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Histórico
E a oeste, nos limites com o município de Rio das Ostras, instalou seu parque de
tubos dentro da micro bacia hidrográfica do rio Imboassica, principal contribuinte
da Lagoa que sofre intenso processo de degradação desde que toda a área de seu
entorno dentro do município de Macaé, passou a ser ocupada de forma
desordenada por condomínios e empresas.
Crescimento da cidade
Macaé, foi, sem dúvida, o município brasileiro que mais cresceu da década de
1970 aos dias de hoje. Despreparada para os impactos derivados dos processos
migratórios viu sua população crescer cerca de 440% em 36 anos, numa média
anual, no período, de 12,23%, passando de 47 mil habitantes em 1974 a 206 mil
em 2010, como demonstra o quadro abaixo.
Educação
Social
Infraestrutura
Impactos na pesca
Se for considerada a data de 1974 como marco para o início destes impactos,
levando-se em conta que a simples notícia da instalação de grandes
empreendimentos já traz aumento de preços imobiliários, como hoje já acontece
em cidades como Santos e Itaboraí, podemos contabilizar nada menos do que 23
anos de defasagem.
Segundo dados da Prefeitura local, a cidade investe 3,4 vezes mais que a média
nacional na área social, representando um gasto anual de R$ 1.450 por
habitante. São mais de 100 programas sociais e projetos mantidos pela Prefeitura
que promovem a educação, cultura, esporte, saúde e capacidade de trabalho
para a população de baixa renda.
Habitação
Educação
São 113 unidades municipais de ensino, das quais 50 em tempo integral e que
oferecem ao aluno cinco refeições por dia. São 40 mil alunos matriculados em
escolas, creches e unidades de atendimento especializado. A cidade tem, ainda,
uma das menores taxas de analfabetismo do estado: 7,3%.
Saúde
Macaé é vendido para o Rio de Janeiro e mais 12 estados, além de ser exportado
para os Estados Unidos e a Suíça.
Unidades de Conservação
Ativa numa época de pouco respeito ao meio ambiente, organizou protestos que
cativaram a população, utilizando-se de ferramentas culturais, como o
irreverente “Varal de Poesias”, semanalmente criado e exposto no calçadão da
Praia dos cavaleiros, geralmente trazendo denúncias de ordem ambiental; o
“Jornal Artenativa”, que publicava reportagens e arte em geral produzida na
cidade, e que constituía uma grande rede postal da cultura alternativa brasileira
existente na época; além de performances e shows temáticos com bandas e
poetas locais nas praias e praças públicas.
A partir dos anos 2000 a entidade entra num período de inatividade pela falta de
renovação na militância, num momento em que as Ongs passam a ter atuação
mais pragmática, já envolvidas nos projetos de educação, reparação e
conservação ambiental.
Apedema, que tem cadeira no Conama, apenas com questões relativas à sua
realidade, isolando o interior. A imprensa carioca, da mesma forma, não
acompanhou os impactos sociais e ambientais no desenvolvimento da produção
na Bacia de Campos. Os jornais, não raro, confundiam Macaé com Magé ou
Muriaé, evidenciando seu distanciamento com o interior do Estado. Foram
esporádicas e provocadas as notas, matérias e reportagens dos grandes veículos
sobre o assunto.
Campanha Xô Monobóia
Mas como não se contabiliza o que deixou de acontecer, fica esta informação
com o intuito de mostrar que não houve passividade ou imobilismo da sociedade
macaense e da região produtora diante da trajetória da exploração na Bacia de
Campos responsável por 86% da produção nacional de petróleo.
Estas demandas não são miçangas, nem devem ser substituídas por projetinhos
pra inglês ver nas revistas de responsabilidade social. São custos operacionais
prioritários com referência consolidada.
Feito isso, noves fora, aí sim, deve-se passar à discussão de como vai ser usado o
excedente para minimizar o sofrimento do povo brasileiro, que merece desfrutar
deste tesouro. Se abaixando o preço da gasolina, investindo-se em educação,
saúde, habitação, esporte para todos ... carências não faltam para serem
supridas. Ilusão achar que a exploração do pré-sal vai resolver todos os
Impactos sociais, ambientais e urbanos das atividades petrolíferas: o caso de Macaé
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problemas. Não vai. Por isso este impasse diante do gênio. Tirar de mil, um só
desejo.
