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03/07/2015 Contratos ­ Conceitos gerais ­ Resumo de Direito ­ DireitoNet

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Contratos - Conceitos gerais

Noção, função social, princípios, evolução, resolução por onerosidade


excessiva, classificação, formação, estipulações em favor e promessa de
fato de terceiro, vícios redibitórios, evicção, contratos aleatórios, contrato
preliminar.

1. Noção de contrato

Dentro da teoria dos negócios jurídicos, é tradicional a distinção entre os atos unilaterais e os
bilaterais. Aqueles se aperfeiçoam pela manifestação da vontade de uma das partes, enquanto
estes dependem da coincidência de dois ou mais consentimentos. Os negócios bilaterais, isto
é, os que decorrem de acordo de mais de uma vontade, são os contratos. Portanto, o contrato
representa uma espécie do gênero negócio jurídico. E a diferença específica entre ambos
consiste na circunstância de o aperfeiçoamento do contrato depender da conjunção da
vontade de duas ou mais partes.

Por conseguinte, cada vez que a formação do negócio jurídico depender da conjunção de duas
vontades, encontramo-nos na presença de um contrato, que é, pois, o acordo de duas ou mais
vontades, em vista de produzir efeitos jurídicos.

Em face de tal conceito, o âmbito do contrato não se circunscreve apenas ao Direito das
Obrigações, estendendo-se aos outros ramos do direito privado e mesmo ao direito público.
Todavia, embora não se possa negar o aspecto contratual de muitas relações jurídicas que se
estabelecem mediante o acordo de vontades e fora do terreno patrimonial, uma parte
considerável da doutrina procura limitar o conceito de contrato, em sentido estrito, aos ajustes
que constituam, regulem ou extingam relações patrimoniais.

O art. 421 do Código Civil dispõe que a liberdade de contratar será exercida em razão e nos
limites da função social do contrato. Há diversos princípios que regem o direito contratual e
verificar-se-á que o legislador tem restringido, mais ou menos, a liberdade contratual. Esta
liberdade encontra restrição na lei, e só nela.

2. Função social do contrato

O contrato exerce uma função e apresenta um conteúdo constante: o de ser o centro da vida
dos negócios. É o instrumento prático que realiza o mister de harmonizar interesses não
coincidentes. Defluindo da vontade das partes, ele só se aperfeiçoa quando, pela transigência
de cada um, alcançam os contratantes um acordo satisfatório a ambos.

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A instituição jurídica do contrato é um reflexo da instituição jurídica da propriedade. Ele é o


veículo da circulação da riqueza e, por conseguinte, só se pode concebê-lo como instituição
pura de direito privado, em regimes que admitem a propriedade individual.

Aliás, o extraordinário desenvolvimento do comércio, que impôs a necessidade da célebre


evolução da teoria contratual só foi possível, por outro lado, em virtude do aperfeiçoamento do
contrato. O contrato será o instrumento imprescindível e o elemento indispensável à circulação
dos bens. E não há exagero em se dizer que o direito contratual foi um dos instrumentos mais
eficazes da expansão capitalista em sua primeira etapa.

    2.1. Fundamento da obrigatoriedade dos contratos

Uma vez ultimado o contrato liga as partes concordantes, estabelecendo um vínculo


obrigacional entre elas. Algumas legislações vão a ponto de afirmar que as convenções
legalmente firmadas transformam-se em lei entre as partes.

Tal vínculo se impõe aos contratantes, que, em tese, só o podem desatar pela concordância de
todos os interessados. E o descumprimento da avença por qualquer da partes, afora os casos
permitidos em lei, sujeita o inadimplente à reparação das perdas e danos (CC, art. 389).

