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Avaliação de Coleções e

Estudos de Usuários

Nice Figueiredo

Figueiredo, Nice Menezes de


Avaliação de coleções e estudo de usuários. Brasília, Associação
dos Bibliotecários do Distrito Federal, 1979.

96p

1. Biblioteca especializada — Usuários 2. Biblioteca universitária


— Usuários e Avaliação de coleções

Usuários — Estudo
ver
Biblioteca especializada — Usuários
Biblioteca universitária — Usuários

12

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FIGUEIREDO, Nice Menezes de. Avaliação de coleções e estudo de usuários. Brasília,


Número do c Página inicia
Associação dos Bibliotecários do Distrito Federal, 1979. Cap. , p. -
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Capítulo Título Página Página
Inicial Final
1 Avaliação de coleções em bibliotecas 09 42
2 Estudo da comunidade 43 76
3 Estudo de usuários 77 96
Sumário

Introdução 4
I. Avaliação de coleções em bibliotecas 5
1. Métodos de avaliação de coleções 5
1.1. Compilação de estatísticas 6
1.2. Verificação de listas, catálogos, bibliografias 8
1.3. Obtenção da opinião dos usuários 10
1.4. Observação direta 11
1.5. Aplicação de padrões 12
Bibliografia 13
II. Estudo da comunidade 16
1. Introdução 16
2. Histórico de estudos da comunidade 17
3. Exemplos de estudos de comunidade 18
Conclusões do estudo 20
4. Coleta de dados em estudos da comunidade 20
4.1. Idade 20
4.2. Nível educacional 21
4.3. Renda 21
4.4. Ocupação e fontes geradoras de emprego 21
4.5. Informação étnica ou racial 21
4.6. Previsão de mobilidade d a população 21
4.7. Tipo de área geográfica 21
4.8. Restrições do meio ambiente 21
5. Limitações e perspectivas dos estudos da comunidade 23
Bibliografia 25
III. Estudo de usuários 26
1. Introdução 26
2. Métodos e metodologia para estudos de usuários 27
2.1. Questionários 27
2.2. Entrevista 27
2.3. Diários 27
2.4. Observação direta 28
2.5. Controlando a interação do usuário como sistema computarizado (1:4) 28
2.6. Análise de tarefas (task analysis) e solução de problemas (problem solving)
28
2.7. Uso de dados quantitativos 28
2.8. Técnica do incidente crítico (Critical Incident Technique) 28
3. Descobertas dos estudos de usuários 29
4. Limitações dos estudos de usuários 30
Bibliografia 31

Introdução
Pretendemos com este trabalho apr esentar textos didáticos sobre tópicos de interesse
atual na área de biblioteconomia, os quais não se encontram ainda na literatura nacional, pelo
menos da maneira como aqui se apresentam, i.e., no formato de revisão e síntese da literatura.
O primeiro texto, Estudo da comunidade, foi composto a partir do número do Library
Trends de janeiro de 1976, o qual foi todo dedicado a este assunto; aproveitamos alguns dos
artigos, 8 para sermos precisos, montamos o texto que nos pareceu o mais útil e didático,
fizemos a tradução e adaptação devidas ao nosso meio bibliotecário.
O segundo, Estudo de usuários, foi feito com base em revisão na literatura existente,
conforme consta nas referências, assim como em notas de aulas e trabalhos anteriores de
nossa própria autoria.
O terceiro texto, Avaliação de coleções, é uma tradução e adaptação do artigo de Bonn,
publicado no número de janeiro de 1974 do Library Trends.
Como afirmamos anteriormente, estes textos tem a fina/idade de transmitir um
conhecimento elementar sobre o s assuntos tratados, não tendo a intenção de serem definitivos
nem profundos. Pretendemos apenas que sejam considerados leitura básica para ser
desenvolvida em classe.
Outrossim, desejamos ressaltar que os textos se constituíram mais em trabalho de
tradução do que de composição; seguem as normas do texto original, inclusive, e
principalmente, no que diz respeito às referencias do final do trabalho.

Nice Menezes de Figueiredo

I. Avaliação de coleções em bibliotecas


Toda biblioteca existe pr incipalmente para servir as necessidades de sua própria
comunidade de usuários. £ óbvio, então, que uma avaliação completa de uma biblioteca deve
ser baseada no fato de quão bem ela serve àquelas necessidades.
Uma avaliação completa de uma biblioteca ou de componentes similares em várias
bibliotecas é, necessariamente, uma operação complexa e usualmente complicada. Requer um
considerável tirocínio profissional e julgamento, e uma boa porção de tacto; geralmente, uma
avaliação é dividida em avaliações separa das dos componentes individuais de uma biblioteca ou
das bibliotecas sendo avaliadas. Mais freqüentemente, talvez, alguma parte da biblioteca pode
ser avaliada por ela mesma e para casos específicos, e uma parte que parece ser mais
comumente avaliada é a c oleção de livros e periódicos, provavelmente na suposição de que a
coleção é a melhor evidência tangível do que acontece numa biblioteca e do que uma biblioteca
é, afinal de contas Por outro lado, a coleção serve de maneira mais rápida a uma observação
física, verificação sistemática e manipulação estatística, se não mesmo a um julgamento rápido
de sua qualidade.
É geralmente aceito que quantidade e qualidade de uma coleção de biblioteca depende
quase que inteiramente do programa de aquisição, incluindo a p olítica de aquisição, os
procedimentos de aquisição e, mais importante, dos métodos de seleção. Assim, uma avaliação
da coleção de biblioteca é, efetivamente, uma avaliação dos seus métodos de seleção, embora
não possa sempre ser possível (ou mesmo de inte resse) aponta a causa precisa (um
mecanismo específico de aquisição ou seleção) e seu efeito (uma mudança definida ocorrida na
qualidade da coleção), usando os métodos comumente empregados para avaliar uma coleção
de biblioteca.
É também correntemente acei to que qualquer avaliação da coleção da biblioteca deve
levar em consideração as metas estabelecidas pela biblioteca, os seus objetivos, missão, ou o
que quer que seja que defina a sua razão de ser, no contexto, quando cabível, das metas,
objetivos ou missão da organização relacionada ou mesmo pertencente ao mesmo sistema ao
qual a biblioteca pertença. Ainda mais especificamente, um teste padrão agora disponível pode
ser utilizado para avaliar a capacidade da biblioteca no fornecimento de um material requer ido
de sua própria coleção, ou de outra qualquer, um desenvolvimento natural trazido pelo amplo
crescimento de redes de bibliotecas, sistemas, centros de recursos bibliográficos e outros
projetos cooperativos entre bibliotecas, assim como também, pela acei tação crescente do fato
de que nenhuma biblioteca, quer seja rica, resoluta ou estabelecida há longo tempo, pode ter
tudo que qualquer pessoa possa vir a querer.
As bibliotecas técnicas, particularmente, têm sido estudadas extensiva e intensivamente
em anos recentes, especialmente para o desenvolvimento de critérios para medir os níveis de
eficiência em dadas situações.
A literatura em avaliação, apenas da coleção e dos elementos da seleção anteriormente
existentes no processo de aquisição, é bastante ampla e trata mais de bibliotecas acadêmicas,
possivelmente por causa da prevalência e das pressões dos padrões de credenciamento para
estas instituições, pela importância conferida ao status acadêmico destas instituições com
relação à biblioteca que possuem.

1. Métodos de avaliação de coleções


Através dos anos, muitas técnicas variadas foram desenvolvidas para avaliar a coleção da
biblioteca para um número diverso de propósitos. Estas técnicas foram aplicadas em
configurações diversas, algumas vezes indepen dentemente mas, mais freqüentemente, em
conjunto com uma ou mais técnicas. Os diferentes níveis de sucesso alcançado dependeram de
quão bem o método escolhido poderia realmente alcançar o propósito intencional da avaliação.
Por exemplo, a quantidade da col eção — o seu tamanho numérico — tem sido relativamente
fácil de se determinar, presumindo -se que haja exatidão, objetividade e uso de unidade padrão
de medida por parte do enumerador. A qualidade da coleção — sua excelência relativa ou o seu
valor ou mérito numa situação particular — tem sido sempre mais difícil de ser julgado de
maneira objetiva.
A literatura numerosa e, em parte, repetitiva identifica cinco métodos razoável mente
distintos para avaliar coleções de bibliotecas, mais um ou dois que não cabe m perfeitamente
dentre os cinco:
1. Compilação de estatísticas da coleção, uso, gastos;
2. Verificação de listas, catálogos, bibliografias;
3. Obtenção de opiniões de usuários regulares;
4. Exame direto da coleção;
5. Aplicação d padrões usando vários dos métodos anteriores, e
a. Testando a capacidade da biblioteca no fornecimento de um documento;
b. Notando o uso relativo de várias bibliotecas por um grupo particular.

Estas duas últimas técnicas tomam em consideração mais do q ue a coleção, mas em


cada caso a adequação da coleção sendo estudada determina quais os próximos passos a
serem tomados para satisfazer os usuários, se assim for necessário.

1.1. Compilação de estatísticas


As maiores vantagens deste método é que estatíst icas são facilmente disponíveis,
facilmente inteligíveis, e fáceis de comparar; as maiores desvantagens são a falta de definições
de padrão de unidade, possível falta de distinção entre título e volumes, dificuldade de contar
material não impresso, e possi bilidade de incorreções e inconsistência nos dados publicados.
Talvez a objeção mais comum às estatísticas é que elas não se prestam ou não podem
medir qualidade¹ ... Outra objeção é que estatísticas não são possivelmente relacionadas, de
maneira significativa, à comunidade da biblioteca ou s suas metas e objetivos; mas tão pouco o
são alguns dos outros métodos freqüentemente usados para avaliar coleções. Parte do
problema, neste caso, é que nem a comunidade nem os objetivos da biblioteca podem ser
descritos facilmente em termos que possam ser avaliados fácil e objetivamente. De qualquer
forma, a compilação de estatísticas em bibliotecas tem sido uma atividade dos bibliotecários por
muitos anos. Estatísticas podem ser compiladas sobre o seguinte:
2

1.1.1. Tamanho bruto


É uma contagem direta do total dos volumes na biblioteca ou dos livros de referência,
dos periódicos recebidos recentemente, ou do material não impresso; pode ser dividida em
classes de assunto e podem ser relatadas por unidades. E geralmente aceito que tamanho
significa “alguma coisa” e que há uma correlação positiva entre o tamanho de uma biblioteca e,
por exemplo, a excelência da instituição acadêmica a qual a biblioteca pertence...
É também sentido que há uma relação definitiva entre o tama nho de uma dada coleção e
a sua capacidade de responder ás necessidades de sua clientela expressa em termos de
probabilidade, e que a probabilidade será maior ainda se a coleção tiver sido inteligentemente
3

selecionada por profissionais bibliotecários comp etentes.


4

Desde que parece existir uma alta correlação positiva entre qualidade e quantidade, um
autor disse que “qualidade se torna uma preocupação séria apenas na pequena biblioteca” 5

onde, conseqüentemente, bibliotecários profissionais competentes seria m mais necessários,


mas onde, infelizmente, eles parecem mais faltar, com exceção, naturalmente, das bibliotecas
especializadas. Outro autor sente que, desde que todos os recursos não têm utilidade e
informação idênticas, a probabilidade de encontrar uma f onte útil é dependente da natureza do
pedido e da natureza da coleção, mais do que do tamanho da coleção. 6

Um exemplo talvez possa ser a coleção usual de biblioteca especializada, a qual é


pequena em tamanho, mas é exaustiva na cobertura de seus assuntos e specíficos e,
deliberadamente mantida atualizada através de rigorosos descartes. Uma coleção de 5000 livros
em tal biblioteca pode ser mais útil que 10.000 livros no mesmo assunto em algum outro tipo
de biblioteca. Isto sugere que desenvolvimento, manuten ção e exploração da coleção por um
7

profissional, tudo somado, é mais importante que tamanho.

1.1.2. Volumes entrados por ano


É uma contagem direta por classes ou por unidade. Este dado é considerado mais
significativo que a média de crescimento, e é usad o em avaliação ao lado do tamanho bruto. 8

“O teste real é o número de volumes relevantes disponíveis a um leitor em cada tópico em cada
biblioteca.”
9

1.1.3. Fórmulas
São baseadas em um núcleo aceitável, mais volumes por estudantes, para o corpo
docente, por áreas de bacharelados e de pós -graduação (Clapp-Jordan); baseada no total de
10

volumes, volumes acrescentados anualmente, número de periódicos correntes (Carter), 11

baseada nos recursos, população, circulação, capacidade de pesquisa (Beasley) 5

1.1.4. Comparações
Dizem respeito a estudos feitos na mesma biblioteca em tempos diferentes ou entre
bibliotecas comparáveis (em cidades ou instituições similares) ao mesmo tempo. Outros fatores
sendo iguais, progresso ou melhoria numa biblioteca podem ser medid os pela mudança no
tamanho da sua coleção total ou de certas partes dela, de um ano (ou de uma década) para
outro. Tamanhos relativos de bibliotecas comparáveis indicam adequações relativas das suas
coleções, outros fatores sendo iguais.
Uma suposição em tais comparações é que as bibliotecas compram livros bons e maus
em proporções comparáveis, uma suposição válida o bastante para muitos propósitos 12

particularmente se bibliotecários profissionais competentes fazem a seleção. 13

1.1.5. Equilíbrio de assunt os


Estes estudos fazem análise proporcional por classes, duplicatas, por autores, por datas e
por relações com cursos oferecidos. Tais análises revelam os assuntos fortes (ou talvez os
preconceitos dos selecionadores) e possíveis más correlações com as nec essidades locais, com
coleções “padrões”, com porcentagens recomendadas ou com departamentos de ensino ou
14

requisitos de instituições educacionais.


15

1.1.6. Pedidos não atendidos


São mantidos registros para livros, periódicos e para informação específic a solicitada.
Natural mente, pedidos atendidos podem ser contados em vez disto, e um “índice de
desempenho” (média do material usado versus material pedido) poderia ser calculado para
16

cada tipo de material, para cada classe de assunto ou para cada ramal ou departamento de
serviço público na biblioteca, ou mesmo por um serviço de disseminação seletiva de
informação. 17

Mas pedidos não atendidos, devendo logicamente ser em menor número e assim menos
trabalhosos para registrar, quando são descobertos, deveria m ser anotados e comparados a
totais periódicos em intervalos regulares. Teria que ser pressuposto que a falta ou perda de
livros teria que ser de material pertencente à biblioteca, em primeiro lugar, e que questões não
respondidas aconteceram porque a fon te provável não estava disponível, e não porque o
bibliotecário cometeu algum engano.

