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Contexto sócio-político
Quintão Meireles, por sua vez, retirou-se da campanha nas vésperas do acto eleitoral, como de
costume e o candidato do Governo, general Craveiro Lopes, foi eleito sem oposição.
Por essa altura, o regime vencera indubitavelmente a sua primeira crise séria e fortalecera até a
sua posição. Receando um controle comunista da Península Ibérica e decididos a não correrem
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qualquer risco, os Aliados ocidentais passaram a apoiar o "Estado Novo". Portugal tornou-se
membro fundador da Organização do Tratado do Atlântico Norte (O.T.A.N.) desde 1949,
surgindo no tablado internacional como um dos defensores do mundo livre. Para se ir ao
encontro da opinião pública internacional e das crescentes críticas ao colonialismo, a
Constituição foi alterada, modificado o Acto Colonial de 1930 e introduzidas mudanças no
estatuto dos indígenas bem como na designação oficial das colónias, crismadas em "províncias
ultramarinas". Em 1955, a conjuntura internacional permitiu a entrada de Portugal nas Nações
Unidas por acordo entre a União Soviética e as potências ocidentais quanto ao número de
estados, comunistas e não comunistas, a admitir.
Portugal, não tendo participado na guerra, não foi um dos participantes na Conferência de s.
Francisco nem um dos signatários da Declaração das Nações Unidas (Junho, 1945). O seu
pedido de admissão à novel Organização teve, contudo, lugar, pouco tempo depois. Foi vetado
pela União Soviética. Um segundo pedido, em 1947, deparou com idêntico resultado. Só em
1955 se tornou possível, por acordo entre as grandes potências, a entrada de Portugal na O.N.U.
juntamente com quinze outros países. Destes novos dezasseis estados-membros, quatro
pertenciam ao bloco de Leste (Albânia, Bulgária, Hungria e Roménia), quatro ao de oeste
(Espanha, Irlanda, Itália e Portugal), ao passo que os restantes oito eram considerados neutrais
no confronto entre os dois grandes blocos: Áustria, Cambodja, Ceilão, Finlândia, Jordânia,
Laos, Líbia e Nepal. Desta forma foi possível não alterar o jogo de forças no seio da
Organização e evitar o veto das grandes potências.
No País, intensificou-se a política de obras públicas, fomentou-se a industrialização e elevaram-
se salários. A estabilidade ao nível governamental aumentou ainda. Vários chefes de 1 Estado e
ministros estrangeiros visitaram Portugal. Ao mesmo tempo, a repressão continuava ou
intensificava-se até. A torre de marfim em que Salazar estava encerrado endurecera, à medida
que o Presidente do Conselho ia envelhecendo e perdendo contacto com os níveis inferiores da
administração e o público em geral. Em 1940, Salazar abrira mão da pasta das Finanças
largando, depois, a da Guerra (1944) e a dos Negócios Estrangeiros (1947). Ficou apenas sendo
chefe do Governo. Nestes termos, tornou-se mais fácil para um grupo de favoritos e de
conselheiros hábeis rodearem-no estreitamente e influenciarem-no com predomínio. Parece
que, também, e como consequência natural, a corrupção no seio da administração pública terá
aumentado.
O coronel Fernando dos Santos Costa, ministro da Guerra desde 1944 e, durante muito tempo,
tido como o "homem forte" do regime, emergiu a pouco e pouco como um dos favoritos de
Salazar e seu possível sucessor. Alinhando na Extrema Direita, era monárquico, embora se
tivesse pronunciado contra a restauração da Monarquia em 1951. Outro "delfim" potencial era
Marcelo Caetano, professor da Faculdade de Direito e historiador, sem dúvida um dos mais
competentes e respeitados defensores do "Estado Novo". Fizera parte do Governo duas vezes, a
primeira em 1944-47 como ministro das Colónias, e a segunda, em 1955-58 como ministro da
Presidência.
