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Estudo para elaboração de guia de iluminação de interiores residencial destinado a profissionais especificadores

julho de 2013

Estudo para elaboração de guia de iluminação de interiores residencial


destinado a profissionais especificadores

Fabiane Rocha Bello Soares - contato@fabianebello.com.br


Pós-graduação em Iluminação e Design de Interiores
Instituto de Pós-Graduação - IPOG
Brasília, dezembro, 2012.

Resumo
O presente artigo busca apresentar as características principais de um projeto de iluminação de
interiores residencial com o objetivo de fundamentar a elaboração de um guia de iluminação para
profissionais especificadores. Para facilitar a exposição do assunto o estudo foi subdividido em:
iluminação salas de estar; iluminação de salas de jantar; iluminação de quartos; iluminação de
banheiros; e iluminação de cozinha e copas. Em cada um destes ambientes foram analisadas as
principais características de iluminação geral, iluminação de tarefa e iluminação de destaque ou
decorativa. Dentro de iluminação de destaque foi dado o enfoque ao objeto ao qual se deseja
iluminar. Quanto à iluminação de tarefas serão analisadas iluminação sobre bancadas de trabalho
e iluminação de espelhos. Partindo do estudo de diversos livros, artigos científicos e publicações, e
da análise de diversos casos de sucesso, este estudo apresenta em linguagem de fácil alcance as
principais linhas mestras que devem nortear o projeto de iluminação de interiores residencial.
Palavras-chave: Iluminação; Guia; Residência.

1. Introdução
O objetivo deste artigo é analisar as principais exigências que a iluminação dos ambientes internos
de uma residência deve atender com o intuito de elaboração de um guia de iluminação destinado a
profissionais especificadores.
Segundo Wilhide (2011), a função do projeto de iluminação pode parecer evidente: atuar como
substituto ou complemento da luz natural. Sua finalidade é permitir que atividades rotineiras sejam
realizadas confortavelmente no período noturno, para que seja possível orientar-se no espaço em
segurança. Ao longo do tempo esta funcionalidade da iluminação se desdobrou em categorias
distintas: iluminação geral que fornece uma quantidade mínima e uniforme de luz; iluminação
funcional, que consiste em luz focada para atender a uma determinada tarefa que exigem mais
concentração; e iluminação de destaque ou decorativa, usada para realçar pontos de interesse
decorativo.
Projetos de iluminação podem ser encarados de forma genérica, focando os aspectos técnicos de
quantidade de luz para determinadas funções pelo cálculo da iluminação geral, pelo cálculo ponto a
ponto ou pelo auxílio de programas computacionais. Porém, iluminar um ambiente, principalmente
os residenciais, pressupõe que, muito além de números e fórmulas, a luz deve ser entendida como
instrumento que proporciona experiências e sensações.
Existe a luz razão e a luz emoção. Mesmo quando utilizamos a luz razão é indispensável

