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VII Simpósio de Restauração Ecológica

Avaliação da restauração ecológica em área


de cerrado no município de Mogi-Guaçu/SP
Paulo César de Souza Filho1; Roberto Bretzel Martins2; Thaís Helena de Oliveira Rosa3; Leandro Degrandi4; Ricardo
Augusto Gorne Viani5; Ana Carolina Cardoso de Oliveira6

e-mails: paulocesar@ceibaconsultoria.com.br; roberto@ceibaconsultoria.com.br; thais@ceibaconsultoria.com.br; leandro@ceibaconsultoria.com.br; viani@cca.ufscar.br;


contato@ceibaconsultoria.com.br

O plantio foi realizado no mês de agosto de 2015, totalizando


Introdução: 19.805 mudas de espécies nativas de cerrado, com espaçamento Considerações Finais
3x3m, em linhas, associadas à condução da regeneração para
Diante da necessidade de estabelecer diretrizes e orientações para potencializar a resiliência na área. A área em processo de restauração encontra-se com sua
elaboração, execução e monitoramento de Projetos de Restauração recomposição atestada nos parâmetros de densidade de indivíduos
A montagem das (44 + 4) 48 parcelas permanentes foi
Ecológica no Estado de São Paulo, bem como critérios e parâmetros nativos regenerantes e número de espécies nativas regenerantes.
estabelecida, conforme estabelecido pela Portaria CBRN N°
para avaliação dos resultados e atestar a efetividade da restauração 01/2015. Sendo os três indicadores a serem coletados i) cobertura A cobertura do solo, por sua vez, encontra-se abaixo do valor de
ecológica proposta, a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São do solo com vegetação nativa, ii) densidade de indivíduos referência para atestar a recomposição (80%), porém está acima
Paulo estabeleceu em 2014 a Resolução SMA N° 32. regenerantes nativos, iii) diversidade de indivíduos regenerantes do valor mínimo esperado para três anos de restauração. Neste
Os dados qualitativos e quantitativos que representam esses nativos. indicador específico, devido a coleta ter sido realizada no final da
indicadores são variáveis ao longo do tempo, já que caracterizam estação seca, os indivíduos arbóreos estavam com poucas folhas
efetivamente o estado de um determinado ecossistema naquele A campanha para coleta de dados foi realizada no mês de ou apenas alguns brotos, sendo preciso estimar a projeção da copa,
instante, representando sua trajetória rumo à condição não-degradada setembro de 2016, após 13 meses de implantado o plantio. proporcionando assim uma possibilidade de erro nos dados. Para
(VERDADE, 2002). aferir com precisão este indicador, seria recomendado coleta de
Assim, diante da perspectiva da legislação vigente, é considerado dados sazonais.
sucesso da restauração ecológica quando estes indicadores forem Para que a área seja atestada como recomposta, será necessária a
alcançados, pois no caso de não atendimento aos pressupostos – realização de ações corretivas, tais como controle de gramíneas
mesmo que parcialmente, a floresta pode retornar à condição anterior exóticas e até mesmo semeadura de gramíneas nativas do Cerrado,
ou causar um desequilíbrio na dinâmica florestal (BRANCALION et para que a recomposição não seja prejudicada ao longo do tempo.
al, 2015). Figura 2 – Valores de referência para monitoramento dos projetos de restauração ecológica,
para Cerradão ou Cerrado stricto sensu.
Fonte: Resolução SMA Nº 32, de 03 de abril de 2014.
Referências
Objetivos
Resultados e Discussão BRANCALION, P.H.S., DURIGAN, G., CHAVES, R.B.,
O presente trabalho tem o objetivo avaliar a efetividade das ações de
restauração ecológica realizadas em área de recuperação florestal ARONSON, J. On the need of legal frameworks for assessing
Através da metodologia de coleta de dados para monitoramento de restoration projects success: new perspective from São Paulo
através do monitoramento com parcelas permanentes, utilizando os