Com o ano de 1958 teve início a segunda grande crise política do regime. A crescente
insensibilidade de Salazar e a sua incompreensão perante o mundo em que vivia começavam a
provocar reacção, não só nas fileiras oposicionistas mas também entre os neutros politicamente
e até os próprios adeptos da Situação. No seio da União Nacional, adquirira vulto uma ala mais
liberal, que pedia maior abertura do espectro político, de forma a poder englobar um número
alargado de aderentes ou simpatizantes. Essa ala pretendia modificações ou reformas nos
métodos administrativos, nas opções governativas (quer em relação ao País quer ao Ultramar e
ao estrangeiro) e na atitude face à Oposição. Amadurecera uma geração de técnicos e de
intelectuais, sem responsabilidades nem ligações com os primeiros tempos do regime de
Salazar. Essa geração estava disposta a colaborar com o Governo em tarefas e
responsabilidades mas pretendia as actualizações que julgavam indispensáveis aos tempos
correntes. Respeitadores e admiradores de Salazar e sua obra, desconheciam o passado
histórico, aceitando o que lhes era afirmado pela propaganda oficiosa acerca do período
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parlamentar anterior ao "Estado Novo". Muitos julgavam aconselhável a saída de Salazar e sua
substituição por um homem mais novo, como Marcelo Caetano. Parece ter sido essa, também a
opinião de Craveiro Lopes.
As eleições presidenciais de 1958 revelaram, sem sombra de engano, as dissensões adentro do
regime. O Presidente Craveiro Lopes que não se mostrara dócil quanto se esperava, foi vetado
pela Comissão Central da União Nacional. Em vez dele, Salazar fez escolher o almirante
Américo Tomás, seu ministro da Marinha desde havia catorze anos. A oposição centro-esauerda
escolheu por pressão de António Sérgio, o general Humberto Delgado, oficial-aviador no activo
e ao tempo Director-Geral da Aeronáutica Civil. Delgado fora outrora um partidário acérrimo
da Ditadura e admirador de Salazar. A Extrema Esquerda indicou o nome do advogado Arlindo
Vicente.
Delgado mostrou ser o homem adequado às circunstâncias. Demagogo e exaltado, contactou
facilmente com as massas populacionais suscitando enorme entusiasmo em todo o País. A
Esquerda depressa se deu conta do carisma de Delgado, renunciando à sua candidatura à parte e
alinhando atrás dele. Tal como em 1949, o regime receou não sobreviver perante a autêntica
bola de neve que a acção de Delgado ia causando, e preparou uma possível acção militar em
caso de vitória ou de excessiva ameaça oposicionista. Embora sem garantias de liberdade de
voto e sem possibilidade de controle de todas as urnas, Humberto Delgado decidiu ir até ao fim.
Os números oficiais deram-lhe um quarto do total dos votos (ganhou aqui e além, mormente
numas quantas cidades de Moçambique), mas o general, sempre alegou ter triunfado nas
eleições e ser ele, portanto, o legítimo chefe dos Portugueses.
Findo o acto eleitoral, a repressão intensificou-se uma vez mais. Delgado foi demitido, não
tardando a ter de solicitar asilo político na Embaixada do Brasil. Mais tarde e ao fim de
complicadas diligências, seria autorizado a sair de Portugal, homiziando-se no Brasil e na
Argélia. Muitos dos seus partidários foram igualmente demitidos, presos ou julgados. O bispo
do Porto, que escrevera uma carta a Salazar insistindo sobre mudanças de método e política
governamentais, teve de deixar o País também. Uma modificação ministerial (Agosto de 1958),
se sacrificou Santos Costa - tornado incómodo em excesso, até para Salazar - excluiu,
igualmente, Marcelo Caetano. E este, descontente com a marcha da política, afastou-se também
do Conselho de Estado, de que era membro vitalício.
O período de agitação política prosseguiu durante algum tempo. Parte dos Católicos mais
progressistas passou a intervir activamente em questões políticas e a lutar contra um regime que
- segundo diziam - prejudicava a Igreja, alienando-lhe as simpatias de números cada vez
maiores de indivíduos e travando-lhe a marcha indicada pelos novos tempos. Em Março de
1959, uma rebelião esteve para eclodir em Lisboa, com a participação decisiva de grupos
católicos. Em Janeiro de 1961, a situação complicou-se com a captura do paquete "Santa
Maria" por exilados políticos luso-espanhóis, chefiados por Delgado e Henrique Galvão, outro
antigo militante situacionista que já se salientara como conselheiro do almirante Quintão
Meireles, dez anos atrás. A captura tinha ligações com uma revolta que eclodiu, de facto, em
Angola, em Fevereiro do mesmo ano. Em Abril de 1961, o próprio ministro da Defesa, general
Botelho Moniz, tentou um golpe-de-estado contra Salazar, que fracassou. (...)
in História de Portugal, Oliveira Marques, vol. III.