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 5ª Edição nº 005 Vol.01/2013 – julho/2013
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uma boa quantidade de emoção para que o todo funcione adequadamente, pois não estamos
fazendo a iluminação para que a obra se baste, ou seja, para as paredes, o concreto, as
portas. Nós estamos iluminando para o bem-estar das pessoas e, ao envolvermos o ser
humano, lidamos com a emoção, e em maior ou menor grau, esse sentimento estará
presente. (SILVA, 2009:83)
É importante salientar que o projeto arquitetônico de interiores será sempre o grande orientador do
projeto luminotécnico. Segundo GUERRINI (2009), um projeto de iluminação normalmente é
iniciado por um arquiteto quando da elaboração de plantas, e do arranjo físico da decoração e outros
pertences do ambiente. Tendo como perspectiva o lay-out determinado no projeto arquitetônico de
interiores os critérios para a iluminação residencial vão além do uso/funcionalidade do ambiente,
mas alcança o mobiliário que comumente encontramos nos ambientes residenciais. Assim, este
estudo se propõe a considerar, além dos ambientes e suas funções principais, os móveis e objetos a
serem iluminados e de que forma eles devem ser iluminados com o fim de valorizar o ambiente
atendendo às expectativas de seus usuários.
A luz preenche o espaço e determina em grande medida se vamos sentir determinado
ambiente como sendo acolhedor ou ameaçador, apertado ou espaçoso, intrigante ou fútil.
Podemos iluminar o teto e as paredes de um cômodo pedqueno para que ele ganhe novas
proporções. Luzes individuais a alturas diferentes em torno de um cômodo ou trilhas de
luzes a baixa altura estimulam a percepção do ambiente. (WILHIDE, 2011:28)
Assim, a justificativa para o estudo do tema em questão é a necessidade de garantir qualidade aos
projetos de iluminação de interiores residencial tendo em vista que são nestes ambientes que as
pessoas efetivamente passam e esperam passar suas melhores horas de vida fornecendo aos
profissionais especificadores e arquitetos e designers informações que orientarão o processo
projetual de iluminação de interiores residenciais.
Diante do exposto, considera-se o seguinte questionamento: quais as principais características que
um projeto de iluminação de interiores residencial deve ter para garantir qualidade no uso e na
convivência das pessoas? Para responder esta questão, será analisado o uso da iluminação como
forma de proporcionar sensações apropriadas a cada um dos ambientes e suas principais funções
sempre tendo em perspectiva que o projeto de iluminação de ambientes residenciais não se esgotará
nos exemplos citados neste estudo, pois as possibilidades são inúmeras. A intenção é apontar de
forma clara as principais soluções que podem ser adotadas e as linhas mestras que devem nortear a
criação de qualquer solução inusitada.
Embora os conceitos apontados no presente artigo possam ser aplicados a diversos ambientes, não
será objeto deste estudo ambientes pouco comuns ou de pouco destaque em residências como
garagens, salas de jogos e áreas de serviço, como também não será objeto de estudo a iluminação de
objetos muito específicos como estátuas, relíquias ou jóias.
Também não é intenção deste estudo expor de maneira exaustiva as características das lâmpadas ou
tipos de luminárias existentes tendo em vista que na literatura especializada já encontramos de
maneira farta publicações que cumprem muito bem este papel.
Apesar de este estudo estar apresentado com subdivisão por ambientes, faz-se necessário considerar
que as análises expostas podem ser adotadas para a mesma aplicação em outros ambientes.
Por fim, é importante salientar que não é objetivo deste estudo apresentar os conceitos básicos de
iluminação como índice de reprodução de cor, temperatura de cor, etc. Pressupõe-se que o leitor já

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domine estes conceitos para o perfeito aproveitamento desta produção.

2. Iluminação de salas de estar


A iluminação geral representa a iluminação uniforme do ambiente sem a consideração de qualquer
efeito visual de destaque. Esta iluminação garante uma visão geral para limpeza e conservação do
ambiente. Nos ambientes residenciais a iluminação geral parece ser entendida de forma mais
atenuada quando comparada à iluminação geral de ambientes corporativos ou comerciais.
Na maioria dos casos, a iluminação geral não é geral. É costume iluminar vários pontos
com luz de destaque e mesmo fazer wall washer; por reflexão das paredes, o local ficará
iluminado. É uma iluminação geral sim, mas não da forma convencional. (SILVA,
2009:88)
Ao projetar deve-se observar que a iluminação geral não deve ter reflexos, não deve provocar
sombras marcantes, deve ser tão uniforme e tão econômica quanto possível.
A luz geral pode ser obtida de diversas maneiras. Pode ser adotada luz direta dirigida, direta difusa,
indireta, direta-indireta. Pode-se ainda utilizar diversos tipos de luminárias. Mas independente do
meio, a iluminação deve estar adequada ao uso de cada ambiente.
Nas salas de estar a iluminação geral pode ser configurada com a utilização de iluminação direta por
meio de plafons, lustres, pendentes ou uma iluminação geral indireta com o uso de sancas ou ainda
com o uso de iluminação pontual de destaque. Esta última parece ser a solução mais comum em
projetos contemporâneos tendo em vista a pouca necessidade de iluminação muito uniforme ou
grande intensidade luminosa neste ambiente.
De fato, o uso de pontos de destaque fazendo o papel de iluminação geral contribui para a criação
de cenas à medida em que é iluminado apenas o que realmente é interessante na decoração do
espaço.
Ao lançar mão deste recurso deve-se ter cuidado com a localização de luminárias com lâmpadas de
foco fechado sobre lugares de assento para não incomodar os usuários do ambiente, tendo em vista
que as lâmpadas usualmente utilizadas para destaque são apropriadas para iluminação de objetos.
Nesse sentido é possível utilizar embutidos orientáveis sendo que sua instalação e manutenção
devem ser feitas observando o ângulo correto para alcance do que se pretende iluminar.

