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UNIVERSIDADE ROVUMA
Introdução
Quando nos referimos dos organismos envolvidos no processo de harmonização, constatamos que são
vastos os trabalhos que vêm sido desenvolvidos, aliás, esta temática suscita vários esforços de
investigações em contabilidade internacional, embora, mesmo com isso, pouco se fez sobre a medida
da harmonização alcançada.
Isso nos remete a questionar a importância dos estudos da medida da harmonização. Talvez a resposta
esteja vinculada com a procura de precisão do grau de harmonização alcançado, detectar as áreas onde
a diversidade é mais significativa e conhecer a distância que nos separa de alcançar um nível
considerado desejável de harmonização.
Neste contexto, nesta unidade temática, procuramos trazer-lhe os estudos desenvolvidos ao nível
internacional para medir o grau da harmonização contabilística.
Portanto, ao completar esta unidade temática, estamos firmes que o estudante seja capaz de:
Os primeiros estudos sobre a medida de harmonização, embora não de forma específica, começam com
um conjunto de trabalhos pioneiros na década oitenta. Rodrigues e Pereira (2004), de forma cronológica,
elencaram estes estudos.
Na revisão estabelecida pelos autores, o estudo de Nair e Frank (1981), que através dos dados do
estudo Price Waterhause relativos aos anos de 1973, 1975 e 1979, visou avaliar o impacto harmonizador
do IASB, com incidência das primeiras normas (NIC’s 1 a 10) em 37 países e publicado em um artigo,
marca o início dos estudos relacionado com a medida de harmonização. Através de análise variância de
Friedman, concluíram que durante período de existência do IASB, se verificou um incremento na
harmonização das normas contabilísticas entre os países analisados.
Evans e Taylor (1982) realizaram em 1982 um estudo similar ao interior, visando determinar o impacto
das normas 2, 3, 4, 6 e 7 do IASB sobre a informação financeira em empresas da Alemanha, EUA,
frança, Japão e Reino Unido. Estudando 9 a 10 DF’s, visaram também precisar a sua concordância com
as normas do IASB, para o período de 1975-1988 e ao contrário do estudo de Nair e Frenk (1981), estes
apuraram fraca influência de IASB nas práticas contabilísticas dos países analisados.
Mackinnon e Janell (1984), através de dados de relatório da Price Waterhouse de 1979, relativo a 64
países e incidindo sobre as normas 3, 4 e o Exposure Draft 11 do IASB, analisaram a influência exercida
pelo IASB descrevendo os seus mecanismos de regulamentação contabilística. Além disso, o estudo
descreveu também a influência do IASB sobre o Accouting Standard Committee Britânico (ASC) e sobre
o Financial Accouting Standard Board (FASB), no que diz respeito a conversão de operações em
moedas estrangeira. Embora tenham constatado conformidades contantes com as normas do IASB, os
resultados suportaram a hipótese que continuam a existir muitas diferenças na prática contabilista dos
países estudados.
Nobes (1987), por sua vez, analisou as NIC 3, 4 e 21 em empresas estadunidenses e as NIC 4 e 19 em
empresas do Reino Unido e em torno das principais diferenças entre as normais nacionais e as IASB,
visando comprovar a hipótese de que as empresas inglesas e americanas não cumprem as normas do
IASB. Os seus, reafirmam a maioria das conclusões chegadas pelos anteriores estudos.
A FEE, como nos destacamos, é um dos organismos envolvidos na harmonização contabilística, tendo
desenvolvido alguns estudos que podem ser incluídos no conjunto de trabalhos relacionados com a
medida da harmonização contabilística. Inicialmente, os autores em referência, destacam o trabalho de
1989, quando este organismo, por meio de questionários e das DF’s procura a harmonização alcançada
nos países da comunidade Europeia apos implementação da 4ª directiva, tendo observado, no entanto,
um elevado nível de harmonização apenas para as áreas abrangidas pelo normativo. Por outro lado, em
1991, publica os resultados estendidos ao estudo anterior, que analisando DF’s de 441 empresas
europeias em 1989, chega a existência de outros factores, além da directiva, influencia
significativamente na evolução da prática contabilística diferentes países.
Assim, estabelecemos em síntese, o elenco dos trabalhos pioneiros sobre a medida de harmonização
contabilística, embora, nenhum destes estudos chegue a resultados estatísticos, quanto às diferenças
significativas na prática contabilística e nem o grau de harmonização alcançado com a implementação
das normas. Em seguida, apresentamos os principais estudos sobre a medida de harmonização
contabilística.