EXISTENCIALISMO - FILOS. A palavra começou a usar-se depois da 1ª. guerra mundial para
designar um movimento com representantes na Filosofia e na Literatura e com repercussões
noutros sectores culturais, sobretudo artísticos, religiosos e ético-sociais.
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Em Filosofia será preferível a expressão "filosofia da existência", por ser mais específica e
menos controvertida. A "existência" que aqui está implicada é o Homem, que se torna o centro
de atenção, encarado como ser concreto - nas suas circunstâncias, no seu viver, nas suas
aspirações totais. Centrado nos problemas do Homem, o Existencialismo penetra nos seus
sentimentos concretos, nas suas angústias e preocupações, nas suas emoções interiores, nas suas
ânsias e preocupações, nas suas emoções interiores, nas suas ânsias e satisfações - temas
particularmente aptos para um desenvolvimento literário. Por isso, esta corrente, embora
preponderantemente filosófica, tem já na sua origem autores célebres no campo da Literatura,
como Nietzsche e Kierkegaard, e, entre os seus representantes, pensadores que são também
literatos, como Sartre e Marcel Proust. (...)
A 1ª. está na origem do movimento, que pretende uma valorização do Homem (o "Dasein" na
linguagem de Heidegger e a "Existenz", na de Jaspers). Não se aplica, porém, a Heidegger, de
um modo estrito; este, embora na "analítica do Dasein", elaborada em Ser e tempo (1927),
centre as suas preocupações no Homem, tem directamente em vista um desvelamento do ser.
Heidegger deveria colocar-se preferivelmente entre os fenomenólogos que pretenderam
restaurar o espírito metafísico, na linha de Husserl, N. Hartmann e M. Scheler. Continua a
inserir-se no Existencialismo, porque tanto o modo concreto como elaborou a sua "analítica do
Homem" como alguns temas focados (angústia, cuidado, solicitude, temporalidade...) estão de
acordo com a mentalidade existencialista, por ele profundamente influenciada.
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um método analítico-reflexivo ou fenomenológico que permita analisar reflexamente a
"existência" na modalidade de ser aberto para as coisas do Mundo e para os outros. (...)
Existencialismo
Corrente filosófica que se funda na situação do indivíduo vivendo num universo absurdo, ou
sem sentido, em que os homens são dotados de vontade própria. Os existencialistas sustentam
que as pessoas são responsáveis pelas suas próprias acções, e o seu único juiz, na medida em
que a sua existência afecta a dos outros. A origem do existencialismo é geralmente atribuída ao
filósofo dinamarquês Kierkegaard. Entre os seus outros proponentes destacam-se Martin
Heidegger, na Alemanha, e Jean-Paul Sartre, em França.Todos os indivíduos dotados de
autoconsciência podem compreender ou intuir a sua própria existência e liberdade, daí que não
devam deixar que as suas escolhas sejam limitadas por nada - nem pela razão, nem pela moral.
Esta liberdade para escolher conduz à noção de "não-ser", ou "nada", que pode provocar a
angústia ou o medo. O existencialismo possui muitas variantes. Kierkegaard salientou a
importância da escolha pura na ética e na crença cristã, Sartre procurou combinar o
existencialismo com o marxismo.
O pensamento filosófico dos autores existencialistas não se caracteriza nem por uma
sistematização racional sobre a vida nem por reflexão abstracta e logicizante acerca do ser
humano. O homem é o problema central do existencialismo, não enquanto ser abstracto, com
uma natureza definida, mas como um ser concreto, que sofre, que trabalha e ama.
Para os filósofos existencialistas contemporâneos, a existência humana é entendida como
algo demasiado fluído e rico e, por isso, escapa a todas as sistematizações abstractas. Assim,
para estes autores, acima de tudo a vida é para ser vivida. Faz parte inerente da existência
humana o devir, a inquietação, o desespero e a angústia. A existência é algo em aberto, sempre
em mudança, e não há nenhum tipo de determinismo ou fatalismo.
A negação de um destino faz da vida um jogo de possíveis entre possíveis. Cabe ao homem,
a cada instante, escolher, optar e, por isso mesmo, ele torna-se um ser responsável pela sua
vida. A escolha humana traz consigo inevitavelmente a angústia e muitas vezes o desespero.
