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BIBLIOTECA UFBA/RCH * Fernando Henrique Cardoso ‘ONSELHO EDITORIAL, NTONIO. CANDIDO DE MELLO E SOUZA #ELSO FURTADO ERNANDO HENAIQUE CARDOSO Ax’ DA COSTA SANTOS. AUTORITARISMO E DEMOCRATIZAGAO 'OLEGAO ESTUDOS BRASILEIROS os REGAO: 3PASIA ALOANTARA DE CAMARGO 'AAEZ BRANDAO LOPES ICINO’ MARTINS Paz e Terra captroto vi 4 QUESTAO DO ESTADO NO BRASIL (*) Introduedo Dex anos depois da.quebra da experiéncia. democratlzante de 45-64, a semelhanea entre 0 processo polities gerado pels movimento de 64 ¢ momentos anteriores da vids. brasileira gngana factimente o observador, levando-o, com ftegueneis, ® caracterizar 0 regime politico’ por seus aspectos formals, Vista da perspectiva de hoje, a questéo da democracia, tal como se colocava para os chamados liberals de 64, parece tum contrasenso. A carta de Jilio Mesquita onde se’ propse um roteiro para a “‘salvacdo nacional” e 0 estabeleciento da ordem demoeritico-partidista, os discursos de Castello Branco, os rompantes ‘dos “libertadores do Sul, parecems ‘hoje exemplos da falsa eonseiéneia de 0 ‘populismo (que.considerava como uma deturpasio ‘do Verdadeiro principio da representatividade) implicata’ nos Hiscos do astabelecimento de uma ordem autoritarla, O pen Galo da histéria politi brasileira pareceria inelinar-se dem. pre para o autoritarismo levando ‘a afirmacbes democrat. Zantes para o campo do imaginérlo, Como se tem dito: com, freqiiéneia, 0 autoritarismo do movimento de abril ures ehegou a ser explicitamente consciente até 1968 {AL/V). ol surgindo no embalo de eada conjuntura especitica quando, frente @ articulagéo politica de grupos nfo alinhades ay veraherio AiG PREPRCAG para a evista DADOS do Instituto Unl- ‘ertfirlo de Peagultas ao aio de Janeiro dUPERN: ecra ms Son 10H, wt ‘eépirito de 64”, a tropa (ela-se a ofleiatidade), temerosa os “desregramentos” da vida polities, movimentava-se para pedir “ordem e estabilidade”, Era un estado de espirito, male o que um programa definido, sem deixar de ser, por isso, luma clara manifestagdo ideoldgiea (1), Fol assim com 0 sur gimento do AI/TI, com a Frente Atspia, com a eassacio de Lacerda e outros préceres, com 0 golpe de dexembro de 196 com a sucessio de Costa e Silva ete Interpretando esses tatos os analistas politicos termina- ram por batizar o regime como autoritario, mas no totall- térlo. Mais recentemente, Juan Linz (2) propos que se qua lifieasse 0 regime mais como uma “eltuagso axitoritéria’” do que propriamente como um regime autoritario. © autorita- rismo passou a ser aceito em nome de ur conjiinto de ca. racteristieas que 0 sistema politico exibe: centralluacko eres: ceente, em desmedro do espirito federativo (que era defendido pelos “histérieos” de 64); preponderineia. do Exeeutivo_s0- ‘bre os outros poderes (que, em certas elreunstancias, per dei substincia.e passam a camprir fungées quase omamen- presicen- tais, mas de valioso simbotismo, eomo nas sucess clais); convivéncia entre a ondém juridiea (existe tna Cons Ltuigto) e 0 arbitrio corporitieado no AI/V: censtra A im- prensa; condicionamento da cultura; em stima, um regime 4e lMberdades preseritas, eujo exerelelo ¢ restrito, ¢ de arbitra. redades que se rotinizam, Prente a essas caracteristicns, a maloria dos textos ana- IWtieds sobre o regime brasileiro inalste em que, apesar de ‘tudo, no eabe a ele o qualificativo de totalitario e, menos ainda, de fascista, porque, basieamente, o regime no & mo- Dilizador, no eoustréi um partida, guarda intencoes plura- listas, nfo regulamenta de forma estrita a vida eotidiana da “sociedade elvil”, ¢, quando o Bstado tenta fazt-lo, nio con segue impor seus chjetivos & pratiea, Deslocada pols a andlise para este plano, parece que as Dresses da chamada “linha dura” militar terminaram por obter dos “democratas de 64” concessées substantivas ‘na (Wee a ate reapatto a eriticn de ‘ina “razologle em Poplnes ‘tortaros”, Pus 7.1078 {@) (Cf, sitio capitulo da coletnes organisada por Alfead ‘Stepan, Authoritarian Bracll, New Haven, Wale University Pree 1073 388 1 Lamounier a Ju Bo Paulo, CEBRAP, cordem politica e no eontrote estatal, embora aqueles iltimos, como elite idealista, tivessem guardado a intangitiidade da Ideologia democratica, Bsta conclusio levaria, como de tato tem ocorrido, a desiocar o debate politico para a questo da legitimidade da ordem autoritéris, Bon parte da eritiea 20 autoritarismo ¢ da expectativa de transformacio do regime segue esta linha. A discussGo em termos da legitimacao ¢ instifuclonaiizagio do regime passou a preponderar. A eri- tiea tomou esta direcGo principalmente depois do governo ‘Medici, quando os pruridos histérieos de democracta foram substituldos pela preocupacio com o creseimento do Produto Nacional ¢ quando a oposicio entre “linha dura” e “demo- ratas” foi substitufda por uma espéele de pacto em que & mentalldade favorivel & ordem engolfou parte considerdvel da resisténeia demoeritica ao regime, oxistente dentro do proprio Estado, Este acordo entre as duas principals faogées do regime, a favordvel a uma espécle de “ogalidade revolu- clonéria’" de inspiracdo formalmente democratica e a faegdo abertamente repressora, parece ter sido possivel depols que fas Impaciéneias da linha dura eoderam diante do rigor com que o governo enfrentou a resistencia dos opositores, elim ‘nando pratieamente a reacdo armada e cortando pela’ censi 1a ¢ pela intimidagio a critica politica. Nic desejo discutir exaustivamente neste capttute os as- pectos sociais e econémleos subjacentes order politica ‘tual. Mas parece-me que, no plano propriamente politico, 4 caracterizncio acima e 0 debate dela decorrente so ineu- ficientes para entender 0 que ovorre na con{untura presente © para indiear os tragos fundamentals do regime, As Questoes de Base ‘A historia da politica republicana mostra que existe um padrio de ajustamento institucional que se tem mantido constante, apesar das varlacées na conoepedo da ardem {u- ridico-politiea e, até certo ponto, do grau de sua diferencia- do interna. Com distintas nomenclaturas, praticamente to- dos os que procuraram pensar sobre as institulgées politieas brasileiras referem-se a um mesmo padrio de organizagio ¢ controle Politico: elitismo, politica de edpules, regime poll- 189 4s J ty mht emmy iy ins Se ge gaa eee oie iis comp near in orn, Tal i,m Poe Sackett a eo imines ney bea a suing escuela, te ae ssas caracteristicas resolve! Giaterstons formats do eitismo sutcesdico no ol ess na primeira crise epublieana exit) to asim elms onan sty an ioe hot A Bo geen fant St Ret. ie $84 alladas frente a0 Tmpésio(e portant fon4ngrs So 2s mn tate vali, Sai eng, ene rn Stead «Poe's 190 Ra ime Sear aa senhorial escravocrata) que, uma ver vitoriosas, tinham que ‘Gividir geu peso relativo na ordem republicans, o charaado Jecobinismo florianista (que expressava a presenca ativa da ‘corporaedo militar e, de forma mals limitada, de sctores de toma classe média tradicional urbana) ea Durguesia rural dos eafelcultores. Campos Salles ampliou e coditleau 0 ¢& quema elitista de mando, dando vor as oligarquias locals, mas limitou a participacio militar e a da classe média. ur bana, Rodrigues Alves ndo apenas consolidou esta ordem, mas foi a expresso vigorosa de uma elasse em plena ascen so: renovou, expandiu, “teenizou” 0 pais (4). O alentada {ra- feagsndo que 0 jecobinismo desferiu-the estava frustrado de antemao em termos politico-soctals porque os opositores ‘go tinham como dar vida ao projeto politica que alardea- vam. Nem com Hermes, nem com a Reacdo Republicana, as {orcas opostas as burguesias agrérias lideradas por So Pau- Ig puderam desvisr, Aquela altura, o curso dag coisas. Nao hhouve “rise de legitimidade” (denunclada por*Rul e tantos mais) eapar de abalar a forca da oligarquia, Esta nio pro- vinha da forma oligdrqulea e tradicional do. exerciclo’ do mando, mes da pujanea ascensional da burguesia do café, que fol capaz de mobilizar recursos ¢ solucionar problemas nacionais tal como os equacionara a partir de seus interes- ses, sob @ condleGo de que se vineulassem, de forma subor- dinada, aos interesses mereantis e financeitos internacionais. ‘Nao chstante, 1980 nfo estava inscrito na trajetéria po- ition brasileira como conseqiiénela da crise do eaté. Fol a fordem restrita criada pela Republica (ou seja, pela elite ‘agro-exportadora) que defintu, no plano potitico, uma inca- ackiade de absorcdo de novos atores e tornou obsoletos os Fecursos usuals da polities de eipula, Estes tornaram-se In- suflelentes frente ao assédio das novas questdes riadas pela emengénela de situagdes quo a ética tradicional, baseada no Imobllismo e na forga, era incapaz de encarar é enfrentar. ‘A questio de base, subjacente & instauracdo de uma or- dem poitiea, é, portanto, a de regular os atores legitimos da ‘arena do poder e, ipso facto, a de exeluir com éxito — e vio- Ténola, se necessérlo — os grupos, classes e fragdes de clas- (Vela-te & admirdvel bogratia, de Rodrigues alves felte por ‘Aono Atisos de ‘Mello Franco“ Rodrigues Atges. to de Tare Galego “Gocumentes Brasiirs, Ealtora