1.1.7. Empréstimos-entre-bibliotecas
São similares a pedidos não atendidos.
Muitos bibliotecários especializados, particularmente de grandes bibliotecas técnicas,
estabeleceram padrões internos de rendimento das suas coleções: o limite máximo de
empréstimos de fora, através de empréstimos -entre-bibliotecas, e os limites mínimos de
empréstimos que devem sair de suas coleções.
Assim, um bibliotecário considera a sua biblio teca uma “fonte adequada de recursos,
necessitando apenas de um aumento padrão”, “se a coleção pode fornecer 95% dos itens
requeridos pela clientela”. Ou, uma expectativa de atendimento na base de 90 -95% parece ser
uma norma comum entre grandes bibliotecas especializadas; “mas se a biblioteca precisa pedir
fora 15% ou mais dos seus empréstimos, então precisa aumentar a sua política de aquisição.” 18

Estudos feitos em 1970, nas Universidades de Illinois e Michigan, mostraram que cada
biblioteca possuía, respe ctivamente, 92,5% e 90,5% dos trabalhos citados pelos seus próprios
corpos docentes. Evidentemente nenhuma biblioteca, mesmo com uma grande coleção, é uma
19

ilha em si mesma, um fato reconhecido há muito tempo pelos bibliotecários, mas que somente
há pouco tempo começaram a se preparar para a construção de centros, redes e sistemas. 20

1.1.8. Tamanho de excelência


É o tamanho necessário para satisfazer uma percentagem x dos pedidos da clientela da
biblioteca. Quão grande tem que ser uma biblioteca para for necer, por exemplo, 95% dos itens
requeridos pelos seus usuários ou para satisfazer algum outro objetivo semelhante de
desempenho estabelecido pela biblioteca? Ou, ao contrário, quão completa é a cobertura de
uma coleção de uma biblioteca?... Como um autor diz: “A extensão da cobertura da literatura
relevante em um centro de informação especializado poderia ser medida com exatidão somente
se se soubesse o que constitui uma cobertura total.” Ele propõe uma maneira de se saber isto
21

pela aplicação do método de estimativa baseado na distribuição Bradford/ Zipf, como sugerido
22

por Brookes.
Dois outros autores usam a lei de dispersão de Bradford para estabelecer a coleção
mínima de periódicos médicos numa “coleção dinâmica de biblioteca”, determinando o “núcleo
dos periódicos” através dos dados da circulação, o “núcleo dos melhores usuários” (e suas
preferências de periódicos) e combinando estes dados. O orçamento determinará o nível de
desempenho (medido pelas zonas de Bradford) possível numa biblioteca. 23

Em um artigo posterior, Brookes recomenda que o valor de P (P é o desempenho da


coleção da biblioteca no fornecimento de itens desejados) “seja determinado por um ponto de
eliminação (cut-off) no qual se torna mais econômico emprestar do que comprar os periódi cos
necessários.” Numa base menos técnica, as datas da última circulação têm sido usadas para
24

determinar o número ótimo de livros para um núcleo de coleção de livros mais passíveis de
serem usados numa biblioteca, determinado o nível desejado de desempen ho... 25

1.1.9. Circulação
Pode ser calculada pelo total, por adultos, por crianças, pelo corpo docente, por
estudantes, por classe de assunto, pela data de compra do livro, pela data do último uso, pelas
transações por ano, ou por unidade. Estatísticas b rutas da circulação são úteis para
comparações, por exemplo, com dados para anos diferentes ou para bibliotecas diferentes, e
elas tendem a ser usadas para demonstrar às autoridades mais altas quão bem a biblioteca
está servindo à sua clientela.
Bibliotecas públicas, mais do que bibliotecas universitárias, são as que provavelmente
separam as estatísticas por classes e por unidade mas ambas, geralmente, mantêm registro do
uso por categorias de usuários. Bibliotecas especializadas são particularmente intere ssadas no
26

uso de materiais de aquisição recente: estes materiais devem ser usados pelo menos uma vez
antes de completarem um ano na coleção. Pequenas bibliotecas públicas também fazem
27

estudos de aquisições recentes para verificação da política corrente d e seleção: 80% das
últimas compras foram encontradas de acordo com um estudo como tendo circulado 5 -6 vezes
dentro do período de três meses. 28

A última data de circulação também tem sido usada para estabelecer núcleos ótimos de
coleções, como observado na seção anterior... Estatísticas de circulação proporcional por
classes de assunto, compiladas num período definido, são excelentes para verificação das
normas gerais da seleção e da média das aquisições, quando comparadas com estatísticas das
coleções proporcionais por classe de assunto. A média do uso de coleções em classes de
assuntos específicos, ambas expressadas como porcentagens dos totais respectivos, é o “fator
de uso” para aquela classe de assunto e pode ser determinada tão especificamente ou em
quantos detalhes forem desejados, desde que ambas, a circulação e as estatísticas da coleção
sejam, primeiramente, tão específicas e detalhadas, de maneira idêntica.29

Fatores de uso podem medir a intensidade de uso de toda ou parte da coleção principal,
ou de coleções separadas, como: livros de referência, de reserva, livros -textos, ou qualquer
outra categoria especial; podem ser usados em vários tipos de circulação, tais como: noturna,
interna, entre bibliotecas, etc. O período do levantamento pode ser tão l ongo ou tão curto de
acordo com o que as condições e o pessoal o permitam.. Muitos bibliotecários, naturalmente,
estão sempre conscientes do uso proporcional de suas coleções, quer ou não, através de
cálculos formais. Bibliotecários de bibliotecas públicas , especialmente aqueles com pequenas
coleções, têm uma real necessidade de estarem cientes do uso feito do que eles selecionaram
para suas bibliotecas; como antes assinalado, eles não têm o tamanho em seu próprio favor e,
assim, a qualidade, em termos de i nteresses e necessidades locais, é de importância primária.

1.1.10. Gastos
Podem ser encontrados, anualmente, para livros e periódicos e para salários e avaliados
em relação ao número de matrículas, ou por unidade. Presumivelmente, o valor monetário tota l
de uma coleção de biblioteca pode ser uma estatística a mais pela qual avaliá -la. Raramente, se
alguma vez, contudo, este dado bruto foi usado ou proposto como uma medida adequada.
Gastos correntes, de outro lado, são usados regularmente na avaliação de bibliotecas,
juntamente com outras estatísticas e outros procedimentos de mensuração, e têm sido
recomendados como medidas adequadas para avaliar coleções, na suposição, talvez, de que a
30

adequação da coleção depende, em grande parte, do seu suporte contí nuo, não só para
materiais como também para o desenvolvimento profissional. Salários e gastos com livros
figuram em recomendações que fazem parte de padrões de bibliotecas. 31

Deve ter ficado aparente agora, que nenhuma coleção de biblioteca deva ser avalia da
somente pelos seus méritos próprios, pois que, sem suporte financeiro adequado e um corpo
de pessoal profissional competente para desenvolvê -la, organizá-la e explorá-la de maneira
adequada, uma coleção de biblioteca é apenas uma acumulação de diferente s tipos de
artefatos, ocupando espaço e existindo apenas para ser contado.

1.2. Verificação de listas, catálogos, bibliografias


As maiores vantagens no uso de listas como método de avaliação de coleções são que
muitas listas, completas e especializadas, são disponíveis em forma impressa; muitas listas são
atualizadas regularmente; na maioria das vezes estas listas são compiladas por bibliotecários
profissionais competentes ou por especialistas de assuntos; e listas preparadas para casos
específicos podem ser complementadas para servirem bibliotecas individuais ou a tipos de
bibliotecas, ou a interesses ou necessidades particulares de bibliotecas: na maioria das vezes
estas listas são relativamente fáceis de usar, e a maioria é relativamente efetiva na prod ução
de uma resposta. As maiores desvantagens são que listas publicadas podem ter sido usadas
previamente como guias de aquisição pela própria biblioteca sendo avaliada; as listas são
amostragens arbitrárias; listas publicadas logo se tornam desatualizadas , a menos que
sistematicamente revisadas; listas publicadas não possuem nenhuma relação com a
comunidade de uma dada biblioteca, ou com os seus interesses ou necessidades; e estas listas
supõem que um núcleo de obras deva existir para cada grupo de bibliot ecas.
Uma objeção comum às listas, como instrumentos de avaliação, é de que elas próprias
não são, necessariamente, padrões de qualidade; na melhor das hipóteses, apresentam um
conceito ilusório. Assim, verificando -se uma lista não se pode avaliar a qualid ade de uma
coleção de maneira alguma melhor do que se pode fazê -lo com estatísticas; o resultado será
uma estatística também: o número ou percentagem de obras listadas que fazem parte da
coleção da biblioteca sendo avaliada. Outra crítica freqüente é que u ma lista não oferece
nenhum crédito para os livros já existentes na coleção e que não constam da lista, mas que são
tão bons para as necessidades locais, ou melhores ainda do que os livros na lista e que não
existem na biblioteca.
Nenhuma lista automaticam ente gradua ou classifica a qualidade de uma biblioteca de
acordo com um número padrão específico ou percentagem de títulos encontrados na biblioteca.
Presumivelmente, quanto mais títulos contidos na coleção, melhor a biblioteca, mas quantos
devem constar para merecem um “A” em qualidade e adequação? De qualquer maneira, a
verificação de listas é muito comum na avaliação de coleções de bibliotecas, individualmente ou
em grupos, e os resultados dizem alguma coisa realmente sobre a coleção da biblioteca em
relação à lista usada. Apesar do tempo, custo e fatiga na verificação de listas, as melhores
medidas de adequação são ainda “aquelas às quais nos acostumamos — a lista de seleção de
livros e as bibliografias especializadas de assuntos, freqüentemente revisad as e mantidas
atualizadas por peritos, de acordo com o uso.”32

Listas especialmente compiladas, dirigidas a uma biblioteca ou bibliotecas em particular


com propósitos bem definidos, são geralmente consideradas muito mais de confiança como
avaliadoras de qualidade, do que listas publicadas impressas disponíveis no mercado (mesmo
aquelas com títulos assinalados), as quais podem ser utilizadas de maneira mais proveitosa
como guias de seleção — para o quê a maioria delas é dirigida em primeiro lugar. A literatu ra
no uso de verificação de listas para avaliação de coleções é muito extensa e vem desde 1930.

1.2.1. Catálogos-padrão e listas gerais básicas


São exemplificados pelas coleções básicas da ALA e pelos catálogos padrões da H. W.
Wilson Company: Standard C atalog for Public Library; Fiction Catalog; Children’s Catalog; Junior
High School Catalog; Senior High School Catalog; as publicações da Brodart: Elementary School
Library Collection; Junior College Library Collection; Books for College Libraries; e a Cho ice’s
Opening Day Collection.

1.2.2. Catálogos de bibliotecas importantes


São muitas vezes usados para avaliações; bibliotecas como Harvard, Princeton, Michigan,
Engineering Societies, Library of Congress, são bibliotecas de renome nos seus campos e seus
catálogos são razoavelmente atualizados; coleções da G. K. Hall, catálogos de bibliotecas
especializadas importantes tem sido julgados úteis para verificação de coleções de assuntos ou
áreas especializadas.

1.2.3. Bibliografias especializadas e listas b ásicas de assunto


Inclui listas publicadas por sociedades profissionais, técnicas e de cultura; guias da
literatura; bibliografias definitivas de autores conhecidos; bibliografias completas e seletivas de
assunto. . Estas bibliografias e listas especializa das, como catálogos de coleções especializadas,
são úteis como listas de verificações de assuntos ou áreas e, freqüentemente, são usadas com
listas padrões e gerais em levantamentos completos de grandes bibliotecas universitárias.

1.2.4. Listas correntes


Incluem livros mais vendidos, vencedores de prêmios, melhores livros do ano, livros de
publicadores selecionados (imprensas universitárias, sociedades profissionais, agências do
governo) e compilações anuais de assuntos. . - Os usuários geralmente são avi sados de que
tais listas devem ser usadas ainda mais judiciosamente do que as listas padrões já
estabelecidas. Os melhores livros publicados podem não ser todos os melhores livros para uma
biblioteca particular e os mais vendidos podem não ser mais do que de interesse passageiro,
para não dizer nada de valor duradouro. Grandes bibliotecas podem ter ordens em aberto para
livros de certos publicadores, e assim, a verificação das suas listas pode ser útil apenas para
avaliar a atuação do vendedor mais do que a atualidade ou adequação da coleção.

1.2.5. Obras de referência


Inclui-se aqui aquelas listadas em guias padrões de referência, quer universais ou
especializados em suas coberturas. As obras de referência são normalmente encontradas em
listas de verificação para a avaliação da coleção de uma biblioteca em relação aos títulos
existentes nos catálogos e em listas padrões e bibliografias de assuntos, ou elas podem ser
verificadas separadamente, usando -se guias de referência padrão com outras listas
especializadas, que o avaliador pode escolher... A coleção de referência é inspecionada de
maneira escrupulosa em qualquer avaliação de biblioteca.

1.2.6. Periódicos
Estas listas incluem aquelas de títulos recebidos correntemente, títulos mantidos e
encadernados, coleções retrospectivas, e aqueles listados em diretórios padrões ou outras
compilações (por ex.: universal, ou por assunto, língua, país, região, tipo de biblioteca, tipo de
usuário) ou cobertos por serviços de indexação e resumos padn5es ou especializad os. A coleção
de periódicos, como a coleção de referencia, é sempre examinada cuidadosamente em qualquer
avaliação de biblioteca, e mais completamente em bibliotecas técnicas.
Perspectivas úteis sobre a coleção de periódicos de uma biblioteca podem ser obt idas de
maneira rápida através de uma tabela composta dos números recebidos correntemente e da
coleção retrospectiva, arranjados por assuntos (tão específicos quanto se queira) e por país (ou
estado) de origem. Sabendo os assuntos de interesse dos usuários da biblioteca ou da
instituição maior a que esta se subordina, e os países ou cidades do mundo onde os interesses
por estes assuntos são fortes (em pesquisa, desenvolvimento, aplicação), o avaliador pode
rapidamente perceber pontos fracos e fortes na cole ção em ambas coberturas de assunto e
país, em assuntos importantes para a biblioteca analisada.34 De maneira similar, uma tabela
arranjada por assunto e por tipo de publicador (sociedade profissional, associação comercial,
agência do governo, instituto de pesquisa, instituição acadêmica, entidades comerciais) pode
ser útil para a verificação da adequação e propriedade do material recebido e mantido.

1.2.7. Listas autorizadas


São as preparadas por autoridades federais, estaduais, regionais ou locais ou por
associações profissionais. Enquanto estas listas são basicamente, guias de recomendação para
aquisição, uma lista particular pode ser usada para determinar a proporção dos títulos que
foram realmente adquiridos por uma biblioteca. Tais listas parecem ser mais prevalentes na
área escolar, mas são também mencionadas nos padrões educacionais para credenciamento de
algumas associações profissionais.

1.2.8. Listas para casos específicos ( ad hoc lists)


São feitas sob medida para atender as necessidades de um l evantamento particular e
para combinar os objetivos, propósitos e interesses de uma biblioteca individual ou um grupo
de bibliotecas; usualmente, elas são compiladas pelo avaliador, de fontes diversas. Este tipo de
lista tem sido usado muito efetivamente e m levantamentos múltiplos de bibliotecas para avaliar
as partes fortes de uma biblioteca em relação a outras. Como observado anteriormente, listas
35

ad hoc são consideradas de maior confiança para verificação do que catálogos padrões ou listas
básicas pré-estabelecidas. Estas listas têm sido usadas muito efetivamente também em
levantamentos de uma só biblioteca, especialmente quando relacionada diretamente a algum
objetivo específico da biblioteca, tal como material de suporte para um trabalho de curso.36

1.2.9. Citações
Incluídas aqui notas de rodapé, referências, bibliografias em trabalhos significativos no
campo ou campos de interesse da biblioteca. Uma variedade de tipos de publicações tem sido
usada ou recomendada como fonte de citação: teses, trabalhos definitivos, bibliografias
37 38

finais, periódicos, periódicos mais usados numa biblioteca particular, livros-texto, revisões do
39 40

estado-da-arte e publicações de pesquisas do corpo docente, para mencionar algumas.


41

A avaliação é usualmente baseada no fato de a obra escolhida ter podido ser escrita, ou
pelo menos uma parte substancial dela, baseada no material da biblioteca avaliada. Uma
suposição é que a biblioteca sendo avaliada e aquela que o autor provavelmente usou são
muito similares no propósito , tamanho e cobertura de assunto. Outra suposição é que o
trabalho sendo verificado é do tipo que poderia e deveria ser escrito baseado na biblioteca em
avaliação. Um problema é que os autores são seres humanos e, mais provavelmente, usam e
citam o que quer que esteja mais à mão. Também, eles podem ou não estar motivados de
maneira similar ou estimulados em ambientes diferentes, e, assim, o trabalho provavelmente
não teria sido escrito em nenhum outro lugar — mas somente naquele em que o escreveu (que
pode não ser a biblioteca avaliada). Ainda outro problema é que instituições similares podem
muito bem enfatizar aspectos diferentes da mesma disciplina e, de qualquer maneira, o clima
intelectual, cultural e social em uma instituição é, normalmente, marcadamen te diferente de
qualquer outro.
De uma maneira geral, a verificação de bibliografias, catálogos e listas pode ser útil na
avaliação de uma coleção de biblioteca. Para resultados mais proveitosos, no entanto, as listas
usadas devem ser cuidadosamente seleci onadas ou especialmente compiladas para combinar
com as metas e os objetivos do levantamento e as metas e os objetivos da biblioteca ou das
bibliotecas sendo avaliadas. E elas devem ser usadas com outras técnicas de avaliação, a fim de
que se atinja a máxima corroboração possível dos resultados do levantamento.

