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O Livro de

MALAQUIAS
Autor A autoria de Malaquias é assunto de dis- Características e Temas Malaquias dá
cussão. Os estudiosos estão divididos quanto a ser grande importância ao tema da aliança. Referências
"Malaquias" o nome de uma pessoa ou um título. explícitas incluem: a aliança de Levi (2.5-9), a aliança
Tanto o Targum aramaico quanto a Septuaginta (tra- dos pais (2.10). a aliança do matrimônio (2.14) e o
dução grega do Antigo Testamento) sugerem algo diferente de Anjo da Aliança (3.1 ). Além dessas referências diretas, o livro se
um nome pessoal. O primeiro identifica Malaquias com Esdras. A inicia com uma narração sobre o amor da aliança de Deus (1.2-5).
segunda traduz a frase "por intermédio de Malaquias" como A gravidade da incompetência e infidelidade dos sacerdotes é vista
"pela mão de seu anjo [ou 'mensageiro'}". Os principais argumen- no resultado da crescente infidelidade à aliança entre o povo co-
tos contra a interpretação de Malaquias como um nome pessoal mum, que tornou-se desleal no matrimônio (2.10-16) e nos seus
do profeta são a ausência de dados específicos no que diz respei- relacionamentos sociais e econômicos (3.5). "profanando a alian-
to a seu pai e a de qualquer menção ao lugar de nascimento. ça" (2.10). A menos que se arrependam (3.7), eles estão sob a
Além disso, alega-se que a expressão "sentença pronunciada", maldição de Deus (3.9; Lv 26.14-46; Dt 28.15-68).
que ocorre em 1.1; Zc 9.1; 12.1, é uma adição anônima a esses Malaquias falou a um povo desiludido, desanimado e cheio de
textos. Contudo, estas não são razões suficientes para se rejeitar dúvidas. cuja experiência não harmonizava com seu conhecimento
Malaquias como um nome pessoal. Todos os demais livros profé- das promessas gloriosas encontradas nos profetas anteriores. Sua
ticos do Antigo Testamento recebem um nome pessoal. Como visão do período messiânico que se aproximava não tinha se mate-
acontece com muitos dos outros profetas, pouco se sabe sobre rializado. Pelo contrário, eles experimentaram a miséria. a seca e a
as circunstâncias pessoais da vida do profeta. Mas Malaquias era adversidade econômica. desiludindo-se de Deus e de sua fé. As
o "mensageiro de Deus". e a mensagem que ele trouxe era de palavras de Malaquias desafiam um povo cético com relação às
Deus (cf. Am 3.7-8). promessas e. portanto. indiferente ao seu compromisso de viver à
luz dessas mesmas promessas e de adorar e servir ao Senhor de
todo o coração. O livro pode servir como um catecismo para os
tempos de dúvida e decepção. quando o povo que professa o Se-
Data e Ocasião Malaquias deve ser datado nhor é tentado a abandonar a fé no Deus da aliança. Oministério do
na época de Esdras e Neemias. A referência ao "go- profeta é acender a chama da fé em um povo de coração insensí-
vernador" (1.8) localiza o livro no período persa. e a vel, lembrando-o do amor eletivo de Deus (1.2). e estabelecer a con-
---- ênfase de Malaquias dada à lei (MI 4.4) pode indicar tinuidade das obrigações da aliança entre aqueles que
o período do ministério de Esdras de restauração da importância e verdadeiramente temem a Deus (3.16-18).
autoridade da lei (Ed 7.14,25-26; Ne 8.18). Alguns datam o livro en- Uma das características principais deste livro é seu estilo
tre o aparecimento de Esdras (458 a.C.) e o de Neemias (445 a.C.). "contestador''. Isso pode ser observado na denúncia feita pelo
Outros localizam Malaquias entre as duas visitas de Neemias a Je- Deus da aliança contra seu povo. A denúncia é apresentada atra-
rusalém. por volta de 433 a.C. vés de um questionamento cínico das acusações. Em resposta a
Éimportante também a constatação de que circunstâncias e essa atitude arrogante do povo. o profeta elabora e define as de-
problemas enfrentados por Esdras e Neemias são encontrados núncias inicialmente feitas. O livro deve ser estudado à luz da sua
também em Malaquias. Os três falaram contra o casamento com estrutura de seis diálogos polêmicos. evidente no esboço que se-
mulheres estrangeiras (p. ex., 2.11-15; Ne 13.23-27). Condena- gue. Essa estrutura revela o papel deste profeta como um advoga-
ram a negligência do dízimo (p. ex., 3.8-1 O; Ne 13.10-14). Repro- do da parte de Deus no processo da aliança.
varam as más ações dos sacerdotes degenerados (p. ex., Ouso freqüente e incomum da primeira pessoa ("Eu") pelo Se-
1.6-2.9; Ne 13. 7-8) e criticaram os pecados sociais (p. ex., 3.5; nhor ao se dirigir ao povo acrescenta um sentido de urgência e inti-
Ne 5.1-13). midade à mensagem do livro (1.2,6, 14; 2.2; 3.5-6, 10, 17; 4.5).

Esboço de Malaquias
1. As dúvidas de Israel quanto ao amor de Deus (1.1-5) A. Casamento com mulheres idólatras (2-10-12)
li. Degeneração do sacerdócio (1.6-2.9) B. O divórcio de mulheres israelitas (2.13-16)
A. Desrespeito a Deus no altar {1.6-14) IV. A resposta de Deus ao pecado (2.17-3.5)
B. Negligência à lei de Deus (2.1-9) A. Os culpados enfadam o Senhor com suas desculpas
Ili. Ofracasso de Israel quanto às práticas matrimoniais (2.17)
(2.10-16) B. A missão purificadora do mensageiro (3.1-5)
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V. Odesejo de Deus de abençoar o povo (3.6-121 A. As atitudes e palavras duras dos cínicos
A. Sua promessa fiel de perdoar o arrependido (3.6-71 (3;13·15)
8. Israel rouba a Deus (3.8-12) e. A conduta piedosa do que é fiel (3.16· 18)
VI. A diferença entre o justo e o perverso (3.13-4.6) C; O-Dia do Senhor1~4.1 ·6)

O amor do SENHOR por ]acó o respeito para comigo? - diz o SENHOR dos Exércitos a vós
1 Sentença pronunciada pelo SENHOR contra Israel, 2 por outros, ó sacerdotes que desprezais o meu nome. hVós dizeis:
1 Intermédio de Malaquias. 2 ªEu vos tenho amado, diz o
SENHOR; mas vós dizeis: Em que nos tens amado? Não foi
Em que desprezamos nós o teu nome? 7 Ofereceis sobre o
meu altar ipão imundo e ainda perguntais: Em que te have-
Esaú irmão deJacó?-disse o SENHOR; todavia, bamei a]acó, mos profanado? Nisto, que pensais: i A mesa do SENHOR é
3 porém aborreci a Esaú; e cfiz dos seus montes uma assola- 3desprezível. 8 1Quando trazeis animal cego para o sacrificar-
ção e dei a sua herança aos chacais do deserto. 4 Se Edom diz: des, não é isso mal? E, quando trazeis o coxo ou o enfermo,
Fomos destruídos, porém tornaremos a edificar as ruínas, en- não é isso mal? Ora, apresenta-o ao teu governador; acaso,
tão, diz o SENHOR dos Exércitos: Eles edificarão, mas eu d des- terá ele agrado em ti e te mserá 4 favorável? - diz o SENHOR
truirei; e Edom será chamado Terra-De-Perversidade e dos Exércitos. 9 Agora, pois, suplicai o favor de Deus, que nos
Povo-Contra-Quem-O-SENHOR-Está-Irado-Para-Sempre. s Os conceda a sua graça; "mas, com tais ofertas nas vossas mãos,
VOSSOS olhos o verão, e VÓS direis: eGrande é O SENHOR tam- aceitará ele a vossa pessoa? - diz o SENHOR dos Exércitos.
bém fora dos limites de Israel. 10 Tomara houvesse entre vós quem feche as portas, ºpara
que não acendêsseis, debalde, o fogo do meu altar. Eu não te-
0 SENHOR reprova os sacerdotes nho prazer em vós, diz o SENHOR dos Exércitos, Pnem aceita-
6 O filho
/honra o pai, e o servo, ao seu senhor. gSe eu sou rei da vossa mão a oferta. 11 Mas, qdesde o nascente do sol
pai, onde está a minha honra? E, se eu sou senhor, onde está até ao poente, é grande 'entre as nações o meu nome; e 5 em

