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02/03/2018 pjeconsulta.tjro.jus.

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PODER JUDICIÁRIO
Tribunal de Justiça de Rondônia
Porto Velho - 1ª Vara de Fazenda Pública
Avenida Lauro Sodré, 1728, São João Bosco, Porto Velho - RO - CEP:
76803-686 - Fone: ( )

PROCESSO: 7053838-48.2017.8.22.0001
Classe: AÇÃO CIVIL PÚBLICA (65)
Protocolado em: 18/12/2017 17:18:38

POLO ATIVO
Nome: MPRO - MINISTÉRIO PÚBLICO DE RONDÔNIA
Endereço: Ministério Público do Estado de Rondônia, 1555, RUA JAMARI,
Olaria, Porto Velho - RO - CEP: 76801-917.

Advogado do(a) AUTOR:

POLO PASSIVO
Nome: ISEQUIEL NEIVA DE CARVALHO
Endereço: Avenida Farquar, CPA, Departamen, Pedrinhas, Porto Velho - RO -
CEP: 76801-470
Nome: LUCIANO JOSE DA SILVA
Endereço: AVENIDA RIO MADEIRA, 5064, NOVA ESPERANÇA, Porto Velho -
RO - CEP: 76847-000
Nome: CONSTRUTORA OURO VERDE LTDA
Endereço: RUA RAIMUNDO ARAÚJO, 31, CENTRO, Porto Velho - RO - CEP:
76847-000
Nome: LUIZ CARLOS GONCALVES DA SILVA
Endereço: RUA MONTE CASTELO, 675, JARDIM DOS MIGRANTES, Porto
Velho - RO - CEP: 76847-000
Nome: ESTADO DE RONDÔNIA
Endereço: Avenida Farquar, 2986, Pedrinhas, Porto Velho - RO - CEP: 76801-
470
Nome: DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM E TRANSPORTES
DO ESTADO DE RONDONIA
Endereço: , Porto Velho - RO - CEP: 76801-470

Decisão

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Trata-se de Ação Civil Pública de Improbidade Administrativa


movida pelo Ministério Público do Estado de Rondônia em face de
Isequiel Neiva de Carvalho (Diretor Geral do Departamento de Estradas
e Rodagens de Rondônia), Luciano José da Silva (Procurador
Autárquico do Departamento de Estradas de Rodagens de Rondônia),
Reinaldo Roberto dos Santos (Procurador Autárquico do Departamento
de Estradas de Rodagens de Rondônia), Construtora Ouro Verde Ltda,
Luiz Carlos Gonçalves da Silva (Empresário – Sócio Proprietário
Construtora Ouro), CAMAJI – Câmara de mediação e Arbitragem de Ji-
Paraná, Juliana Myachi (sócia-administradora da CAMAJI), Maria
Aparecida Pires da Silva (sócia cotista da CAMAJI), referente
realinhamento das obras da ponte do anel viário de Ji-Paraná, em que
busca, liminarmente, indisponibilidade de bens e afastamento de
servidores dos cargos públicos, por ato irregular que teria reconhecido
dívida por meio do tribunal arbitral, a qual se pretende a anulação, assim
como a condenação dos envolvidos pela pratica dos atos ímprobos
constantes no art. 10, VII, IX, X, XI e XII, com a consequente
condenação nas sanções impontas pelo art. 12, II, todos da lei nº
8.429/92.

Noticia que por meio de acordo firmado em Juízo Arbitral, no


município de Ji-paraná, o DER/RO, na pessoa do 1º, 2º e 3º
demandados, firmaram acordo para pagamento de R$ 30.000.000,00
(trinta milhões de reais), ao 4º demandado, representada por seu sócio,
5º demandado, a título de realinhamento decorrente dos contratos
nº046/2009/GJ/DER/RO e 114/09/GJ/DER/RO, que tiveram por objeto a
construção de ponte em concreto sobre o rio Machado.

Relata que a obra foi orçada em R$ 16.327.38,95, os quais já


teriam sido pagos, sendo que, atualmente, em decorrência do acordo
firmado, já foram repassados R$ 18.500.000,00.

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Aduz que não poderia ter sido utilizado do Juízo Arbitral para
realização do acordo, tendo em vista a Empresa Contratada encontrar-se
sem capacidade de firmar contrato com a Administração Pública, em
virtude de punição administrativa aplicada por descumprimento
contratual, o que, inclusive, não foi analisado pelo 6º demandado
(CAMAJI – Câmara de mediação e Arbitragem de Ji-Paraná),
representado pela 7ª e 8ª demandadas.

Afirma que as correções utilizadas para realinhamento não


observam as regras imputadas à fazenda pública, conforme firmado em
contrato administrativo, e, além disso, o foro de Ji-Paraná é
incompetente para solucionar o conflito por expressa previsão
contratual.

Por fim, diz que o pagamento de valores absurdamente vultuosos


não têm qualquer justificativa legal, ferindo, inclusive, a ordem de
pagamento de dívida por meio de precatórios.

