administração poderá permitir o leilão (art. 17, § 6º).
- De acordo com o art.19, da Lei de Licitações, os bens imóveis da Administração
Pública, cuja aquisição haja derivado de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento,
poderão ser alienados sob a modalidade de concorrência ou leilão.
☻ Regras específicas sobre alienação de bens móveis:
9 Precedida de avaliação, e
9 Licitação.
Observação:
Atente para a diferença de requisitos necessários entre alienação de
bens imóveis e móveis.
A lei alude apenas a “licitação”, quando se tratar de alienação de bens
móveis. Tal raciocínio não leva ao entendimento de se admitir o convite ou
mesma a tomada de preços, pois são modalidades aplicáveis a obras, a
serviços ou a compras.

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Lembre-se, contudo, que o § 6º faculta a utilização do leilão para


alienação de bens móveis cujo valor seja inferior ao limite contido no art. 23,
II, “b” (até R$ 650.000,00).

Prova:
O Supremo Tribunal Federal – STF, em ação direta de
inconstitucionalidade, julgou inconstitucional o art. 17, I, “b”, da Lei, sem
redução de texto (chamada interpretação conforme). Nesse sentido, entendeu
que se trata de norma de caráter aplicável apenas para a União, pois que veda
a doação de bens públicos a particulares.
b) Dispensável
É toda aquela que a Administração pode dispensar, se assim lhe convier, restando as
hipóteses, para tanto, arroladas no art. 24, do Estatuto de Licitações.
Conforme os ensinamentos da Profª. Maria Sylvia Zanella Di Pietro, pode ser dividida
em quatro tipos, a seguir:
I- Em razão do valor (art. 24, I e II):
a) até R$ 15.000,00 para obras e serviços de engenharia (art. 23, I, “a”, do Estatuto de
Licitações), e
b) até R$ 8.000 (art. 23, II, “a”, da Lei) para outras compras e serviços.

Prova:
Atente que a aplicação dos limites ora indicados não podem se referir a
parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços da
mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e
concomitantemente, sob pena de FRACIONAMENTO INDEVIDO DE
DESPESAS.
O que é o fracionamento?
O chamado FRACIONAMENTO DE LICITAÇÃO é prática ilícita que
consiste em dividir o objeto da contratação em parcelas que permitam a
dispensa de licitação ou a realização desta em modalidade mais simples do
que a aplicável ao valor total do objeto.
Todo o tipo de fracionamento é ilícito?
Não. A Lei de Licitações, em seu art. 23, § 1º, não só permite como impõe o
fracionamento como obrigatório, sendo que de objetos e, não, de despesas.
A doutrina e jurisprudência definem como sendo licitação por itens.
A regra tem por finalidade ampliar a competitividade e o universo de
interessados. O fracionamento conduz à licitação e contratação de objetos de
menor dimensão quantitativa, qualitativa e econômica. Tal procedimento
aumenta o número de interessados em condições de disputar a contratação.

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Em termos gerais, as obras, os serviços e as compras efetuados pela


administração devem ser divididos em tantas parcelas quantas se
comprovarem técnica e economicamente viáveis, procedendo-se à licitação
com vistas ao melhor aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e
à ampliação da competitividade, sem perda da economia de escala.
Observa-se, por necessário, que não obstante promovido o fracionamento,
deve ser obedecida modalidade cabível para o valor da contratação.
Acórdão 66/1999 Plenário
Contratações, em datas distintas, de serviço de leitura de disquete junto a
empresa, cujos valores somados extrapolam o limite de dispensa vigente à
época, contrariando o art. 24, inc. II, da Lei n. 8.666/93 e caracterizando
fracionamento de licitação.
Acórdão n° 79/2000 – 2a Câmara
Adote o planejamento de suas compras, evitando o desnecessário
fracionamento na aquisição de produtos da mesma natureza e possibilitando
a utilização da correta modalidade de licitação, nos termos do art. 15, § 7°, II,
da Lei n° 8.666/93.
Acórdão n° 76/2002 – 2a Câmara
Atente para o fato de que, atingido o limite legalmente fixado para dispensa
de licitação, as demais contratações para serviços da mesma natureza deverão
observar a obrigatoriedade da realização do certame licitatório, evitando a
ocorrência de fracionamento de despesa.
Acórdão 73/2003 Segunda Câmara
Atente para o fato de que, atingido o limite legalmente fixado para dispensa
de licitação, as demais contratações para serviços da mesma natureza deverão
observar a obrigatoriedade da realização de certame licitatório, evitando a
ocorrência de fracionamento de despesa.
Decisão 393/1994 Plenário
Nas licitações para contratação de obras, serviços e compras, e nas
alienações, quando o objeto for de natureza divisível, sem prejuízo do
conjunto ou complexo, é obrigatório que a adjudicação seja por itens e não
pelo preço global, com vistas a propiciar a ampla participação dos licitantes
que, embora não dispondo de capacidade para a execução, fornecimento ou
aquisição da totalidade do objeto, possam, contudo, fazê-lo com referência a
itens ou unidades autônomas, devendo as exigências de habilitação
adequarem-se a essa divisibilidade.
SÚMULA Nº 247
É obrigatória a admissão da adjudicação por item e não por preço global, nos
editais das licitações para a contratação de obras, serviços, compras e
alienações, cujo objeto seja divisível, desde que não haja prejuízo para o
conjunto ou complexo ou perda de economia de escala, tendo em vista o

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objetivo de propiciar a ampla participação de licitantes que, embora não


dispondo de capacidade para a execução, fornecimento ou aquisição da
totalidade do objeto, possam fazê-lo com relação a itens ou unidades
autônomas, devendo as exigências de habilitação adequar-se a essa
divisibilidade (Precedentes/Plenário: Decisão n. 744/1999; Decisão n.
143/2000 e Acórdão n. 236/2003)
Prova:
Segundo o parágrafo único, do art. 24, os percentuais, referidos nos incisos I
(15.000,00) e II (8.000,00) deste artigo, serão 20% (vinte por cento) para
compras, obras e serviços contratados por SOCIEDADE DE ECONOMIA
MISTA E EMPRESA PÚBLICA, bem assim por autarquia e fundação
qualificadas, na forma da lei, como AGÊNCIAS
EXECUTIVAS. Observamos que a incidência de referido quesito é
acentuada em concursos públicos, mormente porque envolve assuntos inter-
relacionados (Organização Administrativa e Licitações).
(Prova)2:
A Lei de Licitações sofreu recente modificação em seu texto. De acordo com
a Lei de Consórcios Públicos – Lei n. 11.107/2005, além das SEM’s, EP’s e
Agências Executivas, os consórcios públicos terão 20% como limite de
dispensa para as compras, obras e serviços contratados.
II- Em razão da situação:
a) Casos de emergência ou de calamidade pública, requisitos necessários para sua
correta caracterização:
™ A situação não pode ser imputável à pessoa do administrador;
™ Urgência do atendimento e risco de ocorrência de sérios danos a pessoas ou bens;
™ Devem ser fundamentados; e
™ Os bens a serem adquiridos devem ser os necessários ao atendimento da situação, e as
obras devem estar concluídas no prazo máximo de 180 dias consecutivos e ininterruptos,
da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos
contratos.
Prova:
Decisão n° 0347/1994 – Plenário/TCU:
a) Situação de emergência ou calamidade pública não pode ser originada,
total ou parcialmente, da falta de planejamento, da desídia
administrativa ou da má gestão dos recursos disponíveis;
b) urgência no atendimento à situação;
c) contratação como meio efetivo e eficiente para afastar o risco iminente
detectado.
Acórdão n° 267/2001 – 1ª. Câmara/TCU:

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É necessário consultar o maior número possível de interessados em


contratações de caráter emergencial, em atenção aos princípios da
impessoalidade e da moralidade administrativa, que devem reger as atividades
do administrador público.
b) LICITAÇÃO DESERTA
Ocorre a licitação deserta quando não acudirem interessados e a licitação não puder ser
repetida sem prejuízo para a administração, oportunidade que as condições do edital devem ser
repetidas no contrato para que a licitação seja considerada deserta, vale dizer, mantidas as
condições preestabelecidas.
c) LICITAÇÃO FRACASSADA
No caso em tela, em que todos os licitantes forem inabilitados ou todas as propostas
forem desclassificadas, a Administração, se entender pela dispensa da licitação, deverá fixar
o prazo de oito dias úteis para que os licitantes apresentem novas proposta, livres
(escoimadas) das causas da desclassificação.
No caso de CONVITE, o prazo pode ser reduzido para três dias úteis. Ressalte-se
que a adjudicação direta dos bens ou serviços será admitida, desde que por valor não superior
ao constante do registro de preços, ou dos serviços.

Prova:
Decisão n° 119/1999 – Plenário/TCU.
• Propostas com preços manifestamente superiores aos praticados no
mercado ou incompatíveis com os fixados pelos órgãos competentes.
• 1ª conduta: desclassificação das propostas e facultar a apresentação de
novas ofertas de preço.
• 2ª conduta: proceder à contratação direta, desde que o valor não seja
superior ao do registro de preços ou da estimativa de serviços.
Prova:
Não temos dúvida de que o Examinador provocará questão envolvendo a
diferença entre licitação deserta e fracassada. Portanto, muita atenção.
Prova:
Questão relevante e complexa. Quando cai em concurso, a incidência de
acerto é pequena.
Art. 48. Serão desclassificadas:
II - propostas com valor global superior ao limite estabelecido ou com
preços manifestamente inexeqüiveis, assim considerados aqueles que não
venham a ter demonstrada sua viabilidade através de documentação que
comprove que os custos dos insumos são coerentes com os de mercado e
que os coeficientes de produtividade são compatíveis com a execução do

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objeto do contrato, condições estas necessariamente especificadas no ato


convocatório da licitação.
§ 1º Para os efeitos do disposto no inciso II deste artigo consideram-se
manifestamente inexeqüíveis, no caso de licitações de menor preço para
obras e serviços de engenharia, as propostas cujos valores sejam inferiores a
70% (setenta por cento) do menor dos seguintes valores:
a) média aritmética dos valores das propostas superiores a 50% (cinqüenta
por cento) do valor orçado pela administração, ou
b) valor orçado pela administração.
§ 2º Dos licitantes classificados na forma do parágrafo anterior cujo
valor global da proposta for inferior a 80% (oitenta por cento) do menor
valor a que se referem as alíneas "a" e "b", será exigida, para a assinatura do
contrato, prestação de garantia adicional, dentre as modalidades previstas no
§ 1º do art. 56, igual a diferença entre o valor resultante do parágrafo anterior
e o valor da correspondente proposta.
A leitura isolada desse artigo sem qualquer aplicação ao caso concreto
dificulta o estudo e, de certo, o aprendizado do aluno. Mais uma vez os livros
de Direito Administrativo, de forma geral, são omissos quanto ao exame
deste tópico.
Vamos aos exemplos práticos.
Exemplo Prático 1:
Suponha um orçamento de R$ 100,00. Propostas com os valores de 35, 45,
60, 70, 75, 80, 85, 102 e 110 foram apresentadas. De pronto os valores 102 e
110 estão desclassificados para efeito de cálculo, pois se considera a média
aritmética dos valores acima de 50% do valor orçado, que nesse caso é de 74
[(60+70+75+80+85)/5]. Agora prestem atenção que pela aplicação da alínea
“b” chegaríamos ao valor de R$ 70,00 reais, menor que o anterior, portanto
devendo ser utilizado, o que torna inexeqüíveis os valores 35, 45, 60.
Exemplo Prático 2:
Suponha um orçamento de R$ 100,00. Propostas apresentadas com os
valores de 35, 45, 55, 62, 73, 85, 95, 100, 102, 110 e 115. Essas três últimas
são desclassificadas desde logo, por superar o valor orçado. Agora a média
aritmética de valor superior a 50% do orçamento. No caso seriam as de valor
55, 92, 73, 85, 95, 100, o que resultaria em média aritmética de 78,33.
Portanto, o limite seria de 54,833 (aplicação dos 70% sobre a média). Assim,
todas as propostas acima de 55 seriam consideradas exeqüíveis.
d) Contratação de remanescente de obra, de serviço ou de fornecimento:
Em conseqüência de rescisão contratual, desde que atendida a ordem de
classificação da licitação anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante
vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido.

