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SUSTENTABILIDADE
BRASIL:
O NOVO JEITO DE GOVERNAR.
PLANO DE GOVERNO DE AÉCIO NEVES E ALOYSIO NUNES

2015 2018

SUSTENTABILIDADE:
SEMEANDO O
PRESENTE PARA
COLHER O FUTURO
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SUSTENTABILIDADE

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SUSTENTABILIDADE

ÍNDICE

INTRODUÇÃO

A URGENTE AGENDA DAS ÁGUAS

CIDADES SUSTENTÁVEIS E MOBILIDADE URBANA

ENERGIA

SUSTENTABILIDADE, MUDANÇAS CLIMÁTICAS,


BIODIVERSIDADE E MEIO AMBIENTE

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SUSTENTABILIDADE

INTRODUÇÃO

SUSTENTABILIDADE: SEMEANDO O PRESENTE PARA


COLHER O FUTURO
O Brasil tem a oportunidade de se tor- Uma política de sustentabilidade tem
nar o primeiro grande país desenvolvi- valor fundamental para o futuro do
do com uma economia de baixo carbo- Brasil. Abrangendo todas as áreas de
no, com ampla participação de energias atuação governamental, torna-se a
renováveis e de práticas industriais, cada dia uma demanda mais ampla
comerciais, agrícolas e de transportes da sociedade, em seu compromisso
sustentáveis. Inovando na gestão de ci- com a qualidade de vida de todos e
dades, tornando-as mais resilientes. com o futuro.

 Transição para uma economia de baixo carbono e uma boa gestão de resíduos. A
baixo carbono segunda, no campo da adaptação, vamos pre-
Um dos maiores desafios deste início de sécu- parar o país para os impactos da mudança do
lo é o enfrentamento do aquecimento global. clima com estratégias que aumentem a capa-
As consequências do aumento da tempera- cidade de enfrentar os incidentes climáticos
tura média do planeta são dramáticas na vida graves como enchentes, inundações, ondas de
das pessoas em todo o mundo, bem como na calor e secas prolongadas.
economia dos países, que devem assumir sua
responsabilidade em duas direções comple- Os efeitos da mudança do clima no Brasil afe-
mentares. tarão de forma intensiva a economia brasilei-
ra em vários setores, impondo-se, portanto, o
A primeira, no campo da mitigação, diminuin- dever de estabelecermos uma política arrojada
do as emissões de gases efeito estufa (GEE). de adaptação a ser pactuada com o setor em-
No Brasil, vamos manter a redução do des- presarial, com os estados e municípios, am-
matamento da Amazônia, do Cerrado e dos parada pelo “estado da arte” da comunidade
demais biomas, bem como assegurar uma científica e a sociedade civil.
matriz energética limpa, uma agricultura de

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SUSTENTABILIDADE

O aquecimento global já está afetando o ciclo  Desenvolvimento sustentável e


hidrológico e o regime de chuvas no país, com-
c políticas públicas
prometendo o abastecimento de água de gran- Torna-se necessário um novo desenho institu-
des cidades, a prática de certas atividades agrí- cional para enfrentar a complexidade dos de-
colas e o suprimento de energia hidroelétrica. safios, sendo que o Governo Federal assumirá
a liderança na coordenação e articulação dos
Nesse contexto, vamos priorizar a transição estados e municípios com o claro propósito de
para uma economia de baixo carbono. Isto sig- garantir a efetividade e operacionalidade das
nifica um papel protagonista para o poder pú- políticas públicas. Para tanto, promoverá ar-
blico em termos de adoção de novas políticas ranjos institucionais com o setor empresarial,
que complementem as estratégias de coman- a sociedade civil e comunidade científica para
do e controle. que a sustentabilidade esteja presente e seja
algo concreto na vida das pessoas.
Em termos práticos, adotaremos instrumen-
tos econômicos que estimulem, efetivamen- A comunidade internacional assumiu o com-
te, uma agricultura de baixo carbono, padrões promisso de oferecer um novo tratado em
rigorosos de eficiência energética, conserva- 2015, em Paris, que assegure a estabilidade
ção da biodiversidade e conservação do solo climática do planeta, com o objetivo de fixar
e água. Utilizaremos o poder de compras go- limites globais para a emissão de GEE. Além
vernamentais mediante ampliação das práti- disso, nesse mesmo ano, haverá a pactuação
cas de licitação sustentável no país, uma vez dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentá-
que representam uma parte expressiva do PIB vel em substituição aos Objetivos do Milênio.
Vamos desempenhar um papel de vanguarda
nacional. Com isso, estaremos viabilizando, a
nos encaminhamentos dessas questões na
médio prazo, a economia brasileira a produzir
agenda internacional.
bens e serviços sustentáveis, garantindo-lhes
acesso a mercados internacionais. À frente do governo brasileiro, o presidente da
República vai assumir pessoalmente essa agen-
Compartilhamos do entendimento, hoje em
da, procurando resgatar a liderança brasileira
debate, de que é fundamental a precificação junto a outros chefes de Estado, a exemplo do
do carbono, caso se queira assegurar o compro- que Fernando Henrique Cardoso fez quando
misso internacional de admitir um aumento da da criação do Fórum Brasileiro de Mudança
matriz energética menos dependente das fontes do Clima. Assim, o Brasil estará atuando com
fósseis e garantir a redução do desmatamento firmeza nos desafios globais planetários, tais
dos biomas brasileiros. Não se pode esquecer como a mudança do clima, os oceanos, a con-
que os próximos quinze anos são absolutamen- servação da biodiversidade, a proteção da ca-
te essenciais para que se possa reduzir drastica- mada de ozônio, enfim, todos aqueles dos quais
mente as emissões de GEE no planeta. dependem as futuras gerações.

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Reside aí o grande diferencial do desenvol- viços Ecossistêmicos (IPBES – Intergoverna-


vimento sustentável que adotaremos: pensar mental Platform on Biodiversity and Ecosystems
sempre no horizonte de tempo das futuras Services), com o objetivo de transformar-se na
gerações. grande referência do conhecimento sobre a
biodiversidade do mundo.

