Vícios redibitórios são os defeitos Contratos benéficos ou a título
existentes na coisa objeto de contrato gratuito são aqueles que oneram
oneroso, ao tempo da tradição (ver somente uma das partes, Art. 444), e ocultos por imperceptíveis à proporcionando à outra uma vantagem, diligência ordinária do adquirente (erro objetivo), tomando-a sem qualquer contraprestação. Esse tipo imprópria a seus fins e uso ou que lhe de contrato encerra uma liberalidade em diminuam a utilidade ou o valor, a que uma das partes sofre redução no seu ensejar a ação redibitória para a patrimônio em benefício da outra. rejeição da coisa e a devolução do preço pago (rescisão ou redibição) ou a ação Contratos Aleatórios são aqueles em estimatória para a restituição de parte do que a prestação de um ou de ambas as preço, a título de abatimento. Diz-se partes dependeria de um risco futuro e contrato comutativo o contrato incerto, não podendo antecipar o seu oneroso em que a prestação e a montante. Será o contrato aleatório se a contraprestação são cedas e prestação depender de um evento equivalentes. casual, não sendo, portanto capaz de Evicção é a perda ou desapossamento prévia estimação. da coisa por causa jurídica, determinante e preexistente à Contrato comutativo é aquele em que alienação, reconhecida por decisão cada contraente, além de receber do judicial e em favor de outrem, outro prestação relativamente verdadeiro detentor do direito sobre o equivalente à sua, pode verificar, de bem. Tem o mesmo escopo teleológico imediato, essa equivalência. Cada de proteção ao adquirente, como contratante se obriga a dar ou fazer algo acontece nos vícios redibitórios que é considerado como equivalente (defeito de qualidade), referindo-se, àquilo que lhe dão ou que lhe fazem. porém, a um defeito jurídico relativo ao negócio celebrado. Ex.: Vera vende Contratos paritários são aqueles em para Mário certo bem e posteriormente que as partes interessadas, colocadas em a João. João dizendo ser proprietário do pé de igualdade, ante o princípio da objeto alienado vem a acionar Mário autonomia da vontade, discutem os mediante ação reivindicatória. Mário termos do ato negocial, eliminando os para exercer seu direito resultante de pontos divergentes mediante evicção deverá dar conhecimento da transigência mútua. Nesse tipo de ação a Vera que deverá prestar a contrato há manifestação livre e garantia por evicção. coincidente de duas ou mais vontades; os interessados livremente se vinculam, Contrato Oneroso é aquele em traz discutindo amplamente e fixando as vantagens para ambos os contraentes cláusulas ou as condições que regerão a pois estes sofrem um sacrifício relação contratual. patrimonial, correspondente a um proveito almejado. Geralmente todo Contratos por adesão são contratos oneroso é bilateral e os gratuitos onde não existe a liberdade de unilaterais. convenção, excluindo a possibilidade de qualquer debate e transigência entre as parte, uma vez que os contratantes se exemplo do mandato (art. 682, 1), onde limitam a aceitar as cláusulas e a resilição efetua-se por revogação do condições previamente redigidas e mandante (arts. 686 e 687) ou por renúncia do mandatário (art. impressas pelo outro. Esse tipo de 688), do comodato, do depósito e dos contrato fica ao livre-arbítrio de uma contratos de execução das partes, o policitante, pois o oblato continuada por tempo indeterminado, não pode discutir ou modificar o teor do como sucede por denúncia imotivada contrato ou as suas cláusulas. nos contratos de locação. •A resilição unilateral pode ter seus Contrato preliminar ou pacto de efeitos postergados quando, protraindo contrahendo é aquele, segundo a teoria o desfazimento do negócio, mais aceita, que como convenção condiciona-se a prazo, nos casos em que provisória, contendo os requisitos do uma das partes houver feito art. 104 do NCC, e os elementos investimentos consideráveis para a essenciais ao contrato (res, pretiutn sua execução, ou seja, os seus efeitos e consensttm), tem por objeto apenas serão produzidos depois de concretizar um contrato futuro e transcorrido lapso temporal definitivo, assegurando pelo começo de compatível com a natureza e o vulto ajuste a possibilidade de ultimá-lo no daqueles investimentos realizados. tempo oportuno. Os requisitos para a Equivale ao