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e) Em razão de outras situações: intervenção da União (não E, DF e M) no domínio


econômico para regular preços/abastecimento; possibilidade de comprometimento da
segurança nacional; aquisição de bens/serviços nos termos de acordo internacional aprovado
pelo Congresso Nacional; compras/serviços para abastecimento de
navios/embarcações/unidades aéreas/tropas (estada eventual, de curta duração em locais
diferentes de sua sede) etc.
III- Em razão do objeto10:
a) Compra/Locação de imóvel:
9 Finalidades precípuas da administração;
9 As necessidades de localização/instalação devem justificar a escolha; e
9 Preço compatível com o de mercado.
b) Gêneros perecíveis: pelo tempo necessário à realização do certame correspondente.
Realizadas diretamente com base no preço do dia.
c) Obras de Arte11: aquisição/restauração de obras de arte e objetos históricos, com
autenticidade certificada. ATENÇÃO: devem ser inerentes à finalidade do órgão ou
compatíveis com essa.
d) Peças/componentes de origem nacional ou estrangeira:
9 Necessários à manutenção de equipamentos durante o período de garantia técnica;
9 Junto a fornecedor original dos equipamentos; e
9 Condição de exclusividade indispensável para vigência da garantia.
e) Materiais/bens destinados ao uso das Forças Armadas (exceto material de uso
pessoal/administrativo):
9 Quando a padronização for necessária, e
9 Parecer de comissão instituída por Decreto.
f) Aquisição de bem destinado EXCLUSIVAMENTE à pesquisa científica e
tecnológica com recursos concedidos pela CAPES/CNPq ou outras instituições
oficiais credenciadas pelo CNPq
Prova:
A Lei n. 10.973/2004 acrescentou à Lei de Licitações o inciso XXV ao art.
24. Nos termos desse dispositivo, é dispensável a licitação na contratação
realizada por Instituição Científica e Tecnológica - ICT ou por agência
de fomento para a transferência de tecnologia e para o licenciamento de
direito de uso ou de exploração de criação protegida.
IV- Em razão da pessoa:

10 Existem autores que enquadram essa hipótese como caso de inexigibilidade.


11 Parte da doutrina ensina que essa hipótese melhor se enquadra dentre os casos de inexigibilidade.

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a) Aquisição de por pessoa jurídica de direito público interno de bens/serviços


produzidos por órgão/entidade que integrem a Administração Pública. A criação desse
órgão; entidade deve ter ocorrido em data anterior à Lei n. 8.666/93;
b) Contratação de entidades de deficientes:
9 Sem fins lucrativos;
9 Comprovada Idoneidade; e
9 Fornecimento de mão de obra/Prestação de Serviços. Exemplo: Apae.
c) Contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente da pesquisa
ou do desenvolvimento institucional, bem como de instituições à recuperação social do
preso:
9 Reputação ético social inquestionável, e
9 Sem fins lucrativos.
d) Outras: Impressão de Diários Oficiais, formulários padronizados; fornecimento de energia
elétrica/gás natural; Contratação pelas Sociedades de Economia Mista - SEM e das Empresas
Públicas – EP´s das suas subsidiárias/controladas; atualmente, na contratação de fornecimento
ou suprimento de energia elétrica e gás natural com concessionário, permissionário ou
autorizado, segundo as normas da legislação específica.
Prova:
Com o advento da Lei Consórcios Públicos – Lei n. 11.107/2005, houve
a inserção de mais uma hipótese de dispensa de licitação, a saber:
“XXVI – na celebração de contrato de programa com ente da Federação
ou com entidade de sua administração indireta, para a prestação de serviços
públicos de forma associada nos termos do autorizado em contrato de
consórcio público ou em convênio de cooperação.”
1.10.2.2. Inexigibilidade
As hipóteses de dispensa e de inexigibilidade podem ser esperada em qualquer
concurso público que inclua a disciplina Licitações e Contratos.
De acordo com Hely Lopes Meirelles, dá-se “quando há impossibilidade jurídica de
competição entre contratantes, quer pela natureza específica do negócio, quer pelos objetivos
sociais visados pela Administração”, vale dizer, inviabilidade de competição.
As hipóteses são aquelas previstas no art. 25 da Lei n. 8.666/93, e visam a um objeto
único ou singular, por exemplo:
(a) Fornecedor exclusivo;
Para aquisição de materiais, de equipamentos, ou de gêneros que só possam ser
fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a
preferência de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado
fornecido pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra
ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades
equivalentes.

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Hely Lopes Meirelles distingue a exclusividade industrial da exclusividade comercial,


para dizer que aquela é a do produtor privativo no país e esta é a dos vendedores e
representantes na praça. Ele conclui que se considera “vendedor ou representante comercial
exclusivo, para efeito de convite, o que é o único na localidade; para a tomada de preços, o
que é único no registro cadastral; para a concorrência, o que é único no país”.

Prova:
Marca e Padronização
É vedada por Lei a preferência de marca. Contudo, há de se atentar para o
que estabelece o art. 14, I, do Estatuto de Licitações, o qual estabelece que as
compras, sempre que possível, atenderão o Princípio da Padronização.
Fundamentação: Art. 7º, § 5°-Obras e Serviços; Art. 15, § 7°, I-Compras
Regra Geral: Vedação à indicação de marca
Exceções:
a) padronização, e
b) justificativa técnica.
a) Padronização:
Vantagens,
- Redução do custo de manutenção;
- Facilidade de substituição; e
- Redução dos custos de treinamento.
Desvantagens,
- Não acompanhamento do avanço tecnológico;
- Restrição do universo de fornecedores.
Padronização – Como fazer? (Marçal J. Filho)
1. Apurar as necessidades da administração;
2. Examinar as alternativas cabíveis;
3. Previsão dos custos/benefícios;
4. Oitiva dos interessados.
Decisão n° 0686/1997 – Plenário/TCU:
Ainda que fosse admitida a preferência de marca, para fins de padronização,
como permitido pela norma regedora da matéria (art. 15, I, da Lei n° 8.666, de
1993), afastando, no caso, a contratação de veículos de outra marca, se houver a
possibilidade de os bens serem fornecidos por várias empresas, seria justificada e
obrigatória a licitação.
Decisão n° 130/2002 – Plenário/TCU:
Embora seja comum a crença de que componentes genuínos do mesmo fabricante
do equipamento supostamente detenham a vantagem de possuir uma garantia de

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fábrica e, portanto, ofertem uma segurança a mais, não pode a administração se


submeter a reservas de mercado, com vínculo à marca comercial, quando existem
empresas que fabricam os mesmos insumos com padrões de qualidade,
fornecendo, inclusive, a necessária garantia por seus produtos.
(b) Serviços técnicos prestados por profissionais de notória especialização;
Para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei12, de natureza
singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, VEDADA a
inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação.
Não é para qualquer tipo de contrato que se aplica essa modalidade, tão-somente para
os contratos de prestação de serviços, desde que observados os três requisitos, ou seja, o de
tratar-se de um daqueles enumerados no artigo 13; o de ser de natureza singular, e o de ser
contratado com profissional de notoriamente especializado.
Assim é considerado, nos termos do § 1º, do art. 25:
“O profissional ou empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente
de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento,
equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir que o
seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do
contrato”.
Prova:
Caso clássico de concurso público versando sobre contratação direta é a
inexigibilidade na contratação de profissionais da área jurídica. É relevante
apontar que, mesmo que a entidade/órgão tenha quadro próprio de
advogados, não há impedimento legal para a contratação de profissional da
área, desde que, é claro, o serviço seja singular, vale dizer, serviços de
relevância ou mesmo excepcionais, além de o profissional ter notoriedade.
Dessa forma, incumbe ao administrador, diante do caso concreto, avaliar a
real necessidade. De toda forma, não caberia tal tipo de contratação de
serviços de caráter continuado, rotineiros da Entidade.
(c) Contratação de serviços artísticos:
Para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de
empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião
pública.
A hipótese é semelhante à anterior, o que se objetiva é a prestação de serviço artístico,
que pode tornar-se insuscetível de competição, quando contratado com profissional já
consagrado, que imprima singularidade ao objeto do contrato.

12 I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos; II - pareceres, perícias e avaliações em geral; III - assessorias ou
consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias; IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços; V - patrocínio
ou defesa de causas judiciais ou administrativas; VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; VII - restauração de obras de arte e bens de
valor histórico.

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Prova:
Os Examinadores costumam solicitar em seus certames a diferença entre
inexigibilidade e dispensa de licitação.
Enquanto as hipóteses de inexigibilidade não são exaustivas
(exemplificativas), os casos de dispensa são exaustivos. Enquanto a
inexigibilidade decorre da inviabilidade de competição, a dispensa é pela
faculdade conferida pela lei ou pela expressa enumeração, sempre sendo
possível cogitar-se da competição.
Importante registrar que nem todos os casos de dispensa encontram-se
entalhados na Lei de Licitações, outras leis existem prevendo casos de
dispensa de licitação.
Observação: Dispensar ou inexigir a licitação fora das hipóteses previstas
em lei é crime, pena de 3 (três) a 5 (cinco) anos de detenção e multa.

Contratação Direta

Inexigilidade Licitação Licitação


Dispensável Dispensada

Fundamento Art. 25 Art. 24 Art. 17

Núcleo Inviabilida Possibilidade Impossibilid


temático de de competição de licitar ade
Impossibilidad Licita se quiser A lei
e de licitar (discricionário) determina que a
Administração
dispense a licitação
(vinculado)

Hipóteses Rol Exaustivo Exaustivo


legais exemplificativo (numerus (numerus
(numerus apertus) clausus) clausus)

1.11. Anulação e Revogação


O artigo 49 da Lei n. 8.666/93 prevê a possibilidade de a autoridade competente para a
aprovação do procedimento revogar ou anular a licitação.
A revogação ocorre por razões de interesse público decorrentes de fatos
supervenientes devidamente comprovados, pertinente e suficiente para justificar tal conduta;
enquanto que anulação acontece em face de ilegalidade, de ofício ou por provocação de
terceiros, mediante parecer escrito e devidamente fundamentado. Nas duas hipóteses fica
assegurado o contraditório e a ampla defesa.