 Conservação e economia da No Brasil, para que seja possível conhecer e


biodiversidade conservar a biodiversidade, torna-se necessá-
O Brasil é um dos mais importantes países ria a implantação de uma vigorosa política de
com megabiodiversidade distribuída nos seus Pagamento por Serviços Ambientais (PSA),
principais biomas – Amazônia, Pantanal, Mata reconhecendo, assim, a importância da sua
Atlântica, Pampas, Cerrado e Caatinga. Par- contribuição para o equilíbrio ecológico e para
te desta biodiversidade se encontra protegida a economia brasileira, remunerando os seus
pelas Unidades de Conservação, ainda que diversos provedores, sejam eles populações
seja necessário torná-las efetivas, uma vez que tradicionais que convivem harmoniosamente
grande parte ainda são “parques de papel”, com os ecossistemas, bem como os proprietá-
parte deles abandonada e suscetível de inva- rios rurais.
sões de várias naturezas. Um país com nome
de árvore e com a maior extensão de floresta Além da perda de habitats, há que se lembrar
tropical do planeta em seu território não pode que uma das grandes ameaças à biodiversidade
negligenciar esse tema. é a introdução de espécies invasoras da flora e
da fauna. Elas trazem enormes prejuízos econô-
Recentemente o Programa das Nações Uni- micos e muitas vezes comprometem atividades
das para Meio Ambiente (Pnuma) divulgou o econômicas de grande valor, a exemplo da lagarta
importante documento “Economia dos Ecos- Helicoverpa armigera, sem registros no Brasil até
sistemas e da Biodiversidade” ((Teeb – The dois anos atrás, e que hoje impactam a produtivi-
Biodiversity),
Economics of Ecosystems and Biodiversity dade do cultivo de algodão, soja, milho e tomate.
cujo objetivo principal foi o de demonstrar a
importância econômica da biodiversidade. É necessária edição de legislação específica
Apontou os diversos serviços ecossistêmicos sobre a matéria, bem como o fortalecimento
indispensáveis para a agricultura, a exemplo das atividades de fiscalização fitossanitária.
da polinização realizada pelas abelhas, bem
como o valor representado pelo carbono esto- No que diz respeito às Unidades de Conserva-
cado nas florestas. ção, é fundamental garantir a sua efetiva im-
plantação por iniciativas que vão desde a sua
Mais recentemente, foi criada a Plataforma regularização fundiária, passando pela reali-
Intergovernamental de Biodiversidade e Ser- zação e implementação dos respectivos pla-

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nos de manejo. No que se refere às Metas de amplo da restauração dos ecossistemas afeta-
Aichi de Biodiversidade (princípios do Plano dos pela ação antrópica.
Estratégico para a Biodiversidade 2011-2020,
traçados no ano de 2011, em Nagoya, no Ja- É importante assinalar a necessidade de pro-
pão), há necessidade de ampliação de áreas mover um processo de restauração de alguns
protegidas de biomas sem proteção adequada, biomas, com o objetivo de se assegurar a ca-
especialmente no ambiente marinho, cujo nú- pacidade de prover serviços ecossistêmicos.
mero no país é pouco representativo. Especialmente processos de restauração flo-
restal, a exemplo do Pacto pela Restauração
Vale assinalar, ainda, que há necessidade de da Mata Atlântica, firmado entre vários entes
um grande esforço no sentido de reconhecer públicos, sociedade civil, comunidade cientí-
as Unidades de Conservação como ativos es- fica e proprietários rurais.
tratégicos essenciais para a implantação de
um novo perfil de desenvolvimento regional O Brasil deve mobilizar a sua capacidade cien-
com inclusão social e geração de renda, me- tífica e técnica para criar legislação específica
diante implantação de infraestrutura de visi- para cada um de seus biomas, com o objetivo
tação com o objetivo de torná-las acessíveis e, de garantir o uso sustentável de seus territó-
simultaneamente, autossustentáveis.  rios e seus recursos naturais, na perspectiva
de uma “economia brasileira da biodiversida-
Parte significativa da biodiversidade brasileira de e serviços ecossistêmicos”. Apenas o bioma
está associada aos ecossistemas florestais, à Mata Atlântica é portador de uma legislação
medida em que temos em nosso território a específica, ainda que a Constituição Federal
maior porção de floresta tropical do mundo e de 1988 determine que os biomas considera-
grande extensão de terras com vocação para a dos “patrimônio nacional” sejam regulamenta-
silvicultura. Essa realidade impõe a necessida- dos por lei.
de de uma robusta política florestal, que exi-
ge do Governo Federal, tendo em vista a nova Atenção especial deve ser dada ao bioma ama-
Lei Florestal brasileira, apoiar estados, muni- zônico, pela importância por ele representada
cípios e produtores rurais para o cumprimento no contexto nacional e internacional. Articula-
à obrigatoriedade de implantação do Cadastro ção de ações com os países vizinhos deve ser
Ambiental Rural (CAR) e do Programa de Re- prioritária, inclusive com a ideia de elaborar
gularização Ambiental (PRA) nas proprieda- por meio do Tratado de Cooperação Ama-
des rurais. Isso deve ser feito de forma que zônica (TCA) um esforço para identificar os
a recuperação da reserva legal, das áreas de impactos do aquecimento global sobre a Ba-
preservação permanente e de uso restrito e o cia Amazônica, a exemplo do que foi feito no
reflorestamento com finalidade múltipla (eco- Ártico.
lógica e econômica) ocorram no contexto mais

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 Complementação do PIB com Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE),


novos indicadores e métricas uma ferramenta para análise corporativa da
inovadoras performance de empresas listadas sob o as-
Estamos assistindo a novas demandas no sé- pecto da sustentabilidade em suas várias di-
culo XXI, que exigem que repensemos as mensões.
métricas utilizadas pelos países para avaliar o
desempenho de suas economias. Nessa dire-
ção, o Brasil, em complemento aos métodos  Repensando as instituições
relativos à determinação do PIB, desenvolverá É imperiosa a necessidade de redesenhar as
indicadores que tragam novas avaliações. Esti- instituições voltadas à sustentabilidade e ao
mularemos outros métodos de elaboração das desenvolvimento sustentável. Uma aborda-
contas nacionais, acompanhando recomenda- gem holística se impõe, com o objetivo de ga-
ções de importantes documentos internacio- rantir um efetivo diálogo horizontal na esfera
nais, a exemplo do Teeb – The Economics of federal, com o engajamento dos estados, mu-
Ecosystems and Biodiversity (A Economia dos nicípios, setor empresarial e a sociedade civil.
Ecossistemas e da Biodiversidade).
Entre as iniciativas a serem adotadas para mo-
É um debate que será incorporado na agenda dernizar a gestão ambiental estão:
brasileira, a exemplo do que sugeriu o relatório • Garantia de que critérios de sustentabilida-
“Stiglitz-Sen-Fitoussi”. Com isso, a democra- de estejam presentes nas suas três dimen-
cia brasileira ganha à medida que o cidadão sões – social, ambiental e econômica – nos
comum se apropria desses novos indicadores, processos de tomada de decisão das políti-
facilitando o exercício pleno de sua cidadania. cas públicas.
• Utilização do poder de compras governa-
Exemplos como o aumento do consumo de mentais mediante um programa robusto de
combustível provocado pelos congestiona- licitação sustentável no país.
mentos de nossas cidades, que na metodologia • Estímulo à produção de bens, produtos e
tradicional impactam positivamente na conta- serviços com menor impacto socioambien-
bilização do PIB, demonstram a necessidade tal, de forma a torná-los acessíveis a todas
do desenvolvimento de novas métricas. as pessoas, independentemente do seu po-
der aquisitivo.
Essa exigência de novas métricas se aplica ao • Licenciamento ambiental integrado aos de-
setor público e empresarial. A instituição de mais instrumentos da política ambiental,
relatórios de sustentabilidade para ambos é como o Zoneamento Econômico Ecológico
uma tendência positiva, permitindo uma ava- (ZEE) e a Avaliação Ambiental Estratégica
liação crítica por todas as partes interessadas. (AAE), como o monitoramento da qualida-
No Brasil, a Bovespa, desde 2005, adotou o de ambiental, entre outros. Adoção da AAE