da Universidade de SA0 Paulo, 1978 191 se que se tornam tlegitimadas pela situnéo polfticn vence- Gorka condigdo por assim dizer “historia” que permite a Gm grupo emergeute de atores politicos auto-afirmat-se como Hands do poder e para encontrar acoftaedo dessa posigéo na Spedibnele dos demnais depende de uma equacko entrs 0 re ‘curso & forga © 0 e3 ‘que o novo grupo tenha (will Sai reeursos inateriais ¢ eulturais que controla e adotan- Zo medidas paliticas que sua imaginapio permita) para Te- Solver umm eonjunto de-problemas que aparever como crucials Sum dado momento, Embara a solugdo encontrada para estes Shemas enceminhe oe inieresses (socials, econémicas ¢ Ponttices) do. grupo especifico que est no poder, ela, pare Riinkmizar 0 veo da forga, deve sparecer como proposta “em ‘Denefielo da communidade”. neste ponto que cobra force & Gjuestdo da ideviogia e que a ciscussdo sobre a legitimidade fornase importante (3). ortanto, so opsrtunidades histéricas de uma situacdo potitica emetgente dependem do modo de articulagso entre Vlolencla, copncidade real de disponibilidade sobre recursos (coonémicos © gocisis) ¢ imaginacdo politica, Este dltima Medupla acepedo de defhnlgao de poltieas e organiragho, de {atsatdgios, por um lado, e, por outro, da criagso de um ins. uments’ simbélieo que ‘assegure magica indispensirel~ fara tomar Hdeologieamente quase-consensual o interesse do Hfupo no poter. Simpifieando mullo, € possivel dizer que EQguanto o segundo hivel das condigGes de instauracio de fim order polticn aqul menctonada — o dos recurs0s e20- omicos e socials —ultrapassa o “sistema politica” e se lhe Zpresenta (até certo ponto) como dado, os outros dois so Glpecificamente poitices. Isto nfo quer dizer que a anllse deve ser felta em termas destes itimos, mas sim que as Ie fnitacdes extra-politicas ao Désicas para a andlise ens pelo menos dols senthdos: conformam o perfil das possiilidades tam a imaginaedo politiea a descobrir recursos capazes de alterar & composicdo dos atores politicos, chamando & GH Wer Bouwar Lamounter, Ideology and Authoritarion e- imes: theoretical perapectives and a study of the Braxton cas, GR"D, dingertaion, U.C.L.A., 1976. 0 balango criti feito neste Eenbatho sobre: a tcorla, das ideologis, as proposiobes teéricas ele EWpeclamente, o couuema snalitieo da situngzo brasiera alo fun- Gameniais © leer verh que neste euswo Utllao sigumas Pugest6rs Sit deoenvotvidas, ee” Ce cen ou dela excuindo grapes, classes ¢ stores socials que Sctestentam ou dumimuef or recursos 0 eopestdnaens At fos rea que o rug peer tent oe el, Quads ‘laa onshore nu und @ conju. doe eondlhenrtes “etra-poiices"(), a observagio sore © sont, pice rae a equasto tnear entre’ vilSnele © iegeubaess ‘uma supe-cimpiieagao ao conjunto dos, comgenenten oo Brocesto Pliia, im easo eontrtio, quan ode enalondes Apenas of condicionantes traumas, pole aparece co 1p epfendmeno, tornando © agdo irenaformadsre conse gitnela meciniea de obscuras forgas ooultas na base eatri- © Estado e a Legitimidade Bm box media 4 alacustio sobre o “modelo pltea” remicnie no Br pis. em ost & magen vit de cron pllcose-0 do contorno' acta (at Sei ae oi legitimas, exculdos, moblixivels euoptases) pars reste, girs h a dilate nto oem ttm Ca Ee ds formes mas ou menos sors ques soph ‘A propa earscerangho corrente sobre autorftvimo, vom oom dsaio sor ne nga deoeatants oe hte de Oca rear dos pragmatiers de pects com requnela_ pelo formalsina” For" orto a dates ‘ere Faldo ‘Chi gu purpartiamo, eats ou edesaso, ‘Elgin de ita ot esti eoegick tte, ato quests elevates Mag desta te nso ons at ‘Teste Basen pata eavaceseto ao seem rattan dhe pera wet adm fermulada: trtaae 80 poltee™ (od fej, defini na arena pelea) compencnter que nio S20 Gerinedato poiiconEaendendoe gue tanto ovata vb Boece © us a leno sso stataneaoete Poll re ee eee nes eit arty, lo ate sri oll ag eat. ea Pees Correa isenn iin rae Saitseseatyrae sea be els es poem Soe Pats aeinn ta ee Pele ours & eeciceet ser ee Pate Suara 2 nicer male os 198 Portanto, a questo de base nfio 6 saber se o regime usa ‘mais ou menos forca, tem malor ou menor eapecidade de pro- paganda e de difusio de valotes, mas a quem exelul ¢ a quem ‘tral com este uso e quals os recursos reals dos que s20 atzal~ dos eo dos que sio excluidos. A questao da nattrezs do tado, da ideotogia, do tipo e grau de apatia ete,, tem que ser vista deste angulo, para que ge entenda a articulacio real que forma a teeltura do regime de 64. 2H neste ponto que a observacio sobre Estado ¢ ideologia ‘encontra {ustifieagao para analisar 0 rogime de 64/60 eos posterlore’ desdobramentos. Nao desejo alongar consideragées fedricas sobre o que seja o Estado como forma de articutacao entre as classes e como matrlz dos valores racionalizadores esta articulacdo. Mas € fécil entender que, da perspectiva sugerida nas piginas anteriores, o exerelelo da hegemonia or alguns setores das elasses dominantes depende aa capa: eldade que cles posstiam para, ao manter as normas de excit so politica (e, portanto, ao exereer em algum grau uma acao coaiora), assegurar, a0 mesmo tempo, uma tetribulgdo obje- {iva das demandas cconémices e sociais das classes no poder , desigual e assimetricamente, atonder as demandas das clas- ses dominadas, bem eomo fornecer a bateria de retribulcdes simbolicas que permitam transformar em valores de quiase todos as normas que moldam um estilo de participagdo © organizagéo politica que, de fato, garantem especialmente 0 atendimento dos intereaces dos setores divigentes e das clas- se5 dominantes, ‘No hi novidede nesta caracterizacio, mas ela evita, pelo menos, os equivocos de uma interpretacdo liberal do ensamento gramsciano, que reduz a nogao de hegemonia & de consenso e transforma o problema politico fundamental rng discussio da legitimidade (7). Por este caminho difiel- (Dito versio tberal” porave @ pensamento de Gramse! sobre’ matéria nfo era tinear hemn sispllta, Assn, por Gterpie, 0 discutir evo’ se snalisa ua “situacho" polities ue Para ee Gonsistia em “estabelecer op diverson grace dev telagoes de orga”), fublinha que se deverla comeqar deserevendo as relsgocs ntcenielo: ala otc, are pasa a einer sells ciety Cou sa to tran de desenvolvimento das forgas prowutivas, Aa tela de forea Paltia @ de partido —~ slstemes hegemnieas xo tateror do Eotace = Cdn @ Ae telabies politicns iiediatas, Rees titsas rama sontidérava como “yotenclalmente miltares’. Wer antonio. Gras Note sul achieve, sulla politica ¢ sallostato moderns, ‘urn 194 ‘mente se chegaria « reconhecer que’ movimento de 64 eriou luma nova situacéo de hegemonia, posto que a legitimidade 4a ordem estabelecida 6 restrita e gue, no plano juridieo-ins- titucional e no plano ideolégico a “sittiagko autoritasia” bra- sileira apstece como contraditéria (Constituigao versus AI/V; ‘tendéncia democratizante versus pruridos faselstas-represeo- res ete.) Nao obstante, quando se aceite, como eu fago, que a ‘hogemonia do bloco de poder se exrer, de forma Imediata sobre as classes dominates (c que implica na distinglo en- tre classe dominante e fracio ditigente) e que a ordem sim. Déliea ¢ criada pelo préprio exercicio da hegemonta (8), flea claro que me parecem formals e inconseqlientes as aigres- es sobre a falta, de leritimidade do regime brasileiro, Gon. sidero-o “legitimo” ou nffo, segundo a eapacidade que tenha demonstrado © vena @ demonstrar para definit € mater tepras de exclusio socal ¢ polis capezes de garantie retsi- ‘buledes “(materiais e simbélicas) para as classes dominantes ede gerar, pela forga normativa da matriz estatal e institu ses conexas (ou, para ussr expressio mnarxista.contem- pordnea, pelos “aparethos ideolégicos”) um eanjunto de Va- lores, ereneas e préticas que reproduzam a ordem vigente. Por conseqténeia, néo minimizo a ordem instituetonal ¢ simbéliea, “mas trato de integré-la no contexto mais amplo da dominiaedo. Nem, muito menos, ponho em segundo plano Bnav, i000 p. 40, Mio cade neste engl uma, direitos Basia lembrar gue'no memo capitulo de onde tital a5 chagses te ta Teaparece a noclo de gues relacho entre forgas palitieas (nas ‘quale 0-grau de homegenciuade, autoveonscténeia € onganiengdo Gos Erupos é-eesencial onde, bortania, ee define © Dossblidage da es emonis), € um "momenta suceaive" da andlise das foreas soca, So qual sueede o tereci momenta, que éo de “relacko daa forgas Jnilares imedisiamente decisivo, segundo as ercanstinelan” (om, ‘tem, pp. 82 #7. (@) Buciarecenda:_ndo existe, por um lado, um problema de valores, or outro, um problema de coergio: A'propriacoergio extr= tia para reaolvet probiemas de um dito a7upo. tow da eecednde) tera, ao resoloeioe (quando os rescive ou quando ge tmesminna de ‘odo “garantie as Je reteridas cetibuicbes‘Materiis, desigua, ‘mente ‘aiststbuldas, mas, globalmente postiladee come ‘neceshriae ara & nacdoy, aa Gondig6ee de exatoncie doe valores, simboles,con= fetidos morale ete. que paseam a Inteprat a ordem dominanve te to stimento indapensével para, sua Integraet0) 198 f andlise do Estado, Apenas, quanto a este sitimo problema, tnearo 0 Estado como 0 