Projetos de Restauração Ecológica, estabelecida pela Portaria CBRN state (Brazil). Restoration Ecology Vol. 23, No. 6, pp. 754–759
indicadores fornecidos pela Resolução SMA N° 32/2014 e
01/2015, os indicadores foram obtidos: November 2015.
metodologias de coleta dos respectivos dados conforme Portaria
CBRN N° 01/2015 – Protocolo de Monitoramento de Projetos de Goosem, S.P., Tucker, N.I.J. Repairing the Rainforest — Theory
Restauração Ecológica. i) Cobertura do solo com vegetação nativa and Practice of Rainforest Re-establishment in North Queensland’s
O percentual do solo coberto com vegetação nativa da área em Wet Tropics. Wet Tropics Management Authority, Cairns (Report).
questão, encontra-se com valores dentro da margem de tolerância 2nd Edition, 1995.
Materiais e Métodos mínima para o prazo de 5 anos, sendo ele 40%. METZGER, Jean-Paul; CASATTI, Lilian; VERDADE, Luciano
Martins. Indicadores de conservação & avaliação do
ii)Densidade de indivíduos nativos regenerantes conhecimento para conservação. Anais.. São Carlos: [s.n.], 2002.
A área de plantio possui total de 44,25 hectares e está localizada no
O valor médio encontrado foi de 2073 indivíduos nativos São Paulo. 2014. Resolução SMA No 32, de 03 de abril de 2014
município de Mogi-Guaçu/SP. Após avaliação do histórico de
regenerantes por hectare, sendo os valores acima de 2000 estabelece as orientações, diretrizes e critérios sobre restauração
degradação, condições de resiliência da área e paisagem do entorno,
classificados como adequado para 20 anos de restauração, sendo este ecológica no Estado de São Paulo, e da providencias correlatas.
optou-se pela utilização do método de recuperação florestal por meio
o parâmetro utilizado para atestar recomposição da área. Diário Oficial do Estado de São Paulo - Meio Ambiente.
da condução da regeneração natural associado ao plantio de
adensamento e enriquecimento em área total com o conceito de São Paulo. 2015. Portaria CBRN 01/2015 estabelece o Protocolo
“framework species”, que prevê a restauração de áreas através da de Monitoramento de Projetos de Restauração Ecológica. Diário
iii)Diversidade de indivíduos nativos regenerantes
utilização de um conjunto pequeno de espécies cujos atributos são Oficial do Estado de São Paulo - Meio Ambiente.
Foram encontradas 97 espécies lenhosas de regenerantes nativos
particularmente favoráveis para determinada condição ambiental,
diferentes na área monitorada. De acordo com os números de
podendo acelerar a reestruturação da comunidade vegetal e
referência determinados, a diversidade de espécies encontrada atesta
desencadear os processos ecológicos que assegurem o funcionamento
sua recomposição, visto que para isso ocorra é necessário que
do ecossistema.
ocorram mais de 25 espécies nativas regenerantes.
Valores de
referências que
Indicadores Valores Obtidos
atestam
recomposição
Cobertura do solo (%) Acima de 80 40%
Densidade de regenerantes
Acima de 2.000 2.073
nativos (ind./ha)
Diversidade de regenerantes
Acima de 25 97
nativos (ind./ha)
Tabela 1 – Comparação entre os valores de referência que atestam recomposição
e o resultado referente aos dados coletados dos indicadores.

Figura 1 – Localização dos talhões, lotes e quadras para recuperação ambiental – Figura 3 – Área do projeto antes das ações de restauração. Figura 4 – Situação do plantio no momento das atividades de monitoramento.
Fazenda Campininha.

1. Paulo César de Souza Filho - Eng. Florestal - “Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz” – ESALQ; 2. Roberto Bretzel Martins – Eng. Agrônomo - ESALQ;
3. Thaís Helena de Oliveira Rosa – Ecóloga – UNESP; 4. Leandro Degrandi – Graduando – Eng. Florestal – ESALQ; 5. Ricardo Augusto Gorne Viani – Eng. Agrônomo – UEL; 6. Ana Carolina Cardoso de Oliveira
– Eng.ª Agrônoma - UFSCar

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