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e utilização do ZEE, em escala adequada,  Permeabilidade a novos temas


na concepção dos grandes programas e A partir do ano 2000, a comunidade científica
projetos governamentais e daqueles finan- passou a constatar o fenômeno de acidificação
ciados pelo governo, visando à inclusão da dos oceanos, o que hoje representa a maior
dimensão ambiental no momento em que é ameaça à vida marinha e às populações que
tomada a decisão do investimento. vivem da pesca. Vamos lidar com esses novos
• Aperfeiçoamento do sistema nacional de temas.
licenciamento, com ênfase nas mudan-
ças introduzidas pela Lei Complementar Entre eles, com repercussão mundial, está a
140. Eliminar demandas burocráticas e questão dos direitos dos animais, que hoje está
cartoriais. E, em função da natureza dos presente em praticamente todos os países.
empreendimentos e de seus impactos, cla-
rificar através do Conama as exigências a O consumidor, hoje, exige o atendimento a
serem atendidas no âmbito dos EIA/Rima e certas condições de bem-estar animal que
RAPs (Relatório Ambiental Preliminar). contemplam métodos éticos no seu abate e
• Aperfeiçoar mecanismos de acompanha- transporte. Políticas públicas claras e compro-
mento do licenciamento ambiental em missos com esses novos temas representam
todas as suas etapas, com ênfase no cum- postura e visão contemporâneas de cidadania.
primento das condicionalidades assumidas
Implantaremos uma moderna política de pro-
pelos empreendedores.
teção dos direitos dos animais, em sintonia
• Fortalecimento do Sistema Nacional do
com iniciativas em curso no âmbito da socie-
Meio Ambiente (Sisnama), com atenção
dade brasileira e em vários países.
especial às deficiências dos órgãos federais,
estaduais e municipais de meio ambiente. Como exemplo, está o surgimento de uma
• Fortalecimento da sociedade civil voltada nova atividade econômica relativa ao turismo
para iniciativas ambientais de mudança do de observação de espécies, com grande reper-
clima, conservação da biodiversidade, do cussão para as comunidades locais, como já
bem-estar animal e de desenvolvimento acontece no litoral brasileiro, no caso da baleia.
sustentável. Outras espécies, hoje ameaçadas, a exemplo
• Estimular a integração entre órgãos licen- dos tubarões, podem estimular um turismo
ciadores e o Ministério Público, de modo específico, gerando toda uma economia com
a diminuir a judicialização dos conflitos. repercussões positivas em toda a cadeia.
Conceber novos mecanismos de mediação
de conflitos.

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A URGENTE AGENDA DAS ÁGUAS

A VIDA NA SUA PLENITUDE


A escassez de recursos hídricos para abasteci- importante mecanismo de gestão colegiada e
mento público, para geração de energia elétri- participativa a ser tratado com prioridade, es-
ca e irrigação, em algumas regiões, demonstra pecialmente como instância destinada a defi-
que a Política Nacional das Águas e o Sistema nir a alocação dos recursos hídricos e gerir o
Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hí- conflito pelo uso da água.
dricos (SNGRH) por ela desenhado, embora
Nesse contexto, não é mais admissível que o
reconhecidamente moderna e avançada, sofre
Brasil continue tratando a gestão das águas
com a precariedade e os erros de sua imple-
com base na equivocada suposição de que
mentação. Entre eles, destacam-se a inércia
temos abundância de recursos hídricos, cuja
do Conselho Nacional de Recursos Hídricos
principal consequência é a cultura do desper-
(CNRH), a fragilidade institucional do SN-
dício. Vale lembrar ainda que a disponibilidade
GRH e a ausência de políticas públicas arti-
de água no país é desigualmente distribuída,
culadas na esfera da Federação para incenti-
uma vez que está concentrada na Amazônia,
var a implantação de infraestrutura hídrica de
além de possuir uma área semiárida de quase
interesse público, além do precário funciona-
um milhão de km2, maior do que o território
mento dos Comitês de Bacias Hidrográficas,
da França, onde a escassez é crônica.

COMPROMISSOS
 O Brasil está vivendo, pela primei- frentamento do problema de uma
ra vez na sua história, o advento de perspectiva holística, que permita
graves crises de água, de modo que mudar a gestão dos nossos recur-
é necessário que esse tema seja re- sos hídricos. Temos já no Brasil uma
forçado na agenda política brasilei- legislação que permite um avanço
ra. Isso significa, claramente, o en- significativo por meio dos comi-

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tês de bacia, enquadramento dos  Hoje, a questão da água está defi-


corpos d’água e uma série de ou- nitivamente presente na agenda da
tros instrumentos. A existência da sociedade e no meio empresarial,
Agência Nacional de Águas (ANA) cabendo ao Governo Federal esta-
foi um passo importante, e temos belecer politicas públicas voltadas à
que aproveitar o capital intelectual gestão eficiente desses recursos. O
que ela possui para avançar na im- consumidor tem ciência da escas-
plementação das políticas públicas. sez existente em relação à água e,
Atenção especial deve ser dada à uma vez portador das informações,
gestão de águas subterrâneas em tende a privilegiar bens e serviços
conjunto com os estados a quem oferecidos com os devidos cuida-
cabe, em última instância, a sua res- dos. Por sua vez, na esfera inter-
ponsabilidade. nacional, o tema adquiriu um peso
estratégico, de modo que o Brasil
 Estudos importantes mostram deverá exercer liderança para que
que muitas cidades do mundo têm a comunidade internacional avan-
o abastecimento de água vinculado ce no tratamento em termos dos
à existência de áreas florestadas. cuidados específicos que devem
Por essa razão, entendemos que é ser conferidos ao assunto. É bom
necessário garantir a proteção des- lembrar que a água-doce é consi-
sas áreas por meio da manutenção derada, por importantes entidades
ou ampliação de unidades de con- acadêmicas, como um dos grandes
servação, de modo que devemos limites do planeta. Destaca-se ainda
estimular a sinergia entre o Sistema a importância da cooperação com
Nacional de Unidades de Conserva- os países vizinhos, com os quais
ção (Snuc) e a Política Nacional de compartilhamos as grandes bacias
Recursos Hídricos, garantindo, as- hidrográficas dos Rios Amazonas e
sim, a qualidade e a vazão necessá- Prata.
ria ao abastecimento de água das
cidades brasileiras.

