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Ambientes Lacustres e Sua Sedimenta - o (Projeto Modular 2 - M - Dulo-2009) PDF
Ambientes Lacustres e Sua Sedimenta - o (Projeto Modular 2 - M - Dulo-2009) PDF
Santos
2009
1
Fernando Valentino de Oliveira
Leandro Escobar Cáprio
Paulo Sérgio Soares
Thiago Paulino Dantas
Santos
2009
2
Fernando Valentino de Oliveira
Leandro Escobar Cáprio
Paulo Sérgio Soares
Thiago Paulino Dantas
BANCA EXAMINADORA:
_________________________________________________________________
Nome do examinador:
Titulação:
Instituição:
___________________________________________________________________
Nome do examinador:
Titulação:
Instituição:
_________________________________________________________________
Nome do examinador:
Titulação:
Instituição:
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ABSTRACT
Lakes are basically bodies of water naturally accumulated and completely landlocked in
topographic depressions, they are studied by limnology. Their visible importance for some
petroleum systems around the world resulted in a significant increase of the current studies
of lakes and sedimentary basins generated by ancient lakes. The research was carried out in
order to enhance knowledge about the depositional lacustrine systems, their relationship
with source rocks and their importance for worldwide oil production. The research was
based on publications in the area of limnology, sedimentology and petroleum geology. A
case study about Camamu basin, located in lest cost of Brazil, Estate of Bahia, was also
developed in order to specific its chemical composition and sedimentary deposits. The
importance of lake basins is so great for certain petroleum systems in some countries that
they represent up to 95% of know that they deserve grater attention from scholars.
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SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
1.1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................07
1.2 OBJETIVO........................................................................................................................07
CAPÍTULO 2
2.1 ORIGEM...........................................................................................................................08
2.2 SEDIMENTOS.................................................................................................................12
CAPÍTULO 3
3 - CONCLUSÃO....................................................................................................................25
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................26
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CAPÍTULO 1
1.1 – INTRODUÇÃO
Este projeto ira tratar de ambientes lacustres e sua sedimentação, iniciando pelos
processos de formação de lagos e sua sedimentação, seguindo por estudos de casos
específicos e finalizando com sua relação no sistema petrolífero
1.2 - OBJETIVO
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CAPÍTULO 2
2.1 - ORIGEM
De acordo com as definições de Tundisi e Tundisi (2008), lago é o nome genérico dado a
toda massa de água que se acumula de forma natural numa depressão topográfica, totalmente
cercada por terra. Os lagos podem ser de água doce, salobra ou salgada e variam em forma,
tamanho e profundidade. Os de menor superfície são por vezes chamados lagoa, enquanto os
maiores - como o Cáspio, por exemplo - recebem o nome de mar (restritos, sem ligação com o
oceano). Exibem os mesmos movimentos das águas oceânicas, com ondas, marés e correntes
Carrol e Bohacs (2001), propõem a existência de três tipos de água de água lacustre:
Ainda segundo Tundisi e Tundisi, o estudo geomorfológico nos ajuda a entender a origem
dos lagos e os processos de formação. Morfologia dos lagos é o estudo de sua forma em
relação à gênese do sistema. A morfologia e a morfometria dependem dos processos de
formação dos lagos. Lagos naturais tem um tempo de vida curto no ponto de vista geológico,
por serem áreas onde predomina o processo de sedimentação, que conseqüentemente os torna
cada vez menores e mais rasos. Podem-se encontrar vestígios de datação quanto à sua
formação nos sedimentos neles registrados, geralmente dentro de uma bacia hidrográfica.
Alguns organismos contidos na estratigrafia dos lagos podem ser fundamentais para a sua
datação, tais como diatomáceas, zooplânton e a famosa datação por C14. Os lagos também
são designados “Sistemas Lênticos” (origem latim: lentus, significado: lente).
De acordo com Forel (1892), um lago é um corpo de água estacionário, ocupando uma
determinada bacia e não conectado com o oceano.
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2.1.2 - AGENTES DE FORMAÇÃO DE LAGOS E LAGOAS
1 – Tectônico
2 – Vulcânico
3 – Movimento de Terreno
4 – Glaciação
5 – Lagos de Solução
6 – Ação Fluvial
8 – Na Costa
9 – Acumulação Orgânica
11 – Impactos de Meteoritos
1 – Lagos Tectônicos
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2 – Lagos Vulcânicos
Quando temos concavidades não drenadas naturalmente, podemos obter uma série de lagos
vulcânicos, geralmente em regiões com muita atividade tectônica. As lavas com a erupção
podem barrar rios, formando assim pequenos lagos. Ex: Lago Kivu (África Central).
