Você está na página 1de 28

1

10 atitudes para transformar sua vida financeira em 2016

No início de 2016 utilizamos uma das redes sociais do Dinheirama para


divulgar uma imagem. Para nossa surpresa, em poucos minutos a imagem
“viralizou”, alcançando rapidamente pessoas que não conheciam nosso
trabalho de conscientização em torno da educação financeira como uma
escolha importante para conquistar uma vida mais rica e feliz.

A imagem sugeria 16 resoluções para que o ano de 2016 fosse melhor do


que o esperado, principalmente porque o sentimento de pessimismo ge-
neralizado acaba por paralisar e cegar boa parte das pessoas.

16 RESOLUCOES
PARA 2016
AGRADEÇA MAIS
GASTE -
PARE DE NÃO PERCA COM
E INVISTA +
RECLAMAR O QUE NÃO TEM SOLUÇÃO
VOLUNTARIE-SE

CUMPRIMENTE
O PORTEIRO
DESLIGUE A TV LEIA UM
OUÇA ANTES
DE FINANÇAS PESSOAIS
DE RESPONDER
OU DE INVESTIMENTOS

REVELE FOTOS E PARTICIPE DE PRESENTEIE


MONTE UM ÁLBUM UMA CORRIDA QUEM VOCÊ AMA
CHORE QUANDO
DER VONTADE

TENHA TEMPO
PARA SI OLHE MAIS NOS COMPARTILHE
OLHOS DAS PESSOAS A LISTA
COM PESSOAS
IMPORTANTES
NA SUA VIDA

2
Com o passar dos dias, recebemos muitas mensagens de leitores pedin-
do que criássemos um material um pouco mais denso, com atitudes e
resoluções capazes de transformar a vida financeira das pessoas.

O desafio proposto foi aceito e este material foi criado com o objetivo
sincero de ser mais um instrumento de harmonização financeira. Que-
remos que este eBook transforme a sua forma de pensar!

Aproveite a leitura e compartilhe sempre o que aprendeu com os ami-


gos e familiares, afinal a responsabilidade de que tem acesso a infor-
mação e conhecimento de qualidade é sempre muito grande. Nós con-
tamos com você!

3
1. Agradeça (de verdade) pelo que já possui

Parece clichê, dica de livro de autoajuda e até mesmo conselho chato de


mãe, mas é importante demonstrar gratidão pela história criada até o dia de
hoje. Se você não mostrar apreço pela pessoa que vê no espelho, será difícil
contar com ela para ajustar as finanças e colocar o bolso em dia.

E quando falamos em agradecer pelo que você já possui, queremos apenas


que você reconheça que as dificuldades existem, mas que você e sua famí-
lia também podem superá-las se assim desejarem. Agradecer porque vocês
têm oportunidades (com o contato a este material) de reavaliar determina-
das decisões, mas sem ignorar a importância delas na formação de todos.

Errar é normal, e nós já erramos bastante (e continuamos errando). No entan-


to, se deixar levar pelos erros e suas consequências ruins é abrir mão da chan-
ce de aprender a mudar a própria história. Agradecer pelos erros é também
entender que eles são uma escola fantástica para o sucesso. Da próxima vez
que você errar, observe e interprete os sinais e aprenda com a experiência.

Lembre-se também que o passado você apenas contempla, mas para que
essa “viagem” faça sentido você terá que se desprender de certas amarras
emocionais e vestir o manto da humildade. Agradeça por ser quem você é e
aceite o desafio de vencer apenas a si mesmo, em uma competição por bem
-estar, felicidade e qualidade de vida. Agradeça e vamos em frente!

CLIQUE AQUI P ARA UM


VÍDEO RELACIONADO

4
2. Enxergue suas finanças como prioridade

Dinheiro é bom e todo mundo gosta! Essa afirmação não é uma invenção
nossa e é bem antiga. Ah, sim, dinheiro foi feito para ser gasto, mas isso
não significa que devemos desperdiçá-lo, certo? Óbvio? Sim, mas na prá-
tica a situação é bem diferente (o dinheiro vira até razão para acabar com
relacionamentos de muitos anos, isso não é loucura?).

Finanças familiares precisam ser uma prioridade. O que isso significa? Que
é fundamental colocar o dinheiro como um dos pilares de uma vida familiar
equilibrada, saudável e feliz. Ora, todos nós temos preocupações genuínas
com a saúde, trabalho, relacionamentos pessoais, por que o dinheiro fica
de fora dessas conversas profundas?