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Nos termos do § 1º, do Estatuto, a anulação do procedimento não gera obrigação de


indenizar, ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo 59, vale dizer, quando a
ilegalidade for imputável à própria Administração, oportunidade que deverá promover a
responsabilidade de quem lhe deu causa.
Prova:
Para os casos de rescisão, sem que haja culpa do contratado, e de
revogação, será este ressarcido dos prejuízos regularmente comprovados
que houver sofrido, tendo ainda direito a:
I - devolução de garantia;
II - pagamentos devidos pela execução do contrato até a data da rescisão; e
III - pagamento do custo da desmobilização.
Por oportuno, cabe destacar que, consoante o art. 59, do Estatuto, a
declaração de nulidade do contrato administrativo opera retroativamente,
impedindo os efeitos jurídicos que ele, ordinariamente, deveria produzir,
além de desconstituir os já produzidos. A doutrina autorizada denomina o
efeito retroativo de ex-tunc, diferenciando-o dos efeitos da revogação que são
ex-nunc (não retroagem).
As regras aqui apresentadas se completam com a do art. 109, I, “c”, da Lei de
Licitações, que prevê recurso do ato de anulação ou revogação, no prazo de cinco dias úteis a
contar da intimação do ato ou da lavratura da ata. A esse recurso a autoridade competente
pode atribuir efeito suspensivo, com base no § 2º, do mesmo dispositivo.
1.12. Recursos Administrativos
Conforme os ensinamentos da Profª Maria Sylvia Di Pietro, recurso administrativo, em
sentido amplo, é expressão que designa todos os meios postos à disposição dos administrados
para provocar o reexame dos atos da Administração.
O art. 109, do Estatuto de Licitações, enumera os recursos administrativos cabíveis
contra os atos da licitação e do contrato, a saber:
9 Recurso;
9 Representação; e
9 Pedido de reconsideração.
1.12.1. Cabem recursos, em sentido estrito, no prazo de cinco dias úteis a contar da
intimação do ato ou da lavratura da ata, nos casos de:
(a) habilitação ou inabilitação do licitante;
(b) julgamento das propostas;
(c) anulação ou revogação da licitação;
(d) indeferimento do pedido de inscrição em registro cadastral, sua alteração ou cancelamento;

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13
(e) rescisão do contrato, a que se refere o inciso I do art. 79 desta Lei; e
(f) aplicação das penas de advertência, suspensão temporária ou de multa.
O recurso contra a HABILITAÇÃO e JULGAMENTO tem necessariamente efeito
suspensivo; aos demais a autoridade competente pode atribuir eficácia suspensiva (art. 109, §
2º).
Prova:
Nos casos de convite, os prazos para recorrer se reduzem a dois dias úteis,
tanto para os recursos como para a representação. Esse prazo não se reduz
para o pedido de reconsideração, que continua sendo de 10 dias úteis.

1.12.2. Nos casos em que não couber recurso hierárquico, o interessado poderá
impetrar representação, no prazo de cinco dias úteis da intimação da decisão relacionada
com o objeto da licitação ou do contrato.
1.12.3 Quanto ao PEDIDO de RECONSIDERAÇÃO, frise-se ser cabível com
relação ato de Ministro de Estado ou Secretario estadual ou municipal, no caso de aplicação de
pena de declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração (art.
14
87, § 3º, do Estatuto ); o prazo para interpor a reconsideração é de dez dias úteis da intimação
do ato.
Importante: nos termos do art. 109, § 3º, interposto o recurso, os demais licitantes
terão o prazo de cinco dias úteis, a partir da comunicação, para impugná-lo.
Prova:
Conforme preceitua o art. 113, § 1º, da Lei n. 8.666/1993: qualquer licitante,
contratado ou pessoa física ou jurídica, poderá representar ao Tribunal de
Contas ou aos órgãos integrantes do sistema de controle interno contra
irregularidades na aplicação de suas normas.
Nesse mesmo sentido, a Constituição de 1988, em seu art. 74, § 2º, estabelece
que “qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte
legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades perante o Tribunal de
Contas da União”.
1.13. Processo de dispensa, de inexigibilidade e de retardamento
O processo de retardamento está previsto no parágrafo único, do art. 8º, do Estatuto de
Licitações, que dispõe:
“A execução das obras e dos serviços deve programar-se, sempre, em sua totalidade,
previstos seus custos atual e final e considerados os prazos de sua execução. É proibido o
retardamento imotivado da execução de obra ou serviço, ou de suas parcelas, se existente

13 I - determinada por ato unilateral e escrito da Administração, nos casos enumerados nos incisos I a XII e XVII do artigo 78.
14 § 3º A sanção estabelecida no inciso IV deste artigo é de competência exclusiva do Ministro de Estado, do Secretário Estadual ou Municipal,
conforme o caso, facultada a defesa do interessado no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias da abertura de vista, podendo a
reabilitação ser requerida após 2 (dois) anos de sua aplicação.

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previsão orçamentária para sua execução total, SALVO insuficiência financeira ou


comprovado motivo de ordem técnica, justificados em despacho circunstanciado da
autoridade a que se refere o art. 26 do Estatuto de Licitações.”
Nos §§ 2º e 4º, do artigo 17, do Estatuto, que dispõe sobre a alienação de bens móveis e
imóveis da Administração Pública, sempre subordinada à existência de interesse público
devidamente justificado e precedida de avaliação, a Administração poderá conceder direito
real de uso de bens imóveis, dispensada licitação, quando o uso se destina a outro órgão ou
entidade da Administração Pública (§ 2º) e a doação com encargo será licitada e de seu
instrumento constarão, OBRIGATORIAMENTE os encargos, o prazo de seu cumprimento e
cláusula de reversão, sob pena de nulidade do ato, sendo dispensada a licitação no caso de
interesse público devidamente justificado (§ 4º).
No retardamento acima referido (art. 8º, da Lei); da dispensa do art. 17, §§ 2º e 4º, do
Estatuto; dos incisos III a XXIV do art. 24, e ainda as situações de inexigibilidade referidas no
art. 25, deverão ser comunicados dentro de três dias a autoridade superior, para ratificação e
publicação na imprensa oficial, no prazo de cinco dias, como condição para eficácia dos atos.
O processo de dispensa, de inexigibilidade ou de retardamento, previsto neste
artigo, será instruído, no que couber, com os seguintes elementos:
I - caracterização da situação emergencial ou calamitosa que justifique a dispensa, quando for o
caso;
II - razão da escolha do fornecedor ou executante;
III - justificativa do preço.
IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa aos quais os bens serão alocados.
1.14. Assuntos diversos
1.14.1 Edital
9 A Administração não pode descumprir as normas e condições do edital, ao qual
se acha estritamente vinculada;
9 Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar os termos do edital, no prazo
de até cinco dias úteis antes da data fixada para a abertura dos envelopes de habilitação. A
Administração tem o prazo de até 3 dias úteis para julgar e responder à impugnação;
9 O prazo de impugnação para o licitante é de até 2 dias úteis, sob pena de
decadência do direito. Ressalta-se que essa impugnação não impede o licitante de participar do
procedimento licitatório até a decisão final pela Administração. Sabendo que sua inabilitação
importa automática exclusão do procedimento, sem direito, portanto, de participação nas
demais fases;
9 As minutas de editais de licitação, e dos contratos, acordos, convênios ou ajustes
devem ser previamente examinadas e aprovadas por assessoria jurídica da Administração;
9 O edital conterá no preâmbulo o número em série anual; o nome da repartição
interessada e de seu setor; a modalidade; o regime de execução e o tipo de licitação; a menção
de que será regida por esta Lei; o local/dia/hora para recebimento da documentação e
proposta, bem como para início da abertura dos envelopes; e

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9 É fato que a Administração está vinculada aos termos do edital, contudo não a
impedimento de alteração das cláusulas editalícias, nesse caso, se houver alteração substancial
no edital, de tal forma a alterar o conteúdo das propostas, deve republicar o ato e reabrir o
prazo para outros possíveis interessados.
Aplicação:
Decisão 235/2002 Plenário/TCU
O objeto a ser licitado deve ser apresentado de maneira clara e objetiva,
evitando divergências entre o objeto descrito no edital e aquele consignado na
minuta de contrato, nos termos dos arts. 40, inciso I, 54 § 1º e 55, inciso I, todos
da Lei n. 8.666, de 1993.
Decisão 783/2000 Plenário/TCU
Deve ser observado o prescrito no art. 21, § 4o, da Lei no 8.666, de
1993, no que se refere à reabertura do prazo inicialmente estabelecido e à
divulgação da retificação pelos mesmos meios utilizados para a publicidade do
texto original, quando houver modificação no edital que afete a formulação
das propostas.
1.14.2. Registro Cadastral (artigos 34 a 36, da Lei de Licitações)
Consiste em um conjunto de arquivos que documentam a situação jurídica, técnica,
financeira e fiscal das empresas que participam, costumeiramente, de licitações. Nesse sentido,
funciona como uma espécie de banco de dados que permite à Administração obter informações
importantes. Portanto, os registros cadastrais simplificam e tornam mais rápido o trâmite das
licitações.
Regras:
9 A unidade que mantenha registro cadastral deve, no mínimo anualmente,
proceder, por meio da imprensa oficial e jornal diário, a chamamento público para a atualização
dos registros existentes e para ingresso de novos interessados. É oportuno observar que o
chamamento anual não impede que, a qualquer tempo, o interessado solicite seu cadastramento;
9 O órgão licitante poderá recolher informações, até mesmo de ofício, nos
registros cadastrais de outros órgãos. Não é obrigatório que uma entidade aceite do CRC
(Certificado de Registro Cadastral) emitido por outra. É possível que sejam utilizados cadastros
de entidades de outra esfera da Federação; e
9 A qualquer tempo poderá ser alterado, suspenso ou cancelado o registro do
inscrito que deixar de satisfazer as exigências do art. 27 desta Lei. É pertinente apontar que, da
decisão que altera, cancela ou suspende o registro, será garantida a ampla defesa e o
contraditório. Contra a decisão cabe recurso administrativo no prazo de cinco dias úteis, nos
termos do art. 109, do Estatuto.
1.14.3. Comissões de Licitação (artigo 51, da Lei de Licitações)
A Lei determina que as diversas fases da seleção das propostas e dos licitantes sejam
conduzidas por uma comissão, integrada por três membros, no mínimo (exceção feita ao
convite, que, excepcionalmente, poderá ser julgado por uma única pessoa, nas pequenas
unidades administrativas).