A explicação da obrigatoriedade dos contratos assenta em preocupação que ultrapassa as


raias do interesse particular para atender a um anseio de segurança que é de ordem geral. Pois
o problema deve ser encarado não sob o ângulo individual, mas sob o social. Aquele que, por
livre manifestação da vontade, promete dar, fazer ou não fazer qualquer coisa, cria uma
expectativa no meio social, que a ordem jurídica deve garantir. O propósito de se obrigar,
envolvendo uma espontânea restrição da liberdade individual, provoca consequências que
afetam o equilíbrio da sociedade. Por conseguinte, a ordenação jurídica, na defesa da
harmonia das relações inter-humanas, cria elementos compulsórios do adimplemento.

Com efeito, é a lei que torna obrigatório o cumprimento do contrato. E o faz compelir aquele
que livremente se vinculou a manter sua promessa, procurando, desse modo, assegurar as
relações assim estabelecidas.

O contrato se aperfeiçoa pela coincidência de duas ou mais manifestações unilaterais da


vontade. Se estas se externarem livre e conscientemente e se foram obedecidas as prescrições
legais, a lei as faz obrigatórias, impondo a reparação das perdas e danos para a hipótese de
inadimplemento.

    2.2. Elementos constitutivos e pressupostos de validade do contrato

O fator novo, elementar ao conceito de contrato, é a coincidência de vontades, ou seja, o


acordo entre dois ou mais participantes da convenção. Quando o ato jurídico é unilateral, a
manifestação válida da vontade de uma pessoa gera os efeitos almejados pelo agente.
Exemplo característico se encontra no testamento.

No contrato, porém, dado seu caráter sinalagmático, é mister a existência da manifestação


coincidente da vontade e duas ou mais partes. Em regra, apresentam-se dois contratantes,
com interesses opostos, que através da convenção se compõem. Por vezes, contudo, nas
posições antagônicas, encontram-se mais de duas pessoas, como na hipótese de serem válidos
os vendedores e vários os compradores.

Cada grupo constitui um centro de interesses determinados.


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Todavia, nem sempre a posição antagônica entre as contratantes é fundamental. Por vezes,
convenções aparecem, como no contrato de sociedade, em que os interesses das partes se
mostram paralelos, de modo que elas apenas se obrigam mutuamente a combinar seus
esforços ou recursos para lograr fim comum (CC, art. 981).

3. Princípios do direito contratual

Três princípios básicos constituíram o alicerce da teoria contratual:


I - o princípio da autonomia da vontade, apenas limitado pela supremacia da ordem pública;
II - o princípio da relatividade das convenções;
III - o princípio da força vinculante do contrato, ou da obrigatoriedade das convenções.

A análise desses princípios ajudará a entender o mecanismo do contrato e a precisar seu


conceito.

I - O princípio da autonomia da vontade consiste na prerrogativa conferida aos indivíduos de


criarem relações na órbita do direito, desde que se submetam às regras impostas pela lei e que
seus fins coincidam com o interesse geral, ou não o contradigam. Desse modo, qualquer
pessoa capaz pode, pela manifestação de sua vontade, tendo objeto lícito, criar relações a que
a lei empresta validade.

Não estão as partes adstritas à escolha de determinado contrato nominal; antes, podem usar
da liberdade que lhes reconhece a lei para recorrer a um contrato atípico, ou para combinar
várias espécies de contratos a fim de regular o eventual conflito entre seus interesses.

Com efeito, a vida social se alicerça em alguns princípios gerais cuja incidência não pode ser
arredada por ajuste entre os jurisdicionados, sob pena de ameaça à própria estrutura da
sociedade. Assim, por exemplo, as normas que regulam a instituição da família, o regime da
propriedade, a segurança pública etc. Além disso, o Estado, não raro, dentro de sua política
legislativa, transforma em normas de ordem pública preceitos de caráter supletivo, criando,
assim, novas regras cogentes. Exemplo de tal procedimento se encontra na Lei da Usura, na
legislação trabalhista, nas leis do inquilinato etc.