1.3. Obtenção da opinião dos usuários


As maiores vantagens na utilização das opiniões do usuário para avaliação da coleção são
que as partes fortes e fracas reais da coleção, como também os níveis e tipos de necessidades
dos usuários, podem ser identificados; as questões podem ser relacionadas às metas e
objetivos específicos da biblioteca; diretrizes das pesquisas e mudança de interesses podem ser
determinadas; e usuários sérios (i.é., o corpo doce nte, pesquisadores, profissionais) são
provavelmente peritos ou, pelo menos, conhecedores da literatura em seus campos.
As maiores desvantagens no uso da opinião dos usuários são que a maioria dos usuários
são, provavelmente, passivos a respeito das coleçõ es da biblioteca e, assim, devem ser
aproximados individualmente e entrevistados um de cada vez; partes da coleção podem não ser
cobertas por causa do interesse restrito dos usuários naquela época ou por causa da falta de
especialistas de assunto no campo; peritos podem não concordar; e o calibre de usuários atuais
(e, assim, as suas demandas) pode ser muito alto ou muito baixo para o nível intencional ou
esperado da coleção. Mas, de todas as maneiras pelas quais se avaliam a coleção da biblioteca,
descobrir o que os usuários pensam dela vem a ser o mais aproximado de uma avaliação em
termos dos objetivos ou missão da biblioteca.
Opinião do usuário ou opinião do consumidor, porquanto os usuários da biblioteca são,
com efeito, os consumidores do que a bibliot eca produz para o uso, é também parâmetro
seguro e pode ser a mais potente realimentação disponível para o processo de seleção da
biblioteca, particularmente em bibliotecas públicas ou em bibliotecas especializadas, onde as
coleções são mais dirigidas ao c ontemporâneo, se não às necessidades e demandas imediatas.
Vários autores discutiram os prós e os contras de entrevistar os usuários da biblioteca,
em tratamentos mais prolongados da avaliação da coleção em geral. Talvez o maior problema,
42

no entanto, na obtenção da opinião do usuário, é que os usuários são também seres humanos
e podem não ser sempre consistentes ou cooperativos. Ainda mais, muitos usuários não estão
mesmo cientes do que a biblioteca deveria razoavelmente fazer por eles; assim, como podem
eles julgar o que é adequado? Os usuários se tornam condicionados ao que eles consideram ser
uma coleção boa ou má para as suas necessidades, por isso, ou eles retornam regularmente a
ela, ou dela se afastam de maneira definitiva, e a biblioteca nunca sabe rá.
A inadequação de uma coleção depende largamente do quanto o usuário estaria disposto
a contar com a coleção (ou não contar). Se ele se acostuma com as faltas e lacunas e a não
encontrar obras que aparecem em listas padrões ou que são citadas em bibliog rafias básicas;
se ele se habitua a não ser atendido ou a ser simplesmente ignorado quando faz um pedido
para adições à coleção; se as suas necessidades de literatura nunca foram desenvolvidas além
do que ele poderia encontrar facilmente à mão, ou se ele n unca tinha visto nada melhor, então
quase que qualquer coleção pode ser perfeitamente adequada.
A adequação da coleção para apoiar as necessidades dos usuários depende das
demandas feitas a ela pelo usuário e quão bem ele sente que as demandas são satisfei tas. Se
suas demandas são moderadas, então uma coleção modesta pode ser perfeitamente adequada.
Se suas demandas são extensas e altamente especializadas, então, mesmo uma coleção
completa e forte poderá vir a não ser o suficientemente adequada para satisfa zê-lo.
43

1.3.1. Corpo docente e pesquisadores


São fontes de opinião quanto aos níveis de adequação de uma biblioteca para satisfazer
as necessidades. uma prática comum, entrevistando o corpo docente e os pesquisadores, usar
questionários, os mais curtos, melhores e, quando possível, entrevistar pessoalmente tantos
quantos parecerem úteis para corroborar, esclarecer ou ampliar, resolver desacordos, verificar
inclusive inconsistências, ou para alcançar usuários selecionados que não responderam aos
questionários. Os questionários podem ser apenas listas curtas de “níveis”, os quais podem ser
assinalados pelo usuário para medir a adequação da coleção para satisfazer suas necessidades,
ou podem ser listas de questões abertas, as quais devem ser respondidas espe cificamente (por
ex.: títulos desaparecidos, novos títulos, obras ultrapassadas) ou subjetivamente... Além de
serem úteis ao avaliador, estas avaliações do corpo docente sobre a coleção da biblioteca
universitária podem, às vezes, serem convincentes para a s autoridades financeiras da
universidade, bem como aos membros docentes ou pesquisadores em perspectiva.
44

1.3.2. Estudantes
São fontes de opinião a respeito dos níveis de adequação da coleção para atender às
suas necessidades. As necessidades dos estud antes são também consideradas na avaliação de
uma coleção de biblioteca, apesar de que os insucessos deles em obterem o que querem
possam resultar, na maioria das vezes, da “escolha inadequada de tópicos de teses”... 46

1.3.3. O público em geral


É uma fonte de opiniões sobre a adequação da biblioteca para satisfazer as suas
necessidades... Dois autores relatam que, com base na evidência da literatura, “a avaliação da
coleção feita de maneira contínua não está sendo realizada correntemente nas bibliotecas
públicas”, parcialmente porque, talvez, as bibliotecas públicas, diversamente das de escolas ou
universidades não tenham padrões para credenciamento ou comissões de credenciamento para
as pressionarem”.47

Outros autores sugerem que parte da razão por esta f alha dos bibliotecários de
bibliotecas públicas é devida ao fato destes profissionais: a) servirem de maneira mínima a mais
séria (e mais numerosa) fração de usuários em potencial da comunidade; b) não possuírem
habilidade para o desenvolvimento de coleçõe s com profundidade; e c) não possuírem corpos
docentes com quem interagir ou de quem obter conselho no desenvolvimento das coleções.” 47

Outro autor, apesar de admitir que os usuários de bibliotecas públicas não são muito verbais
sobre suas opiniões acerca da coleção da biblioteca, “eles precisam ser indagadas.”48

1.3.4. Bibliotecários
Podem ser inquiridos sobre a adequação de suas coleções. Os melhores avaliadores de
coleção, dentro da própria biblioteca, de acordo com um autor recente, são os bibliotecár ios de
referência. Eles podem dizer “o que é suficiente, o que é adequado” para esta biblioteca, e eles
devem manter-se em contato com o que o público de uma biblioteca em particular deseja. 49

Bibliotecários de referência, naturalmente, deverão ser entrevi stados durante a avaliação de


bibliotecas, e eles, mais freqüentemente do que se considera, são aqueles que verificam as
listas, catálogo, e bibliografias debatidas anteriormente.

1.4. Observação direta


As maiores vantagens da observação direta resultam do fato de ser prática e
imediatamente efetiva. As maiores desvantagens estão em requerer um perito em materiais ou
assuntos, e em ser pouco científica. Ao avaliador que conhece a literatura, um exame das
prateleiras de livros revelará rapidamente o tamanh o, escopo, profundidade e significado da
coleção. Ele pode dizer de imediato se exemplares em duplicata ou edições ultrapassadas
recheiam a coleção, e apenas ele pode dizer se as coleções de periódicos são substanciais e
completas. Ele pode fazer uma estim ativa da proporção de várias partes da coleção e da
atualidade do material. Mais tarde, uma verificação do fichário de circulação pode revisar
qualquer julgamento preliminar.
Para o avaliador que sabe alguma coisa de manutenção de estoque, um exame das
prateleiras mostrará de imediato a condição da coleção, a proporção do que está deteriorado
ou caindo aos pedaços, os periódicos que têm uso pesado ou pouco uso, as obras que devem
ser descartadas ou reencardenadas e a atmosfera geral de toda a área de armaze nagem.
Estantes vazias podem significar que todos os livros de uma classe estão fora e não há livros
para mais ninguém, assim, a política de aquisição deve ser examinada. Estantes cheias de livros
não usados podem significar que eles nunca foram retirados e assim, novamente, a política de
aquisição deve ser examinada. “Tudo o mais depende inteiramente da experiência do avaliador
e da correção da sua percepção.” 50

1.5. Aplicação de padrões


As maiores vantagens na aplicação de padrões são que eles podem ser relacionados às
metas e objetivos da biblioteca e a sua instituição mantenedora; eles são, geralmente, de
ampla aceitação, possuem autoridade e são convincentes para obtenção de ajuda ou suporte; e
eles são especialmente efetivos quando promulgados por ag ências de credenciamento. As
maiores desvantagens são que metas e objetivos, como declarados, não são passíveis avaliação
objetiva; não são, muitas vezes, fáceis de interpretar; requerem um alto nível de conhecimento
profissional e julgamento; peritos pode m discordar sobre os padrões, e qualquer decisão,
afetando o credenciamento, é necessariamente um assunto sério.
Nos Estados Unidos existem 32 associações e agências reconhecidas pelo Comissariado
de Educação para o credenciamento especializado de escolas ou programas (dado de 1971).
Todas estas agências publicaram padrões ou critérios para credenciamento de seus respectivos
programas educacionais; mas as seções dedicadas nos padrões às normas de bibliotecas variam
de uma mera menção sob “acomodações” a mui tos parágrafos sob um cabeçalho à parte.
No Brasil, o reconhecimento de cursos ou faculdades é feito pelo Conselho Federal de
Educação, órgão do MEC, cuja exigência, em relação à biblioteca, é que reúna 1.000 títulos e
sejam assinados 30 periódicos em idio mas acessíveis, considerando -se assim o caráter
quantitativo, não qualitativo; faz requisitos também quanto a espaço e mobiliário adequado,
devendo dispor de lugares na base de 20% do total de alunos matriculados (Carvalho, Guido
Ivan de — Ensino Superior, legislação e jurisprudência. Revista dos Tribunais, 1975.)
Os dois últimos métodos de avaliação de coleção a serem discutidos levam em
consideração não tão somente a coleção de uma biblioteca, mas também em cada caso, se a
adequação da coleção sendo estud ada determina que passos mais adiante devem ser tomados
(i.é., se outras bibliotecas serão visitadas) a fim de satisfazer as necessidades particulares dos
usuários da biblioteca. Os dois métodos serão agrupados posto que são de alguma maneira
semelhantes neste aspecto de “estender -se” (to reach out).

1.5.1 Medindo a adequação dos recursos totais (internos e externos)


As maiores vantagens na medida da adequação total é ser um sistema realístico; usar
métodos quantitativos; reconhecer a interdependência das coleções de bibliotecas; encorajar a
cooperação bibliotecária; demonstrar o valor de redes e sistemas de bibliotecas. As maiores
desvantagens são: é dependente do conhecimento de quais recursos estão disponíveis, e onde;
pode ser difícil se estabelecer um a amostragem adequada; é relativamente complicado, e assim
sendo, é mais suscetível a erro humano.
Todos os métodos de avaliação anteriores supuseram que o teste da coleção da
biblioteca é independente e contido em si próprio. Entretanto, tem -se tornado mais e mais
óbvio que nenhuma biblioteca é, pode ser, ou, na verdade, deve ser, completamente auto -
suficiente; assim, parece razoável que outros recursos, facilmente disponíveis para aumentar ou
suplementar os recursos próprios de uma dada biblioteca, devem ser considerados na avaliação
da adequação ou qualidade da coleção daquela biblioteca. O que está sendo medido aqui,
então, é a totalidade dos recursos disponíveis para satisfazer as necessidades do usuário de
uma biblioteca, de maneira eficiente e efetiva . Em alguns casos, isto pode incluir todas as
bibliotecas da cidade, num sistema ou rede, ou em um país, mas a rapidez, eficiência ou
efetividade (ou todos os três) podem sofrer o processo. A medição dos recursos totais para a
adequação da coleção incluiri a o seguinte.

1.5.2 Capacidade de fornecer um documento


A biblioteca sendo avaliada deveria ser capaz de satisfazer um pedido para um
documento específico. A avaliação é assim, baseada na rapidez requerida para fornecer um dos
documentos de um teste de a mostragem de 300 documentos da própria coleção da biblioteca
ou de outras bibliotecas. Rapidez esta expressa por uma “rapidez média” na escala de 1 a 5,
onde 1 significa que todos os itens do teste estão nas estantes da biblioteca testada, e 5
significa que a biblioteca não possui nenhum dos itens do teste e que, havendo que emprestá -
los, levaria mais de uma semana. 51

1.5.3 Uso relativo de varias bibliotecas


Refere-se ao uso de outras bibliotecas como um sintoma da adequação da biblioteca
primária (i.é., a que está sendo avaliada). Como assinalado acima, os usuários aprendem logo
as partes fracas e fortes da coleção da biblioteca para as suas próprias necessidades, adaptam -
se a elas ou vão a alguma outra. Assim, um registro de poucos pedidos não atendidos pode
significar que ou a biblioteca possui quase tudo que os usuários precisam ou que a biblioteca
está sendo posta de lado, exceto para as necessidades que seus usuários sentem que ela pode
atender. Os recursos de uma dada biblioteca são ainda primários e básicos às necessidades
52

dos usuários da biblioteca e, então, eles devem ser desenvolvidos de maneira adequada, o
tanto quanto possível, para atender àquelas necessidades. Mas, arranjos cooperativos de vários
tipos estão começando a tirar algumas das pre ssões da biblioteca local e, ao mesmo tempo,
expandindo seus recursos e horizontes para benefício dos usuários locais. A totalidade dos
recursos disponíveis através da biblioteca local, portanto, deve ser a “Coleção” que é avaliada
de acordo com a capacida de dela satisfazer as necessidades dos seus usuários de maneira
eficiente, efetiva e rápida — em uma palavra, adequadamente.
Dentre os conceitos e idéias que apareceram e reapareceram nesta revisão da literatura
sobre avaliação de coleções de bibliotecas, quatro parecem possuir implicações de mais longo
alcance para o desenvolvimento e avaliação de todos os tipos de bibliotecas:
1. A ênfase nas metas e objetivos da biblioteca como fundamentos para a política de
seleção ou aquisição, e como suporte dentro do qual a coleção da biblioteca deve ser avaliada;
2. A ênfase na qualidade e nas necessidades dos usuários mais do que na quantidade, e
em listas padrões apenas como fatores decisivos no desenvolvimento da coleção e da sua
avaliação;
3. A aceitação de que n enhuma biblioteca pode ser completamente auto -suficiente, e que
a crescente cooperação bibliotecária pode vir a ser a única solução possível para prover
coleções adequadas de bibliotecas para atingir às necessidades dos usuários, onde quer que
eles estejam;
4. A necessidade básica de existir profissionais bibliotecários competentes em pontos
estratégicos como seleção e serviços públicos, a fim de assegurar o desenvolvimento e o uso
adequado da coleção da biblioteca.