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Figura 1 – Projeto João Olimpio, DB Arquitetos Associados


Fonte: www. http://www.dbarquitetos.com/jose-olimpio

O importante é que o ambiente tenha uma iluminação agradável e flexível, capaz de ser alterada de
acordo com cada situação. O uso de luminárias de luz rebatida ou sancas em gesso também são
interessantes por evitar o ofuscamento dos usuários. Um recurso muito utilizado nos projetos atuais
é a marcação da circulação da sala com o rasgo no gesso ou setorizar dois ambientes contíguos
conferindo um efeito decorativo.

Iluminação por sancas é cada vez mais utilizada por dar um aluz indireta importante, que
valoriza o ambiente. Conforme a lâmpada que colocarmos na sanca, podemos fazer a
variação de luminosidade chegar até aos níveis de ambiente de festas e reduzi-las até baixas
iluminâncias que geram conforto e aconchego. Podemos ainda variar a cor da luz com a
utilização do Sistema RGB, com ou sem o uso do Sistema DALI. (SILVA, 2009:98)

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Figura 2 – Santos&Santos Escritório de Arquitetura
Fonte: www.santosesantosarquitetura.com.br

É importante salientar que esta solução também não é considerada iluminação geral da forma mais
convencional que conhecemos, pois não ilumina o ambiente de maneira uniforme mas contribui de
maneira significativa para uma iluminação menos dramática que a iluminação executada apenas
com pontos de destaque.
Ainda sobre iluminação de salas de estar, tendo em vista as características de uso deste ambiente,
recomenda-se conferir ao espaço a sensação de aconchego e conforto pelo uso de lâmpadas com
temperatura de cor quente, abaixo de 4000k. Esta temperatura de cor para a iluminação geral do
ambiente também é justificada por ter coerência com a temperatura de cor das principais lâmpadas
utilizadas para iluminação de destaque como as incandescentes e halógenas.
A dimerização do sistema traz qualidade ao projeto tendo em vista que o sistema de iluminação
geral passa a contribuir para a configuração de cenas e adequação do ambiente aos seus diversos
usos. Assim, pode-se criar um ambiente mais aconchegante ou mais convidativo através do controle
da intensidade da luz geral combinado ao acionamento de iluminação de destaque.
O índice de reprodução de cor das lâmpadas utilizadas em rasgos para iluminação geral não tem
importância quando comparada às lâmpadas utilizadas para iluminação de destaque, mas ainda
assim deve-se dar preferência para lâmpadas com IRC acima de 80.
O uso de lâmpadas com maior durabilidade e alta eficiência é recomendado tendo em vista que a
iluminação geral representa maior consumo energético e maior frequência de utilização. Assim,
lâmpadas fluorescentes e sistemas de led configuram boas escolhas para compor a iluminação geral
das salas de estar.
Quanto à iluminação de destaque, como regra geral deve-se privilegiar o uso de lâmpadas com alto
índice de reprodução de cor para traduzir com perfeição as cores dos objetos destacados. A escolha
da lâmpada, a localização exata da luminária e o foco do facho de luz dependerá de vários fatores
como o tamanho do objeto a receber destaque, a distância entre a luminária/lâmpada e o objeto e se
é desejável mais ou menos contraste com relação à iluminação geral do ambiente.
A dosagem do contraste da iluminação de destaque merece atenção especial do projetista pois pode
facilmente cruzar a linha existente entre a elegância e o desconforto. Uma iluminação de destaque
com grande contraste trará um aspecto dramático ao ambiente enquanto pouco contraste pode
suavizar a iluminação. Cabe ao projetista examinar qual situação se adapta ao efeito planejado.
A claridade excessiva acontece quando há um contraste muito grande entre uma fonte de
luz e o meio em que ela está inserida. Uma vez que nossos olhos têm de se ajustar