• CAPÍTULO 1 1 1 Oráculo, Profecia 2 Lit. pela mão de • 2 a Dt 4.37; 7.8; 23.5; Is 41.8-9; [Jr 31.3]; Jo 15.12 b Rm 9.13 3 e Jr 49.18; Ez
359,15 4 d Jr 49.16-18 5 e SI 35.27; Mq 5.4 6/[Ex 20.12]; Pv 30.11, 17; [Mt 15.4-8; Ef 6.2-3] g [Is 63.16; 64.8]; Jr 31.9; Lc 6.46 h MI
2.14 7 iDt 15.21 iEz 41.22 30u envergonhada 8 ILv 22.22; Dt 15.19-23 m [Jó 42.8] 4Lit.fevantará o teu rosto 9 nos 13.9 1O o 1Co
9.13Pls1.11 11 qls59.19'1s603,5S1Tm2.8
•1.1-5 Opovo de Israel não está convencido de que Deus o ama. Esta seção é a ou a redução da bênção, mas, também, que ele recebe condenação. Para este
resposta de Deus a esta dúvida cínica. O Senhor lembra a Israel que Jacó, o seu uso de "aborrecer", ver SI 5.5; Is 61.8; Os 9.15; Am 5.21; Mt 2.16. Ver "Eleição e
ancestral, foi escolhido por Deus enquanto Esaú, o antepassado de Edom, foi re- Reprovação", em Rm 9.18.
jeitado. Portanto, embora Israel tenha experimentado a ira de Deus por um mo- assolação. Provavelmente, esta seja uma referência à ocupação de Edom pelos
mento, Edom é um "Povo-Contra-Quem-O-SENHOR-Está-Irado-Para-Sempre" árabes nabateus. Em Am 9.12, Edom é o representante de todas as nações que
(1.4). Além d'1sso, sendo Israel o herdeiro das promessas eternas do Senhor da estão sob a influência salvífica da promessa de Deus.
aliança, Edom nunca mais se levantará de novo. Ojulgamento do Senhor sobre
•1.5 fora dos limites da Israel. Deus é o Senhor soberano da história, cujos
Edom será causa de louvor em Israel.
propósitos redentores são cumpridos tanto dentro quanto tora do antigo Israel (v.
•1.1 Sentença pronunciada pelo SENHOR. Ver ref. lat.; Is 13.1; Na 1.1; Hc 1.1; 11; Gn 12.3).
Zc 9.1; 12.1. Sendo normalmente usado em profecias de julgamento, o termo
•1.6-2.9 Uma razão maior para a ira de Deus contra Israel é a atitude dos sa-
"sentença" pode indicar a urgência sentida pelo profeta em divulgar a sua procla-
cerdotes ao lidarem com o nome de Deus perante o altar e com a lei de Deus no
mação. Acerca desta urgência, ver também Jr 20.9; Am 3.8.
ensino e julgamento. No altar, eles ofereciam sacrifícios de animais doentes ou
•1.2 Eu vos tenho amado. Oamor eletivo de Deus é soberano e incondicional. imperfeitos, invertendo, deste modo, o propósito dos seus esforços e trazendo
Este terna é exposto principalmente em Deuteronômio onde os verbos "escolher" maldição e profanação quando, na verdade, deveriam trazer bênção e purificação.
e "amar" são pa1a\e\o> \Ot 7.6-8). Oamor de Deus é manifesto na aliança que ele No seu ensino e julgamento, eles violaram a aliança com Levi (2.8). demonstran-
inicia com o seu povo. A proximidade de Deus para com Israel devia produzires- do parcialidade e levando muitos ao erro.
panto e admiração (Dt 4.7-8). Oamor de Deus começa na eternidade (Jr 31.3) e
•1.6 honra. Deus é, em si mesmo, infinitamente glorioso e deve receber o reco-
se manifesta através do seu relacionamento pactuai com Abraão, Moisés, e Davi
nhecimento do seu povo (SI 29.1-2; 57.5, 11 ).
IGn 12. l-4; Êx 19.5-6; 2Sm 7). A eleição de Jacó por Deus continuava a ter rele-
vância no seu relacionamento com Israel no período do ministério de Malaquias. desprezais. Ooposto de honrar e temer ao Senhor (cf. 2Sm 12.9-1 O). Esta pala-
Entendido corretamente, o amor de Deus não conduz à complacência moral, vra é usada freqüentemente em Provérbios (1.7; 15.20; 23.22).
mas, sim, ao zelo moral. Entretanto, a presunção de Israel e o seu cinismo acerca •1.7 pão imundo. Esta é uma referência aos de sacrifícios de animais (v. 8).
do amor de Deus levaram-no a uma crise moral que é tratada por Malaquias. Ver a "Imundo" significa cerimonialmente impuro e, portanto, inaceitável. Deus não é
nota teológica: "O Propósito de Deus: Predestinação e Pré-Conhecimento" ofendido somente pelas imperfeições cerimoniais, mas também pela atitude de
Jacó. Um dos tltulos para Deus nos Salmos é "o Deus de Jacó" (SI 20.1, 46.7; menosprezo que se acha por detrás de tais sacrifícios imperfeitos (Gn 4.3-5 e no-
75.9; 76.6; 84.8). Oamor eletivo de Deus é inigualável porque ele ama os pecado- tas; Hb 11.4).
res, aqueles que por natureza eram os objetos do seu desagrado e da sua ira (Lc A mesa do SENHOR. Esta expressão, e a expressão similar no .v. 12 (ref. lat.).
15.2; Rm 5.6-8; Ef 2.1-3). A história de Jacó e Esaú, em Gênesis, indica claramen- ocorrem somente aqui no Antigo Testamento. Ambas as ocorrências referem-se
te a escolha divina de Jacó apesar da sua falta de mérito (Gn 25.21-34; 27 .1-40; ao altar.
Rm 9.10-13). •1.8 Ocoxo ou o enfermo. A lei proibia expressamente tais ofertas (Lv 22.22;
•1.3 aborreci. Embora existe um uso do verbo "aborrecer" significando "amar Dt 1521).
menos", (Gn 29.31, rei. lat.; Lc 14.26). o contexto imediato posterior sugere que •1.11 é grande entre as nações o meu nome. Deus promete o t1iunfo futu-
"aborrecer" aqui significa rejeição ativa, desagrado e desaprovação manifesta em ro do seu reino glorioso. "Desde o nascente do sol até ao poente", e expressões
justiça retributiva. Não é apenas o fato de que Esaú (Edom) sofre com a ausência semelhantes, com freqüência apontam para o juízo divino por vir sobre este
1089 MALAQUIAS 1, 2

