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FTC – FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS

DIREITO

ECONOMIA

BRUNA NUNES

CAILANA MELO

CAROLINE LOURENÇA

LAÍSLA SANTANA

LUNARA BARROS

TAILINE NOVAIS

RENAN ARAUJO

PLANO REAL E A ESTABILIZAÇÃO ECONÔMICA

VITORIA DA CONQUISTA/BA

MAIO/2012
BRUNA NUNES

CAILANA MELO

CAROLINE LOURENÇA

LAÍSLA SANTANA

LUNARA BARROS

TAILINE NOVAIS

RENAN ARAUJO

PLANO REAL E A ESTABILIZAÇÃO ECONÔMICA

Pesquisa apresentada à disciplina de


Economia do curso de Direito da Faculdade de
Tecnologia e Ciências, como requisito parcial
de avaliação da disciplina, sob orientação do
Profº. Wilton Ferraz

VITORIA DA CONQUISTA/BA
MAIO/2012
Introdução

O Plano Real foi o último dos planos de estabilização econômica


aplicados no Brasil, sendo o responsável pela estabilidade econômica que
perdura até hoje, no fim da primeira década do século XXI. O Plano Real
mostrou-se eficiente no controle de preços na economia, trazendo a
estabilidade que, após um período de desemprego elevado, permitiu que a
economia crescesse sustentavelmente, recuperando inclusive os níveis de
empregos. Sua força foi posta à prova nas crises da Ásia, em 1997, da Rússia,
em 1998 e mais recentemente a crise americana iniciada em 2007. Nas duas
primeiras, houve necessidade de um aumento forte na taxa de juros, buscando
evitar a fuga de capitais. Passados os efeitos, os juros voltaram a baixar e o
Real sofreu apenas um ataque especulativo em 2002. O Plano Real saiu forte
de todas estas crises mencionadas. O plano conseguiu tornar a atual política
monetária brasileira uma das mais sérias do mundo.
O Plano Real

O Plano Real foi um plano de estabilização econômica implantado em


três etapas e iniciado em 14 de junho de 1993 quando Fernando Henrique
Cardoso era Ministro da Fazenda do governo de Itamar Franco.

Foi um plano de estabilização econômica idealizado por uma equipe de


importantes economistas agrupados por FHC, e de que faziam parte Persio
Arida, André Lara Resende, Gustavo Franco, Pedro Malan, Edmar Bacha,
Clóvis Carvalho, Winston Fritsch, entre outros. Posteriormente, FHC foi eleito
presidente, tendo assumido durante sua campanha - com a concordância do
presidente Itamar Franco - que então o apoiava, o papel de "pai" do Plano
Real.

Seu objetivo primário era controlar a hiperinflação, um problema


brasileiro crônico que emperrava o desenvolvimento da nação. Combinaram-se
condições políticas, históricas e econômicas para permitir que o Governo
brasileiro lançasse, ainda no final de 1993, as bases de um programa de longo
prazo. Organizado em etapas, o plano resultaria no fim de quase três décadas
de inflação elevada e na substituição da antiga moeda pelo Real, a partir de
primeiro de julho de 1994.

O Programa Econômico estabelecido a partir de 1991 caracterizou-se


por uma brusca redução na oferta monetária, a partir da retenção de cruzados
em limite prefixado pelo governo e da transformação dos cruzados em
circulação em cruzeiros, par a par. A drástica redução da oferta monetária,
acompanhada de gerenciamento liberal, resultou em efeitos positivos para o
processo econômico. Entenda-se, nesse caso, que o processo foi de caráter
imediatista.

A verdade é que tanto o Plano Cruzado como o Plano Cruzeiro tiveram


lucidez momentânea, porém a inexistência de um planejamento integrado de
curto e médio prazo acabou funcionando como fator contrário aos resultados
pretendidos. O primeiro fixou preços esquecendo a flexibilidade monetária,
enquanto o segundo reduziu a flexibilidade monetária, agindo, dessa forma,
sobre o erro do primeiro, mas acabou esquecendo a velocidade de circulação
da moeda.