4 – Lagos Glaciais
Eventos Catastróficos provocam deposição ou corrosão das massas de gelo e degelo. Ex:
lagos do distrito de lagos da Inglaterra, lagos da Finlândia e lagos alpinos.
5 – Lagos de Solução
Lagos que são formados através da ação de água de percolação em rochas solúveis. Lagos
que são formados pela dissolução de CaCo3. Esses lagos são encontrados nas regiões da
península Balcânica e no Estado de Minas Gerais.
Alguns sedimentos podem obstruir o ciclo de algum rio, que posteriormente ao ser barrado,
procura uma rota alternativa, na maioria busca um novo atalho, e acaba isolando o velho
caminho, sendo assim ele forma um lago isolado. Os rios que tem no seu ciclo vários pontos
de formação em U são mais propícios de ocorrer esse fenômeno. Ex: Rio Amazonas e Rio
Paraná.
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7 – Lagos Formados por Ação do Vento.
Depressões formadas pelo vento, assim como deposito de Dunas podem ser agentes
formadores de lagos. Esses lagos são inconstantes, porque só são capazes de se manterem
abastecidos durante o período de cheia ou chuvas, tornando-os grandemente salinos, quando
sofrem evaporação. Ocorrem em regiões desérticas da América do Sul e regiões áridas dos
EUA.
8 – Lagoas Costeiras
Deposições de material na costa, em regiões onde existem bacias, podem originar lagos
costeiros. Onde ocorre muitas vezes uma separação insuficiente, e podemos ter períodos de
água salobra e doce no lago.
Uma depressão causada pelo impacto de um meteoro, que com o acumulo de água da
chuva pode formar um lago. Lagos desse tipo de ocorrência são muito raros no planeta.
Conforme Esteves (1988), as lagunas e lagoas costeiras têm sua origem vinculada aos
processos transgressivos do mar, que ocorreram a partir do Pleistoceno e se prolongaram até
os últimos dois mil anos do Holoceno, quando ocorreu o surgimento da grande maioria das
lagoas costeiras do Brasil. Na formação das lagoas costeiras, além dos processos marinhos,
são evidenciados processos fluviais, eólicos e flúvio-marinho ou uma combinação deles,
como o barramento de córregos já existentes, pela formação de dunas dando origem às
represas naturais. Segundo Gomes (1998), em conseqüência destes processos são encontrados
tanto ecossistemas lacustres de água doce, com alguns apresentando caráter sazonal,
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permanecendo, portanto, secos no período de estiagem e cheios no período chuvoso, quanto
outros possuem longas vidas, como é o caso das Lagoas em estudo, e alguns recebem água
apenas nas marés altas.
Segundo o Prof. Fábio Bráz a origem mais comum para os lagos está relacionada ao
afloramento de aqüíferos suspensos ou confinados, cabendo ressaltar que, consistiu-se
também como uma área de deposição sedimentar constante.
2.2 - SEDIMENTOS
De acordo com Tundisi & Tundisi (2008), a principal característica de ambientes lacustres
é sua baixa hidrodinâmica o que permite a deposição de materiais de baixa granulometria tais
como o silte e a argila, que normalmente ficariam em suspensão em ambientes mais agitados,
o que favorece no verão, a precipitação de carbonatos e de uma sedimentação mais grosseira,
e mais escura no inverno devido à precipitação argilosa rica em matéria orgânica. Esta
sucessão de seqüências com dois termos ou varves é muito freqüente nos lagos de origem
glaciária, mas também se encontra nas barragens hidrelétricas construídas nas montanhas. Os
sedimentos de origem química são principalmente depósitos salinos nos lagos de clima
desértico. No lago mais salgado do mundo a concentração é de 280 g/l ( Mar Morto),
depositam-se essencialmente gesso, cloretos e brometos de sódio, de potássio e magnésio. Um
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bom exemplo deste tipo de sedimentação é a que se verifica no lago Kara-Boghaz, golfo do
mar Cáspio, com 200 km x 130 km de comprimento e com a profundidade de cerca de 10 m).