Metas e objetivos devem ser determinado s cuidadosamente, atualizados regularmente,


descritos de maneira clara e declarados em termos que possam ser avaliados objetivamente.
A qualidade, para uma coleção particular, depende das necessidades dos usuários, e ela
pode mudar como as necessidades dos usuários mudam; assim, é essencial que os usuários
sejam entrevistados periodicamente quanto às suas necessidades e às suas opiniões a respeito
de quão bem as suas necessidades estão sendo atendidas.
Cooperação bibliotecária de todos os tipos deve ser enc orajada, e novas áreas de
cooperação devem ser exploradas, não somente entre bibliotecas similares como também entre
bibliotecas de diferentes tipos e tamanhos. A maior preocupação da biblioteca é, além da
coleção, a totalidade de recursos disponíveis de q ue ela faz uso.
É esta totalidade que deve ser avaliada.
Profissionais bibliotecários competentes fazem a diferença entre uma coleção geral e uma
biblioteca dinâmica, bem utilizada, altamente considerada. Eles são a ligação entre as
necessidades da comunid ade e a coleção da biblioteca, de um lado e, entre a coleção da
biblioteca e uma necessidade específica do usuário, de outro. Eles interpretam a comunidade
para a biblioteca através da seleção, e interpretam a biblioteca aos membros da comunidade
através dos serviços públicos. A avaliação adequada de uma coleção deve, portanto, levar em
consideração a presença ou ausência de bibliotecários competentes nas importantes áreas de
seleção e serviços públicos.
Metas e objetivos, qualidade, cooperação bibliotecári a, as necessidades da comunidade e
bibliotecários competentes, todos devem ser considerados na avaliação de uma coleção de
biblioteca.

Bibliografia
1. Por exemplo: CARTER, Mary D., and BONK, WallaceJ. Building Library Collections . 3d. Metuchen, N.
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Urbana, III, University of Illinois Graduate School of Library Science,1968, p. 5.
6. KRIKELAS,op.cit.,p.497.
7. JACKSON, Eugene B. “Measurement and Evaluation in Special Libraries” in GOLDHOR, ed. op. cit.
pp.70-87.
8. PITERNICK, op. cit., p. 229 (vide 3).
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edition of this publication: ROOSE, Kenneth D., and ANDERSEN, Charles J. A Rating of Graduate
Programs. Washington, D. C., American Council on Education, 1970.
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23. GOFFMAN, William, and MORRIS, Thomas G. “Bradford’s Law and Libra ry Acquisitions”.Nature,
226:922- 23, June 6, 1970.
24. BROOKES, B. C. “OptimumP% Library of Scientific Periodicals”. Nature, 232:461, Aug. 13, 1971. For
comment, see: SANDISON, A. “Library Optimum”. Nature, 234: 368 Dec. 10,1971.
25. TRUESWELL, Richard W. “Determining the Optimal Number of Volumes for a Library’s Core Collection”.
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26. HIRSCH, Rudolph. “Evaluation of Book Collections”. In Wayne S. Yanawine, ed. Library Evaluation
(Frontiers of Librarianship, n. 2). Syracuse, N. Y. Syr acuse University Press, 1959, pp. 15 -16.
27. ALLEN, op. cit. p. 25.
28. STAPLES, Robert. (Comunicação pessoal). Feb. 8,1973.
29. BONN, George S. “Library Self -Surveys”. Library and Information Science , 9:115-21, 1971.
30. HIRSCH, op. cit. pp. 16 -17.
31. WAPLES, Douglas. The Evaluation of Higher Institutions. Vol. IV. The Library, Chicago, University
of Chicago Press, 1935, pp. 80 -81.
32. CLAPP AND JORDAN, op. cit., p. 380. Vide também CARTER and BONK, op. cit., pp. 119 -32.
33. In General Background Reading, vide Bone, Carter and Bonk, Cassata and Dewey, Hirsch, Lyle,
McDiarmid, Merritt, Tauber, and Williams, passim.
34. BONN, op. cit., p. 120.
35. WILLIAMS, op. cit., p. 31
36. WHITE, Carl M. A Survey of the University of Delhi Library . Delhi, India, Pianning Unit, University
of Delhi, 1965, p. 41.
37. EMERSON, op. cit.
38. COALE, op. cit.
39. BURNS, op. cit. p. 3.
43. MAIZELL, op. cit.
41. SINEATH, op. cit., e MCINNIS, R. Marvin. “Research Collection: An Approach to the Assessment of
Quality”. IPLO Quarterly, 13:13-22, July 1971.
42. ARMSTRONG, Charles M. “Measurement and Evaluation of the Public Library”. In Goldhor, ed., op. cit.,
pp. 15-24; MERRITT, op. cit., pp. 58 -59; TAUBER, Maurice F. “Survey Method in Approaching
LibraryProblems, “Library Trends”, 1323-24, July 1964 eWILLIAMS op. cit. pp. 33 -34.
43. BONN, George S. Science-Technology Literature Resources in Canada Ottawa , National
Research Council, Associate Committee on Scientific information,1966, p. 24.
44. ROGERS and WEBER, op. cit., p. 115.
45. WILLIAMS, op. cit., p. 34.
46. BONE, Larry Earl, and RAINES, Thomas A. “TheNature of the Urban Main Library: its Relation to
Selection and Collection Building”. Library Trends, 20:631,April 1972.
47. ibid., pp. 628-30.
48. MERRITT, op. cit., p. 58.
49. HORN, Roger, “Thin Big: The Evolution of Bureaucracy”. College& Research Libraries , 33:17, Jan
1972.
50. WILLIAMS, op. cit., p. 34. Veja também: CARTER and BONK, op. cit., p. 137; LYLE, The Administration
of the College Library, op. cit. pp. 399400;and MERRITT, op. cit., pp. 59, 62-63.
51. ORR, Richard H. et al. “Development of MethodologicTools for Planning and Managing Library
Services: In.Measuring a Library’s Capability for Providing Documents”. Bulletin of the Medical
Library Association,56:251,July 1968.
52. ORR, Richard H. “Development of MethodologicTools for Planning and Managing Library Services:IV.
Bibliography of Studies Selected for Methods andData Lustful to Biomedical Libraries. Bulletin of
the Medical Library Association — 58 :350-77, July 1970.

II. Estudo da comunidade

1. Introdução
Estudo da comunidade é uma investigação de primeira mão, uma análise e coordenação
dos aspectos econômicos, sociais e de outros aspectos interrelacionados, de um grupo
selecionado (1:430). Análise da comunidade pode ser, portanto, definida como sendo uma
divisão da comunidade pelos seus componentes, mas tal análise é de pequeno valor, a não ser
que as características peculiares da comunidade e de cada um dos seus elementos incluindo as
características das necessidade s e do comportamento individual sejam identificadas e sua
significação estabelecida para a biblioteca. O estudo da comunidade envolve, portanto, o
estudo de dois elementos: as características da comunidade e os significados destas
características (2:441).
Os padrões mínimos estabelecidos para as bibliotecas públicas em 1976 dão ênfase à
necessidade do estudo da comunidade. Identificam três maneiras pelas quais a biblioteca pode
se tornar parte integral da população à qual ela serve: a) Estudo contínuo ou pe riódico da
comunidade; b) Participação dos bibliotecários na vida da comunidade; c) Correlação dos
programas da biblioteca com aqueles de outras organizações na comunidade (3:501). As metas
e as diretrizes da Associação de Bibliotecas Públicas (PLA) também enfatizam que a análise da
comunidade é necessária, de todas as maneiras possíveis, a fim de que a biblioteca possa
prover um serviço efetivo a sua clientela (1:429).
O estudo da comunidade é básico para a administração da biblioteca pois, como qualquer
organização, a biblioteca existe para realizar funções específicas as quais foram suficientemente
valiosas, na época do seu início de funcionamento, para justificar a sua criação, e que
supostamente, continuam motivar a sobrevivência e o crescimento da bibl ioteca. Entretanto, as
funções que justificaram uma instituição no seu começo, podem se tornar menos importantes
ou necessárias, com o passar do tempo, devido às condições do meio ambiente.
Os tipos de serviços oferecidos, as estruturas organizacionais com as correspondentes
operações e procedimentos requeridos para a manutenção daqueles serviços, os níveis e o
número de profissionais bem como de outros tipos de pessoal, os recursos necessários, são
fatores que foram considerados quando do planejamento inic ial da biblioteca e devem ser
revistos de acordo com os resultados dos estudos da comunidade, para que a biblioteca possa
cumprir a sua missão perante a comunidade que serve.
A biblioteca pública, nos Estados Unidos, durante a primeira parte do século XIX, foi uma
instituição criada para servir os mais educados e motivados para a cultura dentro da
comunidade. Porém, no fim do século XIX e começo do século XX, tornou -se ela um veículo
para a equalização das oportunidades educacionais e para auxiliar na assim ilação dos
imigrantes que, em grandes massas e vindos de diferentes partes do mundo — Europa
principalmente —, transferiram-se para viver nos Estados Unidos, atraídos pelas oportunidades
econômicas e pelo clima de liberdade proporcionado pelo regime democr ático do país. Neste
século, a biblioteca pública tornou -se então, não só numa fonte de recursos culturais e
educacionais para classes mais privilegiadas, como também, numa instituição de caráter mais
aberta, pública, de serviço à comunidade em geral.
A questão, portanto, é saber -se o que é a comunidade, e qual é o público a quem a
biblioteca pública moderna deve servir. uma questão que perdura na literatura por 25 anos.
Inúmeros estudos têm tentado examinar a relação entre a missão ou os objetivos aceitos pela
biblioteca pública, como preceitua a convenção biblioteconômica, e as realidades do meio
ambiente da biblioteca.
Os instrumentos das ciências sociais têm sido utilizados para resolver os problemas e os
desafios feitos aos serviços bibliotecários pelos pobres, desempregados, adultos, jovens,
crianças, velhos, semi-alfabetizados, etc. As mudanças sociais, como alterações e diretrizes
demográficas ocorridas nas cidades e nas áreas metropolitanas, o aumento dos níveis de
conhecimento e especialização da po pulação, ocasionando transformações na distribuição de
renda e na capacidade de aumento de salários, são fatores que devem ser de interesse da
Biblioteca.
O primeiro problema é a identificação do que está mudando, ou mais acertadamente,
desde que tudo se a cha em algum tipo de mudança, qual o aspecto particular da comunidade
que está em mudança, quão rapidamente e quanto, e quais os instrumentos da sociedade que
deve se preocupar em descrever a mudança. Desta maneira, a biblioteca pública deve
constantemente examinar e re-examinar a missão e os objetivos de sua instituição; os
processos de mercadologia (marketing) e a metodologia para levantamento de situações são
métodos já testados e que poderiam ser mais utilizados para melhor se entender o meio
ambiente da biblioteca. Como toda organização pública, a biblioteca pública deve ser sensível e
reagir ao meio ambiente a que serve, o qual, de sua parte, provê os recursos necessários para
a continuada sobrevivência e crescimento da biblioteca (4:586 -88).
Na verdade, o conhecimento da comunidade local e as mudanças da sociedade nela
refletidas podem afetar as metas e os objetivos de maneira tão profunda que podem levar às
adaptações e ajustes que podem vir a criar, para uma entidade já existente, um papel novo ou
papéis diferentes daqueles que lhe couberam originalmente. Sob um ponto de vista prático, as
políticas de seleção e aquisição não podem ser formuladas de maneira útil a auxiliar os
selecionadores dos materiais para a biblioteca, nem programas e serviços de i nteresse podem
ser planejados sem este conhecimento. Para que a biblioteca se constitua numa força viva,
dinâmica e em mudança em qualquer tipo de comunidade onde exerça a sua ação, é necessário
que o estudo e a análise da comunidade sejam uma atividade co ntínua da administração da
biblioteca (1:430).
Estudos de usuários de bibliotecas públicas, ou estudos de comunidade como são mais
conhecidos estes estudos, constituem -se em investigações à parte na área de pesquisa em
biblioteconomia. Isto porque os pesqu isadores são, geralmente, cientistas sociais, e os objetivos
da investigação se referem às necessidades de informação, não de documentos em particular.
Por outro lado, o ambiente social é levado em consideração, e a ênfase da pesquisa é para o
estudo dos problemas de trabalho, sociais e ocupação dos usuários.
É sabido que as fontes de informação mais usuais do cidadão comum de uma
comunidade são a família e os amigos. A comunicação de massa (jornais, rádio, TV) não
fornecem ao cidadão a informação de que el e necessita para resolver os seus problemas e, por
outro lado, o cidadão tem pouco conhecimento do potencial das fontes de informação
disponíveis, entre elas, a biblioteca pública. Estas fontes de informação são utilizadas em casos
de emergência, pode-se dizer, não para fins preventivos.
Por último, sabe-se que pela lei do mínimo esforço, o cidadão não fará uso da fonte de
informação maisadequada se ela estiver localizada geograficamente distante ou a sua utilização
seja trabalhosa ou exija esforço maior do que o pretendido dispender para a obtenção da
informação (5:37/38).
O completo entendimento da comunidade nas quais as nossas bibliotecas operam, sejam
elas urbanas, suburbanas ou rurais, envolve fatores demográficos e um entendimento dos
indicadores sociais e físicos, bem como da complexidade da estrutura da comunidade. Assim,
análise da comunidade não é apenas um simples processo de determinar o número de pessoas,
as suas características gerais, níveis de educação, e de economia e composição racial. Esta
informação é certamente básica mas uma análise efetiva da comunidade envolve mais do que
isto, como já foi assinalado. Serviços públicos, como as bibliotecas, precisam justificar o seu
suporte financeiro na base da sua habilidade em satisfazer as necessid ades da comunidade; os
orçamentos não seriam assim alocados com base no do ano anterior, mas sim com base nas
prioridades dos serviços a serem realizados. Assim, a análise da comunidade esta sendo
reconhecida como uma atividade essencial na administração g overnamental e tem contribuído
com melhores respostas às necessidades reais dos indivíduos. Às bibliotecas, assim como a
outras instituições, tem sido dito repetidamente que elas precisam satisfazer as necessidades
dos seus usuários. Na verdade, a sobreviv ência destas instituições dependerá da capacidade
que venham a ter para atender estas necessidades. Se elas não as satisfizerem de maneira
adequada, outras entidades com mais interesse nisto serão criadas para realizarem esta tarefa
(6:433 35).

2. Histórico de estudos da comunidade


O primeiro estudo publicado sobre comunidade de biblioteca surgiu em 1908 e o segundo
em 1919, mas não foram estudos científicos de caráter rigoroso, foram mais estudos de
observação. Os estudos pioneiros, clássicos, de caráter científico, foram publicados em 1929,
por Gray e Monroe e em 1931 por Waples e Taylor . O ímpeto maior que surgiu para a
7 8

realização de estudos da comunidade como um dos instrumentos de administração de


bibliotecas veio da Escola de Chicago, durante os an os 30, por um grupo de professores que se
engajaram nesta tarefa eles próprios, desenvolveram técnicas e forneceram exemplos para
serem seguidos, enquanto preparavam estudantes para realizar os levantamento e para ensinar
em outras escolas. Isto fez com qu e a análise de comunidade se tornasse mais uma tarefa
acadêmica e que fosse mais executada por peritos do que por bibliotecários para resolverem os
seus problemas diários (2:444/448).
Quatro importantes estudos vieram da Escola de Chicago, no começo da 2ª Grande
Guerra. O primeiro foi o Wight, que assinalou os passos a serem seguidos num levantamento:
1. Definição dos propósitos e limites do estudo;
2. Preparação de um esboço da organização do relatório final;
3. Determinação dos tipos de dados e dos método s de coleta;
4. Preparação das tabelas, formulários, e impressos para coleta e tabulação dos dados;
5. Coleta dos dados;
6. Tabulação e análise,
7. Preparação do relatório; e
8. Revisão, crítica e preparação final do relatório.

McMillen também relaciona os passos para a realização de levantamentos, mas faz


distinção entre levantamentos de comunidade e estudos mais apropriadamente chamados de
administrativos. McMillen aconselha sobre preconceitos involuntários, bem como sobre questões
que são impossíveis d e serem respondidas através de um levantamento (10:450).
Mc Diarmid discute o estudo dos não usuários em torno da questão: Quais grupos não
estão usando a biblioteca e por quê? Sugere a resposta a esta questão através de pesquisa e
sob 3 aspectos:
1. Quais são os não usuários da biblioteca;
2. Quais são os seus interesses e necessidades; e
3. Quais são as suas atitudes em relação à biblioteca?