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Diógenes Gasparini ensina que a lei faculta a existência de comissões distintas, vale
dizer, a comissão que aprecia a presença dos requisitos de habilitação seja distinta daquela que
julga as propostas.
Regras:
9 As Comissões podem ser permanentes ou especiais, neste último caso,
constituídas em função de situações peculiares, o que exige de seus membros condições para
enfrentar e superar as dificuldades envolvidas no caso;
9 A Lei não fixa o quantitativo máximo de membros para a composição das
comissões. Contudo, dispõe sobre o número mínimo de três membros, sendo dois
obrigatoriamente agentes públicos, integrantes da Administração Pública;
9 As exceções à regra anterior são percebidas no caso de convite, em que se
faculta uma única pessoa para a condução do certame, e no concurso, em que o legislador
dispõe que o julgamento será feito por uma comissão especial integrada por servidores
públicos ou não;
9 A Lei não determina o momento da constituição das comissões, o que leva ao
entendimento de que pode ser formada até o momento anterior à apresentação das propostas.
Assim, é possível haver edital na praça, dando início a fase externa da licitação, sem que exista a
devida comissão de licitação;
9 A Lei permite a recondução parcial dos membros da comissão, ao final do prazo
de um ano, pois a partir desse prazo cessa a investidura do agente na comissão de licitação; e
9 Há responsabilidade solidária dos membros da comissão de licitação, a qual não
independe de culpa. Todavia, sempre que o membro da comissão discordar da conduta de seus
pares, deverá expressamente manifestar sua posição na ata. Isso tem o condão de afastar a
responsabilidade solidária.
1.14.4. Vedações à Participação na Licitação
O impedimento consiste no afastamento preventivo daquele que, por vínculos pessoais
com a situação concreta, poderia obter benefício especial e incompatível com o princípio da
isonomia. O impedimento abarca aqueles que, dada a circunstância específica em que se
encontram, teriam condições de frustrar a competitividade, produzindo benefícios indevidos e
reprováveis para si ou terceiro.
Regras:
9 O autor (pessoa física ou jurídica) do projeto (básico e executivo) ficará impedido de
participar da licitação ou da execução da obra ou do serviço;
9 Ainda ficarão impedidos: a empresa, isoladamente ou em consórcio, responsável
pela elaboração de projeto básico ou executivo, servidor ou dirigente de órgão ou entidade
contratante ou responsável pela licitação;
9 É permitido ao autor do projeto ou à empresa participar em fases posteriores na
condição de consultores ou assessores, afastando-se de toda forma a execução da obra ou do
serviço; e
9 As regras de impedimento são aplicáveis aos membros da comissão de licitação.

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1.14.5. Prazo de apresentação das Propostas


Nos termos do § 3º do art. 64 da Lei de Licitações, não está o adjudicatário obrigado a
firmar o contrato, na forma proposta, se convocado após o decurso de prazo de 60 dias,
contados da entrega dos envelopes, inobstante previsão editalícia de correção monetária (Ap.cv
4538397 – DF).
A norma reforça o entendimento de que a adjudicação não gera direito subjetivo ao
contrato, tanto que libera todos os licitantes, incluindo o adjudicatário, dos compromissos
assumidos com a apresentação das respectivas propostas, ensina Jessé Torres Pereira Jr.
Oportuno comparar o dispositivo acima com o art. 6º da Lei do Pregão. Nos termos da
Lei n. 10.520/2002, o prazo das propostas será de 60 (sessenta) dias, se outro não estiver fixado
no edital; ao passo que a Lei n. 8.666/93 não ressalvou a possibilidade de um outro prazo de
proposta.
Por fim, cumpre assinalar que mesmo vencido o prazo das propostas, pode a
Administração convocar a empresa vencedora, sendo que não estará obrigada a celebrar o
contrato e nem sequer sujeita às sanções legais.
1.14.6. Apresentação de Documentos em caso de Consórcio
De pronto, importante registrar o dispositivo do Estatuto que trata especificamente da
matéria.
Nos termos do art. 33 da Lei n. 8.666/1993, é permitida na licitação a participação de
empresas em consórcio. Nessa hipótese, terão que ser observadas as seguintes diretrizes:
I - comprovação do compromisso público ou particular de constituição de consórcio,
subscrito pelos consorciados;
II - indicação da empresa responsável pelo consórcio que deverá atender às condições de
liderança, obrigatoriamente fixadas no edital;
III - apresentação dos documentos exigidos nos arts. 28 a 31 desta Lei por parte de cada
consorciado, admitindo-se, para efeito de qualificação técnica, o somatório dos quantitativos de
cada consorciado, e, para efeito de qualificação econômico-financeira, o somatório dos valores
de cada consorciado, na proporção de sua respectiva participação, podendo a Administração
estabelecer, para o consórcio, um acréscimo de até 30% (trinta por cento) dos valores exigidos
para licitante individual, inexigível este acréscimo para os consórcios compostos, em sua
totalidade, por micro e pequenas empresas assim definidas em lei;
IV - impedimento de participação de empresa consorciada, na mesma licitação, através de
mais de um consórcio ou isoladamente;
V - responsabilidade solidária dos integrantes pelos atos praticados em consórcio, tanto na
fase de licitação quanto na de execução do contrato.
§ 1o No consórcio de empresas brasileiras e estrangeiras a liderança caberá,
obrigatoriamente, à empresa brasileira, observado o disposto no inciso II deste artigo.
§ 2o O licitante vencedor fica obrigado a promover, antes da celebração do contrato, a
constituição e o registro do consórcio, nos termos do compromisso referido no inciso I deste
artigo.
A leitura literal do dispositivo acima não é de fácil entendimento, por isso, vamos
dentro do possível traçar orientações um pouco mais substantivas.
O inciso I dá sinal de compromisso público ou particular de constituição, entretanto,
não se trata de constituição de nova pessoa jurídica, mas simples associação para participar
na licitação.

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Afinal de contas, o consórcio nada mais representa que a associação de várias empresas
técnicas, comerciais ou industriais, com o objetivo de participarem de determinada
concorrência, tendo por pressuposto o fato de que isoladamente nenhuma das empresas teria a
capacidade (condições técnicas, financeiras, operacionais) para realizar o objeto da licitação.
Em mesma linha de raciocínio, a Lei das Sociedades Anônimas (Lei n. 6.404/1976), em
seu art. 278, § 1º, evidencia que não haverá criação de nova identidade jurídica, de forma a não
se alterar o comprometimento dos integrantes.
Em conclusão, o consórcio não tem personalidade jurídica e as consorciadas se obrigam
tão-somente nas condições fixadas no respectivo contrato, respondendo cada qual por suas
obrigações.
Segundo o inciso II, será indicada empresa líder. Sua função é figurar como
representante do conjunto do consórcio perante a Administração, funcionando como a eleição
de um preposto pelas empresas contratadas para a execução de serviços ou obras. O § 1º, de
constitucionalidade discutida pela doutrina, aponta que compete à empresa brasileira a
liderança.
O inciso III dispõe que cada empresa consorciada deve demonstrar, individualmente,
sua habilitação jurídica e sua regularidade fiscal, admitindo-se o somatório de seus quantitativos,
para efeito qualificação técnica e econômico-financeira. Além disso, autoriza a Administração o
estabelecimento de um acréscimo de 30% nos valores fixados para o licitante individualmente,
sendo inexigível este acréscimo para os consórcios compostos, em sua totalidade, por
micro e pequenas empresas assim definidas em lei.
Diferentemente da legislação anterior, a Lei n. 8.666/1993 previu a responsabilidade
solidária dos integrantes pelos atos praticados em consórcio, tanto na fase de licitação quanto
na de execução do contrato (art. 33, V).
Por fim, esclarecemos que o consórcio previsto no art. 33, acima reproduzido, diz
respeito exclusivamente a consórcios de empresas ou sociedades empresariais, logo,
inconfundível com os consórcios públicos, incorporados no ordenamento pela Lei n.
11.107/2005.
Remetemos à leitura da Decisão n. 1090/2001 do Tribunal de Contas da União, que traz
entendimento do caráter discricionário, mas nem sempre absoluto, da admissão dos somatórios
de quantitativos.
Prova:
A Lei n. 8.987/1995, diferentemente da Lei n. 8.666/1993, consigna que é
facultado ao poder concedente, desde que previsto no edital, no interesse do
serviço a ser concedido, determinar que o licitante vencedor, no caso de
consórcio, se constitua em empresa antes da celebração do contrato.
1.14.7. Licitações Internacionais
O art. 42 do Estatuto estabelece a adequação do edital quando estivermos diante de
licitações internacionais, oportunidade em que o edital deverá ajustar-se às diretrizes da política
monetária, do comércio exterior e às exigências dos órgãos competentes.
O § 1º permite a licitante brasileiro a cotação em moeda estrangeira, quando os licitantes
estrangeiros assim procederem.
O § 2º dispõe que o pagamento feito ao licitante brasileiro será efetuado em moeda
brasileira, à taxa de câmbio vigente no dia útil imediatamente anterior à data de pagamento
do efetivo pagamento.

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Nos termos do § 3º, as garantias de pagamento oferecidas ao licitante brasileiro serão


equivalentes àqueles dos licitantes estrangeiros.
Conforme o § 4º, as propostas estrangeiras serão acrescidas dos mesmos gravames
incidentes sobre os licitantes brasileiros (ver Decisão TCU n. 638/1994).
O último parágrafo (§ 5º), a nosso ver, é o mais importante em matéria de concursos, eis
que, em sendo as obras e serviços custeados por recursos advindos de organismos
internacionais, de que o Brasil faça parte, poderão ser admitidos outros procedimentos e
normas, sobretudo relativas a critério de seleção de propostas.
É de todo conveniente registrar que os procedimentos das organizações financeiras
internacionais não podem conflitar com o texto constitucional do País, sob pena de anulação da
avença (Decisão/TCU n. 150/1993). Dessa forma, resta patente que o exercício da soberania
não pode ser ignorado, competindo ao Senado Federal a vigia do texto constitucional, nos
termos do art. 52, XVII e XVIII, da CF/88.
Por fim, acrescentamos que a documentação das empresas estrangeiras deve ser
apresentada em estrita observância do art. 32, § 4º, ou seja, com o expediente de autenticação
(consulado no Brasil) e com a tradução por tradutor juramentado (no Brasil) (Código Civil, art.
224).

II – CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

O contrato administrativo é decorrência lógico-jurídica do procedimento de licitação,


sendo, pois, o resultado da licitação vinculante para a Administração. Não se admite, portanto,
que selecionada a proposta mais vantajosa, a Administração a ignore. Esses são os termos do
art. 50 da Lei de Licitações, a saber:
“A Administração não poderá celebrar o contrato com preterição da ordem de classificação das
propostas ou com terceiros estranhos ao procedimento licitatório, sob pena de nulidade”.
Vale reforçar mais uma vez o princípio da adjudicação compulsória, para apontar que
adjudicar não é contratar. Não se confunde o direito à adjudicação com eventual direito
de contratar (Recurso Extraordinário – RE/STF n.º 107.552).
2.1. Introdução
“Toda vez que o Estado-administração firma compromissos recíprocos com terceiros,
celebra um contrato, ou seja, caracterizados pelo fato de que a Administração Pública figura
num dos pólos da relação contratual” (por José dos Santos Carvalho Filho).
2.2. Contratos Privados (regulados pelo Direito Civil ou Comercial).
“A Administração, quando celebra contratos regidos pelo Direito Privado, age no
denominado “ius gestionis”, com o que sua situação jurídica muito se aproxima da do
particular”. São exemplos:
9 Compra e venda;
9 Doação;
9 Permuta; e
9 Outros do gênero.
2.3 Contratos administrativos

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“São regulados pelo Direito público, só lhes APLICANDO SUPLETIVAMENTE


as normas de direito privado”.