Fases do Plano Real

O Programa de Estabilização Econômica ou Plano Real foi concebido e


implementado em três fases:

 Ajuste Fiscal: Fez parte da preparação. Compreendeu o combate ao


déficit público, buscando a aproximação entre a receita e a despesa. O
equilíbrio das contas públicas - nas esferas federal, estadual e
municipal, empresas estatais e previdência - é considerado fundamental
para o sucesso duradouro do Plano. O Fundo Social de Emergência
(FSE) vigorou até 1995. Houve pequenas mudanças onde a
arrecadação chegou a 15 bilhões de dólares e vigorou até 2001.
 Implantação da URV (Unidade Real de Valor): Serviu de indexador
único da economia por um período de quatro meses de 1º de março a
30 de junho de 1994. Essa fase destinou-se a promover o alinhamento
de preços, valores e contratos. Todos os preços passaram a ser fixados
em URV, com valor atualizado diariamente. No final desse período a
URV valia CR$2750,00 valor esse convertido a R$1,00. A URV tornou-
se eficaz e revelou a inovação feliz no combate á inflação. Lembrando
que o país estava em processo inflacionário crônico e com fracasso de
várias tentativas anteriores.
 Implantação do Real: Em 1º de julho o governo lançou uma nova moeda
chamada Real, eliminando a URV. Também eliminou quase todos os
índices de indexação da economia. Além de descontaminar a inflação
era necessário descontaminar a mente das pessoas com a mentalidade
inflacionária. O Real veio para ser uma moeda forte e de poder
aquisitivo estável, para servir de referencial básico das relações
econômicas. Trouxe a expectativa e compromisso de uma estabilidade
econômica duradoura, o que depende da ação do governo e do
comportamento da sociedade.
Consequências

Num primeiro momento o plano obteve resultados muito positivos, com


controle da inflação e aumento da taxa de investimentos na economia. A crise
de hiperinflação foi de fato debelada, embora uma persistente inflação residual
tenha se mantido: a inflação acumulada no Brasil nos onze primeiros anos do
plano atingiu 165%, segundo pesquisa divulgada pela FIPE (Fundação Instituto
de Pesquisas Econômicas, através do IPC, Índice de Preços ao Consumidor.

No entanto, embora a desindexação da economia tenha obtido êxito, o


ajuste fiscal (fundamental para corrigir o desequilíbrio nas contas do governo e
assegurar o controle da inflação no longo prazo) foi bastante limitado.

Nos anos seguintes o governo manteve o controle da inflação tendo


como principal instrumento de política econômica a "âncora cambial", que
funcionava através do sistema de bandas cambiais, aliada a uma política de
abertura econômica. A manutenção de tal política levou a um crescente
desequilíbrio fiscal, a ponto de se obter déficit primário em 1998.

Tal deterioração das contas do governo foi acompanhada por um grande


crescimento da dívida pública, alavancada pela alta taxa de juros básicos
utilizados pelo governo como forma de atração de capital estrangeiro.

Não há dúvidas quanto ao sucesso do Plano Real em relação ao


controle da inflação. O país deixou de vivenciar taxas de inflação de quatro
dígitos ao ano para conviver com taxas de um dígito ao ano. Segundo o IPC-
FIPE, de uma inflação de 2490,99% em 1993 chegou-se à deflação em 1998 e
à inflação de 8,64% em 1999. Os benefícios da queda da inflação foram
inúmeros. O desaparecimento do imposto inflacionário, que incidia de forma
mais vigorosa sobre os mais pobres, possibilitou uma melhoria da renda das
camadas menos favorecidas no momento da estabilização. Além disso, a
queda da inflação possibilitou aos agentes econômicos planejarem suas contas
com mais precisão e segurança, permitindo uma alocação mais racional da
renda, facilitando o planejamento de compras a prazo.
O mecanismo da URV foi o grande responsável pela desindexação da
economia e pelo fim da memória inflacionária. Algumas medidas fiscais
adotadas desde 1993, como o Fundo Social de Emergência, deram fôlego
fiscal para implantação do Plano Real. Do outro lado, a utilização de elevadas
taxas de juros foi causando a elevação da dívida interna, comprometendo a
situação fiscal nos anos seguintes. O câmbio valorizado e a abertura comercial
foram os responsáveis pelo controle da inflação após a implantação do plano,
na medida em que colocaram os produtos nacionais em concorrência direta
com os produtos importados.