aviso prévio sua eficácia são os mesmos contratual, como medida legal de exigidos ao contrato definitivo, proteção, preventiva de conseqüências, excetuada a forma. ante o eventual exercício de direito potestativo à ruptura abrupta do Contrato com pessoa a declarar contrato, garantindo-se prazo Reserva-se a um dos contratantes, no compatível ao proveito dos negócio jurídico celebrado pela investimentos consideráveis feitos para cláusula pro arnica eligendo, a a execução do contrato, atendidos o indicação de outra pessoa que o vulto e a natureza deles. substitua na relação contratual, adquirindo os direitos e assumindo as Cláusula Resolutiva O contrato se obrigações dele decorrentes. Caso não resolve pela cláusula resolutiva exercite a cláusula ou o indicado recuse expressa, diante de obrigação não a nomeação, ou seja insolvente, disso adimplida de acordo com o desconhecendo a outra parte, permanece modo determinado. A cláusula expressa o contrato somente eficaz entre os promove a rescisão de pleno direito do contratantes originários (art. 470). contrato em face do inadimplemento. Aplica-se, segundo a Do distrato A resilição unilateral é doutrina, o princípio dies interpellat pro meio de extinção da relação contratual, homine. admitida por ato de vontade de uma das • Quando não houver sido expressa a partes, em face da natureza do negócio cláusula resolutiva, o contratante celebrado, terminando o vínculo prejudicado deverá notificar a parte existente por denúncia do contrato, inadimplente acerca da sua decisão de mediante notificação. É permitida nos resolver o contrato em face da contratos em que a lei expressa ou inadimplência do outro. E ínsita a implicitamente a reconhece, a todo pacto bilateral a cláusula resolutória tácita. Contrato de compra e venda O circunstância da satisfação do contrato de compra e venda é o contrato adquirente. Enquanto o comprador não bilateral, consensual, oneroso, aceitar a coisa (no sentido de aprovála), comutativo ou aleatório, e, de ainda não colhido o manifesto do modo geral, não solene (a depender do aprazimento por quem ela foi entregue. objeto), de efeitos meramente não se terá a venda como obrigacionais (obrigação ad perfeita e obrigatória. Da declaração da tradendum) que serve como título de ‘vontade do comprador depende a aquisição de coisa determinada eficácia do negócio. A venda a mediante o pagamento do preço, contento (pactum displicentiae) é, definido e em dinheiro, obrigando o conforme ensina Clóvis Beviláqua, “a vendedor a transferir a propriedade do que se conclui sob a condição de bem em favor do comprador. A forma ficar desfeita, se o comprador não se não será livre quando a validade da agradar da coisa vendida”. Por declaração de vontade depender de conseguinte, a tradição da coisa não forma especial exigida por corresponde à transferência do domínio, lei (Art. 108 do NCC), como ocorre resumindo-se a transferir a posse direta, com a exigência de escritura pública, visto que efetuada a essencial à validade do negócio venda sob condição suspensiva. A jurídico, na compra e venda de imóveis, presunção de a venda feita a contento de valor superior a trinta vezes o maior do comprador ser sempre salário mínimo vigente no realizada sob condição suspensiva País (Art. 108 do NCC). afasta a hipótese de poder o contrato da- lhe o caráter de condição Da retrovenda resolutiva, antes referida pelo art, 1.444. A retrovenda é pacto adjunto à compra parte final, do CC 1916. e venda, cláusula especial e resolutiva pela qual o vendedor reserva-se o Da preempção ou preferência direito de adquirir de novo o imóvel A preempção ou preferência é cláusula vendido , mediante a devolução do especial à compra e venda garantidora preço recebido com reembolso das ao vendedor do direito de recomprar a despesas do comprador, inclusive das coisa vendida, se o adquirente resolver despendidas durante o período de vendê-la ou oferecê-la à dação em resgate, por sua autorização ou pagamento. ecorrentes da realização de benfeitorias Diferencia-se da retrovenda, porque necessárias. Findo o prazo de resgate, nesta última o vendedor da coisa imóvel sem que dele o vendedor o exercite, ter- pode reservar-se o direito de recobrá-la, se-á por irretratável o negócio da independente da vontade do comprador, compra e venda, deixando a