Não há instrumento legal hoje no Brasil que garanta este tipo de gestão, a
exemplo do que ocorreu na Bacia de Campos onde o único planejamento que
houve foi o relativo à produção deixando de fora aspectos relevantes como os
impactos nos municípios provocados pelos processos migratórios, desemprego,
especulação imobiliária, aumento do custo de vida e da demanda por serviços
públicos, crescimento desordenado e a retração da atividade pesqueira,
experiência que reúne subsídios que devem ser considerados em um,
infelizmente improvável, planejamento estratégico do pré-sal.
Da mesma forma como aconteceu com a Bacia de Campos nas últimas décadas,
com os municípios a reboque de decisões estatais e empresariais sem nenhuma
ingerência nos fatos, está acontecendo com o pré-sal, apesar de contar com
disponibilidade de tempo para os planejamentos e adequações necessários,
atualmente desperdiçado com polêmicas infrutíferas como as que têm sido
travadas a respeito dos royalties.
Impactos sociais, ambientais e urbanos das atividades petrolíferas: o caso de Macaé
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Deixar por conta do mercado já provou que não é uma boa solução considerando
as maldições já constatadas da cadeia produtiva do petróleo. Mas quem
conduziria esta hercúlea tarefa? Ainda não sabemos, talvez o Ministério das
Cidades. Uma coisa é certa, entretanto: precisa ser conduzida por uma instância
superior,empoderada, independente e representativa, que agregue as mais
plurais participações, envolvendo a sociedade civil organizada, os municípios, os
estados, as empresas e as universidades das regiões envolvidas.
Tarefa difícil, seja pela incompreensão de sua necessidade ou pela falta de uma
cultura participativa. Porém mais fácil do que lidar com problemas como os que
aconteceram no golfo do México, ou os que já se consolidaram nos municípios
produtores e que tenderão a se repetir nos mais de cem municípios litorâneos da
área de abrangência do pré-sal.
A pesca foi a atividade econômica que mais sofreu com a exploração de petróleo
e gás na Bacia de Campos nas últimas três décadas. Um olhar mais minucioso
sobre a convivência desastrosa entre as pequenas traineiras e os super-
petroleiros e rebocadores na Bacia de Campos, certamente captará um cenário
que não pode se repetir na tão promissora exploração da Camada do pré-sal nas
bacias de Santos, Campos e Espírito Santo, cuja extensão chega a 800 km de mar
piscoso e historicamente explorado por pescadores artesanais.
permitido por norma internacional, mas que têm provocado impactos aqui e por
isso deve ser mudado.
Estes são apenas alguns dos desafios para que a exploração do pré-sal seja
realmente lucrativa para a sociedade brasileira, muito mais importantes do que
os royalties e participações especiais, atualmente em barganha. O pescador
artesanal que tradicionalmente sempre pescou nas águas da Bacia de Campos, foi
a classe que mais perdeu com a busca desenfreada pela auto-suficiência nacional
de petróleo desde a década de 1980. Ele não só já viu esse filme como atuou
nele como o personagem que apanha o tempo todo. Como essa história ganha um
novo capítulo com a descoberta das reservas do pré-sal, ainda há esperança de
que esse personagem não morra no final.
Planejamento global
Empresas
Poder Público
Zoneamento Costeiro.
Fomento à pesquisa.
Programas habitacionais.
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- Campanhas educativas.
Recuperação de manguezais.
Síntese
Fontes e referências
Portal da Prefeitura de Macaé - Secretaria de Comunicação Social – www.macae.rj.gov.br
Artigo “O Pré-sal e a Pesca”, publicado nos sites “Envolverde” e “Gente Praias” – 2010 -
Fernando Marcelo Tavares
Artigo “Lições para o Pré-sal” publicado no Globo On Line – 2010 – Fernando Marcelo
Tavares