O pilar básico do plano foi a valorização artificial da taxa de câmbio, via


utilização de elevadas taxas reais de juros, que vinham sendo praticadas desde
1993. A partir desse momento, buscou-se o incremento das reservas
internacionais de forma a criar um amortecedor para futuras pressões no
câmbio. A forte entrada de recursos no país, notadamente de natureza
especulativa, garantiu o crescimento das reservas e possibilitou a adoção do
câmbio valorizado.

Além disso, promoveu-se uma forte abertura comercial, baseada na


queda das barreiras tarifárias e não tarifárias do país. Muitas dessas barreiras
foram diminuídas a patamares previstos nos acordos brasileiros para vários
anos mais tarde. Em muitos outros casos o país baixou suas barreiras a
produtos de certos países sem exigir reciprocidade. No caso dos produtos
primários isso é notório até os dias de hoje, quando ainda sofremos com
diversas medidas protecionistas, disfarçadas de medidas anti-dumping ou de
barreiras não tarifárias como normas sanitárias.

Combinada com a valorização cambial, isto permitiu a entrada maciça de


produtos importados que, por sua vez, acabaram por conquistar fatia
importante do mercado interno. Muitas indústrias sofreram sérias dificuldades,
o que ocasionou inúmeras falências e milhares de demissões. Os casos da
industria têxtil e de brinquedos são exemplos do impacto negativo da política
cambial e comercial.
Esta política levou à ampliação significativa do déficit externo brasileiro,
fazendo com que o governo utilizasse as maiores taxas de juros reais da
história do Brasil a fim de atrair capitais para financiar esse déficit. Como já
vinha acontecendo antes do plano, as taxas de juros foram responsáveis pela
atração de recursos externos que financiassem a expansão do déficit, além de
funcionar como poderoso instrumento de manutenção do câmbio valorizado.
Há que se lembrar que a elevada taxa de juros tornou-se maior ainda nos
momentos de crise que o país experimentou nos últimos anos.

Durante a vigência do Plano Real, o país sofreu várias crises


econômicas internacionais e nacionais, como a mexicana (1994), a asiática
(1997), a russa (1998), a desvalorização cambial de 1999 e a crise argentina
(2001). Há de se ressaltar que a economia brasileira sofreu essas crises não
apenas pelo impacto externo na economia, mas principalmente pela extrema
vulnerabilidade nas contas externas e das finanças públicas após a adoção do
câmbio supervalorizado e do brutal aumento da dívida pública.

Com isso, em fins de 1998, dada a extrema vulnerabilidade das contas


externas e a percepção do mercado de que era impossível sustentar por mais
tempo o câmbio sobrevalorizado, o Brasil foi obrigado a pegar um empréstimo
junto ao FMI (Fundo Monetário Internacional) no valor de US$ 40 bilhões. Em
janeiro de 1999 ocorreu a desvalorização do Real frente ao Dólar. O fato de o
governo ter tomado essa medida após as eleições presidenciais onde o
presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, derrotou o canditato Lula do
PT no primeiro turno é entendido por alguns como manobra politica.

A utilização de juros elevados resultou em alguns problemas que até


hoje o governo luta para resolver. O primeiro foi a explosão da dívida interna
desde a implantação do Plano Real e, conseqüentemente, da despesa com
juros. O segundo foi o fraco crescimento econômico apresentado pela
economia nos primeiros anos e, em conseqüência disto, o substancial aumento
do desemprego.

Pórem, pode-se dizer que o Plano Real foi um marco da economia


brasileira, tendo interrompido um ciclo inflacionário de décadas e criando as
bases para o crescimento econômico de longo prazo. O Plano foi essencial
para a modernização da economia, tendo trazido credibilidade externa para
uma economia que, até o final dos anos 80, era considerada por muitos sem
solução.