propriedade e por versar também sobre coisa móvel, de ser resolúvel. A propriedade consoante explicita o parágrafo resolúvel também se extinguirá em introduzido. exercendo o alienante o seu direito de • Desatendida a preferência, sujeita-se o resgate sobre o imóvel alienado. comprador que alienou a coisa ou deu-a em pagamento a responder por perdas e Da venda a contento danos, não resolvendo, como no direito A condição suspensiva da venda feita a de retrato, a venda ao terceiro contento está clausulada pela adquirente (art. 507). subordinação do negócio à Eis o magistério de João Alves da Silva: “A cláusula de preempção não é uma condição suspensiva, nem resolutiva: não suspende a plena aquisição do Da venda sobre documentos domínio pelo comprador nem faz Também cláusula especial, a venda resolver a venda, como no sobre documentos, de intenso uso na Pacto de retrovenda ou de melhor vida hodierna, tem seu relevo comprador. É uma simples promessa jurídico adotado pelo NCC, coerente unilateral de revender ao vendedor, em com a modernidade e, no particular, condições iguais às aceitas pelo com a globalização da economia. comprador, oferecidas por terceiro. Por Essa modalidade contratual é isso, só assegura ao vendedor um indispensável em consecução eficiente direito pessoal, que se resolve em de negócios com o comércio exterior perdas e danos, pelo inadimplemento da Munir Karam aponta sua importância obrigação do comprador”. A alienação fundamental: “O vendedor se libera da da coisa sem a prévia ciência ao obrigação de entregar a coisa, vendedor, acerca do preço e das remetendo ao comprador o título vantagens que por ela lhe oferecem, representativo da mercadoria e dos acarretará, contudo, responsabilidade outros elementos exigidos pelo solidária ao terceiro adquirente, se este contrato (duplicata, etc.). (...) Quanto à tiver procedido de recusa, a pretexto de defeito de má-fé (Art. 518). qualidade ou do estado da coisa vendida, lembra o eminente magistrado Da venda com reserva de domínio possuir o Código Civil italiano dispositivo ‘pelo qual o prazo para A cláusula de reserva de domínio é a denúncia de vício ou defeito aparente cláusula especial de reforço de garantia de qualidade decorre do dia do ao vendedor. Pelo pactum reservati recebimento’ (Art. 1.511). domini, o vendedor mantém em seu favor a propriedade da coisa vendida, Da troca ou permuta enquanto não efetuado o pagamento As despesas com o instrumento da troca integral do preço, diferida a passagem são rateadas entre as partes. em face da do domínio para determinado idêntica qualidade de permutantes dos dia, quando satisfeita a prestação final contraentes, caso não haja disposição do preço. O instituto jurídico, em sua contratual que estabeleça de modo estrutura, exige a integração de cinco diverso. Com a mesma identidade do elementos, apontados por Nicolau disposto no art. 496, é anulável .a troca Balbino Filho e citados por Macedo de de coisas de valores desiguais entre Campos, como característicos ascendentes e descendentes, sem a essenciais: a venda deve ser em permissão dos demais descendentes e~ prestações; o objeto individuado sobre o do cônjuge do permutante alienante. qual recai a venda deve ser infungível; a O consentimento é somente obrigatório, entrega ao comprador do bem quando as coisas em permuta não negociado deve ser efetuada pelo tiverem valor equivalente, vendedor; o pagamento do preço, ou mais precisamente, quando t dó’ definido em prestações, deve ser ascendente tiver valor superior, a efetuado no prazo convencionado, e o caracterizar comprometimento domínio da coisa vendida, após o patrimonial. A eventual desigualdade pagamento do preço, deve ser dos bens pode implicar a completação transmitido pelo vendedor ao em dinheiro, o que guarda mais comprador. similitude com a compra e venda, e como tal será havida, em sua natureza jurídica, se o complemento for maior que a coisa em permuta. Alguns Da revogação da doação entendem, todavia, a reposição feita para efetivar a equivalência de valores, O direito de revogação é de ordem como mero elemento acessório do pública. Assim, a faculdade do contrato de permuta, sem exercício de direito de o doador revogar descaracterizá-lo. a doação por ingratidão é irrenunciável por antecipação. A renúncia prévia Do Contrato