Tem a coisa do tabu. O dinheiro é algo que as pessoas preferem manter


em segredo, como se fosse um assunto particular a ponto de ser fechado
em uma espécie de “caixa preta”. Só você tem a chave desse baú, mas ainda
assim ela nunca está à mão e mexer ali dentro costuma ser doloroso.

Não precisa ser assim. Quando tratamos as finanças como algo importan-
te, passamos a contemplar o orçamento familiar como algo comum, do
cotidiano, o que permite que troquemos a “caixa preta” por uma planilha
compartilhada, sem chave e sem mistérios, de modo que os objetivos de
todos estejam ali refletidos e municiados.

CLIQUE AQUI P ARA UM


VÍDEO RELACIONADO

5
3. Encare suas dívidas com coragem e humildade

O problema é que você está endividado, certo? Fique tranquilo, você não
está sozinho. E dizemos mais: esta não será sua última dívida, e não é isso
que necessariamente deve acontecer. O lance do endividamento excessi-
vo é que ele tira o seu principal meio de viver com dignidade: o sorriso no
rosto, a alegria do dia a dia, a felicidade nos pequenos detalhes.

É preciso aceitar e entender as implicações de viver em um país com uma


das taxas de juros mais elevadas do mundo. Por aqui, os juros do cartão de
crédito são, em média, de 430% ao ano. No Peru, os juros são de 55%; no
Chile, 54,24%; na Argentina, 50%. Nos EUA, a taxa média é de 17% ao ano.

Isso significa que uma dívida não paga no cartão de crédito pode dobrar
em seis meses aqui no Brasil. O cheque especial também é perigoso na me-
dida em que juros elevados (mais de 200% ao ano) e é muito fácil de usar.
Tenha em mente que crédito fácil é crédito caro.

O remédio para problemas financeiros graves não é apenas mais dinheiro,


mas coragem e humildade. Coragem para aceitar a responsabilidade e colo-
car-se diante das dívidas da maneira certa: como único responsável por elas,
ainda que circunstâncias tenham favorecido o cenário ruim; humildade para
evitar a tentação de, a qualquer momento, voltar a culpar o sistema.

O principal neste momento é reunir a família, abrir o jogo e pedir ajuda.


Não importa se a conversa será difícil ou até mesmo desagradável, ela é
necessária e urgente. Lembre-se da humildade e coragem para deixar cla-
ro que não se trata de uma “caça às bruxas” (busca por culpados), mas de
um momento de união, reflexão e atitude.

6
Durante a reunião, exponha os seus sentimentos de maneira honesta e in-
centive os demais membros da família a fazer o mesmo. Deixe que todos
participem tanto na análise/entendimento dos fatos que levaram a família
ao problema, quanto na sugestão de soluções/melhorias para corrigir a si-
tuação. Tome nota de tudo o que julgar importante, pois deste encontro
vocês farão um plano para acabar com as dívidas.

É prudente, portanto controlar o nível de endividamento familiar para não


permitir que os juros cobrados criem o famoso efeito “bola de neve”. É con-
senso entre especialistas que o nível máximo de dívidas ou compras parce-
ladas não ultrapasse 30% do orçamento familiar mensal.

7
4. Crie um plano para lidar com as dívidas

Nós bem sabemos como é difícil dormir quando as dívidas somam altos
valores e continuam a crescer enquanto tentamos sonhar. Isso é horrível,
mas agora você já entendeu que pode mudar essa história (e nós estamos
aqui para incentivá-lo e ajudá-lo). É hora de colocar os pingos nos “is” e
criar uma estratégia vencedora para lidar com o endividamento.

Sugerimos este roteiro para vencer e acabar com as dívidas de forma de-
finitiva:

• Diagnóstico. É o primeiro passo para entender exatamente o que


está acontecendo. Separe algumas horas para fazer um levantamento
completo de todas as dívidas e de sua situação financeira. Apure des-
de o saldo devedor atualizado até os juros que estão sendo cobrados.
O importante neste início é manter a organização em torno dos docu-
mentos e criar uma rotina para que a disciplina permita a você construir
esse “mapa”. O objetivo, diante de tantas informações, é dimensionar o
real tamanho do problema;

