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Henrique Fontana *
Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
28 de Maio de 2021 às 12:08
Existe uma grande negociata por trás dessa ideia de privatizações predatórias voltada a beneficiar
grandes investidores ou grandes grupos de investidores internacionais, que, provavelmente, nem
conhecem o Brasil - Arquivo/Agência Brasil
Estamos assistindo a um anunciado crime lesa pátria contra o povo brasileiro. A proposta de
privatização da Eletrobras, a maior empresa de energia da América Latina, construída ao longo
de 70 anos por muitas gerações de brasileiros, fere de forma irremed iável os mais altos interesses
da população.
Desafio alguém que sustente que ela trará qualquer benefício real para o país. Ao contrário,
entregar esse patrimônio essencial e estratégico às mãos de grupos estrangeiros é abrir mão da
nossa soberania e do nosso desenvolvimento, com consequências desastrosas para o Brasil e para
os brasileiros.
O que justifica a privatização de uma empresa com essa enorme importância para o país? Não
estamos falando de uma empresa deficitária e ineficaz que causa prejuízo ao país, argumento
normalmente utilizado pelos privatistas para vender as estatais a preço de banana, e que, na grande
maioria dos casos, não corresponde à verdade.
Só o parque eólico de Santa Vitória do Palmar, construído durante o governo Dilma, que custou
R$ 3,1 bilhões e gera R$ 350 milhões por ano de lucro para o país, foi vendido por pouco mais
de R$ 500 milhões. Agora, digam: qual o grupo privado venderia uma empresa sua por um valor
menor do que o lucro de dois anos de operação?
Existe uma grande negociata por trás dessa ideia de privatizações predatórias voltada a beneficiar
grandes investidores ou grandes grupos de investidores internacionais, que, provavelmente, nem
conhecem o Brasil ou desconhecem a importância destas empresas no dia a dia dos brasileiros.
A lógica destes grandes grupos é obter a máxima lucratividade no menor espaço de tempo possível
com o menor investimento possível, sem nenhuma preocupação com a conservação dos nossos
rios, com a qualificação do serviço prestado e com os interesses do povo.
Diante deste quadro perverso, é legítimo prever que daqui para frente enfrentaremos uma amarga
realidade de precarização dos serviços, o surgimento de apagões e o aumento incontrolável da
conta da luz. Privatizar a Eletrobras, segundo cálculo da Abrace (Associação dos G randes
Consumidores de Energia e Consumidores Livres), custará R$ 20 bilhões a mais por ano, que
serão pagos pela população.
A venda da Eletrobras não irá gerar um único emprego, mas cada brasileiro pagará mais pela
conta da luz e o país perderá qualquer possibilidade de influir nesta relação. Não haverá agência
reguladora que controle os eventuais abusos que surgirão a partir desta nova realidade.
Esta iniciativa nefasta contra o interesse nacional parte de um governo que se orienta pelo
fanatismo liberal cuja obsessão é torrar o patrimônio estratégico nacional de forma irresponsável
e que, infelizmente, encontra respaldo em setores absolutamente descompromissados com o
futuro do país e o bem-estar dos brasileiros.
O governo Bolsonaro e o Congresso Nacional, a se manter essa d ecisão inconcebível para uma
nação que preza a sua autonomia, acabam de colocar uma cunha no nosso desenvolvimento
futuro.
É um processo ainda não finalizado que exige de cada brasileiro a consciência de que, caso
confirmada a privatização da Eletrobras, estaremos reduzindo drasticamente a possibilidade de
termos um futuro sustentável do ponto de vista ambiental e seguro quanto ao fornecimento de
energia essencial para a vida dos brasileiros para as atividades produtivas.
Henrique Fontana é deputado federal (PT-RS), presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Eletrobras
e do Setor Elétrico.
** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do
jornal Brasil de Fato.
Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Marcelo Ferreira
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2,5 mil MW na região Norte, instalando as térmicas em pelo menos duas capitais
sem fornecimento de gás;
2 mil MW para o Sudeste, sendo 1,25 mil MW para os estados produtores de gás
e 0,75 para os não produtores, caso de Minas Gerais.
Como parte das regiões escolhidas não possui infraestrutura de transporte
de gás natural, gasodutos terão de ser construídos, o que pode elevar os
custos para os consumidores de energia. Atualmente, o país conta com 98
mil quilômetros de gasodutos, extensão restrita à costa brasileira.
O Ministério de Minas e Energia afirma que, a partir de 2026, o governo já
teria que contratar usinas termelétricas para substituir os contratos que
acabam a partir de 2027. O governo também alega que as usinas
contratadas substituirão térmicas que usam óleo combustível e carvão.
Pequenas Centrais Hidrelétricas
Outro ponto apontado pelos parlamentares como "jabuti" é a criação de
reserva de mercado para Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs).
Especialistas dizem que a medida pode encarecer a conta porque a reserva
de mercado contraria o princípio da livre concorrência nos leilões. Além
disso, a energia produzida pelas PCHs não é controlada pelo Operador
Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Pela nova regra, os próximos leilões deverão prever a contratação de pelo
menos 50% dessas pequenas centrais. Porém, essa contratação não pode
superar 2 mil MW (quantidade suficiente para atender cerca de 2,5 milhões
de pessoas). Ultrapassados os 2 mil MW, o percentual cai para 40%. A regra
vale para os leilões até 2026.
As PCHs são pequenas usinas com potência de geração de energia de até
50 MW, com área total do reservatório de água igual ou inferior a três
quilômetros quadrados.
Incentivo a fontes alternativas
Os parlamentares incluíram na MP da privatização da Eletrobras
a prorrogação, por mais 20 anos, dos contratos do Programa de Incentivos
às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa).
A crítica é que o preço pago pela energia dos projetos do Proinfa é superior
ao valor de mercado, gerando custo adicional para os consumidores,
segundo os especialistas.
O governo afirma que o projeto tem um dispositivo que garante que os
contratos somente serão renovados caso a Agência Nacional do Setor
Elétrico (Aneel) constate benefícios tarifários para o consumidor.
Indenização ao Piauí
Os senadores também incluíram na MP da Eletrobras uma previsão de
indenização ao estado do Piauí por conta da privatização da Cepisa, a
distribuidora local de energia, em 2018.
A indenização terá de ser paga pela Eletrobras, e o valor estimado é de R$
260 milhões até 2023. O custo será repassado ao consumidor.
'Jabuti' retirado
A previsão inicial era de que o Senado votasse a MP da Eletrobras na noite
desta quarta (16), mas a falta de consenso sobre a proposta adiou a análise
para esta quinta.
Nesse intervalo, enquanto incluía diversos pontos no texto, o senador relator
Marcos Rogério (DEM-RO) retirou um dos "jabutis" previstos anteriormente:
a prorrogação até 2035 do subsídio às usinas termelétricas movidas a
carvão mineral.
Essas usinas a carvão são ainda mais caras e altamente poluentes em
relação aos outros tipos de usinas térmicas. Com isso, o subsídio – bancado
pelo consumidor nas tarifas de energia – continua expirando em 2027.
Consumidor vai pagar uma Eletrobras
para o governo privatizar a Eletrobras
Por Míriam Leitão
15/06/2021 • 09:54
Para privatizar a Eletrobras, o governo está aceitando todo o tipo de jabuti. Mas
desta vez eles exageraram. A Câmara aprovou e o Senado está consolidando uma
visão totalmente errada.
Conta de luz vai subir de novo, com reajuste de mais de 20% da bandeira tarifária
Conversei com uma fonte ontem para me explicar quanto vai custar ao consumidor.
Segundo ele, seria como se o consumidor tivesse que pagar uma Eletrobras para o
governo vender a Eletrobras.