estimatório corresponderia conceder ao O contrato estimatório, ou contrato de donatário carta ele indenidade para ele vendas em consignação, de natureza vulnerar o dever ético,jurídico de comercial, com significativa corresponder, dignamente, à importância nos negócios mercantis, é liberalidade do doador e, desse modo. agora introduzido no NCC, recebendo não ser-lhe grato. A renúncia posterior regulação e disciplina. Tem ele por coabita tacitamente, diante objeto coisas móveis, entregues ao dos atos da ingratidão, se o doador não consignatário para serem vendidas a exercitar o direito no prazo terceiros, em prazo determinado, onde, prescricional, ou, de modo expresso, em seu termo final, deve ser feito o quando comunica ao donatário o perdão pagamento ao consignante do preço concedido. Nula será a cláusula ajustado ou efetuada a devolução da dispondo, de antemão, a renúncia coisa consignada. Diversamente da desse direito. compra e venda, na consignação, a tradição da coisa móvel não opera a sua Da locação das coisas transferência, mantendo o consignante a propriedade sobre o bem e Pelo contrato de locação de coisas, uma respondendo o consignado como parte transfere a posse do bem à outra, depositário da coisa dada em por prazo certo ou indeterminado, consignação. mediante retribuição ajustada. Trata-se de contrato oneroso, de relação Da doação continuativa, não exigindo forma O dispositivo conceitua o contrato de solene. Coisa não fungível ou infungível doação, translativo de domínio, pelo é aquela que não pode ser substituída qual o doador, em ato espontâneo e de por outra, ainda que da mesma liberalidade (anitnus donandi), espécie, qualidade e quantidade, a transfere, a título gratuito, bens e exemplo de uma obra artística. A vantagens que lhes são pertencentes ao retribuição ou remuneração, certa e patrimônio de outrem que, em determinada, pelo uso e gozo da coisa convergência de vontades, os aceita cedida é chamada de aluguel ou aluguer expressa ou tacitamente. É contrato As partes que integram o unilateral (obrigação unicamente contrato são denominadas locador ou exigida ao doador, salvo modal ou com locutor (o que cede a coisa) e locatário encargo), gratuito, consensual e, em ou conductor (o que a usa e geral, solene (forma escrita).O contrato usufrui). serve de título de aquisição, a rigor não “transfere”. A translatividade do Do empréstimo comodato e mútuo domínio ocorre pela tradição (coisa móvel) ou pelo registro (coisa imóvel), Os contratos de empréstimo são dois, tal como sucede nos contratos de nas suas espécies: comodato e mútuo. compra e venda e de troca ou permuta. São contratos reais, isto é, aperfeiçoam-se pela entrega do objeto ou da coisa mutuada. O comodato é empréstimo de uso, abrangendo coisas móveis e imóveis, e o mútuo é empréstimo de consumo, que exige a transferência da propriedade ao mutuário, que fica com a faculdade de consumi-la. O mutuante deve ser dono da coisa mutuada para poder transferir o domínio. O mútuo pode ser gratuito ou oneroso e o comodato é sempre gratuito”. Na precisa lição, recolhe-se a distinção específica. Enquanto no comodato, é a própria coisa emprestada que deve ser devolvida; no mútuo efetua-se a devolução em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade (art. 586). Anote-se, por outro lado, a análise feita por Agostinho Alvim em sua Exposição Complementar, destacando haver o NCC alterado a presunção de gratuidade do mútuo, “atendendo a que o anteprojeto regula a matéria civil e também a comercial”. Nesse sentido, conferir o art. 591. • O comodato (commodum datum, ou seja, dado para cômodo e proveito), empréstimo de uso, é contrato unilateral, essencialmente não oneroso, pelo qual uma das partes entrega à outra certa coisa móvel ou imóvel infungível, para que dela disponha em proveito, por período determinado ou não, devendo retomá-la ao comodante, quando findo o prazo do contrato ou ele tenha o seu término. É o que deflui da definição de Clóvis Heviláqua: “... contrato gratuito, pelo qual alguém entrega a outrem alguma coisa infungível, para que dela se utilize, gratuitamente, e a restitua, depois”. Contrato gratuito reclama a entrega da coisa infungível por objeto, nele contida a obrigação de restituí-la ao depois, e realizado sem forma solene é, de regra, intuitu personae.