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O termo holding é de origem inglesa, formada a partir do prefixo hold, que significa
“controlar”, ou seja, é uma sociedade que controla outras sociedades. Nesse sentido, Modesto
Carvalhosa conceitua holding como: "[...] sociedades operacionais, constituídas para o exercício
do poder de controle ou para a participação relevante em outras sociedades [...]". 1Já para Fábio
Konder Comparato,: [...] as holdings apresentam-se como um meio extremamente útil para
centralizar o controle de um grupo, descentralizando a administração, gerindo de forma unificada
grupos de sociedades, que se têm difundido pela prática econômica moderna [...] 2
Em suma, Holding é uma empresa que tem como sua principal atividade a participação
majoritária em várias empresas, detendo assim, controle da administração e políticas empresariais
das empresas “subsidiárias”.
Tal arranjo institucional é muito utilizado contemporaneamente, e não sem motivos, pois,
há inúmeras vantagens que a criação de holdings, com os fins já expostos, oferece ao gestor do
referido arranjo.
1 CARVALHOSA, Modesto. Comentários à Lei de Sociedade Anônimas. Volume II. 3º edição. Editora Saraiva, São
Paulo: 2003.
2 COMPARATO, Fabio Conder. O poder de controle na sociedade anônima. 6ºed, rev. Atual. Editora Forense, Rio
de Janeiro: 2014.
herdeiros, além, através de cláusulas específicas no estatuto ou contrato social, indicar os
sucessores da sociedade, sem atritos ou processos judiciais.3
É nesse cenário, tendo conhecimento de tais riscos, que a holding serve como uma
medida legal que busque proteger o patrimônio, permitindo o repasse desses bens como
3 SILVA, N. R. V. da. Holding - um instrumento de blindagem patrimonial e de estratégia corporativa. 2016. 21f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Contábeis) – Universidade Estadual da Paraíba, Centro
de Ciências Sociais Aplicadas, 2016.
4 SILVA, W.D. Holding – ênfase em planejamento tributário. Trabalho de Conclusão de Curso (Pós-Graduação em
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Contábeis) – Universidade Estadual da Paraíba, Centro
de Ciências Sociais Aplicadas, 2016.
6 SILVA, N. R. V. da. Holding - um instrumento de blindagem patrimonial e de estratégia corporativa. 2016. 21f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Contábeis) – Universidade Estadual da Paraíba, Centro
de Ciências Sociais Aplicadas, 2016.
integralização do capital social da holding, distanciando a pessoa do sócio em relação ao
patrimônio, dessa maneira, blindando e protegendo seus bens.
No mesmo sentido, Juliana Paola Avilla Petrin e Ricardo Pereira Rios, elucidam:
Nesse diapasão, os bens da pessoa física serão transferidos para uma holding por ela
constituída, a título de integralização de capital social. A pessoa física, por sua vez, em vez de ser
detentora de diversos imóveis e eventualmente bens móveis, passará a ser detentora somente das
quotas ou ações da holding, gerando uma segurança maior para o seu patrimônio. Isso faz com
que a probabilidade de penhora em demandas trabalhistas e execuções fiscais, seja bem menor
do que se tivesse em propriedade da pessoa física.
Além disso, a transferência/venda e tais bens para terceiros, não será exigido uma
Certidão Negativa de Débito, dessa forma, se a pessoa física for devedora de ativos trabalhistas
ou tributários, ela não terá como retirar essa certidão. Porém, com a transferência desses bens
para uma holding, eles poderão ser livremente transferidos para terceiros, mediante a apresentação
da certidão negativa da holding e não da Pessoa Física endividada.
Em suma, considerando todo o cenário apresentado, na hora da penhora dos bens para
a execução, o executante se deparará com ausência de bens passíveis de penhora, ao passo que
tais bens foram integralizados na constituição da Holding, em que o devedor figurará como
integrante.
Contudo, tal forma de blindagem, está sujeita ao peso da lei. Na medida em que fica
provado que a motivação para a criação da Holding foi com fins de dificultar a garantia do credor,
o ato se caracterizará como esvaziamento patrimonial do devedor, sendo isso constituído como
desvio de finalidade da holding, pois, tinha como objetivo ocultação de patrimônio.
7
PETRIN, Juliana Paola Avilla; RIOS, Ricardo Pereira. A Holding e o Processo da Sucessão Familiar. Revista
Eletrônica Gestão e Negócios, 2014. Vol. 5, nº 1, p. 18.
Assim sendo, vai ser anunciada a hipótese de desconsideração da personalidade
jurídica da holding, pois, configura-se abuso de tal, pois, desvia de sua finalidade, situações
fundamentadas pelo art.50 do CC e parágrafo 2º do art.4 da Lei 6.830/1980. Outra possibilidade, é
a partir do art.185 do CTN, se tal transferência de patrimônio ocorrer quando a dívida ativa. 8
Finalizando, conclui-se que há possibilidade de uma pessoa blindar seus bens, incluindo
suas participações societárias ou empresas em seu nome, criando uma holding. Porém, há também
formas, se for caracterizada fraude por sua parte, de tal blindagem ser desconstituída, sofrendo o
devedor assim a penhora dos referidos bens.