O PROPÓSITO DE DEUS: PREDESTINAÇÃO E PRÉ-CONHECIMENTO


MI 1.2
"Predestinação" é uma palavra usada com freqüência para significar a preordenação de todos os eventos determinados
por Deus na história do mundo - passado, presente e futuro. Esse uso é muito apropriado. Contudo, nas Escrituras e na teo-
logia histórica protestante, "predestinação" se refere especificamente à decisão de Deus tomada na eternidade, em relação
ao destino final de pessoas individuais, antes de o mundo existir. Em geral, o Novo Testamento fala da predestinação ou elei-
ção de pecadores particulares para a salvação e para a vida eterna (Rm 8.29; Ef 1.4-5, 11 ), ainda que as Escrituras também
ocasionalmente atribuam a Deus antecipada decisão a respeito dos que, finalmente, não foram salvos (Rm 9.6-29; 1Pe 2.8;
Jd 4). Por essa razão, é freqüente, na teologia protestante, definir a predestinação mediante a inclusão tanto da decisão de
Deus de salvar alguns do pecado (a eleição) como a correspondente decisão de não salvar outros (reprovação).
Com freqüência, afirma-se que a escolha que Deus faz de indivíduos para a salvação está baseada no seu
pré-conhecimento de que eles escolheriam a Cristo como seu Salvador. Pré-conhecimento, nesse caso, significa que Deus
prevê passivamente o que os indivíduos farão, independentemente da preordenação de Deus com relação às ações deles. Po-
rém há pesadas objeções ao ponto de vista de que a eleição está baseada numa previsão passiva.
"Conhecer de antemão", em Rm 8.29; 11.2 (cf. 1Pe 1.2,20) indica não só o conhecimento antecipado que Deus tem, mas
também a escolha antecipada que Deus faz do seu povo. Não expressa a idéia da previsão passiva que um espectador tem
daquilo que vai acontecer espontaneamente. Oconhecimento que Deus tem do seu povo nas Escrituras implica um relaciona-
mento especial de escolha por amor (Gn 18.19).
Posto que todos estão naturalmente mortos no pecado (separados da vida de Deus e indiferentes para com ele), ninguém que
ouve o evangelho pode chegar ao arrependimento e à fé sem receber a renovação interior, que só Deus pode conferir (Ef 2.4-1 O).
Jesus disse: "Ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido" (Jo 6.65; cf. 6.44; 10.25-28). Pecadores escolhem a
Cristo porque Deus os escolheu primeiro e levou-os a essa escolha pela renovação de seu coração mediante a graça.
Ainda que todos os atos humanos sejam livres, no sentido de uma autodeterminação imediata, esses atos são também
executados dentro da preordenação e propósito eterno de Deus. Temos dificuldade em compreender precisamente de que
maneira se compatibilizam a soberania divina e a liberdade e responsabilidade humanas, mas as Escrituras, em toda parte,
pressupõem que são compatíveis (At 2.23; 4.28 e notas).
Os cristãos devem agradecer a Deus por sua conversão, pedir que ele os guarde em sua graça e esperar, com confiança,
por seu triunfo final, de acordo com o seu plano (Ver "Eleição e Reprovação'', em Rm 9.18 e Vocação Eficaz e Conversão em
2Ts 2.14).

todo lugar IJhe é queimado incenso e trazidas ofertas puras, O castigo dos sacerdotes
uporque o meu nome é grande entre as nações, diz o SENHOR
dos Exércitos. 12 Mas vós o profanais, quando dizeis: vA mesa
2 Agora, ó ªsacerdotes, para vós outros é este mandamento.
2 o não ouvirdes e se não propuserdes no vosso coração
bSe
do 5SENHOR é imunda, e o que nela se oferece, isto é, a sua co- dar honra ao meu nome, diz o SENHOR dos Exércitos, enviarei
mida, é desprezível. 13 E dizeis ainda: Que x canseira! E me sobre vós a maldição e amaldiçoarei as vossas bênçãos; cjá as te-
desprezais, diz o SENHOR dos Exércitos; vós ofereceis o dilace- nho amaldiçoado, porque vós não propondes isso no coração.
rado, e o coxo, e o enfermo; assim fazeis a oferta. z Aceitaria 3 Eis que vos reprovarei a descendência, atirarei d excremento ao
eu isso da vossa mão?- diz o SENHOR. 14 Pois maldito seja ªo vosso rosto, excremento dos vossos sacrifícios, e epara junto des-
enganador, que, tendo um animal sadio no seu rebanho, pro- te sereis levados. 4 Então, sabereis que eu vos enviei este manda-
mete e oferece ao SENHOR bum defeituoso; porque ceu sou menta, para que a minha aliança continue com Levi, diz o
grande Rei, diz o SENHOR dos Exércitos, o meu nome é terrí- SENHOR dos Exércitos. S/Minha aliança com ele foi de vida e de
vel entre as nações. paz; ambas lhe dei eu gpara que me temesse; com efeito, ele me

• lAp 8.3 Uls 66.18-19 12 VMI 1.7 5Conforme B; TM Sen~or


13 Xls_ 43.22Zlv 22 20 14 ªMI 1.8 bLv 22.18-20 cs147.2
CAPÍTULO 2 1 a MI 1.6 2 b [Lv 26.14-15; Dt 28.15] e MI 3.9 3 d Ex 29.14e1Rs 14.10 5/Nm 25.12; Ez 34.25 gDt 33.9
mundo e para a restauração da ordem intencionada de Deus ISI 50.1; Is 45.6; mas é também o seu Rei. A noção de Deus como Rei surgiu muito cedo na reli-
59.19). gião do Antigo Testamento INm 23.21, 24. 7; Dt 33.5). Ver SI 93-100.
em todo lugar. Os sacrifícios imperfeitos que são oferecidos durante o tempo de •2.2 enviarei sobre vós a maldição. Ver Dt 28.20.
ministério do profeta lvs. 7-8) são contrastados com as ofertas genuínas de ado- amaldiçoarei as vossas bênçãos. As bênçãos aqui referidas podem ser tanto
ração no futuro !Is 2.2-4; 66.19-21; Zc 14.16-21). A promessa deste versículo as bênçãos físicas e materiais prometidas aos sacerdotes que recebiam os dízi-
está sendo cumprida mesmo nos tempos atuais. quando Cristo reúne os seus reis mos do povo INm 18.21 ), quanto os pronunciamentos de bênção proferidos pelos
e sacerdotes dentre as nações IAp 5.9-10), e será consumada no futuro, quando sacerdotes por ocasião dos sacrifícios INm 6.24-27), que, por conseguinte, se
as nações se reunirem para adorar a Deus em pureza IAp 21.27). tornariam em maldição.
•1.14 maldito seja o enganador. As leis que regulamentam as ofertas voluntá- •2.5 de vida e de paz. Opropósrto central de Deuteronômio visa mostrar a rela-
rias exigem a entrega de uma oferta perfeita. Este texto implica numa tentativa ção entre a obediência à aliança e a vida. O compromisso com Deus leva a uma
de enganar o Senhor lcf. SI 76.11 ). vida abundante. Alguns vêem na expressão "aliança ... de paz" uma alusão à alian-
eu sou grande Rei. Deus não é apenas o Pai 11.6; Êx 4.22) e o Mestre deles, ça com Finéias mencionada em Nm 25.10-13.
MALAQUIAS 2 1090