Quadro comparativo:
Contrato Direito Privado X Contrato Administrativo
- Sacralidade - Mutabilidade
- Liberdade para contratar - Limitação à liberdade de contratar
- Igualdade Jurídica - Desigualdade Jurídica
Prova:
Contratos semi-públicos: seguro, financiamento e locação. Aplicação da Lei
n.º 8.666/1993: artigos 55 (cláusulas necessárias), 58 (prerrogativas) e 61
(formalização e eficácia).
Prova:
Só o fato de ser o Estado sujeito na relação contratual não serve,
isoladamente, para caracterizar o contrato administrativo. O mesmo se diga
com relação ao objeto: é que não só os contratos administrativos como os
privados da Administração hão de ter, fatalmente, um objetivo que traduza
interesse público. Tais elementos devem ser conjugados com o Regime
Jurídico, este sim é o elemento marcante e diferencial dos contratos
administrativos.
2.4. Conceito
O professor Diógenes Gasparini, com autoridade, define o contrato administrativo
como sendo:
“O ajuste firmando entre a {Administração Pública} e {um particular}, regulado
basicamente pelo {direito público}, e tendo por objeto uma atitude que, de alguma forma, traduza interesse
público”.
Sempre oportuna é a lição do autor Celso Antônio, que assim define contrato
administrativo:
“Relação jurídica formada por um acordo de vontades em que as partes obrigam-se reciprocamente a
prestações concebidas como contratantes, em que a Administração pode unilateralmente alterar ou extinguir o que
resulta da avença”.
Em síntese, o contrato é o acordo de vontades em que o Estado é parte, destinado à
execução de um serviço público ou um fim de interesse público, tendo como requisitos:
- Receber qualificação por lei;
- Ter por objeto a própria execução de um serviço público;
- Conter cláusulas exorbitantes.
Destacamos, ainda, as seguintes características dos contratos administrativos:
¾ Consensual, quanto à formação do vínculo, e

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¾ Autoridade, em face de seus termos serem coativos igualmente para ambos os


contratantes (remetemos à leitura do item 2.10, quando serão feitas considerações
gerais sobre as características dos contratos).
2.5. Relação Jurídica da Administração e terceiros
9 Unilateral, no sentido da predominância do interesse público sobre o particular,
9 Bilateral, contratos de Direito Privado da Administração, p. ex, a compra e venda de
imóvel, a locação de uma casa para nela instalar uma repartição pública, ou puramente
Administrativos, p. ex, a concessão de serviço público, contrato de obra pública e
concessão de uso de bem público.
Prova:
Os contratos, sejam administrativos ou não, são examinados quanto à sua
legalidade pelo Tribunal de Contas da União – TCU, que, em caso de
inobservância das normas a que se acham presos, pode solicitar ao Congresso
Nacional a sua sustação.

Classificação apresentada por MEIRELLES


I – Contrato Privado: celebrado entre particulares;
II – Contrato Semi-público: firmado entre a Administração e
particular, com predominância de normas privadas, mas formalidades
relativas à supremacia do interesse público; e
III – Contrato Administrativo: acordado com predominância de
normas de direito público.
Apontamento por DI PIETRO
Contrato da Administração diferente de contrato administrativo.
Aquele é gênero, do qual esse é espécie, haja vista que os contratos
administrativos são os regidos por normas públicas (obras; serviços; compras
e alienações), ao passo que os contratos da administração abarcam os
administrativos e, ainda, os contratos de direito privado (locação; permuta;
doação e direitos autorais).
2.6. Disciplina Constitucional
O art. 22, XXVII, com redação dada pela EC n.º 19/98, estatui competir
privativamente à União legislar sobre “normas gerais de licitação e contratação, em todas as
modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, dos
estados, do Distrito Federal e dos municípios, em observância ao disposto no art.37, XXI, e
para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art.173, § 1º, III,
todos da CF/88”.
Prova:
A competência da União limitar-se-á à edição de normas gerais, enquanto que
às demais entidades federadas competem a edição de normas específicas.

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Portanto, não se afasta a competência dos municípios e dos estados para


expedição de normas para atendimento de suas peculiaridades locais.
2.7. Disciplina Geral
A Lei n.º 8.666/93 e posteriores modificações, sobretudo, a lei n. 8.883, de 08.06.1994, é
o diploma regedor da disciplina contratos, em virtude de condensar as normas e os princípios
fundamentais sobre os contratos administrativos e também sobre licitações, motivo pelo qual
passou a ser conhecida como o Estatuto dos Contratos e Licitações Públicas.
2.8. Sujeitos do Contrato
Na relação jurídica dos contratos administrativos, está de um lado a Administração,
parte contratante art.6º, XIV, e de outro a pessoa física ou jurídica que firma o ajuste, o
contratado art. 6º, XV.
2.9. Alcance
Nunca é demais a repetição. A aplicação do Estatuto referido é bem abrangente, de
maneira que envolve toda a Administração Direta e Indireta (autarquias; sociedades de
economia mista; empresas públicas e fundações).
Abarca, ainda, outras entidades que sofram controle direto ou indireto da União,
estados, Distrito Federal e municípios.
Prova:
A EC n. 19/98, alterando o art. 173, § 1º, da CF, previu lei ordinária
específica para regular os contratos e licitações de empresas públicas e de
sociedades de economia mista, observados, porém, os princípios gerais sobre
a matéria. Já foi observado, quando do estudo das licitações, que tal diploma
ainda não existe e, por conseguinte, essas entidades devem seguir o rito da
Lei n. 8.666/93.
Prova:
Os serviços sociais autônomos, de acordo com posição do TCU, estão
desobrigados de seguir a Lei n. 8.666/93, podendo editar seus próprios
regulamentos. Nesse mesmo sentido, tem-se a considerar a não-aplicação das
normas do Estatuto às Organizações Sociais e Oscip’s. Em suma, devem
obediência aos princípios da Administração Pública, podendo editar seus
próprios regulamentos. Atentem para o fato de que a inexistência de
regulamentos próprios de licitações e de contratos impõe que citadas
entidades sigam a Lei n. 8.666/93.
Prova:
O art. 119 da Lei dispõe sobre as contratações no âmbito das entidades
paraestatais. O problema é saber o que é exatamente entidade paraestatal. À
época da promulgação da Lei, a doutrina apontava como sendo as SEM’s, as
EP’s e os serviços sociais autônomos. Apegado a esse conceito ultrapassado,
alguns examinadores adotam-no, criando para o candidato atualizado um
pavor em hora de prova. Portanto, cuidado, procurem primeiramente outro

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quesito; mas se não houver, tome entidade paraestatal no sentido histórico


acima indicado.
2.10. Características
As características abaixo foram apanhadas no magistério da autora Maria Sylvia Di Pietro.
São elas:
2.10.1. Presença da Administração Pública como Poder Público
O Poder Público encontra-se em posição de verticalidade perante o particular, de tal
sorte a fazer uso de um conjunto de prerrogativas. Importante registrar que a presença do
Poder Público não é traço distintivo suficiente para a caracterização dos contratos
administrativos, eis que nos contratos privados aplicam-se determinadas prerrogativas públicas.
2.10.2. Finalidade Pública
Sejam públicos, sejam privados, os contratos devem atendimento ao interesse público.
2.10.3. Obediência à forma prescrita em lei;
A forma nos contratos é essencial.
a) Devem ser lavrados nas repartições públicas, quando não escriturados publicamente;
b) São vedados os contratos verbais (Regra);
c) Publicação no Diário Oficial da União – DOU;
d) Realizados por meio de instrumentos hábeis: termo de contrato; carta-contrato; nota
de empenho; autorização de compra, dentre outros; e
e) Presença de cláusulas necessárias: regulamentares e financeiras.
2.10.4. Procedimento legal
De acordo com a modalidade de licitação escolhida, haverá um conjunto próprio de
procedimentos. Portanto, não basta o consenso das partes, é necessário que se observem certos
requisitos externos e internos.
Fase interna: definição do objeto; recursos hábeis e constituição do processo.
Fase externa: audiência pública; instrumento de convocação; recebimento da
documentação e propostas; habilitação; julgamento; homologação e adjudicação.
2.10.5. Natureza de contrato de adesão
No sentido de que todas as cláusulas são desenhadas pela Administração, quer
dizer, cláusulas fixadas de forma unilateral, competindo ao contratante apenas a assinatura,
quando de sua concordância.
Não se afasta, entretanto, o caráter comutativo do contrato, no sentido de que
existirá equivalência entre as obrigações previamente ajustadas e conhecidas. Em síntese,
preserva-se a natureza comutativa e sinalagmática, de maneira a permitir a equivalência
intrínseca entre as prestações, reciprocidade das obrigações.
2.10.6. Natureza “intuitu personae”
O contrato é “intuitu personae”, em tese, é o que melhor comprovou as condições
de contratar com a Administração. Inclusive, o legislador só admite a subcontratação de obra,
serviço ou fornecimento até o limite consentido, em cada caso, pela Administração, isso sem
prejuízo se sua responsabilidade legal e contratual, conforme o art. 72 do Estatuto.

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2.10.7. Presença de cláusulas exorbitantes (ver item 2.12, a seguir)


2.10.8. Mutabilidade
Decorre de determinadas cláusulas exorbitantes, ou seja, das que conferem à
Administração o poder de, unilateralmente, alterar as cláusulas regulamentares ou rescindir o
contrato antes do prazo estabelecido, por motivo de interesse público (ver, ainda, item 2.18).
Como decorrência da mutabilidade (p. ex., a alteração unilateral do contrato), os
princípios da “lex inter partes” e “pacta sunt servanda” sofrem notória mitigação (redução) quando
se trata de contratos administrativos.
Prova:
Como observado, o art. 72 admite a subcontratação, de forma a
permitir o cometimento de obras, serviços ou compras a outra empresa que
não originariamente contratada, desde que devidamente autorizado pelo
contratante.
De acordo com MEIRELLES, o contrato é pessoal, mas não
personalista, admitindo a sub-rogação, a cessão e a subcontratação, em nome
da competência na execução, e sempre submetida à aprovação da
Administração contratante.
Enquanto a subcontratação é execução compartilhada, haja vista o
seu caráter parcial, a sub-rogação e a cessão referem-se à transferência total
dos encargos a terceiros.
A cessão do contrato implica a substituição da pessoa contratante a
todos os efeitos, de forma que o cessionário fica sub-rogado em todos os
direitos e obrigações que correspondam ao cedente. Ao passo que na
subcontratação, não há total sub-rogação, pois os subcontratantes ficam
obrigados somente frente ao Contratante principal, que segue sendo
plenamente responsável ante a Administração pela totalidade da obra, serviço
ou fornecimento.
2.11. Espécies de Contrato
2.11.1. Contratos de Obras
“Aqueles em que o objeto pactuado consiste em construção; reforma; fabricação;
recuperação ou ampliação de determinado bem público”.
São exemplos:
¾ Viadutos;
¾ Represas;
¾ Presídios Públicos, dentre outros.
I.1 Condições Específicas de Contratação
o Projeto Básico: definição prévia da obra a ser contratada, ou seja, antes das
providências necessárias à contratação deve delinear o projeto da obra, indicando os motivos
que levam à sua realização, a extensão, o tempo que deve durar, a previsão dos gastos, e outros