• Priorização. Nesse momento, onde tudo já está organizado e docu-


mentado, você estará pronto para ir para o segundo passo, que é a de-
finição de prioridades. Nem sempre será possível quitar todas as suas
dívidas em uma única vez – aliás, ter essa chance é algo bem raro. As-
sim, a primeira opção deve ser pagar as dívidas cujas taxas de juros se-
jam maiores, afinal elas aumentarão o saldo devedor com mais rapidez.
Dívidas pequenas e que poderão ser logo quitadas também devem ser
priorizadas, pois a sensação de pagá-las (a vitória) gerará motivação.
Dívidas com o rotativo do cartão de crédito e o cheque especial devem
ser as primeiras a serem quitadas sempre;

8
• Negociação. O brasileiro tem muita vergonha de pedir desconto e,
por uma questão cultural decorrente dessa característica, quem faz
uma negociação de dívida muitas vezes acaba abrindo mão de apresen-
tar uma contraproposta para o credor. A vergonha de barganhar geral-
mente custa caro, muito caro. Lembre-se que o interesse de receber por
parte do credor é grande. Nesse momento, quem está pagando pode e
deve apresentar uma proposta justa, mas que caiba dentro de do or-
çamento (por isso a importância do diagnóstico e da priorização). Não
tenha vergonha de buscar condições melhores e de discutir as taxas de
juros que são cobradas. Se não sair um acordo, busque ajuda nos órgãos
de apoio e defesa do consumidor;

• Honrar o pagamento do acordo realizado. Quando se termina uma


negociação entre credores e devedores, o resultado normalmente é
uma proposta justa. A partir daí, é importante que se mantenha o pa-
gamento do acordo. Para isso, é fundamental que o orçamento da famí-
lia esteja preparado para suportar um período com essa nova despesa.
Ajustar o padrão de vida para essa importante decisão significa colocar
em prática novos hábitos financeiros. Evite ao máximo contrair novas
despesas e use a motivação do objetivo de livrar-se das dívidas para
manter o equilíbrio;

• Enfrentar o verdadeiro “vilão”. É comum em situações delicadas


como as relacionadas ao endividamento ficarmos buscando culpados.
Muitas vezes, nos escondemos em desculpas e tentamos responsabili-
zar os outros por exageros nossos – é muito simples e confortável colo-
car a culpa no cartão de crédito, nos juros altos, na loja que sempre faz
promoções, no vizinho que sempre compra coisas e etc. É hora de aban-
donar o comodismo e aceitar que nós somos os reais culpados por nos-
sos erros. Temos que assumir o papel de protagonistas de nossa própria
vida, o que inclui lidar bem também com as frustrações. Difícil? Talvez.
Necessário? Sem dúvida. Importante? Muito!

9
Viver endividado não é fácil, por isso é importante mais uma vez destacar
a necessidade de não deixar a situação fugir do controle. Você está no co-
mando e é só com suas ações que o problema será resolvido. Não sabe por
onde começar? Foque no seu orçamento doméstico, planeje as compras e
não se esqueça de sua reserva de emergências.

CLIQUE AQUI P ARA UM


VÍDEO RELACIONADO

10
5. Construa uma reserva para emergências

Guardar dinheiro para situações imprevistas e emergências é algo funda-


mental dentro do conceito de educação financeira. A vida nos dias de hoje
é muito complexa e também arriscada para que você aposte que nunca
precisará disso.

Nas nossas palestras sempre nos perguntam “Qual é a única certeza que
você tem em relação às emergências? ” e a resposta vem em uníssono:
“Que elas acontecem de tempos em tempos”. Em tempos de “vacas ma-
gras” como o atual, o risco aumenta ainda mais com a possibilidade de per-
da do emprego ou queda nas vendas do seu negócio.

Bem, mãos à obra. Vamos sugerir alguns passos para você se organizar e
criar sua reserva de emergência o quanto antes, acompanhe:

• Registre suas receitas e despesas. Faça um controle bem detalha-


do, de pelo menos três meses, de todas as despesas da família. Faça o
mesmo com suas receitas liquidas (já descontados Imposto de Renda,
deduções, contribuições e etc.). Se precisar de ajuda com isso, use nossa
super planilha (gratuita) de orçamento (clique aqui para download);

• Separe o importante do supérfluo. Agora com uma ótima visibi-


lidade da situação financeira familiar, reúna a família e, juntos, façam
uma análise profunda, identificando os itens que poderão ser cortados.
Apenas tenha o cuidado de não realizar cortes demasiados ao ponto de
agredir o estilo de vida da família. Algo interessante a se fazer é listar
em ordem crescente quais são os gastos prioritários. Isso ajuda muito a
separar o importante do supérfluo. E caso tenha dívidas, verifique com
a família se realmente é necessário mantê-las;

