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de um veículo
Júri
Outubro 2009
“The most environmentally friendly thing that you can do for a car that burns gasoline is to make
lighter bodies” Henry Ford
i
Aos meus Pais
Cizinando Furtado e Adriana Furtado
ii
AGRADECIMENTOS
Uma palavra de apreço a todos os meus colegas e amigos que, mesmo sem
saberem, ajudaram-me muito ao longo da minha vida;
Ao Pedro Teixeira que, apesar dos contratempos constantes na oficina, ainda assim
conseguia ajudar;
Aos Professores Luís Reis, Virgínia Infante e Manuel Freitas que, mesmo não sendo
meus orientadores estiveram sempre disponíveis para ajudar;
Ao meu orientador Professor Arlindo Silva por todo o auxílio prestado, pois muitas
vezes se não fosse os seus conselhos este trabalho não se concretizava. Também um
obrigado pela paciência.
Aos meus ex-colegas Cristiano, Caetano, Nuno, Pedro, Hugo, Cabedal, Vargas, que
agora são meus amigos, por me terem “aturado” durante estes anos todos. Cristiano uma
palavra de apreço pela enorme ajuda;
À família Santarém, por me terem ajudado numa fase muito importante da minha
vida, o que contribuiu de forma decisiva para a continuação dos meus estudos. Obrigado
pela amizade e pelo carinho;
Aos meus amigos de infância e toda a família Semedo, por toda carinho, amizade e
lealdade demonstradas até os dias de hoje. Bela, sem a tua ajuda, isso não saía. Não digo
nomes porque são muitos;
Aos meus irmãos e os meus restantes familiares que sempre acreditaram. O vosso
apoio é muito importante na minha vida;
À minha esposa um obrigado por demonstrar tanto amor e compreensão. Amo-te
muito.
Aos meus pais por todo esforço que fizeram para nos transmitirem os mais nobres
valores, e principalmente por serem a minha referencia ainda hoje. Obrigado.
ii
RESUMO
A indústria automóvel está actualmente muito pressionada a reduzir o peso dos componentes
dos seus veículos, e consequentemente os consumos energéticos. O conceito do eco design ou
design sustentável ganhou uma importância vital, principalmente devido à escassez de matéria-prima
e aos problemas resultantes da degradação ambiental, o que resulta cada vez mais na tentativa de
incorporar nos produtos, materiais de baixo impacto ambiental e grande abundância. Os materiais
compósitos vegetais cumprem plenamente estes requisitos.
Portanto, neste trabalho, analisou-se a possibilidade de substituir as fibras de vidro pela fibra
de juta, que é uma fibra vegetal, na construção de um capot dianteiro de um veículo automóvel (um
buggy). Foram realizados ensaios experimentais, de tracção e de flexão em três pontos aos provetes
construídos a partir de compósitos reforçados pelas referidas fibras (de vidro e de juta), e
comparados os resultados obtidos, com os resultantes da simulação computacional dos mesmos,
também realizada. O capot construído pelas fibras em diversas configurações foi analisado,
simulando a aplicação de uma carga semelhante ao que resultaria do facto de uma pessoa de 80 kg
se sentar em cima, e constatou-se que, introduzindo algumas modificações, os compósitos
construídos utilizando a fibra de juta conseguem cumprir os requisitos mecânicos necessários à sua
utilização.
Da análise do ciclo de vida realizada, constatou-se que a maior causa do impacto ambiental
(90%) é a queima de combustível durante a fase de uso de um veículo automóvel, e que por sua vez
está directamente ligada ao peso do veículo, onde o consumo aumenta com o aumento do peso do
veículo.
Palavras-chave: Automóvel, eco design, materiais compósitos, fibras de vidro, fibras de juta,
ciclo de vida
iii
ABSTRACT
Nowadays, the automotive industry faces a lot of pressure to reduce the weight of its vehicles
components and consequently the energy consumption. The concept of eco-design or sustainable
design gained a vital importance, principally due to the shortage of the raw materials and the resultant
problems of the environmental degradation. Because of this, there are an increase interest to
incorporate in the products, materials with low environmental impact and great abundance. The
vegetable composite materials carry out fully these requisites.
So, in this work, there was analyzed the possibility to substitute the fiberglass by jute fiber,
which is a vegetable fiber, in the construction of a frontal bonnet of a buggy.
Experimental and computational tensile and flexure test were perform for the composite
reinforced by jute fiber and fiberglass, and the obtained results were compared. The frontal bonnet
built by the different materials were analyzed, simulating the application of a similar load to what it
would result from the fact of a person of 80 kg to sit in top, and it was noticed that, introducing some
modifications, the built composite using jute fiber manage to carry out the mechanical necessary
requisites for its use. Nevertheless, the solution that also guarantees the best environmental
performance is the use of jute fiber in the bidirectional configuration [(0/90), (0/90), (45/-45),] s.
From the life cycle analysis, it was noticed that the biggest cause of the environmental impact
(90%) is the burning of fuel during the vehicle phase of use, and that for its time it is straightly
connected with the weight of the vehicle, where the consumption increases with the increase of the
weight of the vehicle.
KEYWORDS: Automobile, eco design, composite materials, fiberglass, jute fiber, life cycle
assessments
iv
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................. ii
RESUMO .............................................................................................................................. iii
ABSTRACT ........................................................................................................................... iv
ÍNDICE FIGURAS ............................................................................................................... viii
ÍNDICE TABELAS ................................................................................................................. xi
MOTIVAÇÃO....................................................................................................................... xiv
OBJECTIVOS ...................................................................................................................... xv
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................. 3
2.1. A problemática da substituição de materiais na indústria automóvel ........................... 3
2.2. O eco design e a indústria automóvel ......................................................................... 5
2.3. Materiais compósitos .................................................................................................. 7
2.3.1. Definição .............................................................................................................. 7
2.3.2. Tipos e Classificação ............................................................................................ 8
2.3.3. Vantagens e limitações ........................................................................................ 9
2.3.4. Aplicações ............................................................................................................ 9
2.3.5. Fabricação...........................................................................................................13
2.3.6. RTM ....................................................................................................................18
2.3.7. Reforços ..............................................................................................................23
2.3.8. Fibra de vidro ......................................................................................................24
2.3.9. Matrizes ...............................................................................................................26
2.3.10. Propriedades mecânicas do compósito .............................................................28
2.4. Compósitos naturais ..................................................................................................34
2.4.1. Historia dos compósitos naturais .........................................................................34
2.4.2. Evolução do consumo das fibras naturais na Europa ..........................................35
2.4.3. Utilização actual de materiais compósitos reforçados por fibras vegetais na
indústria automóvel .......................................................................................................36
2.4.4 . Vantagens das fibras naturais em relação as fibras de vidro ..............................37
2.4.5 . Limitações das fibras naturais ............................................................................37
2.4.6. Fibra de juta ........................................................................................................38
3. CARACTERIZAÇÃO EXPERIMENTAL ............................................................................41
3.1. Materiais utilizados ....................................................................................................41
3.2. Produção/Fabricação .................................................................................................42
v
3.3 - Equipamentos: ..........................................................................................................44
3.4. Ensaios experimentais ...............................................................................................45
3.5. Resultados experimentais ..........................................................................................47
3.5.1. Tracção ...............................................................................................................47
3.5.2. Flexão .................................................................................................................50
4. ANÁLISE COMPUTACIONAL ..........................................................................................53
4.1. Análise dos provetes ..................................................................................................54
4.1.1. Modelo ................................................................................................................54
4.1.2. Tipo de elemento utilizado ...................................................................................55
4.1.3. Resultados ..........................................................................................................55
4.2. Análise do capot ........................................................................................................60
4.2.1. Modelo ................................................................................................................60
4.2.2. Tipo de elemento utilizado ...................................................................................61
4.2.3. Resultados ..........................................................................................................62
5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ...............................................................65
5.1 . Resultados provetes .................................................................................................65
5.1.1 . Tracção ..............................................................................................................65
5.1.2 . Flexão ................................................................................................................66
5.2 . Resultados da simulação do capot............................................................................67
5.3 . Propostas optimização capot ....................................................................................68
5.3.1. Solução 1 – Aumento da espessura do compósito multi-direccional ....................68
5.3.2. Solução 2 – Reforço do compósito por camadas de fibra de juta bidireccional ....69
5.3.3. Solução 3 – Alteração do empilhamento da fibra de juta bidireccional.................70
5.3.4. Solução 4 - Reforço pela fibra de vidro multi-direccional .....................................71
5.3.5. Solução 5 – Reforço pela fibra de vidro bidireccional ..........................................73
6. ANÁLISE CICLO DE VIDA (ACV).....................................................................................74
6.1 . Condições de fronteira ..............................................................................................75
6.2 . Resultados e discussão (ACV)..................................................................................75
7. CONCLUSÕES E FUTUROS DESENVOLVIMENTOS ....................................................78
7.1. Conclusões ................................................................................................................78
7.2. Futuros desenvolvimentos .........................................................................................78
8. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................80
9. ANEXOS ..........................................................................................................................84
A. Tensões ao longo da espessura dos laminados utilizados na construção do capot ......84
A.1. Configuração base [(0/90),(45/-45),(0/90)]s ...........................................................84
A.2. Soluções de optimização .......................................................................................84
vi
B. Desenho pormenor do molde e do capot ......................................................................87
C. Inputs utilizados no LCA ...............................................................................................88
vii
ÍNDICE FIGURAS
Figura 1. Buggy actual (a) e Dune Buggy anos 60 (b) [1] .................................................... xiv
Figura 2. Constrangimentos e requisitos que actualmente os engenheiros têm de ter
presente no desenvolvimento dos seus projectos. [11].......................................................... 4
Figura 3. Evolução dos consumos de materiais leves na indústria automóvel entre 1960 e
2000 [12] ............................................................................................................................... 5
Figura 4. Ciclo de vida de um produto[15] ............................................................................. 6
Figura 5. Renault Modus. Exemplo de aplicação do eco design, onde mediante a utilização
de software específico foi possível projectar e construir um veículo 95% reciclável [13 ]. ..... 7
Figura 6. Tipos de materiais compósitos [20] ........................................................................ 8
Figura 7. Resistência específica de compósitos e de não compósitos. [21] ........................... 9
Figura 8. Exemplo de aplicação de materiais compósitos na indústria aeroespacial [22]. ....10
Figura 9. Exemplo de aplicação de materiais compósitos na indústria civil [24]....................11
Figura 10. Exemplo de aplicação de materiais compósitos na indústria marítima [22] ..........11
Figura 11. Exemplo de aplicação de materiais compósitos na indústria do desporto de alta
competição e lazer [25] ........................................................................................................12
Figura 12. Exemplo de aplicação de materiais compósitos em fibra de carbono na indústria
automóvel.............................................................................................................................12
Figura 13. Classificação dos processos de fabrico de acordo com o tipo de resina [22] .......13
Figura 14. Representação esquemática da moldação por Hand lay-up, ou manual. [26]......14
Figura 15. Representação esquemática da moldação por Spray-up[22]...............................15
Figura 16. Representação esquemática da moldação por Vácuo[27] ...................................15
Figura 17. Representação esquemática da moldação por compressão[28] ..........................16
Figura 18. Representação esquemática da moldação por injecção[22] ................................17
Figura 19. Representação esquemática da moldação em Autoclave....................................18
Figura 20. Representação esquemática da moldação por RTM [29] ....................................19
Figura 21. Exemplo de componentes obtidos através da moldação por RTM [30,31]...........20
Figura 22. Etapas do processo RTM [22] .............................................................................22
Figura 23. SCRIMP. Variante do processo RTM [22] ...........................................................23
Figura 24. Utilização de compósito reforçado por fibra de vidro na construção dos guarda-
lamas de um veículo automóvel [33] ....................................................................................24
Figura 25. Representação esquemática da produção de fibras de vidro [35]........................26
Figura 26. Sistema de eixos da camada...............................................................................28
Figura 27. Rotação de referencial em torno do eixo z ..........................................................29
Figura 28. Sequência de empilhamento considerado. ..........................................................30
Figura 29. Carregamento axial num compósito fibroso. ........................................................32
Figura 30. Carregamento transversal num compósito fibroso ...............................................32
Figura 31. Tipos de tecidos [37] ...........................................................................................32
Figura 32. Spitfires. Aviões de guerra britânicos que na segunda Guerra mundial, devido à
escassez do alumínio utilizaram fibras de linho impregnadas com resina de phenolic na
construção do revestimento da fuselagem [39] ....................................................................34
Figura 33. Traband (1950-90). O primeiro automóvel para a produção constituído por fibras
naturais. ...............................................................................................................................35
Figura 34. Utilização de fibras naturais na indústria automóvel alemã entre 1996 e 2003. [41]
.............................................................................................................................................35
Figura 35. Exemplos de aplicação de fibras naturais na indústria automóvel. Mercedez-benz
Classe ‘A’ e Classe ‘C’[40] ...................................................................................................36
Figura 36. Produção da fibra de juta ao longo dos anos .......................................................38
Figura 37. Produção da fibra de juta: a) sementeira b) limpeza das plantas c)planta da juta 39
Figura 38. Aplicações das fibras de juta. [49] .......................................................................40