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elementos definidores. Antes da licitação o projeto básico deve estar devidamente aprovado
pela autoridade competente.
o Projeto Executivo: instrumento (art. 6º, X) que indica os elementos necessários à
execução completa da obra.
Nota:
Segundo o artigo 7º, da Lei de Licitações, será obrigatória a existência de
Projeto Básico e Projeto Executivo, para a execução de obras e para a
prestação de serviços de engenharia.
Prova:
O § 1º, do art. 7º, contempla exceção, vale dizer, admite o desenvolvimento
de projeto executivo contemporaneamente à execução das obras e
serviços. É importante notar que a Lei exige os projetos básico e executivo
para execução de obras ou para prestação de serviços.
o Regimento de Execução
¾ Direta (próprios órgãos da Administração).
¾ Indireta (contratação de terceiros):
1- Empreitada por preço global: o preço ajustado leva em consideração a obra como um
todo.
Na empreitada por preço global, o pagamento deve ser efetuado após a conclusão dos
serviços ou etapas definidos em cronograma físico-financeiro, por exemplo: fundações; estrutura;
cobertura; revestimento; pintura e outras etapas.
2- Empreitada por preço unitário: o preço leva em conta unidades determinadas da obra
a ser realizada.
Na empreitada por preço unitário, o pagamento deve ser realizado por unidades feitas, pois
seus quantitativos são pouco sujeitos a alterações, são exemplos: metragem executada das fundações
de paredes levantadas; de colocação de piso; de pintura e de colocação de gesso.
3- Empreitada Integral (art. 6º, VIII, “e”)
“A administração contrata um empreendimento em sua integralidade, compreendendo
todas as etapas das obras, serviços e obras/objetivo de se revestir de maior vulto e
complexidade”.
4- Tarefa
“Quando se ajusta mão-de-obra para pequenos trabalhos, por preço certo, com ou sem
fornecimento de materiais (art.6º, VIII, ‘d’). Cuida-se de empreitadas de lavor ou de
material, e, portanto, submete-se às regras que a regula.
2.11.2. Contratos de serviços
É todo pacto que tem por objeto uma atividade prestada à Administração, para
atendimento de suas necessidades ou de seus administrados. Nos termos do art. 6º, II, são
aqueles que visam à obtenção de determinada utilidade concreta de interesse para a
Administração.

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MEIRELLES aponta que a principal distinção de obra para serviços é quanto a


predominância da atividade (serviços) sobre o material empregado (obra). Em suma, realça-se a
atividade material do contratado e traduz-se em um facere (demolição, locação, manutenção).
Importante distinguir, ainda, os serviços comuns dos técnicos profissionais e artístitcos.
a) Comuns – são aqueles para os quais não se exige específica habilitação. Ex’s: limpeza,
pintura e vigilância.
b) Técnicos Profissionais – reclamam habilitação legal, através de curso superior
específico ou registro nos órgãos legalmente determinados (art. 13 da Lei de Licitações).
c) Artísticos – são os que se dirigem à realização de obras de arte.
2.11.3. Contrato de fornecimento (art.14) – é o contrato administrativo pelo qual a
Administração adquire bens móveis e semoventes necessários à execução de obras ou serviços.
2.11.4. Contratos de Concessão (art.175 da CF) (art.21, XII, da CF) (art. 30, V, da
CF)
• Serviço Público (contrato de colaboração);
• Serviço Público precedido da execução de obra pública (contrato de colaboração); e
• Uso de bem (contrato de atribuição).
Observação: sempre cabe a licitação, nos termos do art. 175 da CF/88. Utilização da
modalidade concorrência, segundo o art.2º, II, da Lei n. 8.987/95.
Prova:
À época do Programa Nacional de Desestatização – PND, houve a aplicação
da modalidade Leilão.
2.11.5. Contrato de gerenciamento – é aquele em que o Governo comete ao
gerenciador a condução de um empreendimento, reservando para si a competência decisória
final e responsabilizando-se pelos encargos financeiros da execução das obras e serviços
projetados, com os respectivos equipamentos para sua implantação e operação.
2.12. Cláusulas de Privilégios ou Exorbitantes
Prerrogativas especiais conferidas à Administração na relação do contrato
administrativo em virtude de sua posição de supremacia em relação à parte contratada (art.58
do Estatuto) (por José dos Santos Carvalho Filho).
O que são as Cláusulas Exorbitantes?
De acordo com os ensinamentos do autor Celso Antônio Bandeira de Mello,
caracterizam-se por ser de caráter incomum em um contrato de Direito Privado, seja porque aí
seria nula, seja porque inadaptada a ele ainda que não fora nula.
Quais são?
¾ Alteração Unilateral;
¾ Rescisão Unilateral;
¾ Poder de fiscalização da execução do contrato;

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¾ Aplicação de sanções;
¾ Ocupação provisória de bens móveis, pessoal, serviços vinculados ao objeto do
contratado, quanto o ajuste à prestação de serviços essenciais;
¾ Exigência de garantia; e
¾ Exceção do contrato não cumprido.
Cumpre realçar que as medidas acima listadas não têm o efeito de afastar a necessária e
suficiente motivação, como aplicação dos princípios do contraditório e da ampla defesa (art. 5º
da CF/88 e art. 78, parágrafo único, da Lei de Licitações).
A seguir, passaremos ao estudo detido de cada uma dessas prerrogativas do Estado.
I – Alteração Unilateral (art.65 da Lei)
a. Quando houver modificações do projeto ou das especificações para melhor
adequação aos seus objetivos.
b. Modificação do valor contratual em decorrência de acréscimos ou diminuições
quantitativas de seu objeto
Prova:
Em todo concurso os examinadores costumam solicitar do candidato o
conhecimento dos limites aplicáveis de alteração unilateral. De acordo com §
2º, do art.65, não podem exceder 25% do valor inicial do contrato atualizado
no caso de obras, serviços ou compras.
O limite de 25% é a regra. O limite será de 50% para reformas de edifícios ou
equipamentos, sendo que só se aplica para acréscimos e, não, para
supressões. É no detalhe que a Banca Examinadora vai tentar confundi-lo.
Nota:
Conforme se depreende do § 2º, do art.65, mediante mútuo acordo, admitir-
se-ão supressões nas obras, compras ou serviços excedentes aos limites já
referidos, como, por exemplo, a revelação de o perfil geológico ser diferente
daquele constante dos dados indicados pela Administração.
Prova:
Art.65, § 8º, da Lei 8.666/93 – Não se consideram alterações a “variação do
valor contratual para fazer face ao reajuste previsto no próprio contrato,
assim como as atualizações”.
Nota: os reajustes podem ser registrados por simples apostilas, dispensando
a celebração de aditamento.
Nota: as cláusulas econômico-financeiras não podem ser alteradas sem
prévia concordância do contratado.
II – Rescisão Unilateral (ver item 2.18.5)
Prevista no art. 78 da Lei. Dentre as hipóteses legais, destacam-se:
II – não cumprimento das cláusulas contratuais;

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III – morosidade indevida; e


IV – atraso imotivado da obra.
Outros casos:
¾ falência,
¾ dissolução, e
¾ falecimento.
Nota: De acordo com o art. 80, da Lei n. 8.666/93, a rescisão unilateral
acarreta as seguintes conseqüências, sem prejuízo, ainda, de aplicação de
outras sanções:
- Assunção imediata do objeto do contrato, no estado e local em que se
encontrar, por ato próprio da Administração;
- Ocupação e utilização do local, instalações, equipamentos, material e
pessoal empregados na execução do contrato, necessários à sua continuidade,
na forma do inciso V do art. 58 desta Lei;
- Execução da garantia contratual, para ressarcimento da Administração, e
dos valores das multas e indenizações a ela devidos;
- Retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limite dos prejuízos
causados à Administração.
A aplicação das duas primeiras medidas fica a critério da Administração, que
poderá dar continuidade à obra ou ao serviço por execução direta ou indireta.
É permitido à Administração, no caso de CONCORDATA do contratado,
manter o contrato, podendo assumir o controle de determinadas atividades
de serviços essenciais. Preste atenção que nosso examinador pode trocar os
institutos e colocar no caso de falência ou mesmo pode mencionar que no
caso de concordata, a Administração não tem outro caminho que não a
rescisão do Contrato.
Na primeira hipótese acima referida, o ato deverá ser precedido de
autorização expressa do Ministro de Estado competente, ou Secretário
Estadual ou Municipal, conforme o caso.
III – Poder de Fiscalização (arts. 67 e 68)
É dever da Administração a fiscalização da execução da avença. A execução do contrato
deverá, portanto, ser acompanhada pela Administração, mediante a fiscalização de um
representante.
A Lei admite a contratação de terceiro para assistir e subsidiar as informações da
Administração. O TCU, no bojo da Decisão n. 505/1993 – Plenário, determinou ao extinto
DNER que se abstivesse de contratar a execução de serviços de coordenação, supervisão e
controle de obras, sem processos licitatório, uma vez que tais serviços não se enquadram nas
hipóteses de dispensa e inexigibilidade de que tratam os arts. 24 e 25 da Lei n. 8.666/93.

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Ao lado do representante da Administração para o acompanhamento e supervisão da


execução contratual, haverá a figura do preposto, elo entre a contratada e a Administração,
autoridade necessária para representar o contratado perante a fiscalização da Administração.
IV – Sanções Contratuais (item 2.19, a seguir)
Podem estar previstas no contrato, além das que a lei estabelece.
Tipos de sanções
a) Decorrentes de um fato fato administrativo:
¾ Ocupação e utilização do local;
¾ Tomada de direção do objeto do contrato; e
¾ Retenção dos créditos do particular inadimplente.
b) Redundam na prática de um ato Administrativo:
¾ Sanções Administrativas: advertência; multa; suspensão e declaração de
inidoneidade para licitar e contratar com a Administração (art.86 a 88).
V – Exigência de Garantia
Nos termos do art. 56 da Lei de Licitações é faculdade da Administração, vale informar,
pode ou não exigir. Entretanto, para exigir, deve fazer menção expressão no Edital e no
contrato.
Modalidades:
a) Caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública;
b) Seguro-garantia (“perfomance bond”);
c) Fiança-bancária
Não pode a Administração obrigar ao contratado o fornecimento de certa modalidade,
logo, é discricionária a escolha por parte do contratado.
Limites:
Regra: até 5% do valor contratual atualizado.
Exceção:
- Obras, serviços e fornecimentos de grande vulto e complexidade técnica e riscos
financeiros consideráveis, será de até 10%.
- Quando houver a entrega de bens pela Administração, em que o contratado ficará
depositário, ao valor da garantia deverá ser acrescido o valor dos bens.
Ao fim do contrato, a garantia será liberada ou restituída, quando em dinheiro,
atualizada monetariamente.
VI – Exceção do contrato não cumprido
Apesar de não ser irrestrito, é prerrogativa da Administração que, mesmo diante do não-
pagamento do contrato, o particular continue a execução dos serviços. Surge como aplicação do
princípio da supremacia do interesse público sobre o particular e o da continuidade do serviço
público.