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PROPOSTAS
 Fortalecimento do Sistema Nacio- to específicas para estimular novas
nal de Gerenciamento dos Recursos tecnologias de gestão das redes.
Hídricos. Atenção especial deve ser
dada ao impacto do aquecimento  Estímular, em conjunto com esta-
global no ciclo hidrológico, com o dos e municípios, a implantação de
objetivo de estabelecimento de po- medidores de consumo individuais.
líticas de adaptação e mitigação em
 Editar normas para reúso de água.
relação ao risco de desastres natu-
rais, tais como enchentes, inunda-  Dar atenção especial à Política de
ções e grandes deslizamentos. Pagamento por Serviços Ambien-
tais para os produtores rurais que
 Estabelecer de metas de redução
conservam vegetação protetora
de desperdício nas redes públicas
dos recursos hídricos.
com calendário determinado, com
disponibilização de linhas de crédi-

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CIDADES SUSTENTÁVEIS E MOBILIDADE URBANA

NOVOS TEMPOS, NOVOS RUMOS


Cerca de 85% da população brasileira é urba- pregando um repertório amplo de iniciativas
na, com grande parte vivendo em metrópoles. que estimulem a adoção de abordagens inte-
A redução da mobilidade urbana nos nossos gradoras e de inovações. Incentivar caminha-
grandes centros tem trazido imensos prejuízos das e o uso da bicicleta para estimular estilos
à qualidade de vida, degradando os espaços de vida mais saudáveis. Desenvolver modelos
públicos, com sérios danos ambientais e, em de “código de obras” e legislação de uso do
consequência, à saúde pública. O Governo solo que contemplem menor uso de energia e
Federal deve exercer um papel transformador água e ampliação de áreas verdes. Estimular o
nas políticas e práticas urbanas brasileiras, em- teletrabalho, evitando deslocamentos.

COMPROMISSOS
 A constatação da realidade ur- esses setores, o que ficou eviden-
bana do Brasil exige do poder pú- ciado pelas manifestações de junho
blico a adoção de uma abordagem de 2013. Como tornar as cidades
urbanística inovadora: uma visão brasileiras mais sustentáveis e resi-
holística. Políticas públicas de abas- lientes se torna um dos grandes de-
tecimento de água, saneamento safios dos governantes em todas as
básico, mobilidade, gestão de resí- esferas.
duos, planejamento urbano, uso do
solo e áreas verdes são interdepen-  Não são mais admissíveis políti-
dentes. cas de estímulo ao transporte in-
dividual para se combater a crise,
 Inegavelmente, há um grande dé- quando as mesmas provocam os
ficit de serviços públicos em todos enormes congestionamentos nas

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cidades brasileiras médias e gran-  No campo climático, as cidades


des. Há necessidade de se resgatar terão cada vez mais protagonismo.
a perspectiva de longo prazo, ca- Por essa razão, as principais cida-
bendo ao Governo Federal, em ar- des mundiais se organizaram em
ticulação com os estados e municí- torno de uma iniciativa denomina-
pios, repensar novas estratégias de da C 40, com o objetivo de trocar
financiamento, com a finalidade de experiências no campo de mitiga-
garantir mecanismos de implemen- ção de GEE e de adaptação às mu-
tação das várias legislações que danças do clima.
pesam sobre as cidades.
 Recentemente, foi criado o G 27,
 As exigências contidas nas legisla- reunindo as principais capitais brasi-
ções devem se tornar instrumentos leiras, com o objetivo de se replicar
eficazes para garantir melhor quali- a ideia do C 40. As oportunidades
dade de vida aos cidadãos. Assim, de mitigação são inúmeras, median-
o Governo Federal articulará, na te estímulo ao transporte público e
sua esfera, ações que assegurem a não motorizado, edifícios sustentá-
efetividade dos planos municipais veis, implantação de áreas verdes
de mobilidade urbana, de gestão para se evitar as ilhas de calor. Por
de resíduos sólidos, entre outros. outro lado, há muito o que se fazer
Em relação aos estados, promover no campo da adaptação, preparan-
planos metropolitanos, levando em do as cidades brasileiras para en-
conta que cabe a eles legislar sobre frentar as inundações e enchentes,
essa matéria. a elevação do nível do mar nas ci-
dades da costa e as ondas de calor.
 As políticas econômicas vão via-
bilizar e estimular claramente políti-  O papel do Governo Federal é cru-
cas urbanas inovadoras, estimulan- cial. Será protagonista na implanta-
do o transporte público sustentável, ção de políticas públicas de uso de
o que inclui, entre outras iniciativas, energias alternativas nas cidades,
a adoção de combustíveis renová- possibilitando a venda de exceden-
veis. E na gestão de resíduos, ado- tes, além de fixação de padrões ri-
taremos estímulos tributários para gorosos de eficiência energética.
viabilizar a logística reversa.

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 Um governo compatível com o  O Governo Federal estará aberto


mundo em que vivemos deverá estar também às novas demandas que
aberto a inovações como a internet afligem os cidadãos, a exemplo da
das coisas, que certamente terá um poluição sonora em nossas cidades.
grande impacto na mobilidade pes- Esses temas devem trazer estra-
soal nas cidades brasileiras. O concei- tégias de prevenção no campo da
to de economia criativa – como uma saúde pública, valendo lembrar que
ideia de desenvolvimento de ativida- a poluição do ar em muitas cidades
des econômicas associadas a novas brasileiras faz diminuir a expecta-
tecnologias, moda, design, arquite- tiva de vida e agrava os custos do
tura, gastronomia, entretenimento Sistema Único de Saúde (SUS).
e turismo – deve ser estimulado nas
estratégias das cidades brasileiras.