Figura 39. Configurações das fibras utilizadas: a) fibra de vidro bidireccional; b) fibra de vidro
multi-direccional; c) fibra de juta bidireccional; d) fibra de juta multi-direccional ...................41
viii
Figura 40. Molde utilizado na injecção das placas, a partir das quais foram obtidos os
provetes. ..............................................................................................................................44
Figura 41. Maquina injecção RTM (ISOJET RTM UNIT) ......................................................45
Figura 42. Provete tracção utilização no ensaio tracção .......................................................45
Figura 43. Provete alternativo utilizado na realização dos ensaios de tracção .....................46
Figura 44. Provete utilizado na realização dos ensaios de flexão .........................................46
Figura 45. Máquina de ensaios universal Instron 5566 utilizada na realização dos ensaios de
tracção e de flexão. ..............................................................................................................46
Figura 46. Gráfico descrevendo a evolução da tensão com a extensão da fibra de vidro
bidireccional com Vf = 21% em tracção ................................................................................47
Figura 47. Gráfico descrevendo a evolução da tensão com a extensão da fibra de vidro
multi-direccional com Vf = 9% em tracção ...........................................................................48
Figura 48. Gráfico descrevendo a evolução da tensão com a extensão da fibra de vidro
multi-direccional com Vf = 23% em tracção ..........................................................................48
Figura 49. Gráfico descrevendo a evolução da tensão com a extensão da fibra de juta
bidireccional com Vf = 31% em tracção ................................................................................49
Figura 50. Gráfico descrevendo a evolução da tensão com a extensão da fibra de juta multi-
direccional com Vf = 14% em tracção...................................................................................49
Figura 51. Gráfico descrevendo a evolução da tensão com a extensão da fibra de vidro
bidireccional com Vf = 21% em flexão .................................................................................50
Figura 52. Gráfico descrevendo a evolução da tensão com a extensão da fibra de vidro
multi-direccional com Vf = 9% em flexão ..............................................................................50
Figura 53. Gráfico descrevendo a evolução da tensão com a extensão da fibra de vidro
multi-direccional com Vf = 23% em flexão ............................................................................51
Figura 54. Gráfico descrevendo a evolução da tensão com a extensão da fibra de juta
bidireccional com Vf = 31% em flexão ..................................................................................51
Figura 55. Gráfico descrevendo a evolução da tensão com a extensão da fibra de juta multi-
direccional com Vf = 14% em flexão ....................................................................................52
Figura 56. Modelo de aplicação das cargas para a simulação do ensaio de tracção ............54
Figura 57. Modelo de aplicação das cargas para a simulação do ensaio de flexão ..............55
Figura 58. Elemento S8R utilizado na simulação do ensaio de tracção e flexão ..................55
Figura 59. Distribuição característica da extensão (ε11) ao longo do provete nos ensaios de
tracção .................................................................................................................................56
Figura 60. Tensões ao longo da espessura do laminado de fibras de juta bidireccional na
simulação do ensaio de tracção. ..........................................................................................57
Figura 61. Tensões ao longo da espessura do laminado de fibras de vidro bidireccional na
simulação do ensaio de tracção. ..........................................................................................57
Figura 62. Deslocamento registado ao longo do provete durante a simulação os ensaios de
flexão ...................................................................................................................................58
Figura 63. Tensões ao longo da espessura do laminado de fibras de juta bidireccional na
simulação do ensaio de flexão. ............................................................................................59
Figura 64. Tensões ao longo da espessura do laminado de fibras de vidro bidireccional na
simulação do ensaio de flexão. ............................................................................................59
Figura 65. Modelo do Capot, apresentando a área de aplicação da carga e as condições de
fronteira utilizadas ................................................................................................................60
Figura 66. Modelo do Capot utilizando elementos triangulares.............................................61
Figura 67. Modelo do Capot utilizando elementos rectangulares..........................................61
Figura 68. Elemento triangular STRI65 utilizado...................................................................62
Figura 69. Deformação característica do capot ....................................................................63
Figura 70. Distribuição característica da tensão ao longo do capot. ‘A’ ponto de maior
tensão. .................................................................................................................................63
Figura 71. Tensões ao longo da espessura do laminado do capot de fibras de juta
bidireccional. ........................................................................................................................64
Figura 72. Tensões ao longo da espessura do laminado do capot de fibras de vidro
bidireccional. ........................................................................................................................64
ix
Figura 73. Diferenças entre a evolução real e evolução considerando um comportamento
totalmente linear no caso da fibra de vidro multi-direccional com Vf=23%............................66
Figura 74. Evolução das cargas ao longo da espessura do capot construído por fibras de
juta na configuração multi-direccional (Vf = 14%) e reforçado por 4 lâminas de fibra de juta
bidireccional (Vf = 31%) .......................................................................................................70
Figura 75. Evolução das cargas ao longo da espessura do capot construído por fibras de
juta na configuração bidireccional (Vf = 31%) e com o empilhamento [(0/90),(0/90),(45/-45)]s
.............................................................................................................................................71
Figura 76. Evolução das cargas ao longo da espessura do capot construído por fibras de
juta na configuração multi-direccional (Vf = 14%) e reforçado por 2 lâminas de fibra de vidro
multi-direccional (Vf = 23%)..................................................................................................72
Figura 77. Evolução das cargas ao longo da espessura do capot construído por fibras de
juta na configuração multi-direccional (Vf = 14%) e reforçado por 4 lâminas de fibra de vidro
bidireccional (Vf = 21%). ......................................................................................................73
Figura 78. Ciclo de vida do capot. [56] .................................................................................75
Figura 79. Categoria de danos durante o ciclo de vida do capot. .........................................76
Figura 80. Etapas de produção do capot, representando uma das futuras etapas de
desenvolvimentos.................................................................................................................79
Figura 81. Desenho pormenor do molde utilizado na obtenção dos provetes. a) Molde
inferior; b) Aro separador; c) Molde superior; d) Vista tridimensional do molde superior.
Dimensões em mm. .............................................................................................................87
Figura 82. Desenho pormenor do capot frontal do buggy. Dimensões em mm. ....................87
x
ÍNDICE TABELAS
xi
Tabela 41. Causas de danos em cada categoria durante o ciclo de vida do capot. ..............76
Tabela 42. Resultados totais dos danos do capot em cada categoria ..................................77
Tabela 43. Tensões no referencial global ao longo da espessura do capot construído por
fibras de juta na configuração bidireccional ..........................................................................84
Tabela 44. Tensões no referencial global ao longo da espessura do capot construído por
fibras de vdiro na configuração bidireccional. .......................................................................84
Tabela 45. Tensões no referencial global ao longo da espessura do capot construído por
fibras de juta na configuração multi-direccional reforçado nas superfícies por 4 lâminas
construído por fibras de juta na configuração bidireccional. Solução de optimização 2. .......84
Tabela 46. Tensões no referencial global ao longo da espessura do capot construído por
fibras de juta na configuração bidireccional na configuração [(0/90),(0/90),(45/-45)]s. Solução
de optimização 3. .................................................................................................................85
Tabela 47. Tensões no referencial global ao longo da espessura do capot construído por
fibras de juta na configuração multi-direccional reforçado por 2 lâminas de fibra de vidro
multi-direccional (Vf = 23%) com 1mm espessura nas superfícies. Solução de optimização 4.
.............................................................................................................................................85
Tabela 48. Tensões no referencial global ao longo da espessura do capot construído por
fibras de juta na configuração multi-direccional reforçado nas superfícies por 4 lâminas
construído por fibras de vidro na configuração bidireccional. Solução de optimização 5 . ....85
Tabela 49. Tensões no referencial global ao longo da espessura do capot construído por
fibras de vidro na configuração bidireccional na configuração [(0/90),(0/90),(45/-45)]s.........85
Tabela 50. Tensões no referencial local ao longo da espessura do capot construído por
fibras de vidro na configuração bidireccional na configuração [(0/90),(0/90),(45/-45)]s.........86
Tabela 51. Dados relativos a fase de produção da fibra de juta ...........................................88
Tabela 52. Dados relativos a fase de produção do capot .....................................................88
Tabela 53. Dados relativos a fase de utilização do buggy construído pelas fibras de juta e de
vidro. ....................................................................................................................................88
Tabela 54. Dados relativos a reciclagem da fibra de juta e de vidro .....................................88
Tabela 55. Dados relativos ao comportamento dos resíduos no aterro ................................89
xii
Abreviaturas
xiii
MOTIVAÇÃO
Como foi dito anteriormente, os Buggies são normalmente construídos em fibra de vidro,
material que possui inúmeras desvantagens em termos ambientais (elevados custo de eliminação de
resíduos, não biodegradável) [2]. Actualmente, há cada vez maior pressão no sentido de melhorar a
nossa interacção com o meio que nos rodeia - devido aos grandes consumos, a natureza já não
consegue repor as suas reservas, e nem absorver todos os resíduos provenientes dos processos
industriais de uma forma natural [3]. Posto isso, torna-se imperativo, que todo o projectista, no
desenvolvimento dos seus projectos, tenha uma atenção especial à interacção dos materiais e
produtos com o meio ambiente. Neste cenário, o uso de materiais naturais vegetais, como a fibra de
xiv
juta, ganha grande importância, pois, como material natural que é, o impacto negativo no meio
ambiente é baixo ou praticamente nulo. Um outro aspecto importante é o facto de os materiais
vegetais terem origens de fontes renováveis (plantas), e de existir em grande abundância na terra, o
que lhes conferem uma importância ainda maior, pois elimina um problema importante para qualquer
indústria, que é a escassez de matéria-prima.
OBJECTIVOS
xv
1.INTRODUÇÃO
A redução dos consumos de combustível está directamente ligada à redução de peso dos
automóveis, o que faz com que a utilização de matérias leves na sua construção adquira um papel de
grande importância. O elevado preço do petróleo, sua anunciada escassez e seus efeitos no clima
(libertação de gases com efeito de estufa), fazem com que hoje se tenha cada vez mais uma maior
preocupação com a redução do consumo de combustíveis derivados do petróleo [5,6].
Os regulamentos quanto às emissões de gases com efeito de estufa e a eficiência no
consumo de combustível são cada vez mais restritivos [7], o que também conduz a utilização de
materiais que não só exigem uma menor quantidade de energia na sua transformação, como também
proporcionam uma melhor reciclagem, quer em termos de recursos utilizados, quer em termos da sua
decomposição final. Posto isto, a utilização de materiais amigos do ambiente ganha uma importância
vital (ex: materiais constituídos no seu todo ou em parte por materiais vegetais). Os materiais
compósitos, como uma combinação de vários materiais de diversas propriedades, possibilita a
obtenção de materiais com várias características, direccionados a aplicações específicas, evitando-se
assim “desperdícios de materiais”, tanto em peso como em “propriedades”. Esta optimização pode
fazer com que os compósitos construídos por materiais de origem vegetal, que têm normalmente
propriedades mecânicas inferiores [4], possam ser utilizados, e por conseguinte trazer claros
benefícios a todos.
O presente trabalho encontra-se dividido em seis grupos.
No primeiro grupo (secção 2), que é a da revisão bibliográfica, começa-se por apresentar um
conjunto de factores que têm impulsionado a indústria automóvel no sentido de substituírem os
materiais convencionais (aço, e outras ligas metálicas) por materiais mais leves, como o alumínio, os
plásticos e os materiais compósitos (secção 2.1). Seguidamente, é apresentado o conceito do eco
design, e como é que a sua aplicação se pode traduzir em ganhos para a indústria automóvel (secção
2.2). Na secção 2.3, analisa-se o estado da arte dos materiais compósitos, onde se mostra os vários
tipos existentes, as suas vantagens/limitações, as suas aplicações em diversas industrias, os vários
processos de fabrico utilizados na fabricação das peças a partir dos materiais compósitos, e a sua
caracterização mecânica. Os materiais compósitos naturais são introduzidos na secção 2.4, onde se
apresenta a sua história, a evolução e o consumo actual na indústria automóvel, e também o conjunto
de vantagens e limitações. A fibra de juta, como material natural principal em estudo, é apresentada
na secção 2.4.6, onde é apresentada a sua definição, os consumos actuais e as suas aplicações
principais.
No segundo grupo (secção 3), análise experimental, é apresentado e descrito o procedimento
experimental, material e equipamento utilizado no fabrico e análise dos diferentes tipos de material, e
os resultados obtidos.
No terceiro grupo (secção 4), faz-se a análise computacional dos provetes considerados na
análise experimental e do capot, onde se apresenta os modelos utilizados, as simplificações
efectuadas e os respectivos resultados obtidos.
1
Na secção 5 (quarto grupo), os resultados experimentais e computacionais são analisados e
discutidos. Também é apresentado um conjunto de soluções de optimização do capot construído
pelas fibras de juta na configuração bidireccional e multi-direccional.
No quinto grupo (secção 6), procede-se a análise do ciclo de vida do capot, onde se
considera que o seu ciclo de vida é a de um veículo utilizado no Brasil, uma vez que ele vai ser
produzido e comercializado aí.
O estudo termina na secção 7, com a apresentação das conclusões do trabalho e das
propostas para futuros desenvolvimentos (sexto grupo).
2
2.REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2-Requisitos económicos – Como o custo de fabrico das peças do motor representa cerca de
40% do investimento total na sua produção, e devido ao facto de hoje haver uma crescente pressão
para a produção de novos motores, faz com que haja uma maior preocupação com a redução do
custo de fabrico, um aumento da flexibilidade na produção e uma diminuição dos prazos de entrega.
Por exemplo, através de um design adequado dos encaixes e de geometrias complexas das peças,
consegue-se, utilizando o aço, construir componentes mais leves do que o habitual, mas esta opção é
muito mais dispendiosa do que a solução utilizando o alumínio [10]. Isto tudo implica o uso de
materiais que requerem um baixo investimento para o fabrico, e que possam ser processados de uma
forma mais rápida e mais barata.
3
Figura 2. Constrangimentos e requisitos que actualmente os engenheiros têm de ter presente no
desenvolvimento dos seus projectos. [11]
Têm sido realizados muitos estudos [10] nos últimos anos com o objectivo de substituir, na
construção dos veículos automóveis, o aço por materiais leves, como o alumínio ou as ligas de
magnésio, e chegou-se a conclusão de que, para a mesma rigidez, um veículo em alumínio é mais
leve do que o mesmo em aço. Por exemplo, consegue-se anular o efeito da parede fina numa junção
em T com a utilização do alumínio em vez do aço, pois fazendo o uso de um material de maior
espessura esse efeito é menor, conseguindo mesmo assim uma redução de peso de cerca de
29%.Todo esse esforço em reduzir o peso dos automóveis, no sentido de reduzir o consumo de
combustível e no cumprimento das legislações governamentais tem levado a um aumento do uso de
plásticos e materiais compósitos em vez do tradicional aço. Em Farag 2007 [8], pode-se ver que o
crescimento do uso de materiais leves (alumínio e plásticos) tem aumentado ao longo do tempo. Por
exemplo em 1960 alumínio e plásticos representavam, respectivamente cerca de 2% e 1% do peso
total dos veículos, enquanto que 1986 aumentaram para 4% e 7% (fig.3).
4
Figura 3. Evolução dos consumos de materiais leves na indústria automóvel entre 1960 e 2000 [12]
Segundo Patton et al [10], the Partnership for a New Generation of Vehicles (PNGV)
estabeleceu como meta a redução do peso da carroçaria dos automóveis em 40%, com os ganhos
obtidos através do aumento da incorporação de novos matérias como por exemplo:
- Alumínio: 45%
- Magnésio: 67%
- Plásticos reforçados por fibras de vidro: 31%
- Plásticos reforçados por fibras de carbono: 60%.