Ora, o princípio da autonomia da vontade esbarra sempre na limitação criada por lei de ordem
pública. Esbarra, igualmente, na noção de bons costumes, ou seja, naquelas regras morais não
reduzidas a escrito mas aceitas pelo grupo social e que constituem o substrato ideológico
inspirador do sistema jurídico.

A noção de ordem pública e o respeito aos bons costumes constituem, consequentemente,


barreiras limitadoras da liberdade individual em matéria de contrato.

II - O segundo princípio - o da relatividade das convenções - contém a ideia de que os efeitos do


contrato só se manifestam entre as partes, não aproveitando nem prejudicando terceiros. O
que, aliás, é lógico. Como o vínculo contratual emana da vontade das partes é natural que
terceiros não possam ficar atados a uma relação jurídica que  não lhes foi imposta pela lei nem
derivou de seu querer.

Por conseguinte, tal princípio representa um elemento de segurança, a garantir que ninguém
ficará preso a uma convenção, a menos que a lei o determine, ou a própria pessoa o delibere.

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III - O princípio da força vinculante das convenções consagra a ideia de que o contrato, uma vez
obedecidos os requisitos legais, torna-se obrigatório entre as partes, que dele não se podem
desligar senão por outra avença em tal sentido. Isto é, o contrato vai constituir uma espécie de
lei privada entre as partes, adquirindo força vinculante igual à do preceito legislativo, pois vem
munido de uma sanção que decorre da norma legal, representada pela possibilidade de
execução patrimonial do devedor (pacta sunt servanda).

O liberalismo do século XIX justifica o princípio na ideia de que, se as partes alienaram


livremente sua liberdade, devem cumprir o prometido ainda que daí lhes advenha considerável
prejuízo. Pois, quem diz contratual, diz justo.

O princípio da obrigatoriedade das convenções encontra um limite na regra de que a obrigação


se extingue se vier a se impossibilitar por força maior ou caso fortuito. Mas, dentro da
concepção clássica, essa é a única limitação à norma da obrigatoriedade do contrato.

3.1. O problema da interpretação

Através da hermenêutica, procura o intérprete não apenas descobrir qual a vontade do


legislador, mas vontade concreta da lei.

Como ato jurídico que é, o contrato tem por mola propulsora a vontade das partes, de maneira
que, para descobrir o exato sentido de uma disposição contratual, faz-se mister, em primeiro
lugar, verificar qual a intenção comum dos contratantes. Esta é, teoricamente, a finalidade da
exegese. Daí a regra básica consagrada pela generalidade dos Códigos.

A interpretação do contrato faz-se necessária quando existe divergência entre as partes sobre
o efetivo sentido de uma cláusula. Com efeito, se há concordância entre elas, não ocorre litígio
e a convenção é cumprida normalmente. Entretanto, por vezes aparece, entre os contratantes,
disparidade de opiniões acerca do alcance de uma cláusula determinada. Nesse caso instala-se
um conflito cuja solução depende da interpretação do ajuste a ser realizada pelo juiz.

3.2. Do princípio da boa-fé

A boa-fé é um consentimento ético moldado nas ideias de proceder com correção e dignidade,
pautando sua atitude pelos princípios da honestidade, da boa intenção e no propósito de a
ninguém prejudicar.

4. Evolução do direito contratual

O quadro teórico exposto sofreu, entretanto, profunda modificação no correr do século XX, e
tal transformação atingiu principalmente dois dentre os princípios básicos analisados.

De fato, tanto o princípio da autonomia da vontade como o da obrigatoriedade das convenções


perderam uma parte de seu prestígio em face de anseios e preocupações novas, nem sempre
atendidos no apogeu do regime capitalista.

Com efeito, o princípio da autonomia da vontade parte do pressuposto de que os contratantes


se encontram em pé de igualdade e que, portanto, são livres de aceitar ou rejeitar os termos
do contrato. Mas isso nem sempre é verdadeiro, pois a igualdade que reina no contrato é
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puramente teórica e, por via de regra, enquanto o contratante mais fraco no mais das vezes
não pode fugir à necessidade de contratar, o contratante mais forte leva uma sensível
vantagem no negócio, pois é ele quem dita as condições do ajuste.