11
• Defina um valor mensal a ser poupado. Com algumas despesas cor-
tadas e algum dinheiro sobrando por conta da priorização mais inteli-
gente, já é possível começar a poupar. Defina um valor fixo mensal a ser
poupado ou um percentual da renda familiar para começar a guardar.
Ainda que este valor seja pequeno, é importante realizar este passo
para que a rotina do investimento seja estabelecida;

• Escolha investimentos adequados ao seu perfil. Decida qual será o


destino dado ao dinheiro poupado. Aqui é necessário levar em conside-
ração o perfil do investidor (conservador, moderado ou agressivo), bem
como o montante a ser aplicado e também a sua experiência como in-
vestidor. Há ainda questões tributárias (impostos e incentivos) e custos
administrativos que precisam ser compreendidos. Considerando que a
maioria das pessoas tem perfil conservador e que a reserva de emer-
gência precisa de liquidez e baixo risco, uma boa opção que combina
renda, segurança e liquidez são os títulos públicos e a renda fixa em ge-
ral. Sugerimos a leitura de um material bem completo que explica tudo
isso (clique aqui para download gratuito);

• Mantenha o dinheiro como uma prioridade. A cada 6 meses (ou um


ano, dependendo do montante poupado), faça uma nova avaliação da
situação financeira da família para verificar como está o crescimento da
reserva de emergência e se já é possível considerar novos investimen-
tos em outros objetivos e metas. O ideal é que você acumule o equiva-
lente a 10 meses de renda líquida mensal em sua reserva de emergên-
cia, e você pode construir a reserva em paralelo a outros investimentos
desde que eles também ofereçam boa liquidez e segurança. Arriscar, só
depois de ter seu fundo de reserva criado. Analisar com frequência é
importante para observar se a velocidade de crescimento da reserva
atende às suas expectativas ou necessidades e permitir ajustes (apor-
tes maiores em meses com mais receitas, por exemplo).

12
O sucesso na criação da reserva de emergência e, consequentemente, no
hábito de investir está intimamente ligado à duas características que, caso
você não possua, precisará desenvolver: disciplina e persistência.

$0$
CLIQUE AQUI P ARA UM
VÍDEO RELACIONADO

13
6. Defina objetivos de curto, médio e longo prazo

Você certamente já ouviu o ditado popular que diz que “para quem não
sabe para onde está indo, qualquer caminho serve”, certo? Quando se tra-
ta de dinheiro e finanças pessoais, isso é bem verdadeiro e perigoso. Sem
metas claras, não faz sentido economizar e questionar despesas e padrão
de vida, mas isso pode se transformar em uma armadilha.

O consumo por impulso é, dentre outros fatores, aquele mais característi-


co da família sem objetivos e cujos verdadeiros sonhos foram trocados por
prazer imediato. Nós costumamos usar o exemplo das pessoas de classe
média que fazem uma viagem por ano e se endividam para isso, mas não
conseguem realizar a viagem que sempre sonharam. Será que isso faz sen-
tido?

Quando falamos de objetivos, o que queremos é que você organize sua


vida de forma a facilitar as escolhas cotidianas. A ideia é criar uma atmos-
fera tal que você consiga relacionar decisões a consequências envolvendo
os seus sonhos, algo do tipo: “Eu preciso mesmo disso agora? Se eu com-
prar e me endividar, quanto estarei me afastando do objetivo de realizar a
viagem dos sonhos daqui dois anos”?

Para ajudar neste processo de “quebrar” sonhos em objetivos de curto,


médio e longo prazo, tenha em mente o seguinte:

• Curto prazo é tudo aquilo que você pretende fazer dentro de um ano;
• Médio prazo é o que você pretende realizar entre um e cinco anos;
• Longo prazo é aquilo que você quer ser/ter depois de cinco anos.

Não, esta não é uma regra, mas um balizador para facilitar seu planeja-
mento. Agora você precisa olhar para os objetivos e precificá-los, de ma-
neira a encaixá-los na sua realidade financeira em termos de investimento
e tempo para sua realização.

14
Se a viagem vai custar R$ 12 mil e você pode poupar R$ 500,00 por mês
para tal, ela acontecerá dentro de dois anos, a menos que você encontre
formas de aumentar sua renda ou reveja suas prioridades no orçamento
(pode ser que você esteja desperdiçando recursos e dando valor demais
para algo que não agrega nada na sua qualidade de vida).