Até agora tem-se visto que de facto, devido a vários factores, há uma grande necessidade de
substituição de materiais na construção dos diversos componentes dos automóveis. Um dos
principais factores que tem condicionado toda a indústria automóvel é o de reduzir o impacto
ambiental, não só em termos de consumo das matérias-primas, mas sim em todo o ciclo de vida do
produto. O objectivo é conceber produtos que minimizam os impactos ambientais durante todo o seu
ciclo de vida, desde a extracção da matéria-prima até ao fim de vida do produto [13]. É neste contexto
que surge o conceito de eco design ou design sustentável.
A característica principal do eco design é o pensar no ciclo de vida do produto, onde todas as
questões ecológicas ou ambientais são ponderadas em todas as fases do ciclo de vida dos produtos.
A ISO 14040:1997 define “ciclo de vida” como a sequencia de fases consecutivas e interligadas do
sistema do produto, desde a aquisição de materiais (primários ou secundários) até a eliminação final
[14]. Segundo a directiva europeia 2000/53/EC sobre os veículos em fim de vida (ELV), os
construtores automóveis são os responsáveis pelos seus produtos durante todo o seu ciclo de vida,
onde se espera que coordenem a implementação de todo o sistema de reciclagem dos veículos
5
desde os fornecedores dos materiais até aos que fazem a reciclagem dos produtos, e que criem uma
linha de desmontagem, que permite fornecer produtos tanto aos construtores das peças como aos
fornecedores de materiais, e facultando todas as informações técnicas às entidades que procedem a
reciclagem dos produtos em fim de vida.
Para que o eco design se transforme em melhores praticas ambientais, é preciso um grande
esforço no sentido mudar quer as técnicas de design como a cultura vigentes. A sua prática só tem
sucesso se for encarado por todos (tanto dentro como fora das empresas) [13]. A sua implementação,
justifica-se também por poder criar novas oportunidades de negócios, através de novas e inovadoras
abordagens aos problemas, e ajudar a cimentar a posição das empresas num mercado cada vez
mais competitivo. O eco design também apresenta algumas vantagens potenciais, tais como:
- Melhorar a posição no mercado;
- Assegurar o compromisso com as crescentes imposições legais;
- Melhorar a qualidade do produto;
- Melhorar a eficiência e produtividade, conduzindo a redução de custos de produção;
- Avaliar e auxiliar o benchmark da performance ambiental e financeira;
- Procurar novas ideias para o desenvolvimento do produto;
- Favorecer a imagem da empresa. [14]
Um bom exemplo de aplicação do eco design, é o caso do Renault Modus, onde mediante a
utilização de um software específico (OPERA -Overseas Program for Economic Recycling Analyses),
conseguiu-se obter um veículo 95% reciclável (fig. 5).
6
Figura 5. Renault Modus. Exemplo de aplicação do eco design, onde mediante a utilização de software
específico foi possível projectar e construir um veículo 95% reciclável [13 ].
2.3.1. Definição
Segundo a American Society for Testing and Materials (ASTM) é uma mistura de dois ou mais
materiais, combinados para formar um novo material de engenharia útil com propriedades diferentes
aos dos componentes puros, podendo ser obtidos por combinação de metais, cerâmicos ou
polímeros [16]. A maior parte é constituída por dois materiais: a fibra, que constitui o reforço da base
do material, cuja designação é matriz. [17]
Os materiais compósitos possuem várias características que tornam a sua utilização, nos
diversos tipos de indústria, uma vantagem competitiva. Por exemplo, no caso da indústria automóvel,
7
a sua utilização permite uma redução de peso de cerca de 35%, o que melhora a economia de
combustível e reduz a poluição dos gases de escape, e uma redução de custos com as ferramentas
em cerca de 50% em relação ao aço, possibilitam melhores tempos de produção e permitem reduzir
custos relativos ao processo, são facilmente transportados para a produção e possibilitam uma
grande diversidade de configurações, o que permite aos projectistas criarem vários produtos e ir de
encontro às expectativas do consumidor. [18]
Os materiais compósitos são normalmente construídos em três tipos diferentes (fig 6):
8
material for um polímero. A mesma classificação também se aplica quanto ao tipo de fibras utilizadas,
sendo classificados de metálicos, cerâmicos ou vegetais, consoante a fibra for metal, cerâmico ou
vegetais, respectivamente. [4,17]
2.3.4. Aplicações
9
As vantagens da utilização de materiais compósitos na fabricação dos mais diversos bens
são muitas, o que tem levado cada vez mais as industriais a utilizá-los na fabricação dos seus
produtos. São vários os exemplos de indústrias que hoje utilizam materiais compósitos para a
fabricação total ou parcial dos seus produtos. Seguidamente são apresentados algumas dessas
indústrias onde se faz o uso de materiais compósitos.
- Indústria aeronáutica/aeroespacial
Foi das primeiras industriais a reconhecer os benefícios dos materiais compósitos, e hoje é
prática comum a utilização de fibras de vidro, de carbono e de kevlar tanto no projecto das peças,
como na produção de componentes para a indústria aeroespacial. Com a incorporação de materiais
compósitos no fabrico dos mais diversos componentes (fig.8), foi possível alcançar reduções de peso
de cerca de 20 a 30%, o que possibilita maior capacidade de carga nos aviões comerciais e mais
armamento para o caso dos militares. [22,23]
10
Figura 9. Exemplo de aplicação de materiais compósitos na indústria civil [24]
- Indústria marítima
11
- Desportos de alta competição e lazer
Existem vários produtos desportivos que são fabricados em materiais compósito, tais como
esquis, raquetes de ténis, tacos de golfe, cordas, bicicletas, capacetes, etc. Aliás a procura por
melhores resultados desportivos tem impulsionado muito o desenvolvimento e melhoramento dos
materiais compósitos, que depois são utilizados noutras áreas (por exemplo é o caso da formula 1).
[22]
Figura 11. Exemplo de aplicação de materiais compósitos na indústria do desporto de alta competição e lazer
[25]
- Indústria automóvel
No caso da indústria automóvel, como foi visto anteriormente, a optimização dos materiais
desempenha um papel importante, e os materiais compósitos que apresentam uma grande
capacidade de adaptação às necessidades, desempenham um papel importante na redução dos
custos e dos consumos. Hoje, existem vários componentes dos veículos automóveis que são
construídos, em parte ou no seu todo, utilizando materiais compósitos, tais como os pára-choques,
guarda-lamas, carroçarias, etc.
Figura 12. Exemplo de aplicação de materiais compósitos em fibra de carbono na indústria automóvel.
12
2.3.5. Fabricação
Os processos também podem ser classificados, de acordo com a natureza da resina utilizada
(fig.13): termoplástica ou termoendurecível. No caso das resinas termoendureciveis, utiliza-se os
ciclos de aquecimento e arrefecimento para garantir o preenchimento do molde e a consolidação da
peça, e como inicialmente a resina apresenta uma grande fluidez, permite a utilização de pressões
baixas. Já no caso das resinas termoplásticas, o aquecimento inicial, necessário para o amolecimento
e fusão, é combinada com a aplicação de pressões elevadas, seguindo-se o arrefecimento de forma
a limitar os ciclos de produção. [22]
Figura 13. Classificação dos processos de fabrico de acordo com o tipo de resina [22]
De seguida apresenta-se uma breve discrição de alguns processos de fabrico mais comuns,
dando especial atenção à Moldação por injecção a baixa pressão e por transferência (RTM), que foi o
processo utilizado na obtenção das peças ensaiadas no presente trabalho.
13
1 - Moldação por contacto
É o método mais comum e mais económico, sobretudo na fabricação dos compósitos de fibra
de vidro, podendo ser ou não automatizado, o que faz com que haja uma distinção entre dois
métodos:
- Moldação manual (Hand lay-up)
É um método simples, com poucas restrições quanto à geometria das peças (espessuras
mínimas de 1 mm e raios de curvatura mínimos de 5 mm), que necessita de um reduzido
investimento inicial e mão-de-obra não muito qualificada. Neste método, as sucessivas camadas de
fibras são, manualmente, empilhadas e impregnadas com resina catalisada (viscosidade entre 1000 e
1500 centipoises (cP)), mediante a ajuda de um rolo, em molde aberto. Consegue-se obter
percentagens de fibra no produto final na ordem dos 25% e é adequado a pequenas séries (abaixo
dos 1000 peças por ano) e com uma cadência diária de uma a quatro peças por molde (50 a 200
kg/homem/dia). No entanto, devido a libertação de voláteis, sobretudo o estireno, exige-se que seja
realizada em locais abertos ou bem ventilados. Outras desvantagens são: forte dependência da
habilidade e cuidado do operário, baixa produtividade, bom acabamento somente numa das faces da
peça, teor da fibra heterogéneo, necessidade de maquinagem das peças após o fabrico de forma a
eliminar as rebarbas e dar um melhor acabamento. Aplica-se no fabrico de pequenos barcos de
recreio, em reparações estruturas de materiais compósitos e não só. [23]
Figura 14. Representação esquemática da moldação por Hand lay-up, ou manual. [26]
14
de voláteis o que faz com o processo seja realizado em locais com boa ventilação ou abertos. Este
processo permite um certo grau de automatização, mas, na maioria dos casos a projecção é feita por
um operário. [23]
15
O processo consiste na compressão de reforços de fibra vidro, sobre os quais se deposita
posteriormente a resina líquida. O processo pode ser realizado a frio ou a quente. No processo a frio,
são utilizadas habitualmente resinas de poliésteres insaturados às quais se associa um sistema
catalítico bastante activo, fortemente exotérmico, que assegura o aquecimento progressivo do molde
e permite ciclos de moldaçao adequados. Devido ao facto de as pressões aplicadas serem baixas
(inferiores a 4 bar) e de as temperaturas alcançadas se situarem entre os 30 e 45ºC, pode-se utilizar
prensas leves e moldes mais baratos (construídos e compósitos de matriz epóxida ou de poliéster).
Este processo é adequado à produção de séries médias de peças (4 a 12 peças por hora), com
2
superfícies entre 0,01 e 6 m , mas os acabamentos superficiais são poucos cuidados e, devido às
contracções, a precisão dimensional é fraca. Também, não é aconselhável a utilização de modelos
que contêm ângulos vivos, nervuras ou outras partes verticais relativamente à superfície do molde.
No caso em que a moldação é realizada à quente, o processo é idêntico ao processo a frio, porém
aqui o molde é aquecido entre 80 e 170ºC e as pressões desenvolvidas podem variar entre 5 e 150
bar, o que faz com que seja necessário a utilização de moldes metálicos. O ciclo de produção pode
ser muito rápido na ordem dos 30 segundos (mais comum de 2 a 4 minutos), dependendo da
temperatura, da complexidade e do peso da peça moldada. Por conseguinte, as cadências de
produção são maiores do que no processo a frio, cerca de 15 e 30 peças por hora. Outro aspecto
importante, é o facto de neste processo se poder incorporar maior quantidade de fibra, o que pode
possibilitar a obtenção de peças com melhores propriedades mecânicas. [23]
16
em aços tratados, de forma a suportarem pressões de injecção elevadas (entre 300 e 1500 bar), e
são normalmente equipados com canais de arrefecimento com circulação de água. Este é um
processo onde normalmente se conseguem cadências de produção elevadas, atingindo valores entre
20 a 100 peças por hora, dependendo essa cadência das temperaturas da matéria-prima (200 a
350ºC) e do molde (20 a 120ºC) e da pressão de injecção. Através deste processo, consegue-se
produzir peças de geometria bastante complexa, reduzindo-se assim o número de peças necessárias
para a produção de um determinado componente, que é normalmente leve, possui uma boa
estabilidade dimensional. O grande inconveniente deste processo é o facto de ser preciso um elevado
investimento nas máquinas e nos moldes. Também pode surgir anisotropia nas peças, resultante da
forma como a matéria-prima flui no interior do molde. [23]
5-Moldação em autoclave
Este processo é particularmente adequado a pequenas séries de fabrico, onde são exigidas
peças com elevados requisitos de desempenho mecânico e qualidade, como se verifica na indústria
aeronáutica e desporto automóvel. Este processo permite a obtenção de compósitos de com elevada
percentagem de fibra (mais de 60%). O processo consiste na consolidação de um componente pré-
formado através da aplicação simultânea de temperatura, pressão e vácuo. É frequentemente
utilizado na produção de laminados. Para a obtenção desses laminados, um pré-impregnado é
cortado e empilhado sobre o molde, na sequência pretendida e até se atingir a espessura desejada.
Depois, o conjunto é inserido num saco de vácuo e sujeito a um ciclo de pressão e temperatura
definido. As suas principais desvantagens são o forte investimento inicial e o tempo necessário para a
obtenção das peças, o que faz com o processo não seja adequado para a produção de grandes
séries de fabrico. [23]
17
Figura 19. Representação esquemática da moldação em Autoclave
2.3.6. RTM
O Resin Transfer Molding (RTM) também conhecido por liquid transfer Molding. O RTM
possibilita a obtenção de componentes próximos da sua forma final. O RTM, ao contrário da
moldação por injecção e por compressão, permite obter componentes estruturais, pois possibilita a
utilização de reforços nos mais variados formatos, e também os custos inerentes ao processo de
fabricação de volumes médios de peças são mais baixos devido ao custos com as ferramentas serem
mais baixos. No entanto, a fabricação de peças mais complexas exige muita experimentação, de
forma a se determinar os parâmetros mais adequados para o caso. É um processo de molde fechado,
o volume de fibra nos componentes pode atingir os 60%. Neste processo o reforço é colocado sobre
a cavidade do molde, que é posteriormente fechado com a outra metade do molde. Depois, a mistura
sobre pressão contendo resina, cargas, catalisador, ou por vezes compostos para darem cor à peça,
é injectada, através de uma ou mais entradas, para dentro do molde. Depois de um tempo de cura no
molde entre 6 a 30 minutos, dependendo dos parâmetros de cura escolhidos (catalisador,
temperatura), a peça é retirada do molde. Assim sendo, o RTM possibilita a obtenção de peças com
bom acabamento nas duas superfícies. Os aspectos principais do RTM são o fluxo de resina, o
processo de cura, e a transferência de calor. O processo de cura é exotérmico. [4,22,23]
18
Figura 20. Representação esquemática da moldação por RTM [29]
Acabamento
Cadência de Tempo de ciclo Preocupações
Processo de fabrico dos dois lados
produção anual (min) com emissões
da peça
RTM 200-10000 6-30 Não Sim
Processo em molde
aberto (hand lay-up 100-500 60-180 Sim Não
e spray-up)
Moldação por
>10000 1-20 Não Sim
compressão
Moldação por Não (bastante
>20000 0.5-2 Sim
injecção seguro)
Aplicações principais
O RTM é um processo muito versátil, permitindo a obtenção de peças desde pequenas até
grandes dimensões, e cadências de produção que podem variar desde pequenas até médias. Tem
sido utilizado nas mais variadas indústrias, como a automóvel, a aeroespacial e de produção de
produtos desportivos e de lazer. Os componentes fabricados através deste processo são capacetes,
componentes de portas, quadros de bicicletas, pás das turbinas eólicas, carroçaria de carros de
desportos automobilísticos, painéis diversos para os automóveis, e peças de aviões.