Martin, em artigo clássico, chama a atenção para o problema da nossa falta de


conhecimento da relação existente, entre as características sociais e a leitura dos indivíduos.
Informação sobre o nível econômico ou as ocupações numa comunidade é útil para a seleção
de livros, mas isto não é definitivo. Esta questão da falta de entendimento da relação entre as
características sociais e o hábito da leitura apontada por Martin em 1944, é ainda atualíssima e
limita a aplicabilidade dos estudos da comunidade.
Estudos mais recentes são os publicados pela ALA em 1960: Studying the Community , 13

um tipo de manual para o estudo da s necessidades, para a educação de adultos, mas útil a
todos os tipos de comunidade, pois contém amostras de questionários e de relatórios de
levantamentos que são muito práticos. A obra editada por Tauber e Stevens em 1967, Library
Surveys é mais do tipo que McMillen chamou de “Estudos administrativos”, mas inclui um
14

trabalho que discute a análise de comunidade.


A obra de Berelson, The Library’s public, é um marco nesta área e deve ser o ponto de
15

partida para qualquer estudo de comunidade; é uma síntes e dos estudos sobre a leitura e o uso
da biblioteca pública. Este estudo é particularmente notável pelas conclusões de que a
biblioteca pública é usada por somente 10% dos adultos, que estes usuários são
essencialmente de classe média, e que o fator mais s ignificativo no uso da biblioteca pelos
adultos é a educação. Estas descobertas de Berelson foram confirmadas num estudo mais
recente de Bundy, em 1966.
16
Outros estudos importantes foram publicados após o de Berelson: Norwell, em 1950
publicou The reading interest of Young people, onde estudou os interesses de leitura de
17

estudantes secundários em New York, segundo idade, sexo, inteligência. Bundy, em 1960, na
18

tese de doutoramento, fez um estudo da população rural, assim como também Taves fez 19

estudos da população rural; Peil fez um estudo de mães de baixa renda, em Chicago,
20

comparando os hábitos de leitura e uso de biblioteca por mulheres brancas e pretas; Martin, 21

em 1967 estudou o serviço da Enoch Pratt Free Library de Baltimore, aos desprivilegia dos;
Lyman, em 1973 dirigiu um estudo de 5 anos sobre as características e o comportamento de
22

leitura de adultos neo -alfabetizados, bem como os programas e materiais de leitura dirigidos
para estes adultos; Lipsman, em 1972 realizou outro estudo de imp ortância sobre os
23

desprivilegiados na área urbana (2:450 -453).


Estudos da comunidade devem ser precedidos do exame de relatórios anteriores,
porquanto são estudo dispendiosos em tempo, trabalho e dinheiro.
O exame de estudos anteriores é também importante para evitar duplicações e erros já
cometidos, bem como para indicar a utilização de modelos testados com sucesso.

3. Exemplos de estudos de comunidade


O estudo de bibliotecas públicas em 5 comunidades da Pensilvânia pode ser considerado
como típico no formato de projeto e nos tipos de informação que desenvolveu sobre os serviços
bibliotecários naquelas comunidades. Este estudo colocou essencialmente as mesmas sugestões
postas no estudo de Berelson e outros subseqüentes, e confirmou que as descobertas de
Berelson, mais de 25 anos depois, ainda são válidas. O estudo testou cinco tópicos de interesse
permanente aos administradores de biblioteca, conselhos diretores de bibliotecas e estudantes
de serviços bibliotecários:
1. Identificação dos usuários dos servi ços da biblioteca, freqüência com que usa a
biblioteca e para quais finalidades;
2. Atitudes dos usuários e dos não usuários para com a biblioteca pública;
3. Nível e tipo de assistência financeira recebida pela biblioteca, atitudes de pessoas
interessadas na comunidade acerca destes arranjos financeiros;
4. Como a biblioteca satisfaz as necessidades dos usuários e a comunidade que ela
serve;
5. Onde a biblioteca se enquadra na estrutura geral de serviços governamentais dentro
da comunidade.

Para obtenção de respostas a estas questões a maioria das técnicas de pesquisa foram
empregadas:
1. Amostragens estatísticas significativas dos leitores inscritos na biblioteca. Foram feitas
e enviados questionários para inquiri -los nos pontos desejados;
2. Questionários de acompanhamento. Foram enviados àqueles que no responderam ao
primeiro enviado;
3. Entrevistadores profissionalmente treinados foram enviados a uma das comunidades
para aplicar a uma amostragem casual de residentes, outro grupo de questões, num esforç o
para testar com maior profundidade as características dos usuários e no usuários;
4. Diretores do estudo conduziram entrevistas abertas com bibliotecários, membros do
conselho da biblioteca, líderes políticos e do governo, líderes cívicos e editores de j ornais;
5. As estruturas administrativas bem como os procedimentos de cada biblioteca foram
examinados, como também os orçamentos e fontes de financiamento.
As descobertas n5o foram surpreendentes:
1. O tamanho e a composiç5o do público ativo da biblioteca , aqueles que regularmente
consomem os seus serviços, no mudaram desde 1949 (época do relatório Berelson);
2. Aqueles usando a biblioteca estavam geralmente satisfeitos com os serviços e
demonstraram confiança profunda no papel da biblioteca pública;
3. Pareceu no haver qualquer fonte articulada de oposição aos serviços da biblioteca.
Mesmo aqueles que não usavam a biblioteca a olhavam com respeito e orgulho;
4. Poucos foram os que perceberam a biblioteca como parte do sistema local de serviço
público, mas, por outro lado, não pareceu haver qualquer barreira de atitude ou institucional
para um apoio público maior para a biblioteca.
Os diretores da pesquisa concluíram que a força para mudança deve vir do bibliotecário
profissional, porque o consumidor dos s erviços bibliotecários não parece ser o agente motivador
para serviços novos ou não tentados; também observou -se que nenhuma das cinco bibliotecas
do sistema havia realmente explorado a capacidade inteira das oportunidades de expansão dos
serviços bibliotecários (4:590-92).
Outro exemplo de estudo de comunidade se refere à análise iniciada na Biblioteca Pública
de Detroit em 1970 e continuando até o presente (Janeiro 76) com o uso de métodos formais e
informais. O mais importante ponto de partida de qualque r análise da comunidade de uma
biblioteca é o estabelecimento das metas e dos objetivos da biblioteca — esta foi a abordagem
deste estudo. Portanto, o propósito da análise da comunidade deve ser não somente o de
facilitar o alcance daquelas metas e objetiv os, mas também o de fornecer informação atualizada
para pôr à prova as metas e objetivos já traçados, colocando -os de encontro às demandas
correntes recebidas pela biblioteca e feitas pelos usuários atuais.
Sem metas e objetivos é difícil saber -se o que examinar ou reconhecer o que é
significante. Não é possível desenvolver metas efetivas de serviço sem uma análise ampla e
atualizada das pessoas a serem servidas. As metas e objetivos das bibliotecas são relacionadas
de perto à análise da comunidade e devem ser parte do processo contínuo no qual um afeta
constantemente o outro.
A meta da Detroit Public Library era a revitalização das bibliotecas ramais, depois de 10
anos de declínio na circulação, e o veículo escolhido para esta revitalização foi a iniciação de
serviços de informação e referência. A fase formal deste estudo começou com um método de
determinar o papel futuro da biblioteca: um estudo de usuários mostrou que a maior
porcentagem de usuários da biblioteca principal consistia de estudantes da univer sidade e de
escolas da comunidade, além do comércio local que havia mudado para os limites da cidade, e
residentes de fora da cidade. Outro estudo demonstrou que a biblioteca deveria prestar serviços
aos não residentes na cidade de Detroit. Ainda um tercei ro estudo concluiu que a biblioteca
deveria ser designada como fonte de recursos para o estado e financiada pelo estado; ambas
conclusões foram devidas a problemas político -institucionais na área servida pela biblioteca.
Estes documentos, mais os relatório s estatísticos mostrando o declínio das bibliotecas
ramais levou a conclusões óbvias. Os largos recursos da biblioteca principal não estavam sendo
usados pelos residentes e os maiores usuários da biblioteca e dos antigos ramais até então bem
utilizados, haviam abandonado a cidade. O objetivo maior da biblioteca foi sentido ser então o
de servir a população de Detroit e fez -se necessário conhecer, portanto, a composição desta
população, seus desejos e necessidades, e saber da possibilidade dos recursos da bi blioteca
para atender a estas necessidades.
Grupos de trabalho foram formados dentre os funcionários de vários níveis da biblioteca
para estabelecer-se as metas e os objetivos. Informação demográfica foi fornecida pela
Comissão do Plano da Cidade referente ao raio geográfico de serviço de cada ramal, e para
cada ramal deram enviadas as informações estatísticas específicas do censo, referentes à área
a ser servida por ela. Começou -se então um estudo das características étnicas de cada zona,
detalhando a percentagem de crianças e faixas etárias, os níveis de educação, etc.
Outro grupo de trabalho foi ouvir o que tinha a dizer o presidente do Conselho da cidade,
os diretores das agências de saúde, e da previdência e, pouco a pouco foi ficando mais clara a
informação sobre a população. Ficou claro também nestes contatos com agências da cidade,
que não havia serviço de informação descentralizada nem serviço referencial na cidade.
Um dos acordos logo alcançado pela administração e pelo pessoal foi em relação a tare fa
primeira: a biblioteca deveria fornecer informação de todas as formas; o veículo teorético da
revitalização das bibliotecas ramais foi assim encontrado.
Verificou-se também que nem todos os métodos e programas poderiam ser usados em
todas as comunidades e que as necessidades de informação não eram as mesmas em todo o
lugar. Foi sentida a necessidade de expandir as informações demográficas e históricas, para o
fornecimento de dados mais específicos, humanos e dinâmicos sobre as pessoas representadas
nos censos, pois sem isto, só se poderia conjecturar sobre as necessidades, problemas das
pessoas, dadas as idades e as rendas, ou a formação étnica e educacional.
Um processo informal começou então para se descobrir de que maneiras as ramais
poderiam servir como centros de informação aos leitores e não leitores, usuários e não
usuários. A informação formal recolhida foi essencial mas a questão “Quem está lá?”
permanecia somente parcialmente respondida.
O projeto para o serviço de informação e referência cujo co nceito estava sendo
desenvolvido acentuava a provisão de informação local pela biblioteca ramal nas comunidades.
Se a biblioteca ramal tivesse acesso à informação local a qual poderia ser usada para resolver
mais problemas humanos àquele nível, presumia -se então que a biblioteca ramal poderia
alargar o seu serviço de informação àqueles residentes que não estavam correntemente
fazendo uso da biblioteca nos moldes tradicionais. Assim, enquanto a administração da
biblioteca estava fazendo contatos formais com agências do governo, descrevendo o novo
serviço e obtendo suporte nos níveis administrativos, providências eram tomadas para organizar
a abordagem informal à análise da comunidade ao nível das bibliotecas ramais.
Para isto, outros grupos de trabalho foram organizados, agora com os chefes das ramais,
para a implementação dos serviços de informação e referência. Uma campanha denominada
“passeio pela comunidade” foi efetuada, comunicando -se não só os novos serviços e
descrevendo-os, como também os outros servi ços do sistema. Ao mesmo tempo, procurou -se
conhecer o elemento humano existente na comunidade, os desejos, as necessidades, os
serviços existentes, e como os recursos da biblioteca, ligados aos já existentes nas agências
governamentais, poderiam transform ar as ramais num centro de informação local. Não
entrando em maiores detalhes, o conceito do novo serviço de informação e referência era de
descobrir os recursos locais (serviços e pessoas) através do envolvimento das bibliotecas ramais
nas comunidades e e sta informação seria registrada em fichas distribuídas pelo sistema.
Cartazes e folhetos foram preparados para cada biblioteca; novas linhas telefônicas, mapas
ampliados das áreas de responsabilidades de cada ramal foram providenciados para as
mesmas. Passeios na comunidade foram realizados pelo pessoal da biblioteca, entrevistando
agências de serviços públicos, de negócios, incluindo igrejas, bares, postos de gasolina, grupos
do bairro, envolvendo visitas de passagem, entrevistas marcadas, apresentações so bre os
serviços da biblioteca.
Com o tempo foi possível estabelecer -se uma correlação entre a quantidade de passeios
na comunidade e o número de questões recebidas nas ramais. Cada ramal cobriria a sua área
em seis meses e depois recomeçaria de novo; ningu ém ia à comunidade sozinho ou com
alguém que já não houvesse feito o passeio antes; dois passeios eram programados por
semana, obedecendo-se regras simples: não ir a casas particulares, não passear em horas de
pico nos lugares visitados, passear durante as horas mais leves na biblioteca.
Da parte dos bibliotecários envolvidos notou -se algumas objeções quanto ao fato de
temerem a vizinhança desconhecida, o desconforto de sair para fora da biblioteca; o fato de
sentir-se fora do seu metier, o desagrado de sen tir-se como vendendo os serviços da biblioteca,
e a resistência geral à mudança dos serviços básicos executados rotineiramente pelo
bibliotecário.

Conclusões do estudo
1. Métodos formal e informal são essenciais para análise da comunidade para
desenvolver uma imagem de “quem está lá”, e a compreensão do que desejam ou precisam;
2. Não há substituto para o método direto, dinâmico de obtenção de informação;
3. Abordagens diferentes devem ser utilizadas para a análise da comunidade;
4. Metas e objetivos para a biblioteca e a análise da comunidade devem ser processos
interrelacionados, com metas e objetivos fornecendo o foco para análise, e com a análise
aperfeiçoando e atualizando as metas e objetivos (24:515 -525).

Os tipos de informação geralmente requerid os pelas comunidades e que podem ser


atendidos neste tipo de serviço de informação e referência por parte das bibliotecas, dizem
respeito a: problemas de consumidor, educação e escolarização, vizinhança, moradias,
empregos, transportes, saúde, crime e segu rança, assuntos ou assistência financeira, recreação
e cultura, discriminação e relação de raças, cuidado de crianças e família, cuidado com a casa,
assistência pública e previdência social, planejamento familiar, problemas legais, assuntos
públicos, políticos, etc. (5:40).

4. Coleta de dados em estudos da comunidade


A fim de que uma biblioteca seja uma fonte de informação na comunidade e seja capaz
de planejar para atender as suas próprias necessidades, ela deve responder às diversas
necessidades da comu nidade. Muitas vezes a única maneira de realizar isto, é através do uso da
informação no censo federal o qual possibilitará a criação de um perfil detalhado da
comunidade. Este perfil é importante porque usualmente existem diferenças significantes na
composição da população entre as comunidades. O censo federal é, portanto, uma fonte de
dados básica para o planejamento detalhado da biblioteca; além desta fonte, censos mais
detalhados de regiões e de grandes municipalidades, bem como de indústrias, manufatur as,
comércio a varejo, etc., além de relatórios preparados por departamentos de educação,
universidades, agências de planejamento e do governo estadual, regional e local, devem ser
utilizados.
Alguns indicadores chaves para o planejamento de programas e de pendências para
bibliotecas seguem:

4.1. Idade
É importante, porquanto os subúrbios muitas vezes passam por mudança de uma
população com muitas crianças, para uma de adultos, mudanças estas devidas à urbanização,
escolas, ou à saturação dos grandes centr os.

4.2. Nível educacional


É importante, como também a matrícula dos residentes em instituições de nível superior;
tempo integral, parcial, idade dos alunos, são dados importantes.

4.3. Renda
A renda dos moradores é refletida nas demandas à biblioteca desde que se supõe que as
pessoas de renda alta e maior mobilidade podem tirar mais vantagens dos serviços da
biblioteca. Há sempre uma correlação direta entre nível educacional e renda e estes dois dados
devem ser considerados. A análise da renda da popul ação é feita por firmas de mercadologia
(marketing), bancos, agências de desenvolvimento, unidades do governo e muitas destas
organizações cedem cópias destas pesquisas à biblioteca. Esta informação de renda pode ser
subdividida por salários, autônomos, pr evidência e aposentadoria.