Nele não deságua nenhum rio e se comunica com o mar por um estreito de 200 m de largura,
com a profundidade de 6 m. Os sais, principalmente sulfatos, depositam-se nas margens e no
fundo do golfo, sobretudo no verão por causa da evaporação intensa e bem menos intensa no
inverno quando a água é mais fria, isso porque os sais são menos solúveis na água fria do que
na água quente. Existem poucos lagos de sedimentação calcária, encontrando-se os mais
conhecidos na Austrália e na Namíbia. Os sedimentos de origem orgânica procedem
principalmente nas plantas herbáceas e no plâncton que se depositam após a sua morte.
Quando a matéria orgânica se decompõe ao abrigo de ar, evolui por processos de
incarbonização tanto para hidrocarbonetos quanto para turfa.
Devido a seu menor tamanho os lagos são mais suscetíveis a mudanças ambientais do que
as bacias marinhas, e acabam apresentando variações mais bruscas . Conforme Soreghan &
Cohen (1996); fatores tectônicos e climáticos, por exemplo, podem afetar drasticamente os
sistemas deposicionais; características físico-químicas da coluna d’água e condições de
produção e preservação de matéria orgânica o que podem levar à formação de rochas
sedimentares como lamitos (maciças) e folhelhos (em lâminas) (Kelts, 1988).
Os principais fatores que regem a sedimentação em rios e lagos podem ser divididos em
físicos, químicos e biológicos. Nos lagos os fatores químicos e/ou biológicos têm um peso tão
grande ou até maior do que os físicos (Rust, 1982).
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2.2.2 ACUMULAÇÕES DE MATERIAS ORGANICAS EM LAGOS
Lagos de origem tectônica não devem ser tratados como “pequenos oceanos” (Scholz et al.
1988). O conceito de lagos, normalmente usados no estudo de bacias marinhas é dificultado
pelas diferentes taxas de mudança nos fatores que controlam o desenvolvimento das
sequências desses ambientes.
No Lago Molawi (África Oriental), por exemplo, Buoniconti & Scholz (2001), propõem
que fases de nível de lago baixo correspondem a períodos de menor escoamento superficial e
conseqüentemente de retenção de sedimentos nas áreas de drenagem, enquanto que as fases
de nível de lago alto estão relacionadas a períodos de maior fluxo de água e aporte sedimentar
para o lago. A deposição de lobos turbidíticos ocorreria durante fases de nível de lago alto, ao
contrário do que se observa nas bacias marinhas. No que se refere ao equilíbrio do aporte
sedimentar, nas bacias em que a subsidência é preponderante, tendem a formarem-se lagos
rasos ou pântanos, enquanto que nas bacias em que o último fator prevalece, temos
surgimento de lagos profundos. Já com relação ao balanço hidrológico, lagos em que a
entrada de sedimento é maior do que a saída (balanço negativo), costumam ser salinos e
efêmeros, enquanto lagos em que a saída destes sedimentos é predominante (balanço positivo)
são dominados por progradações deltaicas.
Os sistemas lacustres segundo Scholz & Rosendhal (1998), podem ser classificados quanto
ao regime hidrológico como abertos e fechados. Os abertos possuem fluxo superficial de água
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e linhas de praia relativamente estáveis, enquanto os fechados não têm fluxo e evaporação.
Evidências sedimentológicas e geoquímicas de lagos atuais indicam que as flutuações de nível
nos lagos são mais dramáticas do que nos oceanos, podendo alcançar centenas de metros em
poucos milhares de anos.
Wetzel (1983) descreve que o fenômeno fundamental na dinâmica dos sistemas lacustres é
a estratificação térmica da coluna d’água, como resultado da má distribuição do calor solar
absolvido pelas camadas superficiais. Para o restante da massa d’água, se desenvolve uma
camada superficial de água menos densa e com uma temperatura relativamente uniforme e
quente (Epilímnio), caracterizada por uma marcante queda de temperatura com a
profundidade (Termoclima) e uma camada de águas mais densas com temperaturas
relativamente uniformes e mais frias (Hipolímnio).
Katz (1990), também relata que em lagos muito profundos a estratificação da coluna
d’água pode manter-se estável por longos períodos de tempo. Da mesma forma nos lagos
onde a camada mais profunda da coluna d’água é mais salina do que a rasa, o contraste de
densidade também pode impedir a circulação. Tal contraste pode ser causado pelo aporte de
águas salinas provenientes de fontes hidrotermais como o Lago Kivu (Degens et al. 1997) ou
por um influxo de água doce subseqüente a uma fase de aridez acentuada.