CASAMENTO E DIVÓRCIO
MI 2.14,16
Ocasamento é uma relação exclusiva na qual um homem e uma mulher se entregam mutuamente um ao outro numa alian-
ça vitalícia e, com base nesse voto solene, eles se tomam "uma só carne" (Gn 2.24; MI 2.14; Mt 19.4-6).
A Confissão de Westminster (XXIV.2) afirma: "O matrimônio foi ordenado para o mútuo auxílio de marido e mulher, para a pro-
pagação da raça humana por sucessão legítima, eda igreja por uma semente santa, e para impedir aimpurezaº (licença sexual e
imoralidade; Gn 1.28; 2.18; 1Co 7.2-9). Oideal de Deus para ocasamento é que o homem e a mulher se completem um ao outro
(Gn 2.23) e participem da obra criativa de fazer um novo povo. Ocasamento é para os cristãos e para os não-cristãos, mas é da
vontade de Deus que os do seu povo se casem só com cônjuges da mesma fé (1Co 7.39; cf. 2Co 6.14; Ed 9;10; Ne 13.23-27). A
intimidade, na sua mais profunda dimensão, é impossível quando os cônjuges não estão unidos na fé.
Paulo usa o relacionamento entre Cristo com a sua Igreja para explicar o que é o casamento cristão, de modo que ressalta a
especial responsabilidade do marido, como o cabeça e protetor da esposa, e conclama a esposa para aceitar seu marido nes-
sa condição (Ef 5.21-33). A distinção de papéis não implica em que a esposa seja pessoa inferior, pois como portadores da
imagem de Deus, tanto o homem como a· mulher têm igual dignidade e valor e devem cumprir seus papéis com mútuo respei-
to, baseados no conhecimento desse tato.
Deus. odeia o divórcio (MI 2.16); contudo, determina disposições para o divórcio, que protegem a mulher divorciada ~Dt
24.1-4); Essas disposições foram promulgadas "por causa da dureza do vosso coraçãoº (Mt 19.8). A compreensão mais natural
do ensino de Jesus (Mt 5.31-32; 19.8-9) é que o adultério-o pecado da infidelidade conjugal-destrói a aliança do casamen-
to e justifica o divórcio (ainda que a reconci6ação tosse preferível) e que aquele que se divorcia de sua esposa por qualquer razão
menor toma-se culpado de adultério, quando se casa de novo, e leva a esposa a cometer adultério, se ela também se casar de
oow. 01Jrincípio é que todos os casos de divórcio e de novo casamento envolvem o rompimento do ideal de Deus para a relação
sexual. Perguntado quando o.divórcio seria legítimo, Jesus respondeu que o divórcio é sempre deplorável (Mt 19.3-6), mas não
negou que os corações continuavam a ser duros e que o divórcio, ainda que mau, podia; às vezes, ser permitido .
.Paulo diz que o cristão que é abandonado por um cônjuge não-cristão não está sujeito à servidão (1 Co 7.15). Isso evidente-
mentesignifica que o cristão pode considerar acabada a relação. Se esse tato confere o direito de um novo casamento tem
sido matéria de muita disputa, e a opinião Reformada tem estado dividida sobre a questão.
A Confissão de Westminster (XXIV.5,6), com sábia cautela, afirma aquilo em que, à base da reflexão sobre as Escrituras
acima referidas, ao longo do tempo, os cristãos Reformados concordam no que diz respeito ao divórcio:
"No caso de adultério depois do casamento, à parte inocente é lícito propor divórcio e, depois de obter o divórcio, casar
com outrem, ~mo se a parte infiel tosse morta.
Embora a corrupção do homem seja tal que o incline a procurar argumentos a fim de, indevidamente, separar aqueles
que Deus uniu em matrimônio, contudo nada, senão o adultério, é causa suficiente para dissolver os laços matrimo-
niais, a não ser ~uê ~~ja deserção tão obstinada que não possa ser remediada pela igreja nem pelo magistrado civil.
Para a disso!~ d'G'matrimônio é necessário haver um processo público e regular, não se devendo deixar ao arbítrio e
discrição das pa'itllS o decidir em seu próprio caso."
~I·. )~ r

temeu e tremeu por causa do meu nome. 6 h A 1 verdadeira tes a aliança de Levi, diz o SENHOR dos Exércitos. 9 Por isso,
instrução esteve na sua boca, e a 2 injustiça não se achou nos ºtambém eu vos fiz desprezíveis e indignos diante de todo o
seus lábios; andou comigo em paz e em retidão e ida iniqüida· povo, visto que não guardastes os meus caminhos e vos mos·
de apartou a muitos. 7 Porque los lábios do sacerdote devem trastes Pparciais no aplicardes a lei.
guardar o conhecimento, e <ia sua boca devem os homens
procurar a instrução, 'porque ele é mensageiro do SENHOR Advertência contra a infidelidade conjugal
dos Exércitos. s Mas vós vos tendes desviado do caminho e, to qNão temos nós todos o mesmo Pai? 'Não nos criou o
por vossa instrução, mtendes feito tropeçar a muitos; nviolas· mesmo Deus? Por que seremos desleais uns para com os ou·

• 6 hDt33.10 1Jr23.22; [Tg 5.20] 1Ou A lei da verdade 2o erro 7 iNm 27.21; Dt 17.8-11; Jr 18.18 l[GI 4.14] 8mJr18.15 nNm 25.12-13;
Ne 13.29; Ez 44.10 9º1Sm 2.30 PDt 1.17; Mq 3.11, 1Tm 5.21 10 q Jr 31.9; 1Co 8.6; [Ef 4.6] r Jó 3115
•2.7 lábios do sacerdote devem guardar o conhecimanto. Ver Ed 7.1 O; Os 10.17; cf. Lv 19.15). Possivelmente os sacerdotes estavam favorecendo os ricos
4.6. A relação entre o verdadeiro conhecimento do Senhor e a instrução sacerdo· e poderosos da sociedade.
tal na lei é expressa vividamente em 2Cr 15.3: "Israel esteve por muito tempo
sem o verdadeiro Deus, sem sacerdote que o ensinasse e sem lei." •2.10-16 A falta de fidelidade para com Deus leva ao colapso nas relações
humanas. Malaquias refere-se a dois problemas. O casamento com esposas
•2.8 vós vos tendes desviado do caminho. Ver Ne 13.29. As atitudes e as
idólatras lvs. 10-121 e o divórcio das esposas israelitas lvs. 13-16) são
ações dos sacerdotes tornaram-se um mau exemplo para o povo. Eles
rigorosamente reprovados.
abandonaram o seu verdadeiro chamado, que consistia em ensinar e praticar a
verdade. •2.10 o mesmo Pai. Alguns entendem que isto se reíere a l\biaão \Is 51.2/.
•2.9 mostrastes parciais no aplicardes a lei. A base para esta censura é o Mais provavelmente, esta expressão se refira a Deus 11.6; Êx 4.22-23; Dt 32.6; Is
caráter de Deus. Deus "não faz acepção de pessoas, nem aceita suborno" IDt 63.16; 64.8; Jr 3.4, 19; 31.9)
1091 MALAQUIAS 2, 3
tros, profanando a aliança de nossos pais? 11 Judá tem sido mos, e ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocida-
desleal, e abominação se tem cometido em Israel e em Jerusa- de. 16 Porque ªo SENHOR, Deus de Israel, diz que odeia o
lém; porque Judá 5 profanou o santuário do SENHOR, o qual ele repúdio e também aquele que cobre de violência as suas ves-
ama, e se casou com adoradora de deus estranho. 12 O SE- tes, diz o SENHOR dos Exércitos; portanto, cuidai de vós mes-
NHOR eliminará das tendas de Jacó o homem que fizer tal, mos e não sejais infiéis.
seja 3 quem for, e 1o que apresenta ofertas ao SENHOR dos
Exércitos. A \linda do SENHOR precedida pelo seu Anjo
13 Ainda fazeis isto: cobris o altar do SENHOR de lágrimas, 17 bEnfadais o SENHOR com vossas palavras; e ainda dizeis:
de choro e de gemidos, de sorte que ele já não olha para a Em que o enfadamos? Nisto, que pensais: cQualquer que faz
oferta, nem a aceita com prazer da vossa mão. 14 E pergun- o mal passa por bom aos olhos do SENHOR, e desses é que ele
tais: Por quê? Porque o SENHOR foi testemunha da aliança en- se agrada; ou: Onde está o Deus do juízo?
tre ti e "a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste
desleal, vsendo ela a tua companheira e a mulher da tua alian-
3 Eis que ªeu envio o meu mensageiro, que bpreparará o
caminho diante de mim; de repente, virá ao seu templo o
ça. IS xNão fez o SENHOR um, mesmo que havendo nele um Senhor, a quem vós buscais, co Anjo da Aliança, a quem vós
pouco de espírito? E por que somente um? Ele buscava za desejais; eis que dele vem, diz o SENHOR dos Exércitos. 2 Mas
descendência que prometera. Portanto, cuidai de vós mes- quem poderá suportar eo dia da sua vinda? E !quem poderá