Qual o futuro da moeda nacional?

A realidade da estabilização econômica está profundamente enraizada


nos costumes da população. As novas gerações, que nunca precisaram manter
a despensa cheia para evitar altas de preços semanais, não aceitam a alta da
inflação reagindo negativamente quando isso acontece. A articulação da
sociedade funciona hoje como uma controladora desses índices, que devem se
manter estáveis pelos próximos anos.

A política de crescimento adotada pelo governo Lula aliada à


estabilidade econômica deve garantir a evolução e valorização da moeda
nacional. O enfrentamento da maior crise econômica mundial desde 1930
consolidou o Real como uma moeda forte, capaz de competir com mercados
mais desenvolvidos e moedas até então soberanas.

A contenção dos gastos públicos também deve ser considerada nesse


processo de sobrevivência. O conjunto de metas para o controle da inflação, o
câmbio flutuante e a responsabilidade fiscal, tripé mantido pelo governo Lula,
devem ser mantidos pela nova presidente, e ao que tudo indica o futuro da
moeda nacional tende a permanecer estável e até promissor, pelo menos nos
próximos anos.
Conclusão

Após um longo período de instabilidade econômica, finalmente um plano


com medidas acertadas possibilitou o fim do problema crônico da inflação no
Brasil. O Plano Real merece os méritos pela forma como passou a conduzir a
política econômica, e no controle de preços teve ajuda importantíssima da
abertura econômica do início da década de 1990, que possibilitou o aumento
das importações. Acertando ao manter uma política de câmbio fixo, e
favorecendo as relações comerciais externas, supriu o excesso de demanda
interna e aumentaram a competição e a produtividade no mercado nacional,
fatores importantíssimos no combate ao aumento de preços. A posterior
adoção do regime de metas de inflação proporcionou a estabilidade que hoje é
invejada por muitos países ao redor do mundo.

O início do governo Lula é marcado pela austeridade do Banco Central e


consequentemente por um aumento da confiança de investidores estrangeiros.
Com uma política monetária restritiva e aumentos de gastos acompanhados de
recordes de arrecadação, o país esteve distante da ameaça da inflação, e a
redução das desigualdades, avançou. O crescimento econômico, porém, foi
insatisfatório; o Brasil teve baixas taxas de investimento e desempenho inferior
ao de outras economias emergentes.

Há de se firmar que todo esse processo de deformação não foi


especificidade de um plano ou programa, foi uma sequencia estabelecida
historicamente no processo de planejamento como consequência da
necessidade imediata de alavancar o crescimento, paralelamente ao
desenvolvimento e a distribuição de renda.
Referências

PAULA, de Denis. O sucesso do Plano Real na economia brasileira.


Disponível em: <http://www.viannajr.edu.br/site/jornal/edicoes/3/artigos/O-
Sucesso-do-Plano-Real-na-economia-brasileira.pdf> Acesso em: 10 mai. 2012

INTELIGÊNCIA, Miti. Plano Real e o início da estabilidade financeira.


Disponível em: <http://issuu.com/mititecnologia/docs/plano_real#download>
Acesso em: 10 mai. 2012.

Evolução dos Planos Econômicos no Brasil. Disponível em:


<http://monografias.brasilescola.com/administracao-financas/evolucao-dos-
planos-economicos-no-brasil-breve-analise-.htm> Acesso em: 10 mai. 2012.

O Plano Real. Disponível em: <http://www.slideshare.net/ecsette/o-plano-real>


Acesso em: 10 mai. 2012.

GRASEL, Dirceu. Brasil: Plano Real e a estabilização econômica


inacabada. Disponível em: < http://pt.scribd.com/carlos_costa_18/d/76532429-
PLANO-REAL-E-A-ESTABILIZACAO-ECONOMICA-INACABADA> Acesso em:
12 mai. 2012.

BRUM, Argemiro J. O Desenvolvimento Econômico Brasileiro. 20 ed. Ijuí:


Unijuí, 1999.

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