Nos lagos atuais observa-se uma relação direta entre a área do lago e a profundidade da
termoclima (Olsen & Palatas 1990).
Como o transporte de oxigênio na água por difusão molecular é pouco eficiente, sua
quantidade ao longo da coluna d’água é fortemente controlada pelo padrão de estratificação e
circulação da massa d’água. Nos Lagos Meromíticos como a circulação não envolve toda
coluna d’água, a camada mais profunda pode permanecer isolada acarretando o
desenvolvimento de condições anóxicas permanentes. A atividade dos organismos também
influência diretamente o grau de oxigenação. Em lagos com alta produtividade primária, a
decomposição da matéria orgânica formada na zona fótica, resulta num grande aumento de
consumo de oxigênio no Hipolímnio, que pode se tornar anóxico. Por outro lado, em lagos
com baixa produtividade primária podem prevalecer condições óxicas ao longo de toda
coluna d’água (Esteves, 1998).
Segundo Katz (1995), a água dos lagos podem variar de doce a hipersalina em função de
uma série de fatores. Dentre os quais se destacam a composição das rochas na área de
drenagem e o balanço hidrológico do lago. As variações de salinidade ao longo da coluna
d’água de um único lago, por sua vez, dependem de sua profundidade e seu padrão de
estratificação e circulação. Em lagos rasos a salinidade é geralmente homogênica, enquanto
em lagos profundos e estratificados, pode haver um hipolíminio. A salinidade da água é
condicionada a abundancia e variedade de organismos dos ecossistemas lacustres,
observando-se de modo geral um decréscimo da produtividade primária com o aumento de
salinidade.
Katz (1990), e Keltz (1998), e relatam que em alguns casos, organismos adaptados às
condições de alta salinidade podem ser favorecidos, como algas verdes do gênero
“Dunaliella”, que produzem explosões de produtividade em lagos hipersalinos.
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2.3 - ESTUDO DE CASO
BACIA DE CAMAMU
Figura 01: Localização da Bacia de Camamu na margem leste do Brasil, tendo como limite
norte a Bacia do Recôncavo e Jacuípe, e limite sul a Bacia de Jequitinhonha. Modelo
numérico de terreno gerado a partir da base de dados ETOPO2-GLOBE (2002).
Referências: http://www.portalabpg.org.br/PDPetro/3/trabalhos/IBP0176_05.pdf
A Bacia de Camamu, situada na costa central do Estado da Bahia (figura 01), faz parte
do conjunto de bacias da margem leste associadas com a quebra do Gondwana e subseqüente
abertura do Oceano Atlântico. Ponte & Asmus (1976), relatam que a bacia lacustre de
Camamu teve origem meso-cenozóica e, por toda a margem leste desenvolveu-se um sistema
de rifts continentais devido a este esforço de ruptura, gerando nestas bacias um pacote
sedimentar fundamental para a formação dos sistemas petrolíferos da margem brasileira.
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Esteves (1988), relata que lagunas e lagoas costeiras têm sua origem vinculada aos
processos transgressivos do mar, que ocorreram a partir do Pleistoceno e se prolongaram
até os últimos dois mil anos do Holoceno quando ocorreu o surgimento da grande maioria
das lagoas costeiras do Brasil. Na formação das lagoas costeiras, além dos processos
marinhos, são evidenciados processos fluviais, eólicos e flúvio- marinhos ou uma
combinação deles, como o barramento de córregos já existentes, pela formação de dunas
dando origem às represas naturais.
Seguindo o modelo da margem continental brasileira, Ponte & Asmus (1976), descrevem
que a evolução tectono-sedimentar da Bacia de Camamu pode ser descrita como uma
sucessão dos seguintes estágios:
As formações Rio de Contas e Morro do Barro alcançam uma espessura total de 1.451 m,
sendo constituídas essencialmente por folhelhos cinza-escuros a esverdeados, com pequenas
intercalações de arenitos finos. Na Formação Rio de Contas há um intervalo com cerca de
90 m de espessura e com uma profundidade aproximada variando de 1.070 m a 1.160 m, onde
predominam calcilutitos e margas de coloração creme e cinza-claro (Andreoli et al, 2003).