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Conforme os ensinamentos da autora DI PIETRO, não pode o particular interromper a


execução do contrato, cabendo-lhe a suspensão da avença se a Administração deixar de cumprir
sua obrigação por mais de noventa dias, ressalvadas situações excepcionais.
2.13. Equação econômico-financeira
“Relação de adequação entre o objeto e o preço, que deve estar presente ao momento
em que se firma o ajuste”.
Na lição de Celso Antônio Bandeira de Mello (Curso de Direito Administrativo. 14. ed.
ampl. e atual. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 577), “equilíbrio econômico-financeiro (ou equação
econômico-financeira) é a relação de igualdade formada, de um lado, pelas obrigações assumidas pelo contratante
no momento do ajuste e, de outro lado, pela compensação econômica que lhe corresponderá”. Acrescenta que
tal equação é intangível.
A intangibilidade decorre do fato de não ser alterável unilateralmente pela
Administração, a seguir art. 58 do Estatuto de Licitações:
O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta Lei confere à
Administração, em relação a eles, a prerrogativa de:
I- modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de interesse
público, respeitados os direitos do contratado;
(...)
§ 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos contratos administrativos não poderão ser
alteradas sem prévia concordância do contratado.
2.13.1 Reajuste e Revisão:
a) Reajuste – fórmula preventiva (prefixado pelas partes). Nos termos do art. 55, III
(Cláusulas necessárias do Contrato Administrativo), o preço e as condições de pagamento, e ,
quando for o caso, os critérios de reajustamento serão previstos no contrato. Sem essa cláusula
de reajustamento deve-se entender que o preço é fixo e irreajustável.
O reajustamento de preços pode ser entendido como o realinhamento do valor
contratual em razão da elevação do custo de produção no curso normal da economia, tendo por
base índices ou critérios previamente fixados em edital, a fim de preservar a contratada do
processo inflacionário.
A esse respeito, Marçal Justen Filho (Comentários à Lei de Licitações e Contratos
Administrativos. 9. ed. São Paulo: Dialética, 2002, p. 504) assevera que:
“(...) o ‘reajuste’ de preços é uma solução desenvolvida a partir da prática contratual
pátria. Convivendo em regime de permanente inflação, verificou-se a impossibilidade e a
inconveniência da prática de preços nominais fixos. Com o passar do tempo, generalizou-se a
prática da indexação em todos os campos. A indexação foi encampada também nas
contratações administrativas. A Administração passou a prever, desde logo, a variação dos
preços contratuais segundo a variação de índices (predeterminados ou não). Essa prática é
identificada como ‘reajuste’ de preço. Trata-se da alteração dos preços para compensar
(exclusivamente) os efeitos das variações inflacionárias. (...)”

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Nos termos do Acórdão n. 219/2004 – TCU, o reajuste pode ser feito por simples
apostila, eis que não decorrente de alteração de valores e, sim, realinhamento do valor
contratual.
b) Revisão/recomposição – deriva de um fato superveniente, apenas suposto (mas
não conhecido).
2.14. Formalização
Formalizados através de instrumento escrito, salvo os de pequenas compras para pronto
pagamento (CINCO POR CENTO da modalidade convite para compras e outros serviços que
não de engenharia, ou seja, R$ 4.000,00), sendo nulo e de nenhum efeito o contrato verbal
(art.60, parágrafo único).
2.14.1. Tipos
a) Termo do Contrato
Obrigatório para:
¾ Concorrência
¾ Tomada de preços + casos de dispensa ou inexigibilidade que alcancem os valores dessas
modalidades.
b) Menor Formalismo (art. 62)
¾ Carta–contrato,
¾ Nota de empenho de despesa,
¾ Autorização de compra, e
¾ Ordem de execução de serviço.
Prova:
O art.62, § 4º, dispensa o termo de contrato, independentemente do valor e
modalidade, quando a Administração adquire bens a serem entregues
imediata e integralmente, sem que sejam estabelecidas obrigações futuras,
inclusive, prestar assistência técnica.
Prova:
Formalização dos contratos e aditivos:
- Extrato em livro próprio;
- Nulo o Contrato Verbal (regra);
- Necessidade de formalizar contratos de dispensa e inexigibilidade (art. 54, §
2º, I); e
- Desnecessidade de formalizar contratos para pequenas compras (art. 23, II,
“a”).

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2.15. Solenidades
2.15.1. Eficácia dos Contratos administrativos
“Art.61 Publicação resumida do instrumento, assim como de seus aditamentos, no
Diário Oficial, o que terá de ocorrer em prazo não excedente de 20 dias contados da data da
assinatura.”
A publicação na imprensa é condição suspensiva da eficácia do contrato. A lei
determina que a publicação deva ocorrer no prazo de vinte dias, contados do quinto dia útil do
mês subseqüente ao da assinatura. Nada impede que a Administração a faça em prazo menor,
até mesmo pelo interesse em que os prazos contratuais iniciem seu curso imediatamente.
É necessário observar que o descumprimento do prazo não vicia a contratação,
nem desfaz o vínculo. Acarreta a responsabilidade dos agentes administrativos que
descumpriram tal dever e adia o início do cômputo dos prazos contratuais.
Prova:
A publicação é elemento de formação ou de eficácia?
A publicação é resumida e funciona a título de produção de efeitos da
avença.
O ônus do pagamento da publicação do extrato pode recair
sobre o particular?
É possível (Decisão - TCU 56/1992).
Quais os instrumentos contratuais existentes? Quais devem ser
publicados no D.O.U.?
São eles: termo de contrato; carta-contrato; nota de empenho de despesa;
autorização de compra e ordem de execução de serviço. Conforme
posicionamento do Tribunal, a publicação resumida é obrigatória não só em
relação ao termo de contrato, como também em referência aos demais
instrumentos hábeis, qualquer que seja o seu valor, ainda que sem ônus.
2.15.2. Pagamentos devidos aos Contratados
Em regra o pagamento é feito em 30 dias. Exceção feita para os contratos que os limites
contratados não ultrapassam os limites de dispensa previstos no art.24, II, do Estatuto, em que
o prazo será de cinco dias úteis.
Prova:
Licitação Internacional o pagamento contratual feito a contratado brasileiro
efetuar-se em moeda brasileira, a taxa de câmbio vigente no dia útil
imediatamente anterior à data do efeito pagamento (art.42, § 2º).
2.15.3. Constam preâmbulo, os nomes das partes e seus representantes, o objeto do ajuste, o
ato autorização do contrato, o número do processo da licitação e a menção de que seu regime
jurídico é o da Lei n. 8.666/93.

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2.15.4. Cláusulas essenciais


Cláusulas necessárias Dispositivos auxiliares

1 Objeto Art. 38

2 Regime de Execução Art. 10

3 Preços e Condições de Arts. 5º; 40, XI e XIV, a e c; 82; 11,

4 Prazos de início e arts. 6º, XI; 73 a 76

5 Crédito pelo qual correrá a Arts. 6º e 60 da Lei n. 4.320/64

6 Garantias art. 56

7 Direitos, Arts. 79, 81 a 88

8 Casos de Rescisão Art. 78

9 Reconhecimento de Arts. 77, 78 e 79

10 Condições p/ importações Art. 42

11 Vinculação do ato de Art. 26

12 Legislação aplicável Art. 121

13 Manutenção das condições Arts. 13, § 3º, 27 a 31.


Prova:
A minuta do contrato constitui anexo obrigatório do Edital (art. 40, §
2º, III, c/c art. 62, § 1º).

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2.16. Duração do Contrato


Devem ser celebrados por prazo determinado, com a vigência adstrita aos créditos
orçamentários (art.57, § 3º). Como o orçamento (os créditos) tem duração de um ano, como
regra geral, os contratos deverão também ter duração ânua.
Nos termos da Decisão n. 766/1994 – TCU/Plenário é vedado contrato de tempo
indeterminado.
Exceções:
¾ Relativos a projetos fixados no Plano Plurianual (quatro anos);
¾ Contratados que tenham por objeto a prestação de serviços a serem executados
de forma contínua, quando houver a previsão de preços e condições mais vantajosas
para a administração, ficando limitados à sessenta meses. Isso quer significar que a
lei admite a existência de contratos que ultrapassem, inclusive, o Plano Plurianual,
atualmente, de quatro anos.
Observação: serviços contínuos são aqueles que não podem ser interrompidos, sem
solução de continuidade (vigilância, limpeza, entre outros).
¾ Contratos em que a Administração quer alugar equipamentos ou utilizar
programas de informática podem ser estendidos pelo prazo de até 48 meses após o
início do ajuste.
Nota: Nos contratos de duração continuada (vigilância, motorista, limpeza,
manutenção de equipamentos etc.), a duração pode se estender até 60 meses
e, excepcionalmente, por mais 12 meses, isso significa que pode chegar a 72
meses.
Essa possibilidade não foi repassada para os contratos de aluguel de
equipamentos de informática ou utilização de programas de informática,
logo, a duração pode se estender tão-somente até 48 após a vigência do
contrato.
- Prorrogação do Contrato
Art.57, § 1º - Deve ser justificada e previamente autorizada pela autoridade competente.
- Causas de Prorrogação
¾ Alteração do projeto;
¾ Suspensão ou Redução do ritmo de trabalho por imposição do órgão
administrativo;
¾ Aumento das quantidades iniciais;
¾ Fatos Imprevisíveis; e
¾ Omissão ou atraso de providência a cargo da Administração.
Prazo e prorrogação dos Contratos Administrativos (art. 57, §§).

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Prova:
É vedado contrato administrativo com prazo indeterminado.
Duração ficará adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários,
pois nestes é que está a previsão dos recursos necessários para custeá-lo.
- Renovação do Contrato
É a renovação no todo ou em parte do ajuste, mantido, porém, seu objeto inicial.
Ex: Rescisão Contratual e que se obedeça à ordem de classificação na respectiva
licitação para a contratação direta de outra empresa, nos termos do art. 24, XI, do Estatuto.
2.17. Teoria da imprevisão
É quando, no curso do contrato, surgem circunstâncias externas, estranhas à vontade
das partes, imprevisíveis, excepcionais e inevitáveis, que subvertem a equação econômico-
financeira do pacto.
Fundamento: cláusula “rebus sic stantibus”, segundo o qual o contrato deve ser cumprido
deste que presentes as mesmas condições existentes no canário dentro do qual foi o pacto
ajustado. De certa forma, é uma redução à obrigatoriedade de que o contrato deve ser cumprido
a qualquer custo, redução do que os romanos denominavam “pacta sunt servanda”.
São requisitos para restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro do contrato,
que o fato seja:
9 Imprevisível quanto à sua ocorrência ou quanto às suas conseqüências;
9 Estranho à vontade das partes;
9 Inevitável;
9 Causa de desequilíbrio muito grande no contrato.

A seguir, serão examinadas as circunstâncias que conferem a característica da


mutabilidade aos contratos administrativos, que podem ser abrangidas, de certa forma, sob a
denominação genérica de áleas extraordinárias.
2.17.1. Fato do Príncipe (álea administrativa)
São medidas de ordem geral, não relacionadas diretamente com o contrato, mas que
nele repercutem, provocando desequilíbrio econômico-financeiro em detrimento do contratado.
São exemplos: aumento de tributos, aumento de salário-mínimo, medidas que importem na
dificuldade de importação de matérias-primas, dentre outros.
Diógenes Gasparini ensina que “é toda determinação estatal, positiva ou negativa, geral
e imprevisível, que onera extraordinariamente ou que impede a execução do contrato e obriga a
Administração Pública a compensar integralmente os prejuízos suportados pelo contratante
particular”.