19
Figura 21. Exemplo de componentes obtidos através da moldação por RTM [30,31]
Podem ser utilizados como reforços pré-formas e tecidos. Tipos de pré-formas utilizados:
thermoformable mat, conformal mats, pré-formas entrelaçadas. Podem ser utilizadas diferentes tipos
de resinas, tais como poliéster, vinylester, epoxy, phenolic e methylmethacrylate, combinadas com
diferentes cargas, tais como alumina trihydrate e carbonato de cálcio. A utilização das cargas deve-se
sobretudo aos custos. Os custos das cargas são geralmente muito inferiores as resinas (por exemplo
o carbonato de cálcio custa 0,22 €/kg, enquanto que a resina poliéster 4,50€/kg), contudo a
quantidade presente na peça não pode comprometer o bom desempenho da mesma, sendo
recomendado que a dimensão da carga não ultrapasse os 10 microns, por forma a evitar problemas
de filtragem nas fibras. Recomenda-se dimensões na ordem dos 5 a 8 microns para que durante a
injecção, o escoamento da mistura resina+carga não interfira alinhamento das fibras. Obviamente
com a adição de carga a viscosidade aumenta, diminuindo assim a fluidez da mistura a ser injectado,
e aumenta o peso do componente. [22]
Ferramentas
20
custos. Sendo o processo em molde fechado, faz com que o processo tenha uma baixa emissão de
estireno, aspecto esse, que se tem tornado cada vez mais importante devido às leis cada vez mais
restritivas no que concerne a emissão de estireno [23]. Os moldes são normalmente construídos em
alumínio ou em aço, mas também existem situações, como por exemplo na construção de protótipos,
em que são construídos em plásticos ou em madeira. Os moldes são normalmente construídos em
duas metades, que podem conter um ou mais bicos de injecção ou uma ou mais saídas de ar ou de
resina. O molde deve conter rigidez suficiente de forma a suportar as pressões desenvolvidas durante
o processo. O projecto dos coeficientes de expansão térmica do molde e da peça devem ser
cuidadosamente projectados, pois as tolerâncias dimensionais da peça são afectadas tanto pelas
propriedades térmicas do molde como as do compósito. Os moldes podem custar desde os $200, no
caso de protótipos, até valores como $50000, dependendo do tamanho e da complexidade da peça a
ser fabricada. [22]
Etapas do processo
21
com a rigidez mínima necessária, ela é retirada e deixada para que o processo de cura se finalize.
[22]
Variantes do processo
Nesta variante do RTM, utiliza-se vácuo após a injecção para permitir que a resina impregne
mais facilmente no reforço, o que faz com que se pode aumentar o teor da fibra até 70% e
minimizando os poros na peça. [23]
22
Figura 23. SCRIMP. Variante do processo RTM [22]
Os materiais compósitos são constituídos principalmente pelo reforço e pela matriz, podendo
em certos casos, também alguns aditivos e cargas, que são elementos utilizados com o objectivo de
complementar as propriedades dos compósitos, como por exemplo baixar os custos, facilitar o
manuseamento, melhorar as características de moldação, melhorar as propriedades pós-cura, ou
então introduzir decorativos. Essas cargas são normalmente obtidas a partir de depósitos naturais,
como por exemplo a mica, o feldspato, a sílica, o quartzo, a argila, ou o cálcio [23].
Seguidamente, são apresentados os reforços e as matrizes mais utilizadas, dando ênfase às
fibras de vidro e a matriz em resina de poliéster insaturado, pois são os materiais utilizados na
obtenção das várias peças estudadas durante este trabalho.
2.3.7. Reforços
Os reforços são os elementos responsáveis pelo bom desempenho mecânico dos materiais
compósitos, pois são eles que suportam a quase totalidade das cargas aplicadas ao material
compósito. As boas propriedades mecânicas das fibras deve-se ao facto de que um mesmo material
no formato de fibra ter melhores propriedades do que no seu formato “maciço”. No caso das fibras de
juta, a sua descrição é feita mais adiante no trabalho, como sendo um dos tipos de fibras vegetais
utilizadas na construção dos materiais compósitos vegetais. Isto deve-se ao facto de as fibras
apresentarem uma melhor estrutura que as formas maciças, pois neste formato os cristais alinhados
segundo a direcção das fibras, e além disso existem menos defeitos internos. [32]
As fibras mais utilizadas em compósitos de matriz polimérica são as fibras de carbono, de
vidro, de boro e de aramida. Nos casos em que as exigências das estruturas em matérias compósitas
são menores, também podem ser empregues outras fibras, tais como as de amianto (asbestos),
poliamidas e poliésteres.
23
2.3.8. Fibra de vidro
Os compósitos reforçados por fibras de vidro, são dos materiais os compósitos mais
conhecidos hoje. As fibras de vidro podem ser encontradas sob diferentes formas, tais como roving,
staple fibre (filamentos de 200 a 400mm) e chopped strand mat (filamentos de 3 a 50 mm). Os
compósitos reforçados por fibras de vidro podem, hoje ser encontrados na maioria das industrias, tais
como a automóvel, a aeronáutica/ aeroespacial, a marítima, eléctrica/electrónica, a de materiais
desportivos, etc. A sua utilização em larga escala começou nos anos 50 na fabricação de barcos e
automóveis, e hoje, por exemplo, a maioria dos automóveis utilizada pára-choques em compósitos
reforçados com fibras de vidro para a cobertura das estruturas em aço.
Actualmente, podem ser encontradas fibras de vidro com varias composições químicas,
sendo a mais comum constituído a base de sílica (~50-60% SiCO2) contendo vários outros óxidos
como o do Ca, B, Na, Al, Fe, etc. Comercialmente, são produzidas três tipos fibras de vidro: E, C e S.
As fibras do tipo E, cuja designação deriva da palavra electricidade, representam cerca de 90% das
fibras de vidro produzidas. São bons isolantes eléctricos, e possuem uma boa resistência e um
razoável módulo de Young. As fibras do tipo C, apresentam uma boa resistência à corrosão. No caso
das fibras do tipo S, elas possuem uma elevada quantidade de sílica na sua constituição, o que lhes
permite suportar temperaturas mais elevadas do que os tipos E e C. [23, 32].
Figura 24. Utilização de compósito reforçado por fibra de vidro na construção dos guarda-lamas de um veículo
automóvel [33]
Propriedades
24
Tabela 2. Propriedades dos vários tipos de fibra de vidro [23]
Deformação na rotura
4,4 5,3 5,2
(mm)
Coeficiente de expansão
-6 5,0 2,9 4,0
térmica (10 /ºC)
Obtenção
A técnica mais comum para produzir fibras de vidro é o estiramento de vidro fundido através
de uma fieira em liga de platina-ródio com orifícios de dimensões muito precisas (fig.25). A
temperatura de fusão ronda os 1260ºC, e depende da composição do vidro. As fibras são sujeitas a
tratamentos superficiais à saída da fieira, consoante o fim a que se destinam. No caso de ser para a
utilização no fabrico de tecidos sem risco de danificação da fibra, aplica-se um revestimento têxtil. No
caso em que se quer permitir a compatibilização da fibra com as diferentes matrizes orgânicas
existentes, aplica-se um revestimento plástico. Esse revestimento plástico contém um ligante
constituído por suspensões ou emulsões de poliacetato de vinilo, resinas de poliéster ou epóxido, que
permite manter os filamentos unidos (evitando-se movimento relativo e abrasão), um agente de
adesão à base de compostos orgânicos de silício com o objectivo de facilitar a adesão fibra – matriz
de resina, um lubrificante e, agentes anti-estáticos e de impregnação. [23,34]
25
Figura 25. Representação esquemática da produção de fibras de vidro [35]
2.3.9. Matrizes
Como já foi dito anteriormente, na construção dos materiais compósitos fibrosos existe um
aglomerante que tem como funções principais ligar e proteger as fibras, dar forma estável ao
compósito e assegurar a distribuição eficiente de carga pelas fibras, cuja designação é matriz. As
matrizes podem ser metálicas, cerâmicas ou poliméricas, dependo do tipo de material utilizado ser
metálico, cerâmico ou polimérico, respectivamente. No caso presente em estudo, a matriz utilizada é
a polimérica (o Poliéster), e por isso faz-se a seguir uma discrição dos diferentes tipos dessas
matrizes existentes.
Matrizes poliméricas
Matrizes termoplásticas
26
comparativamente aos termoendureciveis, por serem facilmente processados por injecção ou por
termoformação, e por serem recicláveis. No entanto, existe maior dificuldade na impregnação
completa dos reforços. Estima-se que os termoplásticos representem cerca de 35% do mercado
mundial dos compósitos. Os vários tipos de matrizes termoplásticos são: Polipropileno (PP),
Poliamida(PA), Policabornato(PC), Poli-éter-éter-cetona(PEEK), Poliimidas termoplásticas e
Polisufureto de fenileno(PPS).[22,23]
Matrizes termoendurecíveis
27
2.3.10. Propriedades mecânicas do compósito
Sendo um laminado composto por várias lâminas sobrepostas, descrever seu comportamento
mecânico pressupõe primeiramente o conhecimento do comportamento mecânico de cada lâmina.
Assim sendo, calcula-se a matriz que relaciona o vector tensão com o vector deslocamento para uma
lâmina genérica, nos eixos de ortotropia (Longitudinal, L e Transversal, T) (fig.26).
Considere uma lâmina com as fibras alinhadas paralelamente à direcção 1. A equação
constitutiva dessa lâmina em seu referencial local é dada por :
Seguidamente, calcula-se a matriz que relaciona no sistema de eixos (x,y) (referencial global) o
vector tensão com o vector deformação para uma lâmina(k) com uma orientação específica em
função das constantes de elasticidade da lâmina no referencial (L,T).Como normalmente os eixos
28
principais da lâmina não coincidem com os eixos de referência do laminado (x, y) é necessário utilizar
uma matriz de transformação de coordenadas:
Tal que a transformação das relações tensão – deformação do sistema L-T para o sistema x-y é dado
por:
As distribuições das deformações nas direcções x e y, segundo TCL, variam linearmente através da
espessura do laminado:
Substituindo (4) em (3) obtêm-se as tensões de uma lâmina k para uma localização z específica:
29
A distribuição de tensão ao longo da espessura do laminado não é linear e as tensões são
descontínuas nas interfaces com as lâminas. Pelo facto das tensões variarem de lâmina para lâmina
é conveniente definir esforços [N] e momentos flectores [M] que actuam por unidade de comprimento
através da espessura h do laminado:
Onde:
Sendo Q a rigidez da lamina k no referencial global (x,y).
30
As constantes de elasticidade da lâmina no referencial local (L,T) são determinadas através
da regra das misturas [36].Neste modelo, a resposta longitudinal do compósito é idealizada como
uma reacção no sentido do eixo longitudinal das fibras unidireccionais, no qual as fibras recebem a
maior parte da força aplicada (em paralelo das fibras e da matriz) (fig.29). A resposta transversal é
idealizada como uma reacção no sentido perpendicular ao eixo longitudinal das fibras unidireccionais,
no qual a matriz recebe a maior parte da força aplicada (em série das fibras e da matriz) (fig.30).
Neste modelo, pressupõe-se que as forças aplicadas produzem deformações iguais nas fibras e na
matriz e, através das fracções volumétricas pode-se obter relações lineares entre as propriedades da
lâmina e as propriedades da fibra e da matriz:
A tabela 5 ilustra as equações derivadas da regra das misturas, utilizadas para determinar as
propriedades da lâmina.
31
Figura 29. Carregamento axial num compósito fibroso.
K (12)
32
Utilizando os valores das constantes de elasticidade, para uma hipotética lâmina com a mesma
fracção volúmica, determina-se as constantes elásticas para uma lâmina construída por fibras no
formato de tecido através de [36]:
E k. E 1 k. E (13)
E 1 k. E k. E (14)
υ
υ k 1 k. (16)
Note-se que caso n1 = n2, tem-se Ex = Ey e υxy=υlt. Esta situação ocorre no caso das telas (plain da
figura 31).
Eran = El+ Et (17)
Gran = !"ν
ran
(18)
ran)
33
2.4. Compósitos naturais
Como se verá mais adiante, praticamente desde o inicio da civilização que o Homem utiliza
matérias compósitos naturais nas suas construções. A sua evolução teve altos e baixos, e hoje,
devido à consciencialização de que temos de proteger o nosso meio ambiente, cada vez mais
procura-se novas aplicações para esses materiais. Os compósitos naturais podem ser tanto de
origem animal (couro, chifre, etc.), como vegetais (sisal, juta, algodão, etc.). No caso particular deste
trabalho, o estudo incide sobre os compósitos naturais compostos por fibra vegetais (a fibra de juta) e
resina polimérica (a resina de poliéster insaturado). Estes compósitos vegetais já são bastantes
utilizados, sobretudo na indústria automóvel (em peças do interior dos veículos com baixas
solicitações mecânicas) [38], como por exemplo nos escudos protectores interiores do tejadilho. As
fibras mais utilizadas como reforço destes compósitos são de algodão, sisal, juta, Kenaf e o linho.
A utilização das materiais de compósitos começou a 3000 anos, onde os egípcios reforçavam
argila ou lama com palha, para utilizarem na construção de blocos. No entanto, com o
desenvolvimento de outros materiais mais duráveis como os metais, o interesse nas fibras naturais
foi-se perdendo. A partir de então, e até ao inicio do século XX, a sua utilização praticamente
desapareceu. Em 1940 utilizou-se óleo de soja para fabricar esmalte de alta qualidade que podia ser
moldado em fibras, e que possuíam uma resistência ao choque 10 vezes superior a do aço. No
entanto, este material apresentava grandes inconvenientes, tais como longo tempo de cura e
problemas associado à sua moldagem. Em 1939-45, durante a segunda Guerra, a falta de alumínio
em Inglaterra, leva ao uso de fibras de linho impregnadas com resina de phenolic para a construção
do revestimento da fuselagem dos spitfires – “Gordon-Aerolite”.