locus privlegiado no qual se dA a rficutagdo politica entre as clases ae estrutura primaria- Inente a idedIogia. Ao dizer Isto éxtou aflrmando que'o Estado ao mesmo tempo um felxe objetivo de conexdes de intreste um eadinno és ius6es. Ble ao mesmo tempo que consolids, {ntereses e molda politieas especifieas que detiieam 0 pert fos veneedores, elabora tambem o retrato transfigurado dos tencligs: desenvolvimento "numanisedo", omens conno ie ta, 2 edueagio para todos como forma dé fetribuigdo de ren aa ele. ete. s80 projeqdes da cara da necio que nfo existo fas que pera cousolidar sua face verdadelra aso tao impor {antes quanto reais como aspiragdo, como ilusdo e como fangso gocial, Assim, eu, pense o Estado como forms, como arena, como tastriz de valores e, last but not least, como of ganiagao, Penso-o, Pols, como ‘objetivamente contraditoro, fa medida em que ele alntetin o Interesee particulat ¢ aspiragio gerul ¢ que nele se degindiam interesces no sem> pre homogeneos, Entender 0 “modelo. poliicn™ da. Brasil Ennoiste, antes de mals nada, em expliciiar a forma estatal, organizngio eetatal, a ideoiogla do Estado, as politieas por tie engendradas, Ao fazélo, explcitam-se os que. manda, eneficindos, os que slo excluldes © os que Dar © Estado e as Classes AA releltura das declaragbes dos Yideres vitorlosos de 64 eo acompanhamento da atividade das organizagées de classe © dos movimentos socials ocorridos imediatamente antes & depois de margo/abril de 1964 mostram que os analistas que naquela 6poca viram um confronto “‘léssieo” entre as classes € 0 fortalecimento das burguesias com o golpe, partiram de boas pistas empiricas. Tdeologia ¢ pratica pareciam apontar para Um conilito entre classes que se resolveria, a ser certo © diagnéstico, por um perfodo de “reacao burguesa” 20 fim ‘do gual uma ordem democratico-burguesa (8), embora auto- vitétle, tria prevalecer. (S) Veja-ce, cqpecaimente, a carta de doo Mesquite “poleize da Revolugio" publceds em “0 Btedg Ge 899 Paul HAAG O proprio Casta Branco, Jat, revindloava oma eontinuldade ive a cferesee ke Feformas de GOue jemoeritiea: “Ae propostsbee de Nio exam poucos, néo obstante, os elementos de conser- ventismo agririo e de tradiclonalismo clerical que tisnavam as possibilidades da ordem burguesa formalmente democré- tea que os revoltosos mais falantes pensavam implantar. O predominio daqueles elementos era enfatizado pela critica de esquerda que, menosprezando 03 espectos de modernizacéo conservadora apregoada pelo setor “liberal” de 64 (no plano politico e no que dinia respeito ls orgentzages da socledade ivil), considerava inevitavel uma "volta ao passado” (a0 ‘aselsmo). © apoio dos setores latifundiarios, da classe mé- dia reacionéia e da direlta militar ao movimento de 64 pi eciam suficientes para bloquear a fraseologia Uperat-juris- dicista que era apregoada pelas tendéncias centristas exis- Yentes no novo bloca de poder e para dilulr os interesses “fi. slologicos” da massa do pessedismo que aderira ao golpe como propéeito de voltar ao Poder através da elelgio do Suscelino Kubitschek, ‘io obstante, que et saiba, ninguém previu que por tras das declaragées mesmo eontrariando as -politicas postds fem prétiea pelo govern Castello Branco, havia uma matriz, ‘de organtzacdo polities que para ser entendida dependia me- nnos da leitura de Locke ou de Hobbes, do que de Hegel... Curiosamente, nem mesmo os marxistas (que, se supse, t rao ldo a Critica da Filosofia. do Estado feita por Marx) fadvertiram, na época, @ possibiidade de quo, de fato, apesar as intengdes e dos interesses de alguns setores das classes dominantes, 0 carater dependente de economia brasileira e f2 tradiglo eentratizadora e burocratizante do Estado brasl- lelro aoaberiam por redofinir 0 quadro institucional. ste, ‘como hoje & claro, nem se roorganigou para servir aos inte: reseee “tradicionals (agro-latifundistas-ex es, classe eformas que esto al, no sfo dele nem minhas,Pertencem 8 tase da fvolugie brasiaira lalclada em 10i6", tw 0 selado de S00. Paulo, Sije/eh. De. Castelo Branco cxstem inimeras deelarasbes sobre tilasho' de “resiauracio da. democracia braslelre, Nao coment” do ovo, pelo pova e para o povo, mas também a da pratlea de ama con= Expoia de vide em que encontre 0 rexpelto& dlgaidade do homer, fn justiga social (1) im O Betado de So Paslo, 16/1/04. MMesm0 6 Supirante Rademalier (anta era a presaho dos valores democriticos) isla que “a nevolugto vitoriea 66 podera consoidar o seu telunfo se Svancer corajesamente na linha Ga realmagso de. uma vergacelra emooracia patios, econdmica © social”, O Estado de S00 Peulo, nes im « média burocritica tradicional, setores profissfonals “berals, Dburguesia mercantil-industrial do balsa competitividade ete.), ‘nem, ao dinamizar o processo de acumulacio e ao chamar (0 téenicos e militares para os eirculos intimos de decisso da alta céipula, tomou o rumo detinido de fortalecimento. dos instrumentés politicos de salvaguarda aulénoma dos inte: rresses empresariais privados modernos, + Ao contrérlo disso, gerou um sistema hibride que, aten- endo aos interesses do capital oligopélico (e consequente- mente das empresas multingcionais) tratou de fortalecer, a0 ‘mesmo tempo, a Empresa Piblica e de ampliar a area deck série do Gorerno e su etpacidade de contole sobre 8 soci dade et .0 Prineipe © 0 Bstado Nip acompanharel no pormenor neste ensalo (10) o8 pa sos 6 a5 fase dn construgao do Novo staao bitlco, Com ‘mn reterir conto ge embrida do que velo & set @ ordet inattuctonal ore vigente comecou a pestlarse ea just de 1964 quando o-governe Castello rompeu a sllanch com © P.S.D_e caso on direitos de Kultgeeke Havas 0 si fen de per do aio pastel das dernean conserve. ‘at tradicional, o regime trae na eontingenea de depentr Pollissmente de duas foreas eontraiterias a tendérta tr toralurisdleista da U.D.W. ea tendénela propriamente mi Marista, cuja feo aparente locaizavase um tanto "dens. Heamenie” no furor purgatélo dos ehefes de 1-P-M., mas cija, base real asseniava ba “linha dura” iiitar. Bit, ae falves para a maloria de seus componentes, em 1964, ainda fuardaiso a inleneo de ser “restauradora” da democracla da purera administrativa, tinha um substroto veal no pete Samento ellsta e no apego ao estatisma © 2 expunsio bare: trdlco militar do estado. Viet, como Hegel, na burectacia ‘expresofo “lvl” do Estado e nas eorporagies tivis © esp ‘ito “esata” eapar do reeimis a sciedade, Ein pouco tenn oes afnidades eletivas (ede interese.,.) ent o integra Hiimo caboclo eo autoritariamo burocraien reeoontrarsan- 20) “Below proventemente preparando um estudo bistrlen-po- tico sobre & formset do nove repime, onde discutie! estas questoes 198 se e puseram em debandada os {mpetos democratico-iberall- zantes-jurledicistas da outra face do governo Castello, ‘Se no plano politico este proceso demorou um ano ¢ melo para amadurecer (com o Ato TI) © para expulsar do gorerno Castello a tendéncla Wberal, no plano econdmico — ‘algré a atribuida ortodoxia de Bulhges e Campos — ele Amadureeeu mais rapidamente. Os ministros encarregados Gesta area tudo fizeram para combater as impurezas que perturbayam 0 modelo econémico com que sonhavam: cer- Senram os interesses agraristas na politica do café, censu- aram os “empresdrios parasitas”, crlaram os instrumentos Financelros que Ihes pareceram adequados para. vitalizar a acuulgao, apelaram, enfim, para @ primazia do Capital (e, primus inter pares, do capital estrangeizo). A “‘satde” da Economia, entretanto, dependia menos da “modernizaga ‘empresarial e do “espirito de riseo” do que do controle sala- lal, do controle do gasto piblico e... da eapacidade que © estado tivesse para tornar-se, mals © mais, empresério € tor de empresas. Com isso, em vez do fortalecimento da "so- cledade civil” — das burguesiag —- como parccla desejar a politica econdmico-financeira, fol-se robustecendo a base para tm Estado expansionista, diselplinador ¢ repressor. Quebra- ram-se 03 sindieatos, quebraram-se os habituais limites e for- mas de Interzelagao entre o interesse privado e 0 piiblico, passou-se & “legisteragio” por decretos como rotina. Castello Branco, ao que consta, nfo queria ser Bonapar- te nem Luls Felipe. Talvez preferisse ser De Gaulle. Mas, ‘onde basear “a grandeur” para, como fez. o general francés, Jimitar, em nome do "interesse da soberania do povo” a allan ‘ga entre 0 monopélio ¢ o Estado? Na Franca havia uma tec- nologia prépria para fazer a bomba atémica, capitals para renovar & grande indsiria e 0 Mercado Comum para set ‘moldado e liderado. No Brasil 9 grande capital era estran- geiro ou do Estado, a tecnologia alugada e condicionsda © ‘em Vez do Mereado ‘Comum, como blceo internacianal de po- der, havia apenas o fim da guerra-fria com a heranca de tuma teorla da guerra revoluelonéria onde o inimigo era in- temo. (© resultado foi que o Prineipe se substantivou no seu predicado, no Estado, ¢ este fleot sem sujeito aparente, como {ogo se vit com a eleicso de Costa e Silva, Uma maquina que asso a ctesver ea eer aulogerida, baseada na force da 108 sllanga entre o monopéllo