Seria esta conta: 41 bilhões dos jabutis, 10 bilhões de obrigações políticas e sobre
isso incidem 16 bilhões de ICMS e PIS/Cofins. Esses R$ 67 bilhões irão para a nossa
conta de luz para vender a Eletrobras. Não faz sentido econômico algum, distorce o
mercado e manda a conta para a população. E distorce porque tem jabuti que cria
reserva de mercado para as pequenas centrais hidrelétricas que estão perdendo a
competição para solar e eólica. Tem jabuti que manda construir termelétrica a gás
onde não tem gás nem gasoduto.
E por falar em conta alta de luz, a outra MP, que o governo prepara, para lidar com
a crise hídrica, elevará também o custo da energia. O governo deveria ver o que
funcionou e não funcionou no apagão de 2001. Uma coisa que deu certo foi a
decisão compartilhada, o diálogo entre as partes do governo que têm poder sobre o
assunto. O governo está preferindo centralizar poder. Surgiu uma ideia boa dos
grandes consumidores de energia que é dar uma redução para quem usa
energia fora do pico, o que seria um alívio. Mas só faz sentido se valer também para
o consumidor residencial e não apenas as grandes indústrias.
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https://blogs.oglobo.globo.com/miriam-leitao/post/consumidor-vai-pagar-
uma-eletrobras-para-o-governo-privatizar-eletrobras.html
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Miriam Leitão: ‘Para privatizar a Eletrobras, Governo está aceitando todo tipo
de jabuti'
Termelétricas a gás
A proposta prevê expansão da geração de energia elétrica por termelétricas
movidas a gás natural. Esse é, segundo senadores contrários à previsão, um
dos "jabutis da proposta".
A energia a gás natural é mais cara e, de acordo com especialistas, o valor de
contratação será repassado aos consumidores.
Pelo texto aprovado no Senado, terão de ser contratados 8 mil megawatts, quantidade
suficiente para atender quase 10 milhões de brasileiros.
Essas usinas termelétricas a gás natural terão de entrar em operação entre 2026 e
2030. Os contratos são para geração de energia por 15 anos.
As usinas termelétricas são consideradas importantes para aumentar a segurança do
sistema elétrico brasileiro, pois não dependem de fatores naturais para funcionar,
como chuva, vento e sol. Porém, são mais caras e poluentes que as usinas
hidrelétricas, eólica e solar.
Pelo texto, a contratação deverá ser assim dividida:
1 mil MW na região Nordeste em regiões metropolitanas cuja capital não
possua fornecimento de gás natural;
2,5 mil MW na região Norte, instalando as térmicas em pelo menos duas
capitais sem fornecimento de gás;
2,5 mil MW na região Centro-Oeste nas capitais ou regiões metropolitanas
que não possuem fornecimento de gás;
2 mil MW para o Sudeste, sendo 1,25 mil MW para os estados produtores de
gás e 0,75 mil MW para os não produtores, caso de Minas Gerais.
Os leilões terão um preço teto de R$ 370 por MW/hora, valor a ser atualizado até a
data de contratação.
Como parte das regiões escolhidas não possui infraestrutura de transporte de gás
natural, associações do setor calculam em cerca de R$ 20 bilhões o valor para
implementação dessa infraestrutura.
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'Jabuti' retirado
Foi retirado da proposta um trecho considerado "jabuti", que estendia até 2035 um
subsídio à geração de energia elétrica por meio de usinas termelétricas movidas a
carvão mineral.
Essas usinas a carvão são ainda mais caras e altamente poluentes em relação aos
outros tipos de usinas térmicas.
Com isso, o subsídio – que é bancado pelo consumidor nas tarifas de energia –
continua com o fim previsto para 2027.
https://g1.globo.com/politica/noticia/2021/06/17/senado-mp-
eletrobras.ghtml