PROPOSTAS
 Implementar a Política Nacional tivo à incorporação de inovações
de Mobilidade Urbana, priorizando nas soluções já existentes e a serem
o transporte público, bem como o implementadas.
transporte não motorizado nas ci-
dades brasileiras, tornando-os alter-  Articular os diversos agentes en-
nativas viáveis, seguras e concretas volvidos, no âmbito estadual e mu-
em relação ao transporte individual. nicipal, para aumentar a integração
do transporte urbano com outras
 Buscar uma mobilidade sustentá- políticas públicas, como o uso do
vel para as cidades brasileiras, por solo, habitação e meio ambiente,
meio da integração dos diversos buscando atender, inclusive, aos
modais de transporte público em novos conglomerados urbanos.
operação, pela continuidade e ace-
leração das obras em curso, pela  Apoiar a inovação e a criação de
expansão dos atendimentos às re- soluções tecnológicas originais e a
giões metropolitanas e pelo incen- busca de recursos para investimen-

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SUSTENTABILIDADE

tos como parcerias público-priva- de veículos com motores híbridos,


das (PPPs) e concessões de opera- movidos a hidrogênio e elétricos,
ções urbanas. entre outros.

 Apoiar os estados e municípios na  Incentivar a adoção de horários


implantação de centros integrados variados para jornadas de trabalho,
de logística, na busca de soluções evitando-se os períodos de rush, e
para a redução de trânsito de veí- incentivar a adoção de modalida-
culos pesados nos grandes centros des de teletrabalho nas atividades
e na implantação de sistemas ciclo- e/ou setores onde isso for possível,
viários nas cidades. como forma de reduzir desloca-
mentos desnecessários e pressões
 Estimular a adoção de políticas adicionais de demanda sobre o se-
estaduais, metropolitanas e munici- tor de transportes.
pais relativas à mudança do clima,
 Apoiar novos modais alternativos
com ênfase em medidas de mitiga-
de transporte, como os sistemas
ção e adaptação.
cicloviários.
 Desenvolver novos indicadores de
 Transferir a malha ferroviária me-
qualidade de vida, com o objetivo
tropolitana de cargas para os es-
de orientar ações do poder público
tados – quando as linhas não es-
e apoiar os cidadãos na formulação tiverem sendo usadas – para a
de suas demandas. implantação de projetos de trens
metropolitanos.
 Incentivar os transportes públicos,
principalmente os sobre trilhos, des-  Criar marcos regulatórios para o
tinando recursos – inclusive subsidia- trânsito em pequenas cidades, com
dos – para obras estruturantes nos o objetivo de evitar e melhorar a
principais centros urbanos. gestão dos congestionamentos.

 Incentivar a renovação e a moder-  Desenvolver políticas educativas de


nização da frota de trens, metrôs e trânsito com estados e municípios.
ônibus, impondo novos parâmetros Estabelecer metas conjuntas para a
de qualidade. Incentivar a utilização redução das vítimas de trânsito.

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SUSTENTABILIDADE

 Garantir padrões rigorosos de política urbana com a Política Na-


qualidade do ar dos centros urba- cional de Proteção e Defesa Civil.
nos brasileiros por meio do fortale-
cimento dos programas Proconve e  Adotar ferramentas macroeco-
Promotos, com as atualizações ne- nômicas – em coordenação com
cessárias de acordo com a Organi- estados e municípios – que viabili-
zação Mundial de Saúde. zem claramente as políticas urba-
nas sustentáveis, como o transpor-
 Utilizar instrumentos econômicos te público, o transporte individual
para estimular o consumo de com- não motorizado, a construção de
bustíveis mais limpos, com elimina- edifícios sustentáveis, a implanta-
ção acelerada daqueles com maior ção de áreas verdes para evitar as
teor de enxofre em todo o territó- ilhas de calor, e o uso de energia
rio nacional. Ênfase na implantação solar e de microturbinas eólicas nas
dos programas de inspeção e ma- cidades, possibilitando a venda de
nutenção veicular em articulação excedentes.
com estados e municípios.
 Dar atenção aos serviços ambien-
 Estabelecer uma política nacio- tais urbanos como a arborização,
nal de combate à poluição sono- criação e manutenção de parques
ra em articulação com estados e urbanos e coleta e reciclagem de lixo.
municípios.
 Apoiar os municípios na implan-
 Estimular o monitoramento da tação de projetos de gestão de re-
balneabilidade das praias em arti- síduos, incluindo a coleta seletiva, a
culação com estados e municípios. reciclagem e a destinação final am-
bientalmente adequada.
 Apoiar o mapeamento e a pro-
teção das áreas suscetíveis à ocor-  Adotar políticas públicas de inclu-
rência de deslizamentos de grande são social produtiva dos catadores,
impacto, inundações bruscas ou a exemplo do programa Bolsa Reci-
processos geológicos ou hidrológi- lagem de Minas Gerais.
cos correlatos, compatibilizando a

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18
SUSTENTABILIDADE

ENERGIA

ENERGIA LIMPA E AUTOSSUFICIENTE


A energia é parte da infraestrutura do país e para assegurar o controle da inflação.
essencial para o crescimento sustentável da
O governo atual optou pela intervenção direta
economia.
nas atividades regulatórias, em vez de planejar
O Brasil tem fontes diversificadas e abundan- um ciclo virtuoso de energia competitiva e in-
tes de energia e, por isso, é fundamental para vestimentos no setor.
o desenvolvimento do setor a definição clara
Desse modo, o bom funcionamento do setor
de uma política energética coerente e harmo-
energético demanda o fortalecimento do tripé:
nizada com as necessidades do país, que al-
planejamento, gestão e regulação eficientes.
meja ocupar e se manter em uma posição de
destaque no cenário internacional. Daremos importância à produção de petróleo
do Pré-sal, sem prejuízo da expansão das fon-
Nos últimos anos, o modelo energético tem se
tes renováveis de energia, incluindo a retoma-
sustentado em políticas de controle de preço
da do programa do etanol.

COMPROMISSOS
 Definição de uma matriz energé- energética brasileira, incluindo-se aí
tica que contemple as várias fon- uma maior penetração da energia
tes de energia, possibilitando com eólica, solar e biomassa, além de
isso segurança no fornecimento hidrelétricas reversíveis, adaptan-
de energia, com baixo impacto do-se algumas usinas hidrelétricas
ambiental. existentes para esse fim.

 Ampliação da participação de fon-  Implementação de programas de


tes renováveis de energia na matriz eficiência energética, redução de

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19
SUSTENTABILIDADE

perda e conservação de energia em  Resgate do papel da Petrobras e


todos os setores. Ênfase no geren- sua valorização como instrumento
ciamento pelo lado da demanda. vital da política energética brasileira.