Figura 32. Spitfires. Aviões de guerra britânicos que na segunda Guerra mundial, devido à escassez do
alumínio utilizaram fibras de linho impregnadas com resina de phenolic na construção
do revestimento da fuselagem [39]
34
Em 1942 Henry Ford cria um automóvel protótipo em fibra de cânhamo, que não chegou a ser
produzido, devido às limitações económicas da época. Em 1950 foi constituído o primeiro automóvel
para a produção (Trabant (1950-90)) utilizando fibras naturais (algodão com matriz de poliéster).
Figura 33. Traband (1950-90). O primeiro automóvel para a produção constituído por fibras naturais.
Somente nos últimos 15-20 anos é que as fibras naturais voltam a suscitar interesse, e hoje cada vez
mais há um crescente interesse pelas fibras naturais. [40]
Estudos indicam que o consumo de fibras naturais tem vindo a aumentar nos últimos anos.
Mesmo durante 2002 e 2003 em que a indústria automóvel se encontrava numa situação
relativamente mais difícil, o uso de fibras naturais aumentou (5% para as 45000 toneladas), muito
provavelmente graças ao seu baixo custo. De 1996 a 2003 o uso de fibras naturais na indústria
automóvel alemã aumentou de 4000 toneladas para 18000 toneladas por ano. De 1996 a 2002 houve
um crescimento linear de 20 a 30%, que entre 2002 e 2003 se situou nos 5% devido ao
abrandamento da indústria automóvel.
Figura 34. Utilização de fibras naturais na indústria automóvel alemã entre 1996 e 2003. [41]
35
Para a Europa, em 2004 o consumo de fibras naturais situava-se em de cerca de 70000
toneladas. O preço das fibras para produção de componentes automóveis se situava entre 0,50 e
0.60 €/kg, o que constituiu um retorno de cerca de 10 milhões de euros para a Alemanha e 15
milhões para a Europa.
Na Alemanha, que é o principal consumidor das fibras naturais (2/3 do consumo da Europa),
estima-se que se utiliza, por cada veículo, cerca de 3,5 kg de fibras naturais, exceptuam o uso de
madeira e algodão. Com o estabelecimento deste novo material, espera-se que nos próximos anos
haja um grande crescimento. Estima-se que em 2003 na indústria automóvel se utilizou cerca de
160000 toneladas de materiais compósitos reforçados com fibras naturais (88000 de fibras naturais e
72000 de material polimérico), o que corresponde 16 Kg de fibras por veículo, tendo em conta que
foram produzidos 5.5 milhões de veículos. [41]
Vários especialistas consideram as fibras naturais como sendo um gigante adormecido, pois
as suas principais características - propriedades mecânicas, densidade e preço, vão de encontro às
exigências de sector automóvel. [42]
Actualmente, cada vez mais os automóveis já não são somente de metais e plásticos, mas
também já começam a incorporar vários materiais naturais nos seus componentes. Por exemplo, em
cada Classe A fabricado pela Mercedes há 27 peças produzidas com fibras naturais, com peso total
de 11,9 quilos [38]. O Audi A2 foi primeiro veículo de produção em massa completamente construído
em alumínio e com painéis das portas reforçados com linho/sisal. Outras marcas, tais como a BMW, a
Ford, a Fiat, Renault, Volkswagen, Opel GM, etc., também têm incorporado compósitos construídos a
base de fibras naturais nos componentes dos seus veículos, tais como no revestimento interior das
portas dianteiras (1.2-1.8Kg), no revestimento interior das portas traseira (0.8-1.5Kg), ou na
construção parte de trás dos acentos (1.6-2.0Kg) e dos apoios para a cabeça (~2.5Kg). [40]
Figura 35. Exemplos de aplicação de fibras naturais na indústria automóvel. Mercedez-benz Classe ‘A’ e Classe
‘C’[40]
36
2.4.4. Vantagens das fibras naturais em relação as fibras de vidro
Por serem produtos orgânicos naturais, as fibras naturais não apresentam problemas
dermatológicos e nem riscos biológicos nos aterros. Elas precisam de menores quantidades de
energia para a sua produção (por exemplo: 6,500BTU’s para 2.2Kg de fibras de juta e 23,500BTU’s
para 2.2Kg de fibras de vidro). No caso das fibras vegetais, elas possibilitam a neutralização de CO2,
3 3
e como possuem uma densidade máxima de 1.5g/cm (densidade da juta =1.4g/cm e do vidro
3)
=2.5g/cm , e também resultam em materiais com uma grande resistência e rigidez específica
(componentes com baixo peso). As fibras naturais podem ser facilmente encontradas a nível mundial
e custam muito menos do que as fibras de vidro (Fibras naturais 0.5-0.6 Euros/kg e do vidro 9.0
Euros/kg). As fibras naturais não são abrasivas, o que faz com que haja menores desgastes nas
ferramentas e as rebarbas podem ser reaproveitadas. Têm um bom comportamento em colisões (não
estilhaça), e também permitem construção em formato celular, o que faz com que os componentes
tenham boas propriedades acústicas e na protecção térmica. [40]
Fibras
Propriedades
Vidro E Linho Cânhamo Juta Ramie Sisal Algodão
3
Densidade g/cm 2.55 1.4 1.48 1.46 1.5 1.33 1.51
Resistência à Tracção 800 - 600-
6 2 2400 550 - 900 400 - 800 500 400
10E N/m 1500 700
Módulo de Young, E
73 60 - 80 70 10 - 30 44 38 12
(GPa)
Módulo de Young
específico 29 26 - 46 47 7 - 21 29 29 8
(E/densidade)
Extensão de rotura (%) 3 1.2 - 1.6 1.6 1.8 2 2-3 3 – 10
Absorção de humidade
- 7 8 12 12 -17 11 8 – 25
(%)
Preço /Kg ($), em bruto 1.3 - 1.5 0.6 - 1.8 0.35 0.6 -
1.5 - 2.5 1.5 - 2.2
(manta/tecido) (1.7/3.8) (2/4) (2/4) 1.5/0.9 - 2 0.7
37
2.4.6. Fibra de juta
A fibra de juta é uma das fibras naturais mais baratas, e a segunda mais produzida, somente
ultrapassada pelo algodão. Os maiores produtores do planeta são a Índia e o Bangladesh. Outros
países, tais como a China, a Tailândia, ou o Brasil, também produzem e transformam as fibras de
juta. A produção mundial das fibras de juta tem aumentado (fig. 36), principalmente devido ao
aumento do consumo e produção na Índia, país onde existe um conjunto de políticas que, directa ou
indirectamente, impingem a produção, o comércio, o processamento e a exportação da fibra de juta e
dos seus produtos. [44].
6
Tabela 7. Produção da fibra de juta entre 1999 e 2004. (10 tons)
A origem
As fibras de juta são obtidas a partir do género Corchorus da ordem das Tiliáceas. Existem
duas espécies cultivadas: Corchorus capsularis e a Corchorus olitorius .Estas plantas, que são anuais
e herbáceas, exigem um solo fértil e bem drenado, assim como um clima quente e húmido. No
38
entanto o excesso de chuva após semeagem e uma estação muito seca, podem comprometer o seu
bom crescimento. [45,46].
O processo de plantação da juta começa com os camponeses a espalharem entre Fevereiro
e Junho (dependendo das condições climatéricas) as sementes pelos solos cultivados. Passados 4
meses, e tendo as plantas atingidos uma altura de cerca de 1,8 a 3,7 m, os caules são colhidos
rapidamente, antes da floração, e amarrados em feixes. Os feixes são imersos em água cerca de 20
dias, com o objectivo amolecer os tecidos da planta, e assim facilitar a extracção das fibras. Estando
os tecidos mais macios, procede-se a separação manual das fibras do tecido. Posteriormente, as
fibras já separadas são lavadas, e secas durante cerca de 4 dias. Essas fibras são amarradas em
fardos, e conduzidas às fábricas para a fiação. [46,47]
As fibras são graduadas de acordo com a sua cor, resistência e comprimento de fibra.
Possuem cores desde o branco “sujo” ao castanho, comprimentos que variam entre os 1 e 4 m, e
diâmetros entre os 0,002 e 0,015 mm. [48]
Na figura seguinte apresenta-se imagens das diversas fases da produção da fibra de juta.
Figura 37. Produção da fibra de juta: a) sementeira b) limpeza das plantas c)planta da juta
d) Maceração e) Extracção das fibras [48]
39
As principais aplicações
40
3. CARACTERIZAÇÃO EXPERIMENTAL
Conhecer as propriedades dos materiais, quando se quer fazer o uso deles para a construção
dos mais variados bens, frequentemente evita grandes prejuízos económicos e também acidentes
pessoais graves, que conduzem principalmente a uma perda de confiança na pessoa (ou na
empresa) que projectou o bem, com todas as consequências que dai advêm. Os ensaios mecânicos
para a caracterização dos materiais utilizados em engenharia, devido a esse facto, têm um papel
muito importante, pois numa fase muito precoce consegue-se descartar materiais que para a
aplicação em causa não conseguem cumprir os requisitos mínimos requeridos. Portanto, os ensaios
mecânicos de tracção e flexão, que possibilitam a determinação de características importantes
(resistências e rigidez) dos materiais, apresentam-se como boas ferramentas no conhecimento do
comportamento dos materiais em estudo.
O trabalho experimental consistiu em determinar as resistências e os módulos de elasticidade
na tracção e na flexão dos compósitos de 4 mm de espessura constituídos por fibras de vidro e de
juta, tanto na configuração de mantas bidireccionais como multi-direccionais (fig.39). O empilhamento
efectuado para o caso da configuração bidireccional foi o [(0/90),(45/-45),(0/90)] s.
Dado ao facto de as propriedades (resistência e rigidez) do vidro serem bastante superiores
aos da juta (tab.9), e de normalmente a fibra de vidro apresentar um diâmetro (8,0 - 14,0 µm) [50]
inferior ao da juta (100 - 200µm) [51], aqui procurou-se utilizar materiais com gramagens
semelhantes, de forma a ter um parâmetro comum a ambas as fibras.
Figura 39. Configurações das fibras utilizadas: a) fibra de vidro bidireccional; b) fibra de vidro multi-direccional; c)
fibra de juta bidireccional; d) fibra de juta multi-direccional
Reforços
Na tabela 8 estão apresentados as propriedades dos diversos reforços utilizados na construção dos
compósitos.
41
Tabela 8. Propriedades dos reforços [19]
Densidade Gramagem Vf
Reforço Configuração E(GPa) υ 3 2
(kg/m ) (g/m ) (%)
Bidireccional 300 21
Fibra de vidro 69 0,25 2600 9
Multi-direccional 450
23
Bidireccional 310 31
Fibra de juta 31,31 0,38 1550
Multi-direccional 500 14
Matriz
A matriz utilizada foi a resina de poliéster insaturada produzida pela CPB – Companhia Petroquímica
do Barreiro, SA, com as propriedades descritas na tabela seguinte (tab.9):
Catalisador e Desmoldantes
Como catalisador utilizou-se o PMEK (Peróxido de metil cetona), e dois desmoldantes -o Álcool
polivinílico e a Cera Wiz, que foram todos fornecidos pela Matexplas.
3.2. Produção/Fabricação
Todos os compósitos testados durante esta pesquisa foram totalmente construídos nas
oficinas/laboratórios do departamento de engenharia mecânica Instituto Superior Técnico. As fibras
de vidro foram adquiridas em Portugal à Matexplas, enquanto que as fibras de juta, devida ao facto
de serem plantas tropicais, foram fornecidas do Brasil (Tapetes São Carlos e Castanhal). O processo
de produção envolveu a aquisição das matérias-primas (fibras e resina) e do molde, toda a
preparação do molde, da resina e das fibras, a injecção (RTM), o corte dos provetes e finalmente o
acabamento aos provetes.
42
Obtenção dos provetes
Procedimento
As fibras foram cortadas nas dimensões e orientações (mantas bidireccionais) necessárias. Devido
ao forte carácter hidrofílico da fibra de juta, estas forem submetidas a um processo de secagem
durante 12 horas num forno a 140º com o objectivo de remover toda a humidade presente nas fibras
e assim promover uma melhor aderência entre a fibra e a resina de poliéster.
2- Preparação do molde
Primeiro foi aplicado uma camada de cera Wiz, por intermédio de um pequeno pedaço de pano, e
depois, fazendo o uso de um pincel, aplicou-se o Álcool polivinílico sobre a toda a superfície do
molde. De seguida, depois de o Álcool estar totalmente seco, colocou-se a fibra no empilhamento
desejado, e procedeu-se ao fecho do mesmo, sendo depois colocado na prensa com placas
aquecidas, para que o molde atingisse uma temperatura uniforme de cerca de 40 ºC.
3- Preparação da matriz
Estando o molde à temperatura desejada, misturou-se um litro de poliéster com 0,3% de catalisador.
Apesar de a cavidade do molde só possuir a capacidade para 0.384 litros, optou-se por utilizar um
litro de resina de forma a, não só garantir um completo preenchimento da cavidade do molde, como
também expulsar as possíveis bolhas que se formam durante todo o processo de injecção.
4- Injecção RTM
43
5- Corte e Acabamento
Estando as placas curadas, procedeu-se ao corte de forma a se obter os provetes com as fibras nas
orientações desejadas, por intermédio de uma serra de disco. Depois, de forma a eliminar defeitos
superficiais provenientes do processo de corte na serra, procedeu-se ao acabamento final das peças,
que foi realizado manualmente e utilizando lixas de baixa gramagem.
3.3 - Equipamentos:
-Molde
O molde para a obtenção das placas foi o ilustrado na figura 40, onde a espessura da placa é
determinado pela espessura do aro separador (fig.40b) que para este caso é de 4 mm. No anexo B é
apresentado o desenho de detalhe do molde, onde são apresentados em pormenor as suas
dimensões.
- Máquina de injecção
A maquina de injecção (RTM) utilizada, foi a ISOJET RTM UNIT composta por um pistão de 3 litros
(Ref. 200707) onde esta instalado o computador de controlo e uma prensa (Ref. 2007 03) de pratos
aquecidos (fig.41)
44
Figura 41. Maquina injecção RTM (ISOJET RTM UNIT)
A caracterização experimental dos materiais será realizada através dos ensaios tracção e flexão, e
baseados nas normas ASTM. Todos os ensaios foram realizados nos laboratórios do departamento
de engenharia mecânica do IST.