• 11 s Ed 9.1-2; Ne 13.23 12 INe 13.29 3Talmude e V profes;or e estudante 14 u Pv 5.18; Jr 9.2; MI 3.5 VPv 2.17 IS XGn 2.24; Mt
19.4-5 ZEd 9.2; [1Co 7.14] 16 ªDt 24.1; [Mt 5.31; 19.6-8] 17 bis 43.22,24 eis 5.20; SI 1.12
CAPÍTULO 3 1ªMt11.10; Me 1.2; Lc 1.76; 7.27; Jo 1.23; 2.14-15 b[ls 40.3] eis 63.9 dHc 2.72eJr10.10; JI 2.11; Na 1.6; [MI 4.1]/ls
33.14; Ez 22.14; Ap 6.17
•2.11 sido desleal. Este verbo é usado cinco vezes nos vs. 10-16. Ele é empre- povo ímpio requer julgamento e purificação graciosa (3.2-3). Ele transformará o
gado em Jr 3.20 para se referir à infidelidade marital. coração dos levitas e eles, então, passarão a novamente oferecer sacrifícios da
abominação, O termo hebraico aqui refere-se às práticas religiosas idólatras forma correta. Ojuízo será severo (3.5). O Senhor mesmo será a principal teste-
sendo, também, muito usado em Deuteronômio (Dt 7.25-26; 12.31; 13.14; munha na acusação do seu povo.
18.12). Ele pode igualmente referir-se à transgressão sexual (Lv 18.22,26,29-30; •2.17 Enfadais o SENHOR. Ver Is 43.24. Em Malaquias, as ofensas giram em
Dt 24.4) torno da rejeição cínica do governo moral de Deus e do contínuo espírito insolente
profanou o santuário do SENHOR, A palavra hebraica traduzida por "santuário" que constantemente coloca Deus à prova.
também pode ser entendida como referindo-se ao próprio povo ("santa semen-
te", Is 6.13; Ed 92). Trata-se do povo que é amado por Deus e que se corrompe •3, 1-5 Esta seção refuta as duas declarações cínicas de 2.17. A alegação de que
pela desobediência em suas práticas matrimoniais. Deus não diferencia entre o bem e o mal é respondida no v. 2 ao referir-se ao mi-
nistério de aperfeiçoamento e purificação do Anjo da Aliança. A segunda declara-
se casou com adoradora de deus estranho. Esta frase refere-se ao casa-
ção, "Onde está o Deus do juízo?" (2.17), é respondida no v. 5. Os judeus
mento com uma mulher ainda comprometida com um deus estranho - ou seja,
esperavam que o Senhor julgasse as nações, mas, ao invés disto, o Senhor se
uma idólatra fora da aliança (cf. Gn 24.3-4; Êx 34.12-16; Dt 7.3-4; Js 23.12; 1Rs
aproximará deles para juízo (v. 5).
11.1-1 O). A proibição do casamento com descrentes continua no Novo Testa-
mento (1Co 7.39; 2Co6.14). •3.1 meu mensageiro. Ver 4.5; também Is 40.3 (onde também ocorre a ex-
•2.14 mulher da tua mocidade. Ver v. 15; Pv 5.18. pressão "preparar o caminho"). No Oriente Próximo, era prática comum enviar
a mulher da tua a6ança, A fidelidade pactuai de Deus deve ser espelhada nas mensageiros que precedessem um rei visitante com o objetivo de anunciar a sua
relações matrimoniais do seu povo (Pv 2.17; Ef 5.22-33). vinda e de remover quaisquer dificuldades ou obstáculos. Este mensageiro (Mt
11.1 O) será o último desta categoria a aparecer antes da vinda do Senhor, que é
•2.15 um. Ver Gn 2.24.
"o Anjo da Aliança".
•2.16 odeia o repúdio. Ver Is 50.1; Dt 24.1-4; nota teológica "Casamento e Di-
vórcio". de repente, Nas Escrituras, esta expressão quase sempre está associada com
vestes, Casar-se e receber uma esposa é, às vezes, representado pelo cobrir-se circunstâncias infelizes e desastrosas (Nm 12.4; Is 47.11; cf. 2Pe 3.10).
com um manto (Rt 3.9, nota textual; Ez 16.8 rei. lat.). Anjo da Aliança. Uma pessoa distinta do "meu mensageiro", ele purificará os
•2, 17-3.5 Os cínicos religiosos acusam o Senhor de injustiça. Deus responde sacrifícios. os sacerdotes e a nação (vs. 2-5). Este "Anjo da Aliança" é o Messias e
com a promessa de que ele enviará um mensageiro para preparar o caminho di- essa profecia se cumpre em Jesus que, sozinho, realizou o sacrifício perfeito em
ante dele e, então, retomar para o seu templo. A presença divina em meio a um favor do seu povo.