4.4. Ocupação e fontes geradoras de emprego


É importante a obtenção de dados quanto às ocupações especializadas; é necessário
saber da concentração das indústrias, construções e trabalhos de agricultura, ou de escritórios,
firmas comerciais. A razão de se saber os lugares de trabalho é que, mesmo que a parte maior
da demanda por materiais de pesquisa seja gerada por residentes da área, as demandas de
firmas de negócios e indústrias devem ser levadas em consideração; assim, é imp ortante saber
onde estão as concentrações maiores de indústrias e comércio as quais atraem um grande
número de trabalhadores para a área.

4.5. Informação étnica ou racial


Existem concentrações raciais ou étnicas numa região; este tipo de informação permi tiria
à biblioteca criar uma coleção especial sobre história ou condições atuais de grupos étnicos e
raciais os quais constituem um segmento grande dentre a população local.

4.6. Previsão de mobilidade da população


Este dado é importante para se preparar o programa de expansão da biblioteca. Existem
agências especializadas em preparar dados estimativos correntes ou de projeção futura quanto
à população local. Empresas de serviços públicos são fontes de informação deste tipo, já que
têm que saber com antec edência dos edifícios a serem construídos ou demolidos. Cartórios são
fontes de óbitos e nascimentos ocorridos na zona. A projeção da população é usualmente da
responsabilidade de agências de planejamento.

4.7. Tipo de área geográfica


Este dado é importa nte quando correlacionado aos demais elementos da comunidade,
bem como a localização física da biblioteca em relação aos outros elementos da comunidade; a
localização da biblioteca é muitas vezes dependente do planejamento regional ou local do
governo para localizar as atividades e acomodações dentro da cidade. Atualmente existem os
conceitos de centros, corredores e agrupamentos; no centro os órgãos do governo, escritórios,
escolas; nos corredores, ou saídas e entradas das cidades, existem os parques indus triais, os
grandes centros de compras, e grandes escritórios; e os agrupamentos se constituem em uma
maneira de construção para residências e acomodações comunitárias, deixando espaços amplos
abertos, com a vantagem de criar comunidades pequenas auto -suficientes e evitar a expansão
para os subúrbios não comunitários. Qualquer destes tipos de área trazem implicações para a
localização da biblioteca.

4.8. Restrições do meio ambiente


Devem ser levadas em consideração para a localização da biblioteca, por exe mplo: áreas
sujeitas a inundações, ou a erosão e inundações costeiras.
A maioria das fontes aqui sugeridas se referiram a agências públicas de planejamento em
cidades, regiões metropolitanas, etc., no entanto existem agências particulares de informação,
como as câmaras de comércio, as associações regionais de vários grupos de interesse (25 :459 -
72).
Como fontes nacionais poderíamos citar as publicações do IBGE, o Boletim Estatístico, a
Enciclopédia dos Municípios, as publicações com dados do último censo; d a Fundação Getúlio
Vargas, como a Conjuntura Econômica; o Anuário Banas; publicações oficiais dos diferentes
ministérios, particularmente da Secretaria de Planejamento do Governo Federal e dos diferentes
governos estaduais.
A aplicação de algumas das técni cas de pesquisa básica de mercado (mercadologia,
marketing) tem sido feita pelas bibliotecas norte -americanas pois que oferecem uma percepção
útil aos bibliotecários procurando servir melhor as suas comunidades. A área de pesquisa de
mercado cobre: análise de produtos/serviços; levantamento de informação sobre os
consumidores; análise da atitude, comportamento e motivação dos consumidores; a previsão
de demandas para produtos e serviços; análise de fontes secundárias de informação pelas
firmas interessadas, procurando entender as necessidades e desejos dos consumidores dos
seus produtos, experimentação com variáveis controladas.
Como facilmente se percebe, a aplicação de algumas destas técnicas tem aplicação
específica para as bibliotecas ou apresentam grand e potencialidade de aplicação pelos
bibliotecários. Uma área vital é o usuário da biblioteca, presente e potencial; como os usuários
são a base para a existência da biblioteca, é necessário compreendê -lo o mais profundamente
possível; assim, uma análise si stemática dos usuários é um dos instrumentos mais vitais para a
melhoria dos serviços.
A base para a análise do mercado, i.é., o estudo das pessoas que formam os grupos que
alguém serve, ou espera servir, é a segmentaç5o do mercado; essencialmente, através desta
técnica observa-se a demanda para serviços e vem -se a saber quais os ajustes racionais e
precisos que podem levar a melhor satisfazer os requisitos dos usuários. O conhecimento
específico dos clientes ajuda a projeção e o oferecimento de serviços qu e melhor atendem as
suas necessidades; desde que todos os clientes não são iguais, eles são divididos ou
segmentados em categorias diferentes. As maneiras de segmentar os clientes são ilimitadas:
renda alta, educação secundária, famílias pequenas, rurais, que falam japonês, etc.
Alguns padrões tradicionais têm sido desenvolvidos para fornecer segmentos relevantes
ao entendimento e planejamento de campanhas. Provavelmente, a base mais comum para a
categorização dos clientes é a geográfica — a área total servida é simplesmente dividida com
base nos usuários — e, tipicamente, tal divisão é baseada em fronteiras geográficas e fatores
limitativos, como divisão de municípios, estradas, rios, distritos, etc. Outra segmentação usa
variáveis demográficas: cidade, ren da, ocupação, variáveis étnicas, sexo, etc. No entanto, é
necessário se saber se as variáveis demográficas são realmente as melhores indicações para o
comportamento real. Por exemplo: há uma relação direta entre o uso da biblioteca e a idade e
a renda? Provavelmente há, mas os fatores causais para isto são provavelmente muito mais
complicados que idade, renda ou outras variáveis quantitativas.
Uma terceira abordagem é a segmentação baseada em volume. A teoria da “metade
pesada” demonstra que pelo menos para muitos produtos no mercado, talvez somente uma
metade dos clientes responde por 80% do consumo. Para muitas bibliotecas esta abordagem
oferece alguns méritos, entretanto, este método não fornece a percepção dos fatores causais
deste comportamento.
Apesar de limitadas, estas abordagens podem oferecer vários benefícios às bibliotecas. A
segmentação geográfica pode melhorar o itinerário do carro -bibioteca ou mostrar áreas de alta
renda para serviços particulares, ou ainda, altas concentrações de abuso (devolu ções em
atraso). Dados demográficos podem mostrar distinções claras entre usuários e não usuários. A
teoria da “metade pesada” pode indicar direções para o orçamento de futuros serviços,
respondendo ao aumento ou declínio da demanda.
Estas abordagens de se gmentação se concentram em fatores descritivos mais do que
causais, e assim não podem oferecer uma percepção sobre o comportamento futuro. Para que
esta capacidade de predição seja alcançada é necessária uma abordagem mais sofisticada para
segmentação dos usuários da biblioteca: a segmenta ç5o dos benefícios.
A chave para esta abordagem é a análise dos benefícios os quais as pessoas estão
procurando através do consumo de produtos e serviços. Depois de caracterizar os
consumidores nestas bases, cada segmenta ção é contrastada com outros segmentos baseados
nas características demográficas, média de uso, atitudes, padrões de comportamento, imagem
da biblioteca, tipos de vida, e/ou qualquer outra característica descritiva que possa oferecer
percepção útil para me lhor se entender estes grupos.
Através do entendimento profundo destes segmentos as bibliotecas podem determinar
como alcançar estes usuários, comunicar -se com eles de maneira mais significativa e oferecer
serviços mais úteis — uma verdadeira “orientação a o usuário — a fim de melhor servir à
comunidade. Tal análise pode resultar no planejamento de novos serviços, diminuição de
operações, mudanças de horários, remodelação física de seções, criação de exposições,
mostruários, planejamento de atividades de pub licidade, relações públicas, etc.
Uma maneira mais direta para a obtenção de dados sobre a clientela da biblioteca é a
metodologia discreta da observação. Definida de maneira simples, observação é “olhar com um
propósito”. Uma grande quantidade de percepçã o sobre os consumidores vem dos seus moldes
de comportamento ou outros aspectos físicos do uso feito das dependências das bibliotecas.
Por exemplo: qual o “padrão de busca” que as pessoas usam para atingir seus objetivos na
biblioteca? Permanecem elas perp lexas e procuram por sinais ou outras informações direcionais
ou a maioria vai diretamente à mesa principal? muito freqüente a necessidade de auxílio por
parte dos bibliotecários? Ficam as pessoas sempre procurando orientações para as
dependências tais com o: sala de música, toaletes, o auditório?
A fim de se coletar os dados úteis para a análise das situações precedentes os
acontecimentos devem ser registrados quando ocorrem. Uma simples folha de contagem pode
ser mantida para o registro da observação pelos funcionários. Informações úteis a serem
incluídas podem ser: idade aproximada do usuário; a hora, se só ou acompanhado; a ocupação
aproximada do usuário: dona de casa, estudante, homem de negócios, tipo do pedido feito, etc.
O resultado das contagens e re sumo de tais observações podem levar ao melhoramento dos
aspectos de arranjos físicos da biblioteca, a colocação de sinais informativos, a mudança nos
padrões de atendimento, para reforçar o atendimento nas horas de alta demanda, e outros
melhoramentos. Deve-se tomar as precauções cabíveis para se evitar os problemas deste
método, como por exemplo, os preconceitos subjetivos do observador; também, os
observadores devem ser alertados para o fato de que embora os usuários retirem material
emprestado isto não quer dizer que estes materiais serão usados. Mas as fraquezas do método
de observação não devem influenciar o uso desta técnica, fácil, de custo baixo — desde que
pode ser realizada pelos próprios funcionários em conjunto com as suas tarefas — e rápido para
a coleta de dados.
Um dos mais difíceis, mas potencialmente útil problema enfrentado por companhias de
materiais de consumo é o de como medir de maneira acurada a imagem que as pessoas
tern4os seus produtos. Estas questões são difíceis de verbalizar e al tamente subjetivas. Uma
abordagem peculiar foi criada, a qual poderia ser útil para o fornecimento de percepções
valiosas em várias áreas, para as bibliotecas, como:
Deveria a biblioteca lançar uma campanha de relações públicas para melhorar a sua
imagem? Qual é a imagem presente das acomodações físicas, coleções e pessoal? As imagens
variam entre os usuários e os não usuários? Esta técnica consiste no uso de um conceito (p.
ex., a coleção) ser julgado de maneira adjetiva através de uma série de descrições que vão do
ótimo ao péssimo, e se movem da esquerda para a direta, representando: “extremamente
bom”, “muito bom”, “bom”, “neutro”, “ruim”, “muito ruim”, “péssimo”. Os usuários são
encorajados a usar as escalas de maneira rápida sem ponderar muito sobre el as. Para medir os
resultados, as escalas recebem pesos em cada posição e estes dados são convertidos no
resultado médio, fornecendo assim um perfil daquela coleção, serviço, pessoal, etc.
Várias modificações nesta técnica tiveram resultados positivos na ár ea de mercadologia,
como por exemplo, medindo -se a imagem de uma marca contra a dos seus competidores, os
quais poderiam ser também aplicados em bibliotecas. Por exemplo, o que as pessoas pensam
sobre a biblioteca em geral (útil, inútil, serviço de pajear crianças, ativa na comunidade,
ultrapassada, progressista, estéril, mal subvencionada, etc.). Como a biblioteca se compara com
as outras fontes de informação e entretenimento (TV, clube de livros, coleções particulares, de
escolas, etc.). Como os usuários e não usuários se sentem sobre os serviços específicos que a
biblioteca oferece?
Um quarto tipo de pesquisa de mercado — o experimento — pode ser útil às bibliotecas.
Apesar de existirem experimentos em várias formas (mais de 25 projetos “típicos” são usad os
nas ciências sociais) algumas aplicações simples podem fornecer informações úteis às
bibliotecas. Basicamente, um experimento envolve a introdução de uma variável controlada
dentro de uma situação, a mensuração da mudança criada pela variável na situaçã o, e então a
determinação de se a variável deve ser ou não incorporada à operação ou situação sendo
estudada. Um experimento é artificial no sentido de que as situações são criadas para fins de
teste. Uma consideração chave é o controle da variável, tornar seguro de que ela é o fator
contribuinte à mudança, mais do que qualquer outro fator externo não controlado.
Para fins de mercadologia os experimentos são planejados para medir o impacto de
mudanças ocasionadas pelos temas de propaganda, estilos de embala gem, técnica de venda.
Na biblioteca, os experimentas poderão mostrar as diferenças criadas pelos projetos de
exposição, métodos de conseguir a devolução de materiais, freqüência a um programa especial,
etc. Por exemplo, por uma média dos levantamentos fei tos chega-se a saber a percentagem de
materiais não recebidos de volta; uma variável pode então ser introduzida: um novo cartão
para relembrar os usuários dos livros já vencidos. Dado o tempo necessário par a reação, nova
mensuração é feita e uma análise r ealizada para verificar se nenhum outro fator externo foi o
que gerou a mudança (uma campanha do jornal local sobre o custo de “crimes menores” como
o roubo de livros, pode causar uma mudança acentuada na média de devolução de livros, não
relacionada com a campanha da biblioteca).
Este método é conhecido geralmente como “de antes e depois”; uma maneira mais
sofisticada seria o uso de grupos de controle. Neste tipo de projeto, dois grupos tão iguais em
suas características quanto o possível, são medidos, mas somente um grupo é sujeito à
variável, enquanto o outro segue influenciado naturalmente. Comparação dos resultados
mostrará os efeitos da variável, se algum houver; tal método pode ser também usado ao
inverso, i. é, interromper uma prática usual e verific ar através da comparação qual o resultado,
e resolver-se pela interrupção ou pela continuação do serviço.
Em resumo, tais técnicas de pesquisa de mercado parecem ser relativamente simples e
baratas e são meios pelas quais a biblioteca pode obter dados sobr e os seus “consumidores” e
suas operações. Com a utilização destes métodos os usuários poderão receber serviços
realmente orientados à eles — uma necessidade Crítica no mundo atual consciente de custos e
serviços dirigidos (26:473 -481).

5. Limitações e perspectivas dos estudos da comunidade


Zweizig & Dervin fizeram uma revisão crítica profunda nesta área de estudos de usuários
de bibliotecas públicas, tendo chegado a conclusões altamente relevantes e apontado novas
bases ou direção para estudos deste tipo .
Partindo da premissa das pesadas pressões que existem hoje em dia com relação à
atuação das bibliotecas públicas norte -americanas,devido a fatores tais como:
a. O surgimento de agências competitivas para o fornecimento de informações
necessárias à vida do dia-a-dia do cidadão norte-americano;
b. Restrições na economia e na forma de distribuição de renda aos municípios, o que veio
obrigar as bibliotecas a uma avaliação dos seus serviços e a evitar a duplicação de esforços;
c. A demanda generalizada por ser viços justificáveis, i.é., que possam competir com
outros serviços públicos para a obtenção de dinheiro público, tendo os autores chegado à
conclusão de que é necessário o planejamento de programas orientados aos usuários, os quais
podem se tornar justific áveis financeiramente.

Mas a prestação deste tipo de serviços obriga a biblioteca a um conhecimento maior da


população servida, e as pesquisas realizadas até o presente demonstraram que as bibliotecas
públicas são utilizadas por apenas 20% da população a dulta, de maneira considerada
freqüente, e que menos de 5% dos adultos julgam a biblioteca como sendo um lugar para a
obtenção de informação necessária para lidar com os seus problemas do dia -a-dia.
Na revisão da literatura mencionando, Zweizig & Dervin cl assificam os estudos de
usuários de bibliotecas públicas em 2 tipos:
a. Os que chamam de “normativos”, com descrição de princípios e de programas,
consistindo apenas de relatos não empíricos e de comentários, onde profissionais transmitem
aos outros um conjunto de valores relativos às bibliotecas públicas.
b. Os estudos empíricos, base para a justificativa financeira, e extraídos das estatísticas
de circulação. A questão básica aqui é: Quanto do nosso material está sendo circulado (ou
usado)?