 Fortalecimento da governança  Melhoria da governança das em-


das instituições encarregadas da presas estatais e instituições seto-
formulação de políticas, gestão e riais responsáveis pelo tripé pla-
regulação do setor. nejamento, gestão e regulação
eficientes.
 Redução do risco regulatório no
setor de energia. Regras claras e  Estímulo à implantação de me-
duradouras garantem a entrada de canismos de maior profissionaliza-
novas empresas, gerando incenti- ção nas empresas estatais, median-
vos para novos investimentos. te contratos de gestão atrelados a
metas operacionais e financeiras e
 Viabilização de novas fontes de estabelecimento de níveis de exce-
financiamento para o investimen- lência em matéria de governança.
to e expansão do sistema elétrico
brasileiro.  Valorização da diversidade de
fontes e das características regio-
 Garantia da participação da so- nais na redefinição da matriz ener-
ciedade civil no Conselho Nacional gética brasileira, procurando equi-
de Planejamento Energético. librar a busca de autossuficiência
com sustentabilidade.
 Execução de planejamento ener-
gético coparticipativo com os  Implantação de processo que pro-
estados da Federação. mova e assegure mais transparên-
cia e previsibilidade na formação de
 Recuperação da importância e do
preços e tarifas no setor de energia.
pioneirismo do Brasil na produção
de energia limpa e renovável, com  Garantir que os recursos gerados
crescimento da produção e da pro- pelo Pré-sal sejam efetivamente
dutividade, especialmente em ter- usados em políticas de educação e
ras degradadas. saúde pública.

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20
SUSTENTABILIDADE

PROPOSTAS
 Garantir segurança energética em petróleo, com atenção especial
com modicidade tarifária. à necessidade de promoção da res-
ponsabilidade ambiental por meio
 Exigir, por meio das instituições da implementação e do aprimora-
responsáveis, a garantia de qualida- mento dos planos e programas de
de e pontualidade nos investimen- prevenção e gerenciamento de ris-
tos e, em contrapartida, a garantia cos.
da sua segurança jurídico-regulató-
ria durante a execução.  Assegurar a existência de infraes-
trutura para enfrentar acidentes, de
 Definir de forma clara o papel do modo a permitir atuação imediata
etanol anidro e hidratado na matriz para minimização dos danos.
de combustíveis brasileira e estabe-
lecimento de metas.  Estabelecer calendário para lei-
lões de petróleo e gás natural, tan-
 Adotar política tributária que con- to para áreas offshore como onsho-
sidere as vantagens ambientais dos re. O calendário de leilões assegura
biocombustíveis. previsibilidade para que as empre-
sas se preparem adequadamente e
 Estabeler um marco regulatório
incluam o Brasil em seus planos de
estável, com regras de longo prazo,
investimentos.
para desenvolvimento do setor su-
croalcooleiro.  Implantar planejamento e regu-
lação do setor de gás natural, de
 Realizar políticas públicas capa-
forma a resgatar a sua importância
zes de garantir a previsibilidade do
como insumo industrial, com vistas
setor de etanol e biodiesel, de for-
a aumentar a oferta do produto.
ma a estimular os investimentos e o
crescimento da produtividade agrí-  Estimular a formação de parcerias
cola e industrial. da Petrobras com empresas priva-
das do setor de gás natural, o que
 Buscar a autossuficiência do Brasil
permite o mútuo acesso aos dutos

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21
SUSTENTABILIDADE

de escoamento e de transporte,  Incentivar a microgeração distri-


plantas de regaseificação e unida- buída, de forma a permitir que o
des de tratamento de gás. cidadão possa gerar parte de seu
consumo próprio através do uso da
 Definir plano para aumentar a energia solar e eólica.
malha de gasodutos para o trans-
porte, baseado em regras claras e  Elaborar um cronograma para a
de mercado. realização dos leilões de energia,
contemplando as diversas fontes,
 Criar condições de competitivida- de forma a diversificar a matriz
de para que o gás natural venha a energética e garantir maior confia-
se configurar como combustível de bilidade ao sistema.
transição para um consumo ener-
gético mais limpo, a exemplo do  Equalizar as regras de incentivos,
que vem ocorrendo em outros paí- subsídios e financiamentos públi-
ses. cos para as diversas fontes de ener-
gia. Estimular a troca da iluminação
 Elaborar políticas para o aumen- pública por lâmpadas de baixo con-
to da cogeração e do uso do Gás sumo energético e menor impacto
Natural Veicular (GNV), que trará na biodiversidade.
como vantagem a diminuição das
importações de gasolina.  Estímular redes inteligentes de
energia.
 Incentivar distribuidoras e gera-
doras elétricas para instalação de  Investir no desenvolvimento de
unidades de geração de energia tecnologia de ponta para explora-
distribuída a gás natural e cogera- ção de petróleo, a fim de assegu-
ção. rar que a exploração da camada
Pré-sal aconteça de forma eficiente,
 Realizar investimentos em tecno- progressiva, continuada e segura.
logias de baixo carbono, com aten-
ção especial para capacitar o país  Fortalecer o Procel e o Conpet, vi-
a instalar uma indústria fotovoltaica sando dinamizar os programas de
competitiva. eficiência energética.

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22
SUSTENTABILIDADE

SUSTENTABILIDADE, MUDANÇAS CLIMÁTICAS,


BIODIVERSIDADE E MEIO AMBIENTE

VIDA SOLIDÁRIA
No final do século XX, emergiu no mundo o termos concretos, especialmente nas cidades:
conceito de cidadania planetária. Hoje o cida- respirar ar puro, ter água de qualidade, segu-
dão de qualquer parte do mundo está inves- rança pública, saneamento e alimentos sau-
tido de um conjunto de novos direitos e de- dáveis, boas condições de mobilidade urbana,
veres, em função das ameaças às condições acesso à educação, à saúde, lazer e cultura.
de vida no planeta: aquecimento global, dimi- Significa mais solidariedade e mais justiça.
nuição da camada de ozônio, acidificação dos
Para tanto, novas estratégias devem ser pac-
oceanos, perda da biodiversidade, menor dis-
tuadas nas várias esferas, tais como: local, re-
ponibilidade de água-doce, poluição química
gional, nacional e supranacional.
e aumento do fluxo de nitrogênio e fósforo nos
ecossistemas. Esses direitos e deveres devem Novos instrumentos e métricas devem ser
fazer parte da agenda dos governos e da comu- estabelecidos em complementariedade ao
nidade. Produto Interno Bruto (PIB), contemplando
outras dimensões da vida contemporânea dos
Essa cidadania planetária significa que o ci-
cidadãos.
dadão deve ter condições de bem-estar em