estatal e as multinacionais; no infegrlismo ‘elisa que tem horror bila de repeesatae ioe de soberania popular e na ética da guetta reveluclo- aria, moribunda no mundo ocidental, mas eandicionadora de comportamentos no Bras Neste contexto nasceu a interpretagio da “falta de legl- ‘Umidade" e crise de hegemonia. Nao viram os analistas que © Principe moderno, no easo brasileto, nao € 0 Partido, como nna asplragio gramsciana, mas € 0 proprio Estado, com to- das as implicagies teéricas © pratieds que esta sittacdo co- Joea, A Fransigéo ‘No inicio da gestdo Costa e Silva serla difiell ainda ima- sinar os contornos do modelo politica em gestagso. O mare chal subira 20 Poder contestando abertamente a forca de condugao politica do goyerno anterior, Parecia atraneay stia fores dos “rank and file", da tropa. Néo faltaram analogias faprestadas com Bonaparte, A idéia de “‘vaslo de poder” (eat eeito que, confesso, nao chego a entender, pols o poder, para mim, obedece & Tet de. expansio dos gases...) escondia a fgnoréneia sobre os fatores reais de poder, Tmaginava-se que 0 Presidente faria a multiplicagdo dos pies e determinaria 2s rogeas de sua divisio, De fato, no plano ecandmica foi assim, 86 que nao foi o Presidente quem determinou as regras do jogo. E no plano politico, enredada ainda com as forcas 60- ciais e institucionals do ‘passado e pressionado.pelas novas forces (indicadas nos parégratos anteriores), o Presidente fol ficando acuado e teve as bases de seu poder decisGrlo roidas por dentro. Se houve algum esvaziamento de poder este fol precisamente 0 do candidato (e ngo auto-candidato) a Bona- parte, Mas 0 “vazio” logo fol ocupado pelas novos donos, na- uele instante, do poder: a linha dura militar, os setores es- talistas © um novo personagem, a eruzada da repressao. Em conjunto, no piano politico estes atores passaram a constitult 8 base do que se veto a designar como o “Sistema”. Costa e Silva subiu ao poder reagrupando a oposi¢ao po- litica a Castello: a parte do pessedismo marginalizada, o ‘empresariado nacional contrariado pela politiea econdmica de ‘Campos, a “linha dura”, que também queria “numanizar” a 200 ee = politica econdmica © se aliava aos setores estatistas contra © favorecimento das empresas estrangelras Teallzado no go- Yerno anterior, e até setores sindicals da eipula neo-peleguis- ‘ta que estavam contra 0 arrocho salarial e, ndo podendo vol ‘tar pela base & politica populista, viam na onomia: presi denclal um sinal de paternalismo’distribucionista, Em poucos meses desferse 0 quadro de bonanga e até ‘mesmo a Constituicéo que fortalecia 0 Executive de 1967 pa- rece “fraca” aos setores mais totalitarios do governo, A maré crescente das manobras politieas da Oposigao (tentativa de allanga entre Lacerda e Juscelino, com apolos jangulstas), ‘9 movimento urbano de massas (estudantil e operatio) ¢ 0 ‘inicio das atividades da oposiesa armada levara a0 scirra- ‘mento das lutas politicas © uniram as forgas estatistas e Te- Dessivas, ndo sem desafogo por parte da burguesla, Em de- gembro de 1968 o AI/V demonstrou que para os naclonal-es- tatistas do general Albuquerque Lima e para o “Sistema”, a oposicio ativa nas ruas © no Congresso eram ineompativels com 0 desenvolvimento e com a seguranga nacional, Os episédios politico-partidérios ¢ as tentativas presi- denciais de restabelecer ordem constitucional aparecem hoje como estertores das aspiracées democratieas que ani- mavam parte dos Iideres de 64. Em lugar delas, depols de ul- trapassado 0 perfodo agudo da reeessio que comecara antes de 64, as questdes politicas se desloearam da diseussio sobre © chamado “modelo institucional” para o “modelo econémi- co brasileiro”. Comega uma etapa de “realieagées © pragma: ‘tismo”. Puncionérios, Empresa e Anéis de Poder . Durante o governo Medlet o que fora tendénela e faccéo nos perfodos anterlores se transformou em norma majestora de governo, A busea de legitimidade deslocawse da. plano politico pare a plano econémico onde um amblcloso progra- ‘ma de “Brasil Poténela” passou @ orlentar as metas € & pIo- paganda do governo. o que fora preocupagio com a lega- lidade se transformou em inculeacdo Ideolégica. © regime passou a desefar medir-se pela eflelénela mals do que por qualquer outro crltério e antes pela eficténela eco- rnémica do que por seus acertos em qualsquer outros terre- 201 nos (11). Quando, depois de proionyado periodo de auge eco Bm entre 1060°¢ 1005, 0 motelo de. “desenvolvimento Gependenteassocindo” bacesdo no financlamento externo e na iRimieaguo. dns exportacoes comegau a sofzer os transtor- foe eoperad de uria economia eapitaista de mereado aber. to, 0 governo porque depentia de um espéie de mito de aeolian e de txts retubankes pra su ke timagao, fol langsdo. mao, em forma orescente, da, ideo {opin e da propaganda, Prati poucn ertogoxas de informa ao foram ‘ustdas para asingie go metas de controle da in- fingao por vin extaistica, para manter gragas a este arifilo fe snlarics deprimidoa, parm minimioar os efeitos ‘negntivs gh ie cia sear mie ola pba Ghegando, em 1974, a crlar uma etuagdo cmonragose te ferdeios do modelo de eresclnnto’ continuo. ‘Enquanto daroa a expansio fell da cccnonin exporta- dora e indutrialsante {assim como howve bonanga 10. pe odo de Rbltscbek durante 0 perlodo de “eubetiig fda de importagoes") as quel pollens de base pudefamn set confides pela repress, pela dbologiao pees redaagies oo. ans, Poe fu a renpceer cm 0 vig abil colocantio, agora sim (se a taceao dirigente neo. conse eorientar as polileas) um problema de erie’ de condiggo palitien 12) ‘No entretempo, 0 regime se earacterizou por uma espé- cle de. delegacdn da politica para a teonomia'e, nest, pela tmerginela do teenoerata eotno.petsonagem politic, Bara fer male precio, houwe hilo apenas a delegaeso no sulraga- Gn do elxo dan deelaies para os selores esonbmicos como, no terreno pollen, eonsubstanelouse em plena autoceacia pre- ftlenclal formal a inversfo entre eujeto e predicado que tne rolert elma, Com efelt, 0 poder presidencial transtigu- yovvso em slmbolo aanelonador @ 0 Eslado pastou 8 serelar {ho siglo dag reunides de altos tunclondrios) spor "a8 de clas palteas. GD) Ver Ceo Later — “ratema Poticg Brasio: tgumas cecal © pire, Rava “Date, Bs a (12) Fen, portato, que o govrno Goll enfrinta una tune gio et autre ope ‘pla Esato de alias of esse, Sian nao herha pra part ses recom wo seta Se ph Css donee 202 > No fim do gorgeno Medie,ervaiads a, ago presidenetal, smarginalieado 0 Congresso como fol (testo Ge, passands a reneeet efuncio smiles do antes a "egalieae aon Sigua de ‘Gonsttuledo emendada por alas constitucionals fmanados da presidéncia), manta o also dn Sustien Stiue no prasad form 0’ minlstatn policy por exlenea = Volado Para a questo napolebnicd ‘da “telorma dos Cb aig 8), fetta «vero ds partidos” (ou sla, 0 Be Culvo sustantando os partidos, tohtrolandoss liellasdo-es tte, © nao o contiri\, a cupacidade.decsta,eeorrego, tnais'c ns pata o automatism do “Sisttma’™ Este, ne os pesto poltcoadiministrativa petece tere substantade fa Eeao de alguns alto funlondcioe de'seguna niin ee titeds seaporsabildade poten (como fl 0 caso ta chile do gatinete civil da Predttnn)e expetiafnente no poder de volo exercido pelo Bervico Nacional de Tnforagbes ¢ pelo aio Prgmo ds mie sontvoldaras (cro esr de Genisbraerepressors’enmo as operacbe eects de ene Bate A subversio) do Eviado,toco, aifetn ot indietamata Aependentes de drgion inlernos da forges srmades Pouco a powco os offeloseriuados no se sabe de onde © sssinndos do se sabe por quem (As seus sneras erosineay [mara a suprir,no colidiano, «fata de uma eaboca pol es responsive, existinela ee tgdos partis: sages de schumir of rcs da propesigdo ds umn pliten cts Cony Soretivo A tendéneln nocearisoente bingcratbanio © ‘ceflia poitiea que uma descontaliagio de poder interna 0 apareo de Estado eatsn noun regime que f entralador € sve, poranta, fortalcee © Eatado,extabelecen-se ta sata, {egia de dinamlzacto da maquinn administrative atrares os chunados “projetos-impacto", quando, entre as multas agtes @ planos contervados no enoniinato dos gublaetes teomon burocratiens, escolhiamse alguns (de eflto propagandistico prevail, etabora no necessarlamente injustiticavels teen (43) Pena que até hoje nenhum clentista socal nafa deserito ‘om a Sronia necessarin a tareta de Saifo de “ordenay e codfiear” @ Ae fe dedicay parte importante do pensamento Juridlen, brasileiro, Sob a betuta do endo minitro da jutiea, Ratorgo algo raiewio quan? do realizado nura Bstado de Excerobo t numa soviednde marcas pela ‘uddnga acelal rapide que, em varios atpecias, ¢Induida do exe” ‘or por forge di exparsie de economia dinamianda peles empresas sultinacionas, 208 ‘ca e pollticamente) para, por intermédio deles, eomunteas- ‘80 & populagio que o governo (e, especialmente, a Presidén- la) tins uma politica e velava pelo interesse da nagao (14) Controlada a imprensa, cothida a oposictio ¢ exitosa a ‘expansdo econdmica, tal tipo de relacionamento simbélico ireto entre a Presidéncia e a “‘cidadanla” teve como resul- tado fortalecer a “autenticagao” (se bem que nao necesss- rlamente a legitimidade) do regime. Por outro lado, se 0 odo de articular a “sociedade civil” fosse semelhante & forma aci- ‘ma deserita de peganizar a “sociedade polities”, nfo set como se poderta maiiter sequer o qualifieativo de autoritario para lumi regime quo exibia tragos to fortes de totalitarismo.