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Processo nº XXXXXXXXXXXXXXXXX
DOS FATOS
A acusada foi presa em flagrante delito, pela suposta prática do crime previsto
no artigo 155, § 4, IV do Código Penal.
Aduz o Termo da Prisão em Flagrante que a detenta foi responsável por distrair
as vítimas para que um homem, não identificado, furtasse os celulares daquelas.
A presa não fora encontrada com a suposta res furtiva, dois celulares modelo
iPhone 5 e 5S.
DO DIREITO
Contudo, data vênia, tais argumentos não podem prosperar, uma vez que não há
requisitos para a Prisão Preventiva da Sra. XXXXXX.
No que diz respeito ao fumus commissi delicti, os indícios de autoria usados para a
homologação da Preventiva, foram os depoimentos dos policiais que conduziram à detenta,
e que não presenciaram o modus operandi do suposto crime, e os depoimentos das supostas
vítimas. Por sua vez, a prova de materialidade alegada foi o fato de a presa estar,
supostamente, em posse de um celular LG no momento em que foi detida, frisa-se que de
acordo com as vítimas o modelo dos celulares que lhes foram roubados são um iPhone 5 e
um 5S.
Nesta esteira, o periculum libertatis, foi sustentado como óbice à garantia da ordem
pública, vez que fora deduzido que a presa, apesar de ter sido detida sozinha e ela
supostamente só estar com um celular, fazia parte de uma quadrilha especializada em furtos
de celular, que seria uma medida que evitaria o cometimento de novos crimes e que era uma
medida esperada pela sociedade, dando credibilidade às instituições judiciais.
Ora, é desrazoável decretar uma prisão, que deve ser a última das medidas
cautelares a ser adotada, com base em tais argumentos, sobretudo porque a
utilização do depoimento de policiais que não presenciaram o suposto furto e das
vítimas que em seus depoimentos afirmaram que a Sra. XXXXXX havia participado
do furto dos seus celulares porque ao tentarem ajuda-la de um mal estar, pelo qual
ela estava passando, pois está grávida, perceberam que a bolsa carregada por uma
das vítimas estava aberta, e que um homem com quem XXXXX foi vista, estava com
um celular, apenas um e não os dois, igual ao da vítima – acredito que o celular
supostamente furtado da vítima não lhe é exclusivo - é no mínimo desproporcional,
já que tais depoimentos não possuem coerência nenhuma e muito menos
contundência para imputar a XXXXXX a autoria dos supostos crimes, pois, elas não
precisaram se viram o momento exato em que esse suposto homem ou XXXXX
furtaram seus celulares, tão pouco podem precisar se a bolsa fora aberta naquela
momento ou outrora. Logo não há uma probabilidade razoável, indícios, de que a presa é
autora de tal delito.
Neste diapasão, cabe aqui relatar que também não há nenhuma prova da
materialidade do suposto delito, uma vez que a presa não fora detida com nenhum
objeto de furto, tão pouco com os celulares das supostas vítimas, pois como já foi
informado, os celulares furtados das vítimas são um iPhone 5 e um 5S, e o único
celular que supostamente foi encontrada na posse da presa foi um da marca LG, que
não estava em posse da Sra. XXXXXX, e mesmo que estivesse não há nada que indique que
ele é objeto de furto. Sendo assim Excelência, não há provas da materialidade do crime,
uma vez que as res furtivas não foram apreendidas com a presa. Situação que
corrobora ainda mais coma ideia de que não há probabilidade razoável que
caracterize a fumaça da existência de um crime que possa ser imputado a detenta.
Faz se mister ressaltar que, qualquer que seja o fundamento utilizado por
um juízo para decretar uma prisão, é imprescindível a existência de um lastro
probantório que confirme o periculum libertatis, o que não ocorre no caso em
comento, já que não há nenhuma prova concreta que a vincule aos furtos sofridos
pelas vítimas. Neste sentido são os ensinamentos do ilustre autor Aury Lopes Jr.:
“O perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado deve
ser real, com um suporte fático e probatório suficiente para
legitimar tão gravosa medida.”1
Cumpre aqui ressaltar que a Sra. XXXXXX encontra-se grávida, inclusive por
esse motivo as supostas vítimas foram lhe prestar socorro, e vem passando mal na cadeia
com uma frequência preocupante, além de possuir mais três filho, um com 7 (sete) meses de
vida, e que ainda depende do leite maternos, por isso é razoável que a presa responda o
processo em liberdade.
Ressalta-se também que a gravidade do suposto crime e o seu modus operandi, por
não serem gravosos, por si só, já denotam a necessidade da acusada em responder ao
processo em liberdade.
DOS PEDIDOS
1
Lopes Jr., Aury. Direito Processual Penal. 11ª Ed. Editora Saraiva. São Paulo 2014. Páginas 842/843.
Ante o exposto, postula-se a Vossa Excelência, a Revogação da Prisão
Preventiva, já que não há commissi delicti e nem periculum libertatis, a presa tem bons
antecedentes criminais e está grávida, a fim de que possa permanecer em liberdade durante o
processo, mesmo com a imposição de alguma medida cautelar, com a consequente expedição
do Alvará de Soltura.
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OAB/PE XXXXX