COMPROMISSOS
 A alteração significativa de ecos- do necessário revigorar o papel
sistemas e a consequente perda de do Estado na proteção à fauna e à
habitats, associada à caça e pes- flora, incluindo uma atuação firme
ca ilegais, afetam negativamente no combate ao tráfico nacional e
a fauna terrestre e aquática. Isso internacional de animais silvestres.
está ocorrendo no Brasil, tornan- Propomos, assim, uma política na-

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23
SUSTENTABILIDADE

cional de proteção à fauna silvestre, dos Objetivos do Desenvolvimen-


incluindo o direito dos animais, de to Sustentável em substituição aos
modo a permitir a implementação Objetivos do Milênio. Nessa agenda
da Lei Complementar 140, de 8 de internacional, o Brasil deve liderar
dezembro de 2011, apoiando a atua- iniciativas que protejam os oceanos
ção dos estados e municípios. e manter o seu papel de conserva-
ção do ambiente antártico, além de
 Posição de liderança da Presidên- apoiar ostensivamente mudanças
cia da República nas questões de necessárias no Protocolo de Mon-
sustentabilidade, visando garantir treal, que trata da proteção da ca-
um efetivo diálogo horizontal na mada de ozônio.
esfera federal, com o engajamento
dos estados, municípios, setor em-  Valorização do Fórum Brasileiro
presarial e a sociedade civil. de Mudanças Climáticas como ló-
cus de discussão da mudança do
 Protagonismo na coordenação clima no âmbito das negociações
e articulação dos atores sociais e internacionais e no plano domés-
agentes econômicos envolvidos no tico. A Presidência da República
desenvolvimento sustentável, em deverá retomar uma participação
articulação com estados e municí- ativa no Fórum, de modo que o pre-
pios, e papel de vanguarda nos en- sidente possa estabelecer um diá-
caminhamentos dessas questões logo pessoal com outros chefes de
na agenda internacional. Especial Estado, com o objetivo de alcançar
atenção à 21ª Conferência das Par- um acordo global que permita que
tes da Convenção de Mudança do o aumento médio da temperatura,
Clima, a ser realizada em 2015, e até o fim do século, se mantenha
aos desdobramentos daí decorren- em no máximo 2oC.
tes, bem como ao estabelecimento

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24
SUSTENTABILIDADE

PROPOSTAS
SUSTENTABILIDADE das à redução do desmatamento
 Criar uma instância junto à Pre- da Amazônia, do Cerrado e dos
sidência da República de modo a demais biomas e emprego de ins-
articular horizontalmente todos os trumentos econômicos que estimu-
ministérios envolvidos com os trata- lem, efetivamente, uma agricultura
dos internacionais dos quais o Bra- de baixo carbono, padrões rigoro-
sil é signatário, bem como perante a sos de eficiência energética, de in-
Organização Mundial do Comércio, centivo a fontes renováveis de ener-
Organização Internacional do Tra- gia, conservação da biodiversidade
balho, Organização Mundial de Saú- e conservação do solo e da água.
de, Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente (Pnuma), Or- BIODIVERSIDADE
ganização das Nações Unidas para  Dar atenção especial à efetiva im-
Agricultura e Alimentação (FAO), plantação das Unidades de Conser-
entre outros. Essa instância terá o vação e ampliação das mesmas em
papel de monitorar a implementa- biomas sem proteção adequada,
ção dos compromissos adotados com atenção especial ao ambiente
pelo Brasil internacionalmente. marinho, dando cumprimento ao
Plano Estratégico para a Biodiversi-
 Adotar modelo de governança dade 2011-2020, traçado no ano de
matricial, atribuindo responsabi- 2010, em Nagoya, Japão.
lidades ambientais às instâncias
governamentais encarregadas  Reconhecer o papel das popula-
das políticas setoriais, com metas ções tradicionais na conservação da
de qualidade ambiental a serem biodiversidade. Valorizar o conheci-
cumpridas. mento dessas populações median-
te política e legislação específicas.
 Formular políticas públicas para
estimular a transição para uma eco-  Implantar a gestão das Unidades
nomia de baixo carbono, visando de Conservação como instrumento
ao enfrentamento do aquecimento de desenvolvimento regional, com
global. Adoção de medidas volta- ênfase na ideia de que são ativos

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25
SUSTENTABILIDADE

estratégicos com potencial de ge- entes públicos, sociedade civil, co-


ração de renda, mediante políticas munidade científica e proprietários
adequadas de turismo sustentável. rurais.

 Utilizar parcerias público-priva-  Atenção à formação de corre-


das como instrumento eficaz de fi- dores ecológicos que permitam a
nanciamento para as Unidades de conectividade entre os vários frag-
Conservação e estímulo a ativida- mentos florestais.
des econômicas no seu entorno.
 Estabelecer uma política de pa-
 Desenvolver um programa de for- gamento por serviços ambientais,
mação de corredores ecológicos com o estabelecimento de critérios
com a utilização do Cadastro Am- de mensuração dos mesmos, em
biental Rural (CAR) e do Programa articulação com as principais ex-
de Regularização Ambiental (PRA), periências internacionais no âmbito
de forma a garantir a conectividade das Convenções de Biodiversidade,
das UCs e áreas com fragmentos Clima e Desertificação.
florestais significativos.
 Editar normas específicas sobre
 Reconhecer que as áreas indí- a introdução de espécies invasoras,
genas são instrumentos importan- bem como fortalecimento das ativi-
tes de conservação dos biomas dades de fiscalização fitossanitária.
brasileiros.
 Estabelecer políticas específicas
 Promover processos de restau- para os vários biomas brasileiros –
ração dos biomas mais afetados Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado,
pela ação antrópica, tendo como Caatinga, Pantanal, Pampas e Zona
foco especial as bacias hidrográfi- Costeira. No caso da Amazônia, for-
cas, com o objetivo de assegurar talecer a articulação de ações com
a capacidade de provimento de os países vizinhos, por meio do Tra-
serviços ecossistêmicos, a exem- tado de Cooperação Amazônica
plo do Pacto pela Restauração da (TCA), com o objetivo de se ela-
Mata Atlântica firmado entre vários borar um grande estudo sobre os
impactos do aquecimento global