Para os existencialistas, o indivíduo não pode ser diluído e apagado num todo, uma vez que
cada um é um ser concreto, único e de valor insubstituível. Por isso, nesta reflexão, o homem é
sempre entendido como um ser individual e concreto, na sua vida quotidiana, no seu contexto
particular, e nunca entendido como uma entidade metafísica e abstracta. Nesta medida, os
autores existencialistas são aqueles que colocam a existência do homem no plano central das
suas reflexões, como dirá Sartre, a existência precede a essência. O homem à partida não está
definido, ele é um projecto em construção, cada pessoa é aquilo em que se torna consoante
aquilo que faz.
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O Existencialismo segundo Kierkegaard
"O existencialismo nunca poderá ser uma teoria como outra qualquer, porque a existência
não é, em si, susceptível de teoria. O existencialismo, para Kierkegaard, é apenas a expressão
da sua própria vida e a única coisa de geral ou de universal que contém é a exortação que a
todos nos dirige para que nos tornemos cristãos. A natureza deste existencialismo só poderá,
portanto, ser definida em função das condições que são requeridas por um existir autêntico -
existir que se deverá iniciar e intensificar seguidamente, por meio de uma reflexão capaz de
fazer, de uma existência vivida, uma existência desejada e pensada. Essas condições podem
reduzir-se a três: a necessidade do compromisso e do risco, o primado da subjectividade e a
prova da angústia e do desespero."
R.Jolivet, As Doutrinas Existencialistas
O Existencialismo segundo Karl Marx
"O que Marx mais critica é a questão de como compreender o que é o homem. Não é o ter
consciência (ser racional), nem tampouco ser um animal político, que confere ao homem sua
singularidade, mas ser capaz de produzir suas condições de existência, tanto material quanto
ideal, que diferencia o homem."
A essência do homem é não ter essência, a essência do homem é algo que ele próprio
constrói, ou seja, a História. "A existência precede a essência"; nenhum ser humano nasce
pronto, mas o homem é, em sua essência, produto do meio em que vive, que é construído a
partir de suas relações sociais em que cada pessoa se encontra. Assim como o homem produz o
seu próprio ambiente, por outro lado, esta produção da condição de existência não é livremente
escolhida, mas sim, previamente determinada. O homem pode fazer a sua História mas não
pode fazer nas condições por ele escolhidas. O homem é historicamente determinado pelas
condições, logo é responsável por todos os seus actos, pois ele é livre para escolher. Logo todas
as teorias de Marx estão fundamentadas naquilo que é o homem, ou seja, o que é a sua
existência. O Homem é condenado a ser livre.
As relações sociais do homem são tidas pelas relações que o homem mantém com a
natureza, onde desenvolve suas práticas, ou seja, o homem se constitui a partir de seu próprio
trabalho, e sua sociedade se constitui a partir de suas condições materiais de produção, que
dependem de factores naturais (clima, biologia, geografia...) ou seja, relação homem-Natureza,
assim como da divisão social do trabalho, sua cultura. Logo, também há a relação homem-
Natureza-Cultura.
O Existencialismo segundo Jean Paule Sartre
A distinção entre essência e existência corresponde a distinção entre conhecimento
intelectual e conhecimento sensível. Os sentidos põem em contacto com os seres particulares e
contingentes, únicos que realmente existem, ao passo que a inteligência permite aprender as
ideias ou essências, géneros e espécies universais, meras possibilidades de ser, em si mesmas
inexistentes. Sabe-se, no entanto, desde Sócrates, que o objecto da ciência é o universal e não o
particular, quer dizer a essência e não a existência. Platão tenta resolver essa contradição
hipostasiando as ideias, atribuindo-lhes a realidade, no mundo supra-sensível ou topos ouranoú
(lugar do céu). Poder-se-ia dizer que é em nome da existência que Aristóteles critica a teoria
platónica das ideias, sustentando que as ideias, ou essências, não estão fora mas dentro das
próprias coisas, as quais, feitas de matéria e de forma, contem, em si mesmas, o universal e o
particular, a essência e a existência.
Em oposição as filosofias que se poderia chamar 'essencialistas', as filosofias
existencialistas partem do pressuposto de que a existência e anterior a essência, tanto ontológica
quanto epistemologicamente ,quer dizer tanto em relação ao ser, ou à realidade, quanto em
relação ao conhecimento. Na perspectiva do existencialismo, as ideias, ou as essências, não são
anteriores às coisas, pois não se acham previamente contidas nem na inteligência de Deus nem
na inteligência do homem. As ideias, ou essências, são contemporâneas das coisas, são as
próprias coisas consideradas de determinado ponto de vista, em sua universalidade e não em
sua particularidade. Síntese do universal e do particular, o indivíduo existente é redutível ao
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pensamento, ou inteligível, na medida em que contem o universal, a essência humana, por
exemplo, nesse homem determinado, e irredutível, enquanto particular, esse homem com
características que o distinguem de todos os demais e o tornam único e insubstituível.