De fato não são raros os casos em que a parte mais necessitada precisa contratar e tem de
submeter-se às cláusulas que lhe impõe o contratante mais forte.

A verificação de tais circunstâncias conduziu o legislador a intervir no contrato para remediar


os efeitos da desigualdade existente. Vê-lo usando do próprio mecanismo, acima explicado, ou
seja, criando, para limitar a autonomia da vontade, novas normas de ordem pública contra as
quais esbarra a liberdade de estipular. Assim vimos aparecer a Lei da Usura, as leis do
inquilinato, a Lei de Luvas etc.

5. Da resolução por onerosidade excessiva

Para elucidar o item, citaremos os artigos 478 ao 480 do Código Civil:

"Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes
se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de
acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do
contrato. Os efeitos da sentença, que a decretar, retroagirão à data da citação.

Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equitativamente as
condições do contrato.

Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear
que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a
onerosidade excessiva".

Na jurisprudência, por igual, tal tendência tem prevalecido. De fato, após algumas hesitações
onde predominam arestos em sentido contrário, parece ter se firmado orientação no sentido
de se permitir a rescisão dos contratos em virtude da excessiva onerosidade das prestações,
oriunda de acontecimentos extraordinários e supervenientes, imprevisíveis por ocasião do
negócio.

O Código de Defesa do Consumidor trouxe uma inovação importante em matéria da


possibilidade de revisão do contrato pelo juiz, firmando assim o princípio da força vinculante
do contrato, criando um reforço para a chamada teoria da superveniência.

Com efeito, isso ocorre com a regra do art. 6º, V, desse Código, quando, cuidando dos direitos
básicos do consumidor, declara ser um deles a prerrogativa de obter a revisão do contrato.

"Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


(...)
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou
sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas".

O que há de inovador no preceito é que a revisão independe de ser imprevisível o fato


superveniente que tornou excessivamente onerosa a prestação do consumidor. É mister ter-se
em vista que a regra está circunscrita às relações de consumo. Mas é tão amplo o conceito

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dessas relações que a repercussão da regra na vida cotidiana pode ser sensível.

Assim, vê-se como tem evoluído o contrato, talvez no sentido de sacrificar a amplitude de seus
princípios básicos em favor das restrições que almejam fazê-lo mais justo e mais humano. O
Código Civil admite a resolução por onerosidade excessiva, nos termos acima transcritos (CC,
arts. 478/480).

6. Considerações gerais sobre a classificação dos contratos

A classificação é um procedimento lógico, por meio do qual, estabelecido um ângulo de


observação, o analista encara um fenômeno determinado, grupando suas várias espécies
conforme se aproximem ou se afastem umas das outras. Sua finalidade é acentuar as
semelhanças e dessemelhanças entre as múltiplas espécies, de maneira a facilitar a inteligência
do problema em estudo.

Para que a classificação seja adequada, faz-se mister a presença de duas condições, a saber:

    a) que não deixe resíduos, isto é, que uma vez terminada, todas as espécies caibam numa
das categorias estabelecidas; desse modo, por exemplo, distinguindo-se os contratos em
onerosos e gratuitos, torna-se necessário que não remanesça nenhuma convenção que se não
insira dentro de uma ou de outras dessas categorias;

    b) que as espécies classificadas numa rubrica mais se afastem do que se aproximem das
espécies classificadas em outra.

Um mesmo fenômeno pode ser classificado de diversas maneiras, conforme varie o ângulo em
que se coloca o observador. É o que se verá em matéria de contratos. Se encararmos os
contratos tendo em consideração a sua natureza, podemos classificá-los em:

    a) unilaterais e bilaterais;


    b) onerosos e gratuitos;
    c) comutativos e aleatórios;
    d) causais e abstratos.