Rodrigues e Pereira (2004) afirmam que o primeiro trabalho que abordou com a precisão a medida de
harmonização contabilística seja o elaborado por Van der Tas em 1988. Este estudo teve por objectivo
analisar a natureza do problema da harmonização e a possibilidade de desenvolver um método que
quantifique o grau de harmonia da prática contabilística, o seu alcance e impacto.
Nos estudos de Van der Tas (1988), a harmonização é a coordenação, sintonia de dois ou mais objectos,
sendo no entanto, alvo do processo de harmonização as demostrações financeiras, ou seja, a
Harmonização das demonstrações financeiras é designada por harmonização material enquanto a
harmonização das normas de contabilidade serão designadas de harmonização formal.
Assim, estudo que aqui apresentamos, debruça-se do primeiro conceito, isto é, constitui uma medida de
harmonização material, embora ao faze-lo, acaba-se determinando o impacto das normas e assim, a
harmonização formal, havendo entretanto, uma interdependência entre os dois conceitos, por um lado.
Por outro, quando a harmonização material é desenvolvida por um organismo de normas, estamos
perante a harmonização espontânea. Na autoria de Van der Tas (1988) citado por Rodrigues e Pereira
(2004), todos os conceitos desagregam-se em duas áreas diferentes:
A. Índice H - é o índice de Herfindahl e pela sua simplicidade, frequentemente utiliza-se para medir
a concentração industrial. No contexto da harmonização do relato financeiro, sua utilidade
implica uma analogia entre a harmonização contabilística e concentração industrial. Os
exemplos de sua utilidade foram dados no Reino Unido para analisar impostos diferidos durante
o período de 1968 a 1981, na Holanda entre 1978 a 1984 e nos EUA durante o período de 1965
a 1984 para analisar o "Investment Tax Credit”, tendo registado níveis de aumento para os dois
últimos, e no Reino Unido apenas em 1978.
C. Índice I – por sua vez, este índice consiste na convergência de opiniões em dois ou mais países
na forma como determinado item deverá ser contabilizado, sendo por isso considerado índice
de medio nível de harmonização internacional. Os exemplos de sua aplicação são dados pela
Holanda e EUA em 1978 a 1984.
Em 1992, Van der Tas apresentou um outro estudo sobre a medida de harmonização, baseado no
trabalho desenvolvido em 1988 e com este, divulga os resultados sobre o grau da harmonia das políticas
contabilísticas para os impostos diferidos levadas a cabo por 154 empresas cotadas durante o período
de 1978 a 1988, nos 9 países da união europeia que haviam implementado a quarta directiva antes de
1989, sendo este o primeiro estudo que estabeleceu resultados em termos estatísticos.
A principal contribuição deste estudo é que para medir a harmonia, harmonização, uniformidade e
normalização de acordo Tay e Parker (1990) citado por Rodrigues e Pereira (2004), deverão ser
considerados problemas como, (i) Que dados utilizar? (ii) Como devem ser operacionalizados os
conceitos? e (iii) Que métodos estatísticos devem ser utilizados? Como é que as alterações na prática
contabilística, motivadas pela conformidade com o normativo podem ser distinguidas das alterações
provocadas por outros factores? Assim, levadas em consideração estas questões as conclusões dos
estudos tendem a ser mais realistas.
Em 1992, Emenyonu e Gray, com base nos métodos definidos por Van der Tas (1988) e pelas sugestões
de Tay e Parker (1990), desenvolveram um estudo, com base nas DF’s de 78 empresas da França,
Alemanha e Reino Unido, visando verificar a extensão da harmonia “de facto” das práticas de
valorimetria no final de 1989, no contexto dos esforços harmonizadores da UE.
Em 1996, os mesmos autores, divulgaram resultados de um estudo similar, mas com foco nas DF’s de
1971/72 e 1991/92 de empresas situadas nos principais mercados de capitais mundiais, entre elas, 42
alemãs, 25 francesas, 90 norte americanas, 45 japonesas e 82 inglesas. As análises deste estudo,
giraram em torno da natureza e extensão da harmonização internacional desde 1973, progressos
verificados, desde a criação do IASB em 1973, os maiores sucessos alcançados e áreas continuavam
problemáticas.