A afirmação da anterioridade ou do primado da existência em relação a essência, entendida
aqui como existência humana, implica uma série de teses que distinguem o existencialismo das
filosofias essencialistas. O primado da liberdade em relação ao ser, subjectividade, em relação a
objectividade, o dualismo, o voluntarismo, o aticismo, o personalismo, o antropologismo,
seriam algumas das características desse tipo ou modalidade de filosofia. O existencialismo não
é nem uma teologia, ou filosofia de Deus, nem uma cosmologia, ou filosofia do mundo, da
natureza. O existencialismo é, fundamentalmente, uma antropologia, quer dizer, uma reflexão
filosófica sobre o homem, ou melhor, sobre o ser do homem enquanto existente.
Na perspectiva antropológica, surgem os temas ou problemas característicos do pensamento
existencial. A finitude, a contingência e a fragilidade da existência humana; a alienação, a
solidão e a comunicação, o segredo, o nada, o tédio, a náusea, a angústia e o desespero; a
preocupação e o projecto, o engajamento e o risco, são alguns dos temas principais de que se
tem ocupado os representantes do existencialismo. Para essa filosofia, a angústia e o desespero,
por exemplo, deixam de ser sintomas mórbidos, objectos da psicopatologia, para se tornarem
categorias ontológicas que propiciam acesso á essência da condição humana e do próprio ser.
A ideia de existência, como já se observou, não é nova. Com a mesma palavra, ousía ,
Platão designa a essência e a existência, e a crítica de Aristóteles ao idealismo platónico
pressupõe o hilomorfismo, ou teoria do ser entendido como existente, feito de matéria e de
forma. Platão, sem dúvida, é idealista, mas é uma experiência existencial, a vida e a morte de
Sócrates, que o leva a filosofar.
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O existencialismo é uma corrente filosófica com alguns pontos de ancoragem na ideologia de
Kierkegaard. Os existencialistas não têm um pensamento unificado, dividem-se por várias
escolas, nomeadamente, as de Jaspers, Gabriel Marcel, Sartre.
Foi Heidegger que conduziu a fenomenologia ao primeiro sistema existencialista por este ser
uma redução do pensamento de Descartes, Feuerbach e outros. Segundo a fenomenologia, a
consciência está evidentemente só. A vida não é mais que um dado desta, do mesmo modo, a
lógica, a história, o futuro não são mais do que dados de uma consciência a que nem sequer
podemos apelidar de «nossa» uma vez que não passa de um dado da consciência definitiva à
qual não resta senão julga-se a si própria .
Esta teoria, vem fundamentar a concepção que Sartre tem do homem :o homem não é um ser
em si mas um ser para si.
Assim sendo, a filosofia, deixa de ter no centro as coisas passando à filosofia do ser, fazendo
surgir três diferentes tipos de ser:
Preâmbulo da obra
Espaço: casa enorme e deserta, sala, uma jarra de flores sobre uma mesa, cinzeiro,
de vidro, cadeira, varanda.
Solidão e lembrança: "Sento-me aqui nesta sala vazia e relembro" - o "eu" vai
retroceder no tempo, procurado para isso a solidão.
Comunhão na angústia: "... e o vulto da minha mulher... Senta-se ao meu lado...ao fim
de muitos anos aprendemos a verdade, na aparição da graça, num limiar de
presença, antes que sobre a Terra fosse pronunciada a primeira palavra. Tomo as
suas mãos nas minhas e no deslumbramento da noite abre-se, angustiada, a flor da
comunhão..."