Mas estes dois tipos de estudo nada dizem sobre quem usa a biblioteca e o quanto. E é
nesta linha que se nota o crescimento de estudos empíricos que procuram determinar qual a
proporção de cidadãos que usam a biblioteca pública, o quanto a usam, e na determinação das
características das necessidades destes usuários.
Os autores da revisão relatam terem feito um levantamento na literatura de 1949 -1975 e
terem encontrado 16 estudos com este enfoque dirigido aos usuários de bibliotecas, i.é, as
unidades de mensuração foram pessoas, não dados da circulação; foram então investigações
quantitativas que mediram atributos das pessoas adultas da comunidade que usam bibliotecas
públicas.
Basicamente, estes estudos levantaram as mesmas questões: Quem usa a biblioteca?
Quais são as suas características? Quanto eles usam a biblioteca? Os autores identificam dois
tipos destes estudos: os que abordam variável por variável (sexo, idade, educação, etc.) e a
que relaciona cada uma por sua vez com a quantidade do uso da biblioteca. E aqui o s autores
observam surgirem várias falhas: os estudos têm revelado, um após o outro, que nível de
educação e renda são relacionados com uso de bibliotecas, mas, usuários de educação mais
elevada possivelmente possuem renda mais alta, e assim, estes estudos parecem estar
medindo a mesma coisa duas vezes. Dos 16 estudos analisados, 11 tinham esta abordagem.
O segundo tipo deste estudo pode ser chamado de estudo de “características
compostas”. As questões continuaram as mesmas, mas o que o distingue do tipo an terior é que
os pesquisadores usaram técnicas multivariadas para abordar um grupo de variáveis que se
movem ao mesmo tempo. A questão então se torna em: Que grupos de características
descrevem um usuário freqüente de biblioteca comparada a um usuário infre qüente? Quais as
características que melhor descrevem ou predizem aqueles usuários?
Mas, com a pressão contínua para planejamento de serviços justificáveis por parte das
bibliotecas públicas, começaram a surgir estudos que iniciaram a questionar um problem a mais
funcional: Onde você obtém a informação de importância para atender suas necessidades? As
respostas mostraram que menos de 5% das pessoas a obtém numa biblioteca pública.
A discrepância entre este dado de menos de 5% de pessoas adultas indicando a
biblioteca como fonte de informação necessária e a proporção de adultos que usa a biblioteca
regularmente — na base mínima de uma vez por mês — 20%, deram margem às questões:
Para o quê a biblioteca é usada, se não o é para informação necessária?
Por outro lado, fazendo uma análise dos dados demográficos usuais para estudos de
comunidade (idade, sexo, raça, estado civil, posição social), os autores, após minuciosa
comparação concluem que com exceção da variável educação, as demais provaram ser de
pouco valia para predizer o uso da biblioteca por adultos. Mas, de qualquer maneira,
representam estes fatores um primeiro passo, o qual, acrescido de fatores não demográficos
recentemente incorporados aos estudos da comunidade, vieram formar o contexto atual destes
estudos.
Basicamente, esta abordagem aponta a biblioteca apenas mo um dos elementos dentre
as influências todas que envolvem a comunidade, e, por conseguinte, têm relação com o uso da
biblioteca. Por exemplo: outros sistemas de informação (a comunicação de massa, TV, rádios,
jornais) contatos sociais e participação em atividades sociais, como em serviços para a
comunidade, etc. Todas estas variáveis se mostraram relacionadas com o uso da biblioteca.
Os autores analizaram também os estudos multivariados e ap ós concluírem que o
conjunto de estudos forneceu um quadro da média do usuário e da proporção de adultos que
usam uma biblioteca, é ainda crucial saber -se se a abordagem destes estudos é realmente útil.
Útil no sentido prático de planejamento de novos prog ramas, no sentido da biblioteca poder se
tornar justificável, como para a prestação de serviços variados e de níveis diversos, para
responder à chamada para atingir novas audiências, ser responsável perante as comunidades, e
servir cidadãos individualmente em suas necessidades de informação para o dia -a-dia.
Os autores ainda criticam estes estudos por se basearem no que chamam de suposições
limitadoras, como por exemplo: o considerar -se o uso ou não uso da biblioteca, como um
descritor útil para se atingir as metas atuais acima delineadas. O melhor que estes estudos
conseguiram, dizem os autores, foi explicar que uma parte da comunidade é usuária da
biblioteca e outra não. O problema é então, não se perguntar quem está usando a biblioteca e
quanto, mas sim:
para qual propósito é a biblioteca usada? Quanto ela ajudou? Afastando -nos assim de
estudos dos usuários, para estudos do uso para o qual as bibliotecas servem.
Da mesma maneira, a pressuposição de que a avaliação da comunidade é tarefa a ser
realizada de uma só vez (one-time job) é considerada limitatória, pois que a comunidade é
dinâmica e muda quase na base diária em relação à população, recursos, áreas de interesse
e/ou preocupação. Assim, para muitos, a informação de hoje estará errada amanhã; para
muitos, não há informação disponível para os problemas do dia -a-dia. Assim é necessário não
uma metodologia para um estudo de larga escala, mas sim de um conjunto de procedimentos
para o estudo contínuo da comunidade. E, novamente, os autores sugerem que a ab ordagem
seja transferida dos usuários para a necessidade pela informação e os usos para os quais a
informação serve.
Um último exemplo, nesta linha, embora os autores se alonguem mais ainda na defesa
deste ponto de vista, é o problema da mensuração da efet ividade do sistema, a qual é feita
pela comunidade, i.é., pelo critério de avaliação do nível de satisfação atingido por cada usuário
ao utilizar-se da biblioteca. Mas, reconhecem os autores, as ciências do comportamento ainda
não possuem os instrumentos p ara esta mensuração, e então propõem que o que deveria ser
medido é o uso da informação: que fnformaç5o foi i usada, como ela ajudou?
Finalmente, os autores concluem que o modelo antigo de estudos de usuários: quem usa
a biblioteca e para que,já foram leva dos até onde poderiam ir. A situação corrente, que
demanda o planejamento de novos serviços, não a continuação dos antigos; que exige que a
biblioteca seja justificável aos grupos da comunidade, e não simplesmente retenha os usuários
atuais, que justifique os programas em execução, ainda mesmo que não ameaçados de corte,
esta situação demanda um conhecimento intrincado do significado dos usos da biblioteca.
Antes, a questão era: Quanto uso é feito da biblioteca? Atualmente a questão é: Quem é
o usuário da Biblioteca? Os autores propõem que as questões para o futuro imediato sejam:
Que usos são feitos da biblioteca? Para que usos pode ser utilizada a biblioteca? Os
bibliotecários de biblioteca pública têm que ser capazes de responder as questões: O que as
pessoas conseguem na biblioteca que não podem obter de nenhum outro lugar? Como a
biblioteca ajuda o usuário, individualmente?

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III. Estudo de usuários

1. Introdução
Estudo de usuários são investigações que se fazem para se saber o quê os indivíduos
precisam em matéria de informação, ou então, para se saber se as necessidades de informação
por parte dos usuários de uma b iblioteca ou de um centro de informação estão sendo
satisfeitas de maneira adequada.
Através destes estudos verifica -se por que, como, e para quais fins os indivíduos usam
informação, e quais os fatores que afetam tal uso. Os usuários são assim encorajados a tornar
as suas necessidades conhecidas e, ao mesmo tempo, a assumirem alguma responsabilidade
para que estas necessidades de informação sejam atendidas pelas bibliotecas ou centros de
informação.
Estes estudos são, assim, canais de comunicação que abrem entre a biblioteca e a
comunidade igual ela serve. São estudos necessários também para ajudar a biblioteca na
previsão da demanda ou da mudança da demanda de seus produtos ou serviços, permitindo
que sejam alocados os recursos necessários na época adequad a.
A maioria dos estudos neste campo foram realizados a partir da segunda metade da
década de 1940. Na Conferência da Royal Society, em 1948, foram apresentados trabalhos que
vieram contribuir para criar preocupação para estudos orientados às necessidades dos usuários.
A Conferência Internacional de
Informação Científica, em Washington, em 1958, também muito contribuiu para o
desenvolvimento desta área de investigação, com diversos trabalhos apresentados sobre
estudos de usuários.
O que houve realmente, pod e-se dizer, foi uma mudança de atitude em relação aos
usuários: até então, adotava -se uma atitude passiva, aguardava -se que os usuários
aparecessem e soubessem como fazer uso da informação posta à disposição para uso. A
mudança foi no sentido da bi1iqtec_t ornar-se mais ativa, dinâmica, com a criação de novos
serviços, ou com o aperfeiçoamento de outros já prestados. Exemplos práticos desta atitude
frutificaram: com base em estudos de usuários, serviços de bibliografias, índices e resumos
foram reformulados de acordo com as necessidades expressadas pelos usuários. Da mesma
maneira, serviços novos, como o da disseminação seletiva da informação, e os serviços de
alerta, na forma de fichas, boletins, conteúdos de periódicos, etc., foram criados com base em
perfis de usuários, i.é., a maneira mais direta e objetiva de atender às necessidades individuais
de cada usuário (1:1).
Existem várias maneiras de se caracterizar estudos de usuários; uma das maneiras mais
convenientes é dividí-lo em dois tipos:
1. Estudos orientados ao uso de uma biblioteca ou centro de informação individual;
2. Estudos orientados ao usuário, i.é., investigação sobre um grupo particular de
usuários, como este grupo obtém a informação necessária ao seu trabalho.

A maioria dos estudos de bibli otecas individuais tem sido realizados em bibliotecas
públicas e acadêmicas;! poucos estudos de bibliotecas especializadas foram registrados na
literatura. Este tipo de estudo geralmente cobre todos os serviços prestados pela biblioteca, ou
pode restringir-se a um serviço (SDI, por exemplo, ou o serviço de referência) ou, ainda, aos
instrumentos disponíveis para uso dos usuários (o uso dos catálogos, da coleção de índices e
resumos, etc.) (2:61).
Os estudos orientados aos usuários propriamente ditos, não sã o limitados a uma
instituição, mas justificam o comportamento de uma comunidade inteira na obtenção de
informação (information gathering habits, entre os americanos, e information gathering
behaviour, terminologia mais inglesa) (2:62). Assim, estudos deste tipo foram realizados sobre
as maneiras de obtenção de informação por parte dos cientistas, médicos, engenheiros, físicos,
psia5logos, etc.
Os objetivos principais dos estudos compreendidos entre 1948 -1970 foram:
1. Determinar os documentos requeridos pel os usuários;
2. Descobrir os hábitos dos usuários para a obtenção da informação nas fontes
disponíveis, bem como as maneiras da busca, por exemplo:
a. Citações em periódicos, livros, relatórios;
b. Citações em bibliografias;
c. Citações em serviços de índices e resumos;
d. Uso de serviços mecanizados de recuperação da informação;
e. Uso de serviços de recuperação da informação computarizados (on -line);
f. Uso de maneiras inf ormais (conferências, conversas, cartas);
g. Exame rápido de obras (browsing);
h. Leituras casuais.
3. Estudar a aceitação das microformas;
4. Estudar o uso feito dos documentos;
5. Estudar as maneiras de obtenção de acesso aos documentos;
6. Determinar as demoras toleráveis (1:2).

De maneira geral os grupos de usuários estudados foram primeiramente, os cientistas


das ciências puras, a seguir, engenheiros. Na década de 60 a ênfase foi para com os interesses
dos tecnologistas, bem como dos educadores. A década de 70 tem sido dedicada aos estudos
das necessidades dos cientistas sociais, e dos altos escalões da administração governamental
(1:3).
Durante o chamado primeiro período dos estudos dos usuários, que se estendeu de 1948
a 1965, a ênfase foi em tentar -se descobrir o uso feito da informação pelos cientistas e
engenheiros, por serem as áreas onde os problemas eram mais sentidos e os sistemas em uso
mais se ressentiam das inadequações.
Estes estudos utilizam principalmente, os métodos de questionário entrevistas, com
propósitos exploratórios, para a obtenção de dados quantitativos sobre os hábitos de obter
informação, por parte da comunidade científica. A idéia era, através destes estudos, poder -se
chegar a planejar serviços ade quados de informação para atender as necessidades da maioria
dos usuários. Mas os resultados foram contraditórios: a complexidade, a amplitude, as
diversidades das necessidades dos usuários foram mais numerosas do que se esperava.
Concluiu-se então que seria uma meta remota de ser atingida: o planejamento de um único
sistema capaz de atender as diferentes, variadas, diversas necessidades de seus” usuários, em
todas as circunstâncias.
No segundo período, a partir de 1965, os estudos de caráter amplo, ou de c omunidades
inteiras de usuários, diminuíram bastante em número. Por outro lado, técnicas mais sofisticadas
de observação indireta foram usadas para estudar aspectos particulares do comportamento dos
usuários, como a análise de citações, verificações de com pilações estatísticas, de uso de
coleções, etc. Começaram também nesta época os estudos fazendo uso de métodos
sociológicos para análise da transmissão informal da informação, reconhecidamente um amplo
canal de fluxo da informação entre os cientistas.
Começou-se a adquirir um conhecimento mais profundo de como a informação é obtida e
usada. Por outro lado, estes conhecimentos tiveram pequeno efeito no planejamento dos
sistemas, pois que nesta época os planejadores estavam mais preocupados em entenderem e
se ajustarem aos novos modelos de computadores disponíveis, e o interesse maior era com as
capacidades técnicas do sistema a ser implantado, não com as necessidades dos possíveis
usuários.
Este tipo de estudo sociológico ainda é o mais utilizado atualmente, nesta terceira fase,
na década de 70; a necessidade de ajustar o sistema com o usuário ainda é sentida, e isto tem
influenciado as investigações correntes. Também, nesta fase, foi percebido ser preciso estudar -
se as necessidades dos usuários de outras área s, como de ciências sociais e humanidades, em
estudos amplos e exploratórios. Este interesse é talvez explicado pelo fato de os próprios
cientistas sociais terem -se envolvido nesta área de pesquisa.
A tendência é para estudos de caráter mais restrito nos c ampos da ciência e tecnologia,
dirigidos ao estudo de canais específicos de informação, do ponto dê vista do usuário, ou para
o esclarecimento de problemas observados num sistema particular (3:3 -5).
As implicações para a biblioteconomia, no que diz respeit o aos estudos dos usuários, uma
técnica da ciência da informação, e, portanto, mais um exemplo da integração útil e benéfica
das técnicas da ciência da informação ao aperfeiçoamento das técnicas bibliotecárias, ( 1) são
visíveis: guiam a política de seleção de uma biblioteca para ser mais de acordo com os
interesses dos usuários, dinamizam a aquisição, com a busca de publicações de difícil obtenção,
como anais de congressos, pré -prints, etc., e a organização total da bibliote ca propriamente
dita, desde a construção de edifícios (coleções centralizadas ou descentralizadas, localização de
coleções especiais) até a linha, profundidade dos serviços e produtos a serem oferecidos. De
maneira especial, apontam as diretrizes para o se rviço de referência e de disseminação da
informação, sob todas as formas.