Segundo Rodrigues e Pereira (2004), as análises foram desenvolvidas em relação as seguintes áreas
de diversidade (aquelas envolvidas no Projecto de Comparabilidade do IASB): consolidação; “goodwill”;
transacções em moedas estrangeiram; existências; imobilizado corpóreo; amortizações; investimentos
financeiros; custos dos empréstimos; impostos diferidos; itens extraordinários; investigação e
desenvolvimento; fundos de pensões; reconhecimento dos proveitos nos contratos de longo prazo e
subsídios. Entretanto, os resultados da pesquisa, permitiram concluir que o progresso na diminuição da
diversidade foi modesto, tendo a harmonização em média aumentando 10,8% para o período em análise.
Enquanto a harmonização é a frequência de aplicação de mesmas normas por um lado, e por outro lado
como extensão da concentração em torno de um critério contabilístico particular, Herrmann e Thomas
desenvolvem um estudo em 1995, pretendendo examinar o nível de harmonização contabilística
existente na comunidade Europeia, com destaque à práticas de valorimetria dos activos fixos, a
amortização, o goodwill, investigação e desenvolvimento, existências e tradução de demonstrações
financeiras estrangeiras em 30 demonstrações financeiras de 1992/3 de empresas de Alemanha,
Dinamarca, Franca, Holanda e Reino Unido; 24 demonstrações financeiras de Irlanda e 20
demonstrações financeiras de empresas portuguesas.
Dos seus resultados, apoiados do Índice I, estes concluíram inicialmente, que existiam diferenças
significativas nos critérios de valorimetria analisados, e com auxilio de Índices Bipais, concluíram
seguidamente que a extensão da harmonização é superior nos países, com orientação para a “fair view”,
face aos países de influência legalista. Entre os países analisados, o Reino Unido apresentou práticas
contabilísticas mais harmonizadas, enquanto Portugal apresentava práticas contabilísticas menos
harmonizadas.
Archer, Delvaille e Mcleay (1995), utilizando o índice C definido por de Van der Tas (1988, 1992) e as
propostas de Tay e Parker (1990), apresentaram um estudo analisando o impacto de harmonização
contabilística nas políticas e práticas contabilísticas em empresas europeias. Dada a imperfeição da
metodologia entendida por estes, desenvolvem a mesma decompondo-o de forma a distinguir a
comparabilidade “intra países” reflectidos como “withincountry”, um rácio do número total de
comparações de empresas atuantes no mesmo país com o número total de comparações entre
empresas que actuam nesses países e a comparabilidade “entre países”, reflectidos como “between-
country”, um rácio do número de pares de comparações entre as empresas que seleccionam um
determinado método em diferentes países.
Utilizado para analisar políticas contabilísticas adoptadas por empresas europeias onde se esperavam
efeitos positivos da harmonização e na Suécia e Suíça, cuja prática das multinacionais foi influenciada
pelas Descritivas Comunitárias, sendo os resultados comparados com os do seu estudo anterior e o de
Van der Tas (1988), concluíram que entre 1986/87 e 1990/91e a semelhança do seu estudo anterior,
poucos progressos se verificaram ao nível da harmonização contabilística dos impostos diferidos e
tratamento contabilístico do “goodwill“.
Partindo do impacto negativo harmonizador da 4ª directiva, Garcia Benau desenvolvem em 1995, seu
estudo visando oferecer uma medida do grau de harmonia “de facto” europeu alcançado utilizando a
informação fornecida pela FEE em 1991, esperando por sua vez apurar o nível actual da harmonização.
Para isso, Benau (1995) citado por Rodrigues (2004), utilizou-se de demonstrações financeiras de 441
empresas situadas em 11 países comunitários, concentrando-se particularmente na moeda estrangeira,
despesas de investigação e desenvolvimento, locação financeira, imobilização incorpóreo e “goodwill”,
definindo e utilizando, no entanto, um índice de harmonização e outro de concentração que indica até
que ponto as práticas contabilísticas estão centradas em torno a uma ou várias alternativas utilizadas
pelos diferentes países são ou não compatíveis. Em seguida, dividiu o estudo em dois grupos: o primeiro
compreende aos países que me 1989 tinham já implementado a Quarta Directiva (Alemanha, Bélgica,
Dinamarca, França, Grécia, Holanda, Irlanda, Luxemburgo e Reino Unido), e o segundo grupo inclui dois
países que não tinham ainda implementado a Quarta Directiva, Espanha e Itália. Os métodos utilizados
foi o teste de significância Qui-quadrado e o índice I de Van der Tas.
Entretanto, esta chegou a concussão que existia uma base comparável para informação financeira dos
países comunitários, mas a diversidade contabilística era real e continuava ainda, bastante significativa.