A acção
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. Morte de Cristina (cap. XVIII)
Caracterização de personagens
Sofia
Personagem secundária, modelada
Caract. Física: jovem, linda voz, bela, "olhos vivos", "mãos brancas e frágeis", "corpo
intenso", "seios agressivos"
Caract. Psicológica: personalidade difícil, "demoníaca", desafiadora, caprichosa
Carolino
Personagem secundária, modelada
Caract. Física: olhos azuis, borbulhas no rosto, jovem
Caract. Psicológica: atraído pela morte, "louco", "perverso"
Ana
Personagem secundária, modelada
Caract. Física: cabelos compridos, olhar vivo, "dente imperfeito", seios volumosos
Caract. Psicológica: descrente, frustrada, resignada
Cristina
Personagem secundária, modelada
Caract. Física: loura
Caract. Psicológica: "arzinho grave", inocente, "sobredotada"
Alberto
Personagem principal, modelada
Caract. Física: magro
Caract. Psicológica: instável, sujeito a crises existência, ateu, angustiado, ânsia de
atingir o absoluto
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Álvaro
Personagem secundária, plana
Caract. Psicológica: sábio, sensato, respeitador, compreensivo, ateu
Susana
Personagem secundária, plana
Caract. Física: olhar expressivo
Caract. Psicológica: calma, discreta, submissa, resignada, solitária, sábia, beata
Tia Dulce
Personagem secundária, plana
Caract. Física: magra, sisuda
Caract. Psicológica: compreensiva, beata, gananciosa, afectuosa
Tomás
Personagem secundária, plana
Caract. Física: "belo patriarca"
Caract. Psicológica: sensato, simpático, resignado, alegre, espalhafatoso, tranquilo
Evaristo
Personagem secundária, plana
Caract. Física: extrovertido, atrevido, materialista, contraditório, ateu, animado,
incoerente, irrequieto
O PATHOS - A sua decisão, o seu desafio, a sua revolta, têm como consequência o
seu sofrimento (pathos), que ele aceita e que lhe é imposto pelo Destino e executado
pelas Parcas. Tal sofrimento será progressivo.
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Relacionamento com a obra
Hybris: Alberto desafia Deus. Sofia desafia a sociedade em que se insere (a vida e a
própria morte). Carolino desafia Deus.
suas convicções.
O Espaço
Interior: casa do Dr. Moura, casa do Alto, casa dos pais de Alberto.
Espaço social:
Ciência: Omnisciente
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Símbolos
Noite:
Para os Gregos, a noite (nyx) era a filha de Chaos e a mãe do Céu (Ouranos) e da
Terra (Gaia). Gerou também o sono e a morte, os sonhos e as angústias, a ternura e
a falsidade. As noites eram, muitas vezes, prolongadas de acordo com a vontade dos
deuses, que faziam parar o sol e a lua para melhor realizarem as suas proezas. A
noite percorre o céu, envolvida num véu escuro, num carro puxado por quatro cavalos
pretos e acompanham-na, em cortejo, as suas filhas - Fúrias e Parcas. Na concepção
celta do tempo, a noite é o começo do dia tal como o Inverno é o início do ano. Na
Irlanda, a duração legal de uma noite e de um dia corresponde a vinte e quatro horas
e, simbolicamente, à eternidade. A noite simboliza o tempo da gestação, da
germinação, das conspirações que vão eclodir, à luz do dia. sob forma de vida. Possui
a riqueza de todas as virtualidades da existência. Mas penetrar na noite significa
regressar ao indefinido onde se misturam pesadelos e monstros, ou seja, "as ideias
negras". A noite é a imagem do inconsciente e, no sono da noite, o inconsciente
liberta-se. Como qualquer símbolo, a noite encerra um duplo aspecto: o das trevas
onde ferrnenta o devir e o da preparação do dia de onde nascerá a luz da vida. Ligada
a outras palavras, como "obscuridade", noite significa purificação do intelecto. As
palavras "vazio" e "despojo" referem-se à purificação da memória e "aridez" e "secura"
relacionam-se com a punficação dos desejos e afectos sensíveis, chegando, mesmo,
até às mais elevadas aspirações.
Montanha
Planície
Sol
Lua
Símbolo dos ritmos biológicos, do tempo que pass a, da passagem da vida para a
morte. Simboliza também o conhecimento indirecto, discursivo, progressivo, frio. A
Lua, astro das noites, evoca metaforicamente a beleza e a luz, na imensidão
tenebrosa. Mas sendo esta luz apenas o reflexo do sol, a Lua é apenas o símbolo do
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conhecimento "reflectido", isto é, o reconhecimento teórico, conceptual, racional. (...) A
Lua gera a chuva e, por isso, é o símbolo da fecundidade.
Música
Epílogo
Tempo: Noite de fim Verão - lua quente de fim de Verão, céu húmido e fresco, ar
saturado do aroma da chuva sobre a poeira do Estio.
Rendição à evidência da
condição humana: "evidência da
minha condição..."
Comunhão no apaziguamento,
na calma: "... alguém numa porta
que se abre, e que me procura e
me toma as mãos e as molda...
na flor breve e miraculosa de
uma profunda comunhão".
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