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Dados palinológicos de poços de Bacia de Camamu (Picarelli & Grillo, 1996) integrados a
dados obtidos nas bacias do Recôncavo e Tucano (Picarelli et al, 1993) indicam que a
passagem do Rio da Serra inferior para o Rio da Serra médio caracteriza-se por uma redução
brusca na abundância de conchostráceos, acompanhada pelo aumento na proporção de
esporos triletes, indicando uma mudança para um clima mais úmido. O Andar Aratu, por sua
vez, é caracterizado pela baixa diversidade palinológica e presença abundante de Classopolis
indicando um clima seco. Os andares Buracica e Jiquiá apresentam um aumento relativo na
diversidade e na quantidade de esporos de pteridófitas, indicando condições climáticas
novamente mais úmidas. O Andar Jiquiá também mostra um aumento da abundância de algas
do gênero Botryococcus, sugerindo um clima ainda mais úmido, com um aporte crescente de
água doce. Ou seja, em linhas gerais o nível de umidade na região de Camamu e do
Recôncavo diminuiu do Rio da Serra ao Aratu, voltando a aumentar do Buracica para o Jiquiá
(Picarelli et al, 1993).
Conforme verificado por vários autores, a evolução dos riftes e o relevo das áreas próximas
a eles exercem um forte controle sobre os tipos de sedimentos depositados na bacia lacustre, o
acontecimento dessa evolução torna-se crucial para reconstruções paliolimnológicas. Na bacia
de Camamu, estudos estratigráficos e de subsidência mostram que a formação Rio da Serra é
caracterizado por intensa atividade das falhas nas bordas do rifte e de rápida subsidência,
enquanto que na formação Aratu e Buracica essa atividade assim como a taxa de subsidência
foram mais calmas (E. G., Lambiase, 1990; Scholz et al 1998).
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Na formação Rio da Serra a bacia de Camamu era um lago profundo, estreito e limitado
por falhas, tendo como base neste cenário são propostos modelos distintos de paliolimnologia
para as rochas geradoras das formações Morro do Barro e Rio de Contas.
Na formação Morro do Barro por ser o lago mais profundo, de água doce a salobra, sob
condições climáticas de aridez crescente, a coluna de água manteve-se estatigrafada, com uma
termolina estável e relativamente rasa, deste modo, a maior parte da coluna de água era
anóxica, o que favorece a preservação da matéria orgânica, mas desfavorece a produção dela.
Dando origem a rochas geradoras com autos índices de hidrogênio, teores de carbono
orgânico moderados a altos e matéria orgânica debilitada em ¹³C.
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2.4. - RELAÇÃO COM O PETRÓLEO
Segundo Tissot & Welte (1984), sedimentos ricos em matéria orgânica de origem lacustre
são responsáveis pela geração de apenas uma pequena parte das reservas mundiais de
petróleo, na maioria, geradas por sedimentos marinhos, entretanto Katz (1990,1995), descreve
que em algumas regiões como (Indonésia, China, Sumatra, Oeste da África, Austrália e
Brasil), esses sedimentos podem constituir a principal fonte geradora de hidrocarbonetos.
Mello & Maxwell (1990), relatam que no Brasil, em particular, os sedimentos lacustres
depositados nas bacias Rifte Eocretácicas da margem continental deram origem a mais de
90% das reservas de petróleo.
Ketz (1998), descreve que fatores tectônicos e climáticos podem afetar drasticamente os
sistemas deposicionais, as características fisioquímicas da coluna d’água, a natureza da biota,
a produção e as condições de preservação da matéria orgânica, como resultado, as rochas
geradoras lacustres costumam apresentar uma menor extensão geográfica e uma maior
variedade composicional e de potencial petrolífero. Esses diversos parâmetros geoquímicos e
dados geológicos podem servir para a reconstrução da história paleolimnológica e o seu
controle sobre o potencial gerador de petróleo de uma seqüência lacustre.
Lambiase (1990), e Carrol & Bohaes (1999), descrevem os lagos tectônicos como a
interação entre subsidência, aporte sedimentar e balanço hidrológico, que controlam as
características físicas e químicas da massa d’água, a natureza e arquitetura dos depósitos
sedimentares e a distribuição e potencial das rochas geradoras de petróleo.