1- Ensaio tracção
Os ensaios de tracção foram realizados segundo a norma ASTM D3039 [52], onde o provete utilizado
nos ensaios se encontra representado na figura seguinte (fig.42):
Devido ao facto de, praticamente todos os provetes construídos a partir da fibra de juta aleatória
partirem no interior das amarras da máquina de ensaio, e depois de se ter consultado alguns
investigadores mais experientes na realização de ensaios, optou-se por alterar a forma dos provetes
para o apresentado na figura 43, o que possibilitou a obtenção de melhores resultados.
45
Figura 43. Provete alternativo utilizado na realização dos ensaios de tracção
2- Ensaio flexão
A realização dos ensaios de flexão foi feita de acordo com a norma ASTM D790 [53], e cujo provete
recomendado está representado na figura 44.
Equipamento de ensaio
Para os ensaios de tracção e flexão, foi utilizada a máquina de ensaios universal Instron 5566, cuja
célula de carga é de 10KN (fig.45).
Figura 45. Máquina de ensaios universal Instron 5566 utilizada na realização dos ensaios de tracção e de flexão.
46
3.5. Resultados experimentais
Para ensaios de tracção e flexão são apresentados, para os provetes considerados válidos
pelas normas, os gráficos que demonstram a evolução das extensões com as cargas aplicadas, e os
respectivos valores de tensão (σ) e extensão (ε) máximas registadas pela máquina de ensaio, e o
módulo de elasticidade (E). Também é apresentado os valores respeitantes ao deslocamento (desl) a
meio vão dos provetes durante os ensaios de flexão. Posteriormente, é apresentada uma tabela
contendo os resultados médios obtidos.
3.5.1. Tracção
47
Tabela 11. Resultados do ensaio tracção fibra
de vidro multi-direccional com Vf = 9%
30
Nº do
E (MPa) σ (MPa) ε
25 provete
2 4626,3 26,4 0,0056
Tensão[MPa]
100 Nº do
E (MPa) σ (MPa) ε
provete
4 7645,6 109,44 0,0213
50
5 8527,0 119,68 0,0234
0 6 8170,5 104,5 0,0198
0 0,01 0,02 0,03 7 7947,4 95,13 0,0180
Extensão 8 8315,1 112,61 0,0211
PC04 PC05 PC06
9 7638,8 101,74 0,0214
PC07 PC08 PC09
PC10 PC11 10 8394,4 104,5 0,0184
Figura 48. Gráfico descrevendo a evolução da tensão 11 8663,0 111,57 0,0210
com a extensão da fibra de vidro multi-direccional com MÉDIA 8162,7 107,40 0,0205
Vf = 23% em tracção
Desvio
7,55 386,97 0,0012
Padrão
48
Tabela 13. Resultados do ensaio tracção
fibra juta bidireccional com Vf = 31%
35 Nº do σ
E(MPa) ε
30 provete (MPa)
2 5404,6 32,51 0,0062
Tensão [MPa]
25
6 5295,7 30,90 0,0058
20
8 4921,5 29,04 0,0059
15
10 5382,6 27,65 0,0051
10
11 5467,1 31,81 0,0060
5
MÉDIA 5294,3 30,38 0,0058
0 Desvio
659,7 2,56 0,0004
0 0,002 0,004 0,006 0,008 Padrão
Extensão
PC02 PC06 PC08 PC10 PC11
Figura 49. Gráfico descrevendo a evolução da tensão com a
extensão da fibra de juta bidireccional com Vf = 31% em tracção
20
5 4057,8 21,78 0,00550
15 6 4296,4 22,17 0,00533
10 7 4297,6 25,01 0,00604
8 4498,8 26,69 0,00629
5 9 3836,6 24,03 0,00639
0 MÉDIA 4201,7 23,95 0,00594
0 0,002 0,004 0,006 0,008 Desvio
181,0 2,77 0,0005
Padrão
Extensão
PC02 PC05 PC06
PC07 PC08 PC09
Figura 50. Gráfico descrevendo a evolução da tensão com a
extensão da fibra de juta multi-direccional com Vf = 14% em
tracção
49
Tabela 15. Resumo dos Valores médios na tracção
Fibra Juta Fibra Vidro
Multi- Multi- Multi-
Bidireccional Bidireccional
direccional direccional direccional (Vf
(Vf = 31%) (Vf = 21%)
(Vf = 14%) (Vf = 9%) = 23%)
Tensão máxima
23,95 30,38 25,20 60,03 107,40
(MPa)
E (Mpa) 4201,67 5294,30 4449,66 8925,90 8162,725
ε (máxima) 0,0059 0,0058 0,0051 0,0065 0,0205
3.5.2. Flexão
E(MPa) σ (MPa) ε
provete (mm)
150
1 5579,8 148,20 0,0279 4,80
100
2 7266,5 182,02 0,0252 4,53
50 3 6969,3 211,78 0,0210 5,42
0 5 6536,1 181,76 0,0277 4,79
0 0,02 0,04 8 6017,9 177,63 0,0288 5,05
Extensão MÉDIA 6473,9 180,28 0,0279 4,92
PC01 PC02 PC03 Desvio
686,5 22,55 0,0018 0,34
Padrão
PC05 PC08
Figura 51. Gráfico descrevendo a evolução da
tensão com a extensão da fibra de vidro
bidireccional com Vf = 21% em flexão
80 Nº do Desl
E(MPa) σ (MPa) ε
60 provete (mm)
40 1 4839,4 68,71 0,0143 2,50
20 3 4518,4 74,22 0,0170 2,90
0 4 4637,9 69,66 0,0159 2,76
0 0,005 0,01 0,015 0,02 6 4814,4 79,13 0,0174 3,04
50
Tabela 18. Resultados do ensaio flexão fibra de vidro
250 multi-direccional com Vf = 23%
Nº do Desl
E (MPa) σ (MPa) ε
200 Provete (mm)
2 7338,7 187,98 0,0315 5,57
Tensão[MPa]
60 Nº do σ Desl
E(MPa) ε
provete (MPa) (mm)
40
1 2879,8 60,00 0,0230 3,54
20
2 2996,5 59,24 0,0229 3,50
0 4 2553,4 58,40 0,0266 4,05
0 0,01 0,02 0,03 5 2634,0 56,61 0,0236 3,60
Extensão 9 3077,8 51,45 0,0181 2,92
MÉDIA 2828,3 57,14 0,0229 3,52
PC01 PC02 PC04 Desvio
227,2 3,42 0,0030 0,40
Padrão
PC05 PC09
Figura 54. Gráfico descrevendo a evolução da tensão com
a extensão da fibra de juta bidireccional com Vf = 31% em
flexão
51
60 Tabela 20. Resultados do ensaio flexão fibra de juta
multi-direccional com Vf = 14%
50
Tensão [MPa]
Nº do Desl
40 E(MPa) σ (MPa) ε
provete (mm)
30 2 4293 39,91 0,0095 1,83
20 3 4055,4 50,84 0,0129 2,60
10 4 4242,3 54,34 0,0136 2,65
0
5 4208,1 47,56 0,0117 2,25
0 0,005 0,01 0,015 6 3955,2 43,03 0,0111 2,18
Extensão MÉDIA 4150,8 47,14 0,0118 2,30
PC02 PC03 PC04 Desvio
140,7 5,81 0,0016 0,33
Padrão
PC05 PC06
Figura 55. Gráfico descrevendo a evolução da tensão
com a extensão da fibra de juta multi-direccional com
Vf = 14% em flexão
52
4. ANÁLISE COMPUTACIONAL
Tabela 22. Propriedades mecânicas das lâminas construídas por fibras bidireccionais consideradas durante as
simulações computacionais.
53
Tabela 23. Propriedades mecânicas das lâminas construídas por fibras multi-direccionais consideradas durante
as simulações computacionais.
Vidro Juta Vidro
Características
(Vf = 9%) (Vf =14%) (Vf = 23%)
E (GPa) 5,116 4,489 9,100
υ 0,3 0,3 0,3
Tensão limite Tracção (MPa) 22,81 23,95 107,40
4.1.1. Modelo
Para os ambos os casos - tracção ou flexão, os modelos utilizados têm dimensões dos
correspondentes provetes utilizados nos ensaios experimentais. Os valores das cargas aplicadas
correspondem às cargas máximas observadas durante os ensaios mecânicos, e as condições de
fronteira procuram reproduzir fielmente o que se passa nos ensaios mecânicos, que para o caso da
tracção o provete está encastrado numa das extremidades e a carga é aplicada na extremidade
oposta (fig. 56), e no caso da flexão a peça é simplesmente apoiada em dois pontos num dos lados
(distancia entre apoios igual a 64mm) e a carga é aplicada na face oposta no centro do provete (fig.
57).
Figura 56. Modelo de aplicação das cargas para a simulação do ensaio de tracção
54
Figura 57. Modelo de aplicação das cargas para a simulação do ensaio de flexão
Devido a simplicidade da forma dos provetes, tanto no ensaio tracção como de flexão, utilizou-se o
elemento quadrangular S8R constituído por 8 nós e com comprimento dos lados igual a 2 mm
(fig.58).
4.1.3. Resultados
Tracção
55
materiais apresentam um comportamento quasi-isotrópico, e por conseguinte a tensão é constante ao
longo da espessura.
Figura 59. Distribuição característica da extensão (ε11) ao longo do provete nos ensaios de tracção
56
Figura 60. Tensões ao longo da espessura do laminado de fibras de juta bidireccional na simulação do ensaio de
tracção.
Figura 61. Tensões ao longo da espessura do laminado de fibras de vidro bidireccional na simulação do ensaio
de tracção.
57
Flexão
Figura 62. Deslocamento registado ao longo do provete durante a simulação os ensaios de flexão
58
Figura 63. Tensões ao longo da espessura do laminado de fibras de juta bidireccional na simulação do ensaio de
flexão.
Figura 64. Tensões ao longo da espessura do laminado de fibras de vidro bidireccional na simulação do ensaio
de flexão.
59
4.2. Análise do capot
O capot frontal do Buggy não é uma peça que está constantemente sujeita a grandes
esforços, pois, não é uma peça estrutural do veículo. Todavia, durante o funcionamento do buggy, o
capot pode ser submetido a esforços ocasionais elevados, e que se não forem devidamente
acautelados podem provocar estragos consideráveis, que podem comprometer o bom funcionamento
do veículo. Neste estudo, analisa-se o comportamento do capot no caso em que um peso de 80 kgf
(peso médio de um homem) é aplicada sobre o mesmo, com o objectivo de a analisar o
comportamento dos compósitos de fibras de juta, e compará-lo com o capot construído pelo material
modelo, o compósito construído pelas fibras de vidro multi-direccional com Vf = 23%.
4.2.1. Modelo
Figura 65. Modelo do Capot, apresentando a área de aplicação da carga e as condições de fronteira utilizadas
60
4.2.2. Tipo de elemento utilizado
Como se pode ver na figura 66, a utilização de elementos triangulares permite obter uma
malha contendo menores distorções dos elementos, comparativamente aos elementos rectangulares
(fig. 67). Posto isto, a análise é feita fazendo o uso do elemento do tipo shell triangular STRI65
contendo seis nós e cinco graus de liberdade por nó (fig.68).
61
Figura 68. Elemento triangular STRI65 utilizado
4.2.3. Resultados
Na tabela 26 são apresentados os valores máximos para os deslocamentos, tensões (de von
Mises) no caso da configuração multi-direccional, e a massa do capot construído pelos compósitos de
fibras de vidro e de juta, nas mesmas condições que os utilizados durante os ensaios experimentais -
mesmo número e sequência de empilhamento das lâminas, e mesma percentagem de fibra. Também
é apresentado, os valores determinados experimentalmente, relativamente às tensões máximas dos
compósitos na configuração multi-direccional, que serão aos valores de resistência considerados
durante as simulações. No caso da configuração bidireccional, uma vez que o valor da tensão
depende da direcção da aplicação das cargas e do posicionamento da lâmina no empilhamento,
esses valores não serão aqui apresentados. Serão apresentados os valores das tensões no
referencial local na secção da análise e discussão de resultados (secção 5), e os respectivos valores
no referencial global serão apresentados no anexo A. Os valores apresentados são referentes ao
ponto A da figura 70, que como se pode ver pertence à região de maiores tensões, o que aliás está
de acordo com o esperado, pois esta região situa-se próximo do encastramento. Apresenta-se na
figura 69 a distribuição característica do capot, quando é aplicada a carga de 80 kg, e nas figuras 71
e 72 a evolução das tensões ao longo da espessura do laminado no caso da utilização de compósitos
reforçados pelas fibras na configuração bidireccional.
Juta Vidro
Multi- Multi-
Bidireccional Bidireccional Multi-direccional
direccional direccional
(Vf = 31%) (Vf = 21%) (Vf = 23%)
(Vf = 14%) (Vf = 9%)
Deformação
28,07 26,04 27,67 24,82 23,11
Máxima (mm)
Tensão Máxima
65,27 ------------ 66,19 ------------ 75,13
(MPa)
Tensão limite
experimental 23,95 ------------ 22,81 ------------ 107,4
(MPa)
Peso do capot
2,00 2,09 2,08 2,39 2,44
(kg)
62
Figura 69. Deformação característica do capot
Figura 70. Distribuição característica da tensão ao longo do capot. ‘A’ ponto de maior tensão.
63
Figura 71. Tensões ao longo da espessura do laminado do capot de fibras de juta bidireccional.
Figura 72. Tensões ao longo da espessura do laminado do capot de fibras de vidro bidireccional.
64
5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
5.1.1. Tracção
Da análise dos resultados computacionais (tab.28), constata-se que no caso dos provetes
construídos a partir de fibras de vidro na configuração bidireccional, os valores das extensões são
coerentes com o facto mencionado acima, sendo 6% superior ao experimental. Relativamente aos
restantes casos, as extensões alcançadas são inferiores às experimentais. No caso das fibras de
vidro multi-direccional com VF=9% a diferença é de 4% e com VF=23% a diferença é de 75. Nota-se
que no caso das fibras de juta, as diferenças são 31,8% para a bidireccional e 11% para a multi-
direccional. A justificação para essas diferenças serem elevadas encontra-se no facto de, as relações
e tensão/extensão não serem totalmente lineares. Observando a figura 73, que é caso das fibras de
vidro multi-direccional com Vf=23%, constata-se que no inicio do ensaio a relação é linear e, a partir
do ponto B deixa de o ser, e no entanto na analise computacional considerou-se que a evolução é
totalmente linear. Ao considerar uma evolução linear, isto significa que para a tensão aplicada, a
extensão resultante será menor do que o experimental, e este efeito é maior quanto mais longe
estiver a evolução da linearidade. Aliás, se forem considerados os valores de extensão obtidos
65
através da lei de Hook para os valores de E médios (tab. 28), as diferenças em relação aos valores
computacionais seria de 2% para a juta bidireccional, 3% para a juta multi-direccional, 3% para o
vidro bidireccional, 0% para o vidro multi-direccional com Vf=9% e 36% vidro multi-direccional com
Vf=23%. Este facto mostra que, caso se esteja a trabalhar próximo da tensão limite do material, deve-
se ter uma particular atenção aos valores das deformações obtidos nas simulações computacionais,
uma vez poderão ser superiores aos reais. Então, os resultados serão próximos dos valores reais,
somente no caso de pequenas deformações. Note-se que tanto em flexão, como em tracção as
diferenças aumentam com o aumento do teor de fibras presente no compósito de vidro e de juta, um
resultado que evidencia claramente o facto de que quando o teor da fibra é baixo, o comportamento
do compósito se aproximar do comportamento da matriz, o que é compreensível.