(e ‘menos naturalmente como qualitieé-lo apenss de “situagao autoritaria”)~ Entretanto, o regime nfo so constitulu apenas como um clube de fimelonéries, mais ou menos eontrolados — nas Ik ‘nhas mestras — pela corporacéo mallitar. Ele fol também wm regime de empresas. # este, a meu ver, 0 aspecto mals rale- ‘yanle para a discussdo politiea sobre o chamado "modelo bra- aleiro”. De alguma forma o regime tratou de dat resposta bs presses socisis provenientes de novos personagens que, 9° bem nao estivessem inelufdos no cireulo restrito da tragdo Airigente do topo do aparciho de Estado {pois esta, repito, parece ter sido chasse gardée dos militares e de burocratas mals ou menos versados na “teenlealidade” suridleo-econd- mico-ndministrativa), puderam ser participes das deeis6es do Estado através de mecanismos mals flexivels de ineorpora- ‘glo © cooptacio politica A relacio entre as forgas socials que se beneficiam com fo regime e as forcas politicas que o articulam € exirema- ‘mente complexa. Seria uma super-simplifioacio inferit @ par~ tir das politicas emanadas do Rstado a base de sua susten- tagdo (15). Por outra lado, também seria simplista supor que (20) Por exemplo: Proprama de Integragdo Social (PIS); Pro rama de Tedsirnilgia de Terres ¢ de Eetimulo 4 Agvo-Indsiria fo Norte © Nordeste (PROTERHAY: Fundo de. aasstentn 20 ledor ital (FUNRORAL): Programe ge Assetinela ao Trabaihe~ dor Rural (PATRU ou PRORURAL) Areta Metropoltanss, ce, (45) | Aaradeco aqui as crticas pertinentes de Carlos Estevan Martine a Verne pretninar deste parte do texto gi eos al o> ‘Guertin do que & atual. 204 98 funcionrios © “decision-makers” atuam, do alto de uma azo de Estado, como consciéneia que espelha os intereases a coletividade ©, nesta qualidade, Véem o que as proprias classes interessaias na vida econtiniea no sa capazes de divisar, e atuam sem sofrer presses por parte destes, Convém, pelo menos, distinguir as classes dominantes das fragées ‘dirigentes e, nas primeines, separar as gue de fato ampliam stias vantagens com as polities postas. em rética pelo regime (ou, mais precisamente, em cada gover no) das que se bem se escudem por tras do Estado, na medi- da em que este representa uma situagao de dominio que ex elut o conjunto das classes dominadas da possibllidade de exeroleio do poder, ndo necessariamente ganham com a con- dug atual das fracées dirigentes, ‘Se nos restringlrmos & caracterluacio das tacgées dlri- gentes em termos dos interesses que clas representam (e mais Adiante diseutire! a forma como os representem), seria pos sivel dizer que elas expressam a presenga creseente do pr6- prio Estado enquanto organizagdo (como burocracia) ett- quanto empresa (portanto como estado capitalists, produti- Yo) © a presenca do grande capital, multinaeional e local, Se 8 carncterizacéo se fizer em termos mais empitleos quanto aos grupos socials onde sio recrutados os agentes das fragées no poder, ver-se-d que as decistes ado tomadas por intermédio de funefonirios (elvis e mililares) e de. pessoas que exercem cargos no Estado, recrutadas fundamentalmen- te entre quadrs das empresas privadas ol piiblicas, entre teenocratas, planejadores, economistas, engentelros, adminis: tradores de empresas ete,, que, lmprecisamente, sao. chama- Gos de membros das “novas classes médias”. Imediatamente a0 lado desses “polley makers”, encontram-se o¢ membros das camadas produtores de ideologia (jornalistas especlallza- os no spolo as medidas econdmicss, juristas, téenlcos em legistagio fiseal ete.) Mas nio se pode confundir as pessoas que constituem 0 quadro téenieo-buroerdtico da dominagéo, com as classes do- minantes e com as formas de articulagae destes com 0 apa- relho de Estado. # dbyio que num regime que restringe as fungées do Parlamento e dos partidos, 0 jogo politica se eon- ccentra no executivo ¢ faz-se por intermédio de seus funciond ros. Subsiste a questo de determinar quem se beneficia com 205 car es! ". © proprio adjetiv 2 ees ans mostra of tte te 0 sea ope a A fe are pegs ey Bad te Durante ‘ montagern do dustratetend modelo de detent egies a ee See de articular-se om os funcionérios 7 s ticular-se com 08 niicleos de onde onesie, ataram antvarn on ona relevo. Pipe, eo sae a site tn nica ms Da hiteintereagoe A. 2, BeNETE! Geis, Em eaten mo. Darece ter expressade’ 9 wees, W9 Estado, 0 presidente "Go Sree A cate eal cat ‘Em outros maecla com 9 bonto de vista fom. sev Gta eee Pome fo Mia exemsto, do que ele era tn Som a Tut (aur! site (ei Ein) ssa de etd se Ciclnaa) dareste meta uber fe eo ld niteng mar sora 206 a no io digo age’ ‘mas como beneticd cies” pertinentes, Como mostrou Celso Lafer (18), 0 Conselho ee férlo Nacional ¢ @ Comissio Interministerlal de Precos Montiguiram. os pontos privilegiados, no aparelho estatal, Sera a ligacio entre os interesses dos setores privados © 28 Polttieas oficlals e para a barganha inter-buroeriitica, Nao Pero repetir argumontos meus ¢ de outros anallstas, mas ARfeve claro quc o regime, embora cerrado politicamente as Proeedes da “socledade civi”, fol suficlentemente flexivel pera Proptar e incorporar as presses da parte dela que repre- Senta oe interesses do desenvolvimento-associado, tanto no te se refere ao grande capital quanto aos setores profissio- Anis de allas rendas qque se beneficiam com o modelo vigente. Poreando um pouco A Imagem, seria possivel sugerir que de Sorta maneira o tinistro da Fuzenda foi o presidente das facgdes dominantes da sociedade civil a articulagio entre eRhadow cabinet” do rege (que néo é um gabinete de Sposigao mas um gabinete paraielo) ¢ a Presidéneia da, “so- CRasde politica” fer-se por um paclo de nio interferéncis Solineira, mas bo qual @ Presidéncia guardov 0 poder tutelar Pibuneko moderadora, Esla foi decisiva exatamente ma so- fugdo des. impesses oriundos da pressdo expansionist dos Nebresontantes do sotor empresarial do Estado ¢ dos interes: EePGropriamente nacionals das forgas armadas (em que fges'como 0 fortalecmento da SUDAM, a Transamazénica, thar teritorial, a maautengio de monopetios estainis, os Remmos de nogociacéo entre as multinacionais e as empresas to Estado, os programas de polo & tecnologia local e & em- Srese nacional cogitades pelo BNDE etc.). A funcio tutelar Pir decisiva nao tanto pela interferéneia aberta, como pelo Meforeo Implleito dado pelo Estado & atuagio das empresas € Sepaas do wontrole do desenvolvimento que impuseram os I Orflec nos quais esbarram as protensoes das empresas prlva- dus intemnacionais 02 setores empresariais locals de orfen- tagho antiestatista, ‘bo tous forma, esta peculiar articulagio entre o sistema dae decissea politico-administratlvo e 0 das decisdes politico: Geondmices, gexantid um papel de relevo para o mundo das Ctopresas, puivadas e publieas, dando ao regime, neste aspec- tornima conotagao de pluralismo relativo que diticuita sua teinotorizagao como totalitario e assegurando, diante da im- HB) Op. ot 207 eonallzngo intrinseen a9 modelo politioo sdmintstrativo Higente, tm eunho de inalvdatidade (io sentido de capa. clade empresnlal para presslonat © decidty e ste de Wee Ponsabiidade pessoal, no'easo da agéo do mist do Fac Zena e, em giau menor, dow gestores das outras pastes eco. nomad Neale Dibrido poftico em que se transformou o regime vigente no periodo Medit, os partidos perderam fungi em seu lugar cHiaramse instumentos patios menos ctsvels ¢ mais dgeis que, por falta de melior nome, qualiiguel em frnbathos asteicres como “andl Nao se trata. de! laboes (forma organisativa que supe taito um Retado como uma focledade cil mals estruturedos © raconaznos), mas de tireulos de informagso e pressio (portato, de pede)” gue s6 nasttuem como mecanitno pera permit &’abteutacto ert {te setoes do Bstado Unciuatve das forgas acmacas) s se es dao classes socials. As qualidades para o pertncimeat & tin “ant”, entretanto, nfo adress da exstlucis de sala: "dade poaribdado‘debasen de recurs pols Gomuns entre eatnadas ou Traqdes de caste rsis pla, mas a defied, nos quadres dads polo regime, de unt inieres Se especico que podo unit, moxientaneamehte ou, emt edo ase, no permanentemente Um “elrelo de tereiados" na Solugdo de um problema nan poiien energtica ou rodo- tliria,'0 encaminhamento de tna suessto estadusl, © de- fean de una pofticn tara eto. © que os distingue’de te toby & que ao me strangers ou ee, tio retin 30 interes econdmiea) e mais heterogeuss etn Sua ea figdo (nelucm funelonétios,empresitios, milters ele}, tspeciatmente, que para ter vigencla. no. contesto plies’ institucional brat, netesitamn estar centralizes ao se dor do detentor de algurm earyo. Ou ‘efa, repetingo, ho so train de um instrumento de presedo da’ soedade’scbre'9 Estado, mas da forma do artiesiagho que 20 a ple dr "so. eiednde