Se tivermos em vista a maneira como se aperfeiçoam, podemos distinguir os contratos em:

consensuais e reais; e
solenes e não solenes.

Se nos ativermos à tradicional divisão, tendo em vista o fato de a lei lhes atribuir, ou não, um
nome e lhes sistematizar as regras, podemos separar os contratos em:

nominados;
inominados.

Considerando uns em relação aos outros, os contratos se classificam em:

principais;
acessórios.

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Tendo em vista o tempo em que devem ser executados, separam-se em contratos de execução:

instantânea;
diferida no futuro.

Quanto ao seu objeto, podemos distinguir o contrato:

definitivo;
preliminar.

Finalmente, quando se tem em vista a maneira como são formados, cumpre separar os
contratos:

paritários;
adesão.

O Código Civil consagrou uma seção ao contrato preliminar, arts. 462 a 466, e dois dispositivos,
423 e 424, aos contratos de adesão.

7. Da formação dos contratos

O contrato, negócio jurídico que é, tem como substrato elementar a vontade humana. Ao
analisá-la, dois momentos distintos podem ser apreciados:

    a) um momento subjetivo, psicológico, interno, representado pela própria formação do


querer; e 
    b) um momento objetivo, em que a vontade se reflete por meio da declaração.

Enquanto não se externa, mantendo-se oculta no espírito do homem, a vontade conserva-se


ignorada de todos, não adquirindo, por conseguinte, relevância na vida dos negócios. Somente
quando se manifesta de maneira séria, obrigante e definitiva é que vai repercutir no campo do
direito, criando relações jurídicas. De maneira que, em rigor, é a declaração da vontade, e não
ela própria, que constitui o principal objeto de estudo, neste ensejo.

No geral, existe identidade entre a vontade e a declaração, pois as partes, em regra, conhecem
o próprio desejo e o externam de maneira adequada. Muitas vezes, contudo, existe
disparidade entre o querido e o declarado pelos contratantes, de modo que o contrato,
derivado de suas declarações, não corresponde ao efetivo querer de ambas ou de uma das
partes.

Os contratos se aperfeiçoam no momento da aceitação. O problema é simples quando presentes


as partes, pois, no instante em que a proposta é aceita, cruzam-se as vontades e ultima-se a
avença. Ele se complica, entretanto, quando o contrato se perfaz por correspondência epistolar
ou telegráfica, pois cumpre saber se o negócio se conclui no momento em que o oblato (leigo)
escreve sua aceitação, no momento em que a expede, ou naquele em que o policitante
(proponente) toma conhecimento da concordância do outro contratante.

Os contratos, via de regra, têm forma livre, aperfeiçoando-se pela mera troca dos
consentimentos. Alguns, entretanto, os contratos solenes, dependem de forma imposta em lei.

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Dentre os contratos solenes encontram-se os que dependem de escritura pública, como, por
exemplo, os contratos translativos de direitos reais sobre imóveis de valor superior a
determinada cifra (CC, art. 108).

O contrato não nasce sem a escritura pública, não gerando, dessa maneira, as consequências
típicas dele ordinariamente resultantes.

8. Das estipulações em favor de terceiro

Dá-se estipulação em favor de terceiro quando, num contrato entre duas pessoas, pactua-se
que a vantagem resultante do ajuste reverterá em benefício de terceiro, estranho à convenção
e nela não representado.

É negócio peculiar, pois, em vez de resultarem do contrato obrigações recíprocas entre os


contraentes, apenas um deles assume o encargo de realizar prestação em favor de terceiro.

Por conseguinte, nessa relação jurídica aparecem três figurantes: o estipulante, o promitente e
o beneficiário. Estipulante é o que obtém do promitente, ou devedor, a promessa em favor do
beneficiário.