continuamente entre uma fonte de luz mais brilhante e um fundo que é muito pouco
iluminado, a claridade se torna fisicamente cansativa e, portanto, emocionalmente
desconfortável – chegando a ser até estressante, agressiva ou intimidadora. A lâmpada
exposta na sala de interrogatório e a luz inclinada para iluminar diretamente o rosto do
acusado são exemplos disso. (WILHIDE, 2011:17)
Além da cautela do projetista com relação ao contraste da iluminação de destaque, cabe aos
usuários o bom senso ao usar os controles de iluminação quando o sistema é dimerizado ou
automatizado. Apesar de ser previsto e calculado no projeto diversos aspectos da iluminação, o
usuário tem o controle final ao programar cenas e fazer o uso do dimer.
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Apesar de depender de cálculo para definir adequadamente um projeto é muito comum que em
ambientes com altura de forro de aproximadamente 280cm a iluminação de destaque para objetos
sobre aparadores e mesas de centro seja feita com o uso de lâmpadas halospot 70, que possuem
fachos de luz bem definidos permitindo destaque com contraste adequado. Já em ambientes com pé-
direito duplo o destaque para tais objetos normalmente fica por conta da aplicação de lâmpadas
halospot 111. Porém, em ambos os casos, deve-se evitar o uso desta lâmpada em curta distância
quando o objeto for suscetível a desbotamento.
Na aplicação de uma halospot temos que considerar a distância do objeto a ser iluminado,
pois como todo calor é dirigido para frente juntamente com a luz, é contra-indicada para
iluminação a pequena distância. (SILVA, 2004:51)
Quando o objeto está mais próximo ao forro como um quadro pendurado na parede ou uma
escultura de parede o uso de lâmpadas dicroicas em embutidos orientáveis parece ser o mais
recomendável.
No que diz respeito à iluminação de destaque são inúmeras as soluções encontradas em projetos
atuais. Pode-se embutir dicróicas de 35W em nichos decorativos, pode-se causar wall washe em
uma parede com revestimento especial ou em um painel de cortina. O importante é que seja
percebido o que se deseja iluminar, qual contraste que se deseja obter e com o que se pretende
iluminar. É também importante que o posicionamento das luminárias não provoque desconforto nos
usuários do ambiente, seja por ofuscamento, seja por desconforto térmico. Neste sentido é
importante frisar que as lâmpadas mais usuais em projetos para iluminação decorativa ou de
destaque irradiam uma elevada carga térmica por isso devem ser utilizadas com cautela e segurança
para não comprometer o conforto térmico do ambiente.
Um aspecto a ser observado quando se ilumina um objeto sobre um móvel é o acabamento deste e
sua influência sobre o projeto. Quando a superfície do móvel é muito reflexiva seguramente surgirá
um efeito de rebatimento da luz no forro. Caso este não seja um efeito desejável deve-se
reconsiderar a decisão de iluminar o tal objeto.

Figura 3 – Santos&Santos Escritório de Arquitetura


Fonte: www.santosesantosarquitetura.com.br

Além da iluminação de destaque sobre objetos é importante salientar que são inúmeros os efeitos
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decorativos que podem ser obtidos pela aplicação de peças encontradas no mercado como arandelas
com lâmpadas bipinos, lâmpadas led, etc. Neste sentido a criatividade é a mais importante
característica que o projetista deve ter.

Figura 4 – Marcela Passamani – Arquitetura e Interiores


Fonte: www.marcelapassamani.com.br

O efeito obtido por repetição, por desenhos formados pelo facho de luz compõem a decoração de
interiores. Porém, não é demais lembrar que o uso destes recursos deve ser feito com cautela
considerando o consumo energético, o conforto térmico e a segurança dos moradores, tendo em
vista que tais luminárias sofrem aquecimento após longo período de uso.