As rochas geradoras de petróleo de origem lacustre são tidas como constituídas por
querogênio do tipo I (Espitalié et al, 1997; Tissot & Welte 1984), caracterizado por ser mais
rico em hidrogênio e portanto, apresentar maior potencial para a geração de hidrocarbonetos
líquidos quando comparado aos querogênios dos tipos II (Marinho) e III (Origem terrestre).
Também é importante mencionar a existência de uma variedade particular de querogênio do
tipo I, denominado com tipo I-S por seu elevado conteúdo de enxofre encontrada em rochas
geradoras lacustres de água salina/hipersalina (Sinninghe Damsté et al, 1993).
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Eugter & Hardie (1978), e Kirkland & Evans (1981), consideram os lagos hipersalinos
como ambientes propícios para o desenvolvimento de rochas ricas em matéria orgânica
devido à freqüente “explosão” de produtividade primária de organismos fitoplanctônicos
adaptados a condições ambientais extremas.
Demaison & Moore (1980), usando como base o lago Tanganika (África Oriental),
desenvolveram o modelo de que grandes lagos profundos e anóxicos, são os ambientes ideais
para a formação de rochas geradoras lacustres.
Keltz (1988), após uma extensa discussão teórica e tendo em conta dados de diversos lagos
recentes e antigos, considera que o lago ideal para a formação de rochas geradoras deve ser o
de clima subtropical, grande, relativamente profundo, mesosalino e alcalino, de modo a
favorecer a concentração de nutrientes, a estratificação da coluna d’água e a manutenção de
um grande volume de biomassa.
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Figura 3 - Diagrama mostrando o ciclo do carbono numa bacia lacustre (Kelts1988).
Katz (1990), ressalta que em ambos os casos, ambiente óxico ou anóxico, altas taxas de
sedimentação podem afetar drasticamente o conteúdo orgânico final devido o efeito de
diluição da matéria orgânica pelos sedimentos.
Os lagos são modelos de ambientes muito especiais, cuja compreensão dos processos que
controlam a formação das rochas lacustres com potencial petrolífero, ainda está em continuo
processo evolutivo. No futuro, modelos matemáticos, sedimentológicos, estratigráficos e
geoquímicos, certamente mais desenvolvidos, ajudarão no entendimento do processo lacustre
sobre a formação de rochas geradoras de petróleo (Paz & Rossetti 2001, 2005).
Nos últimos anos os reservatórios glaciais paleozóicos receberam uma atenção especial,
devido a sua boa produção de hidrocarbonetos em arenitos de bacias remanescentes da
Gonduana (França & Potter 1991, Potter Et al. 1995, O¨Brien Et al. 1998).
Exemplos disso é que na península Arábica foram encontrados 3,5 bilhões de barris de
petróleo em reservatórios glaciais neopaleozóicos, no Brasil foi recentemente descoberto o
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campo de Barra Bonita em arenitos do grupo itararé da bacia do Paraná que, tem como rocha
mãe folhelhos devonianos da formação Ponta Grossa (Potter et al. 1995).
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CONCLUSÃO
Foi concluído que lago é o nome genérico dado a toda massa de água que se acumula de
forma natural numa depressão topográfica dentro do continente, totalmente cercada por terra.
Os lagos podem ser de água doce, salobra ou salgada e variam em forma, tamanho e
profundidade. Os de menor superfície são por vezes chamados lagoa, enquanto os maiores são
chamados de mares restritos, com diversos agentes de formação.
São ambientes propícios para a deposição de sedimentos finos clásticos e orgânicos, tais
como areia fina, silte e argila devido a sua baixa hidrodinâmica. Tais condições são favoráveis
a formação de rochas como folhelhos, siltitos, argilitos e arenitos finos, sendo o folhelho
uma excelente rocha geradora e selante de hidrocarbonetos.
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA IMPRESSA:
TUNDISI, J. G; TUNDISI, M. Takako. Limnologia. Oficina de Textos. v.1 , Pág. 48-59, São
Paulo, 2008.
INFOPÉDIA. Lagos.
Disponível em: <http://www.infopedia.pt/$lago>. Acessado em: 2 mar. 2009
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PETROLEUM GEOSCIENCES TECHNOLOGIES. Formação De Rochas Geradoras
Lacustres: O Exemplo Da Bacia De Camamu, NE Do Brasil.
Disponível em:<http://mundopetroleo.files.wordpress.com/2008/02/geradores_lacustres.pdf>
ou < www.scribd.com/doc/3878018/geradores-lacustres1>. Acessado em: 2 mar. 2009.
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