Por tudo que foi exposto, alega que houve irregularidade no acordo
firmado, que lesiona a legalidade, pessoalidade, publicidade, eficiência e
moralidade da Administração Pública, caracterizando, inclusive, danos
ao erário e improbidade administrativa praticada pelos envolvidos,
justificando o pedido liminar da presente ação.

Com a inicial vieram as documentações.

É o necessário. Passa-se à decisão.

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Cumpre mencionar que em decisão anterior, em medida cautelar,


este Juízo já teria deferido a suspensão do repasse de valores, assim
como determinado o depósito em juízo de qualquer montante que teria
sido disponibilizado para pagamento do acordo arbitral, momento em
que foi analisado e indeferido o pedido de afastamento dos agentes
públicos dos cargos que ocupam (id. 15368287), não havendo
necessidade de nova manifestação ou reavaliação na decisão tomada,
face aqueles pedidos.

No entanto, percebe-se, após análise mais aprofundada dos autos e


da auditoria realizada, assim como do relatório apresentado pelo
TCE/RO e depoimento coletado em inquérito civil, que teria sido
realizado o reconhecimento e pagamento de valores bem acima do que
seria devido, configurando, assim, possíveis danos ao erário público, de
valores elevados.

Com relação aos indícios da prática desses atos pelos Requeridos,


restou evidenciado suas participações, conforme a seguir:

No ano de 2016 o diretor do DER/RO, conforme relatado pela


procuradora autárquica (id. 15322436 pag. 2), teria sido favorável ao
parecer nº 272/2016, que indeferiu o pedido de realinhamento, assim
como teria indeferido novo pedido de realinhamento feito pela
Construtora Ouro Verde em 9 de janeiro de 2017, o que é totalmente
contraditório face a aceitação da tentativa de solução de conflito perante
o Juízo Arbitral, ainda mais com reconhecimento de dívida no valor de
R$ 30.000.000,00, sendo que já teriam sido repassados R$
18.500.000,00.

A Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996, estabeleceu em seu


artigo 1º que as pessoas com capacidade para contratar poderão valer-se
da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais
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disponíveis, sendo que verbas públicas são consideradas indisponíveis, o


que deveria fazer com que fossem tomados maiores cuidados,
procedimentais, para qualquer tipo de reconhecimento de dívida, o que
não foi feito.

O Tribunal de Contas do Estado de Rondônia, por meio do


protocolo nº 15.117/2017 (id.15322457), aponta inexistência de
informações sobre a forma em que teria se chegado aos valores firmados
em acordo, até mesmo porque em defesa o DER/RO teria alegado que a
suposta dívida estaria prescrita.

Evidente que as decisões foram tomadas pelo 1º demandado, como


diretor e gestor público, o que teria beneficiado 4º e 5º demandado, mas
não se pode perder de vista que os advogados públicos, 2º e 3º
demandado, em sua função principal de alertar e emitir parecer quanto à
legalidade do ato (art. 38, parágrafo único, da lei 8.666/93), em nenhum
momento se opuseram, possibilitando um possível reconhecimento de
responsabilidade solidária àqueles, o que ocorre, da mesma forma, com a
6ª, 7ª e 8ª demandadas, que não se preocuparam em analisar a legalidade
do ato, assim como a possibilidade de se solucionar um conflito de
forma justa, preocupando-se apenas com a realização de acordo no valor
vultuoso.

Desta forma, identificando-se possível lesão causada aos cofres


públicos em decorrência do repasse do valor de R$ 18.500.000,00, pelo
pagamento de parte do acordo, e de fortes indícios de que tais danos
teriam sido cometidos pelos Requeridos, defere-se o pedido liminar,
visando a garantia de ressarcimento ao erário, consistente na
indisponibilidade dos bens, móveis, imóveis e semoventes, além de
sequestro de valores em contas bancárias dos demandados até o
montante do valor da causa (R$ 18.500.000,00).

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Assim:

Proceda-se o necessário para averbação junto aos Cartórios de


Registro de Imóveis desta Comarca, assim como da Comarca de Ji-
Paraná, à margem de eventual escritura de imóvel pertencente aos
Requeridos, a determinação judicial de indisponibilidade.

Realizado bloqueio, restrição de transferência, via RENAJUD, de


veículos em nome dos Requeridos. Foram localizados apenas os que
constam anexados a esta decisão. Com relação a Reinaldo Roberto dos
Santos deverá ser incluído, nos autos, o respectivo CPF: 866.048.302-
25.

Defere-se o bloqueio judicial das contas-correntes e investimentos


financeiros dos Requeridos via BACEN-JUD, os quais deverão ser
transferidos a conta judicial vinculada aos presentes autos.

Defere-se a expedição de ofício ao IDARON/RO para bloqueio de


eventual gado em nome dos Requeridos.

Notifiquem-se os demandados para apresentação de defesa


preliminar, nos termos do § 7º do artigo 17 da Lei 8.429/1992.

SERVE O PRESENTE COMO CARTA / MANDADO /


PRECATÓRIA / OFÍCIO

Porto Velho, 1 de março de 2018.


Ê
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INÊS MOREIRA DA COSTA


Juíza de Direito

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