A vida de Cristo (3.1)


A Profecia de Malaquias

ComQ
seu•~
Sua vinda traz o julgamento (4. 1) A vinda de Cristo traz o julgamento mas também
a salvação (Mt 3.10-12; Ap 20.11-15)
Comó o Sdf •dí''ii'~ ~r 'fiJ'n, ~~~
cura seuP<Pló·~~~· ; AP 21.4) ·
Seu precursor prepara a vinda João Batista anuncia Cristo (Mt 11.10-14)
do Senhor (3.1; 4.5)
MALAQUIAS 3 1092
subsistir quando ele aparecer? Porque gele é como o fogo do nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir xas jane-
ourives e como a potassa dos lavandeiras. 3 h Assentar-se-á las do céu e não 2 derramar sobre vós bênção sem medida.
como derretedor e purificador de prata; purificará os filhos de 11 Por vossa causa, repreenderei ªo devorador, para que não
Levi e os 1refinará como ouro e como prata; eles itrarão ao vos consuma o fruto da terra; a vossa vide no campo não será
SENHOR justas ofertas. 4 Então, ia oferta de Judá e de Jerusa- estéril, diz o SENHOR dos Exércitos. 12 Todas as nações vos
lém será agradável ao SENHOR, como nos dias antigos e como chamarão felizes, porque vós sereis buma terra deleitosa, diz
nos primeiros anos. s Chegar-me-ei a vós outros para juízo; o SENHOR dos Exércitos.
serei testemunha veloz contra os feiticeiros, e contra os adúl-
teros, e 'contra os que juram falsamente, e contra os que mde- A diferença entre o justo e o peTVerso
fraudam o salário do jornaleiro, e oprimem na viúva e o órfão, 13 As e vossas palavras foram 2 duras para mim, diz o
e torcem o direito do estrangeiro, e não me temem, diz o SENHOR; mas vós dizeis: Que temos falado contra ti? 14 dVós
SENHOR dos Exércitos. dizeis: Inútil é servir a Deus; que nos aproveitou termos cui-
dado em guardar os seus preceitos e em andar de luto diante
O roubo no tocante aos dízimos e às ofertas do SENHOR dos Exércitos? ts Ora, pois, enós reputamos por
6 Porque eu, o SENHOR, ºnão mudo; Ppor isso, vós, ó filhos felizes os soberbos; também os que cometem impiedade
de Jacó, não sois consumidos. 7 Desde os dias de qvossos pais, 3 prosperam, sim, eles !tentam ao SENHOR e escapam.
vos desviastes dos meus estatutos e não os guardastes; 'tor- 16 Então, gos que temiam ao SENHOR hfaJavam uns aos ou-
nai-vos para mim, e eu me tornarei para vós outros, diz o tros; o SENHOR atentava e ouvia; ;havia um memorial escrito
SENHOR dos Exércitos; 5 mas vós dizeis: Em que havemos de diante dele para os que temem ao SENHOR e para os que 4 se
tornar? 8 Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais lembram do seu nome. 17 iEles serão para mim 'particular te-
e dizeis: Em que te roubamos? 1Nos dízimos e nas ofertas. souro, naquele dia que prepararei, diz o SENHOR dos Exérci-
9 Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, tos; mpoupá-los-ei como um homem poupa a seu filho que o
vós, a nação toda. 10 uTrazei todos os dízimos và casa do Te- serve. 18 n Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o
souro, para que haja mantimento na minha casa; e provai-me perverso, entre o que serve a Deus e o que não o serve .

• gls4.4;Zc139;[Mt3.10-12;1Jo313-15] Jhl~125,Dn1210;Z~139 i[1Pe25] IOupurificará. 4iM1111- SiLv1912;Zc54;


[Tg 5.12] m Lv 19.13; Tg 5.4 nEx 22.22 6 o [Nm 23.19; Rm 11.29; Tg 117] P[Lm 3.22] 7 q At751 rzc 1.3 SMI 1.6 8 INe 13.10-12
IOUPv3.9-10V1Cr26.2QXGn7.11 z2Cr31.10 ti ªAm49 t2bDn89 1JcMl2.172Lit.fortes t4dJó21.14 1ses1
73.12 /SI 95.9 3 Lit. são edificados 16 g SI 66.16 h Hb 3.13 i SI 56.8 4 estimam 17 i Êx 19.5; Dt 76; Is 43.21; [1 Pe 2.9] /is 62.3 m SI
103.13 1snrs159111
•3.3 purificará os filhos de Levi. Os sacerdotes haviam sido instrumentos na •3.1 Ocasa do Tesouro. Este termo refere-se a um compartimento no templo
condução do povo em direção ao erro. A obra da purificação começará com eles utilizado para a armazenagem de ofertas (2Cr 31.11 ref. lat.; Ne 10.38-39; 12.44;
e. a partir deles. espalhará para toda a nação. Os levitas eram o modelo para a na- 1312)
ção que deveria ser "um reino de sacerdotes" (Êx 19 6). provai-me. Este é o inverso do modelo bíblico normal, no qual Deus prova os se-
justas ofertas. Ver 1.11, "ofertas puras". Por causa da obra do mensageiro da res humanos (SI 11.5; 26.2; 66.1 O; Pv 17.3; Jr 11.20; 12.3; 17.10). Somente em
aliança. a adoração correta e apropriada será novamente oferecida. visto que os algumas poucas ocasiões os seres humanos são convidados a testarem Deus
corações e vidas dos ofertantes estarão purificados (SI 4.5; Sf 3.9). (i e . provar as suas afirmações e justificar os seus mandamentos. Is 7.11-12; 1Rs
•3.5 Chegar-me-ei a vós outros para juízo. Esta seção começou com os cíni- 1822-46)
cos religiosos acusando o Senhor de injustiça. Ela termina com um litígio judicial janelas do céu. Ver Gn 7.11.
no qual o Senhor faz acusações contra o seu povo. Os pecados especificamente •3.13---4.6 A última seção retorna à profecia de 3.1-5 acerca do precursor (Mt
mencionados no v. 5 são claramente proibidos pela lei do Senhor. A causa funda- 11.1 OI e a vinda de Deus. De várias maneiras. o início da seção assemelha-se a
mental desses pecados é que eles "não me temem". um salmo de lamento. As reclamações. no entanto, são interpretadas como pala-
•3.6-12 O povo não estava apenas trazendo ofertas defeituosas mas também vras duras contra o Senhor. Havia. porém, aqueles que passavam pelas mesmas
estavam retendo o dízimo. aparentemente devido a colheitas insuficientes. Con- injustiças sem concluir que servir ao Senhor era coisa inútil. O primeiro grupo
tudo. reter o dízimo é roubar do Senhor. Como conseqüência. o Senhor justo rete- enunciou palavras duras e recebeu a resposta do Senhor; o último temeu ao Se-
ve as suas bênçãos. O pecado do povo também evidenciava uma falta de nhor e isto levou o Senhor a escrever um memorial a respeito deles. Deus prome-
confiança no Senhor para suprir as suas necessidades. no caso deles cumprirem teu que eles seriam o seu tesouro especial no grande Dia do Senhor.
os seus mandamentos. Assim sendo, o Senhor os conclama a colocá-lo em pro- Uma referência ao "dia" (v 17) introduz novamente o tema do último dia do jul-
va. Se eles agissem assim, a provisão resultante seria tão grande que as nações gamento. um dia de destruição para os ímpios e de salvação para os justos. Os
notariam a diferença e considerariam Israel como uma nação abençoada por versos finais retornam ao prometido precursor e exortam o povo a guardar a lei de
Deus. Moisés.
•3.6 eu, o SENHOR, não mudo. A imutabilidade ou o caráter invariável de Deus •3.14 Inútil. A palavra significa "vazio" ou "em vão".
podem ser vistos erry seu propósito de abençoar o seu povo eleito. Assim. eles aproveitou. Otermo hebraico normalmente refere-se ao ganho injusto. A cobiça
não são destruídos (Ex 34.6-7; Jr 30.11). não combina com o desejo pela verdade divina (SI 119.36).
•3. 7 tornai-vos para mim, e eu me tomarei para vós outros. Omandamen- •3.16 Então. As palavras e a conduta daqueles que temiam a Deus são ocasio-
to visando o arrependimento está ligado a uma promessa (cf. Zc 1.3; Tg 4.8). O nadas pelas reclamações anteriores e ambas as situações são aqui contrastadas.
pecado separa o ser humano de Deus e leva Deus a esconder a sua face (Is 59.2). memorial escrito. Esta expressão. tal qual aqui redigida. se encontra apenas
•3.8 dízimos. Apalavra significa um décimo. A prática do dízimo é mencionada nesta passagem. porém referências a um livro especial são empregadas em ou-
nos relatos da vida de Abraão (Gn 14.20) e Jacó (Gn 28.22) e foi codificada na lei tros textos (Ex 32.32; SI 69.28; On 7.10\.
de Moisés (Lv 27.30; Nm 18.26; Dt 14.22-29). •3.17 Eles serão para mim. Esta expressão refere-se ao remanescente descri-
ofertas. Porções dos sacrifícios de animais destinados aos sacerdotes (Êx to no v. 16.
29.27-28; Lv 9.22). particular tesouro. No estágio inicial da revelação do Antigo Testamento. a
1093 MALAQUIAS 3