Você conseguiu entender a dinâmica da coisa? Cada um de nós tem objeti-


vos diferentes e cuja relevância é singular, até mesmo individual. Tem gen-
te que adora carros (mesmo!) e então gastar dinheiro com isso faz total
sentido (é um prazer, algo que o faz feliz); outros gostam mesmo é de via-
jar. A questão é estruturar o orçamento para permitir essas alegrias sem o
endividamento excessivo e caro geralmente praticado no Brasil.

CLIQUE AQUI P ARA UM


VÍDEO RELACIONADO

15
7. Gaste menos do que ganha

Agora que você já chegou até aqui, atenção: tudo que você leu e vai colo-
car em prática só fará sentido se você compreender que a educação finan-
ceira não é apenas uma saída paliativa para problemas financeiros, mas um
estilo de vida.

Seremos mais incisivos: educação financeira é escolher a qualidade de vida


em detrimento do status, e isso é algo para a vida toda! A regra de ouro das
finanças pessoais é simples e fácil de compreender: ou você gasta menos
do que ganha ou será sempre um escravo do dinheiro (e do consumo).

O padrão de vida é mais do que apenas um nome bonito para definir como
devemos viver. O padrão de vida é o que determina se seremos capazes de
manter nossa qualidade de vida e criar patrimônio para aproveitar a vida
durante todas as suas fases (elas são muitas e estamos vivendo cada vez
mais).

Assim, viver um padrão de vida sustentável é o primeiro passo para orga-


nizar as finanças pessoais e o orçamento familiar. Na prática, isso significa
manter as despesas mensais abaixo das receitas, de modo que exista sobra
capaz de ser investida para sonhos e projetos familiares de curto, médio e
longo prazo.

Viagens, casa própria, um carro novo, cursar um MBA, dentre outras re-
alizações, são exemplos de decisões que precisam ser pensadas de acor-
do com o padrão de vida, e não o contrário (muita gente compra para só
depois ver como vai conseguir pagar). Existe um termo que define bem a
ideia de viver com menos do que ganhamos: sustentabilidade financeira.
A disciplina é o ingrediente mais importante em relação ao planejamento
financeiro. Em educação financeira, costumamos chamar de disciplina a
união de três fatores: tempo, dinheiro e planejamento.

16
Tempo é um ingrediente fundamental porque facilita o acúmulo de patri-
mônio. Começar cedo e ter um longo horizonte pela frente – algo que os
jovens de hoje podem viver (diferente da geração da hiperinflação) – per-
mite que investimentos sejam feitos a partir de aportes menores.

O dinheiro diz respeito à regra de ouro das finanças pessoais que é foco
deste item: gastar menos do que ganha e destinar parte da renda para
criar o futuro desejado (mais tempo livre, aposentadoria melhor e por aí
vai). Assim, é fundamental destinar pelo menos 15% de nossas receitas lí-
quidas para projetos futuros de vida, usando o tempo como balizador (cur-
to, médio e longo prazo, conforme já vimos).

O planejamento significa questionar-se sempre em relação aos objetivos


e metas ligadas ao dinheiro – o que garantirá que o tempo e os aportes
necessários serão respeitados e contribuirão para a realização destes so-
nhos. Disciplina, portanto, é entender que educação financeira é um pro-
cesso, não uma decisão isolada, e por isso gastar menos do que ganha pre-
cisa ser um hábito, não apenas uma escolha temporária.

��

��
��

��

��


CLIQUE AQUI P ARA UM
VÍDEO RELACIONADO

17
8. Registre (e controle) suas receitas e despesas

Não dá para ter bons resultados financeiros apenas confiando na contabi-


lidade mental ou no bom senso. Confiar nas suas capacidades é importan-
te, mas gastar dinheiro envolve emoção, e aí não há controle mental capaz
de superar uma estratégia clara e devidamente elaborada.

Não há como negar que o orçamento doméstico ainda é uma ferramenta mal
utilizada e, principalmente, pouco compreendida. Para muitos, controlar as
finanças tem um quê de masoquismo (olhar com cuidado para os gastos soa
como frear a “beleza” do estilo de vida “aqui agora”), enquanto para outros
torna a vida muito difícil porque a resume a economizar cada vez mais (o
indivíduo não relaxa e só pensa em não gastar).