2. Métodos e metodologia para estudos de usuários

2.1. Questionários
a. Pessoalmente
b. Pelo correio

2.2. Entrevista
a. Estruturada
b. Não estruturada
c. Gravada em fita

2.3. Diários
a. Escrito
b. Gravado em fita

2.4. Observação direta


a. Pelo investigador
b. Filmado para tela ou vídeo 2

2.5. Controlando a interação do usuário como sistema computarizado (1:4)


a. Através de um intermediário — é possível obter- se uma avaliação e realimentação
contínua; é uma maneira personalizada, flexível de avaliação de serviço. Também, fornece a
oportunidade do bibliotecário ser aceito ao mesmo nível do usuário.
b. Através da análise das saídas do computador — é possível saber-se do comportamento
e problemas do usuário, bem como da atuação do sistema, coletando -se estatísticas sobre o
uso do vocabulário para a busca, freqüência de uso de um documento, inclusive o tempo gasto
na busca. Os dados coletados com esta análise poderiam revelar:
1. Deficiências ou insuficiências do sistema representadas pela alta revocação de
documentos não relevantes, ou baixa revocação de documentos relevantes;
2. A necessidade de aprimoramento da estratégia da b usca, a fim de evitar dificuldades
para os usuários na operação do sistema;
3. Necessidade de alteração das políticas de indexação, de desenvolvimento de
vocabulário, e de dar importância a maior uniformidade, inclusão de dispositivos de precisão,
etc.;
4. Necessidade de treinar os usuários nos processos de pesquisa;
5. Atualização dos requisitos dos perfis;
6. Freqüência de descritores e, portanto, assuntos que se acham em demanda ou
mudança de interesses (4:195).

2.6. Análise de tarefas (task analysis) e solução de problemas (problem solving)


Este método consiste na reunião de especialistas numa área determinada, os quais
preparam problemas específicos para serem aplicados ao grupo testado, logicamente
pertencente àquela mesma área de conhecimento.
De acordo com uma fórmula pré -preparada, o grupo testado é solicitado a registrar todas
as maneiras e fontes utilizadas para resolver o problema proposto; é feita também uma
avaliação das fontes, bem como o registro dos problemas encontrados para o uso destas
fontes.
Esta parece ser uma das maneiras correntes mais aceitas para estudo do comportamento
humano, pois mostra como as pessoas agem em situações normais, portanto, um método mais
válido do que detalhados estudos artificiais de laboratório, que procuram en tender as
complexidades da percepção e aprendizado humanos. Este método demonstra o que um
indivíduo, numa situação normal de sua vida ou profissão, deve fazer ao perceber um
problema, tomar uma decisão para resolvê -lo e gerar os resultados desejáveis (5:1 51-52).

2.7. Uso de dados quantitativos


a. Empréstimos: por língua, assuntos, data;
b. Empréstimos entre bibliotecas;
c. Análise da retirada de volumes das estantes;
d. Circulação de periódicos (1:12a);
e. Análise de questões de referência;
f. Contagem de citações bibliográficas (2:66 -67).

2.8. Técnica do incidente crítico (Critical Incident Technique)


É uma técnica incorporada a um estudo fazendo uso de questionários ou entrevista.
Consiste em indagar- se do indivíduo sendo questionado uma lembrança de alguma experiência
ou acontecimento recente relevante (por ex., a última busca realizada na literatura) e fazê -lo
relatá-la em detalhes. Esta técnica tem se mostrado de grande importância, pois que, apesar de
ser notoriamente sabido que as pessoas não mer ecem confiança quando falam sobre o que elas
fazem, geralmente podem ser lembrar de um acontecimento recente especifico, de maneira
acurada (2:64).

3. Descobertas dos estudos de usuários


Os resultados dos estudos de usuários, embora não usualmente genera lizáveis, oferecem
contudo uma visão ampla dos problemas e tendências dos usuários na consulta das bibliotecas
e/ou de suas coleções.
De maneira geral, bibliotecas e centros de informação não são considerados as fontes
primeiras para informação técnica e c ientífica, pois que o cientista usualmente consulta várias
fontes antes de ir à biblioteca.
O quadro abaixo mostra os métodos preferidos pelos cientistas na busca de informação:
1. Biblioteca pessoal;
2. Procurar o material no edifício onde se acha;
3. Visitar uma pessoa próxima, com notório saber;
4. Telefonar a uma pessoa, com notório saber;
5. Usar uma biblioteca fora da organização;
6. Consultar um bibliotecário de referência;
7. Escrever uma carta;
8. Visitar uma pessoa distante mais de 20km (6:14).

Uma das razões mais simples porque o cientista e o técnico não usam a biblioteca é que
eles não sabem da existência de bibliotecas ou centros voltados aos seus interesses; outros são
vagamente sabedores dos serviços mas não sabem os pontos de acesso ou os benefícios em
potencial. Outros ainda, fazem uso dos serviços mas não os exploram de maneira aprofundada,
por não terem conhecimento da capacidade do sistema. Há uma forte tendência para um
usuário pedir não o que ele precisa na verdade, mas sim pedir por aquilo que ele pensa a
biblioteca ou sistema é capaz de fornecer.
Aos bibliotecários cabe parte desta falha: eles não têm sabido fazer pesquisa do seu
mercado, promover os seus produtos e serviços profissionais, nem tampouco têm sabido como
treinar os seus usuários de maneira que eles possam fazer amplo uso dos recursos todos
montados para o seu uso (2:27).
Uma descoberta altamente generalizável é a de que os serviços de informação são
basicamente escolhidos para uso devido ao seu acesso físico e uso fáceis — princípio do menor
esforço — muito mais do que por ter a informação que possa vir a ser útil ao usuário. A
distância geográfica é importante, bem como o acesso fácil ao local da biblioteca; estes dois
fatores, comprovadamente, têm importância fundamenta l no uso ou não do centro (2:72;
6:13).
Por outro lado, os fatos que levam os cientistas a procurar informação foram
estabelecidos como:
1. Atualização periódica;
2. Solução de um problema de momento;
3. Levantamento retrospectivo;
4. Revisão de um conheci mento (brush up);
5. Informação sobre outras áreas.

Diversas variáveis foram constatadas como existindo para motivar o uso de bibliotecas: a
função do indivíduo na organização, o tamanho da organização, a qualificação do indivíduo,
local do emprego, espe cialidade ou disciplina acadêmica, o nível da experiência do indivíduo, a
fase do trabalho requerendo busca, etc.
Foram também identificados diversos canais de informação para a área de ciência e
tecnologia: periódicos, serviços de índice e resumos, artigo s de revisão, citações, livros,
relatórios, catálogos comerciais, colegas, fornecedores, clientes, anúncios, consultores. Estes
canais são classificados em formal, ou escrito, e informal, ou oral.
Foi possível de se estabelecer que o cientista e o engenhei ro dispensam de 20 -25% do
seu tempo procurando informação, nos canais acima, e de acordo com as variáveis
mencionadas (1:12).
Assim, a maioria dos estudos concluíram que a utilidade dos vários canais é determinada
pela responsabilidade funcional do indivíd uo na organização, ou o seu tipo de trabalho:
pesquisador, professor, cientista, engenheiro, administrador. Em geral foi observada uma certa
relutância em usar índices e resumos, pela complexidade dos mesmos.
Aqueles profissionais envolvidos em pesquisa e desenvolvimento, inclusive na
Universidade, fazem consideravelmente maior uso dos canais formais, particularmente dos
periódicos científicos e dos resumos, do que o pessoal da indústria, envolvido em projetos,
testes, análise de produtividade. Estes adotam mais os métodos informais: a comunicação entre
colegas, troca de idéias com vendedores, clientes, enquanto que a literatura que mais utilizam
são os periódicos comerciais, os boletins internos, ou um manual. Isto se explica pelo fato de
precisaram informação sobre procedimentos, técnicas, materiais, equipamentos, e este tipo de
informação aparece na literatura com atrazo de dois anos em relação aos fatos correntes. Os
executivos ou administradores também usam mais a informação informal do que a formal
(6:14).
Por outro lado, os cientistas, para vencerem esta barreira do tempo, entre a pesquisa e a
sua publicação nas fontes formais, organizaram -se nos conhecidos “colégios invisíveis”, grupo
de cientistas interessados em áreas bem específicas do conhecimento, que trocam idéias entre
si e se mantêm atualizados na forma de comunicação oral, inclusive telefone, ou então escrita,
por meio de troca de pré -prints, reimpressões, manuscritos, noticiários; realizam também
reuniões locais, conferências com convidados, p alestras, etc. (6:15).
Foi também comprovada a existência de comunicação informal entre os engenheiros,
através dos “guardiões tecnológicos”, em laboratórios de pesquisa e desenvolvimento;
geralmente, os guardiões da informação são indivíduos mais velhos e experientes, “que sabem
tudo” e que assim reúnem em torno de si uma plêiade de engenheiros jovens que os consultam
para discutir problemas técnicos (6:15).
Pôde ser observado também que, de certa maneira, os canais informais são o elo para o
canal formal: um cientista conta a outro a fonte mais indicada para uma pesquisa ou para
resolver um problema particular de engenharia. Por outro lado, notou -se que a comunicação
oral ocorre mais quando do início de um projeto, na fase de interpretação dos resultados, e da
pré-publicação (6:15).
As bibliotecas deveriam explorar melhor estes fatos, procurando facilitar estes contatos
entre os especialistas com a manutenção de diretórios listando o pessoal interessado nas
mesmas áreas e técnicas. Poderiam também, já que a coleção particular do cientista é a sua
fonte primeira de informação, colaborar da melhor maneira possível a fim de que o cientista
possa fazer o melhor uso da sua coleção particular, sugerindo métodos e técnicas de
organização.
Outra atividade que poderi a ser desenvolvida pelos centros de informação seria a
preparação de revisões críticas as quais são altamente necessárias e demandadas pela
comunidade científica (2:73).
Outros três fatores descobertos e os quais podem ser generalizados são: dependência
grande em um número relativamente pequeno de periódicos em uma área; obsolescência a
partir de 3-5 anos para a coleção científica/ tecnológica; a língua inglesa é a de uso
generalizado, material em outra língua tem pouco uso (6:18).
As conclusões a que chego u Woods no seu artigo de revisão dos estudos de usuários
foram:
1. Facilidade de uso é um critério mais importante do que o valor em potencial da
informação;
2. Devem ser desenvolvidos meios para facilitar a comunicação informal ou contato
pessoal entre os cientistas,
3. Os usuários precisam receber instrução de como usar índices, resumos, catálogos;
4. Sistemas mecanizados de recuperação da informação não suplantam, ainda, os
métodos tradicionais;
5. Serviços de tradução devem ser estabelecidos, ou o conhe cimento da existência dos
mesmos deve ser levado aos usuários;
6. Artigos de revisão são muito demandados e os centros de informação devem prepará -
los periodicamente;
7. O descarte das coleções (regra de 80/20%) deve ser aplicada para prover espaço;
8. As bibliotecas devem vender seus produtos e serviços aos usuários (6:12 -20).

4. Limitações dos estudos de usuários


A literatura na área de estudos de usuários, atualmente, está bem mais reduzida,
numericamente. O ARIST (Annual Review of Information Science and Technology) que vinha
publicando desde o seu v. 1 de 1966, um capítulo anual sobre estudos de usuários, deixou de
fazê-lo em 1973, 1975 e 1976, sendo os últimos dados contidos no volume de 1974.
Estes estudos são difíceis, pois devem levantar respostas lógicas, as quais possam ser
interpretadas, quantitativamente, e resultarem em aplicações práticas de interesse dos
usuários. Devem ser estudos válidos e de confiança, existindo no entanto, para isto, uma série
de problemas metodológicos.
Há, assim, o problema causado pelo fato de que, quando se questiona um usuário, se
obtém um dado, mas quando se observa de maneira indireta esta pessoa, os resultados obtidos
diferem. Notou-se dados contraditórios entre os coletados por questionário! entrevista e os
obtidos por contagens estatísticas(2:70).
Os estudos mais antigos apresentaram problemas Como populações diversas ou mal
definidas, envolvendo amostragens não comparáveis, como de países, assuntos, organizações e
conhecimentos individuais diversos (2:71).
Foi também registrado o problema de se indagar dos usuários sobre as suas
necessidades de informação, quando eles realmente não sabem quais serviços e produtos
poderiam existir á sua disposição, o conteúdo, extensão, profundidade dos mesmos — e o fato
já sabido que o usuário propõe a sua demanda, i. é., satisfaz as suas necessidades de
informação, de acordo com o que julga o sistema pode lhe fornecer, como já foi mencionado
(2:72).
O uso da observação direta e do diário, embora dê melhores resultados do que o
questionário e a entrevista, apresentaram o problema de colocar -se muito trabalho sob a
responsabilidade do indivíduo sendo observado; também, muitos fatores irrelevantes
apareceram. Mas o maior problema é que existe, de maneira comprovada, uma forte tendênc ia
para as pessoas se comportarem de maneira diferente do usual, quando sabem estarem sob
observação. Daí, a perda de validade destes métodos para um estudo científico, pois os diários
não são mantidos de maneira consistente e conscienciosa e a observação direta ocasiona
mudança de atitudes (2:64).
Um dos métodos considerados mais promissores é o da análise da saída dos
computadores, porque é uma maneira discreta, sem os efeitos adversos da observação direta, e
a atitude do pesquisador no terminal é importa nte como para ser examinada, não requerendo
ainda muito tempo do avaliador.
Há necessidade, portanto, de aperfeiçoamentos nesta área de estudo, principalmente o
melhoramento das metodologias adotadas, bem como o surgimento de técnicas novas. De
maior importância, a criação de modelos teóricos, pois os estudos têm sido baseados em
levantamentos empíricos, nenhuma teoria foi proposta ou tentada, nem tampouco criaram -se
conceitos sobre o uso da informação.
Uma tendência nova que está aparecendo na literatura é a investigação sobre o efeito da
informação, numa tentativa de se descobrir o papel ou a contribuição da informação para a
inovação, para a criação, ou para os trabalhos em andamento. Isto porque existe a necessidade
crescente de se justificar os sistemas de informação sob o ponto de vista de custo - beneficio.
Este, aliás, já fora um problema levantado por Menzel no primeiro artigo de revisão do
ARIST, sobre estudos de usuários, em 1966: a dificuldade de se medir o efeito da informação,
pois que não há relação entre a obtenção da informação e/ou o uso feito dela. A este problema
de ordem teórica, emitido em 1966, veio juntar -se, com o tempo, um outro de ordem
extremamente prática: o efeito produzido pelos caríssimos sistemas postos à disposição dos
usuários, nas diversas áreas do conhecimento humano.
Este problema está intimamente ligado a críticas existentes ria literatura quanto aos
estudos de usuários em geral: da possibilidade de se estabelecer as necessidades de
informação dos usuários, refletidas apen as pela análise da busca a um documento, já que
muitos estudos de usuários tentaram nada mais do que medir esta demanda para um
documento, e não verdadeiramente as necessidades de informação do usuário (2:7 1). Pode -se
assim dizer que, em geral, os estudos de usuários se limitaram ao levantamento do primeiro
estágio da pesquisa: a demanda pela informação, mas muito pouco é sabido sobre o uso que o
pesquisador faz da informação, uma vez obtida, na fauna de um documento, de uma conversa.
etc.
É fácil de se explicar o porque dos estudos de usuários abordarem somente este aspecto,
ou primeiro estágio: o estudo da segunda fase, ou da utilização da informação, envolve a
psicologia dos usuários questões fundamentais da natureza da pesquisa científica em relação ao
comportamento humano: a relação entre a movimentação, busca da informação, e a relação
entre fatores de personalidade, criatividade e produtividade.
Estudos realizados provaram serem desanimadoras as perspectivas para, no momento
atual, a psicologia fornec er as respostas definitivas a estes problemas de motivação, processos
cognitivos, ou da relação informação/criação intelectual. A contribuição da psicologia seria mais
na área experimental, desde que uma grande atenção tem sido dispensada nesta área à
formalização de problemas, projetos e execução de experimentos, análise e interpretação de
dados (7:148).
É agora sabido que o planejamento de sistemas de informação não pode ser deixado
apenas aos peritos em computação, bibliotecários e administradores. Por o utro lado, aqueles
realizando estudos de usuários, têm responsabilidade de assegurar que as questões sejam
relacionadas ao que é técnica e financeirapossível de ser realizado na prática (7:155).

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8. Notas de aula do curso Seminar in Information Science, Prof. Gerald Jahoda, Florida
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