O sol da justiça e seu precursor porque se farão cinzas debaixo das plantas de vossos pés, na-
Pois eis que ªvem o dia e arde como fornalha; todos bos
4 soberbos e todos os que cometem perversidade serão
e como o restolho; o dia que vem os abrasará, diz o SENHOR dos
quele dia que prepararei, diz o SENHOR dos Exércitos. 4 Lem·
brai-vos da hLei de Moisés, meu servo, a qual lhe prescrevi em
Horebe para todo o Israel, a saber, ;estatutos e juízos.
Exércitos, de sorte que dnão lhes deixará nem raiz nem ramo. s Eis que eu vos enviarei lo profeta Elias, 1antes que venha
2 Mas para vós outros que e temeis o meu nome nascerá o !sol o grande e terrível Dia do SENHOR; ó ele converterá o coração
da justiça, trazendo salvação nas suas asas; saireis e saltareis dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais, para que
como bezerros soltos da estrebaria. 3 gPisareis os perversos, eu não venha e mfira a terra com nmaldição.

e CAP.ÍTUL~
4.6; Et5.14
4 1 •SI 21 9, [Na 1 5-6, MI 3 2-3, 2Pe 3 7] bMI 3 18 Cls 5 24, Ob 18 dAm 2 9 2 e MI 3.16/Mt416; Lc 1.78; At 10.43; 2Co
3 gMq7 10 4 hÊx20 3 'Dt4~ S l[Mt 11 14, 17 10-13, Mc9 11-13, Lc 1 17]. Jo 1.21 IJI 2 31 ó mzc 14 12 nzc5 3
nação de Israel é chamada de "propriedade peculiar" de Deus (Êx 19.5; Dt 7.6; com 3.1 indica que "Elias" e o "meu mensageiro" são a mesma pessoa. Ambos
14 2) os versos começam com a palavra "eis" e utilizam a mesma fonma do verbo "en-
•4. 1 os abrasará. Duas figuras utilizando o fogo são usadas em Malaquias para viar". Em ambos os casos, a missão destes personagens é trazer o arrependi-
descrever o Senhor: um fogo purificador (3.2) e um fogo destruidor (4.1 ). mento antes do Dia do Senhor que está prestes a vir. O Novo Testaménto
nem raiz nem ramo. Os ímpios são comparados a uma árvore (Am 2.9) que identifica este "Elias" como João Batista (Mt 11.14; 17.10; Me 9.11-13; Lc 1.17).
será consumida até as raízes, sendo assim totalmente destruída. •4.6 ele converterá o coração dos pais aos filhos. Arrependimento e con-
•4.2 sol da justiça. Uma expressão exclusiva de Malaquias [cf. SI 84.11 ). Orei versão a Deus serão vistos na restauração dos relacionamentos familiares (Lc
davídico reinará em justiça (Is 32.1 J e será chamado "um Renovo justo" (Jr 1.17).
235-6) para que eu não venha e fira a terra com maldição. Malaquias começou o
salvação. A Bíblia faz analogia entre a doença física e a doença es~iritual, ou pe- seu livro com o anúncio do amor eletivo de Deus. No entanto, o texto temnina com
cado. Com freqüência, a salvação é comparada à cura corporal (Ex 15.26; 2Cr a ameaça de uma maldição. A dupla ênfase de Malaquias (na misericórdia e no
7.14; SI 103.3; Is 53.5; Jr 17.14). juízo) ressoa no pronunciamento de Paulo em Rm 11.22: "Considerai, pois, a bon-
•4.5 Eis que eu vos enviarei o profeta Elias. A conexão literária deste verso dade e a severidade de Deus".
Introdução ao ,
PERIODO ,
INTERTESTAMENTARIO
Quando a história do Antigo Testamento encerrou-se, a comu- ção do Pentateuco do hebraico para o grego foi terminada perto do
nidade hebraica encontrava-se disciplinada, dividida e esperanço- fim do século Ili a.C. Este trabalho, 1untamente com as traduções
sa. Disciplinada porque o povo reconheceu o grave grave pecado, posteriores dos outros livros do Antigo Testamento, é chamado de
que levou o Senhor a submetê-la a julgamento. A nação estava di- Septuaginta (comumente abreviado com o numeral romano
vidida. Muitos judeus haviam retornado do exílio e estavam ado- ''LXX"), intitulado assim por causa dos setenta eruditos que, de
rando a Deus em Jerusalém, mas a maioria havia ficado na Pérsia, acordo com a tradição, participaram na tradução do original. Os au-
e ainda outros tinham se estabelecido no Egito e em outros luga- tores do Novo Testamento escreveram em grego e, com freqüên-
res. Essa dispersão da população judaica é chamada de "Diáspo- cia, utilizaram a Septuaginta quando citavam o Antigo Testamento.
ra". Mas, acima de tudo, o povo não havia abandonado sua fé e
esperança. Conhecia as promessas da aliança entre Deus e Os Selêucidas. Um dos generais de Alexandre, Seleuco, se
Abraão. Lembrava-se da poderosa mão do Senhor que havia redi- tornou governador de um império que, finalmente, se estendeu da
mido seu povo do Egito. Euma grande expectativa começava a se costa oeste da Ásia Menor (Turquia) à Babilônia e ainda além, ao
desenvolver acerca da vinda do Messias, que iria cumprir os propó- leste. A capital do Império Selêucida foi estabelecida em Antioquia
sitos de Deus para a salvação do seu povo etraria o novo e ansiado da Sír'1a, ao norte da Palestina, e era um constante desafio para os
êxodo. governantes ptolomeus. Finalmente, em 198 a.C., o governador
Virando-se a página do Livro de Malaquias para o primeiro ca- selêucida Antíoco Ili conseguiu ocupar o território palestino.
pítulo do Novo Testamento, há um salto de mais de quatrocentos Não há dúvidas de que os judeus foram afetados imediata-
anos. Os judeus testemunharam drásticas mudanças nas culturas mente por essa mudança, mas foi com a ascensão de Antíoco IV,
circunvizinhas e, inevitavelmente, também sofreram uma grande em 175 a.C., que a Judéia se encontrou num dos períodos de maior
transformação interna. O Império Persa havia desabado diante das dificuldade jamais enfrentada por qualquer comunidade judaica.
conquistas de Alexandre, o Grande. Na última terceira parte do sé- Também conhecido como Epifânio ("Deus manifesto"), Antíoco IV
culo IV a.C., Alexandre trouxe a cultura grega, ou o "Helenismo," começou a sentir-se ameaçado pelos romanos, que vagarosamen-
para os lugares que conquistou, incluindo a maior parte do Oriente te - mas com habilidade -estavam avançando para o Leste. No
Médio. Depois disto, a vida do povo judeu foi intensamente marca- esforço de fortalecer e unir seu império, Antíoco intensificou o pro-
da pelo confronto com a cultura grega. cesso de helenização da Palestina.
Alguns judeus receberam esse desenvolvimento de braços
Os Ptolomeus. Alexandre, o Grande, morreu em 323 a.C., e abertos e acolheram a nova cultura, a ponto de rejeitar a sua identi-
a Palestina ficou debaixo do governo de um de seus generais dade religiosa. Tal apostasia fortaleceu a determinação de outros
gregos, Ptolomeu, que também governou o Egito. Pouco se sabe a judeus em resistirem à política de Antíoco. Este rei não entendeu o
respeito da vida na Judéia nos tempos dos ptolomeus. Aparente- caráter religioso do Judaísmo e desencadeou uma terrível perse-
mente, os judeus conservavam uma considerável liberdade, tanto guição religiosa. Exemplares das Escrituras Hebraicas foram quei-
para praticar sua religião como também para manter, até certa me- mados, a observância do sábado foi proibida, a circuncisão foi
dida, um governo autônomo, exercido pelo seu próprio sumo sa- banida e os infratores foram condenados à morte. Em 167 a.C.,
cerdote. Originalmente esse ofício tinha um propósito estritamente Antíoco profanou o templo judeu, colocando nele uma estátua de
religioso, mas, na ausência de um rei judeu, ele se tornou o maior Zeus e sacrificando-lhe porcos. Muitos judeus interpretaram esta
símbolo político da nação judaica. Ao mesmo, tempo a comunida- blasfêmia como sendo o cumprimento da profecia sobre a" abomi-
de se sentiu cada vez mais pressionada a adotar o estilo de vida nação desoladora" (Dn 11.31, 12.11; cf. 9.27).
grego. Pouco depois desta profanação, iniciou-se a Revolta dos Ma-
A colônia judaica de Alexandria, no Egito, parece ter florescido cabeus. Sob a liderança de Judas Macabeus, ou Judas, o "Marte-
durante o período dos ptolomeus. Estando na capital de uma cida- lo", pequenos grupos judaicos de guerrilha combateram e
de de cultura pagã, entretanto, a colônia tinha uma grande necessi- derrotaram repetidamente grandes batalhões selêucidas. Os jude-
dade de se a1ustar ao novo ambiente. Alguns intelectuais judeus us ocuparam Jerusalém e rededicaram o templo em 164 a.C. Este
queriam ensinar a história dos hebreus aos gentios. Outros tenta- evento ainda é celebrado hoje na festa judaica chamada Hannukah.
ram combinar a religião bíblica com a filosofia grega, um processo A história destes e de outros eventos subseqüentes estão relata-
que, algum tempo depois, culminou nas interpretações alegóricas dos no Livro de 1Macabeus, um dos livros conhecidos como Apó-
de Filo de Alexandria. Entre as várias produções literárias, a tradu- crifos (ou, na Igreja Católica Romana, como Deuterocanônicos).
Os Hasmoneanos. Tendo provado o sabor da vitória, os ju-
1095 0 PERÍODO INTERTESTAMENTÁRIO