3. Iluminação de salas de jantar


No caso das salas de jantar é comum que a iluminação geral seja alcançada pelo tradicional
pendente ou lustre sobre a mesa de jantar. Porém, da mesma forma que as salas de estar, pode-se
configurar a iluminação geral iluminando vários pontos com luz de destaque ou fazendo wall
washer (banho de luz) e o ambiente ficará iluminado pela reflexão das paredes.
Outro tipo de demarcação espacial ocorre quando a iluminação é usada para acentuar
formas ou para realçar o contraste de texturas e as características dos materiais. Aqui é a
parceira da luz, a sombra, quem cria os efeitos. Ao difundirmos luz pelas paredes de
alvenaria pintadas, revelamos as qualidades táteis da superfície, nas quais as sombras
realçam depressões e relevos. (WILHIDE, 2011:28)

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Figura 5 – Marcela Passamani – Arquitetura e Interiores


Fonte: www.marcelapassamani.com.br

O uso de pendente ou lustres fazendo o papel principal na iluminação geral de salas de jantar é, sem
dúvida, a principal solução encontrada nos projetos atuais, mas para que a iluminação seja adequada
é importante o uso de dimerização para controle da intensidade luminosa sobre os que estão
sentados à mesa ou para possibilitar a limpeza do ambiente.
Segundo Silva (2009), em alguns casos, pequenas refletoras junto às paredes fazem o local ficar
iluminado sem que a luz seja a tradicional, jogando luz para todos os lados.
A escolha do tipo de luminária sobre a mesa de refeições deve ser criteriosa. A iluminação não deve
ofuscar os que estão sentados à mesa e para isso as lâmpadas devem ficar devidamente envolvidas
por cúpulas com difusor e deve ser instalada à altura adequada.
Podemos iluminar a mesa de refeições de forma tradicional com um pendente tipo cúpula
jogando a luz diretamente sobre a mesa, tendo o cuidado de colocar numa altura que não
ofusque os comensais e ilumine preferencialmente a mesa e os pratos. (SILVA, 2009:89)
De acordo com Wilhide (2011), por mais elegante, peculiar, escultural ou atraente que uma peça de
iluminação seja (ou por mais reticente), a qualidade da luz que ela emite – sua disseminação, sua
difusão, sua direção e sua cor – é parte inerente ao projeto. Assim, a escolha de luminárias deve
observar o uso para o qual ela contribuirá.
A lâmpada utilizada no pendente sobre a mesa deve ter índice de reprodução de cor próximo de 100
para garantir a qualidade de visualização dos alimentos servidos à mesa. Também é importante a
escolha de lâmpadas com baixa emissão de calor tendo em vista o conforto térmico dos que estão à
mesa.
A temperatura de cor das lâmpadas deve estar na faixa de 2700 a 3000k para conferir ao ambiente
um clima aconchegante e confortável.

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4. Iluminação de quartos
Assim como na sala, o recomendado nos quartos é a utilização de luminárias de luz indireta ou
sancas no forro em gesso para evitar o ofuscamento de quem está deitado na cama. É aconselhável
que o sistema de iluminação geral seja dimerizável para tornar o ambiente mais aconchegante,
possibilitar a economia de energia ou criar um ambiente mais funcional possibilitando atividades de
limpeza com o aumento da intensidade de luz.

Figura 6 – Santos&Santos Escritório de Arquitetura


Fonte: www.santosesantosarquitetura.com.br

Segundo Silva (2004), quando o ambiente a ser iluminado for para deixar as pessoas relaxadas, com
conforto, devemos utilizar temperaturas de cor mais baixas, luz mais amarelada. Assim, para
propiciar um melhor descanso e a sensação de aconchego, recomenda-se utilizar lâmpadas com
temperatura de cor entre 2700 e 3000k.
É sempre importante salientar que apesar de nas regiões mais quentes do país o uso de lâmpadas
brancas parecerem contribuir para uma sensação de frescor, analisando as características
fisiológicas e a influência da luz sobre o ciclo cicardiano é mais recomendado o uso de lâmpadas
amareladas em ambientes de descanso.
Assim como nas salas de estar e jantar pode-se dispensar o uso de iluminação geral convencional e
utilizar a iluminação de destaque ou de tarefa (leitura de cabeceira ou de bancada) como iluminação
geral. Pode-se, ainda, criar rasgos com iluminação embutida no forro em gesso.
Deve-se sempre localizar os embutidos com lâmpadas de foco fechado de forma criteriosa,
diminuindo a possibilidade de ofuscamento dos que estão descansando e considerar que o uso de
lâmpadas de foco fechado, que se prestam a este fim de iluminação de destaque, são pouco
econômicas e de baixa durabilidade se comparadas à lâmpadas fluorescentes. Assim, caso haja
preocupação com eficiência energética no projeto é mais apropriado o uso de luminárias de luz
rebatida, sancas ou rasgos no gesso para iluminação geral do ambiente.
Outro aspecto importante a ser considerado é o controle da luz nos quartos. Além da dimerização,