No que diz respeito à distribuição das tensões ao longo da espessura do laminado, constata-
se que no caso das configurações bidireccionais as evoluções são semelhantes, diferenciando-se
apenas nos valores das tensões (maior para o caso do vidro), que é o esperado, pois os
empilhamentos são iguais mas a rigidez da lâmina é diferente para cada tipo de material.
Figura 73. Diferenças entre a evolução real e evolução considerando um comportamento totalmente linear no
caso da fibra de vidro multi-direccional com Vf=23%
Tabela 28. Extensões máximas obtidos através da lei de Hook, utilizando o módulo de Young médio
experimental
Fibra Juta Fibra vidro
Multi- Multi- Multi-
Bidireccional Bidireccional
direccional direccional direccional
(Vf = 31%) (Vf = 21%)
(Vf = 14%) (Vf = 9%) (Vf = 23%)
ε11 0,0057 0,0057 0,0051 0,0067 0,0132
5.1.2. Flexão
66
multi-direccional com Vf=9% e 61% vidro multi-direccional com Vf=23%). Consequentemente a
extensão experimental segundo x também é superior ao resultado computacional. A principal
justificação para este facto será o mesmo que no caso do ensaio tracção. No caso especifico do
ensaio flexão, poderá haver outros factores que aumentaram essas diferenças. Um desses factores é
o facto de no processo RTM, após a injecção da resina, deixar de haver um laminado no sentido
estrito da palavra, passando a haver uma única lâmina contendo várias camadas fibras e abarcadas
pela resina. Este facto leva a que distribuição possa não ser totalmente uniforme, o que pode fazer
com que por exemplo a haja mais resina do que fibra nas superfícies ou vice-versa, produzindo
resultados diferentes dos métodos analíticos e computacionais, uma vez que estes métodos
pressupõem uma distribuição uniforme das fibras. Também é de se notar que a comparação dos
resultados obtidos pelos dois formatos revela que, as diferenças nos resultados são superiores no
caso do formato bidireccional, chegando mesmo os 100% no caso da fibra de juta. No que diz
respeito a evolução das tensões ao longo da espessura do laminado, devido a simetria do
empilhamento e da forma do provete, a distribuição é simétrica, como se esperava.
O capot modelo é o construído em fibras de vidro no formato multi-direccional e com 23% de fibra,
e os resultados da simulação são 23,11 mm de deslocamento máximo e 75,13 MPa de tensão
máxima. Este valor de deslocamento de 23,11 mm constituirá o valor de referência. Relativamente a
tensão máxima (75,13 MPa), este valor é inferior ao valor limite determinado experimentalmente
(107,4MPa), alcançando por isso, um coeficiente de segurança de 1,43. No caso das outras
construções, verifica-se que, exceptuando as fibras de juta bidireccional, para todas elas as tensões
máximas são superiores às tensões limite, significando que, para os critérios de falha utilizados (von
Mises para os multi-direccionais e Tsai-Hill para os bidireccionais [34]), todos apresentam ocorrência
de falha. Da análise dos resultados laminado de juta bidireccional (tab.30) constata-se que, os valores
das tensões estão muito próximos dos valores limite (C.S. =1,18), sendo arriscado em termos de
projecto, nestas condições, garantir que o capot não apresenta falha. Para o caso do laminado da
fibra vidro bidireccional, a primeira lâmina a falhar será a 5ª, contendo as fibras alinhadas a 45º,
devido principalmente às tensões de corte na lâmina, pois assume-se que as tensões de corte
máximas da lâmina são iguais às da matriz, que como são baixos, fragilizam o compósito nesta
direcção.
Tabela 29. Tensões no referencial local ao longo da espessura do capot construído por fibras de juta na
configuração bidireccional na configuração base [(0/90,(45/-45) ),(0/90)]s
Lamina Reforço Orientação σL(MPa) σT(MPa) σLT(MPa) CS
6 FJBI (Vf = 31%) (0,90) -54,034 -24,074 8,675 2,16
5 FJBI (Vf = 31%) (45, -45) -32,290 -20,175 17,563 1,18
4 FJBI (Vf = 31%) (0,90) -28,293 14,243 4,027 4,56
3 FJBI (Vf = 31%) (0,90) -15,422 27,016 -2,171 5,30
2 FJBI (Vf = 31%) (45, -45) 19,056 31,051 -12,990 1,99
1 FJBI (Vf = 31%) (0,90) 23,190 52,560 -8,369 2,30
67
Tabela 30. Tensões no referencial local ao longo da espessura do capot construído por fibras de vidro na
configuração bidireccional na configuração base [(0/90,(45/-45) ),(0/90)]s.
Lamina Reforço Orientação σL(MPa) σT(MPa) σLT(MPa) CS
6 FVBI (Vf = 21%) (0,90) -58,787 -21,033 8,138 5,86
5 FVBI (Vf = 21%) (45, -45) -32,115 -22,016 21,502 0,89
4 FVBI (Vf = 21%) (0,90) -33,078 17,473 3,372 28,19
3 FVBI (Vf = 21%) (0,90) -20,223 30,308 -1,395 79,64
2 FVBI (Vf = 21%) (45, -45) 19,273 29,357 -14,115 2,07
1 FVBI (Vf = 21%) (0,90) 18,341 55,979 -6,161 9,84
O objectivo principal deste trabalho é a substituição da fibra de vidro pela fibra de juta na construção
de componentes automóvel, aqui representado pelo capot dianteiro. Analisados os resultados do
capot construído pelas fibras de juta nas configurações dos compósitos utilizados durante os ensaios
experimentais, verifica-se que, como foi referido anteriormente, nenhuma das configurações utilizadas
consegue cumprir os requisitos necessários a sua utilização (deformação próxima do capot modelo e
sem falha). Neste sentido, nesta secção procura-se soluções que possibilitam a utilização das fibras
de juta, tanto na configuração bidireccional e multi-direccional. Assim sendo procedeu-se a dois tipos
de abordagem, apresentados a seguir:
Grupo 1- Compósitos construídos fazendo o uso exclusivamente de fibras vegetais, onde a melhoria
dos resultados mecânicos é atingida através do aumento da espessura ou do reforço do compósito
por laminas bidireccionais para o caso das fibras de juta multi-direccionais (FJBI) (Soluções 1 e 2,
respectivamente). No caso do laminado construído por fibras de juta na configuração bidireccional
(FJBI), como se verá mais a frente, consegue-se melhorar o seu desempenho alterando a somente
sequência de empilhamento (Solução3);
Grupo 2- Compósitos híbridos, onde camadas de fibra de vidro é utilizada como reforço no compósito
composto por fibras de juta multi-direccional. Neste caso, aproveita-se o facto de as fibras de vidro
apresentarem melhores propriedades mecânicas, e consequentemente não aumentarem
significativamente a espessura do compósito (Soluções 4 e 5).
A primeira solução encontrada para o caso do capot construído pela fibra de juta na
configuração multi-direccional, foi o aumento da espessura (passando de 4 para 7mm), de forma a
aumentar o 2º momento de área (I) do capot, aumentando assim a rigidez à flexão (EI), e
consequentemente aumentar a sua resistência à flexão.
Analisando os resultados obtidos (tab.33), constata-se que, em termos de deslocamentos
máximos, esta solução apresenta um valor de 4.38mm, que é muito inferior ao valor alcançado pelo
68
capot modelo (23,11mm). O coeficiente de segurança a considerar, neste caso seria de 1,33.
Relativamente ao peso do capot, verifica-se que o valor alcançado, 3.5 kg, é superior ao valor
alcançado pelo material modelo (2,44 kg), que, como se certificará na secção 6 (Analise do ciclo de
vida), implica uma menor performance ambiental. Neste sentido, a grande vantagem das fibras
vegetais - o menor impacto ambiental, perde-se, pois, a necessidade de aumentar a espessura de
forma a manter a integridade da peça leva a um aumento significativo do peso, fazendo com que haja
um grande aumento dos consumos de combustíveis e consequente aumento do impacto ambiental.
Tabela 31. Resultados relativos à utilização de fibra de juta multi-direccional (Vf = 14%) na construção do capot
com 7 mm de espessura
Tensão máxima (MPa) Deformação máxima (mm) Espessura (mm) Peso (kg)
17,95 4,38 7 3,50
Uma vez que a manta bidireccional apresenta resistência mecânica superior ao da multi-
direccional, aqui ela é utilizada no reforço do capot construído pelas mantas multi-direccionais.
Considera-se o capot construído por um núcleo multi-direccional, reforçado em cada superfície por
duas lâminas bidireccionais.
Constata-se que, relativamente à primeira solução, consegue-se obter uma espessura e peso
inferiores. No entanto o deslocamento máximo (5,56 mm) é ligeiramente superior, mas continuando a
ser muito inferior ao valor de referência (23,11mm). Também neste caso o peso (3,39 kg) alcançado é
superior ao do modelo (2,44 kg), significando maiores impactos ambientais.
Tabela 32. Resultados relativos a utilização de 4 lâminas de fibra de juta bidireccional (Vf = 31%) no reforço do
capot construído por fibras de juta multi-direccional (Vf = 14%)
Deformação máxima (mm) Espessura (mm) Peso (kg)
5,56 6,67 3,39
Analisando a evolução das tensões (fig.74), verifica-se que, como se esperava, grande parte
dos esforços do capot são transmitidos para as lâminas bidireccionais da superfície, pois elas
apresentam maior rigidez do que as multi-direccionais. No que diz respeito ao coeficiente de
segurança, situa-se nos 2,83 (tab.33).
69
Figura 74. Evolução das cargas ao longo da espessura do capot construído por fibras de juta na configuração
multi-direccional (Vf = 14%) e reforçado por 4 lâminas de fibra de juta bidireccional (Vf = 31%)
Comparando com a solução anterior, constata-se que esta solução é melhor, pois, não só
apresenta um peso e espessuras inferiores, como também um coeficiente de segurança superior.
Uma vez que, analisado o capot construído por mantas bidireccionais, constatou-se de que a
primeira lamina a falhar será a 2ª (a +/-45º), para este caso optou-se por se fazer o uso de uma das
vantagens mais importantes dos materiais compósitos laminares, que é a possibilidade “moldar” as
propriedades do nosso material, alterando os empilhamentos. Como o facto de a 2ª lamina estar a
45º, resultar no aparecimento de tensões de corte elevadas na lâmina, optou-se por “deslocar” essas
lâminas para a região mais interior do material, resultando assim no empilhamento seguinte [(0/90),
(0/90),(45/-45)]s. Com este empilhamento, as elevadas tensões normais e transversais impostas ao
capot são suportadas pela lâmina nas direcções de maior resistência (direcção L e T) (fig.75).
Como se pode constatar na tabela 34, o peso do capot construído pelas fibras de juta no
formato bidireccional (2,09 kg) é inferior ao do capot modelo (2,44 kg), e aqui, como é alterada
somente a sequência de empilhamento, então esta situação mantém-se. Desta solução resulta uma
construção com os mesmos 4 mm de espessura e 2.09 kg do material base, mas no entanto, a
70
deformação máxima (26,38mm) é 14% superior ao alcançado pela construção usando o material
modelo (23,11mm). O coeficiente de segurança se situa na ordem dos 1,76 (tab.35).
Também é de salientar que no caso da fibra de vidro bidireccional, a utilizando a sequencia
de empilhamento [(0/90),(0/90),(45/-45)]s, evita-se a falha do componente. Os resultados são
apresentados no anexo A.
Tabela 34. Resultados relativos à utilização de fibra de juta bidireccional (Vf = 31%) na construção do capot com
o empilhamento [(0/90),(0/90),(45/-45)]s.
Deformação máxima (mm) Espessura (mm) Peso (kg)
26,38 4 2,09
Figura 75. Evolução das cargas ao longo da espessura do capot construído por fibras de juta na configuração
bidireccional (Vf = 31%) e com o empilhamento [(0/90),(0/90),(45/-45)]s
De acordo com o que foi dito na parte introdutória desta secção, também se procura
aproveitar as melhores propriedades mecânicas das fibras de vidro no reforço do compósito
construído pelas fibras de juta na configuração multi-direccional. Nesta solução, o compósito
construído por fibras juta na configuração multi-direccional (FVRA) é reforçado em cada uma das
71
superfícies por lâminas de 1 mm, de fibras de vidro no formato multi-direccional (Vf=23%), resultando
assim num laminado de 6 mm de espessura.
Apesar de, em termos de deslocamentos, se obterem valores inferiores aos do capot modelo,
esta solução apresenta o inconveniente de possuir um peso superior (3,30 Kg), o que constitui uma
desvantagem em termos ambientais, como aliás já foi referido anteriormente.
Tabela 36. Resultados relativos a utilização de 2 lâminas de fibra de vidro multi-direccional (Vf = 23%) com 1mm
espessura cada superficie, no reforço do capot construído por fibras de juta multi-direccional (Vf = 14%)
Deformação máxima (mm) Espessura (mm) Peso (kg)
5,04 6 3,21
Da análise figura 76, constata-se que relativamente a solução 2, as tensões maiores continuam a ser
suportadas pelas lâminas de reforço nas superfícies, mas devido à maior resistência das lâminas
fibras de vidro, o coeficiente de segurança é maior (CS=3,9) (tab.37).
Figura 76. Evolução das cargas ao longo da espessura do capot construído por fibras de juta na configuração
multi-direccional (Vf = 14%) e reforçado por 2 lâminas de fibra de vidro multi-direccional (Vf = 23%).