9. Promessa de fato de terceiro

O Código Civil, em seu artigo 439, repete a regra do antigo Código de 1916, segundo a qual
aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este não o
executar. Isso porque ninguém pode vincular terceiro a uma obrigação. A pessoa só se torna
devedora de uma obrigação ou por manifestação de sua própria vontade ou por força da lei,
ou em decorrência de ato ilícito por ela praticado. Por conseguinte, se alguém promete ato de
terceiro, este não se obriga, a menos que dê sua anuência à proposta.

Todavia, não há iliceidade no ato do promitente, e sua promessa apenas o vincula a uma
obrigação de fazer, ou seja, a de conseguir o ato de terceiro.

10. Dos vícios redibitórios

O propósito do legislador, ao disciplinar essa matéria, é aumentar as garantias do adquirente.


De fato, ao proceder à aquisição de um objeto, o comprador não pode, em geral, examiná-lo
com a profundidade suficiente para descobrir os possíveis defeitos ocultos, tanto mais que, via
de regra, não tem a posse da coisa. Por conseguinte, e considerando a necessidade de rodear
de segurança as relações jurídicas, o legislador faz o alienante responsável pelos vícios ocultos
da coisa alienada.

A maioria das outras legislações cuida dos vícios redibitórios no capítulo da compra e venda,
pois esse é o campo em que ordinariamente o problema se propõe.

11. Da evicção

Dá-se a evicção quando o adquirente de uma coisa se vê total ou parcialmente privado da

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mesma, em virtude de sentença judicial que a atribui a terceiro, seu verdadeiro dono. Portanto,
a evicção resulta sempre de uma decisão judicial.

Ela se configura, por exemplo, na compra feita por quem não era dono. Se o verdadeiro
proprietário da coisa vendida a reclama judicialmente e alcança êxito na lide, o comprador
sofre evicção. Ao reivindicante bem sucedido chama-se evictor; ao adquirente, vencido na
demanda, dá-se o nome de evicto.

12. Dos contratos aleatórios

Na classificação dos contratos, os aleatórios se opõem aos comutativos.

Comutativos são aqueles contratos em que não só as prestações apresentam uma relativa
equivalência, como também as partes podem avaliar, desde logo, o montante das mesmas. As
prestações são certas e determináveis, podendo qualquer dos contratantes antever o que
receberá em troca da prestação que oferece.

Aleatórios são os contratos em que o montante da prestação de uma ou de ambas as partes


não pode ser desde logo previsto, por depender de um risco futuro, capaz de provocar sua
variação. Com efeito, o contrato aleatório é aquele em que as prestações oferecem uma
possibilidade de ganho ou perda para qualquer das partes, por dependerem de um evento
futuro e incerto que pode alterar o seu montante. O objeto do negócio está ligado à ideia de
risco. Isto é, existe uma álea no negócio, podendo daí resultar um lucro ou uma perda para
qualquer das partes.

13. Do contrato preliminar

Exceto quanto à forma, o contrato preliminar deve conter todos os requisitos essenciais ao
contrato a ser celebrado (CC, art. 462).

Esse tipo de negócio, embora a lei não o diga, deve ser celebrado por escrito, pois a prova
exclusivamente testemunhal não pode ser admitida (CC, art. 227) em negócios acima de
determinado valor.

Ao firmar contrato preliminar, os contratantes assumem uma obrigação recíproca de fazer, ou


seja, a de, oportunamente, se outorgarem um contrato definitivo. O grande problema que se
propõe nesse campo é o de saber o que acontece quando, a despeito de haver assumido
aquela obrigação de fazer, um dos contratantes se recusa a cumpri-la, negando-se a firmar o
contrato definitivo.

Referência bibliográfica

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. Vol. III. São Paulo: Editora Saraiva, 2004. 

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Revisão geral. Este material está atualizado de acordo com o CC e não sofreu novas alterações até esta
07/mai/2012
data.
22/mar/2012 Revisão geral. Este material está atualizado de acordo com o CC e não sofreu alterações até esta data.
27/mai/2008 Publicado no DireitoNet.

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