Cuidar do dinheiro é importante? Sim, mas do jeito certo. O papel do con-


trole financeiro será sempre diagnosticar a real situação financeira fami-
liar. Pergunte por aí e preste atenção: o orçamento doméstico é importan-
te e são poucas as pessoas que discordam desta afirmação. Ou seja, ele é
apontado por muitos como algo relevante, mas o tabu em relação ao con-
trole financeiro ainda o coloca como uma fonte de ansiedade e angústia.

O problema? Tendemos a culpar a ferramenta, quando são nossos compor-


tamentos e decisões (ou falta delas) que tornam o uso do orçamento algo
penoso e com poucos resultados. Volto a insistir que finanças pessoais não
é um tema ligado à matemática ou às finanças como disciplinas, mas sim
uma questão humana.

É fundamental manter planilha, controle financeiro online ou qualquer


forma de controle efetivo para servir de bússola para suas decisões de
consumo – isso significa ter uma estratégia e ser proativo. Só dessa for-
ma será possível dimensionar os gastos e traçar um plano inteligente para
cortar aquilo que destrói as finanças da família e a afasta de seus sonhos.

18
A esta altura, torço para que você esteja com vontade de voltar a anotar
suas receitas e despesas, avaliar suas decisões de consumo e questionar
mais sua vida financeira. “Que ferramenta vou usar para isso, amigos do
Dinheirama? ”, você pergunta. É imperativo que você experimente as op-
ções disponíveis e construa a sua ferramenta ideal.

Nós oferecemos uma planilha online completamente gratuita (clique aqui


para acessá-la), mas somos uma dentre as muitas alternativas. O que não é
legal é esconder-se na desculpa “Nenhuma das ferramentas deu certo co-
migo” e seguir deixando o controle financeiro de lado. Portanto, use diver-
sas versões de planilhas, faça um test drive nas ferramentas/aplicativos
online e adapte o que conseguir para que a ferramenta faça sentido para
sua família.

Converse com as pessoas bem-sucedidas que você admira e leia sobre


grandes personalidades. Duas situações serão comuns nas histórias con-
tadas: eles erraram em algum momento porque negligenciaram a impor-
tância do orçamento doméstico; e eles foram humildes para reconhecer o
erro e trabalhar para corrigi-lo, passando a usar ferramentas de controle
financeiro de forma frequente.

Portanto, a pergunta certa não é “Qual é a melhor maneira de controlar


meu dinheiro? ”, mas sim “Quem é responsável por fazer isso? ”. Repare que
as respostas para estas dúvidas são bem diferentes. Na primeira, o foco é
na ferramenta, no que os outros oferecem para resolver um problema que
é seu; na segunda, o foco é no comportamento e no responsável – você
precisa fazer alguma coisa.

Recapitulando: registre receitas, despesas e faça uma análise frequente


deste orçamento ao lado da família. Suas prioridades precisarão se refle-
tir neste controle, criando assim sua estratégia financeira rumo aos seus
sonhos.

19
Se estiver “travado”, simplesmente comece. E insista. Anote tudo, rabisque,
classifique, passe de uma planilha para outra, experimente um software ou
aplicativo, peça ajuda, recomece. Faça tudo de novo. Aceite que isso é re-
levante e faça alguma coisa. Faça algum controle financeiro. Sempre!

CLIQUE AQUI P ARA UM


VÍDEO RELACIONADO

20
9. Aproveite os juros altos para investir (mas fuja da poupança)

Se você é o responsável pelas compras de supermercado na sua casa, sabe


bem como andam os preços das coisas. A inflação voltou com tudo nestes
últimos anos e passou de dois dígitos no ano de 2015 (o IPCA medido foi de
10,67% no período). Ou seja, nosso poder de compra está se deteriorando
de forma mais acelerada e cruel que no passado recente do Plano Real.

Na prática, isso significa que você precisa cuidar do seu dinheiro em uma
velocidade maior do que a alta dos preços, ou sofrerá as consequências de
não ter dinheiro para comprar as mesmas coisas que comprava anos atrás.

Um dos mecanismos para manter e elevar o poder de compra são os inves-


timentos. Poupar parte dos recursos financeiros e investir em alternativas
inteligentes e rentáveis pode garantir a perpetuação de seu patrimônio e,
mais, a garantia do poder de compra ao longo dos anos.