Em sua análise Tay e Parker (1990) citado por Rodrigues e Pereira (2004), revelou algumas
desvantagens ao índice H de Van der Tas (1988), sendo a principal o facto de este não considerar na
sua elaboração, a inclusão de informação adicional reconciliatória, fornecida por algumas empresas no
anexo, que não somente o próprio Van der Tas (1988) reconheceu, mas também sugeriu a respectiva
solução ao definir o índice C.
As sugestões para ultrapassar esta desvantagem tambem foi manifestada por outros pesquisadores,
pertentemos aqui, no referir trabalho de Krisement (1997) citado pelos autores em renome, que propõe
uma metrologia que quantifica o grau de comparabilidade das demonstrações financeiras baseada na
entropia, e para explicar sua aplicabilidade recorre-se a moeda estrangeira, através dos dados
fornecidos pelo estudo da FEE em 1989 para os nove países que, em 1989, haviam já adoptado a 4ª
Directiva.
Por outo lado, os autores mencionados, destacam o estudo desenvolvido por Mcleay, Neal e Tollington
em 1999, que através de um modelo estatístico para medir a harmonização, propõem a comparabilidade
de informação dependente da utilização do método contabilístico adequado as circunstâncias da
empresa, e não da utilização do mesmo método por todas as empresas. Em teste de sua aplicabilidade,
o testam no estudo da harmonização dos critérios contabilísticos do “goodwill”, através da análise das
demonstrações financeiras de 286 empresas da Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha,
Finlândia, França, Holanda, Irlanda, Luxemburgo, Reino Unido, Suécia e Suíça para o período de 1987
a 1993 e concluem que existe diversidade de informação entre esta, embora não seja por si só, indicativa
de uma situação de desarmonia.
No estudo desenvolvido por Cañibano e Mora (2000), partem do pressuposto da existência de duas
forças distintas envolvidas na harmonização internacional de contabilidade que actuam lado a lado: (i)
“a vontade e o esforços dos organismos institucionais do desenvolvimento de normas de elaboração e
apresentação de informação financeira e; (ii) Esforços espontâneos das “global players” em adoptar
métodos que melhorem a comunicação com os utilizadores das demonstrações financeiras de outros
países.”
Assim, utilizando-se do índice C, a semelhança de alguns estudos apresentados, e com base nas
demonstrações financeiras de 1991/2 em 85 empresas globais, de 13 países europeus, com destaque
a impostos diferidos, “goodwill”, “leasing” e moeda estrangeira, verificaram, se apesar dos obstáculos da
harmonização, houve uma “harmonização espontânea” Tendo, no entanto, concluído que mesmo com
os obstáculos, a harmonização na UE, tem havido um aumento de conformidade nas práticas das
empresas que actuam num cenário internacional, sustendo assim a hipótese testada.
Na autoria de Rodrigues e Pereira (…), Pierce e Weetman realizaram em 2000 um estudo visando avaliar
o impacto de não divulgação de informação (“non disclosure”) na medida da harmonização de facto, que
também foi afirmado por Archer et al., (1995) e Hermann e Thomas (1995) como um problema na medida
de harmonia e extensão da harmonização.
Apoiando-se de métodos como índice H, o índice de comparabilidade total de Archer et al., (1995), o
índice I e o índice “between countryem” (embora tenha acrescido o efeito da não-aplicabilidade) em
comparação com índices ajustados para reflectir o efeito da “não-divulgação” de informação, analisaram
DF’s de 1986 e 1993 em empresas da Irlanda e Dinamarca, com destaque no tratamento contabilístico
dos impostos diferidos. Como conclusões, a semelhança dos estudos anteriores, estes apuraram que
as alterações nos valores de índices de harmonia dependiam das alterações nos níveis de
harmonização.
Sumário
Exercícios de auto-avaliação
Resolva as actividades propostas a seguir e assim comferimos que entendeu abordado na unidade.
Lembre-se: você pode contar com o auxílio de seu tutor para eclarecer as duvidas que tiver.
Actividades de Aprendizagem
4. Em que base Van der Tas se auxiliou no desenvolvimento e apresentação das três medidas para a
harmonização apresentadas.
5. Apresente os fundamentos que justificam a comparabilidade “intra países” e a comparabilidade “entre
países” entendida por Archer, Delvaille e Mcleay em 1995.
6. Explique em que consistia o contributo de contributo de Krisement (1997) e de Mcleay, Neal e
Tollington (1999).