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26
SUSTENTABILIDADE

sobre a Bacia Amazônica, a exem- nos mesmos. No plano internacio-


plo do que foi feito no Ártico. Esse nal, defender uma política afirma-
bioma requer atenção especial pela tiva para que os oceanos sejam
importância que possui no contex- priorizados no âmbito dos tratados
to nacional e internacional. internacionais. No plano nacional,
o Governo Federal assumirá uma
 Estabelecer uma política nacional liderança efetiva na implantação
de conservação da fauna silvestre de uma política de gerenciamento
e de proteção dos animais, com o costeiro com os estados e municí-
objetivo de garantir a articulação e pios, com o objetivo de promover o
a sinergia entre o Governo Federal ordenamento sustentável da nossa
e os governos estaduais. zona costeira e promover a restau-
ração dos ecossistemas marinho-
 Estabelecer parcerias com os Ór-
-costeiros. Nosso governo reafirma
gãos Estaduais de Meio Ambiente
o compromisso do Brasil com a ini-
(Oemas) e a sociedade civil para
ciativa de transformar o Atlântico
monitoramento dos biomas brasi-
Sul em santuário das baleias, visan-
leiros, a exemplo do que é realiza-
do à proibição de sua caça.
do na Mata Atlântica e no bioma
amazônico.
POLÍTICA FLORESTAL
 Apoiar a Plataforma Intergover-  Implantar uma Política Nacional
namental sobre Biodiversidade e de Florestas, com ênfase no estímu-
Serviços Ecossistêmicos (IPBES)/ lo à recuperação das áreas previs-
Intergovernmental Plataform on tas no Código Florestal, inscritas no
Biodiversity and Ecosystem Servi- Cadastro Ambiental Rural (CAR) e
ces, pelo fato do Brasil ser um país constantes do Programa de Regu-
megadiverso. larização Ambiental (PRA). Promo-
ção do manejo florestal sustentável
 Dar atenção especial ao tema dos das florestas tropicais e implanta-
oceanos, promovendo o conheci- ção de um programa de florestas
mento dos impactos do processo plantadas, que deve contemplar a
de acidificação, perda da biodiver- expansão da indústria de base flo-
sidade e lançamento de resíduos restal e o cultivo de espécies de

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27
SUSTENTABILIDADE

madeiras nobres de ciclo longo. Fa-  Incentivar a recuperação de mo-


zer investimentos em pesquisa de radias degradadas nos centros das
silvicultura de árvores nativas. cidades ou, onde não for possível,
planejamento da localização pre-
 Dar atenção especial às iniciativas ferencial de novos empreendimen-
de concessão florestal, utilizando tos em áreas que sejam objeto de
as florestas públicas e as unidades projetos de mobilidade, ou que
de conservação de uso sustentável, disponham de condições de aces-
visando valorar economicamen- so. Excluir a implantação de novos
te a floresta em pé e sedentarizar projetos habitacionais em áreas
a atividade econômica madeirei- de risco sujeitas a deslizamentos,
ra, reduzindo a oferta de madeira enchentes ou inundações, áreas
ilegal, “legal” fraudada e legal não ambientalmente vulneráveis, por-
sustentável. tadoras de mananciais ou com bio-
diversidade expressiva.
 Estabelecer políticas tributárias
com base na análise do ciclo de  Implementar Política Nacional de
vida dos produtos e desempenho Resíduos Sólidos na perspectiva de
ambiental, com foco em toda a ca- estimular a economia circular no
deia produtiva. Aspectos relativos à Brasil (reciclar, reutilizar e remanu-
durabilidade e à reparabilidade de- faturar sempre que possível).
vem ser levados em conta.
 Reconhecer os serviços ambien-
 Incluir critérios de sustentabilida- tais realizados pelos catadores.
de nos projetos habitacionais, com
o objetivo de estimular habitações  Criar estímulos para que os bens
sustentáveis em termos de confor- e serviços brasileiros estejam aptos
to térmico, saúde e segurança dos a atender às certificações existen-
materiais, eficiência energética, uso tes nos países desenvolvidos, de
eficiente e reúso de água, coleta se- modo a garantir a competitividade
letiva e utilização de água de chu- e o acesso a mercados internacio-
va. Estimular o uso de energia solar nais. Apoiar os pequenos produto-
com a utilização de linhas de crédi- res, praticantes da agricultura fa-
to específicas.

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28
SUSTENTABILIDADE

miliar, para que possam atender as normas que viabilizem maior trans-
certificações. parência aos acionistas no que tan-
ge ao desempenho socioambiental
 Garantir o acesso pela internet ao e de sustentabilidade das empresas.
processo de licenciamento ambien-
tal em relação aos órgãos integran-  Implantar política nacional de
tes do Sistema Nacional do Meio educação ambiental em conjunto
Ambiente (Sisnama). com o Ministério da Educação, bem
como com os estados e municípios.
 Incluir variável ambiental e os cus- Atenção especial deve ser dada ao
tos ambientais de mitigação e com- consumo consciente.
pensação já nas primeiras fases
de análise da viabilidade dos em-  Fortalecer programas de elimi-
preendimentos (projetos e obras) nação de substâncias persistentes,
de infraestrutura. Introduzir ava- biocumulativas e tóxicas (PBTs);
liação ambiental estratégica como compostos orgânicos persistentes
elemento facilitador do processo (POPs); substâncias químicas can-
de decisão desses últimos. cerígenas ou mutagênicas; substân-
cias destruidoras do ozônio (ODS);
 Revisar o atual modelo de licen- e mercúrio.
ciamento ambiental, objetivando a
sua simplificação e eficácia.  Combater comércio ilegal de ani-
mais silvestres e produtos madeirei-
 Criar um marco regulatório sobre ros, enfatizando o papel da coope-
passivos ambientais com o objeti- ração internacional nessa matéria.
vo de estimular a sua identificação Levando em consideração que o
e, com isso, definir uma política de Brasil é um dos maiores consumi-
estímulos à sua resolução em um dores de madeira ilegal de floresta
prazo determinado. Especial ênfase tropical, estabelecer uma força-ta-
deve ser dada às áreas contamina- refa para: a) aprimorar ações de
das, de acordo com as diretrizes já monitoramento e controle do trans-
existentes definidas pelo Conama. porte e comercialização de madei-
ras e das serrarias; b) estabelecer
 Articular, junto à CVM, a edição de

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29
SUSTENTABILIDADE

mecanismos que vedem aquisição com iniciativas em curso na socie-


pelo poder público de madeira sem dade brasileira e em vários países.
origem controlada. Atualizar a legislação nacional so-
bre o tema, incluindo o fim de tes-
 Adotar política de proteção aos tes com animais em cosmético.
direitos dos animais, em sintonia

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30
SUSTENTABILIDADE

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