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aspecto já citado acima, sugere-se que ao lado de cada cabeceira os usuários tenham a possibilidade
de acionar de forma paralela a iluminação de um dos pontos do ambiente.
Caso a intenção seja utilizar luminária de luz rebatida ou rasgos no gesso para iluminação geral do
quarto deve-se considerar que as lâmpadas devem ter índice de reprodução de cor acima de 80 e de
preferência serem lâmpadas de boa durabilidade.
A iluminação do closet, sendo normalmente contíguo ao quarto, merece algumas observações. O
closet pode ser iluminado adequadamente através da instalação de lâmpadas no interior dos
armários ou com spots orientáveis embutidos no forro.
Neste ambiente, mais uma vez, ressalta-se a importância da boa reprodução de cor das lâmpadas
utilizadas tendo em vista que a visualização das cores deve ser extremamente fiel. Caso seja
utilizada iluminação interna nos armários, é importante que a lâmpada tenha condições de suportar
o liga/desliga frequente. Assim, recomenda-se a aplicação de lâmpadas de filamento, que se prestam
muito bem a este fim. É importante que o acionamento da iluminação do interior do armário seja
pela abertura das portas para impedir que as lâmpadas permaneçam ligadas por muito tempo
preservando o aspecto das roupas.
Segundo Silva (2009), em closets onde a luz permaneça mais tempo ligada, privilegiam-se
fluorescentes com boa reprodução de cores.
Analisando a função decorativa da iluminação, a parede de cabeceira é sempre a preferida em
termos de destaque. Caso a intenção seja destacar algum material texturizado aplicado na parede da
cabeceira como papel de parede ou revestimentos especiais, a principal solução será provocar um
wall washer (banho de luz) utilizando fitas de led ou sequência de spots embutidos com lâmpadas
MR11 com led ou, ainda, sancas invertidas com lâmpadas fluorescentes. A adoção desses sistemas
deve ser feita com cuidado visto que o índice de reprodução de cores das lâmpadas fluorescentes e
de led não é 100. Assim, caso a parede de cabeceira da cama tenha cor pode ser necessária a
utilização de lâmpadas halógenas.
Para iluminação de destaque em quadros sobre a cabeceira da cama ou em outras paredes do quarto
a melhor solução é a utilização de dicroica em spot embutido assimétrico. O foco assimétrico
produzido pela luminária proporciona direcionamento do facho luminoso no objeto de destaque
impedindo o ofuscamento de quem está deitado na cama.
Qaunto à iluminação de objetos sobre bancadas ou mesas de apoio, deve-se observar o exposto no
item anterior no que diz respeito à iluminação de destaque. É interessante que seja considerado o
uso de dimerizadores no sistema de iluminação de destaque para oferecer maior conforto aos
usuários por meio do controle de intensidade tendo em vista que a iluminação de um ambiente de
descanso deve receber uma iluminação menos dramática, o mais suave possível.
Analisando o aspecto funcional da iluminação, a principal função que o projeto deve vislumbrar nos
quartos é atender à leitura de cabeceira. Para este fim, pode-se adotar o uso de luminárias de mesa
como abajures, pendentes ou arandelas. Independente de qual sistema será adotado, é importante
escolher luminárias articuláveis para que o usuário possa adaptar perfeitamente à leitura.
Também podemos colocar no teto – normalmente de gesso – um embutido direcionável
com uma lâmpada do tipo AR70, com foco em ângulo fechado – de oito graus ou menos –
que iluminará apenas o objeto desejado, seja livro, revista ou jornal. A vantagem é que

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iluminará diretamente o objeto, não jogando luz para o lado, incomodando o parceiro,
esposa/esposo, namorado/namorada. Assim, cada um terá iluminação específica de leitura.
(SILVA, 2009:92)