72
5.3.5. Solução 5 – Reforço pela fibra de vidro bidireccional
A outra solução em termos de material híbrido foi o de reforçar o compósito com fibras de juta
multi-direccionais com mantas de fibra de vidro bidireccionais (FVBI). Após tentativas, chegou-se a
conclusão que no caso da manta bidireccional de fibra de vidro em utilização, a melhor solução
possível (de menor espessura e peso), será o reforço por duas mantas em cada superfície.
Esta solução resultou num compósito de 6,67 mm de espessura, e 3.59 kg, que é a solução
de maior peso, e consequentemente maior impacto ambiental, no entanto é a solução melhor em
termos de deslocamento, apresentando um valor de 4,71 mm. Quanto ao coeficiente de segurança,
ela é de 3,76 (tab.39).
Tabela 38. Resultados relativos a utilização de 4 lâminas de fibra de vidro bidireccional (Vf = 21%) no reforço do
capot construído por fibras de juta multi-direccional (Vf = 14%)
Deformação máxima (mm) Espessura (mm) Peso (kg)
4,71 6,67 3,59
Figura 77. Evolução das cargas ao longo da espessura do capot construído por fibras de juta na configuração
multi-direccional (Vf = 14%) e reforçado por 4 lâminas de fibra de vidro bidireccional (Vf = 21%).
73
6. ANÁLISE CICLO DE VIDA (ACV)
De forma a determinar o impacto ambiental das carenagens do Buggy, foi realizado a análise
do ciclo de vida do capot frontal em estudo, construído pelas fibras de vidro e pelas fibras de juta na
configuração bidireccional, utilizando o programa SimaPro 7.0, da PRé-Consultants. Considerando o
capot uma peça representativa do veículo no seu todo, procura-se perceber como a utilização dos
diferentes materiais em estudo influenciam a performance ambiental do veículo.
Na análise utilizou-se como indicador, o Eco-indicador 99 [54], que considera três categorias
básicas de danos (tab.40):
- Saúde humana, que contém a ideia de que, tanto no presente como no futuro, todos os
seres humanos devem estar livres de doenças ambientalmente transmissíveis, de qualquer “defeito”
ou de morte prematura;
- Qualidade do ecossistema, que contém a ideia de que, nenhum ser não humano deve ser
sujeito à separação da sua espécie e nem deslocadas para fora do seu habitat natural.
- Recursos, que contém a ideia de que o fornecimento pela natureza dos bens não – vivos,
que é essencial para a sociedade humana, deve manter-se disponível para todas as futuras
gerações.
ecossistema Eutrophication
Utilização do solo
Minerais
Recursos MJ excedente
Combustíveis Fosseis
Onde,
- Disability Adjusted Life Years (DALY) é o aumento total das doenças, devido a deficiências e
morte prematura, causada por doenças específicas ou lesões. Este parâmetro também é
utilizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
- Potentially Disappeared Fraction (PDF) expressa percentagem de espécies que poderão não
ser encontradas numa determinada região devido a condições desfavoráveis numa certa área
e num determinado período de tempo;
74
- MJ excedente é a quantidade de energia em excesso que vai precisar no futuro na extracção
de minérios ou combustíveis fosseis.
O termo condições de fronteira, neste contexto, representa as necessidades (de transporte, infra-
estruturas de apoio, consumos de combustível, etc.) durante todo o ciclo de vida do capot, desde a
fase de extracção das matérias-primas, passando pela fase de produção e de uso, até ao seu
descarte final (Fig.78).
Os dados relativos às necessidades no cultivo das fibras de juta foram fornecidos pelos
fornecedores da juta, podendo também ser encontrados na literatura. Relativamente à fibra de vidro,
à resina de poliéster e ao uso do veículo, foram utilizados os dados existentes na base de dados do
programa SimaPro 7.0 [35]. Quanto aos dados respeitantes ao tratamento das fibras de juta e a
produção dos capots, foram fornecidos pela AnCeL – Plásticos Reforçados. As necessidades de
transporte das matérias-primas foram fornecidas pelos respectivos fornecedores. Os dados
resultantes dos consumos de electricidade foram baseados no perfil de consumo do sistema eléctrico
brasileiro, que consta de Coltro [36]. Relativamente ao aterro e a incineração, considerou-se os dados
que constam do relatório do governo Brasileiro relativo aos Indicadores de desenvolvimento
sustentável [37,38]. Quanto aos dados sobre a reciclagem dos produtos, foram utilizados dados
obtidos através de ensaios experimentais. No anexo C são apresentados os dados sobre os produtos
em estudo, nas várias fases de uso, utilizados durante a análise do ciclo de vida do capot.
75
Na figura 79 e tabela 41 são apresentados os resultados referentes às três grandes categorias de
danos (Saúde, qualidade do ecossistema e recursos) para cada uma das soluções (fibra de vidro e
fibra de juta) durante todo o ciclo de vida do capot. Os valores apresentados representam a
percentagem de dano causado pelo capot comparativamente ao dano provocado por um cidadão
europeu durante um ano. O que significa que referente a danos na saúde humana, no caso do capot
construído pelas fibras de juta, os danos provocados por este é igual a 0,384% dos danos provocado
por cidadão europeu num ano.
Tabela 41. Causas de danos em cada categoria durante o ciclo de vida do capot.
Capot de
Capot de Juta
vidro
Cancerígenas 0,01384385 0,015031125
Inaladores orgânicos 0,001738655 0,001797678
Inaladores inorgânicos 0,309766718 0,331534141
Saúde Humana
Mudanças Climáticas 0,057629756 0,062951128
Radiação 0,000786023 0,000854764
Camada de ozono 0,000188605 0,00020772
Eco - tóxico 0,014398997 0,015742212
Qualidade do Acidificação/
0,029093947 0,030722945
ecossistema Eutrophication
Utilização do solo 0,044002956 0,048129756
Minerais 0,006698004 0,007137881
Recursos
Combustíveis Fosseis 4,36690636 4,780705992
6
Dano do capot/ dano causado por um
5
Europeu num ano (%)
0
Saúde Humana Qualidade ecossistema Recursos
Capot Juta Capot Vidro
76
Tabela 42. Resultados totais dos danos do capot em cada categoria
Categoria de
Capot de Juta Capot de vidro
dano
Saúde Humana 0,384 0,412
Qualidade do
0,087 0,095
ecossistema
Recursos 4,374 4,788
Da análise dos resultados, quer da figura como da tabela, constata-se que, para ambas as
soluções, o impacto maior é devido a degradação dos recursos (minerais e combustíveis fósseis),
representando cerca de 90% do total de danos causados. Isto deve-se ao facto de durante todo o
ciclo de vida de um veículo automóvel, a fase que causa maior impacto ambiental ser a fase de uso,
em que os danos resultam da queima dos combustíveis fosseis. Os danos na saúde devem-se
principalmente a inalação de produtos inorgânicos libertados durante a fase de produção dos
componentes. No que diz respeito aos danos na qualidade do ecossistema, representa a categoria de
menor impacto (cerca de 2% dos danos), e deve-se principalmente à utilização do solo (para
construção e manutenção de estradas e na exploração dos combustíveis) durante a fase de uso.
Relativamente ao impacto ambiental causado por cada uma das soluções, verifica-se que a
solução com a fibra de vidro causa maior impacto em todas as categorias de dano, sendo 7%
superior na saúde e na qualidade do ecossistema e 9% nos recursos. O maior impacto causado pela
solução com a fibra de vidro relativamente aos recursos, deve-se fundamentalmente ao maior peso
do capot construído pela fibra de vidro (14,4% superior), pois o consumo de combustível está
directamente ligado ao peso do veículo, sendo tanto maior, quanto maior for o peso do veículo.
77
7. CONCLUSÕES E FUTUROS DESENVOLVIMENTOS
7.1. Conclusões
78
Estudos relativamente a outras solicitações, tais como as dinâmicas, as de impacto, e
principalmente, as de absorção de água (devido ao carácter hidrofílico das fibras de juta), terão de ser
realizadas de modo a garantir um bom funcionamento dos componentes.
Os desenvolvimentos de resinas de menor impacto ambiental, tais como os polímeros
naturais, terão um papel importante, principalmente nos consumos dos materiais fosseis.
Figura 80. Etapas de produção do capot, representando uma das futuras etapas de desenvolvimentos.
79
8. BIBLIOGRAFIA
[2]. WILLIAMS, G. I., WOOL,R. P. (2000). Composites from Natural Fibers and Soy Oil Resins.
Applied Composite Materials, nº 7, 421–432.
[3]. Natural fibres make cars ‘greener’, REINFORCED plastic, February 2003
[4]. Silva C. A., (2006). “Design Sustentável: A importância das fibras de juta, sisal e coco, no
planejamento de produtos e éticas sustentáveis.”, Dissertação apresentada à Faculdade de
Arquitetura, Artes e Comunicação da UNESP – Bauru, para obtenção do Título de Mestre em
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83
9. ANEXOS
A. Tensões ao longo da espessura dos laminados utilizados na construção do capot
Nas tabelas seguintes (tab. 43 e 44) são apresentados os valores das tensões máximas em cada
lâmina dos compósitos reforçados pelas fibras na configuração bidireccional.
Tabela 43. Tensões no referencial global ao longo da espessura do capot construído por fibras de juta na
configuração bidireccional
Lamina Reforço Orientação σx(MPa) σy(MPa) σxy(MPa)
6 FJBI (Vf = 31%) (0/90) -54,0342 -24,074 8,675
5 FJBI (Vf = 31%) (45/-45) -8,669 -43,796 6,057
4 FJBI (Vf = 31%) (0/90) -28,293 14,243 4,027
3 FJBI (Vf = 31%) (0/90) -15,422 27,016 -2,171
2 FJBI (Vf = 31%) (45/-45) 12,064 38,043 5,998
1 FJBI (Vf = 31%) (0/90) 23,190 52,560 -8,369
Tabela 44. Tensões no referencial global ao longo da espessura do capot construído por fibras de vdiro na
configuração bidireccional.
Lamina Reforço Orientação σx(MPa) σy(MPa) σxy(MPa)
6 FVBI (Vf = 21%) (0/90) -58,787 -21,033 8,138
5 FVBI (Vf = 21%) (45/-45) -5,563 -48,567 5,050
4 FVBI (Vf = 21%) (0/90) -33,078 17,473 3,372
3 FVBI (Vf = 21%) (0/90) -20,223 30,308 -1,395
2 FVBI (Vf = 21%) (45/-45) 10,199 38,430 5,042
1 FVBI (Vf = 21%) (0/90) 18,341 55,979 -6,161
Nas tabelas seguintes são apresentados os valores das tensões máximas em cada lâmina dos
compósitos considerados nas optimizações.
Tabela 45. Tensões no referencial global ao longo da espessura do capot construído por fibras de juta na
configuração multi-direccional reforçado nas superfícies por 4 lâminas construído por fibras de juta na
configuração bidireccional. Solução de optimização 2.
Lamina Reforço Orientação σx(MPa) σy(MPa) σxy(MPa)
5 FJBI (Vf = 31%) (0/90) -17,496 -8,300 3,994
4 FJBI (Vf = 31%) (0/90) -15,379 -5,938 3,420
3 FJRA (Vf = 14%) 0 -8,448 6,389 3,519
2 FJBI (Vf = 31%) (0/90) 1,559 12,963 -1,175
1 FJBI (Vf = 31%) (0/90) 3,676 15,325 -1,749
84
Tabela 46. Tensões no referencial global ao longo da espessura do capot construído por fibras de juta na
configuração bidireccional na configuração [(0/90),(0/90),(45/-45)]s. Solução de optimização 3.
Lamina Reforço Orientação σx(MPa) σy(MPa) σxy(MPa)
6 FJBI (Vf = 31%) (0/90) -54,855 -25,346 10,748
5 FJBI (Vf = 31%) (0/90) -41,704 -12,081 7,456
4 FJBI (Vf = 31%) (45/-45) -3,420 -23,950 6,055
3 FJBI (Vf = 31%) (45/-45) 6,767 18,695 6,079
2 FJBI (Vf = 31%) (0/90) 10,899 40,979 -5,712
1 FJBI (Vf = 31%) (0/90) 24,049 54,244 -9,004
Tabela 47. Tensões no referencial global ao longo da espessura do capot construído por fibras de juta na
configuração multi-direccional reforçado por 2 lâminas de fibra de vidro multi-direccional (Vf = 23%) com 1mm
espessura nas superfícies. Solução de optimização 4.
Lamina Reforço Orientação σx(MPa) σy(MPa) σxy(MPa)
3 FVRA (Vf = 9%) 0 -17,727 -8,877 7,449
2 FJRA (Vf = 14%) 0 -6,976 5,305 2,847
1 FVRA (Vf = 9%) 0 3,945 14,647 -2,690
Tabela 48. Tensões no referencial global ao longo da espessura do capot construído por fibras de juta na
configuração multi-direccional reforçado nas superfícies por 4 lâminas construído por fibras de vidro na
configuração bidireccional. Solução de optimização 5 .
Lamina Reforço Orientação σx(MPa) σy(MPa) σxy(MPa)
5 FVBI (Vf = 21%) (0/90) -18,827 -9,350 3,335
4 FVBI (Vf = 21%) (0/90) -16,588 -6,769 2,858
3 FJRA (Vf = 14%) 0 -7,310 5,298 3,282
2 FVBI (Vf = 21%) (0/90) 1,325 13,880 -0,956
1 FVBI (Vf = 21%) (0/90) 3,564 16,461 -1,432
Tabela 49. Tensões no referencial global ao longo da espessura do capot construído por fibras de vidro na
configuração bidireccional na configuração [(0/90),(0/90),(45/-45)]s
85
Tabela 50. Tensões no referencial local ao longo da espessura do capot construído por fibras de vidro na
configuração bidireccional na configuração [(0/90),(0/90),(45/-45)]s
86
B. Desenho pormenor do molde e do capot
Figura 81. Desenho pormenor do molde utilizado na obtenção dos provetes. a) Molde inferior; b) Aro
separador; c) Molde superior; d) Vista tridimensional do molde superior. Dimensões em
mm.
87
C. Inputs utilizados no LCA
Tabela 53. Dados relativos a fase de utilização do buggy construído pelas fibras de juta e de vidro.
Valores obtidos a partir da estimativa da redução de consumo, resultante da utilização de um material mais leve [39,40], da
previsão da vida de um veículo automóvel e dos seus respectivos valores consumos médios [41].
Consumo de combustível (Kg)
Fibra de juta 58,81
Fibra de vidro 64,36
88
Tabela 55. Dados relativos ao comportamento dos resíduos no aterro
Reciclagem
Capot Incineração (%) Aterro (%)
(%)
Juta 12 8 80
Vidro 11 9 80
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