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Nota:
Há autores que diferenciam teoria da imprevisão de fato do príncipe e da
administração. Exemplo disso, é o ensinamento da autora DI PIETRO que
assevera que a teoria do fato do príncipe somente se aplica se a autoridade
responsável pelo fato do príncipe for da mesma esfera de governo em que se
celebrou o contrato; se for de outra esfera, aplica-se a teoria da imprevisão.
Seguimos na presente obra, entretanto, a orientação doutrinária do autor
MEIRELLES, de forma a englobar os fatores administrativos como fato do
príncipe e da administração como sendo aplicação da teoria da imprevisão.
2.17.2. Fato da Administração
De início, é oportuno esclarecer que não se confunde com fato do príncipe, pois
enquanto o fato do príncipe incide de forma reflexa no contrato, desequilibrando a economia
do contrato; o fato da Administração relaciona-se diretamente com o contrato.
Compreende qualquer conduta ou comportamento da Administração que, como parte
contratual, torne impossível a execução do contrato ou provoque o seu desequilíbrio
econômico.
Os incisos XIII a XVI do art. 78, do Estatuto, enumera os denominados fatos da
administração. Tais casos dão ensejo à rescisão amigável ou a judicial, conforme o caso (ver
item 2.18.5.3).
2.17.3. Caso fortuito e Força Maior
Caso fortuito é evento da natureza que cria impossibilidade de regular execução do
contrato. São exemplos: tufão destruidor em região não sujeita a esse tipo de fenômeno e
inundação imprevisível que cubra o local da obra.
MEIRELLES ensina que evento imprevisível, mas evitável, ou imprevisível e
inevitável, mas superável quanto aos efeitos incidentes sobre a execução do contrato, não
constitui caso fortuito ou força maior.
Força maior é evento humano que, por sua imprevisibilidade e inevitabilidade, cria a
impossibilidade intransponível da regular execução do contrato, ensina MEIRELLES. São
exemplos: greve que paralise os transportes ou a fabricação de um produto que dependa a
regular execução do contrato.
2.17.4. Interferências imprevistas
DI PIETRO ensina que são situações materiais desconhecidas pelas partes no momento
da celebração do contrato. Surgem durante a execução da avença, de forma surpreendente e
excepcional, de forma a dificultar ou onerar o fechamento regular do contrato.
Exemplo disso é quando em uma obra depara-se com terreno rochoso, sendo que a
Administração havia indicado em seu projeto o terreno como sendo arenoso. Cite-se, ainda, o
encontro de um lençol freático quando da construção de um túnel.
É de todo conveniente que não se confunda com as modalidades anteriores, eis que já
existentes no momento da celebração do contrato, contudo permanecem desconhecidas até
serem reveladas.

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2.18. Extinção do Contrato


2.18.1. Extinção normal: as partes conseguiram o que pactuaram e voltam, sem a
menor dificuldade, às respectivas situações anteriores. A doutrina aponta como sendo extinção
pelo advento do termo contratual.
2.18.2. Impossibilidade material: suponha-se que a Administração contrate empresa
para pintura de um posto médio. Se o posto sofrer um incêndio e ficar em escombros, não há
mais como cumprir a obrigação de pintura cometida ao contratado.
2.18.3. Impossibilidade Jurídica - imagine-se ter sido contratado auditor para análise
contratual de certo município, e no curso do contrato venha a falecer, hipótese geradora da
rescisão. Outras: falência, dissolução da sociedade.
2.18.4. Invalidação
“Art.59- O efeito da declaração de nulidade do contrato administrativo opera
retroativamente”.
Art.59, parágrafo único – “A nulidade não exonera a Administração de dever de
indenizar o contratado, pelo que este houver executado até a data em que ela for declarada e
por outros prejuízos regularmente comprovados, contanto que não lhe seja imputável,
promovendo-se a responsabilidade de quem lhe deu causa”.
2.18.5. Rescisão ou Resilição15 (art. 78)
MEIRELLES ensina que é o desfazimento do contrato durante sua execução. Decorre:
a) da inadimplência de uma das partes;
b) pela superveniência de eventos que impeçam ou tornem inconveniente o
prosseguimento do ajuste; e
c) pela ocorrência de fatos que acarretem seu rompimento de pleno direito.
Em suma, são as seguintes as formas de rescisão:
2.18.5.1. Rescisão Administrativa (I a XI e XVIII)
o Efetivada por ato próprio e unilateral da Administração;
o Motivos de inadimplência ou interesse público;
o Garante-se a ampla defesa e o contraditório; e
o Efeito ex-nunc (a partir da data de publicação ou ciência oficial do interessado); e
o Provoca a ocupação provisória.
Observações:
- no caso de rescisão decorrente de conveniência administrativa, é possível que a
Administração suspenda a avença no lugar de simplesmente rescindir. Isso ocorre comumente
em razão da insuficiência financeira de o Estado cumprir suas obrigações.
- Não podemos pensar em revogação, eis que instituto dirigido a atos administrativos e,
não, contratos (atos bilaterais).

15 O termo resilição é apontado como sinônimo por certos doutrinadores. Logo, como não há indicação bibliográfica, é conveniente que
tenhamos pelo menos ciência.

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2.18.5.2. Rescisão amigável (XIII a XVI)


Decorre da manifestação bilateral. Não há litígio entre eles, mas sim interesses comuns,
sobretudo da Administração que, quanto ao desfazimento, terá discricionariedade em sua
resolução (Art.79, § 1º).
o Realizada por mútuo acordo; e
o Motivos de inadimplência sem culpa e conveniência administrativa.
2.18.5.3. Rescisão Judicial (XIII a XVI)
o Movida tanto pelo particular como pela Administração. Mas comum que seja pelo particular, haja
vista a prerrogativa de rescisão unilateral pela Administração; e
o Hipóteses:
- Supressão em limites não toleráveis;
- Suspensão do Contrato por mais de 120 dias;
- Atraso no pagamento por mais de 90 dias;
- Não liberação de área, local ou objeto para execução do contrato; e
- Caso Fortuito ou Força Maior.
Observação:
O atraso no pagamento impõe ao particular buscar a tutela preventiva, ajuizando ação
cautelar com vistas à obtenção de assentamento judicial autorizando a paralisação e, não,
simplesmente suspender a execução.
2.18.5.4. Rescisão de Pleno Direito (XII)
Verifica-se sem qualquer manifestação de vontade, ou seja, prescinde de ato formal de
rescisão. São exemplos: falecimento do contratado; dissolução da sociedade; falência da
empresa e perecimento do objeto.
Cabe aqui diferenciá-la da rescisão administrativa. Enquanto nessa há possibilidade de
continuidade do contrato, naquela a ocorrência do evento obstaculiza a Administração de
qualquer medida, a não ser a paralisação da execução.
2.19 Sanções Administrativas
Previstas no contrato e instrumento convocatório.
2.19.1 Advertência e multa – mais leves;
2.19.2 Suspensão Temporária
Impedimento de contratar pelo prazo não superior a dois anos.
2.19.3. Declaração de Inidoneidade
Prazo indeterminado.
“Direito – Contratado pode reabilitar-se após 2 anos, desde que efetue o ressarcimento
à Administração”.
- Podem ser aplicadas também a empresas ou a profissionais.

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2.20. Crimes e Penas


¾ Celebrar contratos com empresa ou profissional inidôneo (Art.97).
¾ Obter vantagem indevida em contratos (Art.92).
¾ Patrocinar interesse privado mediante celebração de contrato (Art.91).
Nota: Os tipos penais previstos no estatuto só são puníveis a título de dolo,
ou seja, quando o sujeito ativo tenha conduta deliberada no sentido
ilegalidade. Em conseqüência não há tipicidade penal por conduta culposa.
2.21. Convênios e consórcios administrativos
No contrato, os interesses são opostos e diversos; no convênio, são paralelos,
comuns, convergentes. Elemento fundamental é o de cooperação, e não o lucro, procurado
por quem celebra contratos.
A celebração de convênios, por sua natureza, independente de licitação prévia como
regra.
“A EC n. 19/98, no art 37, § 8º, da CF, fez constar a celebração dos chamados
“contratos de gestão”, com vistas ao melhor desempenho da atividade administrativa, os quais
mais se enquadram como convênios do que como típicos contratos, já que neles o ponto
nuclear é realmente a parceria”.
Já o consórcio é o acordo de vontades entre duas ou mais pessoas jurídicas públicas da
mesma natureza e mesmo nível de governo ou entre entidades da administração indireta para a
consecução de objetivos comuns.
Os pontos em comum com o convênio é que o acordo não chega a ser um contrato e
que o objetivo é reunir esforços para o atingimento de fins comuns. Ademais, não constituem
personalidade jurídica. Nesse sentido, o professor Hely aponta que é de toda a conveniência a
organização de uma entidade civil ou comercial que administre os seus interesses.
Contudo, é importante observar que o convênio é celebrado entre entidades públicas
diversas ou com entidades privadas, e o consórcio é celebrado sempre entre entidades da
mesma natureza, vale dizer, dois ou mais municípios, dois ou mais estados.
Com o advento da Lei n.º 11107/2005 – Lei de Consórcios Públicos, a diferença
apontada pela doutrina não pode serve mais como linha de diferenciação, eis que, atualmente,
os consórcios podem ser firmados entre entes federados distintos.

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Prova:
A doutrina dedica especial atenção à distinção entre Contratos e
Convênios. Perceba abaixo as principais diferenças:
Contrato Administrativo X Convênio
- Contratante e contratado; - Convenentes;
- Visa ao lucro; - Sem finalidade lucrativa;
- O contratante exerce função Pública - Os convenentes objetivam a
prestação de serviços públicos.
2.22. Formas de recebimento do objeto
2.22.1. Em se tratando de obras e serviços, o recebimento será:
(a) Provisório, pelo responsável por seu acompanhamento e fiscalização, mediante
termo circunstanciado, assinado pelas partes em até 15 (quinze) dias da comunicação escrita do
contratado, e
(b) Definitivamente, por servidor ou comissão designada pela autoridade competente,
mediante termo circunstanciado, assinado pelas partes, após o decurso do prazo de observação,
ou vistoria que comprove a adequação do objeto aos termos contratuais, observado o disposto
no art. 69 do Estatuto de Licitações. De acordo com o § 3º, do art. 73, do Estatuto, o prazo
para o recebimento definitivo não poderá ser superior a 90 dias, salvo em casos excepcionais,
devidamente justificados e previstos no edital.
2.22.2. Em se tratando de compras ou de locação de equipamentos:
(a) Provisoriamente, para efeito de posterior verificação da conformidade do material
com a especificação, e
(b) Definitivamente, após a verificação da qualidade e quantidade do material e
conseqüente aceitação.
No respeitante à aquisição de equipamentos de grande vulto, o recebimento far-se-á
mediante termo circunstanciado e, nos demais, mediante RECIBO.
Poderá ser dispensado o recebimento provisório nos seguintes casos:
I - gêneros perecíveis e alimentação preparada;
II - serviços profissionais;
III - obras e serviços de valor até o previsto no art. 23, inciso II, alínea "a", desta Lei,
desde que não se componham de aparelhos, equipamentos e instalações sujeitos à
verificação de funcionamento e produtividade.
Nesses casos, o recebimento prescinde de termo circunstanciado, sendo feito, por
conseguinte, mediante recibo.
Nos termos do § 2º, do art. 73, da Lei de Licitações, o recebimento provisório ou definitivo não
exclui a responsabilidade civil pela solidez e segurança da obra ou do serviço, nem ético-profissional pela
perfeita execução do contrato, dentro dos limites estabelecidos pela lei ou pelo contrato.

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