5. Iluminação de banheiros
A iluminação geral de banheiros deve ser farta e centralizada. Normalmente é suficiente o uso de
embutidos com lâmpadas fluorescentes sempre com difusor em vidro ou acrílico. No box do
chuveiro uma aplicação simples e adequada é o uso de lâmpadas halopar 20 de 50W, pois não
sofrem o efeito da umidade pois são fechadas com vidro resistente. Este mesmo raciocínio se aplica
a iluminação sobre a banheira. Segundo Silva (2009), evita-se usar lâmpadas refletoras sem vidro de
proteção, como Halospot AR70, pois o alumínio oxidará em seguida pelo efeito do vapor d’água,
perdendo luminosidade.
No que diz respeito a projetos de iluminação de banheiros e lavabos o grande desafio é a iluminação
para uso do espelho. Por ter um grande índice de reflexão, a probabilidade de que seja provocado
ofuscamento é muito grande. Assim, segundo Silva (2009), devemos escolher lâmpadas e
luminárias com luz difusa.
O espelho deve ter nosso cuidado especialíssimo, pois tendo grande potencial de reflexão,
tudo que nele tocar, será refletido de forma quase que total. Essa característica fará com que
a luz seja refletida de forma abundante no ambiente. No caso de uma luz brilhante
provocará ofuscamento. (SILVA, 2009:95)
Além do ofuscamento, deve-se evitar o sombreamento do rosto dos usuários. Por isso, sugere-se
que a iluminação seja posicionada de forma lateralizada. A preferência deve ser dada à lâmpadas
fluorescentes para priorizar o conforto térmico de quem utiliza o espelho.
Uma solução bastante encontrada em projetos e que traz uma iluminação suave e sem problemas
com ofuscamento ou sombreamento é a aplicação de iluminação embutida atrás do espelho.
Apesar de ser muito comum a instalação de dicróicas na parte de cima do espelho, esta solução é
completamente equivocada. Segundo Silva (2009), nesta caso, a luz desce sobre a pessoa e muitas
vezes – conforme a colocação – também sobre o espelho, causando duplo desconforto e uma
profusão de reflexos, praticamente impedindo a pessoa de olhar-se com clareza. Caso não existe
outra opção para a iluminação do espelho recomenda-se a instalação de filtro na luminária para que
a luz se torne o mais difusa possível diminuindo suas desvantagens.

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Figura 7 – Fabiane Bello Arquitetura


Fonte: www.fabianebello.com.br

Mesmo parecendo redundante, é importante frisar que as lâmpadas devem ter um ótimo índice de
reprodução de cor. As modernas lâmpadas normalmente possuem esta característica, mas
encontram-se muitas no mercado cuja qualidade é questionável e o projetista deve estar atento a
esta situação.

6. Iluminação de cozinhas e copas.


As cozinhas e copas ganharam muito valor nas residências contemporâneas. Muitas vezes o projeto
arquitetônico apresenta estes espaços integrados à área social da casa. Por ter esta função híbrida,
servindo à execução de tarefas domésticas e recepção de visitas, o projeto de iluminação de
cozinhas deve apresentar um sistema mesclado entre iluminação geral, entendida sob o ponto de
vista tradicional, e iluminação pontual que proporcione uma ambientação mais descontraída e
aconchegante, sem prejudicar a iluminação de tarefa sobre bancadas que será analisada em
momento oportuno.
No caso da iluminação geral deve-se dar preferência às lâmpadas com um bom pacote de luz que
garanta boa eficiência. Neste sentido as lâmpadas do tipo fluorescente são as mais indicadas sempre
instaladas em luminárias fechadas com vidro ou acrílico difusor para facilitar a limpeza e impedir
que a gordura se prenda à superfície da lâmpada ou do sistema refletor da luminária. É importante
que a luminária seja fechada para garantir a segurança das pessoas e impedir que, caso a lâmpada
sofra algum dano, cacos de vidro caiam sobre alimentos e bancadas.
Mais do que qualquer outro ambiente residencial, a cozinha deve ter iluminação suficiente e com
temperatura de cor adequada que propicie um bom ambiente para preparos. Segundo SILVA
(2004), sempre que quisermos iluminar um ambiente que induza a produtividade temos que optar
por temperatura de cor mais alta, luz mais branca.
No caso de iluminação de destaque, também há de se ter preocupação com a escolha das luminárias.
Estas devem ser de fácil manutenção e limpeza. No caso de embutidos que ficam sobre bancadas de