Você investe com frequência? Como faz seus investimentos? A caderneta de


poupança não é uma resposta adequada no atual cenário econômico brasi-
leiro. Conversamos sobre a inflação que bateu quase 11% em 2015, enquan-
to a poupança rendeu 8% no mesmo período. Ou seja: o dinheiro investido
“cresceu” menos que os preços praticados nos produtos Brasil afora.

Em outras palavras: mesmo com dinheiro na poupança, você empobreceu!


Parece exagero escrever algo assim, mas não há outra maneira de sensi-
bilizar você para a urgência de migrar recursos da poupança para alterna-
tivas melhores e mais seguras. O destaque fica para os investimentos em
Renda Fixa, com rentabilidade 40% a 60% maior que a da caderneta.

Com a taxa de juros em alta, muito se ouve falar em investimentos de ren-


da fixa, mas afinal, o que é renda fixa? Toda aplicação de renda fixa é um
empréstimo de dinheiro por um tempo determinado. Você aplica, mas isso
significa que você empresta o dinheiro para uma determinada instituição,
que usará esse capital e o devolverá depois, mas corrigido.

21
No final de um determinado período, o que recebemos é o nosso dinheiro
investido mais um montante de juros acordado no momento da aplicação.

Hoje temos dois principais produtos em renda fixa, são eles: Tesouro Dire-
to e LCI/LCA – Letras de Crédito Imobiliário e Letras de Crédito Agrário.

Destacamos estes dois porque eles possuem uma relação risco/retorno


interessante e custos mais baixos, sendo um bom ponto de partida para
quem ainda não investe. Existem ainda outras aplicações (CDB, fundos
conservadores, debêntures etc.), mas com mais interesse de sua parte
você logo saberá aprofundar seu conhecimento neste sentido.

Tesouro Direto

O Tesouro Direto é a oportunidade de negociar títulos públicos, emitidos


pelo Governo Federal, e é um dos investimentos de renda fixa mais acessí-
veis disponíveis hoje. A partir de R$ 30,00 você já pode iniciar seus inves-
timentos e o processo é bem simples e seguro.

Você pode optar pelos títulos prefixados ou pós-fixados: Os prefixados


oferecem uma taxa fixa até o vencimento do título, já os pós-fixados po-
dem oferecer uma taxa fixa mais a variação de um indexador (IPCA, por
exemplo) ou apenas a variação de um indexador (Selic).

Para o longo prazo: Tesouro IPCA+ (antiga NTN-B Principal)

Para investimentos de longo prazo, como aposentadoria, poupança dos fi-


lhos ou para mais de três anos, você pode optar pelo Tesouro IPCA+, título
público que paga uma taxa fixa que hoje está em torno de 6,3% mais a va-
riação da inflação oficial do período (IPCA).

O Tesouro IPCA+ é o título mais recomendado porque como no longo pra-


zo a nossa inflação pode ser alta e muito difícil de estimar, ela pode corroer
seus rendimentos. Por isso, quando se pensa em longo prazo, você deve
procurar aplicações que ofereçam proteção conta inflação.

22
Para o médio prazo: Tesouro Prefixado (antiga LTN)

Agora, se você está pensando no médio prazo, como por exemplo dar en-
trada em um imóvel daqui dois ou três anos, o título mais indicado é o Te-
souro Prefixado, título público prefixado que está pagando uma taxa fixa
em torno de 13% ao ano. Essa acaba sendo a melhor para esse prazo por-
que é um título que sempre vai valer R$ 1.000,00 no vencimento, e fica
mais fácil de planejar algo.

Para o curto prazo: Tesouro Selic (antiga LFT)

Se você vai precisar do dinheiro no curto prazo ou ainda não tem uma data
definida, pode escolher o Tesouro Selic, título pós-fixado que paga a varia-
ção da Selic, que hoje está em 14,25% ao ano. É o título mais conservador e
o único que você pode vender antes do vencimento e nunca perder dinhei-
ro – você sempre receberá a variação da Selic pelo tempo que ficar com o
investimento.

Sobre o Tesouro Direto como um todo, vale lembrar que o Tesouro Nacio-
nal garante a liquidez dos títulos todos os dias, isso significa que você pode
vender em qualquer dia e o dinheiro estará disponível em sua conta para
sacar no dia seguinte. A isso chamamos liquidez diária.