politica”, aaseurn ao mearno tempo ummecantseo A eoopingio para interar nas cuputas decisrias membros Aas elses aclma releiaas que se tormam parlle;pantes de ena polities, mag a ela so integram qua personae eno coma “repressntantes” de mins eorporagbes de last- vets term it Stadio, imo eu Pere, que a suticulneto por intermétio deses antis (que ent outta por. Sunidade chanel de “butoersteos" para sablnher a noses 208 siria Jocalizacéo de sun sede no aparetho do Bstado) é a Torma que o regime adotou para permitir a ineluséo dos in- teresses privados em seu selo, e para criar instrumentos de uta politeo-bureerética no aparetno do Hstado, mesmo a déia de corporetivismo parece inadequada para caracterizar a relagdo entre Estado @ classe. No corporativismo, embora sob controle estatal, as classes se organizam e se fazem re- presentar. Por interiédio destes anéis as classes (mesmo as Sominantes) nko se organizam enquanto forma soclal, embo- a interesses econémicos ¢ politicos especificns e individuli- ‘zados possam estar presentes no sistema declsérlo, Garante- se 0 Estado (e Jf se viu no que consiste este), entretanto, a capackdade de, a0 remover o funcionério-chave de wm dado anel (quer seja este controlado por um ministro, um {general ou por um aeordo entre ambos), provocar uma desar- Houlacso radical das pressOes que se estavam institucionall- zando. Com isto assegura-se a cooptagso (¢ niio representa- @o) limitada da soeiedade civil e sua extrema debilidade como Zorga politica auténoma, ‘As Bases do Poder 0 Estado Continuando a forear um pouco a caracterizacio para ressaltar 0 que é especifieo no autoritarismo vigente, pode- 1 dizer que existe uma dualidade na ordem politica brasil ra, que é contraditéria e cuja contradicéo resolveu-se parcial momentaneamente pela erlapio de duss linhas decisérias, 4 politico-administrativa-repressiva e a politico-econémica, A arbitragem entre elas, como ew sugerl, ficou nas macs ‘da Presidéncla, que durante o governo Medicl fol antes a expres- sho do “Sistema”, do que do exerciclo centralizado da auto- ridade pessoa} do lider. A dualidade a que me refiro pode ser expressada com o uso de adjetivagio variada: o regime ut Wea simultancamente meeanismos de cooptacio ¢ de “re- presentagio” limitada; existe um pais integrado ao Estado mo qual os 6rgios decis6rios deste pesam mals do que qual- quer outra forga social, e um outro pais (no Centro-Sul) no qual as classes, a imprensa, 2 opiniao publica, tentam fazer se ropresontar e controlar as instincias estatais de decisio, @ assim por diante. Expressivamente poder-se-ia dizer que Brasilia ¢'a capital de um Estado begetiano onde a sobera- nila, s¢ nfio habita como nogéo absoluta o espirito de um 200 ner ma Sera ph te etn bee tural deles (19). ene 0 Umite © atblttio eee 1 .¢ tanto mais tenue lo © Prine pe se desperure she eg are ma er 0 Fine we Sas que regulam 0 rej elt — ee spun apenas ranges eras ae es Soa ri re a ein me gn et cere Er aa altace aia Saab Meson rate Sct Tints "a 'gotugdo ‘eapeciiice enconteada pelo regime atl Puroo-me fo 8 de ener da. duplieldade de canai ESyraianns ee ae ote iat eacore irs teeta Fees SE een eee Poa enema onal, nesegi tenta fundamentar sua entre those, atelouto quan tea we, ocadadg® coPela $2 Bite leang ton Si ge ane coma ae et eae ace, Sata cc séneln acon sheet eae oo da criagioy de ume cidadania, et ta emp teen, et nade ane intrease geval: alan a © seus une a soceastonte Ge] earamiarlo_tstaresse] erat dlat Site sre de tage cM 8 nay ERS, © fo'da excopolenalidade' Gn cencaga externa zpressada pelo gree ng puts cso erage tnunigo Inferno edolveae-ques ot; pare sig rineipion Zi Grande a opsien ane dteee elt gar No dem ¢'a sogurange nacional ei, te, in nome 6 ea Pot eontraditériae mecis%e eMmededista, Nera de duas tradicdes geruis (formas, naturatmente), a Frosidoncla regula. italarngpe ata tag ee reivindiead gerais (formals, natu ion ont (pperétios, tuneiondriee ayn ia) no antige tenet termes fe van» de compel ioe So'lstoms stata Gn ue os decretos baseados no a por example, mals 9 mals rem onlentando-se ace ae Ear nao oe “eubresits" Tu aj doalen) ene teste © a socledade elvl. Com 0 supe, 0 econecmento els ses Peay eae Ss Pa ole ator davaso co “seman re dena ett an ds toga age — 68 fists Sic par seguro» pct contri dat inet dominant, "tong, aanecattio 0 recent fetes ntamges eae te terion eet dy este, de. Par Bitado, thelr aun sto ecionar a intertertscat do Mn dente do rope parks oe eteaminnas ee go "erent bl Politico expressa uma estrutura dsien ta aac mera delet formacao co. arbitrérias de aplicar sanc& wrtido que 0 ram elasses'e ins Penny Pendéneta que snes Seinseto Tnterna 20 aparcino Be Bstedo e pire castle: 1a Welendede Ses elroy contraditértos nie oy prolouge na arene, pica, © seniten eaea'a,peatica 0, ue tical la mide soci = lizar pessoas, enfl = ireitos poli- ada estrato visto havisomice te," Nae Sentro de ‘os, para marginali branea de di inte, Nao € nce de , dona casa branes de dnp se rn neni nd Mert Hee me oo enn Se et ‘ LLL ondries pin Seal ee eee eee eles et eli 8 ome ae mat ts cy ” tase nepeaco «Pree do uo pace Maga 8 soe dct fl Fee nia ach ee penta ean see” 7 Poe en a ele Retoe, gS Go repine meri, thal, Bnizetanto, como indlgual no Mépleo mnie t f8 doutoramente ae ay, eileen Pen frimoniatiom ang on, leas co Inala AG as pablleas liveram acea : feciober MY Balada por thtermetio' doo ante burcrtics an wt nice agate & Brat pete, Pte “sis, Pobioms Seri ge Pecaliarigades nan ne Sele ose sa alert ‘ete etn ’ ‘Com isd; 0 conflito politico nao se dé apenas “em bloco” entre, por um ledo, os interesses da burocracia e das eama- das ¢ classes sociais que ela expressa e, por outro, os inte- restes das camadas dominantes da socledade civil, mas dé-se também de forma varidvel entre empresas estatais, aparelho politico-dministrativo, empresas privadas ¢ as pattes da so. eledade civil que conseguem sobreviver mais ou menos inde- pendentemente do Estado. Estas organizacées, camadas sociais © fragées de classe ‘constituem, por assim dizer, os atores que consegulram par tleipar — desigualmente e controlades pelo “Sistema” — no regime atual. O Estado, no que tange as classes dotminantes & com suas duas vertentes — a politiec-econémica ¢ a admi- nistrativa-repressiva-distributivista —, 0 resultado contradi- t6rio de uma multiplieidade de fungdes e interesses. destes atores: acolhe, mediatiza e resolve (via C.M.N., ©.1-P., ob, ‘agora, C.D.E.) og interesses contraditérios de ‘empresas lo- cals, muitinaclonais, estatais; tenta comodat os interesces, nem, sempre coincidentes, destas forgas, isolada ot grupal. ‘mente, com o “interease era!” (por intermécio da politica fiscal e salarial, dos fundos socials, da implementagio das leis sociais ete.); organiza a expresso politica das classes dominantes na divisdo da maquina administrative e no equi- librio (ou desequitiorio) de poder nas esferas estaddais e mt nicipals ete.; ¢, definitivamente, abriga também contradito- Hamente valores e Ideologias conflitantes. Neste ‘ltimo as. ecto, ora por exemplo, investe contra o pliralismo eduea- clonal e informativo, ora (como teorla) refrela os tmpetos ‘otalitarios que algutis de seus componentes exibem com or gulho; ou, noutro exemplo, ora transforma os cursos de "ed eacio’ moral e civica” em pogas do controle ideologieo, ora, sem deixar de desejar este controle, tenta iimité-lo aos as. pectos mals analiticos do estudo da realldade brasileira, tudo {sto conforme se fortalecam os intereases e a influéneia no aparelho de Estado de uns ou outros atores, anéis de pressao ‘ou correntes de opinigo que nele se degladiain, Estado e Massa Se 0 “pacto de dominagio” no caso brastleiro exibe a cara contraditéria acima assinalada, estas contradicoes se amenizam entre si diante do “inkmigo principal”. Este, es: 212 truturale vituaimente, se constitul pelos exttuidos do pacto de dominagao e ¢ sobre els gue se txerce primaciamente © poder do Hstado quando eate € visto, na futedo que fembém posrai, do reproduzir uma ordem poiltice éeterminada ¢ por: Tinto de manter as regras de exclusdo sociale politic, ‘No perfodo do regime popstista os dominados apareciam como parte intagrante do Pasto de dominagao ~~ out sea, do Esnde -~ por intermédto do voto e da Politica ge matass Por eerio, & populaggo trabalhadora raral eos anallabetas ee grande parto se superpanhamn) to pouco Parich param dietamente como stores legitmos no jogo de! poder E mesmo as tentativas de tobiieneao populist rural pola prea, pelo jangulsmo e peta eoguerda treram papel de ces taque ma mobilzacto golpsta, como. que mareando olin tes de permisividede daa clases domiantes, ha teen, pare 6 alargemento da "eidadamla™ Assim, mesmo durante ¢ pe- iodo poptsta & partcipagao ae massa fol imiteda, Por ga. tra parte, havia um sistema de representacdo nfo outorgada dos sindtcates, de alguns pertices de partes do apart de Estado, que, na auséncia de partidos resimente de mass, funeiota¥a como um ersads de partitpncao politica genera: Yanda, De qualquer forma, « legitimigade do Tepime era dada Belo Gongresso pelo jogo