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trabalho deve-se ter cuidado com a estanqueidade da lâmpada, por isso recomenda-se a lâmpada
halopar para iluminar bancadas de trabalho por sua construção ser feita com vidro resistente.
Outro cuidado que devemos ter é o de não usar lâmpadas expostas, pois o vapor e a gordura
das panelas serão um complicador para a iluminação. Devem ser usadas lâmpadas
herméticas e que possam ser limpas constantemente. (SILVA, 2009:86)
Esta preocupação com a segurança e facilidade de limpeza e manutenção também deve ser
observada na escolha de pendentes sobre mesas e bancadas de refeições rápidas.

Figura 1 – DB Arquitetos Associados


Fonte: www. http://www.dbarquitetos.com/jose-olimpio

Quanto às bancadas de trabalho com armários superiores é sempre interessante prever recursos de
iluminação embutida sob os armários superiores garantindo maior conforto àqueles que se dedicam
às preparações dos alimentos. Esta iluminação embutida deverá ser feita com lâmpadas
fluorescentes embutidas em caixilhos com luz rebatida na base dos armários ou fitas de led para
garantir a segurança dos usuários.
Devemos ter o cuidado de colocar as luminárias de forma estratégica para iluminar o fogão
e as panelas, sem sombras. Colocando luminárias atrás, o corpo e os braços criarão sombras
indesejáveis sobre os objetos e as comidas que estiverem sendo preparadas. Melhor é que a
luz venha de forma perpendicular ao fogão ou lateralmente num ângulo fechado para que se
tenha ampla visão da comida preparada. (SILVA, 2009:87)
Mesmo se tratando de cozinha, pode-se dar destaque a alguns objetos como quadros, vasos, etc.
Segundo Silva (2009), pode-se utilizar lâmpadas dicroicas, que têm o vidro na frente do pequeno
refletor, na abertura de foco que melhor destacar. Isso dependerá do tamanho do objeto e da
distância entre a luminária/lâmpada e o local a ser iluminado.

7. Conclusão
Este artigo teve como objetivo levantar as principais linhas mestras que devem nortear o projeto de
iluminação de interiores residenciais com o intuito de fundamentar a elaboração de um guia de
iluminação de interiores residencial destinado a profissionais especificadores.
A partir do estudo apresentado conclui-se que o projeto de iluminação vai além de cálculos e regras

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 5ª Edição nº 005 Vol.01/2013 – julho/2013
Estudo para elaboração de guia de iluminação de interiores residencial destinado a profissionais especificadores
julho de 2013
pré-definidas. Se isso bastasse seria menos complicado alcançar excelência no projeto. Porém um
bom projeto de iluminação de interiores residencial deve considerar a influência da iluminação
sobre a vida dos moradores. Assim características como índice de reprodução de cor, temperatura
de cor, segurança, entre outras, deve nortear o desenvolvimento do projeto. Todas estas variáveis
devem ser consideradas e somadas aos cálculos e números adequados. Não há uma fórmula mágica,
existe sim uma coerência relacionada com o que se deseja iluminar, como iluminar e com o que
iluminar e por fim, qual o efeito que se espera provocar.

8. Referências
GUERRINI, Délio Pereira. Iluminação: Teoria e Projeto. São Paulo: Érica, 2008.

SILVA, Mauri Luiz da . Luz, Lâmpadas e Iluminação. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2004.

SILVA, Mauri Luiz da . Iluminação: Simplificando o projeto. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2009.

WILHIDE, Elizabeth. Como criar em iluminação/Design Museum; tradução Bruno Vasconcelos – Belo Horizonte:
Gutenberg, 2011.

OSRAM, Manual do Curso Iluminação, Conceitos e Projetos. Disponível em:


http://www.osram.com.br/osram_br/Ferramentas_&_Catlogos/Downloads/Iluminacao_Geral/Manual_do_Curso_Ilumin
acao_Conceitos_e_Projetos796562/index.html

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 5ª Edição nº 005 Vol.01/2013 – julho/2013

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