Letras de Crédito (LCI e LCA)

Já as Letras de Crédito (LCI/LCA) são títulos emitidos por bancos com o


objetivo de financiar o setor imobiliário e agrário. É também um investi-
mento muito seguro, pois é garantido pelo FGC – Fundo Garantidor de
Crédito – em até R$ 250 mil por CPF, o que significa que se acontecer al-
gum problema com o banco, você ficará protegido e terá seu dinheiro de
volta.

Os títulos podem também ter rentabilidade pré ou pós-fixada, ou seja,


você pode saber exatamente quanto vai receber no vencimento ou ter um

23
retorno que dependerá da variação do CDI; como referência, o CDI costu-
ma ficar bem próximo da Selic, nossa taxa básica de juros.

Outra grande vantagem da LCI e LCA é que são (atualmente) investimen-


tos isentos de Imposto de Renda (IR), o que garante uma rentabilidade
maior; quanto maior o prazo, maior a taxa. Hoje, para investimentos de um
ano, é possível ter uma rentabilidade líquida em torno de 99% do CDI, isto
é, uma taxa próxima de 14%.

De forma geral, repare que estamos falando de retornos bem expressivos,


que ultrapassam 13% brutos no período de um ano. Se você considerar a
inflação acima de 10% e a poupança rendendo apenas 8% no mesmo pe-
ríodo, logo perceberá que está diante de uma grande oportunidade de in-
vestir com segurança e inteligência. Entenda melhor os produtos de ren-
da fixa acessando outro material gratuito sobre o tema (clique aqui para
download).

INVESTIMENTOS

CLIQUE AQUI P ARA UM


VÍDEO RELACIONADO

POUPANÇA

24
10. Prefira ser feliz a ter razão

Parabéns! Se você chegou até aqui, é porque acredita no poder transfor-


mador da educação financeira. Discutimos a importância de valorizar as
finanças, elevar o dinheiro ao mesmo nível de relevância da saúde e rela-
cionamentos e tratamos de práticas inteligentes para mudar sua vida fi-
nanceira de forma relevante (planilha, orçamento, investimentos etc.).

O aprendizado não termina aqui. Para que toda essa leitura (e a prática
dela advinda) faça sentido, você deve ver as coisas como elas são: a felici-
dade, a qualidade de vida e a realização pessoal são mais importantes que
ter sempre razão e/ou dar a última palavra. Você deve estar de bem com o
dinheiro não para acumular patrimônio de forma frenética, mas para usu-
fruir dele de maneira prazerosa.

As discussões envolvendo finanças frequentemente terminam com dedos


em riste e discursos odiosos, misturando riqueza e caráter de forma peri-
gosa. Tudo errado! Dinheiro deve ser sempre um instrumento de liberdade
e não um fator de diferenciação entre indivíduos. Ninguém é mais porque
tem mais dinheiro. O que conta é a realização pessoal e a liberdade.

Tudo que escrevemos tem apenas um objetivo: facilitar o entendimento (e


a prática) da educação financeira como fator primordial de cidadania, um
estilo de vida capaz de construir sonhos de forma organizada, honesta e
sempre preocupada com a verdadeira sustentabilidade familiar.

“Enquanto você trabalha, eu trabalho. Enquanto você se diverte, eu tra-


balho. Enquanto você reclama, eu me divirto. Isso é educação financeira”
(Conrado Navarro)

25
Desejamos que você sempre prefira a alegria de viver, o amor dos seus en-
tes queridos e a felicidade no dia a dia. Deixe as discussões sem propósito
e a razão que não muda muita coisa para quem prefere ser dono da ver-
dade. Viva a sua vida, os seus sonhos e ignore quem acha tudo isso uma
utopia. Você pode! Nós podemos! Vamos juntos? Sucesso!

CLIQUE AQUI P ARA UM


VÍDEO RELACIONADO

26
Sobre os autores

Conrado Navarro é sócio fundador do Dinheirama.com, autor de diversos li-


vros sobre educação financeira e colunista de importantes veículos. Foi eleito o
“Guru Financeiro do Ano”, em 2012, pela comunidade de investidores ADVFN.

Ricardo Pereira é sócio fundador do Dinheirama.com, com vasta experiência


em educação financeira e no mercado financeiro, tendo passagens por bancos
de investimento e também grandes organizações.

Giovanni Coutinho é investidor, colaborador do Dinheirama e praticante da


educação financeira como estilo de vida. Possui ampla experiência em vendas,
marketing, gestão de conteúdo e comunicação.

27
www.dinheirama.com

facebook.com/dinheirama
@Dinheirama
youtube.com/dinheirama

16
28

Você também pode gostar