de partidcs. No conjunto, ax ins. Utalgbes representatives, mesmo que eles preponderassem os interests das classes dominantes, davamn enblda f vor de epresentantes (ceas, atsodefinidos ou imaginarics) das cas Se8 dominadss, Neste medida, a “massa” pacticipara dare na politica (21) © regime de 64 especialmente 0 de 68/74, oxctuia a ropresentatividade em germl, e 2 popular em capecial, como font ‘egitimadora do Estado. Hata exelusio colocou alguns desatios A imaginagdo politica do Estado que até agora nie se fesolveram. © eaminho da “autentieagio” pela via dos projetosim- pacto, da ideologia do eresciiento edo raal-Fotoncia eo (2D A excluso virtual dos foc0s de poder iternos so Exeentiva {por exembio os ucupos enucutives erladot no Concelne de Desensel- vient, ou 6 BNDE ea SUMOO) populate ‘que se dava no Congretso « na intereesao dette como Executive — fectitou bs burgueslas 0 coxtole ef politica’ econtmica, Ver teste reapello 9 ertudo 0 Een “18 Anos de Paitca Boonémica, no raat" Bb barra noBtnites objetvos das eaprchosss curras do cielo Ga ceuiulagao dom dy epi, nfo 0 age em de tints. A respons primarie de que a violencia supre © Ge opoio de massdeabarra ha relidade de que 0 faterior ao proprio Beato (pols que, se © idetogin€ Gtormagt et Smptiee tam em erenga t potanto pelo menos parte dos toandantes dear fazer com que 0 Estado je representate Ga nagao como umn odo) e em cireuon da sotoiade et qe sao atoreslogtmes 8 Iden do “intereste geal” susie Beem que poss ser sett simplesments pela coagao fneraisida (a no ser nos momentos de erse de Bead). “Asin, dentro deter lies com recurs politica us do na briga entre os memos do paeto de pode ow diate de premees da base (dependendo die eieunstancls) part a rodetinieao de stores lestimados, a questo da, parcipagzo f'n legtialcade, tents 2a cescolasonto vigente ent fado ‘nae, cobra importanea mo jogo plc. Ela no onstibl welsticementeflando, questanfoaamental qua ovo reghne ea economia afo capanes Ge reprofunit as con- Aigges que asseguram a exelusio pls da masse © re Sales ‘(material © silica) das clases dommnantes, Mas todas na ‘venes que se aitera ate eqilri, 0 inexistncia de ‘mesanisnos institueionis de Meologias capaces de sath 8 Hgnpio entre mason endo (enearach este domo mecanstna fundamental de dominaqao) condus o “estado das Hier” (em oposicg & caracternago do “Estado ce Masse”) 2 Te fowgar ‘as funcées represen e-a regedir sua terenciagaa Insltuctonalsegal Gestingindo, jor exemplo tures. Go fucictro, promigando neves Atos isttuchocais que i fam a constitute, lnitando mis ainda as hngoe leona legsntvas eta). ‘Se no cas brasileiro ouresse uma idetoyia de massa spas de center o pacto de doranacio, emo por exempt 6 hacloatimo, seria mals fell esabslecer os wiculos ene S mates dos efetuidos do cielo de poder ¢'0 Estado, Mas fomo indicow Bolivar Lanmounisr, no Bras prevatece wna “Seotagia de Estado", eno una tdecogia naconalista, Bata “im, embora nto ecesaiamente democrat, era. To: Iilzadorae tendera A ineorporaggo das massas& arena Do- Hea. “ideologia de Estado ao contri supde a dest foulagdo idolspen dia mass. Com isto se vedizmn og Ns 24 cos ocaslonados pela utllagéo da. massa no arsenal de Feourars de ue podem lnngas indo os raps no Poder pare Givinir questdes de legiimldade e para resolver conics Intra-grapos dominantes. (como era Eovrente no Bad de Masses, tal como 0 ceracterizou Francisco Wetlrt) as, 9 ‘mesmo tempo, dae a0 Batata apurincia us ao expres So real) de wn “Estado abatrator Picasa persue de auem @ ete Estado? 7A reaps, crelo, dedurse das indlcagdes apresentadas neste artigo. Trata-se do comité executive de um pacto de dominagao que expresea a alanga entre funclonéree (rll tares'e ci), "burguesia de Bstada™ (ou seja,executivos & Polley-makers das empresa esata) (28), grande empresara. Go privao. (national e stranger) © 9 Stoves dos snovas classes médias” el ighdos. Graces & indutncla. de “ideo, Gia do Estado", is metas ae eficdla ede Brai-Potncie 6 fo “eonsurnismo eeondmico”,g slidasiedade das classes ne din urbanas tepeciainenté fos mentee de sage ane ico ou de realzagdo simbéuen das dimensies de"grandeza ‘ional, como durante os xiiosesportives mundial, e, em ‘ener medids, das pares menor temuneradas das careidas asslariadas urbana, € oblia pelo Estado, Mas tratese de \tma soldaredade néo attra e, tm parte, porelrada pun ne Ceasidade do atendimento especllica de “wantagens mater als" parn sua obtengao endo pela adeato iraclonal ou stra gud 2 valores "or certo 0 Estado tami tem arientado seus impac: tos para‘a base da plrimie soci: aasimn Dor exerploy © FONRURAL comesou a stuns no sentido delassegurat ape sentadoria aos tobalhadores agréras de mals és 68 anes. Neste Processo, mexmo em sous periéreas do pale, no del. xn de cxistir sindicaltzacio, Enifetanto, 0 estilo idclGgioo Brevalesente, eo lado do fator bisioo da fata real de poss, Titedes de pressfo oranda da. bas, como que “teenieam™ << deottam em termos 6e palities Ge massas —-os eels estas medidas quanto transforma’ Go apo’ co ase fm elemento de logltimagso do ister ssi, mesma quan Ao, em limitados aapetin, a massa @ aleangads Pen a¢d0 Puliiea do governo, ea mantemse'& marge da arent po Title’ e desoidariaa se do regime (22) Ver 4 estecespeto as sugeetes contidae no eapltale 1 25 nqubto nouver “eapecidade hegeintnice por part das qufaden iigetes (ou tea, enquan eas cosegtrem SSpmimis pains que. abndain ow interes dou compo: IF dominantes do acto e Fotere tntivere a coco ra gles) mimo que‘t materia de poplagao penmane- rom angen do rte, de decutes ¢ ue 8 idevoga, do Siang" dewurne c tenaoale manasa, ¢ alo Teaver re eiou dene *einde atmo” ue, como te vu, & bem tonereto") (28) pouerd er suleste pare Iraltar ca ela eet santa do, nevuvclmente cheque de Intereses produ entre ‘os components do loco de Poder. As Dissencdes ¢ as Alternatioas ‘Nido sie poucas as diferencas e as complicacses deriva- das delas entre a concepeao cléssica (marzista ou liberal) do Estado e a realldade brasileira. A forma de articulagao poli- tea das classes (com a debilidade da organizacdo partidaria) @@ organizacdo do Estado (enquanto aparelho regulador © feoator © enguanto aparelho produtive por intermédio das empresas estatais) tornaram atores ‘mportantes da. cena po- Iitics as eamadas burocréticas e a camada que — com certa impropriedade para diferenclar o exereicio de fancies dire tamente Hgadas & acumulaco dentro da miquina ‘burocri- tea — tenho chamado de “burguesia de estado”. Nio cabe, naturalmente, pensar a ago politica das eamadas burocré- ‘icas como se elas cumprissem meramente a funcio de Co- mité Executive da burguesia. Elas cumprem 0 que chamei (23) Utz aqul a expressho de “Estado cbatrato, cara a Maria ‘coneeigto ‘Tavares © que algo tem yer com ¢ que notara Cars {Enea ao falar_de “estatizagho formal, Rnirotanto, Lesearefere-se Bento tipo de eslatizagan para carecterizar 0 que ele conaderava cer ‘ inanntengto do "interesceprivado” apesar da agto do estado, Quin Go eu me velit a que 0 “Estado abetrata" € conereto nao quero ‘dizer a mesma colsn. Como indiqu, casa eoncreqan pacsa pela Cx Seca evinces burrs, a Sto rea guano oe dab Dorguetia, © supe Unga fuga arbtral e ttelar ao “Sistema”, bens esmo um fOr felaclonamento entre a "sociedade evil” © 0 Hstado que & pal tment egntrolada por este titime enquanto organteagto, embers den~ ‘to doa iialtes Impostor pelo interese geral das classes dominates especialmente, do suas fragées amigentes. 218 de fungtes de quadros do Comité Executive do Pacto de Do- ‘minagio, mas aderem a este oom titulos proprios. Por certo, nha medida om que a realidade contraditéria do Estado obri 2-0 a ser tambem a ilusio do consenso e a guardar, de al um modo, @ relaggo simbéllea entro soberanta e nacso (por Tanto, povo), para que os agentes deste Comité Exeeutivo legitimem-se'perante eles préprios, tém que assumir “inte- esses gerals” como metas e devem busear mediatizar a re Tago entre os séclos-proprietarios do Condominio do Poder ‘08 aécios portadores de meras acées preferencials, que cons- ‘ituem as camadas dominadas. ‘Vinee que o arranjo pecullar de uma espécie de duali- ade de canals deeisérics com exercicio de funcies modera- aras ¢ tutelares por parte do topo de uma destas linhas de mando (na verdade, por intermédio desta edpula a functo futelar € exerelda por orgies internos das foreas armadas) {ol o modelo construido para organizar as esferas de influén- cla, dentro do Estado, de cada tum dos componentes bisieos 40 quadro de dominagio: os setores burocriticos © os setores ‘das classes dominantes da sociedade civil que nele se inte- gram, Indloou-se também que a forma de articular 0 jogo politica neste contexto de poder dé-se pela constituicio de Naneis buroeratieos”, © nfo de organizagdes autdnomas e es: taveis das classes, ecmo os partidos. Por fim, indicou-se, re- colhenda sugestoes da bibliogratia recente, que o regime’ au- ‘oritérlo assim constituldo se apéia numa “ideologia de Es- ado”, que, sem ser mobilizadora de massas, nfo deixa de su Hr as fumedes de eimento simbélico do bloco de poder, bem