Os fariseus, apesar de não serem primariamente um grupo po-


l
deus não se contentaram simplesmente em apenas recuperar o di- lítico, podem ser considerados como tendo sido o partido de oposi-
reito de praticar sua religião. Lutaram para recuperar a liberdade ção do seu tempo. Protestaram contra a helenização da vida
política também, algo que não haviam desfrutado desde o exílio na judaica, formaram uma tradição oral extensiva e procuraram pre-
Babilônia no século VI a.C. Depois da morte de Judas, seus irmãos servar a pureza das regras do judaísmo. Mas, através de suas inter-
Jônatas e Simão continuaram a guerra até 142 a.C., quando a Ju- pretações da lei, adulteraram muitos princípios bíblicos. De fato,
déia se tornou independente e a dinastia hasmoneana foi estabele- essa prática baixou o padrão da santidade exigido por Deus e aju-
cida. Onome é derivado de Hasmon, um ancestral dos Macabeus. dou a nutrir a ilusão de que o povo podia agradar a Deus através de
Mas a luta contra a helenização não havia terminado. Mesmo seus próprios esforços (Me 7.1-13; Lc 18.9-14).
antes da conquista da independência, Jônatas Macabeus havia se
tornado o sumo sacerdote, apesar de não pertencer à família apro- Os romanos. Apesar de desfrutar alguns períodos de pros-
priada (da linhagem de Zadoque). De acordo com muitos eruditos, peridade, a dinastia hasmoneana, dividida pelas lutas internas, não
foi esse fato que levou um grupo de judeus mais ortodoxos a se conseguiu resistir ao avanço dos romanos. Em 63 a.C., o general
afastar da sua nação e a estabelecer a comunidade dos essênios romano Pompeu invadiu Jerusalém. A constante agitação levou os
de Oumran, próximo ao mar Morto. Considerando-se a si mesmos romanos a nomearem Herodes como o rei da Judéia. Era um idu-
a verdadeira nação de Israel, essa comunidade desenvolveu um meu de nascimento, mas também um judeu prosélito. Reinou de
estilo de vida monástico. Interpretavam as profecias do Antigo Tes- 37 a.e. até sua morte, em 4 d.C.
tamento como cumprido-se no meio deles, e esperavam ansiosa- Herodes era obediente a Roma e governou com eficiência.
mente pela guerra final e iminente que destruiria os inimigos de Seus projetos de edificação, como a construção de um porto artifi-
Deus. Uma extensa coleção de sua literatura, os Manuscritos do cial em Cesaréia, uma admirável façanha da engenharia, o tornou
Mar Morto, foi descoberta em 1947. famoso no mundo antigo. De especial importância foi a reconstru-
Os governadores hasmoneanos (macabeus) dominaram o sa- ção do templo em Jerusalém, um empreendimento ambicioso que
cerdócio. Progressivamente, foram adotando o estilo de vida gre- começou em 20 a.e. e continuou muito depois de sua morte (Jo
go. Em geral, recebiam o apoio dos saduceus, um grupo 2.20). Por estas e outras realizações, acabou sendo chamado de
aristocrático que procurava preservar a estabilidade política. Esse "Herodes. o Grande." Infelizmente, os vícios de Herodes lançaram
partido conservador reconhecia somente a autoridade do Penta- uma sombra sobre as suas virtudes. Egoísta, ciumento, e desconfi-
teuco (enquanto a outros livros atribuíam menos autoridade). e nes- ado, Herodes, às vezes, agia como louco, chegando ao ponto de
ses termos rejeitavam a doutrina da ressurreição (cf. Mt 22.23-33; até mesmo assassinar alguns dos seus próprios filhos.
At 23.6-8). Não é possível descrever com precisão a origem histó- Quando a história do Novo Testamento se inicia, os judeus es-
rica dos saduceus, nem a dos fariseus. Ambos os grupos foram pri- tão submetidos a uma potência estrangeira. Governados por um
meiramente mencionados pelo historiador Josefa em conexão personagem capaz, porém tirânico, esperavam por uma salvação
com o governo de João Hircano 1 (134-104 a.C.). que ainda não havia chegado.

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