como as de compatibiliaar a erenga dos membros do apare~ Iho do Estado de que suas fungdes so gerais, com as iiustes dos exeluidos quando pensam que, de fato, assim silo, Qual é a dinamica possivel deste modelo? Esta questio, por si $6, necessita um ensaio & parte parx ser respondida. Agul véo ‘apenas algumas eonsideragées fi- nals indispenséveis, ‘Hm ensaios anteriores sugeri, e outros anallstas também ‘ fizeram (24), que além dos elementos desestabilizadores do (2H) Baste indiear os ensalce contides no tro organiado por erEPAN, Allred — Authoritarian Brezt, New Haven, Yule University Press, 1073, ant regime constituido pelos atritos entre o “nactonal-statismo” Se iperal-imperialismo” e pelo choque entre aparelho re $ressivo e “legalidade revoluclonéria", havia o problema ins- Etuelonal das erises sucess6rias, aberto sempre pela inexis- ‘éncia de partidos e de formas de mobilizacdo de massas como recursa de legitimagio, Embora estes fatores sejam reals, slo Jnsuficientes para ajudar a prever a dinimica do regime. Esta, pareceme, reside em que existem dois problemas ‘sicos, situndos em’ planos distintos, que as veres se conju- gam e que constituem forcas desestabilizadoras subjacentes 5 modelo politico vigente. O primelro refere-se a gue 0 ar Tanjo politico feito em termos de dualidade decisoria ¢ de lum poder tulelar no assumido plenamente torna-se fraco fe, em momentos dados, leva & paralista do sistema de deci Ses toda vez que o choque de Interesses entre os componen- tes do bloco de poder se acirra (por varias razdes). Assim, 0 ceaso da stcessio é apenas wna entre n questoes que levam f um realimhamento de foreas de conseqiéneias imprevisi- eis dentro do bloco de poder. Com o correr do tempo, no governo anterior, e dada 2 auséncia de lideranca na Prest- Gincia, como assinalei, estes choques (por exemplo, quanto 4 politica de coneentragéo de renda, quanto 2s fusoes bencé- las, quanto & dependénela externa) om ver de levar & in fituelonalizaeéo de formas de debates xo interior do apar tho de Estado mals ou menos Iegitimados, eriaram pscudo- ‘consensos ema nomae da seguranca nacional e levarsm 20 for- falecimento de uma espéele de poder paralelo chamado “Sis- tema”, Se o Estado fosse apenas uma buroerzcia, as Tutas de Cupuls resguardadas pelo algilo e pela competéncia espectti- fea'poderiam dirimir, dessa forma, as questdes do poder. Ms, como se vid, o Estado € também regulador da economia ¢ produtor dizeto; é, em certo sentido, “Partido” e assume fur Goes puramente politieas; 6 agéncla ideoldgiea e tem que es- Sethar o interesse coletivo eto, Diante desta anultipticidade Ge formas de ser e de funGes, a, solucdo dos compromtssos palaclanos e do fortaleelmento de mijcleos “abstratos” (ou Sela, no relacionados expressamente com as bases de poder) fe decisho do sistema, protelam mas no evitam choques dé ‘base dentro do bloco de poder. Possivelmente © caminho instituctonal (e, portanto, e servador) mals direto para resolver este tipo de dissengies ‘2rd 0 do fortalecimento do poder presidencial e, com ele, da 18 ‘chamada “legalidade revoluclondria”, Em geus aspectos mais ‘lretos (como por exemplo na Iimitagso das arbitrariedades @ violencias contra a pessoa) trata-s, neste easo, de uma Tuta entre a Tepressio do “Sistema” ea “legalidade revolu- clondria” lgada ao fortalecimento de um poder que, se néo E legitimado, é, pelo menos, legal, especialmente 0 do Presl- Gente. Payeceria ser que, como nos velhos tempos, o regime fautoritério para nao se degenerar em pura excepcionalidade de um “Sistema” paralelo, requer que se possa dizer, com Gesalogo: Rex Habemus, Seria este um dos eaminhos (e & preciso buscar outros atalhos), para que pelo menos exista, 2 responsabllidade de Estado, j4 que nfo existe a obrigacdo politica dos eldadiios, to eara aos liberals, Correlatamente com esta alternativa, esté a outra, de re- gular os canais de informagao e difuséo que, também sujel- fos & Instabilidade do arranjo politico prevalecente, sofrem com @ arbitrariedade das futas de cdpula os mesmos efeitos {de um Poder Abstrato, isto , irresponsivel no sentido pre iso, A censura, assim como’ o desrespeito aos direitos do hhomem, passaram a. ser componentes do regime no apenas ‘como 0 so geralmente nos regimes autaritarios, mas como {nstrumentos de poder do chamado “Sistema”.’ Ampliando as dreas de incerteza e sujeltos ao “fechamento brusco” dos feanais que ligara a sociedade politica a civil, os metos de co- ‘munieagao de massa delxaram de cumprir’ as fungdes nor- mais de eixo da opinido piblica e de formadores dela. ‘Mas este aspeeto da problemética politica brasileira est diretamente ligado a0 segundo problema a que quero refe~ rine, Este diz respeito & diferenciacdo ¢ autonomia da “s0- tledade elvil”. Neste aspecto, penso que néo o regime de 64, ‘mas o avango do sistema econémico esta crlando uma con- tradigéo que gera novos focos de disseneio © possibilita al- temativas de organizacdo politica distintas das que se vis- jumbram a parlir do Angulo do préprio autoritarismo. ‘Refiro-me a. que o “segundo pais” a que fiz menglo nes- te enselo, ot sela, a Sociedade industrial de massas, cris de- mandas de natureza complexa sobre o sistema politico. Es- fas, se bem possam ser atendidas por um regime totalitérlo fe mobilizedor, sao bem mals dificilmente atendides por um regime baseado em “ldeologias de Bstado” e num Bstado Eli- 219 uta», ‘ravde pela primelra vex na nisi do Bras exis tse soclais ammo 2 msasa tabalnadere “urbe o¢ tam oft abo vores taeizor do fonetenalmo © das me semen oe eoldarisam com 0 Togs, aguns stores Pies aut empresas do Estado © a buroeacla que die tees econdmin suid balan ease medi urba- tem de ugantade universiicio ota expensgo ete, qe To Ba? Sop not se sentem fepresentado no Peto. de Sentongda‘e que, por fread sus propria ittarko econ®. Pam, poten revindeagoe espciicas © cousins Ue interes Por trio dostas forgas (que poderiam formar no futuro, rosie ro, tan Parido dss Asari) ester os dese Grin Scere (o gue se chan, ha ves impropsiument qeampssini, os ‘seloteschathadonimprersamente de aeons’ enim, o eonfario Gx castes qu, em Hoge tam Sxtiiceconsttaisam base 20 "poro de" Deus") ge, tore tentemente tlver post, emvaliana com o Bar Tengos asslavadcs, constr base sci para uma Opo- Sito, “ae noje 0 exime ni se preceupou poitiamente com cate tpequtnos problemas vedade £ gus as opodgies (as eofoceda no ontro)lapem do potcn Sareza também Ghote tes da eapnekade do autorariama para en ‘Ter cs qutsics de aus do win organiagto pollen com- tSivel co's stitade industria de Mosmay bem como Blunt ao tipo de quesioes © de idetogizeapmaes de sens ear ae bree sul ostvemente nm inerongio onze 08 ojeves de iguelando scl Teal © deere conerete (00 see vedicade ein forma de crgantsago, melon propioe Se impose de pontae de vista e itereae) radu malo ePame: prolematicn que lee parilpagho pln dos ttualmente exclude ‘ian abe, neste fim de capstuo, sprofundar estes tems, cconvtm catctanto adverts que aledmente naverd uma evo ‘ago near e resultante do earentamento global entre Bo- 72S) Destntolvo este ponto no expitulo, sobre “A Quests. da entree We intrea pica sta nape Ge qucstce poten Bfanedra e para-a reclocerso da questo do Dircito,da Demoeracia Crd organtvagio ces enases rebalhadoran c ensig de Lue Jorge fvempeck Vianna, “Sistema Liber e Dieio do Trabalbo", 880 Past Gana, sstudos 7, 1 220 c0 de Poder, por um lado, e Oposictio por outro. Mats prova- velmente, segmentos do Bloco de Poder, visando reforgar suas posigdes na tuda interna e visando cumprir parte das Tun- es atinentes 20 “interesse geral”, acabaréo por, titica e facitamente, estabelecer conexoes com setores da Oposicio e, quem sabe, a partir da dinémiea derivada deste realinha- Thento, surjam condigdes © recursos capazes para equacionar Ge outro modo © arranjo de poder prevalecente. Entretanto, se a Oposicio se limltar a servir como mas- sa'de manobre do setor “iberallzante” do Regime e no per- eeber que existe base real para a proposiczo de um outro tipo de Estado, ela nada mais fard que servir de ancinhe para 2 "modernizagio eonservadora”. O desafio real existente é, Portanto, o da discussio a undo da Questiio da Demoera- Gia, para com ela Teequacionar as bases sociais de uma ideo- fogia que permita recuperar o nticleo valido da. problematl- cada liberdade sem allené-la no formalismo grandilogiente 0 mesmo’ tempo, deseobrir as formas de organizacao po- Hitlea que, a0 lutar’pelas possibiidades reais do igualitaris- ‘mo, nao condene a vida politica as desventuras do autorita- rismo e amplio a participacéo da eldadania, ‘Noutros termos, existe um desafio aberto aos “intelee- ‘wwals orgdnicos” da’ Oposigio que sejam capazes de propor ‘o debate ¢ as pritieas politicas nfo ao nivel abstrato da tdeo- fogia, mas ao nivel de uma acso que conduza efetivamente A hegemonia, na sua tripla determinagio, ao nivel das for- (gas soelais, da Telacio politiea e da acdo coercitiva, se neces- ‘Sérfo, que, em clreunstinelas dadas, como se disse, pode ser decisiva, aa

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